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29/01/2018 Cisão na “Casa dos YouTubers”.

O último episódio de um negócio que vale milhões – Observador

Cisão na “Casa dos YouTubers”. O último episódio de um


negócio que vale milhões
29 Janeiro 2018

Manuel Pestana Machado Ana Luísa Alves

D4rkFrame, Pi e Dant saíram da "Casa dos YouTubers" e


arranjaram uma nova vivenda em busca de likes. É a última
polémica de um negócio que move muito (mas mesmo
muito) dinheiro. Que fenómeno é este?

Têm milhões de seguidores, são influentes junto dos jovens e tudo


graças ao YouTube, o maior site de alojamento de vídeos no mundo.
Seja bem-vindo ao fenómeno “YouTuber”. Nunca ouviu falar? Então
podemos facilmente presumir que não é um jovem até aos 15 anos. Da
mesma forma que Calimero, Abelha Maia, Marco, Heidi, Dragon Ball ou
até os Pokémon marcaram as últimas gerações, no futuro as memórias
de infância serão de vedetas como “Wuant“, “D4rkFrame” ou
“SirKazzio“. Em vez de andarem à procura da mãe ou terem um
avozinho para cuidar, este jovens, através de vídeos que publicam
regularmente no YouTube, fazem do quotidiano um reality show que é

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29/01/2018 Cisão na “Casa dos YouTubers”. O último episódio de um negócio que vale milhões – Observador

seguido maioritariamente — e religiosamente — pelos mais novos


durante, depois e até durante as aulas.

Com rendimentos anuais que chegam a mais de um milhão de


euros, os YouTubers portugueses são bem sucedidos no que fazem.
Além do dinheiro que ganham pelo YouTube graças às incontáveis
visualizações que agregam, são patrocinados por marcas que lhes pagam
para terem o seu produto durante meros segundos nos vídeos que
publicam. Com a plataforma a restringir cada vez mais a forma como se
pode monetizar uma publicação, estes jovens recorrem a outras fontes
de rendimento, como a publicação de livros e presença em eventos. No
entanto, com o dinheiro também vieram as controvérsias.

Quem são estes YouTubers, porque é que vivem na mesma


casa e porque é que são notícia?

Os mais famosos YouTubers em Portugal, como Paulo Borges (Wuant),


António Ramos (D4rkFrame), Anthony Sousa (SirKazzio), Diogo
Silva (Windoh), Miguel Monteiro (Pi, também conhecido como
“Ovelha Nigga“), Ronaldo de Azevedo (Gato Galático), Nuno Moura
e Dante Lopes (Dant, antigamente conhecido como “Malacueca“)
vivem na mesma casa. Dissemos “vivem”? Agora já não. Para
surpresa dos milhões de fãs, desde 23 de janeiro é oficial que
agora há duas “Casas dos YouTubers”. E isso gerou controvérsia,
levando a milhares de visualizações de vídeos dos protagonistas a
explicar o sucedido.

Antes do fim do ano, SirKazzio já tinha saído “para ir viver com a


namorada”. Os outros que ficaram, como acontece a tantas famílias,
dividiram-se (e sem direito a fins de semana partilhados). A razão dada:
“Não podíamos controlar, somos sete homens a viver numa
casa, a fazer porcaria”, diz Wuant num vídeo.

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Wuant, um dos mais conhecidos da casa, partilhou no seu canal um vídeo a


explicar a “surpresa” por ter visto D4rkFrame, Pi e Dant a irem viver para outra
moradia. Num dia, conseguiu mais de 650 mil visualizações.

O objetivo inicial, quando começaram todos a viver na mesma casa, em


abril de 2017, era ficarem juntos até ao final do mês de março de 2018.
Contudo, desde a semana passada, a vivenda em Alcochete ficou
reduzida a quatro YouTubers: Wuant, Gato Galático, Windoh e
Nuno Moura. D4rkFrame, Pi e Dant mudaram-se para uma nova
moradia perto de Sintra, apelidada de “Darkolandia”, uma alusão à
alcunha utilizada pelo YouTuber António Ramos (D4rkFrame). Esta
“nova casa dos YouTubers” tem um lago, uma piscina interior e até mini
golfe.

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A MINHA NOVA CASA ! ( DARKOLANDIA )

O vídeo de D4rkFrame a mostrar a nova casa, a “Darkolandia”

Ao que o Observador apurou junto de fonte próxima dos YouTubers, a


razão dada por Wuant e Windoh é verdadeira (no passado, os
YouTubers já pregaram partidas a fingir que estavam chateados,
quando, na verdade, não estavam). Oito pessoas numa casa a filmar
vídeos, que muitas vezes se baseiam em partidas uns aos outros, não era
conciliável e levou a uma inevitável separação. Divórcios na casa, mas
não na agência que representa as vedetas. A Be Influence, agência de
comunicação portuguesa de bloggers e YouTubers, que agencia todos os
que viviam na casa (menos Dant), continua a ser a representante oficial
de todas estas vedetas.

"Não podíamos controlar, somos sete homens a viver


numa casa, a fazer porcaria", diz Wuant num vídeo

Vêm aí mais casas dos YouTubers

“Trollagem” é o termo utilizado por estes YouTubers para definir uma


partida (vem do inglês “troll“, termo que na Internet é utilizado como

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escárnio). No mundo dos YouTubers, tudo pode, no fim, ser apenas uma
“brincadeira”. Desde zangas encenadas a títulos “clickbait“, estes
YouTubers já enganaram o público com brincadeiras no passado.

Ao que o Observador apurou junto de representantes dos YouTubers,


houve efetivamente uma separação das casas. Quanto às razões, Miguel
Raposo, agente na Be Influence, que representa a maioria destes
YouTubers, não prestou comentários.

Em setembro de 2017 D4rkFrame já enganava os companheiros de casa (e a


audiência, através do título) a dizer que ia sair da “Casa dos YouTubers”

Outra fonte próxima das celebridades confirmou ao


Observador que estão a ser preparados novos projetos de
mais casas dos YouTubers “a partir de abril”. Depois de, em
Março, as três celebridades que restam na casa saírem da vivenda onde
estiveram durante um ano, pode-se esperar novos vídeos em “uma ou
mais novas casas”, disse a mesma fonte.

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Na série “Como irritar um jogador de LOL” (LOL são as siglas de League of


Legends, um famoso videojogo online) D4rFrame atormenta Pi. Partir objetos
que usam para jogar videojogos, sujar com farinha ou sujar com natas os ténis
são algumas das táticas que garantiram a D4rkFrame 750 mil visualizações
em poucas horas

Embora garantam que continuam amigos, facto é que, apesar


de os vídeo de “toda a verdade” explicarem a saída de
D4rkFrame e Pi da “Casa dos Youtubers”, algumas dúvidas ficaram por
esclarecer. Junto de fonte próxima dos YouTubers, o Observador
confirmou que ter os sete amigos a viverem na mesma casa tornou-se
“incomportável” e acabaram por se afastar, o que não seria caso novo.

Há outros YouTubers, não só em Portugal, que no passado também já se


chatearam e deram origem a algumas polémicas. Jake e Logan Paul,
irmãos e YouTubers entre os dez mais bem pagos no mundo inteiro,
incompatibilizaram-se no ano passado e chegaram a ser filmados
envolvidos em discussões. No entanto, no fim veio a saber-se que era
tudo falso e apenas para angariar visualizações. Neste caso em Portugal,
um programa de sucesso tornou-se em dois e os YouTubers
conseguiram mais visualizações resolvendo o problema que tinham em
mãos.

De videojogos a partidas

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Ao juntarem-se na mesma casa em abril de 2017, os mais conhecidos


YouTubers portugueses criaram uma espécie de novo reality show —
que não passou na televisão mas teve tanto ou mais sucesso do que a
primeira edição da Casa dos Segredos. Não acredita? Em dia recorde de
estreia enquanto esteve no ar, o icónico programa da TVI conseguiu ter
cerca de um milhão e 730 mil espetadores. O mais famoso destes
Youtubers, Sir Kazzio, só em subscritores, tem mais de cinco milhões
de contas. E visualizações? D4rkFrame, em 2017, conseguiu ter um
vídeo com mais de nove milhões de visualizações (foi um dos mais
vistos em Portugal nesse ano).

Se começaram a carreira com vídeos a jogarem videojogos, rapidamente


o estilo de vida, aparentemente luxuoso, com carros topo de gama e a
vida numa mansão, levou os YouTubers a terem mais publicações sobre
o seu dia a dia. De videojogos passaram a filmar as peripécias na casa,
com muitas partidas entre os vários residentes para terem o maior
número de visualizações. Além disso, os típicos vídeos de reações e a
experiências que têm no dia a dia, quase ao género Big Brother,
passaram a ser recorrentes nos seus canais pessoais.

Neste vídeo, SirKazzio lma a sua própria reação ao bater um recorde de


seguidores no YouTube – cinco milhões de subscritores

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O público alvo são os mais jovens, de crianças a adolescentes. Fonte


próxima dos YouTubers explicou ao Observador que apesar de na
plataforma, tecnicamente, os jovens só poderem ter uma conta a partir
dos 13 anos, e assim poderem “seguir” os YouTubers, dados internos
mostram que o target principal é dos cinco aos 15 anos. É nas idades
entre os 7/8 e 12/13 que têm os seguidores mais assíduos. Por isso, os
conteúdos que apresentam nos canais têm temas direcionados aos
gostos destas faixas etárias.

Os YouTubers portugueses transformaram-se em estrelas


internacionais. Graças a este público e ao grande mercado no Brasil (um
país com mais de 200 milhões de habitantes), têm um especial cuidado
na dicção das palavras para serem compreendidos na maior parte dos
países lusófonos. Basta ver um vídeo para perceber como falam
pausadamente, abrindo as vogais e recorrendo aos pronomes como são
utilizados no Brasil. No vídeo acima, o português SirKazzio tem o
cuidado de dizer a hora de Lisboa e a hora de Brasília.

Outra fonte próxima das celebridades con rmou ao


Observador que estão a ser preparados novos
projetos de mais casas dos YouTubers "a partir de
abril". Depois de, em Março, as três celebridades que
restam na casa saírem da vivenda onde estiveram
durante um ano, pode-se esperar novos vídeos em
"uma ou mais novas casas", disse a mesma fonte

O mais seguido dos oito YouTubers é SirKazzio, com mais de cinco


milhões de subscritores no seu canal. Perto desse valor está Gato
Galático (que também tem nacionalidade brasileira), com 4,7
millhões de subscritores, e, logo a seguir, D4rkFrame com 3,5
milhões. Em quarto lugar, aparece Wuant, com 2,6 milhões de

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subscritores. Já Windoh tem mais de um milhão. O YouTuber Pi


conta com 917 mil subscritores inscritos no seu canal, e Nuno Moura
com 363 mil. Dant (Malacueca), a última adição à casa que agora sai
com D4rkFrame e Pi, tem cerca de 250 mil seguidores.

Além do YouTube, são seguidos por milhares de pessoas noutras redes


sociais. Aproveitam o Instagram e o Twitter para interagir com os
seguidores e para partilhar grande parte do dia a dia. No Instagram, o
YouTuber mais seguido também é SirKazzio (um milhão de seguidores),
seguindo-se Gato Galático (754 mil seguidores), Wuant (581 mil
seguidores), D4arkFrame (456 mil seguidores), Windoh (424 mil
seguidores), Pi (306 mil seguidores), e Nuno Moura (214 mil
seguidores).

Para muitos jovens, estes YouTubers são verdadeiros ídolos. A presença


em eventos como o Lisboa Games Week obriga a que sejam
acompanhados por seguranças. Histórias de fãs a partir janelas para ter
contacto direto com as celebridades e gritos de protestos de multidões
por deixarem filas de fãs sem um autógrafo assinado fazem parte do seu
quotidiano.

São influenciadores digitais. Aquilo que usam, fazem ou vestem leva os


fãs a imitá-los, o que faz com que várias empresas paguem muito
dinheiro para eles utilizarem, ou consumirem, os seus produtos em
pequenos segundos dos vídeos que publicam. Estes patrocínios podem
render milhares de euros a estes jovens criadores de conteúdos, além da
percentagem que ganham através do YouTube.

Pais, como Ana Galvão e Nuno Markl, não gostam, mas


Herman José apoia

A predominância de sucesso com os mais novos tem levado a que vários


pais demonstrem preocupação com a influência que os vídeos têm nos
filhos. A linguagem e atos obscenos, as partidas e a falta de triagem pelo
YouTube nestes conteúdos tem gerado algum debate. Uma das vozes

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mais influentes é Nuno Markl, que tem criticado a falta de


responsabilidade social com que estes YouTubers criam conteúdos.

Chamem-me velho, mas estava com o meu lho a ver um vídeo


sobre “como resolver problemas” feito por um dos YouTubers
da…
Posted by Nuno Markl on Monday, January 8, 2018

Numa publicação no Facebook a 8 de janeiro deste ano, o humorista


criticou um YouTuber, sem referir o nome, por incentivar as crianças a
insultarem com um palavrão as mães ao serem acordadas. Nuno Markl
assume ter recorrido a uma medida extrema: proibir o filho de ver mais
vídeos. A publicação foi feita no seguimento da publicação de Ana
Galvão, radialista e mãe do filho de Nuno Markl, a criticar o trabalho
destes influenciadores pelo “preocupante que são estes tipos e ninguém
fazer nada, se manifestar, e não só isso, existirem marcas que os
patrocinam, à grande”.

"Aqueles que em 1992 aos 14/15 anos exultaram com


a minha destruição de cenário a tiro, serão hoje em
dia os pais quarentões que se indignam quando
confrontados com os lhos em contacto com a
linguagem dos YouTubers? O "generation gap" será
sempre inevitável?", disse Herman nas redes sociais
quanto à polémica com os pais

As críticas valeram à radialista da Rádio Renascença inúmeros


comentários explicitamente ofensivos de fãs destes YouTubers. Foi mais
um dia de polémicas nas redes sociais que, do outro lado da barricada,
teve a resposta de Miguel Raposo, o “agente dos YouTubers”, que, à

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Renascença, comparou a reação destes pais à polémica que houve nos


anos 90 quando o humorista Herman José destruiu o estúdio da Roda
da Sorte. Herman partilhou no Facebook o comentário e deixou a
pergunta: “aqueles que em 1992 aos 14/15 anos exultaram com
a minha destruição de cenário a tiro, serão hoje em dia os
pais quarentões que se indignam quando confrontados com
os filhos em contacto com a linguagem dos YouTubers? O
“generation gap” será sempre inevitável? Porventura.”

Curioso este argumento do Miguel Raposo. Pergunto: aqueles


que em 1992 aos 14/15 anos exultaram com a minha
destruição…
Posted by Herman José on Wednesday, January 24, 2018

Rui e Cristina Cruz, de 43 e 44 anos (à data da Roda da Sorte tinham 18


e 19 anos) são pais de uma rapariga de 13 que é “assídua seguidora de
alguns dos YouTubers da casa”. Sabem que a filha vê os vídeos, embora
não os vejam com ela. “Não, ela não deixa. Às vezes tento ver o
que ela está a ver, mas ela não deixa. Vê no quarto, sozinha”,
comenta Cristina ao Observador. “Nós não temos tempo para ver o que
ela está a ver, quando chegamos a casa temos mais que fazer, e não
podemos estar sempre a vigiar os seus telemóveis”.

“Eles dizem asneiras, e influenciam os mais novos, parece que falam só


por códigos”, explica Rui. Os pais de Maria conheceram a Casa dos
YouTubers depois de terem visto uma reportagem na televisão. “Sei
que são um grupo que se juntou para fazer vídeos, e eu
lembro-me de pensar que eles é que eram espertos: ganhavam
dinheiro com vídeos sem grande conteúdo enquanto os mais
novos, ingénuos, os vêem”, explica Rui.

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"É como a dos jogadores de futebol: ao início todos os


miúdos querem jogar, porque vêem os craques na
televisão, mas depois sabem que aquilo não é para
todos. No fundo esta é uma pro ssão que surgiu por
causa das novas tecnologias, mas, ao menos,
ganham dinheiro honestamente, segundo mostram”,
diz Rui Cruz, pai de Maria, uma fã destes YouTubers

Maria não quer ser Youtuber, nem sabe de alguém, na sua escola, que o
queira ser. Vê os vídeos apenas para se entreter. “Não sou
influenciada, não quero ser YuTuber. Quero estudar na
mesma, ir para a universidade e ter um trabalho diferente no
futuro.

Sobre a forma como os mais novos de comportam, um dos YouTubers,


Wuant, lamentou não “poder atender a todos os fãs”. Num vídeo, fala
das consequências da fama, afirmando que o quer é “fazer vídeos”.
Fonte próxima do YouTuber explicou ao Observador a diferença destes
jovens em relação a outras vedetas que na juventude também
alcançaram a fama. “O conteúdo é todo feito por eles”,
adiantando ainda que “estão a crescer enquanto fazem o
trabalho sem triagem, mesmo para eles é um mundo novo”.

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Neste vídeo, Wuant explica que teve de ser retirado por seguranças de um dos
encontros que combinou com os seguidores

Quanto ganham os YouTubers?

Nenhum dos YouTubers revela, ao certo, quanto dinheiro faz por mês
com as visualizações e patrocínios. Mas há estimativas e, ao que
apurou o Observador junto de fonte próxima, são “bastante
realistas”. No entanto, convém perceber como é que surge o dinheiro.
Ao publicar vídeos no YouTube, é possível aderir ao “Partners
Program”, que permite monetizar os vídeos. A plataforma — que vive de
publicidade e venda de dados de utilização de quem usa o site — para
incentivar a criação de conteúdos dá aos criadores parte das receitas em
publicidade com base nas visualizações. O sistema parece simples, mas
tem sido “afinado” nos últimos anos, criando normas complexas.

Como antigamente a publicidade aparecia em qualquer vídeo e estes


conteúdos não são triados pela plataforma, houve casos de vídeos virais
controversos que levaram as marcas que queriam chegar aos
consumidores pelo YouTube a não quererem estar associadas a alguns
vídeos. A solução passou por criar algoritmos que recorrem a
inteligência artificial e têm uma pequena ajuda de filtragem por mão
humana para, ao perceber que um vídeo pode ter conteúdos que vão

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contra as normas da plataforma, serem “desmonetizados”. Ou seja, o


vídeo fica publicado, mas o YouTube não lhe adiciona publicidade e,
assim, não dá dinheiro a quem criou.

Foi assim que começaram a aparecer novas formas de financiamento,


como inserção de produtos nos vídeos com menção e visualização das
marcas (na televisão é uma tática antiga, com o nome de “product
placement”). Com o sucesso, outras fontes de rendimento surgem
através da publicação de vídeos e presença em grandes eventos (o
Lisboa Games Week, que teve mais de 70 mil visitantes, é um deles). No
entanto, só através do YouTube é possível ter alguma noção do máximo
que podem estar a ganhar estes jovens com o trabalho que produzem.

Segundo o site Socialblade, que faz uma estimativa dos rendimentos (a


tal “bastante realista”) que os YouTubers em todo o mundo têm através
da publicação de vídeos e das respetivas visualizações, SirKazzio pode
ter ganho, só em 2017, 401,6 mil euros. No mundo inteiro é o 530.º
YouTuber mais seguido. Já Wuant, que, como SirKazzio, tem livros
publicados, de acordo com o mesmo medidor poderá ter chegado aos
1,1 milhões de euros em 2017. Fonte próxima revelou que este
número é próximo do resultado real.

Uns lugares abaixo, no ranking dos mais seguidos mundialmente, está o


Gato Galático (Ronaldo Azevedo), no 596.º lugar. O mesmo site, pelas
contas que faz dos vídeos, avança que no máximo, em dezembro, o
YouTuber poderá ter auferido 134 mil euros. Já D4rkFrame estima-se
que ganhe, com os vídeos que publica, até 64,5 mil euros mensais.
Este YouTuber está em 908.º lugar no topo dos mais seguidos em todo o
mundo. O YouTuber Nuno Moura, com menos seguidores, poderá
auferir por mês com a publicação de vídeos cinco mil euros. Com
ganhos semelhantes está Pi, que se estima que ganhe cerca de seis mil
euros.

Convém perceber, explica fonte próxima dos YouTubers que prefere não
ser citada, que estes rendimentos não se restringem a cada vídeo, mas
sim a todos os conteúdos que têm no canal. “Eles podem ficar semanas

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sem trabalhar que, pelo que já fizeram, continuam a ter rendimentos do


YouTube”.

São números que permitem perceber, só pelos ganhos que podem


auferir com a publicação de vídeo (sem calcular os ganhos externos de
outras fontes), qual o rendimento que o YouTube pode conceder a quem
cria conteúdos para a plataforma e tem sucesso.

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