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(RE 220999, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.

NELSON JOBIM,
Segunda Turma, julgado em 25/04/2000, DJ 24-11-2000 PP-00104 EMENT VOL-02013-
10 PP-2034 RTJ VOL-00175-03 PP-01169), Nelson Jobim: discutia se a Uniao é
responsável civilmente pelos danos causados pela paralisação das atividades da
FRANAVE (empresa federal que exercia a atividade de transporte fluvial), ao argumento
de que com o sucateamento da frota da empresa esta deixou de transportar produtos
através do rio São Francisco conforme contrato celebrado com os produtores da região,
causando prejuízos aos mesmos já que dependiam do único meio de transporte
existente no local: O RE, pretende o exame da qualificação jurídica dos fatos
reconhecidos na sentença e no acórdão. O que se questiona é o enquadramento
normativo dos fatos e não a certeza e correção destes. A definição da norma a que um
determinado conjunto fático será subsumido é matéria de direito e não de fato. O
reexame vedado, na via extraordinária, é relativo à existência ou correção dos fatos
afirmados como certos. Não é vedado o reexame da legitimidade da qualificação jurídica
dos fatos. O STF afasta a incidência da Súmula 279 quando se discute a qualificação
jurídica dos fatos. O debate constitui matéria de direito e não de fato.

RE 76.535, Antonio Neder: Se a errônea definição jurídica do fato descrito e provado na causa
impede que incida nele a regra jurídica ... aplicável, a vulneração dessa norma é de ser
declarada em recurso extraordinário, pois essa é uma ‘quaestio juris’”

RE 97645, Neri da Silveira: Não se cuida, na hipótese, de mero reexame de provas, interditado
na Súmula 279, mas da qualificação jurídica dos fatos, assim como postos no acórdão”.

RE 130.764, Moreira Alves, no qual se discutiu a responsabilidade objetiva relativa a danos


causados por fuga de preso, o STF decidiu que “observo finalmente, que, como é a esta
Corte que cabe, com exclusividade em grau de jurisdição extraordinária, dizer da
contrariedade, ou não, de dispositivo constitucional, para se saber se ocorre, ou não, a
responsabilidade objetiva do Estado prevista na Constituição é indispensável qualificar
juridicamente os fatos tidos como certos pelo acórdão recorrido, para se apurar se se
verificam, ou não, os requisitos dessa responsabilidade, e, em consequência, se há, ou
não, a incidência da norma constitucional.

RE 210.917, Sepulveda Pertence, discutiu se há ou não responsabilidade civil no fato de


deputado federal proferir palavras que causam danos a outrem, no sentido de se elas
estão ou não acorbetadas pela imunidade material prevista na constituição.

EMENTA: I. Recurso extraordinário: prazo de interposição: suspensão pelas férias forenses. II.
Recurso extraordinário: decisão interlocutória que resolve a questão constitucional
controvertida: acórdão que, provendo apelação de sentença que extinguira o processo
por entender incidente o art. 53, caput, da Constituição, assenta o contrário e determina
a seqüência do processo: RE cabível. III. Recurso extraordinário: cabimento:
inaplicabilidade da Súmula 279, quando se cuida de rever a qualificação jurídica de fatos
incontroversos e não de discutir-lhes a realidade ou as circunstâncias. IV. Imunidade
parlamentar material (Const. art. 53): âmbito de abrangência e eficácia. 1. Na
interpretação do art. 53 da Constituição - que suprimiu a cláusula restritiva do âmbito
material da garantia -, o STF tem seguido linha intermediária que, de um lado, se recusa
a fazer da imunidade material um privilégio pessoal do político que detenha um
mandato, mas, de outro, atende às justas ponderações daqueles que, já sob os regimes
anteriores, realçavam como a restrição da inviolabilidade aos atos de estrito e formal
exercício do mandato deixava ao desabrigo da garantia manifestações que o contexto
do século dominado pela comunicação de massas tornou um prolongamento necessário
da atividade parlamentar: para o Tribunal, a inviolabilidade alcança toda manifestação
do congressista onde se possa identificar um laço de implicação recíproca entre o ato
praticado, ainda que fora do estrito exercício do mandato, e a qualidade de mandatário
político do agente. 2. Esse liame é de reconhecer-se na espécie, na qual o
encaminhamento ao Ministério Público de notitia criminis contra autoridades judiciais
e administrativas por suspeita de práticas ilícitas em prejuízo de uma autarquia federal
- posto não constitua exercício do mandato parlamentar stricto sensu -, quando feito
por uma Deputada, notoriamente empenhada no assunto, guarda inequívoca relação
de pertinência com o poder de controle do Parlamento sobre a administração da União.
3. A imunidade parlamentar material se estende à divulgação pela imprensa, por
iniciativa do congressista ou de terceiros, do fato coberto pela inviolabilidade. 4. A
inviolabilidade parlamentar elide não apenas a criminalidade ou a imputabilidade
criminal do parlamentar, mas também a sua responsabilidade civil por danos oriundos
da manifestação coberta pela imunidade ou pela divulgação dela: é conclusão assente,
na doutrina nacional e estrangeira, por quantos se tem ocupado especificamente do
tema.

(RE 210917, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em


12/08/1998, DJ 18-06-2001 PP-00012 EMENT VOL-02035-03 PP-00432)

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