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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


" T R I B Ü N Ã L D E ^USTIÇÃ DE SÃC) PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
ACÓRDÃO REG,STRADO(A, S O B ^

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n° 511.253-4/0-00, da Comarca de

JALES, em que são apelantes ANTENOR PEDRINI E OUTRO sendo

apelados SEBASTIÃO LEONÉRCIO BOTON E OUTROS:

ACORDAM, em Sexta Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a

seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO, V.U.", de

conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores MAGNO ARAÚJO (Presidente), SEBASTIÃO CARLOS

GARCIA.

São Paulo, 03 de abril de 2008.

J^ ^--JLJ^

ENCINAS MANFRE
Relator
$ÉM PODER JUDICIÁRIO
«L -élí? TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

APELAÇÃO N°: 5 1 1 . 2 5 3 . 4 / 0 - 0 0 .
COMARCA: URANIA/ JALES.
APTES. : ANTENOR PREDRINI E REGINA HELENA
MAESTRELLO PEDRINIJAJJ.
APDOS. : SEBASTIÃO LEONERCIO BOTON E OUTROS.
VOTO N°: 4 7 3 1 .

EMENTA:
COMPÜOMISSO DE VENDA E COMPRA -
Indenização - Sentença a consubstanciar
improcedência do pedido dado o
reconhecimento de prescrição -
Inadmissibílidade - Hipótese na qual houve
anterior propositura de ação de indenização
relacionada a evicção e atos ilícitos
decorrentes de vendas indevidas por pessoa
sem titularidade dominial sobre a área maior
e abrangente do imóvel apontado
Impossibilidade de aplicação do artigo 515,
§3°, do Código de Processo Civil9 pois
imprescindível sobrevir instrução própria na
instância originária - Recurso provido para
anulação da sentença.

Trata-se de apelação (folhas 2 7 8 a 284) por


Antenor Pedrini e Regina Helena Maestrello Pedrini à
respeitável sentença (folhas 272 a 276) pela qual, em
decorrência do reconhecimento de prescrição, improcedente
pedido de indenização por eles formulado c o n t r a Augusto
Vitoreli Garcia e Julia Soubhia'Garcia, haja vista aquisição de
imóvel descrito n a petição inicial.

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Esses apelantes, com efeito, alegaram, em


síntese, na seguinte conformidade: a) ser caso de anulação da
sentença, pois não se verificou prescrição; b) promoveram a
ação em foco objetivando obter indenização pelos prejuízos
decorrentes da por eles denominada recompra que
necessitaram fazer em 22 de julho de 1985 em relação ao
imóvel descrito na petição inicial; c) embora esse negócio
jurídico se desse nessa data, a juíza sentenciante tomou por
base a data da inicial aquisição de parte da área aos
apelados, verificada em 12 de setembro de 1984; d)
promoveram a presente ação em 22 de julho de 2005, ou
seja, no prazo para não se operar a prescrição, que se
verificaria dia seguinte; e) até 22 de julho de 1985, além de
não terem conhecimento do que digam se chamar "evicção
duvidosa", não tinham sofrido o prejuízo cuja indenização ora
objetivam; f) aliás, para que não perdessem esse imóvel, eles
o adquiriram mediante essa recompra (cópia da escritura a
folhas 22/23) da qual lhes sobrevieram prejuízos; g) para o
evicto, caso deles, recobrar o preço pago pela coisa não é
necessário haver denunciação da lide em relação ao alienante
a propósito de ação pela qual terceiro a reivindique; h) a
prescrição não corre quando pendente ação de evicção.

Resposta a esáe recurso foi apresentada por


um dos recorridos, Seroaktião Leo^iércio Boton, com

APELN°51I 2514/0-Qa—URA"K'1A/JALES -VOT0473I -Regina

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argumentação, em suma, no sentido de dever ser mantida a


sentença.

É o relatório, preservado, no mais, o dessa


decisão.

Impõe-se o provimento do recurso.

Em 12 de setembro de 1984 e 4 de julho de


1985 (folhas 36, verso, e 37) houve registros imobiliários
relativos a áreas que os apelantes adquiriram dos apelados,
perfazendo o total de 10,0188 hectares.

Esse imóvel integrou maior área que Euphly


Jalles alienara a diversas pessoas, que, em seqüência,
empreenderam sucessivas -e correspondentes vendas, u m a
das quais a sobredita, feita aos apelantes.

Registra-se que, em benefício de Alcides do


Amaral Mendonça o Colendo Supremo Tribunal Federal
reconheceu prescrição em desfavor de Euphly Jalles, que
antes arrematara a área maior (folhas 43 a 48 e 63 a 67).

Com o domínio dessa área maior por Alcides


do Amaral Mendonça, os autores, após essa aquisição feita
aos réus, promoveram recompra do apontado imóvel de
10,0188 hectares.

Fizeram-no (folhas 22, 23, 32 e 33) para não


perder esse imóvel em relaçãplaq qual exerciam posse.

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Em decorrência dessa recompra à qual


premidos, segundo alegaram, desembolsaram quantia que
ora objetivam lhes seja restituída juntando com o despendido
com a lavratura de escrituras.

Conquanto essas aquisições feitas dos réus se


completassem em 4 de julho de 1985, e não obstante a ação
em foco fosse promovida em 22 de julho de 2005 — aliás,
data dessa recompra —, não se reconhece prescrição no caso
sob exame, porque, como se extrai das cópias a folhas
123/136, houve propositura de ação por Takuzo Nishi e
outras pessoas contra o espólio de Euphly Jalles para
indenização decorrente de evicção e atos ilícitos referentes às
supraditas vendas indevidas por essa pessoa sem titularidade
dominial em relação à área maior e abrangente do imóvel
menor apontado.

Aliás, o réu figurou como u m dos assistentes,


como reconhecido mediante acórdão motivo de declaração, o
qual datado de 11 de abril de 1989 (folhas 123 a 136).

Cora efeito, prevê o artigo 199, III, do Código


Civil — como o fazia o de 1916 no artigo 170, III —, não
correu a prescrição pendendo ação de evicção.

Por essas razões, preservado o convencimento


da digna juíza a quoA Imesta feita^nãoL se reconhece a

4/0-00 -URANIA/JALES - VOTO 4731 -Regina

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prescrição alegada mediante contestações e sustentada com a


resposta ao presente recurso.

Embora, assim, se reconheça não ser hipótese


de prescrição, não se aplica o parágrafo 3 o do artigo 515 do
Código de Processo Civil, porque, quer em relação à alegada
evicção, seja a propósito do ato ilícito — ambos causa de
pedir referentes à ação em foco —, necessidade h á de
instrução própria.

Logo, impõe-se a anulação da respeitável


sentença.

À vista u do exposto, dá-se provimento ao


recurso.

APELN° 511 253 4/0-00 - URANIA/JALES - VOl O 4731 -Resina

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