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Forma de Recepcao Do Direito Estrangeiro
Forma de Recepcao Do Direito Estrangeiro
Introdução
Vários países têm o DI como prevalecente em relação ao Direito Interno, mas outros não. O
nosso país respeita as normas do DI (art. 17/2 da constituição da República de Moçambique),
dando-lhes igual valor jurídico aos actos infraconstitucionais emanados da Assembleia da
República e do Governo, conforme a forma da sua recepção.
Esta abordagem não tenciona ser o cumulo de todo um estudo sobre o que acima se disse, mas
pequenas orientações e informações que ajudarão a entrar no espírito do DI e tentar perceber
como o DI foi impondo a sua universalidade no contexto jurídico interno moçambicano.
Sendo assim propomo-nos a abordar primeiramente a definição do Direito Internacional e de
seguida falar desde os modelos de incorporação, de inserção e principalmente da posição do
Direito Internacional no Direito interno ou seja no ordenamento jurídico Moçambicano.
1.1.Justificativa
A escolha do tema surge no âmbito de perceber o valor das normas internacionais no
ordenamento jurídico interno, tendo em conta os princípios de soberania constitucionalmente
consagrados.
1.2 Problema
Nos últimos tempos tem se verificado uma crescente intensificação de relações internacionais
por conta da ideia de uma aldeia global ou seja globalização, dai a necessidade de se estudar
cada vez mais as normas que vão reger as relações entre varias entidades de caracter
internacional e perceber de que modo estas normas passam a vigorar na ordem jurídica interna
dos Estados.
Em torno do problema da relação entre o Direito Internacional e Direito Interno gira a questão
de se saber como comportar-se diante de duas realidades diferentes em função do âmbito de
aplicação que as duas cobrem. Deste modo, o problema pode traduzir-se na seguinte pergunta:
há ou não unidade de Direito? Assim, a resposta a esta questão leva-nos a tomar duas posições
diferentes. Se dissermos que sim, estaremos na tese monista e se dissermos que não, na tese
dualista. Aceitando a tese monista, suscitará um outro problema que se debruça sobre a
primazia de um sobre o outro, ou seja qual será o subalterno? Por assim dizer, teremos a
situação de monismo com prevalência do DI ou do direito interno.
Desta forma, cabe-nos apresentar as ou teses, pois do ponto de vista de Paul de Visscher, as
duas concepções são defensáveis porquanto o “Direito Interno é expressão da soberania interna
do Estado e o Direito Internacional é um Direito de coordenação”. Quanto a nós nos resta agora
irmos dando os argumentos que cada tese defende e, por fim apresentarmos a solução coerente
com o nosso sistema jurídico.
a) Tese dualista
Esta tese foi exposta pelo jurista alemão Triepel, na sua obra Volkerrecht und Landesrecht, em
que falou sobre o assunto e concluiu que o DI e o Direito Interno são independentes de tal
modo que as suas normas diferem tanto do campo das fontes (no DI há fusão das vontades de
vários Estados com um mesmo conteúdo e no direito interno a vontade do Estado) como dos
sujeitos destinatários (no DI os Estados e no interno as pessoas singulares e colectivas). Além
disso, frisa, dizendo que “as duas ordens têm características jurídicas distintas”.
Para ele e mais tarde Anzilotti, Perassi e outros, a norma do DI só vale na esfera estadual depois
de ser recebida, ou seja, é necessário transformá-la em lei interna, disto não resultando segundo
esta doutrina nenhum conflito entre sistemas, pois tais normas regem relações diferentes. (Cfr.
Albino, op. cit. p. 66).
Contudo, esta doutrina tem sido alvo de várias críticas pelas seguintes razões que a seguir
enunciamos:
Nesta concepção, mesmo que se admitam como válidas as teses de Triepel e Anzilotti,
não abrange todo o DI, pois só se refere aos Tratados, deixando de lado o costume
internacional praticado e aplicado pelos tribunais internos;
O argumento da diversidade de fontes não suporta a tese uma vez que é válido
aparentemente. Ora, o que se constata é que as duas normas jurídicas partem duma fonte
material comum por se reconduzir sempre aos factores de ordem social que as tornam
sempre necessárias;
c) Numa situação de Direito Comparado, o costume constitui no Sistema jurídico anglo-
americano um meio de formação e revelação do Direito, desempenhando na Inglaterra uma
função superior à da lei;
d) A diversidade de sujeitos não é uma tese defensável, porque tanto no DI como no Direito
Interno a maior parte das leis do Direito Público têm por destinatários os Estados e ainda mais
o indivíduo faz, hoje, parte do DI.
Deste modo, é notável quão esta tese vem tombando em função da própria evolução do DI.
Assim, conclui-se que o campo de actuação do DI e o campo de actuação do Direito Interno
coincidem, não havendo razão para distingui-los.
Defendida por Zorn, Wenzel e Jllinek, esta tese suporta a ideia de que o “DI obriga porque
provém da própria vontade do Estado, vincula porque é, todo ele, direito interno ”. Deste modo,
o DI subsume-se no Direito Interno uma vez que os Estados aceitam o DI, mesmo sem o
ratificar como é o caso de imunidades diplomáticas e outros.
Esta tese sofre objeções, pois nenhum Estado pode invocar as suas normas internas para se
eximir ao cumprimento das suas obrigações internacionais (art. 27 da Convenção de Viena).
Disto resulta que a validade do DI não depende da validade do Direito Interno.
Esta tese defende a ideia de que o DI é hierarquicamente superior às ordens jurídicas estaduais.
Esta constitui a tese preponderante e é a mais consentânea com o estado actual das relações
jurídicas na Comunidade Internacional.
Conforme esta concepção as normas internas são simples derivações ou delegações do DI, o
que quer dizer que quando existir um conflito entre estas, as internas ficam enfermadas do vício
de nulidade.
É bem menor o número de casos em que os textos constitucionais tomam posição a respeito da
sua relação com o Direito Internacional comparativamente a situação do entendimento
constitucional assumido acerca da posição hierárquica do Direito Internacional com o Direito
Infra-Constitucional.
O panorama é já bastante diverso quanto há outro mencionada tópico uma vez que são mais
numerosos os casos em que os textos constitucionais de língua portuguesa tomam posição sobre
a relação entre o Direito Internacional e o Direito Infra-Constitucional, sendo de distinguir três
tipos de entendimento:~
A nós cabe-nos ressalvar o entendimento de espirito global, protagonizado por um único Estado
funcionando para a globalidade das fontes internacionais numa meritória preocupação de
esclarecimento acerca das responsabilidades internacionais que o Estado em causa assume na
cena Internacional. Cabemo-nos ressalvar este entendimento porque é o caso muito discutível
na opção feita da CRM que confere igual nivelamento legislativo ao Direito Internacional.
As normas de Direito Internacional segundo o disposto do nº 2 do art. 18 da CRM tem na ordem
jurídica interna o mesmo valor que assumem os actos normativos infraconstitucionais
emanados da Assembleia da Republica e do Governo, consoante a sua respectiva forma de
recepção.
4. Conclusão
Foi portanto matéria deste trabalho a posição hierárquica do Direito Internacional na ordem
jurídica Moçambicana, tema atribuído na cadeira de Direito Internacional Publico.
Embora tenha ficado evidente da não eficácia plena do Direito Internacional na ordem interna,
do exposto pode-se de forma transparente perceber que posição o Direito Internacional ocupa
no ordenamento jurídico Moçambicano, tendo em conta as técnicas de recepção (nº 1 do Art.
18 CRM).
O Direito Internacional depois de devidamente aprovados vão ter o mesmo valor que os actos
normativos emanados pela Assembleia da Republica ou seja numa escala hierárquica as normas
de Direito Internacional vão o ocupar a segunda posição depois do primeiro lugar ocupado pela
Lei Mãe (Constituição da Republica de Moçambique) segundo o disposto do nº 2 do artigo 18
da CRM (As normas de Direito internacional tem na ordem jurídica interna o mesmo valor
que assumem os actos normativos infraconstitucionais emanados da Assembleia da Republica
e do Governo, consoante a sua forma de recepção. Sendo assim todos os textos internacionais
aprovados devem estar em conformidade de com Texto Constitucional sob pena de não serem
aceites.