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DIREITO

ADMINISTRATIVO
CONVÊNIOS E CONSÓRCIOS PÚBLICOS
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Sumário

1. Conceito: ................................................................................................................................................................. 3

2. Características comuns ....................................................................................................................................... 3

3. Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2005) ou “novos consórcios públicos”........................................ 6

4. Complementação da doutrina: .......................................................................................................................... 8

5. JURISPRUDÊNCIA: INFORMATIVO 577 DO STJ ......................................................................................... 18

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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ATUALIZADO EM 30/06/2016

CONVÊNIOS E CONSÓRCIOSi

Em 2005 foi promulgada a Lei nº 11.107/2005 dispondo sobre os consórcios públicos. Antes
disso, a Lei nº 8.666/93 já se referia a consórcios e convênios. Fundamento legal: Art. 116 da Lei
nº 8.666/93.

1. Conceito:

 Convênio: é um acordo firmado entre entidades de qualquer espécie e os particulares.


A finalidade é a realização de objetivos comuns. Buscam-se interesses recíprocos e
convergentes;

 Consórcio administrativo: é um acordo firmado entre entidades da mesma espécie


(exemplo: dois municípios, dois Estados, duas autarquias). Não confundir com os
consórcios públicos da lei 11.107.

2. Características comuns

 É um instrumento de descentralização administrativa para interesses comuns e


convergentes. Os participantes são chamados de partícipes e não partes, como no
contrato (interesses divergentes).

 Cada ente colabora de acordo com as suas possiblidades. A responsabilidade segue


conforme a participação.

 Não necessita de licitação para a sua formação, salvo no caso de realização de edital de
chamamento para realizar convênios com pessoas privadas.

 É uma cooperação associativa que NÃO há a formação de nova personalidade jurídica.

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 A relação se constitui através de um plano de trabalho, que vai ditar todos os parâmetros
da relação. Esse plano de trabalho não depende de autorização legislativa. A
jurisprudência é firme no sentido de que a autorização prévia ou ratificação da Casa
Legislativa fere a independência e a harmonia dos poderes (ADI 342, 1587, 1166, 770
etc.). É preciso apenas dar ciência à casa legislativa. Diferentemente dos consórcios
públicos.

Plano de Trabalho – o conteúdo deve abranger (convênio e consórcio):

a) Identificação do objeto;
b) Descrição das metas a serem atingidas;
c) Planejamento para viabilizar a execução (etapas e fases do plano de trabalho);
d) Aplicação de recursos (plano de aplicação dos recursos);
e) Cronograma de desembolso (deve estar previsto na lei de diretrizes orçamentárias);
f) Previsão de início e fim dos trabalhos;

O controle é feito pelo órgão e pelo Tribunal de Contas. Em caso de qualquer tipo de desvio
cabe responsabilização das autoridades. Só libera a parcela seguinte com o cumprimento da
anterior. O dinheiro fica retido até a prestação de contas. Se ocorrer um atraso na prestação
de contas, haverá atraso no repasse também.

No caso de extinção ou conclusão do consórcio, o dinheiro vai ser devolvido de acordo


com o plano de trabalho.

Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acordos, ajustes e
outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração.

§ 1o A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou entidades da Administração


Pública depende de prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto pela
organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:
I - identificação do objeto a ser executado;
II - metas a serem atingidas;
III - etapas ou fases de execução;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
V - cronograma de desembolso;

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VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão das etapas ou
fases programadas;
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação de que os recursos
próprios para complementar a execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o
custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão descentralizador.

§ 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência do mesmo à


Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal respectiva.

§ 3o As parcelas do convênio serão liberadas em estrita conformidade com o plano de aplicação


aprovado, exceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o saneamento das
impropriedades ocorrentes:
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular aplicação da parcela anteriormente
recebida, na forma da legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de fiscalização
local, realizados periodicamente pela entidade ou órgão descentralizador dos recursos ou pelo
órgão competente do sistema de controle interno da Administração Pública;
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos recursos, atrasos não justificados no
cumprimento das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos princípios
fundamentais de Administração Pública nas contratações e demais atos praticados na execução
do convênio, ou o inadimplemento do executor com relação a outras cláusulas conveniais
básicas;
III - quando o executor deixar de adotar as medidas saneadoras apontadas pelo partícipe
repassador dos recursos ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno.

§ 4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão obrigatoriamente aplicados em


cadernetas de poupança de instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for igual ou
superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou operação de mercado
aberto lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização dos mesmos verificar-se em
prazos menores que um mês.

§ 5o As receitas financeiras auferidas na forma do parágrafo anterior serão obrigatoriamente


computadas a crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua finalidade,
devendo constar de demonstrativo específico que integrará as prestações de contas do ajuste.

§ 6o Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do convênio, acordo ou ajuste, os


saldos financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações
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financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo
improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da imediata instauração de tomada de
contas especial do responsável, providenciada pela autoridade competente do órgão ou
entidade titular dos recursos.

3. Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2005) ou novos consórcios públicos

Tem como fundamento o art. 241, CF. É uma forma de colaboração entre entes políticos (União,
Estados, Municípios e Distrito Federal), com o objetivo de prestar serviços públicos ou atividades
públicas de interesse comum (gestão associada). Exemplo: gestão para a criação de uma área
de preservação ambiental. Ex. dois municípios para criar uma reciclagem de lixo.

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os
consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a
gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Da reunião de entes políticos constitui-se uma nova entidade, nova pessoa jurídica, que é
denominada associação. Pode ter personalidade de direito público ou personalidade de direito
privado.1

Se tiver regime de direito público será uma espécie de autarquia (chama-se associação pública).
Se tiver regime de direito privado, o seu regime será híbrido (misto), semelhante à empresa
pública ou sociedade de economia mista. Nos dois casos ela pertence aos quadros da
Administração (JOSÉ). Resumo TRF discorda:

Art. 6.º, § 1º, da Lei 11.107/05: “§ 1o O consórcio público com personalidade jurídica de
direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação
consorciados.” É constituído de uma associação pública.

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As seguintes assertivas foram consideradas INCORRETAS:
I – O consórcio público adquirirá personalidade jurídica de direito público ou de direito privado, integrando, em
qualquer caso, a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.
II – O consórcio público que tenha personalidade jurídica de direito privado não está sujeito à fiscalização contábil,
operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas, a quem cabe fiscalizar apenas cada um dos integrantes do consórcio, nos
termos do contrato de rateio.
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Sendo assim, os consórcios públicos com personalidade jurídica de direito privado NÃO
integram a Adm. Pub.

Formalização: é realizado um protocolo de intenções. O protocolo de intenções é submetido a


cada uma das Casas Legislativas, precisando ser aprovado por cada ente. O protocolo é
transformado no contrato de consórcio, criando a pessoa jurídica. Se a autarquia é criada por lei,
como pode aqui ser criada por contrato. Doutrina critica.

Protocolo de intenções:
 Denominação, a finalidade, o prazo e a sede da nova pessoa jurídica.
 Quais são os entes participantes (entes consorciados);
 A área de atuação, considerando a soma dos territórios de todos os entes (se a
União estiver presente, poderá atuar em todo o território nacional).
 Regime jurídico da associação
 Autorizar o consórcio público a representar seus interesses.
 Definir as normas reguladoras da assembleia geral (instância máxima do
consórcio)
 Como é feita a representação legal. Eleição e mandato.
 A forma de provimento e remuneração dos empregados
 As condições para deliberação dos contratos de gestão e termos de parceria
 Definição do número de votos de cada entidade na assembleia geral, sendo
assegurado um 2voto a cada ente consorciado.

Nada mais é do que um contrato de administrativo com algumas regras próprias. O consórcio
ganhou algumas normas específicas no que diz respeito à licitação (exemplos: dispensa de
licitação quando o consórcio for contratado, art. 24, XXVI, da Lei nº 8.666/93; dispensa com
valores diferenciados, art. 24, parágrafo único – 20% do convite; os valores serão dobrados
ou triplicados para cada modalidade de licitação para os casos de consórcios com até 03
entes ou com mais de três entes, respectivamente, art. 23, §8º).
Mas as contratações feitas pelo consórcio requerem licitação.

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A seguinte assertiva foi considerada correta: O protocolo de intenções deve definir o número de votos que cada
ente da Federação consorciado possui na assembleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada ente consorciado. (MPRS –
2017).
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Regime de pessoal: o regime é de emprego público. É possível também receber a cessão de
servidores provenientes da Administração Direta.

4. Complementação da doutrina:

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5. JURISPRUDÊNCIA: INFORMATIVO 577 DO STJ

IMPORTANTE!!! Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual
estão previstos repasses federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir
pendência inscrita no CAUC não pode impedir que o consórcio receba os valores prometidos.
Isso porque o consórcio público é uma pessoa jurídica distinta dos entes federativos que o
integram e, segundo o princípio da intranscendência das sanções, as punições impostas não
podem superar a dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja, não podem prejudicar
outras pessoas jurídicas que não sejam aquelas que praticaram o ato. Assim, o fato de ente
integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para
Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a celebração de
convênio, à transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC 101/2000. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.463.921-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/11/2015 (Info 577).

Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas,
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referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos

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de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de
atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.

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