A Estrutura Conceitual, estipulada pelo CPC 00, define
um conjunto de conceitos e definições fundamentais para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, ali denominadas Relatórios Financeiros de Propósito Geral. Inicialmente define que tais demonstrações são elaboradas e apresentadas prioritariamente a usuários externos, objetivando fornecer informações que sejam úteis à tomada de decisões, não tendo o propósito de atender a finalidade ou necessidade específica de nenhum deles. Governos, órgão reguladores ou autoridades tributárias podem determinar exigências de forma a atender seus interesses específicos, sem no entanto alterar as demonstrações elaboradas com base na Estrutura Conceitual. Sua finalidade é dar suporte ao desenvolvimento da própria contabilidade, bem como auxiliar profissionais e usuários na elaboração e interpretação das demonstrações contábeis. De forma sintetizada, pode-se afirmar que a Estrutura Conceitual busca por meio de uma padronização, fornecer credibilidade às Demonstrações Contábeis, unificando sua forma de elaboração e interpretação. Para tanto, aborda o objetivo da elaboração e divulgação do relatório contábil, as características qualitativas da informação contábil, a definição, mensuração e reconhecimento dos elementos contábeis, e os conceitos de capital e manutenção de capital. Há de se ressaltar que a estrutura conceitual não é um Pronunciamento Técnico propriamente dito, não definindo normas e procedimentos técnicos específicos. Desta forma, em casos de conflitos com qualquer Pronunciamento, Interpretação ou Orientação, serão estas sempre seguidas, se sobrepondo a Estrutura Conceitual. A bem da verdade, a Estrutura Conceitual apresenta como usuários primários das Demonstrações Contábeis investidores existentes e em potencial, credores por empréstimos e outros credores que pretendam comprar, vender, manter participações, oferecer ou disponibilizar créditos à entidade. Tudo isto porque estes não podem solicitar diretamente a ela as informações de seus interesses, necessitando então confiar nas informações contidas em tais demonstrações. Estas demonstrações não tem a obrigação de conter todas as informações que estes necessitem, bem como não são elaboradas com propósito de se chegar ao valor da entidade. Mister se faz citar que a Estrutura Conceitual define as características qualitativas que a informação contábil deve conter. Isto por que se a intenção é que tais informações sejam úteis, precisam elas então ser dotadas de determinadas características de qualidade. De acordo com o CPC 00, para ser útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propões apresentar. A utilidade da informação é melhorada se ela for 1 - ESTRUTURA CONCEITUAL
comparável, verificável, tempestiva e compreensível. Desta
forma, as características qualitativas se dividem em fundamentais e de melhoria. Por definição, características qualitativas fundamentais são a relevância e representação fidedigna. RELEVANTE é aquela capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. Para ser considerada relevante, a informação contábil deverá possuir valor preditivo, valor confirmatório ou ambos. Preditivo, é aquele valor que pode ser utilizado como base prever futuros resultados. Valor confirmatório vem a ser um feedback para avaliações prévias. Outro aspecto específico da relevância é a materialidade, que indica se a omissão ou distorção de determinada informação tem poder em influenciar a decisão de seus usuários. Para que seja representada com fidedignidade, a informação precisa ser completa, neutra e livre de erros, não objetivando, todavia, a perfeição. Completa, por conter toda informação necessária, neutra, por ser desprovida de viés. Livre de erro não significa que seja provida de total exatidão, e sim que sua produção tenha sido corretamente efetuada, não havendo erros na seleção e aplicação do processo apropriado. Já sobre as características qualitativas de melhoria, podemos definir como comparabilidade, a característica qualitativa que permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades e diferenças entre ao menos dois itens. Verificável é a informação a que ao ser analisada possibilite que diferentes observadores cheguem a um consenso quanto a realidade econômica de uma informação. Tempestiva é a informação disponibilizada a tempo de influenciar na tomada de decisão. Compreensível, é aquela classificada, caracterizada e apresentada com clareza e concisão. O CPC 00 prevê ainda que o custo há de ser uma restrição a elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, devendo a Entidade analisar se os custos envolvidos para sua geração são justificados pelos benefícios gerados por sua divulgação. De acordo com a Estrutura Conceitual, os elementos diretamente relacionados com a mensuração da posição patrimonial e financeira são os ativos, os passivos e o patrimônio liquido. Ativo é definido como um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade. Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos. Já o Patrimônio Líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos. Essas definições, porém, não implicam em obrigatoriedade do reconhecimento de 1 - ESTRUTURA CONCEITUAL
elementos como ativo ou passivo, haja vista necessidade
destes satisfazerem ainda as exigências necessárias ao critério de reconhecimento. Tanto que Balanços Patrimoniais podem incluir itens que não satisfaçam às definições mencionadas. O CPC prevê ainda que com base em sua definição, ser dispensável a propriedade, motivo pelo qual arrendamentos mercantis caracterizam-se como ativos, e observa que apesar de alguns possuírem, ativos não necessariamente devam ser bens corpóreos, enquadrando-se na definição direitos autorais e patentes. Definição também se dá aos elementos de resultado, ou seja, receitas e despesas, frequentemente utilizados como medidas de performance. Por este lado, define-se como RECEITAS os aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais. Neste conceito enquadram-se também os ganhos. DESPESAS são os decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais. A definição de despesa inclui também as perdas. Para que sejam reconhecidos, e devidamente alocados em Balanço Patrimonial ou Demonstração de resultado, os elementos precisam atender a requisitos como por exemplo ter custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade. Esta mensuração poderá se dar de quatro formas:
(a) Custo histórico. Os ativos são registrados pelos
montantes pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos montantes dos recursos recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias (como, por exemplo, imposto de renda), pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa se espera serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. (b) Custo corrente. Os ativos são mantidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa que teriam de ser pagos se esses mesmos ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data do balanço. Os passivos são reconhecidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam necessários para liquidar a obrigação na data do balanço. 1 - ESTRUTURA CONCEITUAL
(c) Valor realizável (valor de realização ou de
liquidação). Os ativos são mantidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa que poderiam ser obtidos pela sua venda em forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos seus montantes de liquidação, isto é, pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se espera serão pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações. (d) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado, dos fluxos futuros de entradas líquidas de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado, dos fluxos futuros de saídas líquidas de caixa que se espera serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. Destes, o mais comumente utilizado pelas entidades é o custo histórico. Por fim, traz o conceito de Capital e Manutenção do Capital, esclarecendo que o conceito de Capital Financeiro é o mais utilizado pelas entidades apesar da existência do capital físico. Estes, darão origem aos conceitos de Manutenção do Capital, que poderão ser também financeiro ou físico.