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Eletrônica de Potência

Inversores de Tensão
Prof. Ricardo Lúcio de Araujo Ribeiro

1.0 Introdução

A eletrônica de potência tem mudado rapidamente nos últimos 30 anos e o número de


aplicações têm crescido constantemente. Dentre as áreas de crescimento, destacam-se a
tecnologia empregada na concepção de semicondutores e microprocessadores. Em ambos os
casos, o desempenho está constantemente em crescimento, mas ao mesmo tempo, o preço
dos dispositivos tem caído drasticamente. Com o objetivo de incrementas a confiabilidade e
reduzir os custos, o número de componentes tem caído bastante a partir do emprego de alto
grau de integração. A tecnologia de dispositivos semicondutores, aplicados a eletrônica de
potência, tem passado por significativo progresso. Neste progresso incluem-se alguns
dispositivos semicondutores, tais como: IGBTs, MOSFETs, IGCTs e FETs de carbeto de silício
(promessa de grande redução nas perdas dos conversores). Os valores máximos de tensão e de
corrente dos dispositivos continuam crescendo continuamente. Este incremento será
acelerado com a substituição do silício pelo carbeto de silício, o que acarretará em um
aumento significativo na densidade de potência.

Fig. 1 – Filtro de alta-freqüência utilizado na saída do conversor de potência.

Basicamente, os conversores de potência são construídos com dispositivos


semicondutores e por circuitos de comando, controle e proteção. Estes conversores são
capazes de gerar tensões com freqüência e amplitudes variáveis. Os conversores, dependendo
da sua topologia e aplicações podem operar com fluxo de potência bidirecional. Há dois tipos
de sistemas de conversão os comutados pela rede e os auto-comutados. Os conversores com
comutação pela rede são implementados com tiristores e utilizados em aplicações de alta
potência. Estes conversores não são capazes de controlar a potência reativa da carga.
Conversores auto-comutados empregam chaves semicondutoras de com disparo e bloqueio
comandados e são comandados por esquemas de modulação PWM. Estes conversores são
capazes de controlar potências ativa e reativa e podem ser bidirecionais [2]. Estes conversores
operam com freqüência de chaveamento com alguns de kHz o que pode produzir na rede
harmônicos e inter-harmônicos. Todavia, devido a esta alta freqüência, eles podem ser
facilmente removidos da rede com o auxílio de filtros. Na Fig. 1 é apresentado um diagrama
esquemático de um conversor de potência onde este tipo de filtros é utilizado.
Outros tipos de topologias de conversores podem ser utilizados tais como: conversores
matriciais (Fig. 2) e inversores multiníveis. Em especial, os conversores multiníveis têm se
mostrando uma alternativa interessante em aplicações que requeiram operação com alta-
tensão. Além disso, pela própria natureza do conversor, eles apresentam baixo conteúdo
harmônico em comparação com os conversores de dois níveis (Fig. 1). Os conversores
matriciais ainda apresentam restrições tecnológicas em aplicações industriais. O seu
desenvolvimento se encontra em estágio de protótipo de laboratório.

Fig. 2 – Configuração de um conversor matricial.

2.0 Inversor de tensão de dois níveis

Na Fig. 3(a) é apresentada a configuração básica de um inversor de tensão trifásico de


dois níveis. Este inversor é composto por seis chaves de potência; qa1, qa2, qb1, qb2, qc1 e qc2, e
dois capacitores que compõe o seu barramento CC. Os pares de chaves qa1qa2, qb1qb2 e qc1qc2
são complementares entre se e compõem os braços do inversor, cujos pontos a, b e c referem-
se aos pólos do inversor. Cada chave qax é composta por um dispositivo semicondutor de
potência (IGBT) e um diodo em anti-paralelo (diodo de roda-livre). Estes diodos são
responsáveis pelo provimento de um caminho alternativo para circulação de corrente, quando
as chaves estão abertas (considerando-se a alimentação de cargas indutivas). No barramento
CC há um ponto intermediário “0” denominado de neutro virtual do inversor. As unidades
básicas de um inversor de tensão correspondem aos seus braços, que também são
denominados de pólos chaveados bidirecionais em corrente.
Fig. 3 – (a) Diagrama elétrico de um inversor trifásico de dois níveis, (b) pólo chaveado fornecendo
corrente a carga e (c) pólo chaveado no modo regenerativo.

2.1 Princípio de funcionamento de um pólo chaveado

Os diagramas elétricos de pólos chaveados com fluxos de potência fontecarga e


cargafonte são apresentados nas Fig. 3(b)-(c). Estes pólos chaveados são compostos por:
uma fonte de tensão CC, um banco de capacitores, uma chave bidirecional em corrente e uma
fonte de corrente (carga fortemente indutiva). Para efeito de análise, as referidas chaves são
consideradas como interruptores ideais. O funcionamento do pólo chaveado depende dos
estados das chaves e da direção da corrente de carga. Como as chaves qa1 e qa2 são
complementares entre si, para analisarmos este circuito é necessário apenas conhecer o
estado da chave qa1. Considerando-se o circuito da Fig. 4, em que o fluxo de potência é
fontecarga, em relação ao ponto negativo da fonte CC e dependendo da posição da chave, a
tensão de pólo poderá assumir os valores E para chave qa1 fechada (qa1 = 1 (Fig. 4(a))) ou 0
para a chave qa1 aberta (qa1 = 0 (Fig 4(b))). Já no caso, em que o ponto intermediário do
barramento CC é tomado como referência, a tensão de pólo pode assumir os valores E/2 para
qa1 = 1 (Fig. 4(a)) ou -E/2 (qa1 = 0 (Fig. 4(b))).

Fig. 4 – Tensões de saída do pólo chaveado; (a) qa1 = 1 e (b) qa1 = 0.

Observe que na análise anterior os diodos de retorno não participaram do


funcionamento do pólo chaveado para definição da sua tensão terminal. Todavia, na
implementação do inversor, a comutação entre as chaves qa1 e qa2 não acontece de forma
instantânea por conta dos atrasos inerentes as suas estruturas semicondutoras. Por conta
disso, os comandos enviados para elas possuem um atraso necessário para evitar o curto-
circuito do barramento CC. Este tipo de acionamento produz entre cada comutação um tempo
em que ambas as chaves estão desligadas (tempo morto). Por conta disso, os diodos de
retorno são introduzidos na estrutura para prover um caminho alternativo para corrente.
Observe que neste caso a carga junto com estes dispositivos determina a tensão terminal do
pólo do inversor. Por exemplo, no caso do circuito da Fig. 5, se as chaves qa1 e qa2 estiverem
desligadas, a corrente circulará pelo diodo de retorno em antiparalelo com qa2, o que
determinará uma tensão de pólo va0 = 0V (va0 = -E/2V, para o referencial “0” (Fig. 5(a))).
Quando o conversor opera no modo regenerativo (fluxo de potência cargafonte), a corrente
da carga circulará pelo diodo em antiparalelo com qa1 e a tensão terminal será va0 = EV
(va0 = E/2V, para o referencial “0” (Fig. 5(b))).

Fig. 5 – Operação do pólo chaveado durante o tempo morto; (a) fluxo de potência fontecarga e (b)
modo regenerativo.

Como o objetivo do braço do inversor é gerar tensões bipolares, a solução imediata seria
utilizar como referencial o ponto intermediário “0” do barramento CC. Isto implicaria na
conexão da carga entre os pontos “a” e “0”. Teoricamente não haveria problema neste tipo de
conexão. Todavia, como a carga é em geral alimentada por tensão senoidal, a corrente
resultante sobre ela também é senoidal. Como conexão do ponto “0” é obtida a partir da
ligação de dois capacitores em série, que por sua vez estão em paralelo com fonte de tensão
CC (ver Fig. 4(b)), as correntes dos referidos capacitores passam a ter uma componente
senoidal imposta pela carga. Para o adequado funcionamento do barramento CC é necessário
que a tensão no ponto “0” seja constante de valor E/2 (divisor de tensão), isto requer o
emprego de grandes capacitores eletrolíticos. Estes capacitores não são adequados para
aplicações em que as correntes sejam senoidais, o que inviabiliza a opção de utilização da
conexão do ponto “0” do barramento CC. Para contornar o problema, a solução seria a
geração de tensões senoidais a partir do ponto N (negativo do barramento CC).

2.2 Modulação PWM para um pólo chaveado bidirecional em corrente

Com base na análise acima, fica claro que em relação ao ponto “0” a saída do pólo
chaveado só pode sintetizar tensões positivas. Porém, a aplicação com inversores e em
especial, com energia eólica, exige que os conversores sejam capazes de gerar tensões
bipolares. A estrutura do pólo chaveado não é capaz de gerar tensões bipolares, mas é capaz
de gerar uma tensão senoidal a partir de um referencial. Por exemplo, considerando-se que o
pólo do inversor é alimentado por uma fonte de tensão CC de valor EV. Assim, se definirmos
como referencial um valor intermediário E/2V, é possível sintetizar uma tensão senoidal em
torno deste patamar como pode ser observado na Fig. 6.

Fig. 12 – Funcionamento de um pólo chaveado; (a) relação cíclica e (b) tensão média de saída.

Com base nesta figura, observa-se que o valor médio da tensão gerada é E/2V, que
denominaremos de tensão de “offset”. Este tipo de operação é denominado de modulação
PWM, o que será definido analiticamente a seguir. A síntese da tensão de saída do pólo do
inversor é baseada no valor médio da tensão chaveada ao longo de um período Ts. Durante
este período de chaveamento, ocorre dos intervalos em que os estados das chaves qa1 e qa2
comutam. Denominaremos estes intervalos como ton e toff. No intervalo ton a chave está ligada
(qa1 = 1 e qa2 =0). Já no intervalo toff, a chave qa1 estará desligada (qa1 = 0 e qa2 = 1). O intervalo
de chaveamento é então definido como:
(1)

A tensão media do pólo chaveado pode ser dada por:

(2)

Na Eq. (2), observa-se que a tensão média do pólo chaveado é proporcional ao


quociente entre o tempo em que a chave qa1 está ligada e o intervalo de chaveamento Ts. Este
quociente é denominado de relação cíclica e pode ser dado por:

(3)

A relação cíclica d é tem seus valores delimitado em 0 ≤ d ≤ 1. Analisando-se a Eq. (3) observa-
se que a tensão média é proporcional ao valor de d. Em geral, a modulação PWM é obtida a
partir da comparação entre a tensão de referência (forma de onda que se deseja sintetizar) e
uma portadora triangular bipolar em tensão e simétrico em relação ao seu eixo central (ver
Fig. 7(a)).
Fig. 7 – Modulação PWM – Comparação seno x triângulo.

A tensão de saída do pólo do inversor que é obtida a partir da modulação PWM é


apresentada na Fig. 7(b). A lógica empregada para obtenção da tensão de saída do referido
pólo pode ser determinada a partir de:

(4)

O espectro de harmônicos da tensão de saída vAN relativo ao esquema PWM relativo a


tensão de saída apresentada na Fig. 7(b) é apresentado na Fig. 7(c). As amplitudes dos
harmônicos desta figura foram normalizadas em relação à tensão do barramento CC. A
variável mf refere-se a relação entre a triangular e a tensão de referência, também
denominada de índice de freqüência de modulação.
Analiticamente, para sintetizar uma tensão qualquer em torno do valor de offset E/2
pode-se escrever que:

(5)

onde: a tensão é o valor instantâneo da tensão de referência a ser sintetizada pelo pólo e
é o valor máximo da tensão da forma de onde triangular simétrica. A restrição do valor de
d(t) também impõe a restrição ao quociente . Este quociente é denominado de
índice de modulação. Observe que se a portadora triangular for simétrica, a tensão de
referência deve também deverá ser simétrica em relação ao eixo do tempo. A relação cíclica é
calculada a cada intervalo de chaveamento Ts. Assim, a tensão sintetizada pelo pólo chaveado
tem seu valor médio composto pelas médias impostas a cada intervalo de chaveamento (ver
Fig. 8).

Fig. 8 – Valor médio da tensão de pólo obtida a partir da modulação PWM.

Se a tensão de referência for um sinal senoidal, então o valor médio da tensão de


saída pode ser dado por:

(6)

Onde a referência de tensão é . A equação acima mostra que a tensão de


pólo é determinada pela relação proporcional entre as amplitudes da tensão de referência e
da portadora triangular ( ). Isto demonstra que a amplitude da tensão de referência não
deve ter necessariamente o valor da tensão final de saída do pólo do chaveado. Além disso, a
tensão do pólo chaveado dado pela Eq. (6) tem valor médio igual a E/2, ao longo de um
período da tensão de referência. Assim, se alimentarmos uma máquina monofásica com este
perfil de tensão, a tendência é saturarmos o seu núcleo ferromagnético. Isto faria com que a
máquina produzisse um conjugado mecânico inferior ao nominal. A solução para o caso
monofásico seria a adição de outro braço do inversor, sobre o qual se aplicaria uma modulação
PWM adequada para eliminação do offset de tensão.

2.3 Inversor monofásico - Ponte H

A estrutura básica de inversor monofásico - ponte H é apresentada na Fig. 9. Ela é


composta por quatro chaves de potência com seus respectivos diodos de roda-livre em
antiparalelo; qa1, qa2, qb1 e qb2, um barramento CC composto pela associação de dois
capacitores e uma fonte de tensão CC. Os pontos a, b e N referem-se aos pólos do inversor e
ao negativo do barramento CC (referencial utilizado para geração das tensões de pólo). Como
na definição anterior, as chaves qa1 e qa2, bem como, qb1 e qb2 são complementares duas a
duas. Este conversor permite a geração de uma tensão monofásica sem o offset, inerente ao
processo de modulação PWM do pólo do inversor. O entendimento do funcionamento deste
inversor é bastante oportuno, pois permite a definição de esquemas de modulação PWM para
operação do inversor com dois ou três níveis.

Fig. 9 – Diagrama elétrico de um inversor monofásico – Ponte H.

2.4 Operação do inversor Ponte H com dois níveis

Na operação do inversor ponte H com dois níveis as tensões de saída variam entre: –E
e EV. Para que esta condição de funcionamento seja obtida, as chaves qa1 e qb2, bem como, qa2
e qb2 são comandadas simultaneamente. Este procedimento corresponde a operação diagonal
das chaves do inversor. A modulação PWM dos braços do inversor é obtida da mesma maneira
que a apresentada para o pólo chaveado da seção anterior. Para obtermos a operação em
diagonal do conversor é necessário fazer com que o sinal de comando aplicado ao braço b seja
o negativo do aplicado ao braço a. Observe que este tipo de operação retira automaticamente
o offset de tensão gerado em cada braço do inversor. Assim, a tensão de saída do inversor
pode ser resumida a partir da seguinte lógica de comando (ver Fig. 10(a) e 10(b)):

(7)

Observando-se a Eq. (7), verifica-se que as tensões sintetizadas pelo inversor serão
sempre obtidas pelo chaveamento entre os níveis de tensão: –E e EV. Por conta disso,
denomina-se que o inversor ponte H é comandado por uma modulação PWM de dois níveis.
Fig. 10 – Modulação do inversor ponte H com dois níveis (a) e sua tensão de saída (b).

2.5 Operação do inversor Ponte H com três níveis

Na operação do inversor com três níveis, as suas chaves não são mais comandadas de
forma cruzada como no esquema PWM do caso anterior. Neste caso, os braços do inversor são
comandados separadamente por PWM próprios. Ou seja, cada braço do inversor possuirá um
sinal de comando e ambos serão comparados com a mesma triangular como apresentado na
Fig. 11(a). A relação entre os sinais de comando dos braços a e b é que um é o negativo do
outro ( ). Desta forma, os sinais de comando PWM serão obtidos a partir da
comparação e com o sinal triangular , respectivamente. As comparações dos
referidos sinais de controle com a portadora triangular resulta na tensão de saída para o braço
a:

(8)

No caso da geração do PWM para o braço b, a tensão de controle é comparada com a


mesma triangular, o que resulta em:

(9)

A forma de onda resultante da tensão vab é apresentada na Fig. 11(b). A partir da Eq. (6), pode-
se escrever o equivalente para o braço b, o que resulta em:

(10)

Assim a tensão de saída do inversor pode ser dada por:


(11)
Substituindo-se as definições de vaN e vbN na Eq. (11), obtém-se:

(12)

A forma de onda da tensão de saída do inversor é obtida a partir de quatro


combinações dos comandos das chaves, o que corresponde aos seguintes níveis de tensão:

Fig. 11 – Modulação PWM de três níveis (a) e tensão de saída do inversor (b).

A tabela Tab. 1 demonstra que a técnica de modulação empregada produza na saída


do conversor três níveis de tensão. Associando-se a forma de onda da tensão de saída do
inversor da Fig. 11(b), observa-se o seguinte: quando o sinal de comando , a tensão
de saída é obtida a partir do chaveamento do conversor entre os níveis 0 e EV; no caso de
, a tensão de saída é obtida a partir dos níveis de tensão –E e 0V. Nos intervalos de
chaveamento em que as duas chaves superiores ou as duas chaves inferiores são comandadas
simultaneamente, os diodos de retorno fornecem o caminho adequado para circulação da
corrente de carga. Em comparação com a técnica de modulação de dois níveis, este esquema
possui a vantagem de dobrar a freqüência de chaveamento, além de possuir um conteúdo
harmônico reduzido. Além disso, há uma redução na variação de tensão na saída. Ou seja, no
caso do inversor de dois níveis , em comparação com o de três níveis esta variação
se reduz para . A vantagem do aumento da freqüência de chaveamento pode ser
visualizada no ripple da corrente de carga que é significativamente reduzido.

Tab. 1 – Níveis de tensão da modulação PWM de três níveis.


2.6 Modulação PWM para inversor trifásico de dois níveis

O diagrama elétrico de um inversor trifásico de dois níveis é apresentado na Fig. 12.


Como mencionado anteriormente, ele é composto por três pólos chaveados, bidirecionais em
corrente. Considerando-se aplicações em que as cargas a serem alimentadas por este
conversor são lineares e trifásicas, o objetivo deste inversor é fornecer as fases desta carga,
tensões trifásicas, equilibradas, com amplitude e freqüência variáveis. O comando de cada
braço do inversor é obtido segundo a técnica de modulação PWM, obtida pela comparação
seno x triângulo.

Fig. 12 - Diagrama elétrico do inversor trifásico de dois níveis.

Assim, as tensões de referência para comando dos braços do inversor podem ser
dadas por:

(13)

As relações cíclicas para cada braço do inversor são então:

(14)

Utilizando-se da definição de tensão de pólo, as tensões trifásicas geradas entre os


pontos a, b e c, em ralação ao ponto N (negativo do barramento CC) podem ser dadas por:

(15)

Em que é denominado de índice de modulação. Desta forma, a Eq. (15) pode ser
reescrita como:
(15)

As equações acima mostram as tensões de pólo possuem offsets de tensão E/2, o que
é indesejável no acionamento de cargas lineares trifásicas e equilibradas. Portanto, há a
necessidade de eliminação deste nível CC para que as fases da carga sejam alimentadas por
tensões médias senoidais. Para entendermos como esse valor de offset é eliminado das
tensões de fase da carga, considere o circuito equivalente do diagrama elétrico da Fig. 12, que
apresentado na Fig. 13.

Fig. 13 – Circuito equivalente do inversor trifásico alimentando uma carga trifásica equilibrada.

Neste circuito, os pólos do inversor são representados por fontes pulsadas conectadas
em Y ao ponto N (neutro do inversor trifásico). A carga trifásica é composta por três
impedâncias iguais, também conectadas em Y ao ponto n (neutro da carga). Aplicando-se a lei
das tensões kirchoff ao circuito equivalente da Fig. 13, obtém-se que:

(16)

Somando-se as três equações acima termo a termo, obtêm-se a seguinte identidade:


(17)
Sobre a equação acima é necessário desenvolver uma análise pertinente para sua solução. No
circuito equivalente da Fig. 13, os neutros da fonte e da carga não são conectados. Além disso,
a carga foi definida com trifásica e equilibrada. Esta definição estabelece a priori que a soma
das suas correntes de fase é zero ( ), conseqüentemente, pode-se afirmar que
a soma das suas tensões de fase também é zero ( ). Aplicando-se o
resultado desta análise a Eq. (17), pode-se determinar a diferença de potencial entre os
neutros da fonte e da carga como:

(18)

Substituindo-se a Eq. (18) na Eq. (16), podem-se determinar as tensões de fase da carga como:

(19)
Utilizando-se das expressões das tensões de pólo dadas pela Eq. (15) e aplicado-as na Eq. (19),
obtêm-se as tensões de fase da carga, que são dadas por:

(20)

A análise acima que resultou na conclusão demonstrada pela Eq. (20), onde o valor de offset
E/2 foi eliminado, baseia-se nos mesmos princípios empregados para o inversor monofásico
ponte H. Ou seja, a eliminação do offset de tensão foi viabilizada pela definição adequada das
tensões de referência e pela simetria das fases da carga.

2.9 Funcionalidade do inversor de tensão

O entendimento da funcionalidade do inversor de tensão é essencial para a


compreensão das técnicas de acionamento empregadas em sistemas eólicos. Para simplificar a
análise, considere o diagrama de bloco da Fig. 14(a), onde é representado um inversor
monofásico de tensão monofásico. Sobre a saída deste inversor é utilizado um procedimento
de filtragem de tal forma que sua tensão de saída é puramente senoidal. Admitindo-se que o
referido inversor alimenta uma carga indutiva, que pode ser uma máquina elétrica monofásica,
a corrente imposta por esta carga está atrasada em relação à tensão determinado de um
ângulo . Os gráficos das formas de onda da tensão e da corrente, na saída do inversor são
apresentados na Fig. 14(b). Tomando-se os instantes de passagem por zero destes gráficos é
possível delimitar quatro intervalos temporais, denominados aqui e intervalo 1 a 4.
Analisando-se estes intervalos podem-se chegar às seguintes conclusões: (i) durante os
intervalos 1 e 3, a tensão v0 e a corrente i0 são ambas positivas e o fluxo de potência
( ) vai do barramento CC para a carga, o que corresponde ao modo de operação
inversor; (ii) nos intervalos 2 e 4, a tensão v0 e a corrente i0 têm sinais contrários e fluxo de
potência vai da carga para o barramento CC, o que corresponde ao modo de operação
retificador. Esta análise demonstra que o inversor de tensão pode operar nos quatro
quadrantes do plano i0 - v0, como apresentado na Fig. 14(c).
Fig. 14 – Funcionalidade do inversor de tensão: (a) diagrama de blocos, (b) tensão e corrente de saída do
inversor e (c) quadrantes de operação.

Referências Bibliográficas

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