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Inversores de Tensão
Prof. Ricardo Lúcio de Araujo Ribeiro
1.0 Introdução
Fig. 5 – Operação do pólo chaveado durante o tempo morto; (a) fluxo de potência fontecarga e (b)
modo regenerativo.
Como o objetivo do braço do inversor é gerar tensões bipolares, a solução imediata seria
utilizar como referencial o ponto intermediário “0” do barramento CC. Isto implicaria na
conexão da carga entre os pontos “a” e “0”. Teoricamente não haveria problema neste tipo de
conexão. Todavia, como a carga é em geral alimentada por tensão senoidal, a corrente
resultante sobre ela também é senoidal. Como conexão do ponto “0” é obtida a partir da
ligação de dois capacitores em série, que por sua vez estão em paralelo com fonte de tensão
CC (ver Fig. 4(b)), as correntes dos referidos capacitores passam a ter uma componente
senoidal imposta pela carga. Para o adequado funcionamento do barramento CC é necessário
que a tensão no ponto “0” seja constante de valor E/2 (divisor de tensão), isto requer o
emprego de grandes capacitores eletrolíticos. Estes capacitores não são adequados para
aplicações em que as correntes sejam senoidais, o que inviabiliza a opção de utilização da
conexão do ponto “0” do barramento CC. Para contornar o problema, a solução seria a
geração de tensões senoidais a partir do ponto N (negativo do barramento CC).
Com base na análise acima, fica claro que em relação ao ponto “0” a saída do pólo
chaveado só pode sintetizar tensões positivas. Porém, a aplicação com inversores e em
especial, com energia eólica, exige que os conversores sejam capazes de gerar tensões
bipolares. A estrutura do pólo chaveado não é capaz de gerar tensões bipolares, mas é capaz
de gerar uma tensão senoidal a partir de um referencial. Por exemplo, considerando-se que o
pólo do inversor é alimentado por uma fonte de tensão CC de valor EV. Assim, se definirmos
como referencial um valor intermediário E/2V, é possível sintetizar uma tensão senoidal em
torno deste patamar como pode ser observado na Fig. 6.
Fig. 12 – Funcionamento de um pólo chaveado; (a) relação cíclica e (b) tensão média de saída.
Com base nesta figura, observa-se que o valor médio da tensão gerada é E/2V, que
denominaremos de tensão de “offset”. Este tipo de operação é denominado de modulação
PWM, o que será definido analiticamente a seguir. A síntese da tensão de saída do pólo do
inversor é baseada no valor médio da tensão chaveada ao longo de um período Ts. Durante
este período de chaveamento, ocorre dos intervalos em que os estados das chaves qa1 e qa2
comutam. Denominaremos estes intervalos como ton e toff. No intervalo ton a chave está ligada
(qa1 = 1 e qa2 =0). Já no intervalo toff, a chave qa1 estará desligada (qa1 = 0 e qa2 = 1). O intervalo
de chaveamento é então definido como:
(1)
(2)
(3)
A relação cíclica d é tem seus valores delimitado em 0 ≤ d ≤ 1. Analisando-se a Eq. (3) observa-
se que a tensão média é proporcional ao valor de d. Em geral, a modulação PWM é obtida a
partir da comparação entre a tensão de referência (forma de onda que se deseja sintetizar) e
uma portadora triangular bipolar em tensão e simétrico em relação ao seu eixo central (ver
Fig. 7(a)).
Fig. 7 – Modulação PWM – Comparação seno x triângulo.
(4)
(5)
onde: a tensão é o valor instantâneo da tensão de referência a ser sintetizada pelo pólo e
é o valor máximo da tensão da forma de onde triangular simétrica. A restrição do valor de
d(t) também impõe a restrição ao quociente . Este quociente é denominado de
índice de modulação. Observe que se a portadora triangular for simétrica, a tensão de
referência deve também deverá ser simétrica em relação ao eixo do tempo. A relação cíclica é
calculada a cada intervalo de chaveamento Ts. Assim, a tensão sintetizada pelo pólo chaveado
tem seu valor médio composto pelas médias impostas a cada intervalo de chaveamento (ver
Fig. 8).
(6)
Na operação do inversor ponte H com dois níveis as tensões de saída variam entre: –E
e EV. Para que esta condição de funcionamento seja obtida, as chaves qa1 e qb2, bem como, qa2
e qb2 são comandadas simultaneamente. Este procedimento corresponde a operação diagonal
das chaves do inversor. A modulação PWM dos braços do inversor é obtida da mesma maneira
que a apresentada para o pólo chaveado da seção anterior. Para obtermos a operação em
diagonal do conversor é necessário fazer com que o sinal de comando aplicado ao braço b seja
o negativo do aplicado ao braço a. Observe que este tipo de operação retira automaticamente
o offset de tensão gerado em cada braço do inversor. Assim, a tensão de saída do inversor
pode ser resumida a partir da seguinte lógica de comando (ver Fig. 10(a) e 10(b)):
(7)
Observando-se a Eq. (7), verifica-se que as tensões sintetizadas pelo inversor serão
sempre obtidas pelo chaveamento entre os níveis de tensão: –E e EV. Por conta disso,
denomina-se que o inversor ponte H é comandado por uma modulação PWM de dois níveis.
Fig. 10 – Modulação do inversor ponte H com dois níveis (a) e sua tensão de saída (b).
Na operação do inversor com três níveis, as suas chaves não são mais comandadas de
forma cruzada como no esquema PWM do caso anterior. Neste caso, os braços do inversor são
comandados separadamente por PWM próprios. Ou seja, cada braço do inversor possuirá um
sinal de comando e ambos serão comparados com a mesma triangular como apresentado na
Fig. 11(a). A relação entre os sinais de comando dos braços a e b é que um é o negativo do
outro ( ). Desta forma, os sinais de comando PWM serão obtidos a partir da
comparação e com o sinal triangular , respectivamente. As comparações dos
referidos sinais de controle com a portadora triangular resulta na tensão de saída para o braço
a:
(8)
(9)
A forma de onda resultante da tensão vab é apresentada na Fig. 11(b). A partir da Eq. (6), pode-
se escrever o equivalente para o braço b, o que resulta em:
(10)
(12)
Fig. 11 – Modulação PWM de três níveis (a) e tensão de saída do inversor (b).
Assim, as tensões de referência para comando dos braços do inversor podem ser
dadas por:
(13)
(14)
(15)
Em que é denominado de índice de modulação. Desta forma, a Eq. (15) pode ser
reescrita como:
(15)
As equações acima mostram as tensões de pólo possuem offsets de tensão E/2, o que
é indesejável no acionamento de cargas lineares trifásicas e equilibradas. Portanto, há a
necessidade de eliminação deste nível CC para que as fases da carga sejam alimentadas por
tensões médias senoidais. Para entendermos como esse valor de offset é eliminado das
tensões de fase da carga, considere o circuito equivalente do diagrama elétrico da Fig. 12, que
apresentado na Fig. 13.
Fig. 13 – Circuito equivalente do inversor trifásico alimentando uma carga trifásica equilibrada.
Neste circuito, os pólos do inversor são representados por fontes pulsadas conectadas
em Y ao ponto N (neutro do inversor trifásico). A carga trifásica é composta por três
impedâncias iguais, também conectadas em Y ao ponto n (neutro da carga). Aplicando-se a lei
das tensões kirchoff ao circuito equivalente da Fig. 13, obtém-se que:
(16)
(18)
Substituindo-se a Eq. (18) na Eq. (16), podem-se determinar as tensões de fase da carga como:
(19)
Utilizando-se das expressões das tensões de pólo dadas pela Eq. (15) e aplicado-as na Eq. (19),
obtêm-se as tensões de fase da carga, que são dadas por:
(20)
A análise acima que resultou na conclusão demonstrada pela Eq. (20), onde o valor de offset
E/2 foi eliminado, baseia-se nos mesmos princípios empregados para o inversor monofásico
ponte H. Ou seja, a eliminação do offset de tensão foi viabilizada pela definição adequada das
tensões de referência e pela simetria das fases da carga.
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