DA CONCEPÇÃO AO NASCIMENTO:
PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ASSISTÊNCIA À MULHER NO
PERÍODO GRAVÍDICO E PUERPERAL
1
Niterói
2008
CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNEO LEITE - UNIPLI
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE
CIÊNCIAS DE SAÚDE E AMBIENTE
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Niterói
2008
PEDRO PAULO DO PRADO JUNIOR
DA CONCEPÇÃO AO NASCIMENTO:
PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ASSISTÊNCIA À MULHER NO
PERÍODO GRAVÍDICO E PUERPERAL
BANCA EXAMINADORA
3
Prof. Drª. Anialcy Barbosa Faria - UFF
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha esposa pela paciência, dedicação, carinho, e todo o
apoio nesta decisão da minha vida.
Aos meus filhos que se privaram das horas da minha presença.
À minha mãe pela força que me estimula desde a infância, pelo que muito
me ensinou da vida, uma delas a perseverança.
Ao meu pai, que apesar da ausência, esteve e está sempre presente em
minha vida.
Ao secretário municipal de saúde de Muriaé, e funcionários da Secretaria
de Saúde pelo apoio dado desde o início.
À minha orientadora professora Dra. Carmen que com competência,
companheirismo, amizade me direcionou e foi uma grande coadjuvante nesta
obra. Ficarão sempre marcados nossos encontros, nossa viagem ao sul do país e
as trocas de experiência. Você também é responsável por ter chegado até aqui.
Tornar-se aluno novamente nos remete a um período de infância e
adolescência que devemos sempre trabalhar para que nunca morram dentro de
nós, apenas adormeçam, para quando necessário possam florescer como cada
primavera.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a
minha família, aos amigos,
e em especial a meu pai,
que durante uma vida toda
investiu em mim plantando
tudo aquilo que não lhe foi
possível conceber,
e que por força maior
não pode colher seus frutos.
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RESUMO
A gravidez provoca modificações notáveis na fisiologia materna, essas alterações envolvem todos
os sistemas do corpo. Os cuidados da própria mulher, do companheiro e das pessoas que a cerca
e dos profissionais de saúde são para que tudo corra bem com a gravidez, e o principal objetivo é
promover a qualidade de vida da gestante e de seu concepto. A atenção à gravidez inclui a
prevenção, a promoção da saúde e a identificação e tratamento dos problemas ocorridos durante
o período da gestação, através das consultas de pré-natal para destinar condutas de atenção
integral à saúde da mulher, onde é incluído as práticas de educação em saúde e uma assistência
humanizada. O cuidado à mulher deve ser individualizado, sensibilizado, baseado nos relatos de
cada mulher que assume o papel de atores principais da gestação e parto. A representação de
cada gravidez interfere e é determinante para o seu bom desenvolvimento. O objetivo da pesquisa
foi identificar as práticas educativas realizadas no atendimento pré-natal do município de Muriaé,
relacionando com os relatos das mulheres entrevistadas as possíveis prevenções de
complicações. O objeto do estudo foram mulheres gestantes ou puérperas que deram a luz num
período retroativo de 1 ano. Foi utilizado como cenário do estudo as próprias residências das
entrevistadas que eram previamente selecionadas pelas Unidades de Estratégia Saúde da
Família. O cenário permitia uma melhor expressão de suas falas. Foram entrevistadas 100
mulheres. Como instrumento utilizou-se um questionário semi-estruturado. Os ítens foram
analisados gerando discussões a cerca das práticas de pré-natal no município de Muriaé. Foi
traçado o perfil das entrevistadas assim como acesso às consultas, as orientações recebidas, a
relação com a equipe de enfermagem, as alterações apresentadas, a participação em grupos de
gestante, a participação do parceiro nas consultas, além da realização de procedimentos e a
expressão de sentimentos. Foi observado que todas entrevistadas receberam orientações, 75%
realizaram mais de 6 consultas de pré-natal, o que é pactuado pelo Ministério da Saúde (MS), e
que 74% classificam as consultas como de ótima qualidade onde satisfaziam todas as dúvidas e
angústias, porém evidenciou-se que as condutas de orientações não são uniformes gerando
várias categorias de discussão.
6
ABSTRACT
The pregnancy provokes notable modifications in the maternal physiology, those alterations involve
all of the systems of the body. The own woman's cares, of the companion and of the people that
the fence and of the professionals of health they are well for everything to run with the pregnancy,
and the main objective is to promote the quality of the pregnant woman's life and of his/her
concept. The attention to the pregnancy includes the prevention, the promotion of the health and
the identification and treatment of the problems happened during the period of the gestation,
through the consultations of prenatal to destine conducts of integral attention to the woman's
health, where it is included them practice of education in health and a humanized attendance. The
care to the woman should be individualized, touched, based on each woman's reports that it
assumes the main actors' of the gestation paper and childbirth. The representation of each
pregnancy interferes and it is decisive for his/her good development. The objective of the research
was to identify the educational practices accomplished in the prenatal service of the municipal
district of Muriaé, relating with the interviewed women's reports the possible preventions of
complications. The object of the study was pregnant women or puérperas wants gave the light in a
retroactive period of 1 year. It was used as scenery of the study the interviewees' own residences
that it was selected previously by the units of Estratégia Saúde da Família, the scenery allowed a
better expression of their speeches. 100 women were interviewed. As instrument was used a semi-
structured questionnaire, that you/they were analyzed generating discussions the about of the
practices of prenatal in the municipal district of Muriaé. The interviewees' profile was drawn as well
as access to the consultations, the received orientations, the relationship with the nursing team, the
presented alterations, the participation in pregnant woman's groups, the partner's participation in
the consultations besides the accomplishment of procedures and the expression of feelings. It was
observed that all interviewees received orientations, 75% accomplished more than 6 consultations
of prenatal, what is agreed on by Ministry of Health (MS), and that 74% classify the consultations
as of great quality where you/they satisfied all of the doubts and anguishes, however it was
evidenced that the conducts of orientations are not uniform generating several discussion
categories.
Key words: Education in health, Humanization of the attendance, life Quality in the gestation.
7
LISTA DE TABELAS
8
LISTA DE QUADROS
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................. 01
2. CONHECENDO O MUNICÌPIO DE MURIAÉ............................................... 06
2.1. O Município e sua história.................................................................... 06
2.2. O Município e sua localização.............................................................. 06
2.3. Descrevendo a estrutura de saúde do município de Muriaé............... 07
2.4. Descrevendo a estrutura de educação do município de Muriaé......... 09
3. CORPO DE MULHER, CORPO DE MÃE: CONHECENDO A
GESTAÇÃO.................................................................................................. 11
3.1. Da fecundação à gravidez: a formação do novo ser .......................... 11
3.2. Alterações do corpo da mulher: descobrindo a gravidez..................... 13
3.2.1. Gestação um período de transformação................................ 16
3.2.2. Alterações emocionais e psíquicas da mulher na
gestação............................................................................................. 17
3.2.3. Ser mãe: transformações e alterações do corpo da mulher.. 19
3.3. Dúvidas e indagações da mulher grávida............................................. 26
3.4. A gravidez com contexto social, educacional e cultural....................... 28
3.4.1. Repercussão da gravidez no contexto familiar....................... 30
3.5. A mulher a gravidez e o pré-natal no município de Muriaé................. 32
3.6. A visão humanística da assistência pré-natal....................................... 33
3.7. Acolhimento: Responsabilidade e acompanhamento......................... 37
3.8. Organização da Assistência Pré-Natal: Qualidade real da saúde....... 39
4. EDUCAÇÃO EM SAÚDE: PROMOVENDO A QUALIDADE DE VIDA DA
GESTANTE................................................................................................... 42
4.1. O processo de enfermagem na avaliação e elaboração de um plano
de orientação em educação em saúde para a gestante............................... 42
10
4.2. A enfermagem no processo de promoção à saúde.............................. 44
4.2.1. Trabalhando a natureza do ensino e aprendizado pela
grávida................................................................................................ 47
4.3 – A comunicação como instrumento no processo de educação em
saúde............................................................................................................. 49
4.4. Parto e Nascimento Humanizados......................................................... 51
4.5. A origem da humanização do parto...................................................... 52
4.6. O período de trabalho de parto e parto................................................. 54
4.6.1. A equipe multiprofissional na atenção ao parto....................... 55
4.7. A importância da presença do acompanhante e o auxílio a mulher no
trabalho de parto e parto............................................................................... 57
4.8. A atenção ao puerpério imediato.......................................................... 57
5. MATERIAL E MÉTODO................................................................................ 59
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................. 63
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 91
ANEXOS....................................................................................................... 96
Anexo 1 - Termo de autorização
Anexo 2 - Termo de Concordância
Anexo 3 - Questionário
Anexo 4 - Muriaé
Anexo 5 - Desenvolvimento da Gravidez
Anexo 6 - Treinamento Profissional
11
INTRODUÇÃO
12
necessidades de atenção específica à gestante, ao recém nascido e à mulher no
período pós-parto. Esse programa é um importante instrumento para a
organização e estruturação de redes de referência para o atendimento à
gestantes em cada município, na lógica da regionalização e hierarquização dos
serviços de saúde, assegurando uma melhor cobertura e qualidade do
acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério, assim como o
acesso dessas mulheres ao serviço.
Durante o tempo de atividades exercidas na profissão de enfermeiro,
o autor pode aproximar-se da temática que engloba a assistência à saúde da
mulher, que foram cruciais para a definição de suas características profissionais;
o contato com a atenção à saúde da mulher gerou uma preocupação acerca do
nível de orientação que as mulheres recebem durante o período gravídico e
puerperal, se esses estão relacionados a complicações na gravidez e puerpério e
se suas principais dúvidas e angústias são sanadas, ou se a maternidade ainda é
considerada como uma “caixinha de surpresas”. Orientações essas que deveriam
estar presentes desde o período de pré-concepção estendendo-se por todo o
período gestacional, na atenção ao parto e no período puerperal.
A pesquisa foi desenvolvida no município de Muriaé, que está
localizado na Zona da Mata Mineira, através de entrevista, utilizando como
instrumento um questionário que serviu como base para orientação e posterior
discussão dos dados. O universo da pesquisa foram as unidades de saúde e
ambulatórios que realizam atendimento pelo SUS, além das próprias residências
das entrevistadas. Utilizou-se as unidades de Estratégia de Saúde da Família
(ESF) como suporte nos casos das visitas domiciliares. Foram entrevistadas 100
mulheres gestantes ou puérperas que tiveram seu parto no período de um ano
retroativo, por considerar essas mulheres ainda com facilidade de se lembrar das
informações recebidas ou das experiências vivenciadas. Para direcionar esse
estudo, foram formulados os seguintes objetivos:
Objetivo geral:
• Refletir sobre as práticas educativas realizadas no atendimento pré-
natal do município de Muriaé.
Objetivos específicos:
13
• Detectar os principais problemas relacionados à prática pré-natal.
• Aumentar a interação da mulher grávida com a equipe de saúde;
• Estabelecer os atenuantes que possam prejudicar ou interferir na
gravidez, a partir da visão social;
• Gerar cartilha básica para as gestantes.
No primeiro momento da pesquisa ,percebeu-se a necessidade de
realizar um levantamento populacional das mulheres que realizavam pré-natal,
principalmente, nas unidades vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS),
através de pesquisa em órgãos públicos municipais, nesse caso, a Secretaria
Municipal de Saúde onde se localiza a central de cadastro das gestantes no
SISPRENATAL. A partir daí, percebeu-se que a cobertura de mulheres que
realizavam o pré-natal estava baixa mediante estes cadastros, partindo, então,
para as visitas in loco nas unidades de saúde que realizam as consultas de pré-
natal.
Durante as visitas, buscou-se identificar nas unidades de Estratégias
de Saúde da Família (ESF) o número de gestantes e para onde essas eram
referenciadas quando nas unidades de origem não realizavam as consultas de
pré-natal. Após a identificação e visto que os horários das consultas não
condiziam com o momento de encontro das mulheres com o entrevistador, por
intermédio das equipes de ESF, passaram a agendar visitas domiciliares para a
realização da coleta de dados. Dessa forma, as mulheres foram escolhidas pelos
enfermeiros responsáveis pelas estratégias de saúde da família e como pré-
requisito somente era solicitado a visita às mulheres que haviam gerado ou dado
a luz no período de um ano retroativo.
A escolha das entrevistas nos domicílios pode contribuir em muito
para pesquisa, primeiro por aumentar o vínculo do entrevistador com as unidades
e, posteriormente, com as mulheres, permitindo que essas mulheres tivessem
uma maior liberdade de expressar seus sentimentos por estarem dentro de suas
próprias casas, não ocultado sequer resposta de insatisfação ou angústia.
Dessa forma, pode-se contar com uma equipe voluntária para a
realização da pesquisa, composta pelas enfermeiras das unidades de ESF,
agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem, além de um grupo de
14
alunos universitários que auxiliaram na coleta de dados, muitas das vezes, por
morarem próximos às casas das mulheres envolvidas na pesquisa.
O capítulo dois da pesquisa descreve a história do município de
Muriaé. Percebeu-se a necessidade de relatar essa história pelo fato do município
se localizar no interior do Estado de Minas Gerais e não ser tão evidenciado
nacionalmente, seja na mídia ou por algum momento histórico. Da mesma forma,
tornou-se pertinente descrever as estruturas de saúde e ensino do município visto
que os objetivos da pesquisa envolvem as práticas educativas em saúde. O
capítulo, ainda, traz fotos do município, assim como mapas de localização e
tabelas descrevendo as estruturas de saúde e educação.
O capítulo três descreve a gravidez, as alterações do corpo da
mulher, aborda ainda os principais desconfortos sofridos pela mulher no período
gravídico, seguidas das orientações corretas que deverão ser fornecidas à mulher
a fim de diminuir ou eliminar suas queixas; esse capítulo, ainda, dará o enfoque à
mulher, à gravidez e ao pré-natal no município de Muriaé. Preocupou-se em
descrever os registros das mulheres no SISPRENATAL, assim como o número de
partos que ocorrem anualmente e, um breve histórico sobre a assistência à saúde
da mulher no município. Ainda, nesse capítulo, registra-se o acolhimento, a
responsabilidade e o acompanhamento da gestação, assim como as funções das
equipes de saúde em entrar em contato com uma mulher gestante na unidade de
saúde ou na comunidade, buscando compreender os múltiplos significados da
gestação para aquela mulher e sua família.
No capítulo quatro, a atenção esteve voltada para as práticas
educativas no atendimento às gestantes, em que se evidenciou o papel do
enfermeiro enquanto educador e transformador de ações. Preocupou-se ainda em
relatar as práticas destinadas à humanização do parto e nascimento, assim como
a participação do acompanhante de escolha da mulher no processo de
nascimento, visto que esse, muitas das vezes, é um momento de solidão e
angústias para muitas parturientes.
O capítulo cinco discorre sobre os questionários aplicados às
mulheres envolvidas, referenciando os caminhos metodológicos, os materiais, e
tudo que viesse a viabilizar as ações. Segue-se trabalhando as discussões dos
15
dados obtidos. Para posterior e finalmente descrever a conclusão encerrando
assim a discussão da problemática. Por final, descrevem-se as referências
bibliográficas e os anexos.
O trabalho com a Estratégia Saúde da Família por um período de 08
(oito) anos e a titulação em Enfermagem Obstétrica juntamente com alguns
fatores identificados durante a assistência à mulher, permitiu o questionamento
por parte do autor em relação a algumas práticas rotineiras de atenção à mulher,
como por exemplo, quais orientações eram fornecidas à gestante durante o
período gravídico e puerperal, seja nas consultas de pré-natal, grupos de
gestantes ou, até mesmo, nas visitas domiciliares na gestação e no pós parto.
16
CAPÍTULO 2
CONHECENDO O MUNICÍPIO DE MURIAÉ
17
habitantes / Km2. A figura 02 do anexo 4 revela fotos aéreas do município de
Muriaé - MG.
Com uma população de 98.850 habitantes (Censo IBGE - 2005),
limita-se com os municípios de Ervália, Santana de Cataguases, Laranjal, Palma,
Miraí, São Sebastião da Vargem Alegre, Rosário da Limeira, Miradouro, Vieiras,
Eugenópolis, Patrocínio do Muriaé e Barão de Monte Alto. Tem sua economia
baseada na indústria e agropecuária. A figura 03 do anexo 04 demonstra os
limites territoriais e as respectivas cidades limites ao município de Muriaé.
18
Quadro 1: Descrição do Modelo de Saúde no Município de Muriaé
19
Quadro 2: Descrição dos Equipamentos para Diagnóstico Complementares
de Saúde no Município de Muriaé.
Equipamento Quantidade
Mamógrafo com comando simples 3
Mamógrafo com estéreo-taxia 1
Raio X para densitometria óssea 2
Tomógrafo 3
Ultrassom doppler colorido 8
Eletrocardiógrafo 8
Eletroencefalógrafo 1
Equipamento de hemodiálise 23
Raio X de 100 a 500mA 7
Raio X mais de 500mA 3
Fonte: www.uniregistro.com.br/cidades/minasgerais/muriae/index.html
20
campo de fornecimento de orientações na prevenção, tratamento e promoção da
saúde e qualidade de vida.
21
CAPÍTULO 3
22
uma célula, exceto em uma região onde ela apresenta uma espessura de três ou
quatro células. As células mais internas da parte mais espessa da parede do
blastocisto convertem-se no embrião, enquanto que as externas penetram na
parede uterina para formar a placenta. A placenta produz hormônios que auxiliam
na manutenção da gravidez e permitem a troca de oxigênio, nutrientes e produtos
da degradação metabólica entre a mãe e o feto. A implantação começa entre 5 a
8 dias após a fertilização e termina em torno do nono ou décimo dia. A parede do
blastocisto transforma-se na camada externa das membranas (córion) que
envolvem o embrião. Uma camada interna de membranas (âmnio) forma-se em
torno do 10º ao 12º dia, formando a bolsa amniótica. Esta se enche de líquido
amniótico (um líquido transparente) e expande-se para envolver o embrião em
desenvolvimento, o qual flutua em seu interior (MANUAL MERCK, 2007).
Branden (2000) descreve como sendo, nessa fase, o início de dois
processos fundamentais: diferenciação e organização celular. Ainda cita que
nessa fase é fundamental que a mãe evite agentes teratogênicos que possam
causar mal formações fetais. A figura 1 do anexo 5 representa a entrada do
espermatozóide pelo canal cervical, a fecundação e a nidação.
A partir da fertilização, o período pré-embrionário dura três semanas.
Durante esse estágio crucial do desenvolvimento, há a implantação do ovo, as
células dividem-se rapidamente e começa o processo de diferenciação, tendo
início o desenvolvimento da placenta e do embrião. A figura 2 do anexo 5 mostra
a formação da placenta e seus anexos.
Cita, ainda, Branden (2000) que a duração da gravidez pode ser
calculada por dois métodos. O primeiro método (conhecido como idade ovular)
baseia-se na última ovulação: a duração da gestação é de cerca de 38 semanas,
após a última ovulação. Contudo, como poucas mulheres sabem quando
ovularam, o método mais utilizado (conhecido como idade menstrual) leva em
consideração o fluxo menstrual. Nesse método, a gestação é calculada desde o
início do último período menstrual normal e dura cerca de 40 semanas.
A gravidez é um período de grandes transformações para a mulher,
que poderá ou não estar preparada para tais mudanças, que estão relacionadas
não apenas a transformações do corpo, como também a alterações psico-sociais.
23
As adaptações fisiológicas maternas são atribuídas aos hormônios
da gestação e às pressões mecânicas provocadas pelo aumento do útero e de
outros tecidos. Essas adaptações protegem o funcionamento fisiológico normal da
mulher, preenchem as demandas metabólicas que a gestação impõe ao seu
organismo e proporcionam um ambiente nutritivo para o desenvolvimento e para o
crescimento fetais. Embora a gestação seja um fenômeno normal, podem ocorrer
problemas; a Enfermagem necessita de fundamentos sobre a fisiologia materna
normal para ser capaz de identificar desvios potenciais ou vigentes da adaptação
normal e iniciar o atendimento; ajudar a mulher a compreender as mudanças
anatômicas e fisiológicas durante a gestação; afastar a ansiedade da mulher e da
família resultante, possivelmente, da falta de conhecimento; ensinar à mulher e à
família os sinais e os sintomas que devem ser comunicados ao profissional de
saúde (LOWDERMILK et al, 2002).
Até mesmo antes de se confirmar uma gravidez, o corpo é capaz de
manifestar-se com alguns sinais e sintomas que levam os profissionais de saúde
a suspeitar e, até mesmo, confirmar uma gravidez.
24
das mamas, que continuam a secretar leite por alguns meses se a mãe
amamentar o filho (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
As alterações sofridas pela mulher iniciam-se ainda nas primeiras
semanas devido às alterações hormonais, essas alterações podem ser descritas
como sinais de gravidez e dividem-se em sinais de presunção, probabilidade e
certeza de gravidez. Conforme quadro adaptado abaixo; descritas por Branden
(2000).
25
Quadro 5: Sinais e Sintomas Prováveis
26
3.2.1. GESTAÇÃO: UM PERÍODO DE TRANSFORMAÇÕES
27
estão reservados padrões de relacionamento a serem estabelecidos com a vinda
da criança (KAPLAN, 2006).
A causa fundamental pela qual a mulher deseja ter um filho é
biológica. Seu instinto maternal exige essa gratificação que vem a partir de
múltiplos desejos da mulher. Ter um filho pode significar recuperar sua própria
mãe e permite-lhe identificar com ela, o filho também é a comprovação da
fertilidade (LEBOVICI, 1987).
O desejo de ter um filho pode corresponder ao desejo infantil de
presentear seu pai com uma criança. Há também causas mais conscientes e
racionais. Com o filho, a mãe pode reviver sua própria infância, ela pode ser
também motivo de status, além de possibilitar o desenvolvimento das
potencialidades latentes da mãe. Quando uma criança é concebida, já existem no
pai e na mãe fantasias e idealizações relativas à criança, ao seu
desenvolvimento, à aparência e à concepção. Isto é comum tanto nas gestações
programadas em que os pais escolhem um nome, escolhem preferências de
sexo, expectativas com futuras características físicas, emocionais, sociais e
muitas outras expectativas, quanto às concepções ocidentais (MAGYAR, 1996).
Há várias maneiras de a mulher viver a maternidade, achando-se
transformada ou demolida por esta. Para algumas mães, o filho marca o despertar
para a vida; para outras a relação com este é marcada pela impressão de uma
perda que a deixa empobrecida (LEBOVICI, 1987).
28
manifestações dessa ambivalência surgem nos três primeiros meses de gravidez,
quando a mulher duvida estar ou não grávida, mesmo após a confirmação do
exame clínico. Há uma mistura de sentimentos: medo, alegria e até rejeição.
Muitas vezes, a grávida reage inicialmente, frente ao feto com ambivalência oral,
ou seja, trata de expulsá-lo com vômitos; ora incorporá-lo, com desejos
relacionados à comida (KAPLAN, 2006).
Quando uma concepção se realiza, presume-se que o desejo de ser
mãe seja predominante à rejeição. As mensagens de rejeição nem sempre podem
ser expressas verbalmente, são processos inconscientes que podem ser
detectados através dos sintomas, pois um sintoma é uma forma disfarçada de
expressar a mensagem que não pode ser dada. Se os conflitos frente à gravidez
são menos intensos, despertando maior ansiedade, os sintomas serão mais
brandos e mais ao nível oral tais como náuseas, vômitos e desejos caprichosos.
Outros sintomas de caráter anal são as constipações e diarréias (MALDONADO,
1988).
A gestante precisa de amparo e proteção, pois sofre uma regressão
parcial tanto nos aspectos negativos: ansiedade; quanto em aspectos positivos:
bem-estar e proteção. As regressões despertam angústias precoces
principalmente, ligadas à relação com sua mãe, isso porque sente o bebê como
algo roubado de sua mãe (KAPLAN, 2006).
Mas a gravidez, normalmente, também é acompanhada por um grande
sentimento de felicidade. A mãe sente-se serena e tranqüila, identificada com seu ideal
e com o filho bem protegido por ela. Vive nesse estado a união mais íntima que pode
existir entre os dois seres; o filho desde que nasce não está só.
Assim, a gravidez é um período biologicamente caracterizado por
grandes mudanças metabólicas, além de ocasionar, no nível psicológico,
sentimentos nunca antes experimentados, que nem sempre são fáceis de serem
vividos e compreendidos. É um período de equilíbrio instável, devido às grandes
expectativas de mudanças que atingirão a vida social, profissional, pessoal e
afetivo da mulher. São necessárias adaptações, reajustamentos interpessoais e
intra-psíquicos. A gestação é um período rico, pleno na vida da mulher, mas nem
por isso deixa de ser difícil, ambivalente e conflitivo.
29
Maldonado (1988) explica o aumento da sensibilidade como uma
preparação necessária para a futura mãe, pois o aumento da percepção e
sensibilidade são características necessárias fundamentais nos primeiros
contatos com o bebê, quando a linguagem da emoção é o que conta.
Diante dessa gangorra de oscilações de humor, do aumento da
sensibilidade e de todos outros sintomas comuns à gravidez, o futuro pai tem um
papel importante. Deve buscar compreender as emoções da gestante e transmitir-
lhe a segurança de sua própria presença. Na realidade, as atitudes do marido
frente à gravidez contribuem fortemente para aceitação ou rejeição dessas por
parte da mãe. Influencia também o modo pelo qual a mulher reagirá frente às
transformações, como por exemplo, alterações corporais.
Muitas vezes, a futura mãe, primípara, sente-se inquieta por ter que
enfrentar uma criança, não sabendo como será sua nova vida e que exigências e
novas vivências trará. Ela atravessa, às vezes, uma fase de angústias que
aparenta de perto um estado depressivo menor. Em contrapartida, a mulher
também se sente gratificada com a experiência do ter um filho. É uma experiência
muito individual.
30
Ziegel; Cranley (1985) descrevem as alterações de início de
gravidez como profundas alterações fisiológicas que ocorrem no corpo materno,
envolvendo todos os sistemas.
As náuseas e os vômitos são comuns no primeiro trimestre da
gestação, podendo resultar de mudanças hormonais, razão emocional, secreção
gástrica de ácido clorídrico diminuída, entre outros fatores. Podem aparecer em
qualquer hora do dia, sendo mais comum pela manhã, ao levantar-se. Esses
sintomas, geralmente, desaparecem no final do primeiro trimestre (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2000).
O mal-estar, uma forma de desconforto vago e mal definido, ocorre
depois da alimentação. Pode não se manifestar nem como dor nem como azia,
porém se parece com ambas e faz com que a mulher se sinta bastante
desconfortável. Ocorre com mais freqüência com as pessoas que se alimentam
rapidamente, não mastigam bem os alimentos ou ingerem de cada vez uma
quantidade superior àquela que o estômago pode comportar. A ingestão de
refeições pequenas cujos alimentos são bem mastigados pode ser capaz de
evitar tal mal-estar (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
Zieguel; Cranley (1985) descrevem as alterações no sistema
urinário, onde a função renal é enormemente alterada na gravidez normal.
Durante a gestação, os rins da mãe têm de responder às maiores demandas
metabólicas e circulatórias do corpo dela e, também, a excreção das escórias
fetais. Além disso, há um tremendo aumento dos estímulos que podem afetar a
função renal. Para o Ministério da Saúde (2005), aproximadamente 5 a 10% das
mulheres grávidas têm infecção do trato urinário inferior.
As alterações da vagina são devidas, principalmente, ao aumento da
vascularização. Para preparar a parede vaginal para a distensão que deverá
sofrer durante o parto, algumas outras alterações ocorrem. A mucosa fica mais
espessa, ocorre hipertrofia dos músculos e o tecido conjuntivo fica mais frouxo.
(ZIEGEL e CRANLEY, 1985).
Pode-se observar nas figuras 3 e 4 do anexo 5 as alterações das
mamas. Nas alterações das mamas descritas por Ziegel e Cranley (1985) relatam
que, frequentemente, aparecem estriações na pele. O aumento é perceptível
31
algumas semanas após a concepção e continua por toda a gestação. Há também
um aumento considerável na vascularização das mamas no início da gravidez, e
as veias superficiais ficam mais proeminentes. Essas alterações são com
freqüência, acompanhadas por uma sensação de dor, formigamento e peso nas
mamas. Os mamilos e as aréolas ficam maiores e mais proeminentes e sua cor
fica mais escura na gravidez. Os mamilos ficam mais móveis e eréteis e será mais
fácil para o bebê apreendê-los para mamar. As glândulas de Montgomery ficam
maiores. Há uma grande variação individual no aumento do tamanho das mamas,
mas o aumento médio é de cerca de 700g para cada mama. O aumento das
mamas continua pelo restante da gestação, devido a uma combinação de
proliferação contínua de células e de uma secreção em quantidade crescente das
células alveolares, é medida que prossegue o desenvolvimento. Pela época do
parto, uma considerável quantidade de colostro enche os alvéolos, dutos e
ampolas.
Ao nível do sistema tegumentar, as alterações corporais de caráter
geral englobam aumento da espessura de gordura subcutânea,
hiperpigmentação, crescimento das unhas e cabelo, aceleração da atividade das
glândulas sebáceas e sudoríparas e aumento da circulação e da atividade
vasomotora. Verifica-se uma maior fragilidade dos tecidos da pele, o que origina o
aparecimento de estrias gravídicas ou marcas de estiramento (CORREA, 2000).
O cloasma (máscara gravídica) consiste em uma série de manchas
pigmentadas irregulares, de cor marrom, que podem ocorrer na pele da fronte e
das bochechas. Comumente, surge uma linha escura vertical no meio do
abdômen. Pequenos vasos sangüíneos que lembram aranhas (angiomas em
aranha) podem surgir na pele, geralmente acima da cintura, assim como podem
surgir capilares dilatados e de paredes finas, sobretudo nas pernas. Ao longo da
gravidez, a gestante também pode apresentar intensificação da pigmentação das
sardas e nevos (pintas) (RESENDE, 2006).
Os problemas cutâneos na gestante, se não tratados, podem gerar
estigmas que acompanham as pacientes por anos ou definitivamente, embora
muitas dessas sejam descritos como fisiológicas ou próprias da gravidez, isso não
diminui o desconforto estético provocado. As manchas podem desaparecer
32
espontaneamente após o primeiro ano do parto, mas um grande percentual das
pacientes evolui com persistência da mancha, principalmente se não se proteger
adequadamente do sol e não tratar de forma eficaz, conforme explicação da
dermatologista. Para Fernandes (2005) as alterações tegumentares são
características observadas em até 75% das gestantes, sendo mais comuns em
pessoas com pele morena.
O abdome da gestante modifica de contorno à medida que o útero
em crescimento estende-se para dentro da cavidade abdominal, ocupando-a cada
vez mais, até que o feto contido pelo útero fique completamente dentro dela. Os
músculos abdominais sustentam grande parte do peso do feto. Durante a última
parte da gravidez, estrias ondulares, irregulares e discretamente deprimidas se
desenvolvem freqüentemente na pele do abdome e, às vezes, também na das
mamas, quadris e parte superior das coxas. Essas estrias são chamadas de
estrias gravídicas. As recentes são de coloração rosa pálido ou azulada
(STOPPARD, 2000).
Pode-se perceber o crescimento abdominal de acordo com a
semana gestacional na figura 5 do anexo 5.
Um dos momentos mais esperados pela mulher é o em que a
“barriga” vai começar a mexer e um clima de muita emoção tomará conta da
futura mamãe. É nesse período que as pessoas vão perceber sua gravidez, a
barriga cresceu e seu bebê já dá sinais de vitalidade, cada movimento será
sentido e festejado. Esse momento poderá, muitas das vezes, ser realmente
encarado com o estar grávida por muitas mulheres, visto que somente agora elas
começarão a perceber realmente que dentro delas desenvolve um novo ser
(RESENDE, 2006). Paralelo às alterações sofridas pela mulher durante todos os
trimestres de gravidez, está ocorrendo o desenvolvimento fetal, conforme figura 6
do anexo 5.
Pode-se notar o desenvolvimento uterino de acordo com o
crescimento das estruturas fetais e uma acomodação das demais estruturas
orgânicas em relação ao crescimento uterino na figura 7 do anexo 5.
O segundo trimestre da gestação compreende o 4º, 5º e 6º mês, ou
seja, da 13a semana até a 28a semana. Este é chamado como a melhor fase da
33
gravidez. Os desconfortos dos primeiros meses não estarão tão evidentes e a
barriga ainda não estará muito grande. Nessa fase, será indispensável a gestante
tomar alguns cuidados a fim de evitar tropeços e quedas. As alterações do
esqueleto das mulheres grávidas são caracterizadas pelo amolecimento das
cartilagens pélvicas e pelo aumento da mobilidade das articulações sacro ilíaca,
sacrococcígea e da sínfise pubiana. Há um acentuado relaxamento dos
ligamentos, provavelmente resultante dos hormônios estrogênio e relaxina.
(ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
Outra alteração sofrida pela mulher é em relação ao peso corporal.
As alterações no peso corporal geralmente preocupam a gestante, por isso é
importante que busquem manter uma dieta equilibrada e fracionada, a fim de
manterem uma alimentação saudável. O ganho de peso total para uma gestante
bem nutrida após 40 semanas de gestação fica usualmente entre 6 e 16 quilos
(MS, 2000).
O terceiro trimestre da gestação compreende o 7º, 8º e 9º mês, ou
seja, da 29º semana até a 38º semana. À medida que a barriga cresce, a gestante
tende a jogar as costas para trás, tentando compensar o peso. Com o centro da
gravidade deslocado, vai aderir à chamada “marcha do ganso”, ou seja, andará
com as pernas ligeiramente abertas, para retomar o equilíbrio. É importante
manter uma postura correta, seja andando como sentada (ZIEGEL; CRANLEY,
1985).
No último trimestre de gestação, as contrações de Braxton-Hicks
tornam-se regulares e podem ser sentidas pela gestante. Essas contrações
acontecem durante toda a gestação e servem para a irrigação sangüínea do útero
(LOWDERMILK et al, 2002).
A gravidez provoca muitas alterações em todo o corpo, a maioria
das quais desaparecem depois do parto. Os sistemas que sofrem mudanças são:
coração e circulação rins, sistema digestivo e hormonal (LOWDERMILK et al,
2002).
Além das alterações anatômicas da estrutura do corpo da gestante,
essa também sofre alterações funcionais em cada sistema orgânico, conforme
quadro que segue.
34
Quadro 7 – Alterações das funções dos sistemas orgânicos da gestante
• Coração e circulação
* Débito cardíaco (volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto) aumenta 30 a
50%. À medida que o débito cardíaco aumenta, a freqüência cardíaca também aumenta. O
aumento do débito cardíaco durante a gravidez é provavelmente decorrente de alterações do
suprimento sangüíneo ao útero.
* Após a 30ª semana, o débito cardíaco pode diminuir discretamente à medida que o útero
aumentado comprime as veias que levam o sangue dos membros inferiores de volta ao coração.
* À medida que o útero cresce, mais sangue lhe é enviado. No final da gestação, o útero recebe
um quinto de todo o suprimento sangüíneo da mãe. Durante o exercício, o débito cardíaco, a
freqüência cardíaca e a freqüência respiratória aumentam mais nas mulheres grávidas que nas
não grávidas.
• Rins
* Os rins trabalham muito durante a gravidez. Eles filtram um maior volume de sangue
(aproximadamente 30 a 50% a mais), atingindo o máximo entre a 16ª e a 24ª semana e na
semana imediatamente anterior ao parto, quando a pressão do útero aumentado de volume
pode diminuir discretamente o seu suprimento sangüíneo.
* A atividade renal normalmente aumenta quando uma pessoa se deita e diminui quando ela fica
em pé. Esta diferença aumenta durante a gravidez, uma das razões pela qual a mulher grávida
sente necessidade de urinar freqüentemente ao tentar dormir. No final da gravidez, o aumento
da atividade renal é ainda maior quando a mulher deita-se de lado ao invés de deitar-se de
costas.
* O decúbito lateral reduz a pressão exercida pelo útero volumoso sobre as veias que
transportam o sangue dos membros inferiores e, conseqüentemente, melhora o fluxo sangüíneo,
aumentando a atividade renal e o débito cardíaco.
• Pulmões
35
com o tempo total da gravidez. Stoppard (2000) resume as alterações
gestacionais por trimestre.
No primeiro trimestre (1-12 semanas) o corpo da mulher faz um
grande esforço para se adaptar ao embrião e à placenta em desenvolvimento.
• A taxa metabólica aumenta em 10-25% , de modo que o corpo acelera todas as suas
funções.
• O rítmo cardíaco aumenta e o rítmo respiratório também aumenta à medida que mais
oxigênio tem que ser levado ao feto e que mais dióxido de carbono é exalado.
• As fibras musculares do útero ficam, rapidamente, maiores e mais grossas e o útero, em
expansão, tende a pressionar a bexiga, aumentando a vontade de urinar.
• O tamanho e peso dos seios aumentam rapidamente.
• Os seios tornam-se mais sensíveis logo nas primeiras semanas de gravidez.
• Surgem novos ductos lactíferos.
• As auréolas dos seios escurecem e as glândulas nelas situados, chamadas tubérculos
de Montgomery, aumentam em número e tornam-se mais salientes.
• Com o aumento do envio de sangue para os seios, as veias se tornam mais visíveis.
Fonte: O Corpo da Mulher - Um Guia para a Vida - Stoppard, 2000.
36
Durante o terceiro trimestre (da 29ª semana em diante), o feto em
crescimento pressiona e restringe o diafragma. Por isso, a mulher grávida respira
mais rápida e profundamente, aspirando mais ar com cada inalação, o que
aumenta o consumo de oxigênio.
37
igual à outra, isso pode até ser verificado nas crenças populares quando de
acordo com as características das alterações do corpo da mulher refere-se ao
sexo da criança. As influências sofridas pelos familiares, vizinhos ou, até mesmo
outras mulheres, fazem com que a cabeça da mulher se torne um emaranhado de
informações e de confusões. Dentre as dúvidas da mulher, podemos destacar: a
prática de exercícios físicos, relação sexual, dores, tipo de parto, cuidados com o
corpo, a formação do bebê, aparência pessoal, sentir-se abandonada,
transformações do corpo, alimentação etc.
Deve-se trabalhar com essa gestante, seja de forma individual, ou
não, nas consultas ou no domicílio sobre temas que abordam as dúvidas dessas
mulheres. O manual técnico de Assistência Pré-natal do Ministério da Saúde cita
sobre os temas que poderão ser abordados durante o processo de orientação à
saúde da mulher gestante, que resultará numa melhor qualidade de vida para a
mulher em todo esse período, estendendo-se também pelo período de parto e
pós-parto. Dentre esses assuntos o MS destaca:
39
atitudes pessoais relacionadas com os papéis sexuais e familiares específicos
(BRANDEN, 2000)
Alguns fatores são de importante relevância na discussão da
gravidez no contexto sócio-cultural e educacional. Dentre esses fatores pode-se
destacar a idade e a representação de uma gravidez nessa faixa etária,
patologias desenvolvidas com a gestação, alterações psicossociais.
Lowdermilk et al (2002) descrevem que estudos demonstram que
quando as adolescentes mantêm um acesso ao atendimento pré-natal regular,
seus resultados assemelham-se aos das adultas; por outro lado, quando há falta
de acompanhamento pré-natal, existe um risco maior para o parto prematuro,
para a restrição do crescimento intra-uterino e para a hipertensão induzida pela
gestação. Entretanto, outros riscos estão presentes, como as implicações
psicossociais de não ser casada, alto índice de divórcio, a interrupção, o atraso ao
término da educação e as dificuldades socioeconômicas das mulheres que criam
seus filhos sozinhas, sem muito apoio econômico e com poucas habilidades para
o trabalho, além de seus filhos sofrerem risco de abuso e negligência. Também
destaca que as mulheres que engravidam na fase considerada final da idade
reprodutiva, após os 35 anos, podem sofrer, não por fatores relacionados a
adolescentes, mas por outros motivos como a não aceitação do parceiro
resultando em divórcios, assim como o aparecimento de algumas doenças como
o diabetes gestacional e a hipertensão.
Os contrastes socioeconômicos resultam em importâncias diferentes
para a saúde, como por exemplo, o nascimento, segundo a National Center for
Health Statistics, 1997, citado por Lowdermilk (2002), o índice de morte perinatal
e materna, de partos prematuros e de bebês de baixo peso ao nascer são
consideravelmente mais altos em populações sem privilégios. Descreve ainda
que as conseqüências sociais para as mães pobres, mães solteiras são enormes,
porque muitas delas, com poucas habilidades, ficam presas à renda insuficiente
para atender aos cuidados das crianças. Essas famílias têm cada vez menos
recursos e aumentam os riscos de problemas de saúde.
O comportamento de saúde também são considerados fatores de
risco para uma gravidez, como por exemplo, o fumo, álcool, drogas ilícitas, alguns
40
fármacos, deficiências nutricionais, obesidade e distúrbios alimentares,
condicionamento físico e exercícios, estresse, práticas sexuais, condições
médicas, condições ginecológicas, tipo de trabalho e violência.
A gravidez planejada ou não irá influenciar no contexto social dessa
nova formação que podemos considerar família. A chegada de um novo ser
poderá acarretar prazeres e também aumento da dificuldade dos envolvidos no
processo de nascimento.
Nesse contexto, deveremos estar abordando a representatividade da
gravidez do parto e do nascimento para essa mulher e o contexto em que ela está
inserida.
41
De acordo com Lebovici (1987) as fantasias que a mulher grávida
organizou permitem falar de uma criança imaginária, resultado de sonhos
despertos que se poderia designar de fantasias conscientes. A criança da
realidade está frente à mãe, em sua extrema debilidade. “Qualquer que seja a
mãe, o nascimento de uma criança nunca corresponde ao que ela espera”
(MANNONI, 1986).
Diante das emoções apresentadas acima, o profissional de
enfermagem em exercício poderá acrescentar outras atividades que poderão
colaborar para um bom desenvolvimento da gravidez. Durante a primeira
entrevista, poderá obter informações a respeito de elementos particulares da
gestante responsáveis em promover stress como desemprego, doenças
problemas conjugais etc. (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).
Além do mais, poderá determinar se a gravidez foi planejada, dando
oportunidade para que a mulher expresse seus sentimentos. Caberá ao
enfermeiro fazer indicações adequadas para programas de assistência pública,
poderá encaminhar para recursos da comunidade que podem ajudar com roupas
para a criança, por exemplo. Com isso, percebe-se que o enfermeiro poderá
colaborar em várias situações para o bom desenvolvimento de uma gravidez.
42
visa a controlar as gestantes atendidas pelo município proporcionando um
incentivo financeiro para os municípios que cumprirem seus objetivos, que são
cadastro precoce das gestantes no sistema, realizar mais de seis consultas de
pré-natal e realizar a consulta puerperal (MS, 2000).
A grande questão é que o município vem enfrentando problemas e
dificuldades em implantar realmente o programa, devido, muitas vezes ao não
comprometimento profissional na busca ativa das gestantes, na não adesão das
mulheres ao programa de pré-natal e, até mesmo, ao não encerramento dessas
gestações, visto que em consulta às informações do programa no município foi
identificado um número muito baixo de cobertura, assim como um número muito
grande de gestantes com longos períodos de permanência no sistema sem
registro da consulta puerperal.
No município, existem duas maternidades que atendem tanto
gestantes do SUS quanto gestantes de convênios e particulares. Segundo
registros das maternidades do município, ocorrem em média mais de 150 partos
por mês, o que vem a contradizer com a realidade do programa desenvolvido pela
Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Existe a tentativa da implantação de alguns grupos de atenção às
mulheres gestante no município, porém tais projetos são, muitas das vezes,
conduzidos de forma a tratar a mulher como uma condição patológica ao invés de
grávida e outras não tem uma verdadeira eficácia, pois os assuntos discutidos,
muitas vezes, não são realmente o que as gestantes gostariam de ouvir.
As consultas puerperais são realizadas, na maioria das vezes, em
consultórios particulares dos médicos que realizam o parto ou nos consultórios
dos ambulatórios dos hospitais onde realizam o parto.
Segundo a Secretaria de Estado de Minas Gerais (2005), em seu
manual de atenção ao pré-natal, parto e puerpério nascem anualmente no estado
mais de 300 mil crianças; esse fato já torna preocupante e faz com que os
profissionais de saúde busquem uma assistência de qualidade e com
responsabilidade de cuidar de cada gestante e de cada criança que nasce no
estado, essa também é a realidade do município de Muriaé, que também se
empenha em desenvolver a política do Viva Vida do Estado de Minas, e o passo
43
inicial foi a criação do Comitê de Morte Materna e Fetal, com uma equipe
multidisciplinar.
45
“o principal objetivo da assistência ao pré-natal é acolher a mulher desde
o início de sua gravidez – período de mudanças físicas e emocionais –
(...) está implícita a valorização dessas mudanças, que é traduzida em
ações concretas que permite a integração no conjunto das ações
oferecidas (...) deve-se transmitir nesse momento apoio e confiança
necessária para que a gestante se fortaleça e possa conduzir com mais
autonomia a gestação e o parto (...) diferentes vivências devem ser
trocadas entre as mulheres e os profissionais de saúde. Essa
possibilidade de intercâmbio de experiência e conhecimento é
considerada a melhor forma de promover a compreensão do processo
de gestação. É necessário que o setor de saúde esteja aberto para as
mudanças sociais e cumpra de maneira mais ampla o seu papel de
educador e promotor de saúde. A humanização do nascimento
compreende todos os esforços para evitar condutas intempestivas e
agressivas para o bebê. A assistência ao pré-natal deve ser organizada
para atender às reais necessidades da população de gestantes,
mediante utilização dos conhecimentos técnicos e científicos existentes e
dos meios e recursos disponíveis mais adequados para cada caso (MS
2005),”
46
O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento foi
instituído pelo Ministério da Saúde e é baseado nas análises das necessidades de
atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à mulher no período pós-
parto. O quadro abaixo revela os principais objetivos e os princípios
fundamentais do programa de humanização no pré-natal e nascimento.
48
aos cuidados de pessoas autorizadas, legalmente, a cuidarem delas
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
Alguns questionamentos nos surgem em relação à prática pré-natal,
como abrir mão dos papéis predeterminados socialmente, reaprender a fala
popular, aproximar-se de cada sujeito respeitando sua singularidade e não
perdendo de vista seu contexto familiar e social? Como ser capaz de
corresponder à confiança que as mulheres demonstram ao aderir à assistência
pré-natal? As respostas a essas perguntas são da competência de cada pessoa
que escolheu trabalhar com a prática geral da saúde ou, especificamente, com
gestantes, ou ainda que, por força das circunstâncias, depara-se com essa função
no seu dia a dia. Um desafio a ser aceito.
Segundo o Ministério da Saúde (2001), “a atenção adequada à
mulher no momento do parto representa um passo indispensável para garantir
que ela possa exercer a maternidade com segurança e bem-estar. Esse é um
direito fundamental de toda a mulher. A equipe de saúde deve estar preparada
para acolher a grávida, seu companheiro e sua família, respeitando todos os
significados desse momento. Isso deve facilitar a criação de um vínculo mais
profundo com a gestante, transmitindo-lhe confiança e tranqüilidade”.
49
gestante; transmitindo, nesse momento, o apoio e a confiança necessários para
que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto
(MS, 2005).
A maioria das questões trazidas, embora pareça elementar para
quem escuta, pode representar um problema sério para quem o apresenta.
Assim, respostas diretas e seguras são significativas para o bem-estar da mulher
e sua família.
Está demonstrado que a adesão das mulheres ao pré-natal está
relacionada com a qualidade da assistência prestada pelo serviço e pelos
profissionais de saúde; o que, em última análise, será essencial na redução dos
elevados índices de mortalidade materna e perinatal verificados no Brasil (MS,
2005).
Informações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre
as mulheres e os profissionais de saúde. Essa possibilidade de intercâmbio de
experiências e conhecimentos é considerada a melhor forma de promover a
compreensão do processo de gestação.
A cada gestação o que se busca é o resultado final desse contexto
em que gestante e concepto, possam vivenciar o ser mãe e filho. Para que esse
objetivo seja alcançado, é fundamental que a mulher seja muito bem amparada
durante toda a gravidez, e também bem assessorada no trabalho de parto e parto
e, se possível, com a presença do acompanhante de sua escolha (PRADO
JUNIOR, 2007).
Para o Ministério da Saúde (2005), a assistência ao pré-natal é o
primeiro passo para parto e nascimento humanizados. O conceito de
humanização da assistência ao parto pressupõe a relação de respeito que os
profissionais de saúde estabelecem com as mulheres durante o processo de
parturição e, compreende:
• parto como um processo natural e fisiológico que, normalmente, quando
bem conduzido, não precisa de condutas intervencionistas;
• respeito aos sentimentos, emoções, necessidades e valores culturais;
50
• disposição dos profissionais para ajudar a mulher a diminuir a ansiedade
e a insegurança, assim como o medo do parto, da solidão, da dor, do
ambiente hospitalar, de o bebê nascer com problemas e outros temores;
• promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao longo do
processo da gestação, parto e nascimento;
• informação e orientação permanentes à parturiente sobre a evolução do
trabalho de parto, reconhecendo o papel principal da mulher nesse
processo, até mesmo aceitando a sua recusa a condutas que lhe causem
constrangimento ou dor;
• espaço e apoio para a presença de um(a) acompanhante que a
parturiente deseje; e
• direito da mulher na escolha do local de nascimento e co-
responsabilidade dos profissionais para garantir o acesso e a qualidade
dos cuidados de saúde.
A humanização do nascimento, por sua vez, compreende todos os
esforços para evitar condutas intempestivas e agressivas para o bebê.
No contexto da assistência integral à saúde da mulher, a assistência
pré-natal deve ser organizada para atender às reais necessidades da população
de gestantes, mediante utilização dos conhecimentos técnico-científicos
existentes e dos meios e recursos disponíveis mais adequados para cada caso.
As ações de saúde devem estar voltadas para a cobertura de toda a população-
alvo da área de abrangência da unidade de saúde, assegurando continuidade no
atendimento, acompanhamento e avaliação dessas ações sobre a saúde materna
e perinatal (MS, 2005).
51
CAPÍTULO 4
EDUCAÇÂO EM SAÚDE: PROMOVENDO A QUALIDADE DE VIDA DA
GESTANTE
52
Nosso sistema de saúde tem sido, tradicionalmente, um sistema
orientado para as doenças. A tendência atual, porém, é a de enfatizar a saúde e
sua promoção. A saúde foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
como “um estado de completo bem estar físico, mental e social e não
simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.” Contudo, essa definição de
saúde não leva em consideração qualquer variação nos graus de bem estar ou
doença.
Smeltzer e Bare (2006) descrevem o conceito de um continuum
saúde-doença (descrito originalmente por Dunn, 1961) que afetou
acentuadamente os fins dos profissionais de saúde. Quando se considera a
saúde e a doença em um continuum graduado, a pessoa é vista como não
apresentando nem saúde completa nem uma doença integral. Em vez disso, o
estado de saúde da pessoa está sempre se alterando tendo o potencial de variar
de um alto nível de bem estar a uma saúde extremamente deficiente e à
iminência de morte. Assim, a pessoa é considerada como apresentando
simultaneamente graus tanto de saúde como de doença.
As mudanças corpóreas sofridas pela mulher gestante fazem com
que aumente o índice de preocupação com seu resultado final da gravidez; como
por exemplo, as complicações oriundas desse período e as complicações durante
e após o parto, assim como a representatividade da gravidez para ela, família e
sociedade. Partindo desse ponto, é crucial que os profissionais de saúde voltem
sua assistência para um cuidado preventivo e para a manutenção da saúde,
prevenindo complicações e proporcionando uma qualidade de gestação e
posterior parto, trabalhando as angústias da mulher gestante.
Hoffman apud Smeltzer e Bare (2006) descreve que o próximo
grande avanço da saúde virá através da educação à saúde e não por mais
médicos nos hospitais, novas descobertas. Os profissionais de saúde devem,
então, tratar de encorajar os comportamentos que promovam a saúde. O objetivo
disso é motivar as pessoas para que elas efetuem melhoras em seu modo de
vida, ou, em outras palavras, impulsioná-las a mudanças em seu comportamento
de saúde.
53
A Enfermagem profissional está se adaptando para atender às
mudanças nas necessidades e expectativas de saúde. Uma dessas adaptações
pode ser notada na expansão do papel do enfermeiro. Essa foi a resposta à
necessidade de melhorar a distribuição de serviços e diminuir o custo do cuidado
à saúde. Um enfermeiro que funciona em papel ampliado dá um atendimento
direto a pacientes por uma prática independente, prática em equipe ou
interdependente. A especialização evoluiu na expansão dos papéis da
Enfermagem, em conseqüência da explosão constante da tecnologia (SMELTZER
; BARE, 2006).
Para desenvolver suas ações junto aos clientes que assiste, o
enfermeiro deverá estar apto a desenvolver o processo de Enfermagem.
O processo de Enfermagem tem sido aceito como a essência da
assistência de Enfermagem, ele se constitui de uma abordagem deliberada de
identificação e resolução de problemas para atender aos cuidados de saúde e às
necessidades de assistência de Enfermagem dos pacientes (SMELTZER; BARE,
2006).
As prioridades da assistência de Enfermagem são descritas em
conjunto, por parte da Enfermagem, familiares e cliente; levando-se em
consideração as urgências dos problemas e as discordâncias são tratadas de
modo que sejam mutuamente aceitas. Maslow descreve de forma hierárquica as
necessidades humanas básicas constituindo uma base útil para a determinação
dos problemas prioritários (BERNOCCHI-LOSEY et al, 1993).
54
que a prevenção terciária é o cuidado fornecido para minimizar os efeitos da
condição e evitar as complicações em longo prazo. O cuidado preventivo deve
envolver a investigação do risco para focalizar as intervenções em pessoas com
risco de distúrbios específicos (BERNOCCHI-LOSEY et al, 1993).
Os enfermeiros desempenham funções chaves na prevenção em
áreas, como atendimento pré-natal, programas de imunização, saúde e
segurança ocupacional, educação e reabilitação cardíaca, bem como captação de
casos em saúde pública e intervenção precoce. Os enfermeiros, em todos os
ambientes, podem satisfazer as necessidades dos pacientes quanto a promoção
de saúde, em hospital, clínica, casa do paciente, organização de manutenção da
saúde, consultório particular ou na comunidade. A promoção da saúde é
realizada, principalmente, através da educação do paciente, uma função
independente da Enfermagem (NETTINA, 2003).
A promoção da saúde deve ocorrer durante o ciclo de vida, com os
tópicos localizados para o lactente, infância, adolescência, fase adulta, incluindo a
mulher no período gravídico, puerperal e na fase idosa.
Bezerra et al (2002) dizem que é importante para o enfermeiro, na
diversidade das situações em seu contexto profissional, ter bem clara a
compreensão do que vem a ser o processo ensino-aprendizagem. Para tanto, os
seguintes aspectos devem ser levados em consideração:
• aprender é incorporar o que se aprende. É tornar o aprendizado
significativo para si mesmo, implicando numa mudança de
comportamento;
• o sujeito aprende o que é significativo para ele a partir de um
processo de relações presentes na sua realidade;
• aprendizagem não é um ato linear (memorização é um ato linear e
passível de esquecimento). Uma pessoa só conhece algo quando o
transforma, transformando-se ela também num processo;
• como educador, na efetivação de um processo participativo.
O enfermeiro deve estabelecer um processo de comunicação
incentivando a formação de opiniões e de uma consciência crítica da sociedade
por parte do educando, respeitando os padrões culturais dos indivíduos,
55
enxergando-os como sujeitos de sua própria história, inseridos em contexto sócio-
culturais específicos. Deve buscar soluções criativas e uma metodologia
adequada no desenvolvimento das ações educativas, ressaltando que educar
não é simplesmente uma passagem vertical de informações, e sim um processo
mútuo de interação/comunicação entre educador e educando, no qual ambos
aprendem (BEZERRA et al., 2002). É, nesse sentido, que Freire (1998, p. 26)
afirma: “... quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender
...”, e ainda “...ensinar inexiste, sem aprender...”
Nettina (2003) descreve que a educação em saúde está incluída nos
Padrões de Cuidados da American Nurses Association, sendo definida como um
componente essencial nos cuidados de enfermagem. É direcionada à promoção,
à manutenção e à restauração da saúde, bem como à adaptação aos efeitos
residuais da saúde.
Para promover a saúde, o enfermeiro deve aconselhar os pacientes
quanto aos itens referentes às práticas e aos hábitos de vida saudável. Nettina
(2003) reafirma que o enfermeiro deve estar apto a auxiliar o paciente a identificar
sua aptidão física e emocional. Define, ainda, que a educação pode ocorrer em
qualquer momento ou em qualquer ambiente. Descreve as diversas técnicas
utilizadas nesse processo, como por exemplo as palestras, a discussão em grupo,
demonstração de práticas, recursos didáticos como livros, slides, folders,
panfletos, vídeos.
Dentre as temáticas propostas na educação em saúde, são descritas
por Nettina (2003) nutrição e dietética, prevenção ao fumo e consumo de álcool,
práticas de exercícios físicos, relaxamento e controle do estresse, saúde sexual.
Nos últimos anos, ocorreu praticamente uma explosão de atividades
de promoção à saúde. Profissionais de saúde, que tradicionalmente focalizavam a
cura das doenças, voltam sua atenção para a prevenção. Seu foco é na melhora
da saúde pela alteração do estilo de vida e pela modificação dos fatores que
predispõe alterações indesejáveis na saúde.
A saúde é vista como uma condição dinâmica e em constante
mudança; cujo estado é medido em termos do grau em que a pessoa utiliza seus
dons e capacidades para evoluir para o funcionamento do seu potencial ótimo a
56
qualquer momento. O estado de saúde ideal é aquele em que se consegue atingir
o pleno potencial independentemente de quaisquer incapacidades que se
apresentem. O conceito de bem estar amplia a idéia de saúde. Bem estar é um
processo com vários níveis ou graus possíveis. Envolve uma abordagem
consciente e deliberada da maximização da própria saúde. O bem estar não
acontece por acaso – requer planejamento e dedicação conscientes. É
conseqüente de comportamentos do estilo de vida que visam a atingir o mais alto
potencial de bem estar do indivíduo. O bem estar não é o mesmo para todas as
pessoas (SMELTZER; BARE, 2006).
Em virtude da perícia no atendimento de saúde e sua credibilidade
firmada com os consumidores, os enfermeiros têm papel vital na promoção da
saúde. Em muitos casos, estimula o desenvolvimento de programas e, em outros,
eles foram procurados por consumidores para liderar equipes interdisciplinares no
desenvolvimento e provisão de serviços de boa saúde em vários contextos. Como
profissionais de saúde, os enfermeiros têm a responsabilidade de promover
atividades que estimulem o bem estar, a individualidade e a realização pessoal. A
conquista disso é possível focalizando as atividades que promovam a saúde.
Toda a interação com os consumidores do atendimento de saúde tem de ser
considerada como uma oportunidade de promoção de atitudes e comportamentos
de saúde positivos (SMELTZER; BARE, 2006).
57
vida. O cuidado desses profissionais que trabalham com essas mulheres deverá
estar voltado para a educação e promoção da saúde.
Torres; Enders (1999) descrevem que a educação em saúde vem
sendo entendida por muitos como maneira de fazer as pessoas do povo mudarem
alguns comportamentos prejudiciais à saúde. Como exemplo, Marcondes apud
Pereira (1983, p.10), descrevem a educação em saúde como o “conjunto de
atividades tendentes a influenciar ou modificar os conhecimentos, atitudes,
crenças e o comportamento, visando à melhoria da saúde do indivíduo, da família
e da comunidade”.
É intrínseca a área de ensino dos pacientes no interesse pela
promoção de sua aderência a seu regime terapêutico. O termo obediência é
freqüentemente utilizado para descrever esse comportamento, ele muda seu
comportamento por ter sido solicitado a fazê-lo. No entanto, esse termo sugere
que o papel do paciente seja passivo. O termo aderência indica que o paciente
assume um papel mais ativo, auto-determinado e alterando seus comportamentos
de saúde. A aderência de um regime terapêutico requer que o paciente faça uma
ou mais alterações em seu estilo de vida, ele pode precisar tomar medicações,
seguir dietas, restringir suas atividades, observar-se quanto a sinais e sintomas
de doenças, praticar medidas específicas de higiene, procurar uma avaliação
periódica de seu estado de saúde e executar diversas outras medidas
terapêuticas e preventivas (SMELTZER; BARE, 2006).
Quando se define o aprendizado como aquisição de conhecimentos,
atitudes ou habilidades e o ensino como forma de ajudar outra pessoa a aprender,
torna-se claro que o processo de ensino aprendizado é um processo ativo
(SMELTZER; BARE, 2006).
O aprendizado requer um envolvimento tanto de quem ensina como
de quem aprende visando um esforço de se chegar ao que se espera ou tenha
planejado, ou melhor, de um resultado desejado. O profissional de saúde deve se
adequar a esse novo contexto de assistência, tentando aproximar-se ao máximo
da comunidade e da pessoa que assiste, facilitando o aprendizado e,
principalmente, fazendo com que essa cliente tenha uma melhor adesão aos
ensinamentos, tornando-se uma multiplicadora dos cuidados ideais para a mulher.
58
Existem diversos fatores que dispõe ou não para o aprendizado.
Smeltzer; Bare (2005) descrevem muitas variáveis internas e externas que afetam
o aprendizado. Um dos mais significativos desses fatores é a disposição de
aprender do indivíduo em aprendizado, dentre esses sita-se a disposição física,
emocional e vivencial para aprender.
O enfermeiro tem um papel importante no trabalho da atmosfera do
aprendizado, pois esse profissional deve facilitar o aprendizado manipulando
aquelas variáveis externas que afetam o aprendizado dos pacientes, o ambiente
físico, como temperatura, iluminação, ruídos; devem ser tal que conduzam o
aprendizado. Também deve-se ter um cuidado quanto ao horário e ao tempo de
ensinamento, descrevem Smeltzer; Bare, (2006).
A interação interpessoal do paciente com o enfermeiro, que objetiva
atender às suas necessidades de aprendizado, pode ser formal ou informal,
dependendo do método e das técnicas de ensino considerados mais apropriados
para o paciente individualmente.
59
estão representadas pelo ato de tocar, escrever, ler, gesticular, fazer movimentos
com o corpo e presentear (ATKINSON, 1989).
A comunicação tem sido definida de forma muito simples como
“significado compartilhado”. Três atividades compõem o complexo processo de
comunicação, esses consistem em receber, processar e transmitir informações
(ATKINSON 1989).
Para formar um relacionamento com outro ser humano, o indivíduo
engaja-se na comunicação interpessoal.
Atkinson (1989) descreve que parte da comunicação entre
enfermeiro e paciente é chamada comunicação terapêutica, isso é definido como
comunicação planejada e deliberada que a enfermagem utiliza afim de ajudar a
identificar e atender as necessidades de assistência à saúde dos pacientes. É a
comunicação terapêutica que forma a base do relacionamento enfermeiro-
paciente.
Alguns fatores agem no sentido de influenciar, seja a mensagem
enviada, seja a mensagem recebida no processo de comunicação, esses fatores
podem estar relacionados a quem emite a mensagem ou a quem a recebe.
Dentre os fatores que influenciam o processo de comunicação
descrita por Atkinson (1989), podem ser citadas, a idade, o momento da
comunicação, distância, territorialidade, sexo, cultura, credibilidade, atitude
defensiva, afeto e atitudes. O mesmo autor descreve as atitudes que intensificam
a comunicação como sendo: o interesse, a aceitação, a objetividade e o
comprometimento. Relata ainda que a superioridade, rigidez extrema,
desatenção, estereotipagem são os fatores que interferem na comunicação.
A comunicação terapêutica é descrita por Atkinson (1989) como
sendo mais de 70% das atividades de trabalho diário do profissional de
Enfermagem, que incluem ensinar, entrevistar, fazer anotações na papeletas,
anotar referências, fazer anamnese de enfermagem, solucionar problemas de
grupos e dar aconselhamento individual ou familiar de saúde.
Para que a comunicação terapêutica seja eficaz, é importante que a
Enfermagem utilize técnicas de comunicação diferenciadas como as descritas por
Atkinson (1989): escuta ativa, reflexão, perguntas abertas, esclarecimentos,
60
silêncio. Relata ainda que a falsa segurança, respostas discriminatórias, mudança
de assunto, negação dos sentimentos e perguntas fechadas são fatores que
interferem na comunicação e nas respostas para uma comunicação terapêutica.
61
solidariedade, o carinho e a consideração. Portanto, torna-se desnecessário e
redundante falar em cuidado humanizado, pois entendemos que o cuidado é o
que confere a condição de humanidade às pessoas.
Segundo o Ministério da Saúde (2001), os profissionais de saúde
são coadjuvantes dessa experiência e desempenham importante papel; têm a
oportunidade de colocar seu conhecimento a serviço do bem-estar da mulher e do
bebê, reconhecendo os momentos críticos em que suas intervenções são
necessárias para assegurar a saúde de ambos. Podem minimizar a dor, ficar ao
lado, dar conforto, esclarecer, orientar, enfim, ajudar a parir e a nascer. Precisa-se
lembrar de que são os primeiros que tocam cada ser que nasce e devem ter
consciência dessa responsabilidade.
62
sinfisiótomos, instrumentos hoje consideradas meras curiosidades arqueológicas
e de que nos vexamos ao lembrá-los (CUNHA, 1989).
A obstetrícia médica oferece o apagamento da experiência. Durante
várias décadas do século 20, muitas mulheres de classe média e alta no mundo
industrializado deram à luz inconsciente, através da sedação total, que envolvia
uma injeção de morfina e uma dose de um amnésico, assim a mulher sentia a
dor, mas não tinha qualquer lembrança do que havia acontecido. O parto era
induzido por ocitócitos e o bebê retirado com fórceps. No Brasil eram utilizadas as
misturas de morfina com cafeína, no qual era chamado de “Lucina”. Esse modelo
foi abandonado após várias décadas, quando a alta morbi-mortalidade materna e
perinatal passou a ser considerada inaceitável. Na metade do século 20 o modelo
de hospitalização do parto passou a ser instalado em vários países sem que
tivesse evidência científica de que fosse mais seguro que o parto domiciliar ou em
casa de parto. E, além disso, em alguns países, a obstetrícia não-médica (como
as parteiras), foi ilegalizada, assim como o parto não-hospitalizado (MOLD; STEIN
apud DINIZ 2005).
De acordo com Mold e Stein apud Diniz (2005), nesse modelo, as
mulheres deveriam viver o parto (agora conscientes), imobilizadas, com as pernas
abertas e levantadas, com o funcionamento de seu útero assistido por pessoas
desconhecidas, separadas de seus parentes, pertences, roupas, dentaduras,
óculos.
No Brasil, incluem-se ainda a episiotomia e a utilização de fórceps
nas primíparas em alguns hospitais. Para as mulheres do setor privado, isso
poderia ser “prevenido”, com a cesárea eletiva.
A pobreza das relações humanas nessa forma de assistência e do
sofrimento físico e emocional desnecessário que causa o uso irracional de
tecnologia impede que em muitos países reduza-se a morbi-mortalidade materna
e perinatal. Uma vez que esse uso causa mais danos que benefícios, inicia-se um
movimento internacional à qualidade da interação entre parturiente e seus
cuidadores e a retirada da tecnologia danosa. Esse movimento recebe diferentes
nomes nos mais diversos países e, no Brasil, é chamado de humanização do
parto (MS, 2000).
63
4.6. O PERÍODO DE TRABALHO DE PARTO E PARTO
64
Todos esses movimentos ocorrem de forma simultânea. O encaixe é
a passagem do diâmetro biparietal da cabeça pelo estreito pélvico; a descida,
refere-se ao progresso da parte de apresentação pela pelve; na flexão, a cabeça
descendente encontra a resistência da cérvice, da parede pélvica ou do assoalho
pélvico; normalmente ela flexiona de maneira que o queixo se aproxima do tórax;
a rotação interna começa no nível das espinhas isquiáticas, mas não está
completa até que a parte de apresentação atinja a pelve inferior. À medida que o
occipital rota anteriormente, a face rota posteriormente. A pelve óssea e os
músculos do assoalho pélvico guiam a cabeça do feto a cada contração e
finalmente, o occipital estará na linha média abaixo do arco púbico. Quando a
cabeça do feto atinge o períneo, ela deflete-se anteriormente para o parto. O
occipital passa sob a borda inferior da sínfise pubiana em primeiro lugar; depois, a
cabeça emerge, esse movimento chama-se de extensão. A rotação interna ocorre
quando os ombros encaixam e descem em manobras similares às da cabeça. Ao
atingir o estreito inferior, ele rota para a linha média e é liberado da parte inferior
do arco púbico. O ombro posterior é guiado sobre o períneo até estar liberado do
intróito vaginal. Após a saída dos ombros, a cabeça e os ombros são levantados
em direção ao osso púbico da mãe, e o tronco do bebê é liberado, flexionando-o
lateralmente na direção da sínfise pubiana. No momento em que o bebê emergir
totalmente, o nascimento estará completo, caracterizando o último mecanismo, a
expulsão (LOWDERMILK et al, 2002).
66
podem ter uma influência marcante para diminuir o stress emocional e o
desconforto físico do trabalho de parto.
67
4.8. A ATENÇÃO NO PUERPÉRIO IMEDIATO
68
CAPÍTULO 5
MATERIAL E MÉTODOS
69
resultarão em uma gravidez tranqüila, parto seguro e cuidados adequados ao
recém nascido e à própria mulher no puerpério.
Ludke e André (1996) discorrem sobre as características básicas
desse tipo de abordagem metodológica pontuando diversos elementos que a
delineiam. O pesquisador é seu principal instrumento, sendo o ambiente natural
em que ocorrem os problemas, a fonte direta para a coleta dos dados,
possibilitando o contato direto com um rico universo de informações,
predominantemente descritivas.
O universo pesquisado abrangeu mulheres que utilizam os serviços
prestados por Unidades Básicas de Saúde – UBS, estratégias saúde da família e
ambulatórios dos hospitais da rede do Sistema Único de Saúde - SUS de Muriaé
– MG.
Constituíram, portanto, os sujeitos desse estudo um total de 100
mulheres que se encontravam grávidas ou que haviam passado pelo processo de
gravidez, parto e puerpério no período retroativo de um ano, residentes no
município de Muriaé, na faixa etária de 16 a 35 anos. A coleta de dados foi
realizada no período de setembro de 2006 a setembro de 2007.
A técnica para coleta de dados foi entrevista semi-estruturada, por
permitir liberdade no discurso das entrevistadas (MINAYO, 1994).
Verificamos em Ludke e Andre (1996) que a grande vantagem da
entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente
da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os
mais variados tópicos. Uma entrevista bem feita pode permitir o tratamento de
assuntos de natureza estritamente pessoal e íntima, assim como temas de
natureza complexa e de escolhas nitidamente individuais.
Nesse momento da pesquisa, percebeu-se a riqueza que poderia
ainda ser captada empregando outras técnicas de coleta de dados. Mas essa é
uma pretensão para o futuro. Por enquanto, é possível desfrutar do universo de
informações abundante de sinais que nos compelem à análise.
As entrevistadas foram escolhidas, a partir do critério já mencionado,
no universo da população atendida pelas Unidades Básicas de Saúde de regiões
diferentes da cidade de Muriaé. As mulheres foram indicadas para serem
70
entrevistadas pelas equipes de saúde da família de cada bairro, o que é
perfeitamente aceitável na metodologia adotada (HEIBOM, 1997), já que nos
possibilitou a ampliação do número de atores da pesquisa.
Assim, os cenários da pesquisa foram os próprios domicílios das
mulheres selecionadas por intermédio das enfermeiras e dos agentes
comunitários de saúde da unidade de saúde da família, em que foram realizadas
as entrevistas pelo pesquisador.
As unidades de saúde possuem como estratégia de organização dos
serviços o Programa de Saúde da Família – PSF, que pressupõe o atendimento a
uma clientela limitada, através de ações programadas dirigidas aos vários
segmentos da população incluindo gestantes e puérperas. Possuem, ainda, os
agentes comunitários de saúde responsáveis pelo elo entre a população e a
equipe de saúde.
O serviço de estratégia de Saúde da Família do município de Muriaé
possui 24 equipes e dividem-se em 20 unidades que atendem a zona urbana do
município e 4 que atendem a zona rural, todas com equipes de saúde da família
que representam uma cobertura de 75% do município de Muriaé, conforme dados
da Programação Pactuada Integrada (PPI), realizada anualmente pelos
municípios. As unidades são constituídas por auxiliar de enfermagem,
enfermeira, médico, agentes comunitários de saúde, auxiliar de serviços gerais. A
população adstrita, embora heterogênea, possui nível sócio-econômico baixo com
predominância de famílias que utilizam o Sistema Único de Saúde. As unidades
de saúde escolhidas para pesquisa foram 10 unidades que assistem a zona
urbana do município. Inicialmente, as unidades foram visitadas pelo pesquisador
com o objetivo de informar aos responsáveis pela unidade a respeito da pesquisa,
assim como objetivos e metodologia. Ficou evidenciado que, para a realização da
pesquisa, a participação dos membros da equipe de saúde da família era crucial
na escolha das participantes e no agendamento das entrevistas.
Após a confirmação das entrevistas, as mulheres foram informadas
sobre os objetivos do estudo e garantia do anonimato assinando um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1). Foram realizadas 10 entrevistas no
domicílio das mulheres, de cada bairro selecionado, também utilizou-se as
71
unidades realizadoras das consultas de pré-natal como local de coleta de dados.
As entrevistas foram direcionadas a partir de um roteiro (Anexo 3), previamente
elaborado.
Após a realização da pesquisa surgiu a oportunidade de se elaborar
oficinas de trabalhos com o objetivo de capacitar profissionais de Enfermagem na
realização de práticas de orientações para a gestante. Foi um momento em que
as prováveis dúvidas das gestantes se transformaram em dúvidas dos
profissionais. As oficinas foram dividas em temas, dentre estes se destacou,
alterações sofridas pela mulher durante a gravidez, conforme figuras 1, que
poderão ser verificadas nas 2 e 3 do anexo 6, e representações do parto, figuras
4 do anexo 6.
72
CAPÍTULO 6
RESULTADOS E DISCUSSÕES
IDADE (ANOS) N %
12 - 15 - -
16 - 18 09 09
19 - 21 21 21
22 - 25 18 18
26 - 30 35 35
31 - 35 12 12
Mais de 35 05 05
TOTAL 100 100
ESCOLARIDADE N %
Nenhuma 03 03
Primário 53 53
Secundário 39 39
Universitário 05 05
TOTAL 100 100
ESTADO CIVIL N %
Casada 62 62
Solteira 15 15
Viúva 02 02
Estável 21 21
Não respondeu - -
TOTAL 100 100
73
considerado sagrado principalmente, quando referimos à história bíblica. Na área
médica a gravidez passa a ser considerada um conjunto de reações e
transformações no corpo da mulher e ainda existem aqueles profissionais que
associam a gravidez à complicações. Não podemos descartar qualquer hipótese
de complicações; porém, em sua maioria, a gravidez possui um resultado positivo,
tanto para a mãe como para o concepto. Algumas particularidades podem ser
evidenciadas, para o Manual Técnico de acompanhamento pré-natal do Ministério
da Saúde (2005), as idades abaixo de 15 anos e acima de 35 são considerados
fatores de risco para a gravidez. Pode-se perceber nessa pesquisa que em um
universo de 100 mulheres entrevistadas não foram evidenciadas qualquer idade
inferior a 15 anos. Para as mulheres acima de 35 anos foram encontradas 5
mulheres, que baseado em indicadores do Ministério da Saúde (2005), deveriam
ser mais particularmente acompanhadas por possuírem um fator de risco para a
gestação. As demais gestantes envolvidas na pesquisa compreendem a faixa
etária de 16 a 34 anos, consideradas preparadas para gestar.
Pareceu pertinente a investigação do nível de instrução das
mulheres gestantes envolvidas na pesquisa, visto que esse também é um
indicador de risco gestacional, associado ao não entendimento das orientações
prestadas durante a assistência pré-natal. Nesse caso, apenas 5% das
entrevistadas possuem formação universitária; e o maior número de gestantes
53%, possuem apenas formação primária de ensinamentos. Vale ressaltar que a
formação educacional não é a principal forma de se avaliar o aprendizado e o
nível de absorção de conhecimento durante as orientações pré-natais, tal fato
deverá estar relacionado ao número de gestação e nas contribuições sociais e
culturais dos meios onde essas gestantes estão inseridas. É importante
evidenciar que a formação popular de conhecimentos acerca da gravidez nem
sempre corresponde à uma fonte segura e eficaz de informação, isso devido ao
grande número de mitos e tabus que circunda o período gestacional.
Para o Ministério da Saúde (2005), é importante definir o estado civil
da gestante; principalmente, para associar esse à segurança que a mulher terá
durante a gravidez, no que diz respeito ao apoio e ao amparo, já que cada
gravidez possui uma representatividade para a mulher e para a família. Em
74
relação ao estado civil, 62% das entrevistas são casadas, seguida de 21% de um
relacionamento estável. Tal fato pode contribuir para a uma gravidez segura, no
que diz respeito ao amparo da mulher gestante por seu parceiro. Nesse item de
avaliação não foi questionado a satisfação do relacionamento, apenas a
segurança e a estabilidade que, teoricamente, um relacionamento estável
proporciona.
Para Zigel e Cranley (1985), o ato de saber que a gravidez é
comumente do casal pode ser muito útil para reduzir a explosão de sentimentos. Já
para uma mulher gestante potencialmente em conflito com seu parceiro o que se pode
esperar são sentimentos de vulnerabilidade e introversão, pode causar também uma
perda de interesse na expressão sexual convencional.
Na tabela 2, foram avaliadas as alterações apresentadas pelas
mulheres durante a gravidez. Essas alterações não são comuns em todas as
gestantes. Algumas são consideradas condições patológicas, como por exemplo
a hipertensão e o diabetes; outras, se não tratadas, poderão evoluir para
complicações obstétricas pré-parto e pós-parto. Vale ressaltar que foi fornecido
uma série de opções para a mulher identificar suas alterações assim como a
possibilidade delas descreverem outras alterações que não se encontravam
previamente registradas.
75
Tabela 02: Alterações apresentadas durante a gravidez expressadas pelas
participantes da pesquisa
ALTERAÇÕES
APRESENTADAS DURATE N %
A GRAVIDEZ
Hipertensão 18 18
Diabetes 03 03
Vômitos 62 62
Sangramento da gengiva 18 18
Cáries dentárias 32 32
Estrias 44 44
Manchas na pele 24 24
Hemorragias 12 12
Empedramento das mamas 35 35
Infecção nos pontos 06 06
Varizes 32 32
Inchaço nas pernas 62 62
Cansaço fácil 59 59
Alterações da tireóide 03 03
Infecções de Urina 53 53
Corrimento Vaginal 50 50
Hemorróidas 12 12
Azia 56 56
Constipação 26 26
Sensação de desmaio 15 15
Cãibras 53 53
Lombalgia 32 32
Rachadura das mamas 05 05
Insônia 38 38
Cólicas 06 06
Anemia 01 01
Sangramento Vaginal 03 03
Plaquetopenia 01 01
Hipotensão 06 06
Epistaxe 01 01
Dor no estômago 01 01
76
Muitas das alterações sofridas pela mulher podem estar
relacionadas à nova experiência de ser mãe, porém essas alterações não estão
relacionadas unicamente a situações emocionais, elas acontecem por alterações
hormonais e por uma adaptação do corpo a essa nova fase da vida.
Para Rappaport (1981), muitas vezes a futura mãe, primíparas,
sente-se inquieta por ter que enfrentar uma criança que ela não sabe como será,
que trará exigências e novas vivências. Ela atravessa, às vezes, uma fase de
angústias que aparenta de perto um estado depressivo menor. Em contrapartida,
a mulher também se sente gratificada com a experiência de ter um filho. É uma
experiência muito individual.
77
gestante estará apresentando alterações nos exames de glicemia capilar e
também poderá estar apresentando presença de glicose na urina. O diabetes
gestacional poderá acarretar problemas para a mulher, como risco de parto
prematuro ou até mesmo o aborto. Porém, se essa gravidez for levada até o final
o produto dessa, poderá apresentar como feto macrossômico, com pesos
superiores a 4 Kg.
Para Rezende (2006), o diabetes gestacional é definido como
intolerância a hidratos de carbono de graus variáveis, sua incidência é variável no
mundo (de 3% a 12%). No Brasil, cerca de 7% das gestantes desenvolvem
diabetes gestacional. Descreve ainda que se deva realizar o rastreamento de
cada gestante com o intuito de diagnosticar novos casos. Ainda descreve as
possíveis complicações ao filho da mãe diabética, como prematuridade,
macrossomia, hipoglicemia neonatal, hiperbilirrubinemia, obesidade, síndrome do
desconforto respiratório, dentre outras.
Após a apresentação das gestantes que tiveram alterações em
relação à hipertensão e diabetes, para maior e melhor entendimento, as
alterações agora serão descritas por sistemas.
Em relação às alterações gastrintestinais foram identificados o
vômito em 62% das mulheres, esse vômito está presente devido a grande
alteração hormonal sofrida pela grávida. Para Lowdermilk e Colab (2002):
“... os vômitos estão presentes seguidos ou não de náuseas em 50 a
75% das gestantes, inicia entre o primeiro e o segundo mês de ausência
da menstruação, podendo ocorrer a qualquer hora durante o dia; sua
causa é de origem desconhecida, porém podem resultar de alterações
hormonais, possivelmente do hCG, pode ser parcialmente emocionais,
refletindo orgulho, ambivalência ou rejeição do estado
gestacional”(LAWDERMILK, 2002, p. 288).
78
A azia também é registrada pelas gestantes em 56% dos casos,
como alterações gastrintestinais. Ziegel e Cranley (1985) descrevem a azia como
sendo:
“... uma sensação de queimadura retroesternal, freqüentemente descrita
como uma sensação de ardor que sobe do estômago para a garganta, é
causada por regurgitações freqüentes de ácido gástrico para o esôfago”
(ZIEGEL e CRANLEY, 1985, p.151 )
79
Manchas na pele foram identificadas em 24% das mulheres. Essas
manchas podem estar presentes na aréola, mamilo, região umbilical, na face,
para Ziegel e Cranley (1985):
“ As modificações pigmentares da pele são provavelmente provocadas
por um hormônio hipofisário, o hormônio melanócito estimulante. O seu
nível sério enormemente aumentado na gravidez, a partir do segundo
mês. Foi relatado que também estrogênio e progesterona estimulam a
disposição de melanina.” (ZIEGEL; CRANLEY, 1985, p.155 )
TIPO DE PARTO N %
Normal 50 50
Cesárea 35 35
Não se adéqua 15 15
TOTAL 100 100
NÚMERO DE PARTOS N %
Nenhum 15 15
01 41 41
02 26 26
03 18 18
Total 100 100
APRESENTOU
COMPLICAÇÕES POS N %
PARTO
Sim 37 37
Não 47 47
Não souberam informar 16 16
TOTAL 100 100
81
41% relataram apenas uma experiência de parto. E ainda tem-se 15% de
gestantes que não passaram pelo processo de parição.
Quando abordado em relação à complicação de parto, identifica-se
que 47% não apresentaram alterações, 37% apresentaram qualquer tipo de
alteração, dentre esses foram identificados, sangramentos, anemias, dificuldades
de amamentar, hipotensão, risco e parto prematuro, dentre outros. Porém o que
mais preocupa-nos é o fato de 16% das entrevistadas não saber informar
complicações. O que pode estar relacionado ao não conhecimento, ou não
absorção, ou ainda ao não atendimento das orientações, para a prevenção de
complicações durante a gravidez.
Ouve-se falar em vários “tipos de parto:” parto normal, parto vaginal,
parto natural, cesárea, parto a ferro (fórceps), parto na água, parto Leboyer, parto
sem dor, parto humanizado, parto de cócoras e assim por diante.
A separação dos partos por tipos é relativamente recente e só
aconteceu como conseqüência do nosso sistema obstétrico, ou seja, depois que a
maioria dos partos passou a ocorrer dentro do ambiente hospitalar, há
aproximadamente 70 anos. Desde então, o parto passou a ser feito quase que
exclusivamente pelos médicos, em macas horizontais, com mulheres em posição
ginecológica. A partir daí, a classificação ficou óbvia: “Parto Normal” ou
“Cesariana”. Não havia alternativas; ou a mulher se adaptava a parir nas
condições padronizadas, ou ía para a cesárea.
As condições padronizadas hospitalares sob as quais as mulheres
deveriam tentar o parto normal eram: separação do companheiro, salas de pré-
parto coletivas sem privacidade, impossibilidade de movimentação, soro com
hormônios e intervenções para acelerar o parto, período expulsivo com a mulher
deitada de costas e pernas amarradas na perneira (o que reduz em 40% o espaço
para a passagem do bebê e diminui a circulação para mãe e feto), comandos para
fazer força, equipe pressionando barriga da mulher, corte rotineiro no períneo,
entre outros.
Essas condições padronizadas para o parto infelizmente ainda são
comuns na maioria dos hospitais brasileiros. Muitas mulheres chamam
82
criticamente o parto normal hospitalar, com todas as suas intervenções de rotina,
de “parto vaginal hospitalar”; já pouco ele apresenta de “normal” ou “natural”.
A partir da década de 70, no pós-segunda guerra e dentro do
movimento revolucionário que se iniciou com o movimento hippie, alguns médicos
e mulheres passaram a questionar o excesso de intervenções e melhores
condições para dar a luz, propondo o resgate do parto como um evento
fisiológico, familiar e afetivo. A partir daí, surgiram as demais possíveis
classificações das “formas de nascer”.
Devido a esse laço de amor tão grande, percebe-se que o parto
seria um dos momentos mais marcantes e significativos da figura feminina.
Entretanto, através de pesquisas bibliográficas notamos que esse momento de
felicidade foi trocado por momentos de angústias e dores para a mulher, em
virtude do crescimento do número de partos cesáreos. Barbosa apud Faundes &
Cecatti (1991), apontam fatores socioculturais, que levariam à preferência, por
parte das mulheres e dos profissionais de saúde, por um parto cirúrgico, tais
como: medo da dor no parto normal, medo de lesões na anatomia e fisiologia da
vagina e a crença de que o parto vaginal é mais arriscado do que uma cesárea,
sendo essa última considerada a forma mais ”moderna" de se ter filhos.
Temos que ver o parto, como um momento de alegria e não como
doença, tratar a mãe como um ser humano, com delicadeza, segurança e
conforto e não como mais uma paciente, atendendo suas expectativas e anseios.
A enfermagem tem como papel, a promoção da saúde, verificada no artigo 1º do
capítulo 1 do código de ética dos profissionais de enfermagem:
REALIZOU CONSULTAS DE
N %
PRÉ-NATAL
Sim 100 100
Não - -
Total 100 100
NÚMERO DE CONSULTAS N %
01 02 2
02 02 2
03 03 3
04 03 3
05 09 9
06 06 6
Mais de 06 75 75
Total 100 100
84
Lowdemilk e Colab (2002) ressaltam que o pré-natal tem por objetivo
levar conhecimento às gestantes sobre os cuidados com a sua própria saúde,
bem como a do bebê. Dentre algumas orientações, citam-se, por exemplo: o
desconforto físico da gestação; ambivalência e emoções instáveis; mudanças na
dinâmica familiar; bem-estar fetal; mudança de papel e responsabilidade;
compreensão das alterações físicas e emocionais, e também, das mudanças
anatômicas e fisiológicas da gestação.
Segundo Silva e Colab (2006), a assistência pré-natal é alvo de
crescente destaque na atenção materno-infantil, campo de intensa preocupação
na história da Saúde Pública. Grande parte do sucesso da gestação depende de
medidas preventivas, tais como: nutrição adequada, exercícios apropriados,
avaliações da gestante e um esquema planejado de cuidados. Esses cuidados
são contemplados nas consultas pré-natais, mediante atendimento integrado à
saúde da gestante e do feto.
Preconiza Moura e Lopes (2003) que o objetivo da assistência pré-
natal é acolher a mulher desde o início da gravidez, visando a promoção e
prevenção da saúde da gestante e do concepto.
Na pesquisa realizada, percebeu-se que todas as entrevistas
realizaram as consultas de pré-natal. Tornou importante investigar o número de
consultas de pré-natal para assim associar às orientações recebidas. Para tal,
não foram verificadas em que momento do pré-natal essas eram fornecidas, e sim
apenas se eram ou não repassadas à gestante. Dessa forma, pode-se verificar
que 75% das entrevistadas realizaram mais de 6 consultas de pré-natal, que é
uma meta estabelecida pelo SISPRENATAL, programa em que cada município
deverá estar pactuado.
Para o pré-natal de risco habitual, preconizam-se, no mínimo, 6
consultas, sendo: 1 consulta no 1º trimestre; 2 consultas no 2º trimestre e 03
consultas no 3º trimestre. Recomenda-se que o intervalo entre as consultas seja
de 4 semanas até a gestação completar 36 semanas e, a partir desse período,
que os intervalos sejam de 15 dias. Essa é a rotina ideal para a assistência pré-
natal, no que diz respeito ao número de consultas e o intervalo. (OLIVEIRA et al,
2003).
85
Pode-se perceber na pesquisa que o número de mulheres que não
realizaram as 6 consultas de pré-natal correspondem a 25%. Vale destacar que
parte dessas mulheres encontrava-se em início de gravidez, não completando
assim o seu ciclo de consultas. Para estas, foram permitidas sua participação na
pesquisa por estarem vivenciando sua segunda ou mais gravidez, podendo dessa
forma registrar as vivências de gravidez anteriores.
Na tabela 05 foi descrito a opinião das mulheres entrevistadas em
relação às consultas de pré-natal.
86
emocional. O profissional que dá assistência pré-natal deve conhecer a fisiologia
da gravidez, a fisiopatologia das intercorrências clínicas e as modificações
emocionais do ciclo gravídico-puerperal.
Para Siqueira apud Moura, Lopes (2003, p165), “o acompanhamento
pré-natal abrange as orientações para a saúde e os encaminhamentos
necessários para que a gestação se desenvolva dentro dos parâmetros
desejáveis. Visa também assegurar uma evolução normal da gravidez; preparar a
mãe para um parto, puerpério e lactação normais; identificar o mais rápido
possível as situações de risco, para que seja possível prevenir as complicações
mais freqüentes da gravidez e do ciclo puerperal.
Para as entrevistadas, a qualidade pré-natal está dentro dos
parâmetros de qualidade, em que 74% delas relatam estar ótima a assistência
pré-natal, seguida de 18% bom e 12% muito bom; e, juntamente com a avaliação
da qualidade, elas marcaram a opção em que diz respeito à satisfação de dúvidas
e angústias. Se nesse momento for realizado uma comparação entre os dados
obtidos nessa questão com as orientações recebidas, poderemos identificar que
nem todas as gestantes foram orientadas a cerca das orientações mínimas para o
bom andamento de uma gravidez.
A atenção pré-natal representa uma oportunidade para as mulheres
receberem assistência adequada, um espaço em que possam expor suas dúvidas
e sentimentos, serem ouvidas e esclarecidas. Constitui-se um exercício de
promoção e prevenção da saúde física e mental da gestante, mediante a
identificação das alterações próprias da gravidez e os encaminhamentos
necessários, a fim de evitar repercussões prejudiciais ao feto (SILVA et al, 2006).
É importante ressaltar que as práticas de pré-natal não são
exclusivas para a realização de dados antropométricos, medições e auscultações,
esse momento deve ser utilizado principalmente para se ouvir a mulher, tornando
como agente primordial do processo de gerar. Em que cada informação
necessária para o bom andamento da gravidez e o completo bem estar da mãe e
do bebê seja fornecida.
É um momento de identificação precoce das alterações e dos fatores
de risco, por isso a importância do acolher bem a mulher, para que seja criado um
87
vínculo com os profissionais de saúde e essa mulher tenha liberdade suficiente de
relatar suas angústias e preocupações.
A consulta de pré-natal deve ser então, um espaço privilegiado para
que a gestante traga seus questionamentos e sinta-se segura para discuti-los.
Para assistir adequadamente essa mulher, o profissional de saúde deverá
aproximar-se de cada sujeito, sendo essencial para isso que haja processo
dialógico e intersubjetivo expresso numa mutualidade de comunicação. Torna-se
fundamental que o profissional disponha a ouvir essas mulheres, para identificar
suas necessidades e expectativas (MOURA e LOPES, 2003).
Como suporte e apoio para os municípios foi implantado o Programa
de Humanização do parto e nascimento com metas a serem alcançadas pelos
municípios, visando a uma qualidade de atendimento garantindo o acesso das
mulheres ao pré-natal.
De acordo com o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2000), o programa de
humanização no pré-natal e nascimento (PHPN) é um importante instrumento
para a organização e estruturação de redes de referência para o atendimento às
gestantes nos municípios, na lógica da regionalização e hierarquização do
sistema de saúde. Assegura a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade
do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e
ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos da cidadania.
Na tabela 06, questionou-se o fato da mulher ter não recebido
orientações durante as consultas de pré-natal, sem se preocupar com a qualidade
dessas orientações.
RECEBEU ORIENTAÇÃO
NAS CONSULTAS DE PRÉ- N %
NATAL
Sim 100 100
Não - -
TOTAL 100 100
88
que as mesmas avaliassem a qualidade das orientações fornecidas, somente se
eram presentes em suas consultas pré-natais.
As orientações para as gestantes são fundamentais para um bom
resultado das gestações; no início do pré-natal, essas são orientações gerais, ao
longo do pré-natal, elas devem satisfazer as necessidades dos clientes, visto que
essas estão relacionadas às principais queixas apresentadas pela mulher.
Na tabela 07, será descrita o tipo de orientações fornecidas à mulher
durante as consultas de pré-natal.
TIPOS DE ORIENTAÇÕES
RECEBIDAS DURANTE O N %
PRÉ-NATAL
Preparo das mamas 85 85
Cuidados com as mamas 82 82
Cuidados com alimentações 94 94
Fracionamento das refeições 68 68
Cuidado com os dentes 44 44
Prática de exercício físico 59 59
Repouso 71 71
Cuidado com a pele 35 35
Encaminhamento para
09 09
especialista
Controle de peso e edema 71 71
Orientações quanto aos
cuidados após ir ao banheiro 38 38
urinar e evacuar
Evitar tempos prolongados de
76 76
jejum
Realizar coleta de preventivo 24 24
Participar de grupos 26 26
Trazer o parceiro para
53 53
participar das consultas
Melhorar a ingestão de água 79 79
Alterações da vagina 29 29
Alterações das mamas 32 32
Relação sexual 50 50
Cuidados com unhas e
44 44
cabelos
89
gestantes não são comuns; portanto, é importante que se trabalhe as principais
alterações do corpo da mulher e a prevenção de complicações.
Pode-se classificar essas orientações para melhor discuti-las. Em
relação ao preparo das mamas para o aleitamento materno, 85% das mulheres
relatam ter recebido essas orientações e 82% registram orientações em relação
aos cuidados com as mamas. É fundamental que nas consultas de pré-natal
sejam orientados esses tipos de cuidados, viso que ambos serão fundamentais
para o sucesso da amamentação.
Giugliani (2000) descreve que “atualmente tem se recomendado
amamentação exclusiva por aproximadamente 6 meses e manutenção do
aleitamento materno complementado até os 2 anos ou mais. Apesar das
abundantes evidências cientificas da superioridade do leite materno sobre os
outros tipos de leite, ainda é baixo o número de mulheres que amamentam os
seus filhos de acordo com as atuais recomendações. Os profissionais de saúde
podem melhorar esse cenário, promovendo a amamentação e ajudando as
mulheres que amamentam a superar uma série de obstáculos à amamentação
bem sucedida. Para a realização dessa tarefa, são necessários conhecimentos e
habilidades no manejo das diversas fases da lactação. Aconselhamento no pré-
natal, orientações e ajuda no período de estabelecimento da lactação.”
Em relação aos cuidados com a alimentação, 94% das entrevistadas
relatam ter recebido esse tipo de orientação e 68% registram a informação sobre
o fracionamento das refeições, essas condutas são importantes; primeiro, para o
controle do peso e depois para o tratamento e prevenção da azia, mal estar e
sensação de “estômago muito cheio”. Neste momento é pertinente registrar que
71% das mulheres foram orientadas em relação ao ganho ponderal. Em relação à
melhoria da ingesta hídrica, 79% das mulheres relatam serem orientadas a
respeito. Da mesma forma que se orienta em relação à alimentação, deve-se
informar à mulher a não permanência de tempos prolongados em jejum, devido
ao risco de hipoglicemia; neste caso, 76% das mulheres relatam terem sido
orientadas.
Outro grupo de orientações que surge, está relacionado aos
cuidados com o corpo nos quais 44% relatam orientações no cuidado com os
90
dentes, 38% na hora da higiene íntima, 35% no cuidado com a pele e 44% no
cuidado com unhas e cabelos. Esses cuidados vão muito além dos cuidados
estéticos, pois devido aos distúrbios hormonais existem alterações sofridas para
cada um dos indicadores.
É importante que seja trabalhado com as gestantes as possíveis
alterações sofridas pelas estruturas anatômicas, principalmente às relacionadas
ao aparelho sexual. Essas alterações são em funções da gravidez e do parto. Em
relação às alterações sofridas pela vagina, 29% relatam terem sidos orientadas e
32% registram informações a cerca das alterações das mamas. Sabe-se que
podem ocorrer alterações da libido da mulher no período gestacional, 50% das
entrevistadas relataram terem sidas orientadas sobre as alterações em relação a
pratica sexual.
Dependendo do período gestacional, a mulher pode ser orientada
acerca das atividades físicas, principalmente para trabalhar a embebição
gravídica causada pelas alterações hormonais; neste caso, 59% delas foram
orientadas. Porém, é importante ressaltar que, em alguns momentos,
principalmente após refeições, ou em caso de edema, essas mulheres devem ser
orientadas sobre o repouso, identificou-se que 71% delas foram orientadas sobre
essa prática.
Aproveita-se as consultas para determinar algumas práticas a cerca
da rotina de atenção à mulher no período gravídico e puerperal; em relação à
essas condutas, 24% das mulheres relatam terem sido orientadas a realizar a
coleta de preventivo, número preocupante visto que esse é o momento de se
identificar qualquer anormalidade que acometerá uma antecipação do parto.
Identificou-se que apenas 26% das mulheres foram orientadas a participar dos
grupos de gestante, essas atividades são importantes para aprendizado e troca
de experiências entre as mulheres nessa fase da vida. A participação do parceiro
nas consultas é fundamental para proporcionar segurança para a mulher; porém,
essa não é uma conduta global identificada na pesquisa, em que apenas 53% das
mulheres foram estimuladas a participar o parceiro nas consultas.
Um ponto importante para se trabalhar com as mulheres está
relacionado aos mitos e tabus relacionados à gravidez. Cada mulher vivencia seu
91
processo de gestação de uma forma e cada gravidez possui uma representação
social e familiar; com isso, é comum que membros da família, pessoas da
comunidade transmitam informações à gestante; porém, nem sempre essas
informações condizem com a ciência.
A tabela 08 revela a participação das entrevistadas em grupos de
gestantes, além de informar a qual grupo elas fizeram parte quando da resposta
positiva. Cabe ressaltar que a participação em grupos é importantíssima para a
gestante, pois, permite que essa se familiarize com a gestação, principalmente
com relatos de outras mulheres, dessa forma, ela consegue trabalhar melhor suas
dúvidas e ansiedades, visto que o momento do grupo é um momento de trocas de
experiências.
PARTICIPAÇÃO EM
N %
GRUPO DE GESTANTE
Sim 35 35
Não 65 65
TOTAL 100 100
LOCAL DO GRUPO DE
N %
GESTANTE
Na comunidade 03 8
PSF próximo a residência 23 66
Da igreja 09 26
TOTAL 35 100
Nos dias atuais, a mulher não passa toda a sua gravidez em estado
de inércia, simplesmente esperando o filho nascer. Sendo assim, a parceria da
grávida com o pré-natalista que a assiste é extremamente fundamental para uma
gestação saudável, tranqüila e um parto bem sucedido; contudo, o modo como
ela vive o seu dia-a-dia, vai afetar diretamente a gestação e, conseqüentemente,
ao feto e ao parto. Portanto, a gestante precisa estar atenta a uma série de
cuidados especiais (LOPES, 2005).
Quando abordadas sobre a participação em grupos de gestantes,
identificou-se que apenas 35% das entrevistadas freqüentaram um grupo; dessas
a maior parte, 66% estavam vinculados à unidade de saúde da família, seguido
de 26% relacionado à igreja e 8% a grupos da comunidade. Cabe ressaltar, neste
momento, a importância da comunidade e dos grupos religiosos para a gestante;
92
pois, em muitas vezes, são nesses grupos que as mulheres buscam apoio e
segurança.
A estratégia saúde da família tem um importante papel na inversão
do modelo assistencial, de curativo para preventivo; dessa forma, está estruturado
para elaborar grupos de gestante e fornecer informações ideais e adequadas para
cada gestante, seja em atividades em grupo, isoladas ou em visitas domiciliares.
Segundo Potter (2001), durante todo o período de gestação, a
equipe de enfermagem poderá estar colaborando atentamente para o bom
desempenho da gravidez, auxiliando a gestante com algumas intervenções,
dentre essas pode o enfermeiro atuar, minimizando a dor ensinando a gestante a
usar a boa mecânica corporal, usar calçados confortáveis, com salto baixo,
estimular caminhadas suaves. Mantendo a nutrição adequada estimulando a
gestante a ingerir refeições pequenas e freqüentes, incentivar a beber caldos e
líquidos durante as refeições, para evitar distenção do estômago. Estimular a
gestante a utilizar frutas e vegetais na sua alimentação. Evitando constipação
instruindo a mulher a aumentar a ingestão de líquidos, se possível até 2 litros
diários, explicar que os alimentos ricos em fibras devem ser consumidos
diariamente. Reduzindo a ansiedade e o medo incentivando o casal a discutir
seus conhecimentos sobre a gravidez, bem como o tipo de parto que poderão
fazer opção. Incentivar visitas ao berçário. Esclarecendo as dúvidas que o casal
possa ter com relação ao nascimento da criança. Minimizando a fadiga Ajudar a
gestante a planejar o exercício adequado a sua condição e indicar os possíveis
motivos da fadiga para que ela os evite.
Na tabela 09 foi descrito a opinião expressada pela mulher no
contato com a equipe de enfermagem.
93
Tabela 09: Opinião sobre o contato com a equipe de enfermagem.
94
Quando solicitado às mulheres o que precisaria ser melhorado, 53%
delas relatam não ter nada a melhorar, porém foi identificado que o atendimento
necessita ser modificado para 15% e a recepção para 9%. A forma de orientação
ao público deve ser melhorada para 15% das entrevistadas. Um ponto crucial da
pesquisa, é o momento em que 26% das mulheres entrevistadas registram que os
enfermeiros deveriam realizar as consultas de pré-natal, fornecendo assim
também as orientações para a gestante. A visita domiciliar poderia ser melhorada
para 24% das entrevistadas. Esse pontos demonstram que a enfermagem vem
desempenhando o seu papel dentro da equipe de saúde, conquistando seu
espaço e o respeito dos usuários do serviço de saúde.
Na tabela 11, foi registrado a participação de familiares no processo
de parto e nascimento e ainda expressaram a importância de alguém da família
nesse momento.
Tabela 11. Participação de familiares no processo de nascimento.
PARTICIPAÇÃO DE
ALGUÉM DA FAMÍLIA NO N %
NASCIMENTO
Sim 44 44
Não 56 56
TOTAL 100 100
OPINIÃO SOBRE A
PARTICIPAÇÃO DO N %
FAMILIAR NO NASCIMENTO
Sim 100 100
Não - -
TOTAL 100 100
96
Tabela 13: Acontecimentos durante a gravidez.
ACONTECIMENTOS
SIM (%) NÃO (%) TOTAL
DURANTE A GRAVIDEZ
Aparecimento de cáries 26 26 74 74 100
Aparecimento de mau hálito 29 29 71 71 100
Dor de dente 38 38 62 62 100
Perda de líquida vaginal 12 12 88 88 100
Alterações do humor 94 94 06 06 100
Alterações no interesse pelo
marido 47 47 53 53 100
Sensação de não estar
gostando de você 65 65 35 35 100
97
Segundo Lopes (2005), a gestante deve procurar levar uma vida
normal e feliz, pois é uma fase da vida da mulher muito especial, e ela deve
aproveitá-la e vivenciá-la ao máximo, aceitando a gravidez sem a “paranóia” com
a estética, a qual na devida proporção, certamente contribuirá muito para que a
gestante vivencie tranqüilamente essa fase de sua vida.
98
CAPÍTULO 7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
99
A gravidez é um momento muito especial no qual o processo
reprodutivo alcança uma de suas etapas mais importantes. Culmina com o
nascimento, reiniciando um novo ciclo para a espécie humana. Entre tantos
momentos fundamentais na vida de um ser humano, a gravidez representa a
passagem para uma nova condição. São nove meses de transformações físicas e
emocionais que preparam a mulher para uma tarefa singular que é dar à luz e ser
mãe.
Baseado nessas alterações é que se elaborou essa pesquisa em
que se pode perceber que não existe uma rotina de orientações fornecidas à
gestante por parte dos responsáveis pelas consultas de pré-natal e preocupa-nos
saber que não é eficiente o serviço de encaminhamento da mulher para grupos de
gestantes, muito menos se preocupa com a participação dos parceiros ou pais
durante as consultas. Esses são fatores considerados como parte inicial da
assistência pré-natal, compreende a fase do acolhimento que resultará em uma
assistência humanizada.
Em relação às alterações sofridas pelo corpo da grávida, percebe-se
que muitas gestantes são orientadas, porém a cerca de uma mesma conduta.
Muitas vezes, a preocupação está relacionada ao risco ou à condição patológica
passível de desenvolvimento durante a gravidez. Mesmo assim, omitem-se as
diretrizes preconizadas pelo Ministério da Saúde em relação a algumas condutas,
como a coleta de preventivo, avaliação do risco gestacional e a educação em
saúde. E ainda não se preocupa com a promoção da saúde através de práticas
educativas, trabalhando o direito da grávida, as dúvidas e indagações, os mitos e
as realidades e os tabus que uma gravidez pode evidenciar. Em outros
momentos, preocupa-se apenas com resultados de exames ou com a
visualização do sexo do bebê, não que eles não sejam importantes, porém, não
são os essenciais.
Os avanços tecnológicos, apesar de necessários, não substituiem as
evidências clínicas e o trabalho em equipe. Percebe-se a necessidade da
inserção de outros profissionais nesse contexto visando à atenção integral à
saúde da mulher. Dentre esses profissionais, evidencia a presença do profissional
enfermeiro. O avanço tecnológico combinados, a fatores de risco da gravidez e as
100
mudanças econômicas estimula os enfermeiros a serem profissionais altamente
especializados e mais comunicadores. Por isso, devemos ter como meta a
assistência no ciclo gravídico e ter a certeza de que cada gestação irá resultar em
uma mãe, bebê e unidade familiar saudáveis. Hoje em dia, o enfermeiro, para
atingir esse objetivo, lida com muitas questões desafiadoras e progressivas.
Deve-se ter em mente que a gestante é muito mais que uma barriga
ou um par de mamas que precisam ser preparadas para aleitar o produto de seu
ventre. Os sentimentos são individualizados, as sensações são únicas, as queixas
são isoladas; com isso, a mulher deve ser considerada como protagonista do seu
processo de gerar e de parir.
As práticas de pré-natal são os momentos de maior contato do
responsável pela consulta com a grávida. É fundamental que a cada instante seja
fornecido à gestante confiança e suporte, principalmente, identificando a
representatividade da gravidez, o sentimento vivenciado naquele momento,
fazendo com que a mulher encontre no pré-natalista segurança e apoio,
aumentando a interação da mulher grávida com a equipe de saúde. As práticas
mecanizadas de assistência pré-natal provocam um distanciamento entre a
mulher e o serviço de saúde, impedindo que sejam identificados os atenuantes
que possam interferir no processo de gestação e parto.
A partir do momento que se identificam as falhas de uma
assistência, é possível elaborar estratégias de trabalho visando uma qualidade de
vida. Na assistência integral à saúde da mulher, é fundamental que se planejem
ações de prevenção e promoção de saúde, principalmente no que diz respeito ao
planejamento e acompanhamento de uma gravidez.
Como produto final dessa obra, elaborou-se uma cartilha destinada à
mulher grávida, nessa, passo a passo, a mulher irá se encontrar, percorrendo
desde os sinais e sintomas de gravidez, passando pelas alterações, conhecendo
o corpo da grávida, identificando a importância do pré-natal, desmistificando os
mitos e tabus da gravidez, sabendo o que se pode e o que não se pode fazer
nesse período e encerrando com o parto, não com a definição do parto, mas sim
como a proposta de transformação do processo de nascimento.
101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
103
LEBOVICI, S. O bebê, a mãe e o psicanalista. Porto Alegre: Artes Médicas,
1987.
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica. 2 ed., São Paulo,
Pioneira, 2000, pág. 117.
OSIS, Maria José Duarte, HARDY, Ellen, FAUNDES, Aníbal et al. Fatores
associados à assistência pré-natal entre mulheres de baixa renda no Estado de
São Paulo, Brasil. Rev. Saúde Pública, v. 27, n. 1, p. 49-53, 1993.
REZENDE, J. de. Obstetrícia. 10ª ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2005,
p.288.
________. REZENDE, J. Obstetrícia. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2005.
SPITZ, R. A. O primeiro ano de vida. 7 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
STOPPARD, M. O Corpo Da Mulher- Um Guia para a Vida- Boa Forma;
Nutricao; Emocões; Fertilidade; Psicologia; Fases da Vida; Tipos de Corpo;
Sexo; Beleza; Anatomia; Saúde; Estilo De Vida Editora Nova Cultural, 2000.
105
Escola de Enfermagem de Ribeirão preto – Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto.
106
ANEXOS
107
Anexo 1
TERMO DE CONCORDÂNCIA
Muriaé, _______/_______/_______
Prezado (a) Sr (a).________________________________________________
108
Anexo 3
Roteiro para Entrevista
Nome: _________________________________________________________
Idade:
( ) 12 a 15 ( ) 18 a 21 ( ) 25 a 30 ( ) mais de 35
( ) 16 a 18 ( ) 22 a 25 ( ) 30 a 35
Cor:
( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela
Escolaridade:
( ) Nenhum ( ) Primário ( ) Secundário ( ) Universitário
Apresentou algumas das alterações abaixo? ( ) sim ( ) não. Caso Sim, marque quais.
( ) Hipertensão ( ) Cansaço fácil
( ) Diabetes ( ) Alterações da tireóide
( ) Vômitos ( ) Infecções de Urina
( ) Sangramento da gengiva ( ) Corrimento Vaginal
( ) Cáries dentária ( ) Hemorróidas
( ) Estrias ( ) Azia
( ) Manchas na pele ( ) Constipação
( ) Hemorragias ( ) Sensação de desmaio
( ) Empedramento das mamas ( ) Cãibras
( ) Infecção nos pontos ( ) Lombalgia
( ) Varizes ( ) Insônia
( ) inchaço nas pernas ( ) Outros___________________
109
( ) Alterações da vagina ( ) Relação sexual
( ) Alterações das mamas ( ) Cuidados com unhas e cabelos
Quais das práticas ou acontecimentos abaixo ocorreram com você durante a gestação?
Realizou coleta de preventivo na gravidez: ( ) sim ( ) não
Realizou exercícios para o preparo da mama: ( ) sim ( ) não
Realizou treinamento sobre a forma correta de amamentar: ( ) sim ( ) não
Ocorreu o aparecimento de cáries durante a gravidez: ( ) sim ( ) não
Ocorreu o aparecimento de mau hálito durante a gravidez: ( ) sim ( ) não
Ocorreu o aparecimento de dor de dente durante a gravidez: ( ) sim ( ) não
Apresentou perda de líquido durante a gravidez: ( ) sim ( ) não
Apresentou algum corrimento vaginal: ( ) Sim ( ) Não
Apresentou alterações do seu humor ( ) sim ( ) não,
Apresentou alterações no interesse pelo marido ( ) sim ( ) não
Em algum momento, teve a sensação de não estar gostando de você: ( ) sim ( ) não
110
Anexo 4 - Muriaé
Fonte: www.tratosculturais.com.br
Fonte: www.muriae-mg.com.br
111
Figura 03: Mapa do Município de Muriaé-MG com seus limites territoriais.
Fonte: webcarta.net/carta/geo
Figura 04: Hospital São Paulo nos Primórdios e hoje Casa de Caridade de
Muriaé Hospital São Paulo.
112
Anexo 5 – Desenvolvimento da Gravidez
Fonte: http://www.msdbrazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck/mm_sec22_243.htm
113
Fonte: http://www.msdbrazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck/mm_sec22_243.htm
114
Figura 04: Esquema da mama e suas alterações durante a gravidez
115
Fonte: Sandra M. Nettina, 2003.
116
Fonte: Enfermagem Materna - Lowdermilk, 2002.
117
Anexo 6 – Treinamento Profissional
118
Figura 02: Curso de capacitação para profissionais de enfermagem –
Segundo Módulo
119
Figura 03: Curso de capacitação para profissionais de enfermagem –
Segundo Módulo – Alterações do corpo e Representação de Parto
120
Figura 04: Curso de capacitação para profissionais de enfermagem –
Segundo Módulo – Representação de parto.
121
122