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Ganapati
Ecologia - Vegetarianismo - Ética - Espiritualidade

MARÇO 2010 Nº6

Dores desiguais diante da perda de vidas humanas.


Henri Kobata

A
pós terminar de fazer o noticiário da noite, os jornalis- melhantes. Agimos criando diferenças entre os seres humanos
tas comentavam sobre quantas pessoas já morreram e, ainda mais, na relação entre os seres humanos e todos os
nos últimos meses pela ação da natureza. Recorda- outros seres vivos. Demonstramos isso todos os dias, diante
vam das chuvas que inundam e continuam inundando algu- de cada fato do cotidiano.
mas cidades brasileiras, das neves que congelaram as cidades Acreditamos que temos mais direitos do que os outros à
dos Estados Unidos e da Europa e dos deslizamentos e desa- vida e à felicidade. Que as nossas dores são maiores do que
bamentos na região de Angra dos Reis. E, agora, as mortes as dores dos outros. Que as nossas necessidades e o nosso
em grande escala provocadas pelo terremoto devastador no conforto são mais urgentes e prioritários do que os dos outros
Haiti. Uma das apresentadoras do noticiário confessava que seres humanos, ou dos seres animais. Não está na nossa alma
não conseguiu conter as lágrimas mesmo estando no ar, após o impulso de dividir e compartilhar, nem as coisas, nem os
ver as imagens da tragédia do Haiti. Já não bastavam a fome e sentimentos.
a miséria, aquele tipo de vida que faz com que o povo ganhe Resultado disso é o mundo em que vivemos. Individual-
menos de 2 reais por dia e se alimente de bolinhos de barro ista, de sentimentos rasos, violento, de competição sem sen-
temperado com sal? – perguntava ela. tido, de exploração dos mais fracos e de
Naquele estúdio estavam o susto, a relações cruéis com as vidas da natureza.
sensação de “ainda bem que eu não es- São belos os sentimentos que
tava lá”, o sentimento de pena das víti- originam as ações de apoio às vítimas
mas e a vontade de estar lá para ajudar. do terremoto do Haiti. Pois é urgente
Se fosse possível ver todos os senti- que se enviem alimentos, água potável,
mentos que pairavam naquele lugar, a roupas, remédios, médicos, voluntários.
imagem seria a de uma grande algazarra. Será preciso ajudar a organizar a cidade,
E foi esse clima que invadiu imediata- cuidar dos feridos, sepultar os mortos e
mente as televisões, as rádios, os com- reconstruir a cidade destruída. Tudo isso
putadores e os celulares. é preciso.
Mesmo daqueles sentimentos difusos Mas, no final da história, mesmo
nasceram reações organizadas e conver- com todas essas ações, porque acredita-
gentes. Seguiram-se ações solidárias em todos os cantos do mos na desigualdade entre as vidas, os haitianos permanecerão
mundo. Mas também existiram pessoas que não se sensibili- desiguais. Porque o sentimento de ajuda não está fundado na
zaram, porque não se sentiram tocadas pela dor das vítimas do crença inabalável de que todo o ser vivo tem, no mínimo,
Haiti, porque acharam que tudo aquilo era algo quase normal direito à vida com moradia, alimentação, saúde e liberdade.
num país pobre como aquele, ou porque não se sentiram iden- Para que o mundo pare de ser o que é, precisamos dialogar
tificadas com haitianos que eram muito diferentes e distantes com os nossos sentimentos que direcionam os impulsos, as
delas. Por mais que essa constatação seja chocante, esse tipo ações e formulam os nossos horizontes. Não há diferença en-
de sentimento existe com mais frequência do que imagina- tre as vidas. Não há graduação em quem – ou quais seres –
mos. merece ter vida mais digna ou menos digna. Em quem deve
A insensibilidade de muitos diante da catástrofe do Haiti sofrer mais e quem deve sofrer menos. Existe só a vida, a vida
não deveria nos revoltar, porque ela faz parte do nosso co- preciosa de todos os seres vivos que ninguém tem o direito de
tidiano. Por que nos sensibilizamos mais com o drama de uns, maltratar e de tirar.
do que com o de outros? Por que o drama de uma criança de
classe média nos chama mais atenção do que o drama seme-
lhante de uma criança que mora numa favela? Por que a mídia Henri Kobata - é jornalista e especialista em Gestão de Pessoas. Tem
formação em música erudita e em administração organizacional. Foi Diretor
dá mais atenção a um e não ao outro? Por que a morte violenta de Serviços Editoriais da Editora Abril e Diretor de Gestão de Pessoas da
do ser humano é mais chocante do que a morte cruel dos ani- Radiobrás. Há 15 anos dedica-se à educação e ao desenvolvimento de estu-
mais? dantes e de executivos. Coordenou projetos educacionais em organizações
O problema é que recebemos uma educação em que não-governamentais e foi responsável, no Hospital do Câncer de São Paulo,
pelos programas de desenvolvimento e de mudança de olhar dedicados aos
aprendemos a tratar pessoas diferentes, de forma diferente. jovens que tiveram sequelas graves devido ao tratamento do câncer e aos
No fundo, não acreditamos na ideia de que somos todos se- pacientes em estado terminal.

01
Consumo, logo existo. Frei Betto

A
o visitar em agosto a admirável obra social de Carli- emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a
nhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder.
que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conhe- Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos ob-
ceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas jetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles
e hortaliças. “Quem trouxe a fome foi a geladeira”, disse. O tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento
eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de ob-
no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao con- jetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja
sumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus ape-
acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carli- trechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, ci-
nhos Brown é inelutavelmente insaciável. frões, cargos etc.
É próprio do humano – e nisso também nos diferencia- Comércio deriva de “com mercê”, com troca. Hoje as
mos dos animais – manipular o alimento que ingere. A re- relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais,
feição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o
culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico. boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um comprador, e também constituíam o espaço das relações de
atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige vizinhança, como ainda ocorre na feira.
um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá
usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embala-
desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um dos. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo
ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano consumo supérfluo. “Nada poderia ser maior que a sedução”
comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da – diz Jean Baudrillard – “nem mesmo a ordem que a destrói.”
panela. Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet.
“Manuscritos econômicos e filosóficos” (1844), ele constata Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos
que “o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor os produtos que deseja.
de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar
valor para nós.” O capitalismo de tal modo desumaniza que já diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de con-
não somos apenas consumidores, somos também consumidos. sumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo.
As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me “Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático”,
cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era
despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também
da pobreza e à cultura da exclusão. gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, asse-
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não diado por vendedores como vocês, respondia: “Estou apenas
apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais observando quanta coisa existe de que não preciso para ser
de África também se encontra essa interação matéria-espírito. feliz”.
Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou
pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de Carlos Alberto Libânico Christo - conhecido como Frei Betto, é escritor e
desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um religioso dominicano.
Fonte: Adital – Agencia de Notícias da America Latina e Caribe.
determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comuni-
dades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a “Os pesquisadores concluíram que poderíamos
sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra- fazer mais para reduzir o aquecimento global
se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; comendo menos carne que comprando um
carro de consumo eficiente,
não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa
como o Toyota Prius.”
pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura
de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em Susan Andrews
cinderela…Somos consumidos pelas mercadorias na medida Fonte: “Estamos comendo o planeta vivo até a morte”
em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas

02
Momento de Reflexão
Ansiedade, competição e falta de tempo.

“É evidente que quando se trabalha com agenda teremos um estresse maior. Tudo que for limitado por prazos
dificilmente será realizado de forma prazerosa. Eu sugiro tentar trocar a agenda pela motivação. A motivação
tem um objetivo estratégico sem prazo que é “eu vou estar melhor se estiver efetivamente trazendo benefício
aos seres”. A pessoa não está preocupada com um cronograma que tenha estabelecido. Esse cronograma é
completamente artificial. O ponto central é estar focado em trazer benefício e causar o mínimo de danos aos
outros. Isso foge ao espaço temporal.” - Lama Padma Samten

Parinirvana Monja Coen

B
uda deitou-se entre duas árvores de troncos esbran- das por companhiam sofrem dificuldades por excesso de com-
quiçados. Lua cheia. Noite na mata estranhamente panhia, assim como uma árvore corre o risco de murchar se
silenciosa. Ananda, seu atendente de tantos anos, muitos pássaros viverem nela.
lamentava-se pela despedida a seu mestre. Ananda não estava Mantenham o esforço correto, a diligência, assim como o
só. Um grande número de discípulos, discípulas, monásticos constante gotejar da água fura uma rocha.
e laicos cercavam seu leito de folhas. Dizem que até mesmo Não percam a atenção correta ao procurar por um mestre ou
animais, feras e pequenos bichinhos, todos vieram se despedir um amigo. Se perderem a atenção correta, as paixões poderão
de Buda em seus momentos finais. entrar e perderão todos os méritos.
Sereno, fez seu ultimo ensinamento. A mente devem estar concentrada, capaz de compreender o
Estava quase entrando Parinirvana. surgir e o desaparecer de todas as coisas no mundo.
Não dizemos que um Buda morre. Budas entram Parinirvana. Se tiverem sabedoria não terão ganância. Se possuirem o bri-
Adentram a grande tranquilidade. lho da sabedoria poderão ver claramente, com seus próprios
Segundo pesquisadores japoneses, comparando calendári- olhos.
os, cenários, e datas, chegaram a conclusão que teria sido no Se quiserem obter a benção de Nirvana (paz), devem extin-
dia 15 de fevereiro cerca de dois mil e seiscentos anos atrás, guir o mal de falar à toa. Não se engajem de forma leviana
quando Xaquiamuni Buda entrou Parinirvana, em Kushina- em conversas inúteis
gara, ao norte da Índia. Este é o ensinamento final.
Cito abaixo alguns trechos das palavras de despedida de Não se lamentem. Não existe encontro sem despedida.
Buda. Façam da Verdade o seu mestre e eu viverei para sempre.
A mente desonesta é incompatível com o Caminho. Por esta Hoje, ao celebrar o Parinirvana de Buda deixo a vocês as
razão devem cultivar a honestidade. seguintes questões:
A pessoa de muitos desejos, que procura grandiosidde apenas Se voce soubesse que ira morrer em algumas horas, estivesse
para si mesma, sofre muito. em plena lucidez e cercada /cercado de seus filhos, netos, ami-
Uma pessoa de poucos desejos não manipula a mente dos gos, alunos, discípulos, parentes, pessoas amadas, colabora-
outros através da desonestidade. A mente de quem tem poucos dores, o que diria a eles?
desejos é tranquila e sem preocupações. - Qual é o seu ensinamento final?
Para se libertar de todo o sofrimento é preciso conhecer o con- - Qual a mensagem de sua vida?
tentamento. O contentamento é a condição da prosperidade - Reflita em si mesmo.
e do bem estar. Maõs em Prece.
Sintam prazer na quietude e na tranquilidade. As pessoas ávi-

Curiosidades
Uma torneira mal fechada pode chegar a desperdiçar mais de 50 litros por dia, o que corresponde a mais de um metro
cúbico por mês. (http://conhecerasplantas.forumeiros.com/ambiente-f41/curiosidades-sobre-a-gua-t460.htm.)

“... 1 quilo de carne industrializada significa 300 quilos de gás-estufa emitido, e esses 300 kg custam R$ 10 no mer-
cado de carbono. É mais do que o custo da própria carne por quilo no atacado ...”
(Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira-http://gazetaweb.globo.com/)

03
Ouvindo Ramatis

A
Terra, a partir do III milênio, será promovida a es- dade terrena, ainda escrava de um círculo vicioso, em que os
cola planetária ginasial, requerendo, também, a ma- “vivos” dotados de razão trucidam os “vivos” irracionais para
trícula de alunos já libertos das injunções instintivas e beber-lhes o sangue e devorar-lhes as carnes; e então, depois,
primárias da animalidade inferior. Malgrado os habituais pro- enfrentam o cruciante sofrimento de verem os filhos ou paren-
testos e censuras dos conservadores e descrentes do texto des- tes para o massacre organizado dos campos de batalhas! Esta-
ta obra, insistimos em advertir aos terrícolas que o “feitiço” distas, filósofos, psicólogos, sacerdotes, lideres espiritualistas
existe e só os espíritos completamente liberados de resgates e governos tem gasto toneladas de papel e rios de tinta em
cármicos são invulneráveis aos seus efeitos ruinosos. congressos, campanhas, empreendimentos e confraterniza-
Também não aguardamos louvores prematuros para as ex- ções para implantarem a paz no mundo e festejando tais cong-
plicações e considerações que relacionamos nesta obra sobre raçamentos com banquetes de vísceras sangrentas de animais,
os processos de feitiçaria. Em verdade, o principal objetivo de cujo sangue vertido é exatamente a causa da infelicidade das
“Magia de Redenção” é advertir aos terrícolas, quanto à sua guerras! A Divindade jamais poderia rebaixar o seu espírito
tremenda responsabilidade espiritual pelo derrame de sangue de justiça e de amor por todos os seres, concedendo a paz e a
de animais e aves através de matadouros, frigoríficos, char- ventura ao homem racional, que firma a sua existência sobre
queadas e açougues, cuja barbárie “civilizada” gera cruciante os escombros sangrentos do irmão menor!
carma humano e torna-se a principal fonte de infelicidade ter- Convertem-se os terrícolas em escravos do mundo oculto
rena. Enquanto sangue do irmão menor verter tão cruelmente ao servir de “repastos vivos” dos espíritos tenebrosos, vincu-
na face da terra, os espíritos desencarnados também terão lados às paixões mais aviltantes! Por isso, o enfeitiçamento e
farto fornecimento de “tônus vital” para a prática nefanda do a obsessão alastram-se no vosso mundo, nutridos pelo sangue
vampirismo, obsessão e feitiçaria. Sob a justiça implacável da derramado dos animais e dos próprios homens massacrados
Lei do Carma, a quantidade de sangue vertida pelos animais carmicamente nas guerras abomináveis! Jorra o sangue nos
resulta, pela ação reflexa, em igual quantidade de sangue hu- pisos dos matadouros e aviários modernos sob os gemidos
mano jorrado fratricidamente nos morticínios das guerras e cruciantes dos animais indefesos; mas jorrará também o
guerrilhas! Cada matadouro construído no mundo propor- sangue humano nas ruas, praças, lares e campos floridos sob a
ciona a encarnação de um “Hitler” ou “Átila”, verdadeiros lei de causa e efeito do Carma!...
flagelos, semeadores de sofrimento da humanidade, como Basta-nos despertar em alguns leitores pensamentos e
executores inconscientes da lei cármica, - a semeadura é livre, decisões mais prudentes em favor da maior vivência do evan-
mas a colheita é obrigatória! Jamais a guerra será eliminada gelho de Jesus, pois a impiedade para com o infeliz irmão
da face da terra, enquanto explorardes a “indústria da morte” menor gera o choque de retorno tão popularizado, de que “o
mediante esses abomináveis matadouros e frigoríficos de ani- feitiço sempre se volta contra o feiticeiro”! E jamais alguém
mais, pois estes, como os homens, são filhos do mesmo Deus se integra à vivência evangélica, quando o seu prazer e a sua
e criados para a mesma felicidade. A Divindade não seria tão ventura ainda dependam do sacrifício do mais ínfimo animal!
estuta e injusta, permitindo que o homem dito racional seja Curitiba, 15 de agosto de 1967.
feliz enquanto massacrar o irmão menor, indefeso e serviçal,
Ramatis - é o nome atribuído por médiuns de diversos países a um espírito
pois ele também sente!
que seria o autor/inspirador de dezenas de obras escritas por eles. Hercí-
Ademais, os espíritos diabólicos que obsidiam, vampi- lio Maes, América Paoliello Marques, Maria Margarida Liguori, Wagner
rizam e enfeitiçam, são os irmãos desencarnados ainda escra- Borges, Norberto Peixoto e Dalton Roque são alguns dos que afirmaram ou
vos da ignomínia do carnivorismo, tal qual fazeis atualmente. afirmam comunicar-se com Ramatis. O conjunto das obras atribuídas a ele
representa a principal fonte bibliográfica e ideológica do espiritualismo uni-
Em verdade, é bem diminuta a diferença entre os vampiros
versalista. Em função da proposta universalista de Ramatís, os médiuns que
desencarnados, que se satisfazem com o sangue cru, e os psicografam suas obras possuem perfis diferenciados, mesclando influências
vampiros encarnados, que preferem come-lo ou bate-lo até do esoterismo, do hinduísmo, da umbanda, da doutrina espírita, da Con-
transforma-lo em chouriço de rótulo dourado! Infeliz humani- scienciologia, da Projeciologia e do espiritualismo laico e temporal.

Você sabia
Existe uma ilha na Dinamarca chamada Samso que é considerada o lugar mais limpo, ecológico e energetica-
mente autossustentável do planeta. A ilha tem uma população de 4.100 habitantes e uma área de 114 km². A
energia para consumo próprio é gerada a partir de gigantescas turbinas eólicas. Para o aquecimento de água são
utilizados painéis solares e usinas movidas a palha e lascas de madeira. Além disso, os alimentos consumidos são
colhidos de hortas caseiras ou comprados de produtores locais. Tudo é orgânico, e a bicicleta é o meio de trans-
porte mais utilizado.
(http://www.istoe.com.br/conteudo/43889_PARAISO+SUSTENTAVEL).

04
Educar para a vida Conceição Cavalcanti

“A competição não é e nem pode ser sa-


dia porque se constitui na negação do outro”.
Humberto Maturana

Estamos todos nós imbuídos em construir e


praticar uma educação para a vida? Nossas
escolas dispõem de espaços verdes suficiente-
mente vivos que possibilitem uma plena inte-
gração do ser humano com a natureza? Espa-
ços que permitam a observação, o manuseio,
a experimentação da própria vida? Como está
sendo a relação de nossas crianças e jovens
com a vida natural? Vivemos em uma civiliza-
ção urbana baseada na dominação da natureza,
no desenvolvimento de tecnologias que agri-
dem o ambiente e no incentivo a modos de viv-
er competitivos. O aprendizado com a natureza
oferece lições importantes para a formação de
um indivíduo equilibrado e feliz. Conhecer
os ciclos naturais dos rios, as fases da lua, os
períodos de plantio e colheita, o significado do
tempo, da espera, da paciência. Acompanhar a
germinação da semente, o desabrochar de uma
flor, o crescimento de uma árvore e a espera
pelo fruto maduro, possibilitará uma convivên-
cia harmoniosa entre o homem e a natureza. O
despertar da consciência desde a infância para
questões que hoje ameaçam nossa sobrevivên-
cia no planeta tais como: poluição, degradação
do meio ambiente, desmatamento, aquecimen-
to global, consumo exacerbado, individualis-
mo e vida centrada no ego fará toda diferença
para as próximas gerações, dos nossos filhos
e netos. Compreender a existência dos quatro
elementos terra, ar, água e fogo que sustentam

Visite nosso blog a vida inteira, reconhecendo a importância


dos mesmos para manutenção da mesma, faz
parte das nossas funções enquanto habitantes
www.grupoganapati.blogspot.com deste lugar. Assim como a família, a escola
deve estar preparada para tratar do assunto e
buscar formas que estimulem atitudes cons-
cientes e de preservação em relação ao mun-
do que nos cerca. Na grade curricular devem
constar atividades criativas responsáveis pelo
incentivo dos movimentos instintivos naturais
de cooperação, associação, divisão de tarefas,
trabalho em equipe, desenvolvendo assim, em
seus alunos e alunas, o sentido de pertenci-
mento no todo, sabendo-se parte, e a noção de
relações interdependentes. Diante dos desafios
que nos impõem o modelo de educar através
de uma visão sistêmica e ações holisticamente
integradas a escola como a conhecemos está
pronta em responder aos anseios exigidos pela
“sociedade do conhecimento”?

05
Junte-se aos bons - Prêmio Nobel
Para quem diz que o vegetarianismo é coisa de quem não tem o que fazer ou pensar, conheça a
opinião de alguns ilustres ganhadores do Prêmio Nobel, pessoas trazem grandes contribuições
para a ciência, a literatura, e principalmente, nos contemplam com seus esforços para um
mundo mais solidário.

Maurice Maeterlinck (1862 -1949) premio Nobel da literatura em 1925.


dramaturgo belgo-francês, Prêmio Nobel de “Somos sepulturas vivas de animais assassinados para
Literatura em1911, principal representante satisfazer nossos apetites. Como podemos esperar neste
da estética simbolista, tendência que surgiu mundo a paz por que tanto ansiamos?”
na França no fim do século XIX .
“Não é o meu propósito discutir aqui a Dr. Albert Schweitzer (1875–1965)
questão do vegetarianismo, ou encontrar teólogo, músico, filósofo e médico
objecções que podem ser incitadas contra essa alemão, foi Nobel da paz em 1952.
pratica; no entanto tem que ser admitido que destas ob- “O erro da ética até o momento tem sido
jecções nem uma delas consegue resistir a uma investiga- a crença de que só se deva aplicá-la em
ção leal e escrupulosa. Eu, da minha parte, posso afirmar relação aos homens.”
que aqueles que sei que se submeteram a este regime nota-
ram que os resultados foram a saúde melhorada ou resta- Isaac Bashevis Singer (1904- 1991) escritor
belecida, um notável aumento de resistência, e a aquisição judeu-americano foi Nobel de literatura em
de uma nitidez, claridade e bem-estar da mente, como a que 1978.
provavelmente se seguira à libertação de uma masmorra “Geralmente as pessoas usam como des-
secular, repulsiva e detestável.” culpa para continuar comendo carne, o
fato de que humanos sempre comeram
Rabindranath Tagore (1861 1941) escritor, carne. De acordo com essa lógica, não
poeta e músico indiano. Nobel da Literaura deveríamos tentar prevenir pessoas de as-
em 1913, participou do movimento sassinarem outras, já que esse comportamento
nacionalista indiano. também acontece desde as eras mais longínquas.”
“Nós conseguimos engolir carne, apenas
porque não pensamos na coisa cruel e John Maxwell Coetzee escritor sul-
pecaminosa que fazemos.” africano, recebeu o Nobel de Literatura
de 2003, é autor do livro A Vida dos
Romain Rolland (1866-1944) escritor, Animais- publicado pela Cia das Letras,
biógrafo e músico francês, foi o vencedor 2004.
do Prêmio Nobel de Literatura em 1915. “Sim, sou vegetariano. Acho o pensam-
“Para o homem cuja mente é livre existe ento de meter fragmentos de corpos pela
algo ainda mais intolerável nos sofrimen- garganta abaixo muito repugnante, e espanta-
tos dos animais do que no sofrimento hu- me que muita gente faça isso todos os dias”.
mano. Pois no ultimo é ao menos admitido
que o sofrimento é mau e que quem o causa é um Elfriede Jelinek, escritora austríaca, foi a
criminoso. No entanto milhares de animais são chacina- décima mulher a ganhar o Nobel literário
dos desnecessariamente sem o mínimo remorso. Se algum (2004):
homem se for referir a isso, será considerado ridículo. – E “Em qualquer época e em qualquer
esse é o crime imperdoável.” lugar, quando o homem tenha perdido
os seus pêlos, é provável que habitasse
Albert Einstein (1879 – 1955) Cientista, então um país quente, condições favoráveis
considerado um dos grandes gênios da para um regime VEGETARIANO que, segun-
humanidade, foi Prêmio Nobel da física em do as LEIS DA ANATOMIA, devia ser o seu.Todos os ci-
1921. dadãos têm o direito de ativamente tomar posição a favor
“Apesar de eu ter sido impedido por cir- ou contra o que quer que seja. É particularmente impor-
cunstancias exteriores de cumprir uma tante tomar posição pelos direitos dos animais, porque
dieta vegetariana rigorosa, tenho à muito os animais não podem falar por si mesmos. As pessoas
sido aderente da causa como princípio. Para devem fazê-lo por eles. Os animais, tal como todos os
além de concordar com os objetivos do vegetarianismo por indefesos, dependem desta proteção.”
razoes estéticas e morais, é da minha opinião que o modo
de vida vegetariano pelo seu efeito puramente físico no tem-
Ragendra Pachauri é presidente do Painel
peramento humano iria beneficiar muito o destino da hu-
Intergovernamental sobre Mudanças
manidade” (Escrito de uma carta de 1930,Alice Calaprice,
Climáticas, ganhador de prêmio Nobel da
The New Quotable Einstein, Princeton, 2005,
paz em 2007.
p. 281).
“Não coma carne, ande de bicicleta e
seja um consumidor sóbrio. É assim que
George Bernard Shaw (1856-1950) você pode ajudar a combater o aquecimen-
escritor, jornalista edramaturgo irlandês. É to global.”.
conhecido como autor de comédias satíricas
de espírito irreverente e inconformista. Foi o

06
O jornal também canta

27 de março. A HORA DO PLANETA

07
A Grande Alma
Henry David Thoreau Luciana Asfora

H
enry David Thoreau, escritor, poeta filosofo, conheciam.
naturalista e vegetariano, nasceu em Concord, Mas- Seus pensamentos sobre a natureza, ambientalismo e ve-
saschusetts nos EUA em 1817. Graduado em litera- getarianismo, foram considerados precursores do movimento
tura clássica pelo Harvard College, tinha um agudo sentido pacifista hippie na década de 60. Seus textos e discursos falam
crítico em relação à sociedade do século XIX, mas, há um sempre sobre as vantagens da vida natural e livre, sempre
consenso sobre a atualidade de seus pensamentos, que condi- associando natureza e liberdade.
zem mais com a realidade atual, do que da sua própria época. “Eu não tenho dúvidas que é parte do destino da raça humana,
“Muito à frente de seu tempo, sua defesa do Direito à rebeldia na sua evolução gradual, parar de comer animais.”
esteve, desde sempre, a serviço da luta contra todas as formas “Desfruta a terra, mas sem possuí-la. Por falta de iniciativa,
de discriminação. Lutou contra a escravidão nos EUA, pelos os homens estão onde estão, comprando e vendendo, des-
direitos das mulheres, em defesa do meio-ambiente, contra a perdiçando a vida como escravos”.
discriminação étnica e sexual. Como pacifista radical (indo à “Tornei-me vizinho dos pássaros, não por ter aprisionado um,
raiz do mal que combate) recusou-se a pagar impostos a um mas por ter me engaiolado perto deles”- disse no seu livro
governo autoritário que fazia mais uma guerra predatória na “Walden”.
qual roubou mais da metade do território mexicano – este ato
radical de Desobediência Civil lhe custou um tempo na cadeia
que lhe foi útil a escrever e deixar para a posteridade seus Luther King
pensamentos – muitas vezes, diria mesmo que na maior parte “Lembro de como a leitura deste artigo mexeu comigo quan-
delas, o lutador pelo que é verdadeiramente Justo e Perfeito do eu estava na faculdade. Convenci-me de que aquilo que
só é reconhecido postumamente após uma vida eivada de dis- nós estávamos preparando para fazer em Montgomery tinha
sabores. Questão de escolha. Há aqueles que não compactuam relação com o que Thoreau havia expressado. Nós estávamos
com a injustiça, a prepotência, a arrogância ou o roubo. Há os apenas dizendo à comunidade branca, ‘Nós não podemos
que se acomodam. Quem se acomoda, em geral, vive melhor, mais cooperar com um mau sistema”.
mas, como dizia Leonardo Da Vinci, não passam de meros
condutores de comida, não deixando rastro algum de sua pas-
sagem pelo mundo exceto latrinas cheias...” (trecho retirado O abolicionismo também foi uma causa abraçada pelo
da sinopse do seu livro Desobediência Civil no site Cultura escritor. Em 1846, os Estados Unidos anexaram o Texas e o
Brasil). Presidente James K. Polk provocou guerra contra o México.
A guerra era especialmente popular no Sul, pois o Texas tinha
terra para se plantar algodão e açúcar, o que significava mais
Gandhi territórios pró-escravidão. Nesta época, Thoreau recusou-se
“As idéias de Thoreau me influenciaram grandemente. Adotei a pagar os impostos, por não querer financiar um Estado es-
algumas delas e recomendei o estudo de Thoreau a todos os cravocrata e tampouco uma guerra. Este foi o motivo pelo
amigos que me ajudavam na causa da independência da qual foi mandado para cadeia. Em 1850, indignado a decisão
Índia. O nome do meu movimento foi retirado do ensaio de do governo estadual de Massachusetts em aplicar a Lei do
Thoreau Sobre o dever da desobediência civil. (...) Escravo Fugitivo de 1850, Thoreau deu uma palestra na Con-
venção Anti-Escravidão em Framingham, Massachussets, que
foi publicada como “Escravidão em Massachussets” no jor-
A obra de Thoreau exerceu influencia na vida de impor- nal Liberato, com grande repercussão. Além disso, defendeu
tantes personalidades. Ativistas como Martin Lhuter King e publicamente o abolicionista John Brown, que atuava na li
Mahatma Gandhi encontraram nos seus trabalhos inspiração bertação dos escravos por meio da rebelião armada.
para a via da não-violência ativa, em defesa de ideais liber- David Thoreau morreu em 1862 de tuberculose, com ap-
tadores. O escritor russo Leon Tolstoi também cita Thoreau enas quarenta e cinco anos, sem nenhuma obra publicada. O
dentre os autores que especialmente o influenciaram. local de sua cabana até hoje é marcado por um monte de pe-
Thoreau não foi apenas um escritor idealista, mas viveu de dras colocadas pelos peregrinos que o visitam todos os anos.
acordo com suas próprias convicções. Dizia que “um homem As suas experiências e pensamentos estão registrados nos
é rico em proporção ao número de coisas que se pode dar ao seus livros, publicados após a sua morte, dos quais os mais
luxo de não ter”. Amante da natureza, passou parte de sua conhecidos são A Desobediência Civil e Walden. Essas obras
vida numa cabana construída por ele próprio na propriedade se mantém atuais, para todos os que amam a integridade do
do renomado escritor e amigo pessoal, Ralph Waldo Emerson. Homem e a harmonia com a Natureza.
Localizada ao sul de Concord, o local serviu de abrigo para
vários escravos fugidos do sistema escravocrata americano. Informações retiradas dos sites:
Apesar de morar próximo a Boston, o escritor raramente se wikipedia.org/wiki/Henry_David_Thoreau
fazia presente. Não apreciava os lugares frequentados pelos www.culturabrasil.pro.br/desobedienciacivil.htm
http://peregrino-g.blogspot.com/2009/07/henry-
homens, mas não era grosseiro nem anti-social, como afir- david-thoreau.html
mam alguns autores, sendo querido por todos que realmente o

08
Recomendamos
O “Cuidado”: base da felicidade
nas relações humanas. Jeanine Japiassu
A História das Coisas

O
“The story off the Stuff” (EUA-
que significa “CUIDAR”? No desenvolvimento de cada 2008, Direção de Louis Fox).
O que significa o “CUIDADO” uma dessas virtudes é imprescindível Roteiro e apresentação de : An-
nas relações humanas? exercitar o domínio sobre si mesmo, nie Leonard . O curta de aproxi-
O cuidado existe, quando nos preo- no controle de todo comportamento ou madamente 17 minutos, explica
cupamos em criar uma ética amorosa ato que possa gerar sofrimentos aos ou- de forma didática e muito leve,
e responsável, na nossa convivência tros. Através do exercício da vontade e os ciclos de produção da história
diária com todos os humanos e seres domínio de si mesmo podemos ter um do capitalismo, da extração e
vivos que nos cercam. maior controle sobre a nossa tendência produção até a venda, consumo
O termo “cuidado”, segundo alguns à hipocrisia, ao orgulho, à arrogância, e descarte dos produtos, apon-
dicionários de filologia, deriva do latim à presunção, à inveja e ao controle dos tando para as consequências
cura, que em latim se escrevia coera, o nossos acessos de raiva e comporta- desse processo na sociedade e
que significa conceder atenção, se sen- mento agressivo. no ambiente. Através da narra-
tir responsável pelo bem estar do outro, Ao exercitar o respeito ao outro, tiva é possível perceber o nosso
bem como ter atitudes de preocupação o domínio sobre si mesmo e a discip- papel neste processo, e de como
e carinho com o outro. lina interior libertamos a nossa gen- somos impulsionados para um
O “cuidar” podendo vir a ser um erosidade, o nosso sentimento de com- consumo automatizado. Vale
grande auxiliar na prevenção de males paixão, os nossos gestos carregados de apena conferir. Onde ver:
de origem psíquica, ou não, que aco- afetuosidade e a busca do amor, cons- h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m /
metem toda a nossa sociedade, tais truindo um mundo mais feliz. watch?v=3c88_Z0FF4k
como angústias, estresse, neuroses as Leonardo Boff, na sua grande sa-
mais diversas, depressões, etc. bedoria nos diz que: “O bem não per-
Uma ética amorosa e responsável manece restrito à pessoa que o pratica.
envolve principalmente o respeito a O bem é como a luz, uma realidade de
tudo que nos cerca, o que significa: o irradiação. Como uma onda, segue seu
cultivo da paciência, da tolerância, a curso pelo mundo, evocando o bem que
responsabilidade pelo que os nossos está em todos e fortalecendo a corrente
atos podem gerar de sofrimento para os do bem pelos espaços sem fim. O bem
outros, a solidariedade, a compaixão, é a referência principal para qualquer
o perdoar a nós e aos outros e todas ética humanitária.”
aquelas atitudes que vão minorar o so- Gostaria de terminar com uma cita-
frimento, ou levar felicidade aos que ção de forte conteúdo ético, do Dalai
lhe estão próximos. Lama: Ilha das Flores
É no exercício diário e cotidiano do “AJUDE OS OUTROS SEM- Lindo documentário de Jorge
respeito ao outro, que vamos exercitar PRE QUE PUDER E, SE NÃO Furtado, produzido em 1989,
e desenvolver cada uma das virtudes já PUDER, JAMAIS OS PREJU- com Narrativa do ator Paulo
citadas e passar a fazer parte de nós, o José (aprox. 13 min). Exprime
DIQUE”.
“cuidado” com o outro, nas nossas rela- toda a banalização a que foi sub-
ções. metido o ser humano. Um re-
trato da sociedade de consumo,
acompanhando a trajetória de

Este um simples tomate, com todas


as desigualdades que surgem no
meio do caminho, até chegar a
F A Ç A A C O N E X Ã O filme lamentável condição de sub-
existência dos habitantes da Ilha
pode das Flores. Onde ver:
h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m /
watch?v=KAzhAXjUG28

mudar
sua vida
www.vista-se.com.br/terraqueos/
09
Ação Ecológica e Pacifista Lama Padma Samten

A
afirmação básica do pensamento ecológico é justa- gestos, sem perceber, dá respaldo e sustentação à raiz das
mente a unidade intrínseca de todas as coisas, mas isto dificuldades. Este círculo de força afeta até mesmo os gru-
não é uma exclusividade, visto que para várias antigas pos que trabalham pelas transformações e não pode ser ven-
e novas tradições, o universo é como um vasto organismo, no cido por oposição, mas apenas pela compreensão e abandono
qual o mundo natural, e nele o homem, é apenas uma parte. de sua lógica e automatismos. Para quebrar este encanto, é
Este posicionamento, em um período da antiguidade no necessário o esforço de eliminação das artificialidades e au-
qual o taoísmo se tornou filosofia do estado na China, chegou tomatismos mentais, e isto milenariamente é conhecido como
aos aspectos jurídicos onde os crimes e disputas passaram a meditação: tranqüilização, prática espiritual, reencontro com
ser encarados como distúrbios no relacionamento do homem a serena natureza da unidade. Quando o príncipe Si-darta, por
com a natureza – ou em seu sentido maior, com a unidade. No esta prática, tornou-se o Buda, disse: “Libertei-me daqueles
código jurídico da dinastia Tang, por exemplo, estava espe- que foram meus senhores por incontáveis vidas, as dis-
cificado o real perigo em substituir esta forma de análise por posições mentais e seus agregados. Os seres se debatem como
formas simplistas voltadas a punições. A prática jurídica dei- peixes em água rasa. O sofrimento existe, mas por depender
xa de ser a apuração da responsabilidade do infrator, para fo- de causas, pode ser eliminado e há um caminho para isso: o
car a natureza sutil da infração e sua origem. Todas as visões reconhecimento da natureza de unidade, espacialidade e lumi-
simplistas determinam análises incompletas, e estas análises nosidade.”
incompletas terminam sempre na delimita- No sentido budista, o caminho
ção de um inimigo a ser combatido. é a superação completa dos obstáculos à
Para os movimentos realmente paci- experiência de unidade, e estes são os au-
fistas, não há inimigos a serem derrotados.
Na visão de Gandhi, o importante não era
“Todos os seres tomatismos mentais que conduzem às ações
equivocadas que produzem, por sua vez, as
combater os ingleses, mas juntos, indianos
e ingleses deveriam libertar-se do fuzil que
desejam a felicidade condições de sofrimento. Como os automa-
tismos e impulsos surgem de uma região
dominava a ambos: aos indianos que fica-
vam à frente, e aos ingleses que ficavam
e buscam se afastar interna sutil, não basta a transformação das
opiniões, mas é necessário chegar ao cora-
atrás. As visões corretas levam a objetivos
corretos e à prática correta, resultando em
do sofrimento.” ção, que é onde as ações brotam, e repou-
sa-lo na natureza da unidade. É retornar à
ganhos reais. O ponto central da luta paci- unidade usando a própria unidade como
fista é descobrir o ponto sensível por onde caminho.
o agente de desarmonia pode transformar-se Não é possível chegar à unidade através de parcialidades e
em um agente de harmonia, sem nunca vê-lo como um hostilidades. Esta compreensão, base do pacifismo enquanto
inimigo ou adversário. A lógica da dor e da desarmonia é que método de atuação política, traz grandes benefícios quando
é adversária de ambos. incorporada na nossa vida cotidiana, formando a base de uma
Todos os seres desejam a felicidade e buscam se afastar nova atitude que termina por obter transformações sociais de
do sofrimento. Assim podemos compreender uns e outros. forma completamente natural e imperceptível.
Quando ações muito equivocadas e danosas são feitas, isto
é sempre o resultado da perda de visão da unidade. Quando
o foco mental se perde, surge a fragilidade a todo o tipo de
flutuação e equívoco, e as pessoas ficam suscetíveis à manipu-
lação. As tensões sociais e culturais são canais pelo qual são
manipuladas sutilmente, tornando-se cúmplices de processos
de agressão que colocam em risco tanto sua saúde quanto o
planeta. É como se estivessem sob o efeito de um encanto que
dá sentido a tudo e as conduz a práticas que as afastam até
mesmo de seus princípios.
Assim, a população que sente os efeitos da degradação
ambiental, social e de sua saúde, é a mesma que, com seus A Marcha do Sal

“A compaixão para com os


animais é das mais nobres virtudes
da natureza humana.”
Charles Darwin

10
Pequenas Coisas
Use somente pilhas e baterias recarregáveis.

É certo que são caras, mas ao uso em médio e longo prazo elas se pagam com muito lucro. Duram anos e podem
ser recarregadas em média 1000 vezes.

Não troque o seu celular.


Já foi tempo que celular era sinal de status. Hoje em dia qualquer um tem. Trocar por um mais moderno para tirar
onda? Ninguém se importa. Fique com o antigo pelo menos enquanto estiver funcionando perfeitamente ou em
bom estado. Se o problema é a bateria, considere o custo/benefício trocá-la e descartá-la adequadamente, en-
caminhando-a a postos de coleta. Celulares trouxeram muita comodidade à nossa vida, mas utilizam derivados de
petróleo em suas peças e metais pesados em suas baterias. Além disso, na maioria das vezes sua produção é feita
utilizando mão de obra barata em países em desenvolvimento. Utilize seus “gadgets” até o final da vida útil deles,
lembre-se de que eles certamente não foram nada baratos.

Animais na vitrine

E
m meio a vitrines de roupas, calçados, eletrodomésti-
cos, muitas vezes salta a vista em meio ao caleidoscó-
pio capitalista um tableaux bizarro e triste: vitrines de
pet shops com animais vivos a venda. Recentemente, o as-
sunto de animais vendidos em pet shops, sendo os cães as
principais vítimas dessa indústria sinistra, têm ganhado noto-
riedade, a medida que a verdade suja sobre a criação de ani-
mais tem vindo a tona. Nos Estados Unidos a Humane Society A idéia não é defender perpetuação de raças, mas sim a inte-
tem uma campanha permanente sobre o tema e até mesmo a gridade de indivíduos. O cachorro preso em uma gaiola não se
mega apresentadora de TV Oprah Winfrey dedicou ao assunto importa se sua raça continua a existir ou não. O único que se
um episódio do seu show com 40 milhões de espectadores. importa com isso é o explorador que lucra com esse fetiche.
Criadores de cães em inglês são chamados ‘puppy mills’, Por que o comércio de animais domésticos é permitido
literalmente, fábricas de filhotes, porque é isso o que esses ao passo que o de animais silvestres é proibido? Porque as
lugares são. Em um mundo com uma população excessiva de políticas preservacionistas em geral não vêem animais como
cães, é realmente um mistério porque isso é permitido pelas ‘pessoas’, como indivíduos, mas sim meros ‘representantes’
administrações públicas que no final tem que fazer o trabalho de uma espécie, de preferência uma espécie ameaçada. Essa
de recolhimento do excesso que a criação artificial necessaria- é uma visão utilitarista: preservam essa espécie porque ela é
mente causa. Esses criadores são as origens de uma grande útil para um determinado ecossistema ou talvez porque ela
parte dos animais cujo destino trágico os leva ao CCZ (Centro seja ‘icônica’ . Essas instituições em geral tem uma visão
de Controle de Zoonose). Eles se aproveitam de um fetiche hierárquica dos não-humanos e alguns são tidos como mais
estético que infelizmente muita gente tem e que se transposto importantes do que os outros baseados em critérios estabe-
para o âmbito humano seria o equivalente da idéia de uma lecidos pela política vigente. Mas não seria essa suposta im-
raça pura que os nazistas propagaram na Alemanha durante a portância maior atribuida a certos animais silvestres derivada
Segunda Guerra. Quem ‘compra’ um cão em pet shop geral- justamente do fato deles ainda viver em liberdade? E por que
mente têm uma obsessão com um tipo, uma cor etc, como se não aplicar o mesmo princípio a todos os animais?
o valor de uma vida residisse na forma externa pela qual ela Segundo a perspectiva abolicionista dos direitos animais,
se manifesta. o direito de um cão de não ser vendido é o mesmo que de
A verdade é que, o que importa a raça de um cão? Aqueles uma arara raríssima, um porco em uma fazenda ou um rato de
que defendem criação de cães às vezes dizem que sem ela laboratório. O que importa é a sequência, essa é o denomina-
algumas raças se extinguiriam. A posição do movimento dos dor comum , o critério mais importante de todos e que deveria
direitos animais é: que assim o seja então. A maioria das raças reger nossa relação com os não humanos, independente de sua
ditas puras foram criadas artificialmente pelos humanos. beleza, raridade e vulnerabilidade.

22 de março. DIA MUNDIAL DA ÁGUA.

11
d

Você
aprova
esta
crueldade?
Ela só
existe em
função
do seu
prato.

Produzido e Publicado pelo Grupo Ganapati (grupo.ganapati@gmail.com)

Ganapati João Asfora Neto (81) 9697.6629, Jorge Terto (81) 8639.0642, Simone Nassar,
Sérgio Pires, Cynthia Silveira, Mariana Hoblos, Paulo Lins, Pedro Santos, Liney
Dias, Luciana Asfora, Roberta Lima, Jeanine Japiassu, Isadora Dias e Conceição
Cavalcanti.

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