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O Marquês do Pombal, após o terramoto de 1755 que destruiu grande parte daquelas peças,
procurou fundar duas fábricas de tapeçarias, uma em Lisboa e outra em Tavira, as quais no
entanto não lhe sobreviveram.
A história das tapeçarias de Portalegre é, assim, uma história recente. Data de 1946, quando
dois amigos, Guy Fino e Manuel Celestino Peixeiro, resolveram fazer reviver a tradição dos
tapetes de ponto de nó, em Portalegre. A concorrência era grande e o negócio não mostrava
viabilidade. Foi então que Manuel do Carmo Peixeiro, pai de Manuel Celestino, desafiou os
dois jovens a fazer tapeçaria mural com um ponto inventado por ele, anos antes, enquanto
estudante têxtil em Roubaix. Todos se lançaram de alma e coração no projecto. A primeira
tapeçaria surge em 1948 sob cartão de João Tavares.
Outros pintores como Júlio Pomar, Maria Keil, Guilherme Camarinha, Renato Torres, Lima de
Freitas, contam-se entre os primeiros que colaboraram com a Manufactura de Tapeçarias.
Foram tempos difíceis pois “os velhos do Restelo” não acreditavam que fosse possível
tapeçaria portuguesa. A tapeçaria tinha que ser francesa ou flamenga.
Faltava no entanto cativar Jean Lurçat, o renovador da tapeçaria francesa, para a tapeçaria de
Portalegre.
- uma tecida em França e que o próprio Jean Lurçat oferecera à esposa de Guy Fino,
- e a sua réplica, autorizada, tecida em Portalegre.
Cativando novos pintores, dos mais variados países – França, Bélgica, Suíça, Inglaterra, Suécia,
África do Sul, Austrália, Brasil, Espanha, entre outros – a Tapeçaria de Portalegre difundiu-se
pelo mundo encontrando-se, para além de colecções particulares, em instituições de renome
mundial.
Assim, e apenas como exemplo, temos em Portugal, para além dos muitos organismos oficiais
e dos grandes bancos nacionais, a Culturgest e a Fundação Calouste Gulbenkian, na Austrália o
Supreme Court of New South Wales, na Alemanha, o Governo de Bad-Wurtemberg, Tribunal
de Justiça Europeu no Luxemburgo, Palácio do Governo, em Brasília.
Em 1975, com a revolução de Abril e a incerteza que se gerou a nível mundial relativamente a
Portugal, agravada no caso de uma produção eminentemente manual, fez com que o grande
mercado de exportação, principalmente para os Estados Unidos da América, que a
manufactura de Portalegre tinha conseguido, desaparecesse praticamente de um dia para o
outro com o cancelamento de muitas encomendas em curso.