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TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/MCP PROCESSO Nº 29.942/15


ACÓRDÃO

L/M “GALLONY DO MAR”. Água aberta, seguida de naufrágio, com posterior


reflutuação da embarcação, quando navegava na entrada do Canal do Rio São
Francisco, nas proximidades de Itaguaí, RJ, provocando sérios danos à embarcação,
sem ocorrências de acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio ambiente
hídrico; com perda da embarcação. Colisão com objeto submerso. Caso fortuito.
Infrações ao RLESTA e a Lei nº 8.374/91. Arquivamento.

Vistos os presentes autos.


Tratam os autos de IAFN, instaurado pela Delegacia da Capitania dos Portos em
Itacuruçá, para apurar as causas e as responsabilidades do naufrágio da Lancha a Motor
“GALLONY DO MAR” – com 7 metros de comprimento, classificada para atividade de esporte
e recreio e área de navegação interior –, ocorrido em 28 de maio de 2014, aproximadamente às
14h30min, na entrada do Rio São Francisco, nas proximidades de Itaguaí-RJ, com pedido de
Arquivamento pela D. Procuradoria Especial da Marinha - PEM (fls. 54/54v) pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos.
Consta nos autos que, no dia do acidente, a L/M “GALLONY DO MAR”,
conduzida pelo Sr. José Eduardo Felício dos Santos, desatracou para realizar uma pescaria na
Baía de Sepetiba, nas proximidades da Restinga da Marambaia. Ao retornar da pescaria, já na
entrada do canal do Rio São Francisco, indo em direção ao Rio da Guarda, houve uma trepidação
na embarcação e se verificou que embarcava água pela lateral. Imediatamente, o condutor da
embarcação foi verificar o que tinha ocorrido e visualizou uma viga de ferro, que estava
submersa, a qual rasgou o casco da embarcação, o que fez com que ocorresse o naufrágio em
seguida.
Registre-se que a embarcação foi reflutuada apresentando sérios danos, conforme
descritos no Laudo Pericial.
No IAFN foi ouvido apenas o Sr. José Eduardo Felício dos Santos, condutor da
embarcação sinistrada que descreve os fatos como acima relatado.
De acordo com o Laudo Pericial, às fls. 11 a 13, constataram os Peritos que após a
reflutuação, a embarcação apresentava aspecto bom, o material de salvatagem a bordo atendia
aos requisitos estabelecidos nas normas em vigor, o casco apresentava avaria (rasgo), dando
indício de entrada de água. A embarcação teve sua parte elétrica e motor danificados. Não houve
acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio ambiente hídrico.
Concluíram os Peritos que os fatores humano, material e o operacional não
contribuíram para o acidente. Com este entendimento, encerraram a Perícia atribuindo como
causa determinante para o naufrágio da embarcação, o rasgo aberto na lateral da embarcação

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 29.942/2015....................................................)
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provocado por um obstáculo “submerso (viga de ferro).
O Encarregado do IAFN, no Relatório, às fls. 43/46, após descrever as diligências
realizadas, características da embarcação sinistrada, analisar e transcrever o resultado da perícia,
depoimento da única testemunha ouvida, em consonância com os peritos atribuiu como causa
determinante para o naufrágio da embarcação “GALLONY DO MAR”, à colisão com a viga de
ferro que estava submersa, vindo a rasgar a lateral da embarcação.
Constatou ainda as seguintes infrações ao RLESTA cometidas pelo Sr. José
Eduardo Felício dos Santos, proprietário da embarcação “GALLONY DO MAR” aos artigos 16
(deixar de inscrever a embarcação) e, art. 19, inciso III (certificados ou documentos exigidos
com prazo de validade vencido), ambos do RLESTA.
Encerrou o inquérito concluindo não ter sido possível apontar possível ou possíveis
responsáveis pela ocorrência do naufrágio sofrido pela L/M “GALLONY DO MAR”.
IAFN instruído com os documentos de praxe, e ainda CD com suas principais
peças.
Após análise dos autos, a D. Procuradoria Especial da Marinha - PEM, em
manifestação à fls. 54/54v, opina pelo arquivamento do presente IAFN, “porquanto não se fez
presente a justa causa apta a fundamentar eventual juízo de acusação, ou seja, inexiste uma das
condições da ação, requisito inafastável para imputar a alguém a responsabilidade pelo acidente
da navegação sub examine”.
Por dever de ofício, requereu, ainda, seja oficiada à Delegacia da Capitania dos
Portos em Itacuruçá, para que diligencie a respeito da infração ao artigo 15, da Lei nº 8.374/91, o
qual dispõe sobre o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por embarcação ou por sua
carga; frise-se também as infrações ao art. 16 do RLESTA.
Publicada Nota para Arquivamento. Prazos preclusos, sem manifestações de
possíveis interessados.
Decisão
Diante do exposto, determinamos o arquivamento dos autos como requerido pela D.
Procuradoria Especial da Marinha - PEM, em sua promoção de fls. 54/54v considerando o
acidente da navegação, previsto no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54, materializado pelo
naufrágio da L/M “GALLONY DO MAR”, quando por volta das 14h30min navegava na entrada
do canal do rio São Francisco, caracterizado como de origem fortuita, eis que teve como causa
determinante a colisão contra objeto submerso que provocou um rasgo no casco permitindo a
entrada de água que culminou no naufrágio da embarcação, posteriormente reflutuada e
resgatada, apresentando danos no casco e na parte elétrica.
Finalmente, em conformidade com artigo 33, parágrafo único da Lei nº 9.537/97
(LESTA), c/c art. 43 do RIPTM, deve-se oficiar à Delegacia da Capitania dos Portos em
Itacuruçá, para que diligencie a respeito da infração ao artigo 15, da Lei nº 8.374/91, c/c art. 19,
inciso III, do RLESTA (seguro obrigatório DPEM vencido, como também o Título de Inscrição

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da embarcação – TIEM vencido) conforme apurado no decorrer do inquérito e apontado pela
PEM.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza
e extensão do acidente da navegação: água aberta, seguida de naufrágio, com posterior
reflutuação e resgate da embarcação, quando navegava na entrada do Canal do Rio São
Francisco, nas proximidades de Itaguaí, RJ, provocando sérios danos à embarcação, sem
ocorrências de acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio ambiente hídrico; b) quanto à
causa determinante: colisão com objeto submerso. Caso fortuito; c) decisão: julgar o acidente da
navegação, previsto no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54, como de origem fortuita,
determinando o arquivamento dos autos, como requerido pela D. Procuradoria Especial da
Marinha - PEM, em manifestação às fls. 54/54v; e d) medidas preventivas e de segurança: em
conformidade com artigo 33, parágrafo único da Lei nº 9.537/97 (LESTA), c/c art. 43 do
RIPTM, deve-se oficiar à Delegacia da Capitania dos Portos em Itacuruçá, para que diligencie a
respeito da infração ao artigo 15, da Lei nº 8.374/91, c/c art. 19, inciso III, do RLESTA (seguro
obrigatório DPEM vencido, como também o Título de Inscrição da embarcação – TIE vencido)
de responsabilidade do proprietário da embarcação “GALLONY DO MAR”, apuradas no
decorrer do inquérito e apontadas pela PEM.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 28 de setembro de 2017.

MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA PADILHA


Juíza Relatora

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 17 de novembro de 2017.

MARCOS NUNES DE MIRANDA


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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COMANDO DA MARINHA
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2018.02.06 10:34:37 -02'00'

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