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EPI - Cumprir A Lei
EPI - Cumprir A Lei
LEGISLAÇÃO.
(uma discussão mais profunda)
1 Atualmente a legislação não faz distinção entre acidente do trabalho típico e doença
ocupacional, denominando-os de acidente do trabalho.
2 Segundo a NR-6 o EPI tem de ser recomendado pelo SEESMT ou pela CIPA na falta
daquele.
Sob a responsabilidade do empregador estão também a manutenção e higienização do EPI; cabe ao empregador
promover a limpeza dos mesmos, a exemplo das máscaras não descartáveis, óculos e protetores tipo plug (estes
devem ser lavados para se evitar infecção do canal auditivo). Alternativamente, o próprio empregado pode ser
treinado para higienizar seu EPI, como por exemplo, os protetores tipo plug, que carecem de limpeza diária.
Alguns EPI's são passíveis de conserto e de terem suas partes substituídas, prolongando sua vida útil - como por
exemplo, o protetor tipo concha, que possui peças de reposição no mercado. Para o protetor tipo concha existe uma
máxima que diz: o conforto é inversamente proporcional à proteção; assim, a partir do momento em que o protetor
tipo concha estiver confortável, é exatamente por que não está exercendo a pressão adequada, permitindo
vazamento, não cumprindo sua função de atenuar ruídos.
Observamos verdadeiros absurdos de trabalhadores que usam protetores auriculares descartáveis por várias semanas,
contrariando totalmente a finalidade para a qual foram concebidos; em visita a empresas no primeiro mundo,
notamos que os EPI's estão disponíveis na fábrica para que sejam trocados diariamente pelo trabalhador. A
durabilidade do EPI está diretamente ligada ao tipo de atividade e condições ambientais a que este está sendo
submetido, somente existindo, com algumas exceções, métodos empíricos para se determinar se o EPI está
imprestável.
No caso de máscaras, é bem nítido o instante em que o equipamento não produz mais o efeito desejado, pois o
trabalhador passa a sentir o cheiro do contaminante ou dificuldade de respirar, pela obstrução dos poros do filtro.
Outro detalhe ao qual as empresas não estão atentas é que de nada adianta fornecer o EPI cercado de todos os
cuidados, se o trabalhador não recebeu treinamento para usá-lo; a eficiência do equipamento, particularmente os
protetores auriculares e máscaras, depende essencialmente do modo como são usados, sob risco de não promoverem
a atenuação especificada. Assim, é igualmente importante que a empresa treine o trabalhador com recursos próprios,
ou por meio dos fabricantes de EPI's que já fazem este trabalho gratuitamente, através de palestras ou mini cursos.
Mais uma vez, deve a empresa documentar que treinou o trabalhador ao uso do EPI, seja por meio de termo na
própria ficha de entrega, seja por meio de emissão de certificado.
Uma vez que o EPI foi extraviado ou encontra-se sem condições de uso, cabe à empresa promover imediatamente a
sua substituição; legalmente, o empregado está sujeito a responsabilizar-se por sua guarda, e se assim não agir,
sujeitar-se-á a indenizar a empresa o valor do EPI perdido, e, ainda, tem por obrigação comunicar ao empregador
quando seu EPI não tiver mais condições de uso.
Algumas empresas, com a finalidade de promover uma política mais arrojada quanto ao uso dos EPI's, permite que o
trabalhador leve o equipamento e o use fora do local de trabalho, por exemplo, permitindo que o usuário utilize sua
máscara quando este for executar atividades de pintura em sua residência.
Finalmente, de nada adianta o cumprimento de todos os requisitos anteriores, se não for cumprida a principal
exigência que é a obrigatoriedade do uso do EPI; a empresa tem, legalmente, que obrigar o uso do equipamento,
inclusive recorrendo-se da rescisão do contrato de trabalho por justa causa pelo empregado (art. 482 da C.L.T.) nos
casos de comprovada resistência ao uso. Conforme item 1.8.b. da NR-1, constitui ato faltoso pelo empregado a
recusa injustificada do uso do EPI. A adoção de comportamento paternalista, deixando o empregado à vontade no
uso do EPI, traz sérias conseqüências à empresa, inclusive descaracterizando o fornecimento por força do Enunciado
289; assim, deve a empresa iniciar um trabalho de conscientização de todos os trabalhadores, através de palestras,
cursos e vídeos, além da SIPAT, para o uso do equipamento, ao invés de criar um clima policialesco, em que o
departamento de segurança gasta grande parte de seu tempo monitorando o uso do equipamento pelos trabalhadores.
Para as empresas que terceirizam atividades, com o advento do instituto jurídico da terceirização, tinha-se em mente
a transferência da responsabilidade trabalhista e cível para uma outra empresa, a qual estaria sendo devidamente
remunerada para tal finalidade; entretanto, não foi o que aconteceu; para nossa surpresa, deparamos com vários
processos onde figuram como rés tanto a terceirizada, como a terceirizadora; aliás, de acordo com a Súmula 341 do
S.T.F., a qual preconiza que sempre estarão envolvidas a empresa contratante e contratada para a prestação de
serviços, quer na qualidade de empreiteira ou de subempreiteira.
Em não raras situações, contemplamos situações onde o Magistrado sentencia penalizando, tanto a terceirizada,
como também a terceirizadora, conjuntamente ambas respondendo solidárias.
A terceirizadora que escolhe mal a terceirizada ocorre em culpa in eligendo, podendo, contudo, exercer o direito
regressivo; entretanto, segundo o item 1.7.a, da NR-1, cabe ao empregador, cumprir e fazer cumprir as disposições
legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho.
Por outro lado, temos noção de que o EPI interfere no rendimento do trabalho e no conforto do trabalhador; a
empresa deve tentar a substituição do EPI quando o usuário se queixa de que o mesmo é incômodo; preconizamos
que o EPI deve ter aceitação pelo trabalhador, pois caso contrário, a resistência será natural. Especialmente no caso
dos protetores auriculares tipo plug ou concha, cabe ao usuário a opção, levando-se em conta o fator de adaptação e
conforto, exceto nos casos de elevada exposição, quando é necessário o uso conjunto dos dois tipos, a fim de obter
atenuação suficiente para restringir a exposição ao nível do limite de tolerância.
Estudos mostram que a atenuação total promovida pelo equipamento depende fundamentalmente do tempo que o
mesmo é usado, não sendo proporcional a este; por exemplo:
C um respirador com nível de proteção 100, quando não usado por apenas 10 minutos, faz seu nível de
proteção cair abaixo de 40; e quando não usado por 20 minutos, o nível cai para 20;
C um protetor auricular com atenuação de 25 d(B), se não usado por apenas 10 minutos, tem sua atenuação
oferecida reduzida para 18 d(B); e se o tempo de não uso for de 50%, passa a oferecer atenuação de
somente 5 d(B).
16 15 14 14 12
17 16 15 14 12
18 17 15 15 13
19 17 16 15 13
20 18 16 15 13
21 18 17 16 13
22 19 17 16 13
23 19 17 16 14
24 20 18 16 14
25 20 18 16 14
26 20 18 17 14
27 21 18 17 14
28 21 18 17 14
29 21 18 17 14
30 21 19 17 14
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32 21 19 17 14
33 22 19 17 14
34 22 19 17 14
35 22 19 17 14
Os exemplos apresentados são para jornadas de 8 horas, mas o importante é a conclusão de que o tempo de não uso
não é proporcional ao decréscimo da atenuação.
Os EPI's revestem-se de tal importância que atualmente já existem ações voltadas a riscos específicos, cujos
programas tratam em grande parte da especificação correta dos equipamentos, a exemplo dos P.C.A. - programa de
conservação auditiva e P.P.R. - programa de proteção respiratória.
Ainda se não fossem poucos os problemas abordados anteriormente, mesmo que cumpridas todas as obrigações
legais, corre-se o risco de estar fornecendo um EPI, cujo desempenho foi avaliado em laboratório, mas quando
colocado em condições reais de trabalho, não reproduz o desempenho obtido nos testes. Vários trabalhos,
especialmente para protetores auriculares, demonstram que os resultados reais ficam de 50 a 60% abaixo da
atenuação obtida em laboratório; daí porque um monitoramento constante dos trabalhadores deve ser promovido,
especialmente com vistas a detectar prematuramente problemas deste tipo.
No caso concreto da perícia judicial, não somente o cotejo de todos os requisitos da NR-6 irá caracterizar o
fornecimento dos EPI's, mas, ainda, deverão ser observados detalhes tais como:
C através da oitiva de testemunhas, verificar se o empregador torna obrigatório o uso dos equipamentos nas
áreas demarcadas como insalubres;
C se a ficha de entrega dos EPI's está firmada pelo trabalhador, e se este reconhece a assinatura como
legítima;
C se os trabalhadores receberam ou recebem treinamento acerca do uso dos equipamentos, usando inclusive
testes práticos, como, por exemplo, teste de verificação de pressão positiva ou negativa para máscaras;
C numa perícia sem prévio aviso na fábrica, determinar se todos os trabalhadores estão portando e usando
corretamente os EPI's;
C se os C.A.'s apresentados pela empresa correspondem aos modelos que os trabalhadores estão usando;
C como está o estado de conservação dos EPI's, tanto no aspecto limpeza, como manutenção; cuidado se
todos os EPI's parecerem novos, pois a empresa pode ter distribuído o equipamento minutos antes do início
dos trabalhos periciais;
C se a empresa possui implantados programas como o P.P.R.A., P.C.A., P.P.R. e outros que comprovem de
forma objetiva o comprometimento com a segurança e saúde dos trabalhadores.