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Datura stramonium

Datura stramonium

Datura stramonium

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Solanales
Família: Solanaceae
Género: Datura
Espécie: D. stramonium
Nome binomial
Datura stramonium
L.

Datura stramonium, vulgarmente


designada como trombeta, trombeteira,
estramónio/estramônio, figueira-do-
demo, figueira-do-diabo, figueira-do-
inferno,[1] figueira brava e zabumba,[2] é
uma erva ereta anual, em média com 30
a 150 cm de altura.

As folhas são grandes, 7 a 20 cm e tem


dentes irregulares semelhante às folhas
de carvalho. Suas flores apresentam
uma das características mais distintivas
da Datura stramonium: elas possuem
formas de trombetas, cores que vão de
branco para púrpura, com tamanho de de
5 a 17,5 cm, sendo, entretanto,
constantemente confundidas com lírios.

As flores, com a mesma fragrância da


planta Mirabilis jalapa, elas abrem e
fecham irregularmente durante a noite,
ganhando o apelido de Planta-da-Lua.

A fruta tem forma oval e é coberta de


espinhos; é dividida em quatro câmaras,
cada uma delas com dúzias de
sementes de cor negra e pequenas. Toda
parte da planta emite um odor fétido
quando esmagada ou apertada.

Uso tradicional
Essa planta e outras variedades das
Datura fazem parte das farmacopéias
tradicionais de diversos povos euro-
asiáticos e ameríndios.[3] Seus princípios
ativos são os alcalóides tropânicos
atropina, hiosciamina e escopolamina,
que são classificados como
anticolinérgicos.

Recentemente pesquisas na Colômbia


com a administração da escopolamina,
extraídos de plantas pertencentes ao
gêneros Datura e Brugmansia, têm
fornecido um importante modelo
toxicológico do fenômeno neurológico
da memória. Extratos da planta,
popularmente conhecida como
"burundanga", capazes de causar uma
intoxicação por escopolamina,[4] são
descritos como causadores de uma
amnésia anterógrada transitória e de
comportamento submisso e apático,[5]
induzindo em maior dose delírios e perda
da consciência e amnésia por ação no
sistema nervoso central.[6] Devido ao
elevado risco de overdose em usuários
desinformados, muitas internações e
algumas mortes, são relatados com seu
uso recreativo.[7]

Entre os antigos índios Chumash


habitantes do litoral da Califórnia,
segundo relatos do explorador espanhol
Juan Rodriguez de Cabrillo (1542) a
datura ou "Erva de Jimson" era utilizada
para ajudar a produzir visões.
"Especialistas" preparavam uma infusão
da raiz da planta, que deixava o indivíduo
num estado letárgico por 18-24 horas,
após o que suas visões ou sonhos eram
relatados e interpretados por anciões da
aldeia. Além do "uso religioso", também
foi usada como anestesia, auxiliar na
fixação ossos e tratamento de contusões
e feridas, entre outros usos clínicos. [8]

Don Juan, no livro "A Erva do Diabo" de


Carlos Castañeda (1931-1998) [9] refere-
se nestes termos a esta espécie de
Datura:
"A erva-do-diabo tem quatro cabeças; a
raiz, a haste e as folhas, as flores e as
sementes. Cada qual é diferente, e
quem a tornar sua aliada tem de
aprender a respeito delas nessa
ordem. A cabeça mais importante está
nas raízes. O poder da erva-do-diabo é
conquistado por meio de suas raízes.
A haste e as folhas são a cabeça que
cura as moléstias; usada direito, essa
cabeça é uma dádiva para a
humanidade. A terceira cabeça fica
nas flores, e é usada para tornar as
pessoas malucas ou para fazê-las
obedientes, ou para matá-las. O
homem que tem a erva por aliada
nunca absorve as flores, nem mesmo
a haste e as folhas, a não ser no caso
de ele mesmo estar doente; mas as
raízes e as sementes são sempre
absorvidas; especialmente as
sementes, que são a quarta cabeça da
erva-do-diabo e a mais poderosa das
quatro".

Observe-se que entendimento de


concepções não ocidentais do efeito
dessa planta, no caso as crenças de
descendentes do toltecas/ astecas nas
quais o referido livro acima citado afirma
que se baseou, requer a análise do
contexto de seu uso e dos conceitos
empregados. O principal conceito nesse
caso é que que essa planta corresponde
a um "aliado" descrito também como um
veículo, uma qualidade e algo que pode
ser domesticado. Em relação a outros
aliados (associados à substancias
psicoativas também empregadas por
esse povo) a datura é um aliado
imprevisível, possessivo e violento,
capaz de matar quem a procura, e de
muito difícil domesticação, Castañeda,
(o.c.) É possível que essa
"domesticação" seja uma possibilidade
de manter a consciência e/ou a memória
(do acontecido) sob seu efeito, contudo
é essa capacidade de perda de
consciência o que pode despertar
interesse médico, numa perspectiva
ocidental, como auxiliar do controle da
dor, por exemplo ou do desenvolvimento
de aspectos específicos de
personalidade ou emoção na perspectiva
etnomédica.

Galeria
D. stramonium var. tatula, flor

D. stramonium var. tatula


D. stramonium var. tatula, flower (frente)

D. stramonium var. tatula, flower (lado)


D. stramonium fruto

D. stramonium fruto
D. stramonium fruto

D. stramonium, sementes
D. stramonium var. stramonium

D. stramonium Otto W. Thomé, 1885


 

D. stramonium em selo Magiar

Datura inoxia
 

D. Inoxia folhas e flor

D. stramonium
 

D. stramonium

Ver também

Estrutura química do tropano

A Erva do Diabo
Atropina
Beladona
Escopolamina
Hiosciamina
Mandrágora
Muscarina
Duboisia
Anticolinérgico

Referências
1. Houaiss, Antônio (2005). Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa. IX.
Lisboa: Temas & Debates
2. FERREIRA. Aurélio Buarque de Holanda.
Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa (Edição eletrônica). SP,
Editora Positivo Informática LTDA, 2004
3. Pascual, Marcos S.; Lorenzo, M Teresa,
C. Notas históricas y estudio de algunas
plantas mesoamericanas en Canarias:
piteras, tuneras y estramonios Vegueta:
Anuário, (255-263) , Universidad de Las
Palmas Grand Canaria, 2003 PDF Maio
2011
4. Scopolamine Erowid vault Maio 2011
5. Ardila A., Moreno C. Scopolamine
intoxication as a model of transient global
amnesia. Brain and Cognition, 15 (2), pp.
236-245. USA, 1991
6. Bustamante SE, Morales MA,
Farmacología de los antagonistas
muscarínicos. Apuntes Docentes
Enfermería 2002; 1-9 PDF Maio 2011
7. AJ Giannini,Drugs of Abuse--Second
Edition. Los Angeles, Practice
Management Information Corporation,
pp.48-51.
8. Ojibwa. Spiritual and Medicinal Plants
Used by the Chumash Indians. Native
American Netroots, March, 2015
http://nativeamericannetroots.net/diary/1
880 Aces. Dez., 2015
9. Castaneda, Carlos. A erva do diabo, os
ensinamentos de dom Juan. RJ, Nova Era,
2009

Ligações externas
Datura stramonium from 'A modern
herbal' by Mrs Grieve (1931)
Datura stramonium at Liber Herbarum
II
Datura stramonium at CalPhotos
Datura spp. at Erowid.org
Datura Poisoning, Jimsonweed
Herbalgram:The Role of Botanical
Medicine in 100 Years of American
Naturopathy
Video of teens after ingesting Jimson
Weed concoction
Duboísia (Buscopan)
Ficha da Datura stramonium em
Portugal com fotografias e
informação
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Datura_stramonium&oldid=48983409"

Última modificação há 10 meses p…

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