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Economia das Empresas - UVB

Aula 05
O Sistema Financeiro Nacional e a
Empresa
Objetivos da aula:

Ao final desta aula, o aluno terá desenvolvido habilidades e


competências para conhecer o funcionamento do Sistema
Financeiro Nacional, com o objetivo principal focado nas empresas
e suas necessidades de capitação de capital para idealização de
projetos empresariais.

Introdução
Todas as economias, nos dias de hoje, possuem complexos sistemas
financeiros em que a moeda representa, juntamente com muitos
outros, o papel de um ativo financeiro. A operacionalização do sistema
é feita pelo conjunto de instruções financeiras voltadas para a gestão
política monetária do governo, por meio de mercados específicos,
como de crédito, capitais, monetário e cambial.

Sistema Monetário
O sistema monetário abrange o numerário da nação, isto é, as moedas
metálicas, os papéis moeda que nele tenham curso legal, e a moeda
escritural. Você lembra destas moedas que foram estudadas na aula
passada? Consulte seu material, em caso de dúvidas.

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No que diz respeito ao papel moeda de uma economia, ele se constitui


de uma moeda fundamental, ou moeda padrão que serve de unidade
de valor e unidade de moedas subsidiárias, cujos valores são múltiplos
ou submúltiplos daquela. Para se ter uma idéia do que foi falado,
verifique a relação de alguns países, juntamente com as suas moedas
padrão e subsidiárias.

PAÍS MOEDA PADRÃO MOEDA SUBSIDIÁRIA


Brasil Real Centavos
Estados Unidos Dólar Americano Cents
Inglaterra Libra Esterlina Pence
Argentina Peso Argentino Centavos
Canadá Dólar Canadense Cents
Portugal Escudos Centavos
França Franco Francês Centimes
Espanha Peseta Centimos
Itália Lira Italiana Centesimi
Alemanha Arco Alemão Pfnning
Rússia Rublo Kopecks

Sistema Financeiro
O sistema financeiro é composto de um conjunto de instituições
financeiras que, com a utilização dos instrumentos financeiros,
operacionaliza as atividades do sistema, transferindo recursos
dos aplicadores (ou poupadores) para aqueles que necessitam
de recursos por uma razão qualquer (inclusive investidores). As
instituições financeiras são responsáveis, ainda, por criar condições
para que diferentes títulos financeiros tenham liquidez no mercado.

Os aplicadores (ou poupadores) são também definidos como


ofertadores últimos ou, ainda, ofertadores finais de recursos. Esses
indivíduos são aqueles que se encontram em uma posição privilegiada,
na qual o volume de recursos que ele despende em consumo é menor
que a sua renda disponível. São os indivíduos que estão, de acordo

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com o jargão financeiro, com superávit financeiro. Exemplo disso,


são as aplicações em poupança ou outra aplicação qualquer daquele
dinheiro que sobra dos salários das pessoas no final do mês.

Os indivíduos que necessitam de recursos, também denominados


tomadores últimos ou tomadores finais, são os que se encontram
em uma situação de déficit financeiro. O perfil de consumo desses
indivíduos normalmente, e/ou eventualmente, é maior que sua
renda disponível, e eles necessitam, portanto, da poupança dos
outros para atender suas necessidades ou para executar seus planos.
Exemplificamos as contas especiais que os bancos disponibilizam
para os seus clientes, para sacar em saldo devedor de suas contas,
para cobrir suas despesas.

Via de regra, os ofertadores finais e tomadores finais necessitam de


um intermediador para que cada um possa atingir seus objetivos.
Assim, surgem instituições que são tomadoras e ofertadoras de
recursos, papel este desempenhado pelos chamados intermediários
financeiros. É importante salientar que os intermediários financeiros
nunca trabalham com recursos próprios, ou seja, quando eles repassam
recursos para os tomadores finais, não estão repassando recursos da
instituição, e sim, dos ofertadores últimos.

O desenvolvimento do mercado financeiro nos dias de hoje,


juntamente com o surgimento de instituições especializadas em
determinados tipos de operações ou produtos, mais bem elaborados
e com toques de sofisticação, tem trazido uma série de vantagens à
economia como um todo.

Essa evolução é de extrema importância para que:

• as captações das firmas tenham um custo reduzido;


• instituições financeiras, especializadas em determinados
setores, possam atender de forma mais eficiente a
determinados e complexos setores da atividade econômica;

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• haja diversificação das alternativas de aplicação de


poupanças;
• se verifique uma diminuição dos riscos e dos custos das
transações com recursos financeiros;
• se aumente a liquidez dos títulos de crédito existentes no
mercado.

Instituições Financeiras
As instituições financeiras que operam no sistema financeiro são
classificadas em dois grupos distintos:

• instituições financeiras bancárias;


• instituições financeiras não bancárias.

As instituições financeiras bancárias (ou instituições financeiras


monetárias), como o próprio nome diz, têm a faculdade de criar
moedas ou meios de pagamento. Como vimos anteriormente,
os meios de pagamento são compostos pelo papel moeda e pelos
depósitos à vista nos bancos. De forma simplificada, podemos afirmar
que a criação dos meios de pagamento é realizada pelo Banco Central,
que controla a emissão do papel-moeda, e pelos bancos comerciais
pode ser exemplificado da seguinte forma: suponhamos que um
indivíduo deposite, em papel-moeda, um determinado valor em sua
conta corrente. Para que isso fosse possível, naturalmente o Banco
Central foi responsável por essa emissão de papel-moeda. O banco
comercial, ao acolher esse depósito, por uma questão de probabilidade,
sabe que pode emprestar parte desse dinheiro a um tomador final. O
sujeito, por sua vez, ao receber o dinheiro, irá depositá-lo no mesmo
banco ou em qualquer outro banco comercial. O banco que receber
esse depósito, da mesma forma que o primeiro, pode emprestar uma
parte do montante para outro tomador, e assim sucessivamente. Ao
final desse processo verificaremos que o montante inicial depositado
em papel-moeda se multiplicou dentro da estrutura das instituições

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financeiras bancárias. É o que chamamos de efeito multiplicador,


pois o primeiro depósito se transformou em vários outros de menor
porte. Esse é, em essência, o mecanismo básico de criação da moeda
escritural. É por esse meio que os bancos comerciais tornam os
meios de pagamento várias vezes superior ao saldo de papel-
moeda emitido.

As instituições financeiras não-bancárias, ou não-monetárias, por


sua vez, não possuem a faculdade de criar moeda, pois não têm
autorização para acolher depósitos à vista.

Instrumentos Financeiros
Os instrumentos financeiros são classificados em:

• ativos financeiros monetários;


• ativos financeiros não-monetários.

No caso brasileiro, fazem parte dos ativos financeiros monetários o


papel moeda em poder do público e os depósitos à vista nos bancos
comerciais, tanto públicos como privados, e nas caixas econômicas.
Compreendem os ativos financeiros não-monetários todos os
demais ativos como depósitos de poupança, letras de câmbio,
certificados de depósitos bancários, etc.

Ao contrário do que ocorre com as instituições monetárias, ou seja,


o Banco Central e os bancos comerciais, que emitem instrumentos
monetários, os ativos financeiros não-monetários são, via de regra,
emitidos por instituições financeiras não-monetárias. Um Certificado
de Depósito Bancário (CDB), por exemplo, que classificamos como um
ativo financeiro não monetário, tanto pode ser emitido por um banco
comercial como por um banco de investimento, que é uma instituição
financeira não monetária, como veremos adiante.

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Portanto, quando falamos em ativos financeiros, estamos falando


em todos os instrumentos financeiros emitidos diretamente pelos
tomadores de recursos ou pelas instituições financeiras que exercem
a conexão entre esses tomadores e os ofertadores finais.

Segmentação dos Mercados Financeiros


As operações do mercado financeiro, de acordo com suas características,
podem ser classificadas em um dos quatro mercados relacionados abaixo:

• mercado de crédito – Classificamos nesse mercado todas as


operações de financiamento e empréstimo de curto e médio
prazo, para a aquisição de bens de consumo corrente e de
bens duráveis, bem como para o capital de giro das empresas.
As instituições financeiras que atuam nesse segmento são os
bancos comerciais, os bancos de investimentos e financeiras,
que são instituições especializadas no fornecimento de
crédito ao consumidor e no financiamento de bens duráveis.

• mercado de capitais – É onde está concentrada toda a rede


de bolsa de valores e instituições financeiras que operam
com a compra e venda de ações e títulos de dívidas em geral,
sempre a longo prazo. Esse mercado atua no financiamento
do capital de giro e do capital fixo das sociedades anônimas
de capital aberto. A maior parte das operações das instituições
financeiras não monetárias está centrada neste mercado. O
mercado de capitais tem a função de canalizar as poupanças
da sociedade para a indústria, o comércio e outras atividades
econômicas, e até mesmo para o governo.

• mercado monetário – É neste mercado que são realizadas


as operações financeiras de curto e curtíssimo prazo. Dele
fazem parte órgãos financeiros que negociam títulos e valores,
concedendo empréstimos a firmas ou particulares a curto

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e curtíssimo prazo, contra o pagamento de juros. Nele são


financiados, também os desencaixes momentâneos de caixa
dos bancos comerciais e do Tesouro Nacional. É nesse mercado
que são realizadas as operações de mercado aberto, inclusive as
operações de um dia, conhecidas como overnight. Esse mercado
serve também como instrumento de política monetária, sobre
a qual o Banco Central atua para controlar o nível de liquidez da
economia. Quando o governo pretende reduzir a liquidez, ou
seja, retirar o dinheiro de circulação, ele vende Títulos Públicos,
e quando deseja aumentar a liquidez, compra esses títulos,
injetando de volta o dinheiro no sistema econômico.

• mercado cambial – Nesse mercado realizam-se as operações


de compra e venda de moedas estrangeiras, cujas transações
determinam as cotações diárias dessas moedas. As operações
normalmente são de curto prazo e as instituições que nele
atuam são os bancos comerciais e as firmas em geral, com
a intermediação das corretoras de câmbio ou de bancos
múltiplos com esse tipo de carteira, como vemos no quadro
abaixo:

CARACTERÍSTICAS DO MERCADO FINANCEIRO


SEGMENTOS PRAZOS FIM INTERMEDIAÇÃO
Mercado de curto e médio Financiamento do consumo e Bancário e não-
Crédito capital de Giro das empresas bancário
Mercado de Médio, longo e Financiamento de capital de giro, Não-bancário
Capitais indeterminado capital fixo e habitação
Mercado Curto e curtíssimo Controle da liquidez monetária Não-bancária
Monetário prazo da economia e suprimentos
monetários e de caixa
Mercado Cambial Curto e à vista Transformação de valores em Bancário e
moedas estrangeiras e nacionais auxiliares
e vice-versa (sociedades
corretoras)

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Sistema Financeiro Brasileiro


UM BREVE HISTÓRICO

A primeira instituição financeira criada no país, em outubro de 1808,


foi o Banco do Brasil. Seguindo o modelo bancário europeu, o Banco
do Brasil realizava operações de desconto de letras de câmbio e
acolhimento de depósitos de diamantes, metais preciosos e papel
moeda, além de deter a exclusividade das operações financeiras da
Coroa.

Naquela época, os bancos se revestiam de uma imagem excessivamente


nobre e austera, e essa imagem perdurou até meados do século XX,
quando se verificaram grandes transformações. Apesar disso, no
período de 1914 a 1945, houve significativo progresso no quadro de
intermediação financeira, cabendo destacar o crescimento no volume
de intermediação financeira de curto e médio prazo, o disciplinamento
das atividades bancárias no país e o início dos estudos visando à
criação de um Banco Central.

Foi no período pós-guerra, entretanto, que as atividades bancárias


do país se alavancaram, coincidindo com forte crescimento do Brasil.
Apesar de ser considerado um período de transição, as estatísticas
mostram que, em 1953, o número de matrizes instaladas no Brasil
era de 404, totalizando 3.954 agências (oito eram matrizes de
bancos estrangeiros, contando com 36 agências). Entretanto, esse
forte crescimento no número de estabelecimentos bancários foi
acompanhado pela incapacidade empresarial de administrá-los.

Em 1945, pelo Decreto-Lei nº 7.293, foi implantado um órgão


normativo, em substituição à Inspetoria Geral dos Bancos, criada em
1920, de assessoria, controle e fiscalização do sistema financeiro: a
Superintendência da Moeda e do Crédito, SUMOC, com a atribuição
principal de exercer o controle do mercado monetário. Esse mesmo

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Decreto criava o depósito compulsório, como forma de controlar o


volume de crédito dos meios de pagamentos.

Em 1951, foi criado o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, BNCC e,


em 1952, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social,
BNDS.

Entretanto, o grande crescimento do sistema financeiro ocorreu com a


reforma bancária de 1964, pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro desse
mesmo ano, e a reforma do mercado de capitais, pela Lei nº 4.728, de
14 de julho de 1965. Em 1964, ainda foi criado o Banco Nacional de
Habitação, BNH.

Essas reformas, ocorridas nos anos de 1964 e 1965, é que definiram a


estrutura atual do sistema financeiro e também criaram as chamadas
“Autoridades Monetárias” – o Conselho Monetário Nacional e o Banco
Central do Brasil – e regulamentaram as diversas instituições de
intermediação.

Em 22 de setembro de 1988, através de Resolução nº 1.524/38, foi dada


às instituições financeiras a possibilidade de se organizarem como
única instituição com personalidade jurídica própria: os chamados
Bancos Múltiplos.

A ESTRUTURA ATUAL DO SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO

Como já foi visto, a estrutura atual do Sistema Financeiro Nacional


resultou da reforma bancária levada a efeito no biênio 1964-
65. Esse sistema engloba dois subsistemas: o normativo e o de
intermediação.
O subsistema normativo engloba o Conselho Monetário Nacional, o
Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários, CMV.
Do subsistema de intermediação fazem parte os chamados agentes
especiais (Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e as demais instituições bancárias, não-bancárias
e auxiliares.
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Na aula de hoje, você estudou que o Sistema Financeiro Nacional não


é tão simples e que cada instituição financeira tem seu objetivo e foco
traçados, conforme instrumentos financeiros previamente elaborados.
Agora, conhecendo o sistema financeiro é fácil compreender onde as
empresas investem ou recolhem recursos para as suas necessidades
diversas ou de complementação de investimentos, não é mesmo?
Até a próxima aula!

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