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GUARATUBA
2010
BRUNO D. RODRIGUES
CARINE F. RODRIGUES
ELIAS DE S. MACIEL
FERNANDA C. ROSA
JOHN LENNON
MICHAEL CAVALLI
NEUCI F. FERREIRA
VALMOR T. JUNIOR
VANESSA L. ANDRADE
GUARATUBA
2010
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO................................................................................................... 04
1. EXPOSIÇÃO
Ações afirmativas...................................................................................... 05
Direito comparado..................................................................................... 05
2. ARGUMENTAÇÃO
Dados históricos....................................................................................... 07
Perguntas e respostas............................................................................ 12
Jurisprudências........................................................................................ 16
CONCLUSAO.................................................................................................... 20
BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 21
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INTRODUÇÃO
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1. EXPOSIÇÃO
Ações afirmativas
Direito comparado
Origem - EUA
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entre os anos de 1896 e 1954, as quais impediam que os negros frequentassem a
mesma escola que os brancos americanos.
O novo sistema não foi pacificamente aceito pela Corte americana, pois o ideal
pretendido com a implantação do sistema de cotas perdeu o cunho igualitário,
conforme relata André Tavares: "Entretanto, mais tarde, as ações afirmativas
tornaram-se verdadeiras concessões de preferências, de benefícios [...]."] Porém o
critério raça é visto de forma cautelosa por àquela corte.
Dois meses após tomar posse, Kennedy, expediu a Executive Order n.º 10.925
que utilizou pela primeira vez o termo ação afirmativa, em inglês, affirmative action
(..) inclusive no aprendizado."
Deste conflito na segunda parte de seu voto o relator Ministro Powell, permitiu a
Universidade da Califórnia que considerasse a raça como um dos critérios para a
admissão em seus cursos, no mesmo sentido votaram os Ministros Brennan, White,
Marshall e Blackmun.
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Objetivando combater discriminações e eliminar desigualdades historicamente
acumuladas, as ações afirmativas possuem um caráter temporário, uma vez que
devem ser utilizadas apenas enquanto persistirem os desequilíbrios sociais do grupo
beneficiado.
2. ARGUMENTAÇÃO
A partir de 1824 a lei assegura a extinção das punições físicas, bem como
previa que "as cadeias serão seguras, limpas e bem arejadas, havendo diversas
casas para separação dos réus, conforme suas circunstâncias e natureza de seus
crimes". Conforme o princípio do Iluminismo, ficavam assim preservadas as
liberdades e a dignidade dos homens livres.
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for escravo e incorrer em pena que não seja a capital ou de galés, será condenado
na de açoites, e depois de os sofrer, será entregue a seu senhor, que se obrigará a
trazê-lo com um ferro pelo tempo e maneira que o juiz designar, o número de açoites
será fixado na sentença e o escravo não poderá levar por dia mais de 50".
Os filhos de fazendeiros tiveram direito a cotas nas universidades até 1985 com a
Lei do Boi. Na verdade, a lei, de 1968, reservava vagas para filhos de agricultores
apenas em cursos de Agronomia ou Veterinária, independentemente de os pais
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serem ou não donos de terras.
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http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2102474/cotas-raciais-nas-maos-do-stf
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Biologicamente não existem raças, somos iguais, mas o racismo é um fato
social. No Brasil, com a miscigenação, o racismo criou uma escala cromática: quanto
mais escura a pele, maior o preconceito.
"Para se ter igualdade é necessário ter políticas públicas e leis que façam dos
desiguais iguais, uma vez que, sem as políticas, se manterá a desigualdade", opinou
o professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Carlos Frederico de
Souza Mares. É absolutamente fundamental que se tenha cotas para negros. 2
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http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2104401/pgr-e-oab-defendem-cotas-raciais-nas-universidades
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coibir a discriminação do presente, mas sobretudo eliminar os efeitos persistentes
(psicológicos, culturais e comportamentais) da discriminação do passado, que
tendem a se perpetuar. Esses efeitos se revelam na chamada discriminação
estrutural, espelhada nas abismais desigualdades sociais entre grupos dominantes e
grupos marginalizados. Figura também como meta das ações afirmativas a
implantação de uma certa diversidade e de uma maior representatividade dos
grupos minoritários nos mais diversos domínios de atividade pública e privada.3
Das 680 mil crianças de 7 a 14 anos fora da escola, 450 mil são negras. O
analfabetismo entre jovens negros de 15 a 29 anos é quase duas vezes maior do
que entre brancos. Das crianças que entram no ensino fundamental, 70% das
crianças brancas conseguem concluí-lo, e somente 30% das crianças negras
chegam ao final da etapa.
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http://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/a-necessidade-premente-da-implementacao-de-acoes-
afirmativas-face-a-realidade-desfavoravel-do-mercado-de-trabalho-para-a-raca-negra-no-brasil.html
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negras, indígenas e pobres, entre outras. É necessário conjugar no tempo
estratégias, ações e políticas que agilizem o processo histórico rumo a uma maior
igualdade na educação brasileira e a superação de um modelo educacional ainda
predominantemente eurocêntrico.
Não podemos esperar 67 anos, como previsto em vários estudos, para que
os indicadores educacionais de brancos e negros se encontrem. Esse tempo
sacrificaria mais três gerações, além de dezenas que, ao longo da história brasileira,
foram penalizadas pelo racismo. É também fundamental reconhecer que nenhuma
política universal é igualmente para todos ou neutra quando falamos em
desigualdades, argumento utilizado para questionar as ações afirmativas. 4
Pela Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888, trata em seu 2º ato oficial
que pela legislação do império, os negros não podiam freqüentar escolas, pois eram
considerados doentes de moléstias contagiosas. Isso retrata como o povo negro
sofreu e quanto tempo ficaram a mercê do saber, sem ter nenhum direito
estabelecido.
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http://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/
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complementar à Constituição de 1824, foi mais uma barreira de colocar a população
negra nas escolas.
As cotas são partes do que é conhecido como Ações Afirmativas, que são
medidas que existem em todo o mundo e têm como propósito dispensar um
tratamento positivamente diferenciado a determinados grupos em função da
discriminação em diversos níveis.
A constituição diz que todos devem ter direitos iguais, mas ao mesmo tempo
fala que, para se alcançar essa igualdade é preciso promover ações que façam com
que todos a tenham. Por que há cotas para mulheres e deficientes em diversos
ramos se eles têm que ser considerados iguais aos homens. Nenhuma cota tem a
função de ser eterna, sua função é chegar o mais próximo possível da igualdade
pregada na constituição para que ela seja realmente exercida por todos. É função do
Estado atingir essa igualdade que sua principal lei prega e que deixou de promover
em épocas anteriores.
Perguntas e Respostas
(R) A inclusão de políticas de ação afirmativa tanto no debate público como na pauta
do governo é uma conquista de segmentos do movimento negro, que há anos
denunciam a desigualdade social e racial no Brasil em vários setores: saúde,
educação, mercado de trabalho, moradia, entre outros. Tratar de maneira
diferenciada um grupo que teve menos oportunidades – e, portanto, que está em
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situação de desvantagem – é uma tentativa de diminuir essas desigualdades,
restituindo direitos há muito negados. Não é um privilégio. É, na realidade, o
exercício da democracia, respeitando a diversidade étnico-racial da nossa população
e revelando a forma desigual como essa diversidade tem sido tratada pelo Estado e
pela sociedade brasileira ao longo dos séculos.
(R) Esperamos que sim! As cotas têm um papel além da promoção do ingresso de
uma população específica na universidade. As cotas estimulam o debate sobre a
questão racial, que no Brasil chega com mais de um século de atraso, questionam a
diversidade dentro de instituições de ensino e nos fazem refletir nas conseqüências
do nosso passado escravo marcado pela ausência de políticas públicas pós-
abolição. As atuais disparidades entre pessoas brancas e negras no país são
também conseqüência da ausência dessas políticas. Além disso, a adoção de cotas
raciais nos convida a repensar antigos preconceitos e estereótipos, o que incomoda
e torna a questão polêmica, mas não menos necessária.
(P) Por que não são suficientes as cotas para alunas e alunos vindos de escolas
públicas?
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(R) A adoção de cotas para estudantes da rede pública de ensino é importante, mas
não atende diretamente a população negra. Esse tipo de medida reforça duas idéias
equivocadas.
A primeira é que não existem mecanismos de exclusão racial no Brasil.
Assim, se abrirmos caminhos para a inclusão das pessoas pobres, estaríamos
resolvendo o problema da maioria dos(as) negros(as) – o que não é verdade.
Mesmo entre pobres, assistiríamos a uma maiorinclusão dos(as) brancos(as). Na
maioria dos casos, as escolas tanto públicas como particulares não mostram as
pessoas negras como agente de uma história anterior a sua chegada ao Brasil. A
rica contribuição histórica e cultural dessa população não é trabalhada em sala.
Desde sempre, as crianças, negras ou não, aprendem a ver o(a) negro(a) de uma
forma negativa. A diferença é que, para as crianças negras, o impacto é maior: sua
auto-estima fica comprometida pela ausência de modelos negros. Ou seja, a escola
não dispõe de uma estrutura que valorize a população negra fazendo com que as
crianças negras, mesmo recebendo um ensino de “boa qualidade”, ainda assim
apresentem resultados mais baixos que colegas de classe brancos(as).
A segunda idéia nos faz crer que essa medida levaria a uma melhora da
qualidade da escola pública. Essa melhora já é apontada como necessária pelos
mais diversos segmentos da sociedade, mas muito pouco foi proposto, e menos
ainda foi elaborado nesse sentido. Apesar de acreditarmos também que essa
melhoria se faz necessária, não podemos esperar mais dez anos para que ela
aconteça, e, aí sim, alunas e alunos negros vindos de escolas públicas possam
competir com alunas e alunos de escolas particulares. Seriam mais dez anos de
exclusão. Outro dado muito importante é o da duração dessa forma de política de
ação afirmativa que estamos discutindo. As cotas têm um “prazo de validade”.
Queremos, sim, a melhora das escolas públicas, mas, como o processo de exclusão
tende a se perpetuar, o Estado precisa fazer valer uma medida temporária que ajude
a diminuir essa diferença. Então, ao mesmo tempo, o governo trabalha na melhoria
do ensino público, e a sociedade civil organizada faz seu papel elegendo políticos
que representem seus interesses, monitorando o seu trabalho, reivindicando seus
direitos de uma forma geral. As cotas representam uma medida urgente e, ao
mesmo tempo, temporária, passível de avaliação constante para o seu
aperfeiçoamento.
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(P) Não é injusto, para alunos(as) que tiraram nota maior, que negros(as) tenham
preferência no ingresso das universidades públicas?
Jurisprudências
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reserva de vagas como meio de ingresso em seus cursos de nível superior. (RE
597285 / RS - RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a):
Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 14/05/2010)
Transcrevo a ementa do acórdão recorrido:
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descendência ou origem nacional ou étnica. Quadro cultural brasileiro complexo no
que diz respeito ao reconhecimento da existência do próprio racismo, com a
ideologia do „branqueamento‟ e o „mito da democracia racial‟. Informes
internacionais questionando a dificuldade do aparelho estatal em reconhecer e
promover atitudes antidiscriminatórias. Reconhecimento, por outro lado, de que a
regra aparentemente neutra pode produzir discriminação, que a Constituição proíbe.
7. AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA. Art. 207, V, CF. Previsão constitucional
regulamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tendo como norte „as
normas gerais da União‟ e do „respectivo sistema de ensino‟, podendo ser
ampliadas ou reduzidas as vagas ofertadas.
8. SISTEMA MERITÓRIO. A previsão constante no art. 208, V da Constituição não
estabeleceu o „mérito‟ como critério único e decisivo para acesso ao ensino
superior, nem constitucionalizou o sistema do Vestibular. Existência de „nota de
corte‟, a demonstrar que o mérito é conjugado com outros critérios de índole social e
racial. Inexistência de „mérito‟ em abstrato.
9. AUTODECLARAÇÃO. Critério que não é ofensivo nem discriminatório em relação
aos „negros‟, porque: a) já é adotado para fins de censo populacional, sem
objeções; b) utilizado amplamente no direito internacional; c) guarda consonância
com os diplomas legais existentes; d) constitui reivindicação dos próprios
movimentos sociais antidiscriminação.
10. DISCRÍMEN RAÇA. Possibilidade admitida quando agir „não para humilhar ou
insultar um grupo racial, mas para compensar desvantagens impostas contra
minorias‟. Congruência com os ditames constitucionais de vedação ao racismo, na
ordem interna e externa, de modo a indicar: a) no aspecto negativo, a necessidade
de impedir qualquer conduta, prática ou atitude que incentive, prolifere ou constitua
racismo; b) no aspecto positivo, um mandamento de otimização de medidas
cabíveis e possíveis para erradicação de tal prática. Inexistência de „raças‟ a indicar,
contudo, a necessidade de censura ao „racismo‟. Inteligência da decisão do STF no
HC 82.424/RS. Preconceito, no Brasil, de fundo distinto daquele praticado nos EUA
e África do Sul („preconceito de marca‟ ao invés de „preconceito de origem‟), a
indicar a inaplicabilidade, aqui, das discussões sobre percentuais de genes
africanos, europeus ou indígenas.
11. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. Aplicação aos atos de todos os
poderes públicos, vinculando legislador, julgador e administrador, mas com
extensão e intensidade distintas conforme se trate de atos legislativos, da
administração ou da jurisdição. Limites de „conformação‟ do administrador e do
legislador a reduzir a análise de todas as possibilidades de escolhas postas à
disposição. Verificação de: a) adequação, que não constitui o dever de escolher o
meio mais intenso, melhor e mais seguro, mas sim a anular o ato somente quando a
inadequação for evidente e não for, de qualquer modo, justificável; b) necessidade,
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em relação ao meio eficaz e menos desvantajoso para os cidadãos; c)
proporcionalidade em sentido estrito, comparando a importância da realização do
fim e a intensidade da restrição de direitos fundamentais. Metas fixadas para
educação nacional pelo Legislativo com duração de dez anos, passíveis de revisão.
Não-comprovação de que as premissas para instituição de critérios de „inclusão
social‟- ampliação do acesso para estudos de ensino público e autodeclarados
negros, promoção da diversidade étnico-racial no ambiente universitário, educação
de relações étnico-raciais - não são critérios adequados, necessários e
proporcionais para os fins constitucionais de repúdio ao racismo, redução das
desigualdades sociais, pluralismo de idéias, garantia de padrão de qualidade do
ensino, defesa e valorização da memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, valorização da diversidade étnica e cultural e promoção do
bem de todos, „sem preconceitos de raça e cor e quaisquer outras formas de
discriminação‟. Percentuais de cotas que não constituem patamar elevado, seja
porque 87% da oferta de vagas vem do ensino público médio e fundamental, seja
porque a população negra brasileira é superior ao percentual estabelecido nas
cotas. Reconhecimento de que os programas deixam sempre à disputa livre da
maioria „a maior parcela de vagas‟, como forma de „garantia democrática do
exercício de liberdade pessoal e realização do princípio da não-discriminação‟
(Carmen Lucia Antunes)” (fl. 390).
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CONCLUSAO
Acreditamos que esta batalha está muito próxima de acabar e o lado contrário
às cotas irão levantar a bandeira branca da consciência e render-se-ão à ascensão
negra, que agora com mãos e pés livres das correntes e mordaças que os
continham em um nível inferior dentro de uma sociedade preconceituosa, marcha a
passos largos rumo ao patamar estabelecido pela Carta Magna de nosso País e por
Deus que é a igualdade entre os homens.
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BIBLIOGRAFIA
MELO, Osias Tibúrcio Fernandes. Ação afirmativa: o problema das cotas raciais
para acesso ás instituições da rede pública. Jus Navigandi,
Pernambuco,dez.2003.Disponível em:
<http://www.jus2.uol. com.br/doutrina/texto.asp?id=5301>. Acesso em: 29 maio.
2010.
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