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É possível afirmar que existe problema no Brasil, mais especificamente em São

Paulo, quanto a questão das habitações precárias, são problemas que já existiam
antes da década de 1880, mas as autoridades só passaram a considerar um
problema de 1880 em diante.
Mesma época em que as atividades urbanas voltadas ao complexo cafeeiro,
começaram a crescer, o que gerou grande aumento do mercado de trabalho onde,
consequentemente, ocorreram muitos casos de trabalhadores mal-alojados
Na página 18 do texto, na tabela 1.1, mostra de forma clara que houve um enorme
aumento populacional em São Paulo a partir de 1886, com a chegada em massa
dos imigrantes. Nessa mesma época foi organizado um dinâmico mercado de
trabalho, exigindo moradias de baixo custo na capital.
Essa adaptação de mão-de-obra assalariada também provocou mudanças nas
relações de produção nas fazendas de café, mudanças essas que ocorreram ao
decorrer dos anos 80 e se acentuou a partir de 1886 (como mostrado na tabela 1.1).
Esse crescimento da produção de café, fizeram com que ocorressem algumas
mudanças, que seriam : O comércio de produtos importados se estabeleceu de
forma diversificada, instalou-se a hospedaria dos imigrantes, com a criação do
banco central do Brasil ocorreu a estabilidade do sistema bancário, ensilhamento
(crise financeira causada pela especulação financeira), a indústria teve primeiro
surto de crescimento (1885-1890), fazendeiros ricos construíram mais residências
na cidade criando o primeiro loteamento de elite (Campos Elísios) e a difusão das
relações capitalistas acelerou o crescimento do mercado de consumo.
Entre 1886 a 1900, acontece a primeira crise habitacional em São Paulo devido a
esse enorme crescimento populacional. A falta de habitações foi a causa de não
haver um crescimento ainda maior de habitantes.
“Diz-se que muita gente se retira da capital paulista por falta de habitação”
RAFFARD (1987).
São Paulo cresceu com loteamento de chácaras e aberturas de novos bairros.
Logo a pequena cidade de 1870, que antes podia ser toda percorrida a pé e onde
seus habitantes buscavam água de chafarizes públicos e poços particulares, já não
era a mesma. Ao receber milhares de moradores, a cidade passou a exigir
transportes rápidos (medidas em Km agora), os chafarizes deixaram de dar conta
do consumo, aumentou o risco de contaminação da água e o esgoto tornou-se o
principal inimigo da saúde pública.
Era preciso estruturar os serviços públicos e equipamentos coletivos, e algumas
iniciativas até foram tomadas, mas esses empreendimentos eram incapazes de
acompanhar as transformações da cidade.
Os transportes públicos, por exemplo, não garantiam o deslocamento rápido a
preço acessível aos trabalhadores e apesar da ineficiência do serviço, ainda houve
grande crescimento entre 1873 e 1900. Enquanto isso as redes de distribuição de
água e de coleta de esgoto cresciam em um ritmo mais lento, em 1888 apenas 500
edifícios estavam ligados à rede de abastecimento.
A problemática da habitação popular (fim do século XIX) tem uma relação com os
primeiros indícios de segregação espacial. Se a expansão da cidade e a
concentração de trabalhadores geravam tantos problemas, a segregação social do
espaço seria a solução, garantindo a elite, áreas de uso exclusivo, livres da
deterioração e ainda apropriação diferenciada dos investimentos públicos.
A epidemia de 1889-1930 evidenciou 2 fatos: 1º) As condições que a topografia
causava salubridade 2º) A busca dos operários por lugares com facilidade
financeiramente para se viver. Esses 2 fatos devem contribuir para o estado tomar
atitudes para corrigir as más condições causada pela expansão descontrolada da
malha urbana.
Com a ameaça na saúde pública o Estado atua de forma rigorosa para defender
as instituições, os higienistas, médicos e engenheiros colocaram em ação seus
planos similares ao obtido na Europa. Era evidente que as condições traziam
malefícios a cidade como a causa de doenças, junto com os imigrantes que
chegavam trazendo doenças contagiosas como a epidemia de febre amarela e a
cólera-morbo.
O medo do Estado era a epidemia chegar até as classes dominantes e afetar a
economia fez com que o Estado intervisse com o empenho e também de forma
agressiva, invadindo casas e expulsando moradores, os doentes iam para os
carroções de Serviço Sanitários.
A intensão era eliminar os cortiços da área central, os cortiços infectados eram
obrigados a ser desocupado e alguns demolidos, havia uma proposta em tornar os
cortiços em casas com melhores condições, o poder público começou a tratar da
salubridade das ruas. Com a epidemia contida a cidade passou a ser vigiada pelas
higienistas que tiveram êxito nas suas propostas e exigiram continuidade no serviço
de saneamento e inspeção das casas.
Em 1890 as obras de saneamento foram melhores tratadas, pois a água e o esgoto
eram os grandes transmissores de doenças, essa foi a segunda intervenção que o
Estado começou a executar a própria obra e ampliar as redes de água e esgoto.
Muitas casas tinham deficiência d’água e utilizavam águas de poços, as águas se
infiltrava nos lençois de água subterrâneo ou na bacia lacustres que deixou pessoas
doentes. Então o governo estadual investiu na rede de água e esgoto, conseguindo
atender assim 85% dos prédios, que de 1905 até 1950 esse número só aumentou,
porém não evitou a falta de água na epoca de seca, principalmente nos bairros
populares. Em 1890 construiram a comissão de saneamento, que via a necessidade
de obras pois a falta da drenagem gerava os focos epidêmicos. Essas áreas eram
ocupadas por moradias populares porquê eram mais baratos.
As intervenções urbanisticas em São Paulo foi uma forma de “resolver” as questões
das habitações insalubres, não com a mesma proporção, mas do mesmo modo de
Haussmann e Pereira Passos, expulsando os moradores e demolindo os cortiços,
para tira-los do centro.
Foram estabelecidas código de posturas do municipio de São Paulo em 1886,
estabelecendo os tipos e as especificações da habitação operaria, e era necessario
seguir o que era denifino nela, como os gabaritos, dimensões, desenho, cubagem
e equipamentos sanitário. Para o tratamento sanitario ser completos precisava
chegar até as unidades urbanas, não podia pensar somente na habitação privada
mais também naquela onde acumulava a parte pobre, a polulação operaria, nos
cortiços com pessimas condições. O código sanitário era exigente, proibia a
construção de cortiços, das casas subdivididas, que era moradias de muitas
pessoas das classes pobres e as habitações insalubres deveriam ser saneadas ou
demolidas. No municipio de São Paulo também foi aderido as exigências, definia
que os cortiços insalubres e infectos não seriam permitidos e deveriam se demolidos
ou reconstruidos conforme o padrão.
“[…] fica pois bem entendido de que se não preconizarmos um radical socialismo
do estado, contudo não podemos endossae uma certa opnião que infelizmente corre
e faz adeptos, segundo a qual a função do Estado é a de mero espectator dos
acontecimentos. É evidente que a iniciativa privada não pode dar uma solução à
questão […]. Sendo as casas operárias, para os capitalistas, uma questão de
dinheiro como qualquer outra, qual o meio de conseguir, para as classes pobres,
casaao mesmo tempo higiênicas e baratas? A resposta é obvia: ou o Estado (em
nosso caso o município) assume o papel do capitalista, construindo as casas, ou
proporciona empréstimos aos operários para que as construam ou concedam certas
regalias aos individuos e associações que se obrigarem a efetuar a construção de
tais casas de acordo com um tipo aprovado, bem como alugá-las por preço
módico,devidamente fixado.(BOLETIM DO DEPARTAMENTO RSTADUAL DO
TRABALHO, 1916)” (pág.40)
Graças a expanção da rede de água e esgotos, às obras de saneamento e uma
melhoria relativa as condições gerais de vida da população as epidemias foram
relativamente condidas e a taxa de mortalidade reduziu entre 1895 e 1899.
A construção das vilas operários favoreceram mais os investidores do que quem
deveria ser beneficiado. O poder público não teve uma participação intensa na
questão de moradia aos pobres, apenas criou polícia para vigiá-los, inspeciona-los
e padrões para se seguir, não fazendo questão de melhorar as habitações,
intervindo apenas quando iria afetar a elite. Característica do autoritarismo sanitário.

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