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Universidade Federal de Goiás

Faculdade de Jornalismo
Núcleo Livre - História do Cinema
Docente: Lisandro Nogueira
Discente: Ana Caroline Machado Medeiros – 103981
Cinema Moderno: Lista de Filmes Assistidos por Movimento
Cinematográfico/Vertente Filosófica

Neo-realismo italiano – cinema da esquerda italiana.


Obsessão – Luchino Visconti. Primeiro uso do termo neo-realismo.
Roma, cidade aberta; Paisá; Alemanha, ano zero – “Trilogia” de Roberto Rossellini.
Roma, Cidade Aberta foi a obra inaugural, que exportou o neo-realismo italiano para
o cinema internacional.
Ladrões de Bicicleta – Vittorio de Sica. Filme emblemático da estética neo-realista.
A terra treme – Luchino Visconti.
Humberto D. – Vittorio de Sica.
“Trindade” neo-realista – De Sica-Zavattini, Rossellini e Visconti.
No fim da década de 50, há a decadência do neo-realismo, e o cinema italiano passa
a ter um viés existencialista, mas ainda com forte influência da estética neo-realista,
porém mais experimental. Realismo subjetivo, em oposição ao realismo objetivo de
antes.
Nova geração – realismo subjetivo:
A vida é bela – Roberto Benigni.
A Aventura – Michelangelo Antonioni
Blowup – Michelangelo Antonioni. Antonioni em Hollywood.
Noites de Cabíria – Federico Fellini.
8 ½ - Federico Fellini.
A doce vida – Federico Fellini -Considerado o “rompimento” de Fellini com o neo-
realismo. Crítica à moral pequeno-burguesa.
Rocco e seus irmãos – Luchino Visconti.
Diretor preferido: Pasolini – a subversão do cinema de esquerda
Pier Paolo Pasolini teve sua origem cinematográfica no neo-realismo, mas estruturou
toda sua obra em contraposição ao cinema poesia dos neo-realistas e dos diretores
da Nouvelle Vague. Para Pasolini, “eram burgueses, fazendo cinema burguês para
uma elite intelectual burguesa, que os consumia como verdadeiros produtos
revolucionários para irem contra a ideologia burguesa de seus pais”. Isso é
extremamente claro em seu histórico poema PCI aos Jovens, publicado após uma
manifestação estudantil, em que se coloca como simpático aos “policiais proletários
agredidos em passeatas por estudantes filhos da burguesia”.
“Sinto muito. A polêmica contra
o PCI tinha que ser feita na primeira metade
da década passada. Vocês meus filhos, estão atrasados.
E não importa que vocês não tivessem ainda nascido...
Agora os jornalistas do mundo inteiro (inclusive os da televisão)
ficam puxando (como acho que ainda se diz na linguagem das universidades)
o saco de vocês. Eu não, meus amigos.
Vocês têm cara de filhos de papai.
Odeio vocês como odeio seus pais.
Filho de peixinho, peixinho é.
Vocês têm o mesmo olhar maligno.
São medrosos, inseguros, desesperados
(ótimo!), mas também sabem como ser
prepotentes, chantagistas, convencidos, descarados:
prerrogativas pequeno-burguesas, meus amigos.
Ontem no Valle Giulia, quando vocês brigavam
com os policiais,
eu simpatizava com os policiais!
Porque os policiais são filhos de gente pobre.
Vêm das periferias, rurais ou urbanas que sejam.
Quanto a mim, conheço muito bem
seu jeito de terem sido crianças e rapazes,
as preciosas mil liras, o pai que também continuou sendo um rapaz,
por causa da miséria, que não confere autoridade.
A mãe calejada como um carregador, ou delicada,
devido a alguma doença, como um passarinho;
os irmãos todos;
(...)
E depois vejam como os vestem: como palhaços,
com aquele pano grosseiro que fede a rancho,
caserna e povo. O pior de tudo, naturalmente,
é o estado psicológico a que são reduzidos
(por umas quarenta mil liras ao mês):
nem um sorriso mais,
nem amizade alguma com o mundo,
separados,
excluídos (numa exclusão que não tem igual);
humilhados pela perda da qualidade de homens
em troca da de policiais (ser odiado faz odiar).
Têm vinte anos, a idade de vocês, meus caros e minhas caras.
Estamos obviamente de acordo contra a instituição da polícia.
Mas voltem-se contra a Magistratura, e vocês vão ver!
Os jovens policiais
que vocês por puro vandalismo (de nobre tradição
herdada do Risorgimento) de filhos de papai, espancaram
pertencem a outra classe social.
No Valle Giulia, ontem, tivemos assim um fragmento
de luta de classes: e vocês, meus amigos (embora do lado da razão)
eram os ricos, enquanto os policiais (que estavam do lado errado)
eram os pobres.
Bela vitória, portanto, a de vocês! Nestes casos,
aos policiais se dão flores, meus amigos.
Popolo e Corriere della Sera, Newsweek e Monde
Puxam o saco de vocês. Vocês são os filhos deles,
a sua esperança, o seu futuro...
(...)
É isso, caros filhos, que vocês sabem.
E que aplicam através de dois sentimentos irrevogáveis:
a consciência dos seus direitos (como se sabe a democracia
só leva em conta vocês) e a aspiração
ao poder.
Sim, as suas palavras de ordem versam sempre
sobre a tomada do poder.
(...)
Vocês ocupam as universidades,
mas suponham que a mesma idéia ocorra
a jovens operários.
Nesse caso,
o Corriere delle Sera e Popolo, Newsweek e Monde
procurariam com a mesma solicitude
compreender os problemas deles?
A polícia se limitaria a levar umas pancadas
dentro de uma fábrica ocupada?
Trata-se de uma observação banal;
e constrangedora. Mas sobretudo inútil:
porque vocês são burgueses
e portanto anticomunistas...
(...)
Falando assim,
vocês pedem tudo com palavras,
ao passo que com os atos, vocês pedem só aquilo
a que têm direito (como bons filhos da burguesia que são):
uma série de reformas inadiáveis
a aplicação de novos métodos pedagógicos
e a renovação de um organismo estatal.
Bravo! que nobres sentimentos!
Que a boa estrela da burguesia proteja vocês!
(...)”
(Trechos do Poema PCI aos Jovens).

Seus filmes não abordam as neuroses existenciais da burguesia, como o realismo


subjetivo e não glorificavam o proletariado – sob o olhar burguês - como o neo-
realismo clássico. Ao invés disso, focavam-se no subproletário – os marginais.
Contrapunha atores não-profissionais marginalizados com estrelas do cinema,
subvertendo os papéis: as estrelas eram figurantes, enquanto os marginais gozavam
do protagonismo. Todo o cinema de Pasolini é focado no protagonismo marginal, na
subversão dos moldes burgueses de arte, com alta carga ideológica, e é
indissociável de sua atuação política dentro do Partido Comunista Italiano.
Pasolini subverteu o cinema burguês travestido de “revolucionário” de seus
contemporâneos – subvertendo noções de erotismo e misticismo de modo a chocar
a esquerda moralista. Explorou tabus. Subverteu convenções estéticas e morais.
Criou sua própria linguagem cinematográfica, baseada em sua Semiologia da
Realidade. Sua obra o levou a ser assassinado, e, embora o caso tenha sido
juridicamente resolvido, sua morte ainda permanece sem solução.
Seus filmes podem ser definidos, para Luiz Nazario, como cinema de prosa poética.
Segundo Nazario, Pasolini desejava que seus filmes fossem vistos pelo que eram:
cinema hermético, aristocrático, dirigido à elite intelectual, revolucionário por sua
dimensão erótica, mítica e antropológica – sua Grande Recusa da sociedade
industrial. Cinema intelectual marginal.
Accattone: desajuste social – Em italiano, accattone significa mendigo. É seu
primeiro filme, aos 40 anos, quando já era escritor, poeta e professor consagrado.
Decameron, Os contos de Canterbury e As mil e uma noites – Trilogia da Vida de
Pasolini. Subverte a noção clássica de erotismo e das convenções morais.
O Evangelho segundo São Mateus – considerado por muitos sua obra-prima.
Discordo.
Pocilga – Duas histórias paralelas em épocas distintas que fazem um retrato
metafórico da degradação humana causada pela sociedade de consumo.
Gaviões e Passarinhos – parábola sobre o universo dos marginalizados.
Mamma Roma – história de uma prostituta que deseja mudar de classe social para
voltar a conviver com o filho adolescente.
Teorema – Para mim, a obra prima de Pasolini. Mostra a desestruturação de uma
família tradicional burguesa após a partida de um visitante misterioso, representando
os ideais comunistas, que lhes revela a futilidade de sua existência.
Saló/120 Dias de Sodoma – Supera qualquer obra anterior em termos de
transgressão estética e moral. Inspirado no livro homônimo do Marquês de Sade.
Último filme do Pasolini – foi assassinado logo depois do lançamento. Pesado.
Perturbador. Não veria novamente. Contextualiza o livro do Marques de Sade na
Itália fascista, na cidade de Saló.

Filmes Existencialistas
Bergman:
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O sétimo selo
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Cinema novo brasileiro


Deus e o Diabo na Terra do Sol
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