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O Processo Revolucionário

Cenário das Revoluções


Ponto de Partida
 Socialmente, a revolução liberal-burguesa e o capitalismo
marcaram o fim da sociedade estamental (rei, aristocracia, clero
e povo) e o início de uma sociedade de classes, cujo predomínio
era exercido pela burguesia. O proletariado, constituído pelo
êxodo rural e pela decomposição do artesanato, estava na base da
nova pirâmide social e, entre os dois grupos, existia uma classe
média urbana, formada por profissionais liberais e pequenos
comerciantes.

2 Aula 01 - O Processo Revolucionário


O novo paradigma
 A revolução liberal-burguesa mudou, portanto, o paradigma
social, político, econômico e cultural vigente à época,
principalmente em relação à distribuição do poder e da riqueza.
A burguesia começou a ter domínio, em um primeiro momento,
das atividades econômicas, processo que levou à preponderância
social da referida classe. O próximo passo no caminho da
ascensão burguesa foi a conquista do poder através da revolução
liberal-burguesa, da qual a Revolução Industrial foi um momento
essencial.

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A Revolução Gloriosa (1688)

Anúncio da Revolução Industrial na Inglaterra


Pressupostos iniciais –
início do século XVII
 A Coroa decidiu aumentar os impostos sobre a burguesia,
que pediu ao Parlamento, o qual reuniu-se esporadicamente,
para manifestar-se.
 Levante contra o Rei Carlos I, que mesmo apoiado por
forças do Norte e do Oeste britânicos, perdeu a guerra
Civil.
 Carlos I em 1648 é condenado a morte
 Oliver Cromwell assumiu o controle do país e instaurou
uma ditadura republicana por uma década, implantando as
instituições liberais através de mecanismos autoritários e
violentos.
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Oliver Cromwell (1648-1658)
 Cerceamento das liberdades individuais
 Eliminação sumária dos seus antigos colaboradores
 Os levellers (artesãos “niveladores”)
 Os diggers (camponeses sem-terra, “escavadores”)
 Em 1651 publicou os Atos de Navegação
 Eliminou a possibilidade de atuação de intermediários, fato que afrontou
os interesses holandeses.
 Início das guerras entre Inglaterra e Holanda pela supremacia nos oceanos.
 1649 – Proclama a República Commonwealth
 Incorpora a Irlanda e a Escócia, dissolve o Parlamento (1653) e proclama-
se Lorde Protetor.

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O Reinado de Carlos II
1660 -1685
 Ele assume quando o cenário era:
 Fracasso do Acordo de Restauração
 Fim do período revolucionário de Cromwell
 Restauração do rei, o Parlamento e o governo da lei em lugar das
armas.
 Em 1660 há um equilíbrio entre a Coroa e o Parlamento:
 Coroa e Parlamento não deveriam ser confiáveis
 Leis e costumes deveriam prescrever os limites do poder de cada um.

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Acordo de Restauração
 Compromisso provisório entre o poder parlamentar e o do rei
 Autoridade dividida
 A Inglaterra não poderia nem ser fortemente governada a nível interno,
nem mantido seu poder nos mares
 Possíveis soluções
 Tornar-se um despotismo com controle da Coroa (impostos)
 Desenvolver uma nova forma política controlada pela Câmara
dos Comuns.
 Em 1662 ele se casa com Catarina de Bragança (filha de D. João IV)
 Em 1665 – a grande Peste

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O governo entre 1660 a 1678
 Os monarquistas: partido TORY – defenderam os direitos e os
poderes parlamentares contra o rei (eram hostis ao puritanismo e a
política religiosa do Longo Parlamento).
 Formado pelo “alto clérigo” anglicano
 Objetivo: extirpar da ilha puritanos e católicos
 Os proprietários de terras e cavalheiros: partido WHIGS – eram
opositores a corte.
 Formado por uma combinação de latifundiários do “baixo clero”
com dissidentes protestantes
 Objetivo: defender as facções não-conformistas contra a perseguição

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A questão da tolerância Religiosa
 O Acordo Eclesiástico de 1660
 Acordo da Restauração
 CÓDIGO DE CLARENDON
 Igreja Anglicana, ao invés de Puritana
 Restauração dos dotes e privilégios
 Assegurando aos seus membros – monopólio dos cargos
estatais e municipais, as duas universidades e o direito de
lecionar.
 Punição aos outros serviços religiosos não anglicanos.

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A política de Carlos II
 Em 1665 – 2ª guerra contra a Holanda
 Derrota dos Holandeses
 Em 1667- Acordo entre Ingleses, holandeses, franceses e dinamarqueses
– Tratado de Breda (Nova York)
 Tentativa de “derrubar” o partido da Igreja no Parlamento:
 Ajuda aos dissidentes (católicos e protestantes)
 Declaração de Indulgência (considerada ilegal em 1672)
 Suspensão parcial das leis perseguidoras pelo direito a sua
prerrogativa real.
 Esta foi vetada pelo parlamento.

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A atuação do WHIGS
 Os cavalheiros da Inglaterra à época da Restauração eram
ansiosos pro vingança política e não por propaganda religiosa
 Perseguiam a heresia para prevenir que elas crescessem
novamente.
 Salvar a alma dos puritanos
 Derrotar a igreja
 Decapitar o rei
 Confiscar propriedades

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Depois do perigo puritano, veio o
perigo católico romano
 Lei da Habilitação (1673)

 Tornou ilegal qualquer um ocupar cargo civil ou militar, antes


de receber o sacramento da Igreja da Inglaterra.

 Juramento e declaração não eram suficientes:

 Com isso manteve os católicos e protestantes não-conformistas fora do


poder.

 Duque de York (futuro Jaime II) foi afastado do poder.

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Oposição contra Carlos II
 Parlamento monarquista TORY

 Internamente – política de tolerância religiosa de Carlos II


(protestantes e dissidentes católicos)

 Externamente – Sua política pró-francesa

 Os dois partidos foram realmente separados, não


pelas suas oposições ao poder real, mas
fundamentalmente pela religião.

 Ambos eram contra os católicos romanos

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A questão dos Whigs
 Proposta da Lei da Exclusão
 Excluir da sucessão do trono o irmão de Carlos II, por ser católico e
simpático a política francesa.

 Conclusão:
 Em 1681 o poder dos whigs fora quebrado e com ele
caiu o poder do Parlamento até sete anos depois,
quando os acontecimentos da Revolução reviveram-
no de uma maneira mais estável e satisfatória.

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Os últimos quatro anos de Carlos II
 Não era uma paz de acordo, mas de conquista:
 Os Whigs foram esmagados aparentemente além de sua esperança
de revivescimento:
 Complô de Rye House para assassinar o rei (1683)
 Execração pública
 A imprensa foi amordaçada pela censura
 Os lordes e cavalheiros remanescentes se refugiaram em suas
propriedades.
 As corporações municipais foram obrigadas a abandonar as suas
cartas-régias e adotar as do rei.
 Não convocou a Câmara dos Comuns
 Governo sem parlamento

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Jaime II

O último rei católico da Inglaterra


(1685-1688)
Tentativa frustrada
 “Eu tenho sido reconhecido como um homem de poder
arbitrário, mas esta não é a única história que tem sido
contada a meu respeito; devo fazer dele, o meu empenho
para preservar o governo na Igreja e no Estado como ele o é
agora pela lei estabelecida. Eu sei que os princípios da Igreja
da Inglaterra são pela monarquia. Portanto, devo sempre
defendê-la e suportá-la” (Declaração feita ao conselho
privado – a alegria dos tories!)

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Primeiras medidas de Jaime II
 O primeiro passo foi convocar o Parlamento.
 Tentativa de revogar a Lei de Habilitação:
 Propósito – ocupar os principais cargos com seus aliados.
 “Os púlpitos da Igreja não se harmonizariam para proclamar
contra a religião do rei e o puritanismo seria extirpado pela
contínua aplicação do Código Clarendon contra dissidentes
protestantes. Desta maneira, a evolução da igreja e do Estado,
através do modelo, poderia progredir pacificamente”.

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O primeiro plano de Jaime II
 A volta a Roma seria realizado com o consentimento
semiconsciente da Igreja da Inglaterra e com a ativa ajuda de
um parlamento Tory.
 A recusa dos tories, levou Jaime II a:
 Infringir as leis
 Atacar a Igreja e o partido que o colocou no trono
 Buscar uma aliança com os dissidentes puritanos

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O Parlamento de Jaime II se reúne em
maio de 1685
 Por interferência de Jaime II, o Parlamento contava com 40
membros que nem eram tories, nem cortesãos.
 O Rei repete as promessas:
 Preservar as leis
 Defender e sustentar a Igreja da Inglaterra
 Exigia em contrapartida
 O abono da lei da Habilitação e do ato de Habeas Corpus
 Subsídios vitalícios com os que haviam sido concedidos aos seus
irmãos

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Os subsídios vitalícios
 “Eu responderei de uma vez por todas, que esta é uma
maneira muito imprópria de lidar comigo”.
 Resultado – A alta Câmara dos Comuns tory, pressionada,
concede-lhe os subsídios vitalícios.
 Resulta uma briga com o Parlamento – viveu sem novos subsídios por três
anos fatais.
 Tentação à tirania de Jaime II
 (Nenhum rei ou rainha, desde 1685, teve um grande subsídio vitalício
concedido e, consequentemente, em nenhum ano, desde 1688, passou
sem que houvesse uma reunião do Parlamento).

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Revolução do Oeste
 Antes que o Rei e os Comuns se atracassem pela lei da
Habilitação e pelas questões religiosas que certamente os
dividiam, a situação foi profundamente alterada pela
Revolução do Oeste.
 O Duque de Monmouth – apresentado pelos Whigs como
candidato ao trono (suposto filho bastardo de Carlos II).
 Depois da queda de seus patronos Whigs, Monmouth retirou-se
para Holanda,
 Guilherme de Orange tentou dissuadí-lo a ir para Alemanha e esquecer a
Inglaterra.

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Os interesses reais
 A reivindicação de Monmouth ao trono excluiria o legítimo
reversível direito da esposa de Guilherme, Maria, de suceder
seu pai Jaime ao trono inglês.
 Os republicanos holandeses, inimigos do Chefe de Estado,
abraçaram a causa do rival.
 Os magistrados de Amsterdã para irritar Guilherme e contrariar
suas ordens, permitiram ao aventureiro fretar um navio e
carregá-lo com munição.
 Desembarca em Lyme Regis (junho de 1685) onde o campesinato e os
tecelões, puritanos, sentiram por seu rei Monmouth uma romântica e
fatal paixão.

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O apoio dos Whigs
 Mais de 6.000 homens se uniram a Monmouth, considerado
como “a última ascensão dos camponeses” na Inglaterra,
embora o motivo não fosse social, mas religioso.
 A principal causa da rebelião foi os sofrimentos dos puritanos
ante o Código Clarendon.
 O objetivo principal era derrubar o rei papista e a Igreja anglicana.

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O fracasso de Monmouth
 Os bravos seguidores de Monmouth eram uma multidão
quase sem liderança e mal-armados:
 Eles não eram homens de guerra por natureza.
 A execução de Monmouth na Colina da Torre fora exemplar.
 Muitos de seus seguidores foram executados ou pelos soldados
após a batalha, ou pelo processo de lei no Tribunal de Sangue
 Aproximadamente 800 homens foram vendidos como escravos
para Barbados.

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O poder de Jaime II
 Ele tinha completo controle do poder executivo:
 Poderia demitir e nomear cada funcionário do Estado e os mais
altos patronos da Igreja estavam em suas mãos.
 Tinha um grande exército.
 Seu desejo era que ninguém deveria resistir ativamente ao rei, mesmo
que ele infringisse todas as leis e perseguisse a Igreja.
 Outro desejo era contar com os inconformistas puritanos se ele os
isentasse das leis perseguidoras.

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A impopularidade da ação
 Muitos Tory e na Igreja Anglicana não simpatizavam com o
“Tribunal de Sangue”.
 O levante da Escócia, onde o Conde de Argyle foi capturado
e executado.
 Com a execução de seus opositores, em 1685, Jaime II, havia
concentrado em suas mãos todo o poder da Grã-Bretanha.
 A rebelião permitiu que ele erguesse e conservasse de prontidão um
grande exército regular de, aproximadamente, 30.000 homens.

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Impopularidade de Jaime II
 Tentou colocar o rei acima do Parlamento e acima da lei.
 Rei a fonte da autoridade executiva
 Subjulgado a lei –
 interpretada por juízes independentes e irremovíveis
 Exército dependente do Parlamento
 Câmara dos Comuns – poder de negociar com o governo
 Ela era mais importante que a Câmara dos Lordes.

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A impopularidade...
 Sociedade agrícola (estrutura social e econômica rendia aos
senhores de terras)
 Jaime tentou usar os Lordes e os senhores do campo como
instrumentos da sua política catolicista
 Não tendo qualquer outra burocracia, pela qual trabalhar, ele caiu.

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A expulsão de Jaime II e a Revolução
 Ela não acabou com a lei, mas a usou contra um rei violador
das leis.
 Ela não veio coagir as pessoas a um modelo de opinião em
política e religião, mas para dar liberdade sob e pela lei.
 Era liberal e conservadora
 União da Igreja e Estado se unem para salvar as leis da terra
da destruição de Jaime.

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Conclusão
 Em resumo, Jaime, no seu desejo de restaurar o romanismo
na Inglaterra achou necessário se tornar um monarca
absoluto como os outros príncipes da Europa.
 Em 1688, o Parlamento convocou Maria Stuart, filha de
Jaime II e mulher de Guilherme de Orange, governador das
Províncias Unidas, para ocupar o trono. Foi um movimento
pacífico. Jaime II refugiou-se na França e um novo
Parlamento proclamou Guilherme e Maria rei e rainha da
Inglaterra.

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Síntese da 1ª fase
1. O rei ataca líderes populares que estão protegidos pela lei e pela opinião
pública
 Queda do Rei
2. “uma época heróica gera polêmicas, mas necessita de um poder sensato
para resolvê-los.
3. Reino dos Santos – Cromwell
4. Escolhidos do Senhor – Jaime II
 “o mérito desta revolução não se encontra na gritaria e no tumulto,
mas na voz da consciência, da prudência e da sabedoria que
prevaleceram durante todo o tempo”

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Síntese
 Jaime, pelos interesses do despotismo e do catolicismo
romano:
 Remodelou as corporações municipais
 Invadiu as liberdades das Universidades e da Igreja
 Tentou compor a Câmara dos Comuns
 Ministros e parlamentares do século XVIII eram contrários a
essas medidas.

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Convenção Parlamentar - 1689
 Acabou com a rivalidade
 Parlamentares X Monarquistas
 Anglicanos X Puritanos
 Acordo da Revolução
 Paz interna (Whigs e Tories)
 A expulsão de Jaime foi um ato revolucionário, mas no
entanto o espírito desta estranha Revolução era o contrário
Revolucionário.

35 Aula 01 - O Processo Revolucionário


Característica básica do Acordo da
Revolução
 Liberdade pessoal sob a lei, tanto religiosa quanto política.
 A mais conservadora de todas as revoluções da história foi
também a mais liberal.
 No campo religioso – liberdade individual assegurada
 Lei da tolerância Religiosa (1689)
 Direito de Devoção (porém não completa, igualdade política (exceto
aos dissidentes protestantes)
 Liberdade política do indivíduo – abolição da censura

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A Revolução taxada como Aristocrática
 O pior resultado permanente da revolução não foi o alegado
poder da aristocracia, mas o impróprio conservadorismo que
continuou através de todo o século XVIII.
 Uma monarquia constitucional para o povo livre.
 A Inglaterra nunca foi tão segura e tão poderosa como no
século XVIII
 União parlamentar feita com a Escócia em 1707
 União Bretanha sobre as bases da revolução

37 Aula 01 - O Processo Revolucionário


Conclusão...
A fase ultraconservadora permanece
 Relação entre Coroa, Parlamento e Lei
 Independência dos Juízes
 Reunião anual do Parlamento
 Supremacia financeira dos Comuns
 Posição da Igreja da Inglaterra
 Tolerância religiosa para os dissidentes
 Liberdade política de escrever e discursar não sujeita a
qualquer controle
 Exceto a opinião do Juri

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