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Direito Civil 1

Olá, eu sou o Alexandre Mazza, professor, mestre e doutorando em


Direito pela PUC de SP. Eu desenvolvi um projeto pioneiro de ensino
do Direito utilizando a MEMÓRIA AUDITIVA e a MÚSICA como
instrumentos imbatíveis de assimilação da matéria.

Inicialmente lancei 2 audiolivros, que eu tenho CERTEZA que você


conhece, um de Direito Tributário e outro de Direito Administrativo.
Eles são um tremendo sucesso. MILHARES DE PESSOAS
aprenderam a gostar de Tributário e Administrativo, conseguindo
vencer no Exame da OAB e também nos mais exigentes concursos
públicos do Brasil.

Agora, o projeto está sendo ampliado com o lançamento de audiolivros


de todas as outras matérias. Cada novo audiolivro foi desenvolvido
com a colaboração de professores especializados na respectiva área
eu me encarreguei pessoalmente de adaptar a forma do texto e de
fazer a narração ...para garantir a mesma qualidade i eficiência que
determinaram o sucesso dos meus audiolivros.

O objetivo continua o mesmo, pois eu preciso que você passe e


conto com a sua ajuda para divulgar o meu trabalho aos seus amigos
e conhecidos.

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bons estudos.

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LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL

A lei de introdução ao Código Civil não regula somente o Código


Civil. Regula as leis em geral. Seu objeto é a norma, disciplinando
todos os ramos do direito. Só não tem aplicação naquilo que já estiver
regulado de forma diferente pela legislação específica.

Ela regulamenta o início da vigência da lei e o tempo de


obrigatoriedade. Disciplina os mecanismos a serem seguidos quando
houver alguma lacuna na lei e os meios de interpretá-la, bem como o
direito intertemporal. Regula também o direito internacional privado e
os atos civis praticados por autoridades brasileiras em território
estrangeiro.

Antes de entrar em vigor a lei passa por algumas fases. São elas
a elaboração, a promulgação e a publicação. Depois de ser publicada,
em geral aguarda-se um prazo para que comece a vigorar. A esse
prazo dá-se o nome de vacatio legis. Algumas vezes a própria lei diz
quando começará a vigorar. Se no próprio dia da publicação ou qual
será o período de vacatio legis. Se a lei nada disser esse período será
de 45 dias, ou seja, a lei começa a vigorar 45 dias depois de
publicada. É o que estabelece o artigo 1167 da Lei de Introdução ao
Código Civil.

E sobre isso tem música.....

Caso se trate de uma lei que também tenha aplicação em território


estrangeiro, o período de vacatio legis é de 3 meses depois de
publicada.

Se antes da entrada em vigor houver nova publicação do texto


com a finalidade de se corrigir erros na redação, o prazo começa a
contar dessa nova publicação. Agora, se a lei já estava em vigor, a
publicação para correção é considerada lei nova.
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Como já dissemos a lei é permanente. Se não for expressamente
destinada à vigência temporária, ela vigora até que outra a modifique
ou a revogue. A revogação por outra lei pode ser total ou apenas em
parte, parcial. A revogação total é chamada de ab-rogação. A parcial
de derrogação. Se a nova lei declarar expressamente que revoga a
anterior, dizemos que ocorreu revogação expressa.
Se nada disser, mas tiver conteúdo incompatível ou regular toda a
matéria da lei anterior, dizemos que ocorreu a revogação tácita. Agora,
se a nova lei apenas estabelecer disposições genéricas sobre a
matéria já regulada, não ocorre revogação nem modificação da lei
anterior.

Questão interessante é saber se quando a lei revogadora perde a


vigência, a lei revogadora se restaura. Exemplificando, temos em vigor
a lei X. Essa lei foi revogada pela lei Y. Passado algum tempo, a lei Y
perde a vigência, porque revogada pela lei Z. Fica restaurada a lei X?
Ela volta a entrar em vigor? Como regra geral não. Só quando houver
expressa disposição estabelecendo que a lei X volta a viger. A esse
fenômeno dá-se o nome de repristinação. A regra geral, portanto, é a
da não repristinação da lei. Só há repristinação se a lei expressamente
declarar esse efeito.

Quando a lei entra em vigor a obrigação de cumpri-la é de todas


as pessoas, indistintamente. Ninguém pode simplesmente deixar de
cumprir a lei, dizendo que não a conhecia. Isso ofenderia a eficácia da
lei.

Mas como proceder, se não houver lei regulamentando


determinada situação? Poderia um juiz deixar de julgar um caso,
alegando que há omissão com relação àquela questão? Não. Por tais
razões, o direito coloca à disposição alguns mecanismos de
integração das normas. Visam, pois, suprir lacunas que possam surgir.
São eles a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.
Essas formas de integração não podem ser utilizadas aleatoriamente.
Havendo lacuna, o juiz se socorrerá, em primeiro lugar da analogia. Só
se não puder integrar a norma com a analogia é que recorrerá aos
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costumes. E só depois dos costumes o juiz pode se valer dos
princípios gerais. Analogia é a utilização de outra lei que regule uma
hipótese semelhante, parecida com aquele caso concreto. Costume é
a prática reiterada de um determinado ato com a convicção de sua
obrigatoriedade. Um exemplo é o cheque pós datado, comumente
utilizado no comércio. A rigor, o cheque pós datado não existe, pois o
cheque é uma ordem de pagamento à vista. Mas é largamente
utilizado, e todos crêem na obrigatoriedade de se aguardar o prazo
para depósito.
Os princípios gerais do direito são regras nem sempre escritas,
que auxiliam na compreensão e aplicação de todo o sistema jurídico.
Um exemplo é o princípio de que a boa-fé se presume.

Para que se possa compreender o sentido da lei é necessário


interpretá-la.A hermenêutica consiste, pois, na interpretação das leis.
A interpretação pode ser feita por vários meios. São eles o gramatical,
lógico, sistemático, histórico ou sociológico. Interpretação gramatical
ou literal é aquela em que se examina a lei do ponto de vista
lingüístico, verificando-se as frases, a pontuação etc. A interpretação
lógica consiste em procurar entender o objetivo do legislador, ao invés
do que literalmente está escrito. Já a interpretação sistemática analisa
a lei em conjunto com outras que com ela tenham alguma relação. A
interpretação histórica procura saber os fatos que antecederam a
elaboração da norma para adequá-la ao contexto atual. E, por fim, a
interpretação sociológica ou teleológica é aquela que busca adequar a
lei às mudanças sociais ocorridas com o passar do tempo.

Em geral, quando a lei entra em vigor, ela tem efeito imediato. As


situações já constituídas devem ser respeitadas, ou seja, não podem
ser mudadas pela nova lei. A lei nova deve respeitar o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

A lei vigora em todo o país. É o princípio da territorialidade. O


critério utilizado pela Lei de Introdução é o do domicílio da pessoa.
Assim, a lei do lugar onde a pessoa for domiciliada é que vai regular a
personalidade, a capacidade e o direito de família. Se a pessoa não

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tiver domicílio a lei válida será a do local de sua residência ou onde se
encontrar.

Com relação ao casamento, quando ocorrer no Brasil, vale a


nossa lei no que se referir a impedimentos e formalidades da
celebração, mesmo que os noivos sejam estrangeiros. O casamento
também pode ser celebrado em obediência às normas do país dos
noivos, se eles casarem perante as autoridades diplomáticas ou
consulares do seu país. Se ambos os nubentes forem brasileiros e não
estiverem no Brasil, o casamento será celebrado pelas autoridades
consulares brasileiras. A essas autoridades também competem os
atos de registro civil, tabelionato, registro de nascimento e óbito.
Já o regime de bens é regido pela lei onde os nubentes tiverem
domicílio. Se tiverem domicílio em lugares diversos, vale a lei do
primeiro domicílio conjugal. O divórcio obtido no exterior pode ser
reconhecido pelo Brasil, desde que homologado pelo STF após três
anos da sentença. A sucessão é regulada pela lei do país onde era
domiciliado o de cujus. Mas se houver bens estrangeiros no Brasil,
pode-se aplicar a lei brasileira ou a lei pessoal do de cujus se for mais
favorável aos sucessores. Já a capacidade para suceder é regulada
pela lei do domicílio do herdeiro.

Com relação aos bens e as situações relativas a eles, vale a lei de


onde estiverem situados.

Para regular as obrigações, aplica-se a lei do lugar onde se


constituíram. Se a obrigação for decorrente de contrato, considera-se
constituída no local onde residir o proponente. Quando o réu for
domiciliado no Brasil, ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação, será
competente a autoridade judiciária brasileira. Com relação a imóveis
situados no Brasil, a competência brasileira é exclusiva.

A sentença proferida no estrangeiro pode ser executada no Brasil,


desde que seja homologada pelo STJ, além de ter passado em
julgado e ser traduzida por intérprete autorizado. Deve também ter
sido proferida por juiz competente e as partes devem ter sido citadas
ou estar legalmente verificada a sua revelia.
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PARTE GERAL
DAS PESSOAS – PERSONALIDADE E CAPACIDADE

Pessoa natural é o ser dotado com capacidade para ser sujeito de


direitos e deveres. É o ser humano, dotado de personalidade. Mas a
capacidade, que é a sua medida, nem todos têm. A capacidade de
direito é a aptidão para ser sujeito de direitos e deveres que tem toda
a pessoa, visto que decorre da personalidade. A capacidade de fato,
ou de exercício é a aptidão para exercer os atos da vida civil e
depende de outros fatos, como o tempo por exemplo.

A personalidade começa com o nascimento com vida, mas a lei


resguarda os direitos do nascituro como o direito à vida, o direito de
receber herança etc.

A incapacidade consiste na falta de capacidade de fato. Pode ser


absoluta, quando há total proibição ao exercício dos direitos, devendo
o absolutamente incapaz ser representado. São absolutamente
incapazes:

a) os menores de 16 anos;
b) os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para as práticas desses atos
c) os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua
vontade.

E guarde uma música.....

Já a incapacidade relativa refere-se apenas a certos atos,


podendo ser praticados pelo incapaz, desde que assistido. São
relativamente incapazes:

a) os maiores de 16 e os menores de 18

b) os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por


deficiência mental, tenham o discernimento reduzido
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c) os excepcionais sem desenvolvimento completo

d) os pródigos.

A incapacidade acaba com o desaparecimento de sua causa,


quando completos 18 anos, pela emancipação dos pais ou por decisão
do juiz (se maior e tutelado), pelo casamento, pelo exercício de
emprego público efetivo, pela colação de grau em curso de ensino
superior ou pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência
de relação de emprego, desde que tenha 16 anos e economia própria.

A personalidade se extingue com a morte, real ou presumida.

DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis.


Todos têm direito ao nome, que designa, individualiza a pessoa. É
composto pelo prenome, e pelo sobrenome. O uso do nome alheio em
propaganda comercial só é permitido com autorização do seu titular.
Não se pode empregar o nome alheio em publicações ou
representações que o exponham a desprezo público mesmo que não
haja intenção difamatória.
O pseudônimo é adotado por artistas para identificá-los. Goza da
mesma proteção que se dá ao nome quando adotado para atividades
lícitas.

DAS PESSOAS JURÍDICAS


As pessoas jurídicas são entidades às quais a lei confere
capacidade para ser sujeito de direitos e obrigações. Podem ser
pessoas jurídicas de direito público interno que são a União, os
Estados, o Distrito Federal, Municípios, territórios, autarquias,
associações públicas e outras entidades criadas por lei. As pessoas
jurídicas de direito público externo são os estados estrangeiros e todas
as pessoas regidas pelo direito internacional público. Já, pessoas
jurídicas de direito privado são as associações, sociedades,
fundações, organizações religiosas e partidos políticos.
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Sua existência começa com a inscrição dos atos constitutivos no
respectivo registro.

Em relação ao nascimento das pessoas jurídicas, fiz uma


musiquinha.....

As pessoas jurídicas se obrigam pelos atos praticados pelos seus


administradores.
Pela teoria da desconsideração da personalidade jurídica em
casos de desvio de finalidade ou emprego de meios fraudulentos, é
possível ignorar a personalidade da pessoa jurídica, atingindo os bens
particulares dos sócios para satisfazer créditos decorrentes de
obrigações assumidas perante seus credores.
As pessoas jurídicas se extinguem por deliberação dos sócios;
pela falta de pluralidade não reconstituída em 180 dias; pelo
vencimento do prazo de duração; por determinação legal; pela
extinção de autorização para funcionar; ou por outras causas previstas
no contrato social.

DO DOMICÍLIO
Domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece a sua residência
com ânimo definitivo. Havendo várias residências, qualquer delas é
considerada domicílio. Se não houver residência habitual, o domicílio é
o lugar onde a pessoa for encontrada. O domicílio das pessoas
jurídicas é estabelecido pelo artigo 75 do CC.
O domicílio pode ser necessário, quando fixado por lei. O
domicílio do incapaz é o dos pais ou representantes; O do servidor
público é o lugar onde exerce as suas funções; O do militar é o lugar
onde serve; O do marítimo é o lugar onde está matriculado o navio; E
o do preso é o lugar onde cumpre a sentença.

DOS BENS.

BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS. Podem ser imóveis,


quando não podem ser removidos de um lugar para outro sem

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destruição, ou móveis, que podem ser transportados de um lugar para
outro sem alterar a sua substância ou destinação econômico-social.
São fungíveis quando substituíveis por outros da mesma espécie,
quantidade ou qualidade e infungíveis quando não podem ser
substituídos em razão de uma característica especial como por
exemplo um quadro do Picasso.
Consumíveis são os móveis cujo uso acarreta destruição da
própria substância como os alimentos, ao passo que os inconsumíveis
podem ser usados reiteradamente, sem destruição de sua substância.
Os divisíveis podem ser fracionados sem alteração de suas
características ou valor como a saca de café. Os indivisíveis não
podem ser fracionados, pois cada parte não conserva as qualidades
essenciais do todo, prejudicando o uso a que se destina como as
partes de um colar.
Singulares são bens que, mesmo estando reunidos, podem ser
considerados independentemente dos demais e coletivos consistem
em uma universalidade, que pode ser de fato, por exemplo biblioteca,
rebanho ou de direito, como o patrimônio, a herança.

BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS.


Podem ser principais ou acessórios. Os principais existem por si
só e os acessórios dependem do principal para existir. O bem
acessório sempre segue o principal, tendo a mesma natureza.
Pertenças são bens acessórios que se destinam, de modo
duradouro, ao uso, serviço ou aformoseamento de outro, melhorando
o seu aproveitamento.
Benfeitorias também são consideradas acessórias. Podem ser
necessárias (para a conservação do bem), úteis (para facilitar o uso)
ou voluptuárias (para embelezamento).

BENS PÚBLICOS
Os bens públicos são os pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno. Classificam-se em bens de uso comum do povo
como as ruas, praças, estradas, mares e rios; De uso especial: para
uso da administração; Dominicais ou dominiais: não têm utilidade
específica.

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DOS FATOS JURÍDICOS.

DO NEGÓCIO JURÍDICO.

Fatos jurídicos são aqueles que produzem efeitos jurídicos, são


acontecimentos relevantes para o direito. Podem ser fatos naturais,
como o decurso do tempo ou fatos humanos, decorrentes da ação
humana.
As ações humanas são consideradas ato jurídico. E mesmo que
não se pretenda que surtam efeitos, os atos jurídicos têm repercussão
jurídica. Diferentemente, no negócio jurídico há finalidade negocial,
pois o agente decide sobre a sua esfera jurídica, podendo atingir os
interesses de terceiros ou não.
São indispensáveis para a validade do negócio a capacidade do
agente, que o objeto seja lícito, possível, determinado ou determinável
e a forma prescrita ou não defesa em lei.
Em geral, para ser válida, a declaração de vontade não depende
de forma especial, a não ser que lei expressamente exija, como por
exemplo com o instrumento público.
A interpretação dos negócios jurídicos é feita com base na boa-fé
importando mais a intenção das partes do que o sentido literal da
linguagem.

DA REPRESENTAÇÃO
A representação é uma importante questão ligada à manifestação
de vontade das partes e está regulada pela lei.
Os poderes de representação são conferidos por lei ou pelo
interessado. Os negócios celebrados pelo representante em conflito
de interesses com o representado são anuláveis se tal fato era ou
deveria ser de conhecimento de quem tratou o negócio.

DA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO ENCARGO


É possível que se limite a vontade das partes. Nesse caso
submete-se o negócio a condição, termo ou encargo.
Condição é uma cláusula que subordina o efeito do negócio a um
evento futuro e incerto. Pode ser suspensiva, quando a eficácia do

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negócio depender do seu implemento, ou pode ser resolutiva
vigorando o negócio enquanto não ocorrer o implemento da condição.
Termo é o momento em que se iniciam ou se extinguem os efeitos
do negócio. O termo inicial não suspende a aquisição do direito, mas o
seu exercício.
Encargo é uma cláusula acessória de atos de liberalidade que
impõe ao beneficiário uma obrigação ou um ônus, como por exemplo a
doação de uma casa com a condição de se construir uma creche. O
encargo ilícito ou impossível é considerado não escrito. Se ele for
motivo determinante da liberalidade, invalida o negócio.

DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


O negócio jurídico pode se tornar anulável quando a manifestação
de vontade das partes estiver viciada, ou seja, quando a realização do
negócio não corresponder àquilo que era desejado pelo agente. Os
defeitos do negócio jurídico são o erro, o dolo, a coação, o estado de
perigo, a lesão e a fraude contra credores. Diferentemente dos outros
defeitos, na fraude contra credores não há divergência entre a vontade
do agente e o ato realizado. Pelo contrário. O efeito desejado pelo
agente é prejudicar terceiros. Por isso a fraude é considerada vício
social. A simulação também é vício social, mas ela não torna o
negócio anulável. Torna nulo.
No erro o agente tem uma noção falsa da realidade e se equivoca.
Se há induzimento por parte de outrem não há erro, mas dolo. No dolo
o ato é prejudicial ao agente, mas benéfico ao autor do dolo ou a um
terceiro. Quando o dolo for causa do negócio o negócio será anulável.
É o dolo principal. Será acidental quando mesmo existindo, o negócio
teria se realizado, só de que outra forma. Nesse caso, só obriga a
satisfação das perdas e danos. A coação é o ato que vicia a vontade
por meio da violência. Pode ser física, quando se retira totalmente a
vontade do agente. Como não houve qualquer manifestação de
vontade, acarreta a nulidade absoluta do negócio. Já na coação moral
se permite que o coacto escolha: ou realiza o negócio ou não, arcando
com os resultados prometidos pelo coator, motivo pelo qual é anulável
o negócio. Para a coação viciar a declaração de vontade,
necessariamente deve ser a causa determinante do negócio e o dano

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prometido deve ser grave causando fundado temor no agente. Por
isso, o exercício regular do direito não é considerado coação.
O estado de perigo se configura quando o agente assume uma
obrigação excessivamente onerosa para salvar-se (ou a pessoa de
sua família) de um dano grave, conhecido da outra parte. É o caso da
venda de um bem a um valor muito mais baixo do que o praticado
para se pagar um resgate. A outra parte deverá complementar o preço
ou devolver o bem.
A lesão ocorre quando alguém se obriga a uma prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta por
inexperiência ou necessidade. Diferentemente do estado de perigo,
não se exige que a outra parte saiba da inexperiência ou necessidade
do agente.
A fraude contra credores é um vício social, praticado com a
intenção de prejudicar os credores do agente, que transfere seus bens
a outrem visando colocá-los a salvo dos seus credores. Ocorre a
fraude quando o devedor propositadamente se torna insolvente, não
havendo mais a possibilidade de saldar as suas dívidas.

Olha só, sobre os defeitos do negócio jurídico tem música.....

DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

A invalidade do negócio jurídico compreende a nulidade e a


anulabilidade. O negócio nulo não produz efeitos, não convalesce pelo
tempo, nem é suscetível de confirmação. A nulidade pode ser
declarada de ofício pelo juiz, requerida pelo Ministério Público quando
intervém ou por qualquer interessado.
A lei preceitua ser nulo o negócio quando celebrado por pessoa
absolutamente incapaz, quando seu objeto for ilícito, impossível ou
indeterminável, quando o motivo determinante comum a ambas as
partes for ilícito, ou quando for preterida alguma solenidade que a lei
considere essencial para a sua validade.
Também será nulo quando tiver por objetivo fraudar a lei, ou
quando a lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a pratica
mesmo que não comine sanção.

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Simulação é o ato que visa prejudicar terceiros, praticado em
conluio pelos contratantes, aparentando negócio diverso daquele que
é celebrado. Pode ser absoluta ou relativa. Na absoluta não
pretendem os contratantes realizar nenhum ato, embora assim façam
parecer. Torna o negocio nulo. Na relativa ou também chamada de
dissimulação há o objetivo de realizar um negócio, porém ele é diverso
do que aparenta ser (por exemplo, as partes declaram em escritura
um preço inferior ao real com a intenção de burlar o fisco). Acarreta
nulidade do negocio simulado, mas subsiste o negócio dissimulado se
for válido na substância e na forma.
O negócio anulável deixa de produzir efeitos somente a partir da
decretação da anulabilidade. O artigo 171 do CC estabelece serem
anuláveis os negócios por incapacidade relativa do agente ou por vício
resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.

DOS ATOS JURÍDICOS ILÍCITOS

Atos jurídicos ilícitos são aqueles praticados violando a ordem


jurídica e lesando outrem. Geram efeitos não desejados pelo agente
como o dever de reparar o dano. É necessário que haja uma ação ou
omissão voluntária e que cause dano a outrem.Também pratica ato
ilícito quem comete o ato excedendo os limites impostos para sua
finalidade econômica ou social pela boa-fé ou bons costumes. Os atos
praticados em legitima defesa ou no exercício regular de direito
reconhecido, ou que importem destruição ou deterioração de coisa
alheia com a finalidade de remover perigo iminente não são
considerados atos ilícitos.

DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA

Quando um direito é ameaçado ou violado, nasce a pretensão, e


poderá seu titular buscar a proteção por meio de uma ação judicial,
mas não para sempre. A lei estabelece prazos para se propor uma
ação. Não se exigindo uma prestação devida, a pretensão se extingue.
É a prescrição.

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O direito civil admite renúncia da prescrição, mas somente depois
de consumada e se não prejudicar terceiros. Somente pode renunciar
à prescrição seu titular. Não podem as partes alterar os prazos
prescricionais, ainda que de comum acordo. Pode ser alegada a
prescrição em qualquer grau de jurisdição e pode o juiz decretá-la de
oficio.
Quando iniciada contra uma pessoa, a prescrição continua a
correr contra seu sucessor. Caso assistentes ou representantes legais
não aleguem a prescrição oportunamente ou derem causa, terão os
relativamente incapazes e as pessoas jurídicas ação regressiva contra
eles.
A decadência não se confunde com a prescrição. A decadência
impede o exercício do direito independentemente de este ter sido
violado. Exemplo é o do prazo para pleitear a anulação de um negócio
jurídico.
Relativamente incapazes e pessoas jurídicas têm direito de
regresso contra seus representantes ou assistentes que derem causa
à prescrição ou não alegarem oportunamente.

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

DAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES


Obrigação é um vínculo jurídico entre pessoas no qual se
estabelecem um direito e um dever. Confere ao credor direito de exigir
uma prestação a qual se obrigou o devedor. A obrigação pode se
originar de um contrato, de uma declaração unilateral de vontade, de
um ato ilícito ou da lei. As obrigações podem ser de três espécies: dar,
fazer ou não fazer.
As obrigações de dar se dividem em duas subespécies: de dar
coisa certa e de dar coisa incerta. O cumprimento da obrigação ocorre
com a tradição, ou seja, a entrega.
As obrigações de fazer consistem na prestação de um ato de
serviço por parte do devedor. Quando o devedor for determinado e só
ele puder cumprir a obrigação, chama-se personalíssima ou infungível,
pois leva em conta as suas características pessoais.

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As obrigações de não fazer impõem ao devedor uma omissão. O
devedor se obriga a não praticar um ato de forma que se o praticar
surge o inadimplemento.

É possível distinguir, dentre estas modalidades de obrigações, a


forma como a prestação é estruturada dentro da relação obrigacional.
Nesse prisma as obrigações podem ser simples, cumulativas ou
alternativas. Divisíveis ou indivisíveis. Solidárias.
As obrigações simples constituem-se por uma única prestação ao
passo em que as cumulativas pressupõem duas ou mais prestações.
As obrigações alternativas também pressupõem mais de uma
prestação, porém, o adimplemento ocorre com o cumprimento de
apenas uma. Salvo estipulação em contrário, a escolha cabe ao
devedor. Nesse caso, se uma das prestações se tornar inexeqüível, o
debito subsiste quanto a(s) outra(s).
As obrigações divisíveis ou indivisíveis são obrigações em que há
mais de um devedor ou mais de um credor. Nas divisíveis o objeto é
passível de divisão. Se dois devedores se comprometem a entregar
duas sacas de milho é possível que cada um deles entregue uma saca
liberando-se da obrigação. O mesmo não ocorre nas indivisíveis, onde
não pode o objeto ser dividido por sua natureza, por motivo de ordem
econômica ou pela razão determinante do negócio. Se por exemplo o
objeto da prestação for a entrega de um diamante não há
possibilidade de se fracioná-lo sem perda do valor.
Nas obrigações solidárias há pluralidade de sujeitos. Credores na
solidária ativa, e devedores na passiva. Na solidariedade ativa
qualquer um dos credores pode exigir o objeto da prestação por
inteiro, como se fosse um único credor. Cumprida a obrigação o
devedor se libera, respondendo o credor perante os outros, pela parte
que lhes cabia. Na solidariedade passiva responde cada um dos
devedores pela totalidade da divida, como se fossem um único
devedor. O devedor que cumprir a obrigação na sua totalidade pode
exigir dos co-devedores a sua quota. A solidariedade não se presume,
resulta da lei ou da vontade das partes.

DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

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O credito é um bem passível de transferência. São formas de
transmissão das obrigações a cessão de crédito e a de débito. A
cessão de crédito é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor
(cedente) transfere seu crédito para outrem (cessionário)
independentemente de anuência do devedor, que deve ser
comunicado a fim de cumprir a obrigação ao legitimo credor.

Cessão de débito, ou assunção de dívida é um negócio jurídico


bilateral pelo qual o devedor (cedente) transfere seu débito para
outrem (cessionário) mediante anuência do credor, ficando exonerado
o devedor primitivo.

DO ADIMPLEMENTO E DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


As obrigações se extinguem pelo pagamento direto ou indireto,
que pode ser pagamento em consignação, pagamento em sub-
rogação, imputação do pagamento ou dação em pagamento, novação,
compensação, confusão ou remissão de dividas.
Pagamento é o adimplemento da obrigação. Podem efetuá-lo o
devedor e qualquer interessado. Terceiros podem ser interessados no
adimplemento como o fiador ou o herdeiro. Nesta hipótese, cumprindo
a obrigação, o terceiro se sub-roga nos direitos do credor.Terceiros
não interessados também podem adimplir a obrigação, como o pai ou
o amigo, mas estes não se sub-rogam nos direitos do credor. A lei quis
proteger o devedor do terceiro que paga a dívida com intuito de
prejudicá-lo. Assim, se o pagamento é feito por terceiro não
interessado com oposição do devedor, o terceiro não tem direito ao
reembolso.
O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem o represente.
Será válido o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo que é
aquele que se apresenta como verdadeiro credor aos olhos de todos.
Cabe então ao verdadeiro credor cobrar do credor putativo.
O credor não é obrigado a receber prestação diversa, ainda que
mais valiosa. O devedor tem direito à quitação e se esta não for dada,
tem ele direito de reter o pagamento.
Salvo disposição em contrário, o pagamento é feito no domicilio
do devedor (dívida quérable ou quesível).

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O pagamento em consignação é meio indireto de pagamento.
Decorre da impossibilidade de realizar o pagamento em razão da
recusa. O rol do artigo 335 é exemplificativo. O devedor que quer
evitar as conseqüências da mora poderá efetuar o pagamento por
meio de depósito da coisa devida.
O pagamento com sub-rogação também é meio de pagamento
indireto. Pode ser pessoal, quando ocorre a substituição de uma
pessoa na relação obrigacional, como no caso de alguém que paga
divida alheia, ou pode ser real, quando há substituição de uma coisa.

Pode ainda ser legal, quando decorre de lei, como no caso do


devedor solidário que paga a divida na totalidade e se sub-roga nos
direitos do credor, ou convencional, quando decorre da vontade das
partes.
A imputação do pagamento ocorre quando há mais de um débito
perante o mesmo credor. Quando o pagamento não é suficiente para
solver todos os débitos, a imputação consiste na escolha de qual deles
será adimplido. As dívidas devem ser da mesma natureza, todas
líquidas e vencidas.
A dação em pagamento é um acordo feito entre o credor e
devedor, onde aquele aceita receber coisa diversa da devida.
A novação trata-se de um acordo de vontades em que se extingue
a obrigação criando uma nova, que a substitui. Pode ser objetiva
quando alterado o objetivo da prestação, mantendo-se os mesmos
sujeitos, por exemplo, o devedor contrai nova divida para substituir a
anterior ou pode ser subjetiva, quando se altera o sujeito, credor,
devedor ou ambos.
A compensação ocorre quando duas pessoas são credoras e
devedoras umas das outras. A compensação pode ser total ou parcial.
As prestações devem ser da mesma natureza, todas liquidas e
vencidas.
A confusão ocorre quando a mesma pessoa se torna credora e
devedora ao mesmo tempo, implicando na extinção da obrigação. Por
exemplo, o filho deve ao pai e este falece, sendo o filho seu sucessor,
opera-se a transferência de crédito para este. Pode ser total ou
parcial.

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A remissão de uma dívida é o seu perdão pelo credor. Pode ser
expressa, ou seja, declarado pelo credor, ou tácita, quando este
devolve voluntariamente o titulo da obrigação.

DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


O inadimplemento de uma obrigação é seu não cumprimento pelo
devedor. Tem como conseqüência a responsabilidade por perdas e
danos. Pelo inadimplemento respondem todos os bens do devedor.
Não responderá o devedor quando o descumprimento resultar de
caso fortuito e força maior, mas é possível a estipulação contratual
prevendo indenização mesmo nessas hipóteses.
A mora ocorre quando o devedor não efetua o pagamento no
tempo, lugar e forma estabelecidos. É a mora solvendi.
Ou quando o credor não receber o pagamento no tempo, lugar e
forma estabelecidos. É a mora accipiendi.
No caso de mora solvendi o devedor responde pelos prejuízos a
que deu causa, mais juros, atualização e honorários advocatícios.
Porém, devido à mora do devedor pode ser que a prestação se torne
inútil, caso em que pode o credor rejeitar a prestação exigindo perdas
e danos.
A mora ex re decorre de lei. Ocorre pelo inadimplemento ou ato
ilícito que constitui de pleno direito em mora o devedor a partir de
então. Já na mora ex persona não há termo, e se constitui em mora o
devedor mediante interpelação.
Se a prestação se tornar impossível por caso fortuito ou força
maior, responderá o devedor. Ele só se exonera se provar que
independentemente da mora o dano sobreviria assim mesmo, por
exemplo um raio que destrua a casa do devedor onde se encontrava a
coisa devida, mas também destruir a casa do credor onde estaria a
coisa se não tivesse o devedor em mora.
Na mora accipiendi, fica o devedor isento da responsabilidade
pela conservação da coisa, devendo o credor arcar com as despesas
de conservação. Além disso, responderá o credor pela oscilação do
valor da coisa, devendo sempre pagar pela estimação mais favorável
ao devedor.
As perdas e danos correspondem ao valor do prejuízo suportado
em razão do inadimplemento. Compreendem aquilo que o lesado
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efetivamente perdeu, ou seja, dano emergente, e o que razoavelmente
deixou de lucrar, ou seja, lucros cessantes.
A cláusula penal constitui estipulação contratual pela qual ajustam
as partes pena pecuniária no caso de mora ou inadimplemento. Trata-
se de obrigação acessória, e seu valor não pode exceder o da
obrigação principal.

DOS CONTRATOS EM GERAL


Contrato é um negocio jurídico que é fonte de obrigações. A
relação contratual tem fundamento na autonomia da vontade, mas a
liberalidade de contratar não é absoluta. Tem limites na supremacia da
ordem pública e na função social do contrato. Devem ainda as partes
ainda agir com probidade e boa-fé.

Estabelece ainda a lei civil que nos contratos de adesão são nulas
as clausulas que importem renúncia dos direitos pelo aderente, bem
como quando houver clausulas ambíguas ou contraditórias sendo
interpretadas da forma mais favorável ao aderente.
Podem as partes, nos termos acima expostos, celebrar contratos
atípicos.

DA EXTINÇÃO DO CONTRATO
Distrato é o negocio jurídico celebrado entre os contratantes que
objetiva extinguir o contrato anteriormente celebrado. Denomina-se
resilição bilateral. É feito pela mesma forma exigida para o contrato.
Nos contratos bilaterais ambos os contratantes têm prestações a
cumprir. Aquele que não cumpre a sua prestação na avença não
poderá exigir o cumprimento pela outra parte. É a regra da exceptio
non adimpleti contractus ou exceção do contrato não cumprido.
A resolução ocorre quando nos contratos de execução continuada
a prestação se tornar extremamente onerosa para uma das partes e
ao mesmo tempo extremamente vantajosa para outra, podendo o
devedor pedir a resolução do contrato.

DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO


Há várias espécies de contratos.
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Pelo contrato de compra e venda uma pessoa se obriga, mediante
o pagamento de um preço a outra, a transferir o domínio de uma
coisa. Quando a venda for efetuada sem estipulação do preço, é nula,
assim como quando ficar ao arbítrio de somente uma das partes. Há
limitações estabelecidas pela lei civil como por exemplo a de que a
venda de ascendente à descendente só é possível com a
concordância expressa do cônjuge e dos outros descendentes. Não se
admite a compra de bens por quem é encarregado de zelar pelos
interesses do vendedor como o tutor, curador, testamenteiro,
administrador, servidor público, juiz, leiloeiro e outros; Só será
admitida a compra e venda entre cônjuges quando se tratar de bens
excluídos da comunhão. Não pode o condômino de coisa indivisível,
por exemplo uma casa, vender sua parte a outrem, se o outro
condômino a quiser. Deverá respeitar seu direito de preferência.
A permuta, ou troca, é o contrato pelo qual se obrigam as partes a
dar uma coisa por outra. A coisa não pode ser dinheiro, caso em que o
contrato será de compra e venda.
Pelo contrato estimatório ou venda em consignação, uma pessoa
denominada consignante entrega bens móveis à outra, que se obriga
a vendê-los, pagando-lhe um prazo ajustado ou restituindo os bens
consignados. Ocorrendo a impossibilidade de restituição da coisa fica
o consignatário obrigado a pagar-lhe o preço.
A doação é o contrato pelo qual uma das partes por liberalidade
transfere para outra seu patrimônio, bens ou vantagens. Para que
fique caracterizada, é necessária a aceitação pelo donatário, que pode
ser expressa ou tácita. A doação pode ser revogada por ingratidão do
donatário ou inexecução do encargo.
A locação de coisas é o contrato pelo qual uma parte, locador,
cede a outra, locatário, o uso de uma coisa infungível mediante
retribuição. Se a locação for por tempo determinado, falecendo uma
das partes o contrato se transfere aos seus herdeiros.
O empréstimo é o contrato em que uma parte entrega
gratuitamente um bem à outra para ser usado, e posteriormente
restituído. Se for empréstimo de uso, será comodato, e se for
empréstimo de consumo será mútuo. Portanto no comodato o
comodatário se obriga a restituir a mesma coisa recebida. O
comodatário fica obrigado a conservar a coisa usando-a apenas de
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acordo com o contrato ou sua natureza, sob pena de perdas e danos.
O comodatário em mora fica obrigado, até devolver o objeto, a pagar
aluguel arbitrado pelo comodante. Já o mútuo é o empréstimo de coisa
fungível, assim, o mutuário se obriga a restituir coisa do mesmo
gênero, quantidade e qualidade.
A prestação de serviços é o contrato pelo qual uma parte se
obriga a prestar um trabalho lícito, material ou imaterial, mediante
remuneração paga pelo contratante. É regulada pelos art 593 e
seguintes toda prestação de serviço que não se inclua nas reguladas
pela legislação trabalhista. Não permite a lei que se contrate prestação
de serviço por tempo superior a quatro anos.
A empreitada é o contrato pelo qual uma parte, empreiteiro, se
obriga a realizar uma obra mediante remuneração pelo contratante,
dono da obra. Pode o dono da obra contratar apenas o fornecimento
do trabalho do empreiteiro, o que se denomina empreitada de lavor, ou
pode contratar o fornecimento do trabalho e dos materiais,
denominada empreitada de materiais ou mista.
O depósito é contrato pelo qual uma das partes, o depositante,
entrega à outra, o depositário, um bem móvel para guardar até que lhe
seja reclamado. O depositário fica obrigado a guardar e conservar o
bem com cuidado e diligência e a restitui-lo com os frutos e
acréscimos sob pena de responder pela perda ou deterioração.
O mandato é o contrato pelo qual uma da partes, mandante,
confere poderes a outra, mandatário, para praticar atos ou administrar
interesses. O instrumento do mandato é a procuração. O mandato
pode ser expresso ou tácito, quando resulta a aceitação do começo da
execução, verbal ou escrito.
A comissão é o contrato pelo qual uma das partes, o comissário,
mediante remuneração, se obriga a adquirir e vender bens em seu
próprio nome, mas por ordem da outra parte, comitente. Quem
contrata com terceiros e se obriga perante estes é o comissário, mas é
obrigado a agir conforme as ordens e instruções do comitente..
Pelo contrato de agência ou representação comercial uma
pessoa, o agente, se obriga a promover a realização de certos
negócios mediante retribuição do representado sem vinculo de
dependência e em caráter não eventual. Não está o agente obrigado a
concluir o negócio, mas a promovê-lo.
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Pelo contrato de distribuição uma pessoa, distribuidor, compra
produtos do fabricante para revenda com exclusividade mediante
retribuição.
Corretagem é o contrato pelo qual uma pessoa, corretor, se obriga
a obter à outra, um ou mais negócios. Não há qualquer relação de
dependência entre as partes. O corretor perceberá remuneração,
comissão, quando e se o negocio se realizar.
O transporte é o contrato pelo qual uma pessoa, transportador, se
obriga a transportar pessoas ou coisas de um lugar para outro
mediante retribuição. Coisas que ponham em risco a saúde das
pessoas ou cujo transporte e comercialização não sejam permitidos, o
transportador pode recusar.
O seguro é o contrato pelo qual uma das partes, a seguradora, se
obriga a indenizar a outra, o segurado, contra riscos predeterminados,
mediante pagamento de um prêmio. O segurador será
necessariamente uma entidade legalmente autorizada para este fim.
Recebe um prêmio do segurado, em geral pago em prestações. Caso
ocorra o sinistro, o segurador indenizará o segurado.
A constituição de renda é o contrato pelo qual uma pessoa, o
instituído, se obriga a pagar à outra, instituidor, ou terceiro, uma renda
periódica, mediante a entrega de dinheiro ou bens. A renda, em geral,
será convencionada enquanto viver o instituidor, ou beneficiário.
As dívidas de jogo e de aposta não obrigam o pagamento. Porém,
se alguém voluntariamente pagou, não será possível recobrar a
quantia, salvo se for ganha por dolo ou se quem perdeu era menor ou
interdito.
A fiança é o contrato pelo qual uma pessoa, o fiador, se obriga a
satisfazer ao credor de uma obrigação assumida pelo devedor e não
cumprida. Deve a fiança ser de valor inferior ao da obrigação principal.
Pode o credor exigir a substituição do fiador se este se tornar
insolvente ou incapaz. Demando o fiador para pagamento da divida,
terá direito de exigir, até a contestação, que seja primeiro executados
os bens do devedor. É o beneficio de ordem. O fiador não aproveita o
beneficio se renunciou expressamente; se, se obrigou como principal
devedor ou solidário; ou se o devedor for insolvente ou falido.

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A transação é um negocio jurídico pelo qual as partes, mediante
concessões mútuas previnem ou extinguem litígios. Só é admitida se
versar sobre contratos patrimoniais de caráter privado.
Compromisso arbitral é o acordo em que as partes submetem a
árbitros a decisão de eventuais controvérsias. Somente pode versar
sobre questões patrimoniais.

DOS ATOS UNILATERAIS


As declarações unilaterais de vontade também são fonte das
obrigações. São declarações unilaterais a promessa de recompensa, a
gestão de negócios, o pagamento indevido, o enriquecimento sem
causa.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL

DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
Quem por ato ilícito causar dano a outrem fica obrigado a repará-
lo. A definição dos atos jurídicos ilícitos foi tratada na parte geral.
Praticado o ato e verificada a ocorrência de dano, surge a obrigação
de indenizar. O causador do dano responde com seu patrimônio.
Havendo mais de um causador a responsabilidade será solidária. Em
alguns casos a responsabilidade é objetiva, ou seja, independe de
culpa. É o caso, por exemplo, quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar riscos para os direitos de
outrem, ou nos casos legais. Nem sempre, todavia, quem responde é
o próprio agente causador do dano.
Há situações em que alguém responde por um ato de terceiro, é o
caso dos pais que são responsáveis pelos filhos menores sob sua
autoridade, do tutor e curador pelos pupilos e curatelados etc. Nesses
casos as pessoas mencionadas responderão pelos prejuízos
causados independentemente de culpa.
São elementos da responsabilidade o dano e o nexo de
causalidade entre o ato ilícito e o dano e a culpa. A culpa lato sensu
caracteriza-se pela intenção de lesar. Já a culpa stricto sensu é sem
premeditação do ilícito, pode ser na forma de imprudência, negligência
e imperícia.

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DA INDENIZAÇÃO
A indenização é medida pela extensão do dano. Deve haver
proporção entre a gravidade do dano e a culpa. Tem a finalidade de
recompensar aquele que sofreu o dano e ao mesmo tempo de
compelir quem o causou a não mais praticar atos lesivos. Se a vitima
concorreu culposamente para o evento danoso, a gravidade da sua
culpa será levada em consideração para se fixar o “quantum”
indenizatório. É chamada culpa concorrente da vitima.

DIREITO DAS COISAS


DA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO
O Direito das coisas regula as relações existentes entre os
homens e os bens.
Posse é a exteriorização do domínio, a conduta de dono. Quem
tem de fato o exercício de algum dos poderes inerentes à propriedade
é considerado possuidor. Tem como elemento o corpus que é a
exteriorização da propriedade, no qual está incluído o animus que é a
forma como se comporta o proprietário. Foi acolhida portanto, a teoria
objetiva da posse. Mas pode uma pessoa ter poder sobre a coisa e
não ser possuidora, como quem conserva a posse em nome de
outrem, em cumprimento de ordens ou instruções. É o fâmulo da
posse ou detentor, como por exemplo o caseiro de um sitio.
A posse pode ser direta ou indireta. A direta é exercida pelo
possuidor como por exemplo o locatário, a indireta é de quem detinha
a posse direta e a cedeu, como o locador. Ambas existem ao mesmo
tempo. O possuidor direto pode defender sua posse perante outrem,
inclusive perante o possuidor indireto. Se eu alugo uma coisa a
outrem, ainda que seja dono, não tenho o direito de entrar e
permanecer lá quando bem entender.
A posse é injusta quando for violenta, clandestina ou precária. É
justa quando não apresenta essas características. A posse é de boa-fé
quando o possuidor desconhece a existência de um vicio ou obstáculo
que impossibilita a aquisição da coisa. Se o possuidor sabe do vício
que impede a aquisição da coisa, a posse é de má-fé. Se duas ou
mais pessoas tiverem a posse da coisa indivisa haverá composse,
contanto que cada um exerça sua posse sem excluir o direito do outro.

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A posse exercida há menos de ano e dia é chamada de posse
nova. Se há mais de ano e dia, posse velha.
Perde-se a posse quando cessa o poder sobre o bem, ou seja,
quando o possuidor não aparenta mais ser dono, como no caso de
abandono, quando esbulhado em sua posse não retorna à coisa nem
tenta retomá-la, etc.
A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor
com as mesmas características.

DOS EFEITOS DA POSSE


A posse gera efeitos. O possuidor tem o direito de ser mantido na
posse em caso de turbação, restituído se houver esbulho e segurado
em caso de violência iminente. Turbação ocorre quando o possuidor
tem sua posse embaraçada, não a perdendo, mas fica sem o livre
exercício sobre ela. No esbulho o possuidor perde a posse. Em caso
de turbação pode o possuidor pode proceder de dois modos: pela
legitima defesa da sua posse, forma de autotutela autorizada por lei,
ou pela ação de manutenção de posse. Já em caso de esbulho pode o
possuidor defende-se sozinho, pelo desforço imediato, ou pela ação
de reintegração de posse. A lei autoriza a autotutela nesses casos,
mas determina que os atos sejam praticados logo e que não podem ir
além do indispensável à manutenção ou restituição da posse. Em caso
de ameaça, o possuidor com justo receio de ser molestado, pode
impetrar interdito proibitório prevenindo-se contra turbação ou esbulho.
Posse não se confunde com propriedade, assim, a alegação de
propriedade como defesa não impede a manutenção ou reintegração
de posse.

DOS DIREITOS REAIS


Direito real é o poder do titular sobre a coisa. Os direitos reais são
regulados pela lei em um rol taxativo.
Os direitos reais sobre coisas móveis são adquiridos com a
tradição e os imóveis pela usucapião, pelo registro do titulo no cartório
do registro de imóveis, pela acessão e pela sucessão hereditária.

DA PROPRIEDADE

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A propriedade é o direito real que tem o titular de usar, gozar,
dispor de uma coisa bem como reavê-la de quem quer que
injustamente a possua ou detenha. Presume-se plena e exclusiva até
prova em contrário.

DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL


A usucapião é o modo de aquisição de propriedade e outros
direitos reais, que decorre da posse prolongada. A usucapião de bens
imóveis pode ser extraordinária, ordinária ou especial. Na
extraordinária aquele que exercer posse mansa e pacífica como se
dono fosse por quinze anos ininterruptos adquire a propriedade
podendo requerer sentença que assim o declare. Se o possuidor
estabelecer no imóvel sua moradia habitual ou realizar obras ou
serviços de caráter produtivo, esse prazo cairá para dez anos. A posse
independe de titulo ou boa-fé. Na usucapião ordinária quem exercer
posse mansa e pacifica com justo titulo e boa-fé por dez anos
ininterruptos adquire a propriedade. Esse prazo cai para cinco anos se
houver aquisição onerosa do imóvel, com registro regular cancelado
posteriormente, ou se o possuidor estabeleceu moradia no imóvel ou
realizou investimentos de interesse social e econômico. A usucapião
especial ou constitucional divide-se em urbana e rural. Na urbana
adquire a propriedade quem possua, como dono, área urbana de até
250m² por cinco anos ininterruptos. Deverá utilizá-la para sua moradia
e não seja proprietário de outro imóvel. Esse direito só será
reconhecido ao possuidor apenas uma vez. Na rural, adquire a
propriedade quem possua, como dono, área rural de até 50 hectares
por cinco anos ininterruptos. Deverá tornar a terra produtiva por seu
trabalho ou de sua família e não ser proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.
Acessão é forma de aquisição da propriedade pela qual o dono de
um bem também se torna dono de tudo aquilo que nele se incorpora.
Pode acontecer pelo surgimento de ilhas, pela aluvião, avulsão, álveo
abandonado ou construções e plantações.

DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL

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A aquisição de propriedade móvel sé dá pela usucapião, pela
ocupação, com o achado de tesouro, pela tradição, especificação,
confusão, comistão, adjunção.

E tem música

Na usucapião adquire a propriedade quem possuir, como dono,


coisa móvel com justo titulo e boa-fé por 3 anos ininterruptos, ou pelo
prazo de 5 anos sem justo titulo e boa-fé.

DA PERDA DA PROPRIEDADE
Ocorre a perda da propriedade por alienação, renúncia,
abandono, perecimento da coisa ou desapropriação.

DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA


Os direitos de vizinhança são regras que regulam o uso de
propriedade para evitar conflitos entre vizinhos. Disciplinam o uso
anormal da propriedade, como ocorre com questões envolvendo
árvore limítrofes, propriedades sem saída para a via pública
autorizando a passagem forçada, a passagem de cabos e tubulações
por uma propriedade, a passagem de águas por propriedades, os
limites entre prédios, o direito de tapagem, e o direito de construir.

DO CONDOMÍNIO
Quando mais de um titular tem a propriedade de um bem temos o
condomínio. Cada pessoa tem direito igual sobre o todo e sobre sua
parte ideal. Pode o condômino usar a coisa conforme sua destinação,
exercer direitos compatíveis com a indivisão, reivindicar de terceiros,
defender sua posse e alienar a parte ideal ou gravá-la. O condômino
deve colaborar com as despesas de conservação na proporção de sua
parte. O condomínio pode ser legal, edilício ou voluntário. O legal ou
necessário decorre de lei, como é o caso do condomínio em paredes,
cercas, muros e valas. É um condomínio forçado, protegido pela lei em
razão de apresentar uma utilidade. Condomínio edilício é o que existe
em uma edificação. Cada condômino é titular da sua parte privativa e
também é titular de partes ideais das áreas comuns. A parte privativa
constitui a unidade autônoma – apartamento, sala, loja, etc.
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Sendo de propriedade exclusiva, o condômino titular pode
livremente alienar ou gravar independentemente de concordância dos
outros condôminos. Já as áreas comuns solo, estrutura do prédio,
telhado, etc, são de propriedade de todos os condôminos, não sendo
permitido dividi-los ou alienar separadamente.

DA SUPERFÍCIE
Superfície é o direito real por meio do qual uma pessoa permite
que outra, superficiário, construa ou plante em seu terreno por tempo
determinado. Pode ser transferido para terceiros, ou em caso de morte
do superficiário para seus herdeiros. O superficiário fica responsável
pelo pagamento de encargos ou tributos sobre o imóvel.

DA SERVIDÃO
A servidão é o direito real pelo qual um prédio serviente
proporciona utilidade para outro, prédio dominante.Aperfeiçoa-se com
a declaração expressa dos proprietários ou por testamento, com o
registro no cartório de imóveis. Como exemplo podemos mencionar o
aqueoduto, onde águas correm de um prédio para outro.

DO USUFRUTO
O usufruto é o direito real por meio do qual uma pessoa,
usufrutuário, tem o direito de usar e gozar de um bem de outra pessoa
que fica somente com a propriedade, chamado nu-proprietário. O
usufruto pode ser de bens móveis, imóveis ou de patrimônio. Extingue-
se com o cancelamento no Cartório de Registro de Imóveis.

DO PENHOR, DA HIPOTECA E DA ANTICRESE


Os direitos reais de garantia são o penhor, a hipoteca e a
anticrese. Pelo penhor uma pessoa transfere a outrem a posse de um
bem móvel para garantia de pagamento e uma dívida. Na hipoteca, o
bem é imóvel, ou outro que a lei entende ser hipotecável, como navios
e aeronaves. Não há entrega do bem na hipoteca. Ele é gravado. Se a
dívida não for paga, poderá o credor hipotecário vendê-lo
judicialmente. Na anticrese o credor recebe um bem do devedor, tendo

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direito a receber os frutos e rendimentos como garantia do pagamento
de uma dívida.

Meu querido é isso espero que tenha gostado da aula e, tendo


alguma dúvida, comentário ou sugestão, entre em contato comigo pelo
site: www.sitedomazza.com.br.

Muito obrigado, MUITO SUCESSO e


Um forte abraço do Mazza pra você. Tchau.

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