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Coordenação do Projeto

Instituto PROMUNDO é uma organização não- uma organização não-governamental brasileira


governamental com escritórios no Rio de Janeiro e afiliada ao John Snow Research and Training
Brasília que procura aplicar conceitos das áreas Institute e a John Snow do Brasil. Suas áreas
de desenvolvimento humano, marketing social e específicas de atuação incluem: prevenção de
direitos da criança através de pesquisa, apoio violência, fortalecimento de sistemas comunitários
técnico, capacitação e disseminação de resultados de apoio para crianças e adolescentes; gênero,
de estratégias efetivas e integrais que contribuam saúde e adolescência; e crianças e famílias
para a melhoria das condições de vida de crianças, afetadas pela AIDS.
jovens e suas famílias. PROMUNDO executa
Contatos: Gary Barker / Marcos Nascimento
estudos de avaliação; oferece treinamento para
Rua Francisco Serrador, 2 / sala 702 - Centro
organizações trabalhando nas áreas relacionadas Rio de Janeiro, RJ, 20031- 060, Brasil
ao bem-estar de crianças, jovens e famílias; e Tel: (21) 2544-3114 / 2544-3115
trabalha com organizações parceiras que Fax: (21) 2220-3511
desenvolvam serviços e intervenções inovadoras E-mail: g.barker@promundo.org.br
para crianças, jovens e famílias. PROMUNDO é Website: www.promundo.org.br

Apoio
IPPF/WHR – International Planned Parenthood regionais para envolver aos homens na saúde sexual
Federation Western Hemisphere Region é uma e reprodutiva e para dirigir esforços na área da
organização sem fins lucrativos que trabalha na violência de gênero. IPPF/WHR tem sido também
América Latina e no Caribe através de 44 pioneiro no desenvolvimento de serviços para
organizações afiliadas, provendo serviços na área jovens.
do Planejamento Familiar e outras áreas de saúde
120 Wall Street, 9th Floor
sexual e reprodutiva para mulheres, homens e
New York, NY 10005
jovens da região. IPPF/WHR tem colocado Tel: (212) 248-6400
particular ênfase em incorporar perspectivas de Fax: (212) 248-4221
gênero e de direitos na provisão dos serviços. Esta E-mail: info@ippfwhr.org
ênfase, por sua vez, tem sido motor de projetos Website: www.ippfwhr.org

Os direitos deste material são reservados aos autores, podendo ser reproduzidos desde que se cite a fonte.
2001 ©- Instituto PROMUNDO e colaboradores
Autoria
ECOS-Comunicação em Sexualidade é uma Equipe Responsável
organização não-governamental que, desde Margareth Arilha, Osmar Leite, Silvani Arruda,
1989, vem incentivando trabalhos nas áreas de Sylvia Cavasin e Vera Simonetti
advocacy , pesquisa, educação pública e
produção de materiais educativos em Elaboração e redação
sexualidade e saúde reprodutiva. A experiência Margareth Arilha, Silvani Arruda,
acumulada tem apontado para a necessidade de Sandra Unbehaum e Bianca Alfano
construção de um olhar de gênero que considere
Contato: Silvani Arruda
a perspectiva masculina sobre sexualidade e Rua do Paraíso, 592 - Paraíso
saúde reprodutiva. Isto significou incluir em São Paulo, SP, 04103-001, Brasil
nossas práticas educativas e de comunicação, Tel/Fax: (11) 3171-0503 / 3171-3315
de maneira inovadora, a ótica de jovens e adultos E-mail: ecos@uol.com.br
do sexo masculino. Website: www.ecos.org.br

Colaboração
O Programa PAPAI é uma instituição civil sem fins Ciências Humanas e Sociais, além de inúmeros
lucrativos que desenvolve pesquisas e ações colaboradores e colaboradoras, diretos e indiretos.
educativas no campo das relações de gênero, saú- Principais temas de trabalho: paternidade na ado-
de, educação e ação social, em parceria com a lescência, prevenção de DST e Aids, comunica-
Universidade Federal de Pernambuco. Promove- ção e saúde, violência de gênero, redução de da-
mos atividades de intervenção social junto a ho- nos e drogas.
mens, jovens e adultos, em Recife, nordeste brasi-
Contatos: Jorge Lyra / Benedito Medrado
leiro, bem como estudos e pesquisas sobre mascu- Rua Mardonio Nascimento, 119 - Várzea
linidades, a partir do enfoque de gênero, em nível Recife, PE, 50741-380, Brasil
nacional e internacional. Nossa equipe é com- Tel/Fax: (81) 3271-4804
posta por homens e mulheres: profissionais (gra- E-mail: papai@npd.ufpe.br
duados e pós-graduados) e estudantes da área de Website: www.ufpe.br/papai

Salud y Género é uma associação civil, formada oferecemos um Curso em Gênero e Saúde,
por mulheres e homens de distintas profissões e desenhamos e elaboramos materiais educativos e
experiências de trabalho que se mesclam para promovemos a incorporação do enfoque de gênero
desenvolver propostas educativas e de participação nas políticas públicas nas áreas de saúde, educação
social inovadoras no campo da saúde e gênero. e população.
Contamos com dois escritórios: um em Xalapa,
Veracruz, e outro em Querétaro, Querétaro, Contato: Benno de Keijzer/Gerardo Ayala
México. Salud y Género se desenvolve em um
campo complexo e transformador, utilizamos a Em Xalapa: Carlos Miguel Palacios # 59
perspectiva de gênero como instrumento de nosso Col. Venustiano Carranza
trabalho, pois nos permite ver possibilidades de Xalapa, Veracruz, México.
transformação nas relações entre homens e CP 91070
mulheres. Através de nossas ações, pretendemos Tel/fax (52 8) 18 93 24
E-mail: salygen@infosel.net.mx
contribuir a uma melhor saúde e qualidade de vida
de mulheres e homens nas áreas da saúde mental, Em Querétaro: Escobedo # 16-5
sexual e reprodutiva, considerando que a eqüidade Centro, Querétaro, Querétaro, México.
e a democracia são uma meta e responsabilidade CP 76000
compartilhada. Desenvolvemos oficinas educativas Tel/fax (52 4) 2 14 08 84
na República Mexicana e Latino Americana, E-mail: salgen@att.net.mx

Colaboradores nas Provas de Campo: cinco ONGs colaboraram para validar estes cadernos em campo,
sendo: BEMFAM (Brasil), INPPARES (Peru), MEXFAM (México), PROFAMILIA (Colômbia) e Save the Children
– US (Bolívia). No módulo 3 se encontra uma descrição de cada uma delas e informação para contato.
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 05

INTRODUÇÃO: Como foi elaborado e como usar este caderno. .................................... 07

MÓDULO 1: O QUÊ E O PORQUÊ. Uma introdução ao tema da sexualidade


e da saúde reprodutiva dos homens jovens. ..................................................................... 19

Por que trabalhar com a perspectiva de gênero e masculinidades? ................................ 21


Quais são as especificidades da sexualidade masculina? ............................................... 22
Porque devemos falar com os rapazes sobre sexualidade? .............................................. 24
Devemos enfocar a questão da orientação sexual?........................................................... 25
A sexualidade masculina está relacionada à fertilidade e a reprodução? ........................ 26
Rapazes devem se preocupar com contracepção?................. ......................................... 27
Devemos enfocar o tema da gravidez? ............................................................................ 28
O aborto é um tema que deve ser discutido com os rapazes? ......................................... 29
O que é saúde reprodutiva masculina? E quais são as implicações para os rapazes? ....... 29
DSTs e Aids: uma questão de sexualidade e saúde reprodutiva ? .................................... 30
Por que devemos pensar em Serviços Públicos de Saúde? .............................................. 31
Devemos discutir sobre os Direitos Sexuais e Reprodutivos dos homens? ..................... 33

MÓDULO 2: COMO. O que o educador pode fazer. ...................................................... 39

Técnica 1: Aquecimento ................................................................................................... 41


Técnica 2: O que é? O que é? .......................................................................................... 42
Técnica 3: Campanha Contra o Preconceito .................................................................... 43
Técnica 4: Corpo Reprodutivo ........................................................................................... 45
Técnica 5: Corpo Erótico .................................................................................................. 49
Técnica 6: Responda, ... Se Puder ..................................................................................... 50
Técnica 7: Pessoas e Coisas ............................................................................................. 55
Técnica 8: São Tantas Emoções ........................................................................................ 57
Técnica 9: Sexualidade e Contracepção ........................................................................ 59
Técnica 10: Gravidez na Adolescência: A História de Tiago ........................................... 63
Técnica 11: O Homem e o Aborto .................................................................................... 66
Técnica 12: Vulnerável, Eu? ............................................................................................. 69
Técnica 13: Saúde, Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids ................................... 72
Técnica 14: Tem Gente que não Usa Camisinha Porque................................................... 74

MÓDULO 3: ONDE. Onde procurar mais informação ................................................. 79

Recursos............................................................................................................................. 81
Relato de uma experiência: ECOS ................................................................................... 87
Organizações Colaboradoras na avaliação dos cadernos ............................................... 89

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 91

ANEXO: Prova de Campo dos Cadernos ......................................................................... 92


AGRADECIMENTOS

Este caderno foi elaborado pela equipe da ECOS – Comunicação em Sexualidade. Contudo,
queremos enfatizar que a sua elaboração foi um processo coletivo envolvendo colegas e
amigos de diversas instituições:

Judith Helzner e Humberto Arango, IPPF/WHR


Gary Barker e Marcos Nascimento, Instituto PROMUNDO
Benedito Medrado e Jorge Lyra, PAPAI
Benno de Keijzer e Gerardo Ayala, Salud y Género
Reginaldo Bianco, 3 Laranjas Comunicação
Jovens do Sesc Tênis e da Fábrica de Manômetros Record
Matilde Maddaleno, Organização Panamericana de Saúde
Paul Bloem, Organização Mundial de Saúde
Angela Sebastiani, INPPARES
Liliana Schmitz, PROFAMILIA
Mônica Almeida, Ney Costa e Gilvani Granjeiro, BEMFAM
Elizabeth Arteaga e Fernando Cerezo, Save the Children (Bolívia)
José Angel Aguilar, MEXFAM
Miguel Fontes e Cecília Studart, John Snow do Brasil

Apoio financeiro e material

International Planned Parenthood Federation/Western Hemisphere Region (IPPF/WHR)


Summit Foundation
Moriah Fund
Gates Foundation
US Agency for International Development
Organização Mundial de Saúde/Organização Panamericana de Saúde
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

6
INTRODUÇÃO

Como foi elaborado e


como usar este caderno

7
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

8
INTRODUÇÃO

se incluirem os homens nos esforços de


melhorar o status de mulheres e meninas. O
Programa de Ação da CIPD, por exemplo,
procura “promover a eqüidade de gênero em
todas as esferas da vida, incluindo família e
comunidade, levando os homens a assumir
sua parcela de responsabilidade por seu
comportamento nas esferas sexual e
reprodutiva bem como por seus papéis
sociais e familiares”.

Em 1998, a Organização Mundial de


1- Por que focar Saúde (OMS) decidiu prestar uma maior
atenção nas necessidades dos homens
atenção nos rapazes? adolescentes, reconhecendo que muitas
vezes não houve um olhar mais cuidadoso
Por muito tempo, assumiu-se que o s por parte dos programas sobre as questões de
homens adolescentes iam saúde dos rapazes. Um
bem e que tinham menos documento de “advocacy”
necessidades do que as sobre homens adolescentes,
meninas em termos preparado e impresso pela
de saúde. Outras OMS, está incluído neste
vezes, pensava-se caderno. O Programa
que trabalhar com conjunto das Nações
rapazes era difícil, Unidas para a Aids
por eles serem (UNAIDS) dedicou
agressivos e não se a campanha de
preocuparem com a AIDS 2000-
saúde. Freqüentemente, 2001 aos
eram vistos como violentos – homens,
violentos contra outros incluindo
rapazes, contra si mesmos e os homens
contra as meninas. Pesquisas jovens, e
recentes e novas perspectivas reconhecendo
chamam a atenção para um que o comportamento deles
entendimento mais apurado de como os constitui um fator que os coloca em situações
rapazes são socializados, do que eles de risco, bem como às suas parceiras e
precisam em termos de um desenvolvimento parceiros. É necessário engajá-los de forma
saudável, e o que os educadores de saúde e positiva tanto na prevenção do HIV/AIDS
outros profissionais podem fazer para atendê- quanto no suporte para aqueles que vivem
los de forma mais apropriada. com AIDS.

Passados 20 anos, inúmeras iniciativas Nos últimos anos, houve um aumento


procuraram um maior “empowerment” das considerável no reconhecimento dos custos de
mulheres e diminuir a hierarquia entre os alguns aspectos tradicionais da masculinidade
gêneros. Muitas formas de “advocacy” tanto para homens adultos quanto para os
mostraram a importância de engajar os rapazes – o pouco envolvimento com o
homens, adultos e jovens, no bem-estar das cuidado com as crianças; maiores taxas de
mulheres, tanto adultas como jovens. A morte por acidentes de tráfego, suicídio e
Conferência Internacional sobre População violência do que as meninas, assim como o
e Desenvolvimento (CIPD, 1994) e a IV consumo de álcool e drogas. Os rapazes têm
Conferência Mundial sobre Mulheres em inúmeras necessidades no campo da saúde o
Beijing (1995) enfatizaram a importância de que requer usar a perspectiva de gênero.
9
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

O que significa aplicar a “perspectiva de Na maior parte dos contextos, os meninos são
gênero” para trabalhar com homens criados para serem auto-suficientes, não se
adolescentes e jovens? preocuparem com sua saúde e não procurarem
ajuda quando enfrentam situações de stress. Ter
Gênero se refere às formas como somos com quem falar e procurar algum tipo de suporte
socializados, como nos comportamos e agimos, é um fator de proteção contra o uso de drogas e
tornando-nos homens e mulheres; refere-se o envolvimento com violência – o que explica
também à forma como estes papéis e modelos, em parte por que os meninos são mais propensos
usualmente estereotipados, são internalizados, a se envolverem em episódios de violência e a
pensados e reforçados. A origem de muitos dos consumir drogas que as meninas. Pesquisas
comportamentos dos homens e rapazes – confirmam que a forma como os homens são
negociação ou não do uso de preservativo, socializados trazem conseqüências diretas para
cuidado ou não com as crianças quando se sua saúde. Um levantamento nacional, com
tornam pais, utilização ou não da violência homens adolescentes entre 15 e 19 anos,
contra sua parceira – muitas vezes é encontrada realizado nos EUA, concluiu que jovens que
na forma como os meninos foram socializados. tinham padrões sexistas e tradicionais de
Por vezes, assume-se que determinados masculinidade eram mais propensos ao uso de
comportamentos são da “natureza do homem”, drogas, ao envolvimento com violência e
ou que “homem é assim mesmo”. Contudo, a delinqüência e a comportamentos sexuais de
violência praticada por rapazes, o uso abusivo risco do que outros homens jovens que possuíam
de drogas, o suicídio e o comportamento visões mais flexíveis sobre o que um “homem
desrespeitoso em relação à sua parceira, estão de verdade” pode realmente fazer1 .
relacionados à forma como as famílias, e de um
modo mais amplo, a sociedade, educam Com estas considerações, aplicar a
meninos e meninas. Mudar a forma como perspectiva de gênero ao trabalhar com
educamos e percebemos os rapazes não é tarefa homens jovens implica:
fácil, mas é necessária para a mudança de
aspectos negativos de algumas formas de (a) ESPECIFICIDADE DE GÊNERO: Olhar
masculinidade. para as necessidades específicas que os jovens
possuem em termos de saúde e desenvolvimento
Muitas culturas promovem a idéia de que por conta de seu processo de socialização. Isto
ser um “homem de verdade” significa ser significa, por exemplo, engajar os rapazes em
provedor e protetor. Incentivam os meninos a discussões sobre uso de drogas ou
serem agressivos e competitivos – o que é comportamentos de risco, ajudá-los a entender
útil na formação de provedores e protetores por que se sentem pressionados a se
– o que leva, por vezes, as meninas a comportarem desta ou daquela forma.
aceitarem a dominação masculina. Por outro
lado, os meninos geralmente são criados para (b) EQÜIDADE DE GÊNERO: Engajar os
aderir a rígidos códigos de honra, que os homens na discussão e reflexão sobre a
obrigam a competir e a usar violência entre hierarquia de gênero com objetivo de levá-
si para provarem que são “homens de los a assumir sua parcela de responsabilidade
verdade”. Meninos que mostram interesse em no cuidado com os filhos, nas questões de
cuidar de crianças, que executam tarefas saúde reprodutiva e nas tarefas domésticas.
domésticas, que têm amizades com meninas, Reconhecer a igualdade dos direitos entre
que demonstram suas emoções e que ainda homens e mulheres.
não tiveram relações sexuais, em regra, são
ridicularizados por suas famílias e Este caderno incorpora estas duas
companheiros como sendo “viadinhos”. perspectivas.

1
Courtenay, W. H. Better to die than cry? A longitudinal and constructionist study of masculinity and the health
risk behavior of young American men [Doctoral dissertation]. University of California at Berkeley, Dissertation

10 Abstracts International, 1998.


INTRODUÇÃO

2- Do homem jovem delinqüente é ser taxado como delinqüente


pelos pais, professores e outros adultos. Rapaz

como obstáculo, ao que se sente rotulado e categorizado como


delinqüente tem mais probabilidade de ser um

homem jovem como delinqüente. Se, esperamos rapazes


violentos, se esperamos que eles não se

aliado envolvam com cuidados com seus filhos e que


não participem de temas ligados à saúde
sexual e reprodutiva de uma forma respeitosa
Discussões sobre meninos e homens jovens, e comprometida, então criamos profecias que
freqüentemente, têm focado sua atenção nos se autocumprem.
problemas – sua pouca participação nas
questões de saúde sexual e reprodutiva e em Estes cadernos partem da premissa de que
aspectos violentos de seu comportamento. os jovens devem ser vistos como aliados. É
Algumas iniciativas nas áreas de saúde do fato que alguns jovens são violentos com os
adolescente têm encarado os rapazes como outros e consigo mesmos. Mas acreditamos
obstáculos ou como agressores. De fato, alguns que é imperioso começar a perceber o que
rapazes são violentos com suas parceiras ou os homens jovens fazem de positivo e
parceiros. Alguns são violentos entre si. Muitos humano e acreditar no potencial de outros
jovens não participam do cuidado dos seus homens jovens de fazer o mesmo.
filhos, e não têm uma participação adequada
em relação às suas necessidades de saúde
sexual e reprodutiva, nem de suas parceiras.
Mas existe uma outra parcela de homens 3- Sobre a série de
adolescentes e jovens que participa do cuidado
com as crianças, e que é respeitosa nas suas cadernos de trabalho
relações de intimidade. Ao mesmo tempo, é
importante lembrar que ninguém é apenas de Este caderno sobre sexualidade e saúde
um único jeito o tempo todo; um homem jovem reprodutiva é parte de uma série de cinco
pode ser violento com o/a parceiro/a e mostrar- cadernos chamada “Trabalhando com Homens
se cuidadoso com os filhos, ou violento em Jovens”. Esse material foi elaborado para
alguns contextos e em outros não. educadores de saúde, professores e/ou outros
profissionais ou voluntários que desejem ou já
Este caderno parte do princípio que os estejam trabalhando com homens jovens. Isto
homens devem ser vistos como aliados – inclui tanto aqueles profissionais interessados
atuais ou potenciais – e não como obstáculos. em trabalhar, como aqueles que já vêm
Os rapazes, mesmo aqueles que por vezes trabalhando com homens adolescentes e jovens
tenham sido violentos ou que não tenham entre 15 e 24 anos, faixa que corresponde à
demonstrado respeito com suas parceiras, “juventude”, segundo definições da OMS.
possuem potencial para serem respeitosos e Sabemos que esta faixa é bastante ampla, e não
cuidadosos com elas, para negociar em suas necessariamente estamos recomendando que
relações com diálogo e respeito, para assumir se trabalhe em grupos com jovens de 15 a 24
responsabilidades por seus filhos, e para anos no mesmo grupo. Porém, as técnicas
interagir e viver de forma harmoniosa ao incluídas aqui foram testadas e elaboradas para
invés de forma violenta. trabalhar com homens jovens nesta faixa de
idade e em diversos locais e contextos.
Tanto pesquisas como nossa experiência
pessoal como educadores, pais, professores Os cinco cadernos desta série são:
e profissionais de saúde demonstram que os
rapazes respondem muitas vezes segundo as a) Da Violência para Convivência: um
expectativas que se tem deles. Pesquisas caderno para trabalhar a prevenção da
sobre delinqüência mostram que um dos violência, incluindo violência de gênero, com
fatores associados ao comportamento homens jovens.
11
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

b) Sexualidade e Saúde Reprodutiva: em e) Prevenindo e Vivendo com HIV/AIDS


busca dos direitos sexuais e reprodutivos dos Cada caderno contém uma série de
homens jovens técnicas, com duração entre 45 minutos e 2
c) Paternidade e Cuidado horas planejadas para uso em grupos de homens
d) Razões e Emoções: um caderno para jovens, e que, com algumas adaptações, podem
trabalhar saúde mental com homens jovens. ser usadas para grupos mistos.

Recomendamos res falem mais sobre assuntos íntimos. Em al-


guns grupos vemos que as mulheres chegam a
ser "embaixadoras" emocionais dos homens, ou
Trabalhar com homens jovens em grupos só seja, os homens não expressam suas emoções,
de rapazes ou em grupos mistos (rapazes e me- delegando esse papel às mulheres.
ninas)? Nossa resposta é: as duas formas. Como
uma organização que vem trabalhando com gru- Na aplicação destas técnicas, em cinco paí-
pos de homens, jovens e adultos, bem como com ses, ficou confirmado que para muitos dos ho-
grupos de mulheres e grupos mistos, acredita- mens presentes foi a primeira vez que tinham
mos que para alguns temas é útil trabalhar com participado de um grupo só de homens. Embora
grupos separados, ou seja, somente de rapazes. alguns dissessem que havia sido difícil no iní-
Alguns adolescentes e homens jovens se sentem cio, depois acharam que era importante ter al-
mais à vontade em discutir temas como sexuali- gum tempo só com grupos de rapazes.
dade e raiva, em expor suas emoções sem uma
presença feminina. Num contexto de grupo, com Contudo, ao mesmo tempo, recomendamos
um facilitador e outros homens jovens, alguns que pelo menos uma parte do tempo seja dedicada
rapazes são capazes de falar sobre sentimentos a trabalhar com meninos e meninas juntos. Ho-
e temas que nunca haviam falado antes. mens e mulheres vivem juntos, trabalham jun-
tos; alguns formam famílias das mais diversas
Em nossa experiência, alguns homens jovens formas e arranjos. Nós acreditamos que, como
reclamam ou se mostram pouco interessados se educadores, professores e profissionais que tra-
não há mulheres no grupo. Claro que ter menina balham com jovens, devemos promover
pode fazer um grupo mais interessante. Mas tam- interações que propiciem respeito e eqüidade.
bém vemos em muitas ocasiões que a presença O que significa que, pelo menos em uma parte
de mulheres faz com que os rapazes não se ex- do tempo, devemos trabalhar com grupos mis-
ponham, não se abram ou deixam que as mulhe- tos.

4- Como as atividades foram desenvolvidas


As técnicas incluídas nestes cadernos sur- mens jovens entre 15 e 24 anos, em colabo-
giram da experiência coletiva de trabalho ração com IPPF/WHR:
com homens jovens das organizações cola-
boradoras, nos temas de eqüidade de gênero a) INPPARES, em Lima, Peru;
e saúde. Muitas atividades foram desenvol- b) PROFAMILIA, em Bogotá, Colômbia;
vidas e testadas com a participação e cola- c) MEXFAM, México, DF;
boração de homens jovens. Outras ativida- d) Save the Children, em Oruro, Bolívia;
des foram adaptadas de materiais já existen- e) BEMFAM, Rio Grande do Norte, Cea-
tes de trabalho com jovens. Neste caso, fize- rá e Paraíba, Brasil.
mos referências ao crédito devido.
Todas estas atividades foram testadas, em Os resultados desta prova de campo se

12 cinco países da América Latina, com 172 ho- encontram no Anexo deste caderno.
INTRODUÇÃO

5- Objetivos dos
cadernos e das
técnicas
O que nós esperamos com estas atividades?
É importante afirmar que simplesmente trabalhar
com homens jovens em grupo não resolve as
necessidades envolvidas pelos temas tratados.
Se procuramos mudar o comportamento de
alguns homens jovens, é importante saber que
mudança de comportamento requer mais do que
uma participação por um período de tempo em
algumas técnicas de grupo. Vemos esses Compreender que nossa sexualidade não
cadernos como uma ferramenta que pode ser é dada pela natureza, que nosso
usada por educadores de saúde, professores e comportamento sexual, sentimentos e desejos
outros profissionais como parte de um leque de estão relacionados com as relações de gênero
atividades mais amplo para engajar homens e com a forma com que estão organizadas
jovens. em cada sociedade;
Entender que a socialização masculina,
Esses cadernos têm de fato dois níveis de associada aos valores atribuídos para a
objetivos: masculinidade interferem no comportamento
(a) Objetivos para os educadores que vão usar que adotamos. Existem diferentes formas de
o material; “ser homem”.
(b) Objetivos para os homens jovens Refletir sobre os modelos de masculinidade
participantes nas técnicas: e questioná-los em termos de sua
vulnerabilidade.
Os objetivos específicos para os Compreender as especificidades da saúde
educadores que vão usar o material são: reprodutiva masculina.
Esclarecer sobre os direitos sexuais e
Fornecer um “background” para reprodutivos, relacionando esses direitos
educadores de saúde, professores e específicos ao conjunto dos direitos humanos.
profissionais que trabalhem com jovens nas
questões de saúde e de desenvolvimento que Esperamos e acreditamos que as técnicas
os rapazes e homens jovens enfrentam. incluídas aqui possam de fato mudar
Fornecer exemplos concretos de comportamentos em alguns casos com alguns
experiências de programas para engajar homens jovens. Contudo, para afirmar mudanças
homens jovens nestes temas. de comportamento em razão da participação
Proporcionar exemplos detalhados de nestas técnicas, íamos precisar de mais tempo de
técnicas que educadores de saúde, professores avaliação e condições para uma avaliação de
e outros profissionais podem executar com impacto com grupos de controle e longitudinais,
grupos de homens jovens sobre estes temas. que não dispomos no momento. O que podemos
Fornecer uma lista de fontes, em forma de afirmar via testes de campo realizados é que usar
estudos, informações prévias, vídeos, material estas técnicas como parte de um processo grupal
educativo e contato com organizações que com homens jovens fomenta mudanças de
possam prover informações adicionais sobre atitudes e aquisição de novos conhecimentos em
as necessidades de saúde de homens jovens. face da sexualidade e saúde reprodutiva e da
necessidade de maior igualdade entre homens e
Os objetivos para os homens jovens mulheres, seja entre homens jovens no âmbito
participantes nas técnicas sobre sexualidade público, seja entre homens jovens e seus/suas
e saúde reprodutiva são: parceiros/as nas relações íntimas.
13
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Acreditem no diálogo e na negociação em


vez de violência para solucionar conflitos, e
que de fato recorram ao uso de diálogo e
negociação nas suas relações interpessoais.

Mostrem respeito para com as pessoas de


diferentes contextos e estilos de vida e que
questionem as pessoas que não mostram este
respeito.

Mostrem respeito em suas relações íntimas


e que busquem manter relações com base na
eqüidade e respeito mútuo, seja no caso de
homens jovens que se definem como
heterossexuais, homossexuais ou bissexuais.

No caso de homens que se definem como


heterossexuais, que participem das decisões
referentes à reprodução, conversando com as
parceiras sobre saúde reprodutiva e sexo mais
seguro, usando ou colaborando com elas no
uso de preservativos ou outros métodos
quando não desejam ter filhos.

No caso de homens que se definem como


homossexuais ou bissexuais, ou que tenham
relações sexuais com outros homens, que
conversem com seu parceiro ou parceiros
sobre a prática do sexo mais seguro.

6- Qual é o perfil Não acreditem e nem usem violência

do homem jovem contra os seus parceiros íntimos.

que todos Acreditem que cuidar de outros seres


humanos é também atributo de homens e

queremos? mostrem habilidade de cuidar de alguém,


sejam amigos, familiares, parceiros e os
próprios filhos no caso de homens jovens que
Os objetivos dos cinco cadernos estão já sejam pais.
baseados em pressupostos sobre o que nós –
educadores, pais, amigos, parceiros, parceiras Acreditem que os homens também podem
e famílias – queremos que os homens jovens expressar outras emoções além da raiva, e
sejam. Também os trabalhos nas áreas de que mostrem habilidade de expressar
eqüidade de gênero, prevenção de violência, emoções e buscar ajuda – seja de amigos,
saúde mental e prevenção de HIV/AIDS têm seja de profissionais – quando for necessário
objetivos comuns sobre o que acreditamos para questões de saúde em geral e também
devam os homens chegar a ser. E por último – de saúde mental.
e mais importante – a expressão dos desejos
dos próprios homens jovens – de como querem Acreditem na importância e que mostrem
ser e de como devem ser tratados por seus pares a habilidade de cuidar de seus próprios
masculinos. Com tudo isto, as técnicas incluídas corpos e da própria saúde.
nestes cinco cadernos têm por meta geral

14 promover um perfil de homens jovens que:


INTRODUÇÃO

7- Como usar estas atividades?

Notas para facilitadores Cabe aos facilitadores intervir, tentando esta-


belecer um consenso e respeito à diferença de
opiniões.
A experiência na utilização destes materiais O trabalho deve ir-se aprofundando, aten-
indica que é preferível usar as técnicas em seu tando sempre para ir além de um possível "dis-
conjunto, e não de forma isolada. curso politicamente correto".
É interessante que haja, sempre que possí- É bom lembrar que nem sempre o contato
vel, a presença de dois facilitadores. físico é fácil para os rapazes. Atividades que
Deve-se usar um espaço adequado para o exijam toque físico podem e devem ser colo-
trabalho com os jovens, propiciando que as ati- cadas com alternativas de participação ou não,
vidades sejam realizadas sem restrição na mo- respeitando os limites de cada um.
vimentação deles. Os pontos de discussão, sugeridos nas téc-
Deve-se proporcionar um ambiente livre, nicas apresentadas, não precisam ser usados
respeitoso, onde não haja julgamentos ou críti- necessariamente no final das técnicas, mas
cas a priori das atitudes, linguagem ou posturas podem ser utilizados durante a sua execução,
dos jovens. conforme o facilitador acredite ser mais apro-
Situações de conflito podem acontecer. priado.

O ponto central destes cadernos é Muitas das atividades incluídas aqui tratam de
constituído por uma série de técnicas para temas pessoais profundos e complexos como a
trabalhar com homens jovens em grupos. Estas promoção da convivência, a sexualidade e a
atividades foram desenvolvidas e testadas com saúde mental. Nós recomendamos que estas
grupos de 15 a 30 participantes. Nossa atividades sejam facilitadas por pessoas que se
experiência demonstra que o uso deste material sintam bem em trabalhar com estes temas, que
para grupos menores (15 a 20 participantes) é tenham experiência de trabalho com jovens e
mais produtivo, mas o facilitador também pode que tenham apoio de suas organizações e/ou
usar as técnicas descritas para grupos maiores. de outros adultos para executar tais atividades.
Reconhecemos que aplicar estas atividades
não é sempre uma tarefa fácil e nem sempre
Onde e como previsível. Os temas são complexos e sensíveis
– violência, sexualidade, saúde mental,
trabalhar com paternidade, AIDS. Pode haver grupos de
rapazes que se abram e se expressem
rapazes? profundamente durante o processo, assim como
outros que não queiram falar. Não sugerimos
Pode-se e deve-se usar essas técnicas o uso destas técnicas como terapia grupal.
em diversas circunstâncias - na escola, gru- Devem ser vistos como parte de um processo
pos desportivos, clubes juvenis, quartéis de reflexão e educação participativa. A chave
militares, em centros de jovens em con- deste processo é o educador ou o facilitador.
flito com a lei, grupos comunitários etc.
Cabe a ele/a saber se está à vontade com estes
Também podem ser usadas com grupos de
jovens numa sala de espera de uma clíni- temas e se é capaz de administrar as técnicas.
ca ou posto de saúde. Precisa-se, enfim, A proposta deste tipo de intervenção é ir além
de espaço privado, tempo disponível, desta etapa, propiciando reflexões e mudanças
facilitadores dispostos. de atitudes. Como mencionaremos mais
Lembrando que os rapazes, geralmen- adiante, as quatro organizações autoras
te, estão em fase de crescimento, recomen- oferecem oficinas de capacitação no uso dos
da-se também que se ofereça algum tipo cadernos. Os interessados devem entrar em
de lanche ou merenda e que disponham contato com a ECOS ou uma das outras

15
de atividades físicas e/ou de movimento. organizações colaboradoras.
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

9- Como este caderno


está organizado
Este caderno está organizado em três
módulos:

MÓDULO 1: O QUÊ E O PORQUÊ


Este módulo traz uma introdução sobre o
tema da sexualidade e saúde reprodutiva de
homens jovens. Como complemento a esse

8- Facilitadores módulo, está incluído neste conjunto de


cadernos, um documento da OMS, “Boys in

homens ou the Picture/Los Muchachos en la Mira/Em


Foco, os Rapazes”, que traz informações

mulheres? adicionais sobre este tema e os outros tratados


nos outros cadernos.

Quem deve facilitar atividades de grupo MÓDULO 2: COMO


com homens jovens? Somente homens podem O que o educador pode fazer. Esse módulo
ser facilitadores para trabalhar com rapazes? traz 14 técnicas elaboradas e testadas para
A experiência das organizações trabalho direto com homens jovens (15-24
colaboradoras é que em alguns contextos, os anos) sobre sexualidade e saúde reprodutiva.
rapazes preferem a oportunidade de trabalhar Cada técnica traz dicas para facilitadores e
e interagir com um homem como facilitador, comentários sobre a aplicação desta técnica
que poderá escutá-los e, ao mesmo tempo, em diversos contextos.
servir de modelo em alguns aspectos para
pensar o significado de ser homem. Contudo, MÓDULO 3: ONDE
nossa experiência coletiva sugere que a Onde procurar mais informação? Esse
qualidade do facilitador – a habilidade, do módulo apresenta uma lista de recursos,
homem e da mulher enquanto facilitadores, incluindo fontes de informação, contatos com
de engajar o grupo, de escutar e motivar as organizações que poderão prover
pessoas – é fator mais importante que o seu informações adicionais sobre o tema, lista de
sexo. Nós também acreditamos que seja útil vídeos e outros recursos que poderão ser úteis
ter facilitadores que trabalhem em pares, às no trabalho do tema com os homens jovens.
vezes em pares mistos (homem e mulher), o Este módulo também apresenta algumas
que traz importante contribuição para os descrições sobre trabalho direto com homens
homens jovens: homens e mulheres que jovens na área de sexualidade e saúde
trabalham juntos para construção de reprodutiva, incluindo um estudo de caso do

16 igualdade e respeito. trabalho da ECOS.


INTRODUÇÃO

10- O vídeo ‘’Minha


Vida de João’’
Esse conjunto de cadernos vem
acompanhado de uma cópia de um vídeo
em desenho animado, sem falas, chamado
“ Minha Vida de João”. O vídeo apresenta a
história de um rapaz, João, e seus desafios de
rapaz tornando-se homem. Ele enfrenta o
machismo, a violência intrafamiliar, a
homofobia, as dúvidas em relação à
sexualidade, a primeira relação sexual,
gravidez, uma DST (doença sexualmente
transmissível) e paternidade. De forma lúdica,
o vídeo introduz os temas tratados nos
cadernos.

Recomendamos o vídeo para uso tanto dos


facilitadores ou outros membros da equipe de
sua organização, como para os próprios
rapazes. O vídeo serve como uma boa
introdução aos temas e às técnicas. A reação
dos rapazes ao vídeo pode ser um bom
“diagnóstico” para o facilitador saber o que
os rapazes pensam sobre os vários temas. 12- Adaptando o
material
Queremos que esse material seja utilizado
e adaptado da forma mais ampla possível.
11- Mantendo Também permitimos que o material seja
reimpresso mediante solicitação de permissão
contato à ECOS e demais organizações colaboradoras.
Caso tenham interesse em reimprimir o
As organizações colaboradoras formaram material com o nome e logotipo de sua
uma rede de aprendizado para a troca contínua organização, entrem em contato com a ECOS.
de informações do trabalho com homens É permitida a reprodução do material, desde
jovens sobre estes temas. Gostaríamos de que citando a fonte.
contar com sugestões e com sua participação
nesta rede. Organizaremos seminários
nacionais e regionais sobre o tema, bem como
faremos workshops em vários países da
América Latina. Estamos disponíveis para
workshops de treinamento adicionais na
utilização desse material em trabalhos com
homens jovens. Queremos ouvi-lo a respeito
da utilização destas atividades. Escreva para
qualquer uma das organizações colaboradoras
listadas na primeira página para participar da
rede, para compartilhar suas experiências e
para sugestões.
17
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

18
MÓDULO 1

O Quê e o Porquê
Uma introdução ao tema da sexualidade
e da saúde reprodutiva dos homens jovens.

19
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

discorrer sobre seu corpo, sua


sexualidade, sua saúde reprodutiva,
Este caderno apresenta e discute mas o que se observa é que,
aspectos que permeiam as práticas atualmente, eles pouco conhecem
sexuais e de saúde reprodutiva dos sobre si mesmos. Além disso, são
jovens rapazes. Tais práticas são escassos os programas de educação
determinadas por um complexo sexual e de saúde reprodutiva
conjunto de fatores, destacando-se voltados para os homens jovens e que
particularmente a interação cultural incorporem a dimensão de gênero,
— construída em cenários em que as buscando promover em seu cotidiano
relações de gênero definem a igualdade e eqüidade de gênero.
hierarquias — e as formas político- Nesse contexto vale a pena
econômicas de organização das perguntar: Como lidar com a
sociedades. Podemos afirmar, sexualidade sem reduzi-la a uma
portanto, que mulheres e homens não mera questão de saúde? Quais são as
se comportam de uma maneira ou de especificidades da saúde reprodutiva
outra em função de sua própria masculina? O que dizer sobre os
natureza, mas são produtos de uma direitos sexuais e reprodutivos dos
construção social. Homens são vistos rapazes jovens? Este caderno
como aqueles que detêm o pretende contribuir para as reflexões
conhecimento e o poder, e por isso apontadas e orientar educadores,
acreditam não poder expressar sugerindo oficinas e atividades, em
constrangimentos quando se trata de seus trabalhos com homens jovens.

20
MÓDULO 1

Por que trabalhar


com a perspectiva
de gênero e
masculinidades?
Gênero é um conceito construído para
facilitar a compreensão, análise e
transformação das desigualdades que as
sociedades constroem a partir das
representações das diferenças biológicas
entre homens e mulheres, e que criam
hierarquias entre os universos simbólicos
considerados masculinos e femininos. Gênero
permite compreender como as relações
sociais são hierárquicas e assimétricas, promover a eqüidade de gênero. Enfatizamos
provocando uma distribuição desigual de que da mesma maneira que hoje já se sabe
poder, somando-se assim a outras categorias que não há uma única forma de ser mulher no
geradoras de desigualdades tais como a mundo, diversas masculinidades também são
classe social, a raça/etnia, a idade e a construídas a partir da experiência cotidiana
orientação sexual. das pessoas, do sistema de organização
familiar, social e político (leis, religiões). Há
Embora o conceito de gênero implique em inúmeras formas de estruturação das
pensar em relações, poucos são os estudos masculinidades, também relacionadas entre
que focalizam os homens. Este caderno inova si hierárquica e assimetricamente. Diferentes
ao focalizar aspectos da sexualidade e masculinidades podem ser produzidas num
reprodução entre os jovens rapazes, e mesmo contexto social, geralmente em torno
sobretudo ao considerar a existência de de uma masculinidade hegemônica, um
distintas masculinidades, sem deixar de lado padrão idealizado de ser homem que
a necessidade de se concretizar políticas para subordina outras formas de ser e agir1 .
21
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Pesquisadores vêm mostrando como um


certo modelo de masculinidade, dominante
nas sociedades ocidentais, sobretudo latino-
americanas, exige distanciamento de tudo
aquilo que é visto como feminino, impondo
uma manifestação permanente da
“hombridade” diante de outros homens 4 .
Mostrar-se viril, com capacidade de
conquistar e de manter relações sexuais com
penetração são aspectos centrais na vida dos
rapazes. No entanto, tais prescrições são uma
fonte de dúvidas e ansiedades para os jovens
acerca da normalidade de seu corpo. Sua
grande preocupação centra-se em seu pênis,
símbolo de sua virilidade, o que acarretará
uma preocupação permanente dos homens,
desde sua infância, com o tamanho de seu
órgão sexual. Comparar, testar, são
Quais são as modalidades quase que necessárias para
acomodar e aplacar ansiedades construídas
especificidades a partir de marcos sociais. Por todos estes
motivos, em que o desempenho sexual é vital
da sexualidade para a construção da identidade de gênero,
diferentemente do que ocorre com as garotas,
masculina? as experiências masturbatórias e
ejaculatórias estão presentes na vida dos
A sexualidade é um componente jovens rapazes e são socialmente muito mais
fundamental na estruturação da identidade de aceitas5.
gênero dos homens, relacionando-se sobretudo
com os significados constituídos como eróticos Todos estes padrões de práticas e
nas sociedades. A cultura prescreve roteiros estereótipos sexuais são construídos
de gênero tanto para homens como para socialmente, assim devem ser compreendidos
mulheres, no entanto, estudos vem mostrando e, ao mesmo tempo, modificados. Um
a existência de certos padrões de práticas exemplo nesta direção é de que a primeira
sexuais mesmo que em diferentes sociedades2 . experiência sexual dos meninos costumava
Por exemplo, constata-se ser quase universal a ocorrer num cenário que não envolvia,
representação da sexualidade masculina como necessariamente, relacionamentos afetivos e
impulsiva e incontrolável, decorrente de um sim com profissionais do sexo, por exemplo.
sistema biológico específico, e cujos feitos Pode-se dizer que ainda persiste entre os
devem ser compartilhados com os grupos de jovens a idéia de que é necessário
pares e os aspectos negativos, geralmente desenvolver as técnicas do ato sexual, treinar,
escamoteados 3 . Ser viril, manter relações aprimorar-se para, então, ter um bom
heterossexuais como rito de passagem para o desempenho em relações emocionalmente
mundo adulto e, portanto, reproduzir, são significativas 6. Porém, as gerações mais
algumas das prescrições marcantes para o jovens têm mudado esse panorama, iniciando
gênero masculino. Crescemos acreditando suas vidas sexuais com amigas, namoradas,
nessas idéias como sendo verdades imutáveis, em relacionamentos afetivos, como podemos

22 geneticamente determinadas. ver no Box 1.


MÓDULO 1

Relação com a/o primeira/o parceira/o sexual


diferença de idade em 4 países andinos, 1999
Homens Mulheres
Diferença Diferença
País Parceiro % de idade % de idade
BOLÍVIA Noivo /namorado/a 59.3 0.18 80.8 2.16
Esposo/a 1.2 -0.17 9.0 4.71
Amigo/a 22.8 0.47 3.8 2.33
Parente ou familiar 3.7 2.16 2.6 5.00
Empregado/a 1.4 -1.29 --- ---
Trabalhador sexual 4.1 0.29 --- ---
Estranho 7.5 9 3.8 -4.00
Total 100.0 0.39 100.0 2.23
COLÔMBIA Noivo /namorado/a 44.4 1.01 80.7 4.16
Esposo/a --- --- 2.8 1.00
Amigo/a 30.2 3.51 12.9 3.86
Parente ou familiar 6.6 2.71 2.8 13.00
Empregado/a 6.0 8.10 --- ---
Trabalhador sexual 8 7.04 --- ---
Estranho 4.1 3.19 0.9 12.00
Total 100.0 2.92 100.0 4.35
EQUADOR Noivo /namorado/a 59.7 1.45 76.9 3.91
Esposo/a --- --- 14.5 3.35
Amigo/a 18.1 1.77 4.3 2.80
Parente ou familiar 5.8 1.39 0.9 6.00
Empregado/a 0.3 2.00 0.9 24.00
Trabalhador sexual 11.6 7.14 --- ---
Estranho 4.5 4.52 2.6 21.00
Total 100.0 2.30 100.0 4.41

VENEZUELA Noivo /namorado/a 65.8 1.97 78.4 3.59


Esposo/a 0.9 5.00 19.5 4.33
Amigo/a 21.8 2.79 --- ---
Parente ou familiar 5.8 2.47 1.3 20.33
Empregado/a 0.3 0.00 --- ---
Trabalhador sexual 0.6 11.50 0.4 8.00
Estranho 4.6 4.00 0.4 16.00
Total 100.0 2.35 100.0 4.02

23
Fonte: UNFPA/ONIJ. In: Diagnóstico sobre Salud Sexual y Reproductiva de Adolescentes en América Latina y el Caribe
(Guzman, José M.; Hakkert, Ralph; Juan Manuel Contreras; Moyano, Martha F.). UNFPA, México, 2001.
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

É preciso salientar ainda que são distintos não correspondem ao ideal de masculinidade
os significados da virgindade para meninas e de nossa cultura.
para meninos. Enquanto em muitas culturas as
garotas ainda têm algum tipo de preocupação A preocupação com a virilidade e com a
com sua primeira relação sexual com demonstração da capacidade de conquista
penetração, para os rapazes o início da vida conduz os rapazes a buscar expressões
sexual pode ser uma fonte inexorável de intensas de desejo sexual: ser “garanhão“,
prestígio e poder diante de sua comunidade7. “comer todas”, “tirar um malho”, “amassar”
ou pelo menos levar seus pares a acreditar
Para os rapazes, o convívio com que agem dessa forma, garantindo assim um
familiares, professores, profissionais de saúde, lugar de prestígio no grupo de convívio. Ainda
colegas e o contato com informações é comum falarem em relacionamentos “para
veiculadas pela mídia influenciam o processo transar” e “para namorar”. Os rapazes
de transformações que marca a adolescência sentem-se pressionados a ter atitudes
e o início da vida adulta, pois atuam mais ousadas, ter iniciativas com mulheres que
como fontes de pressão do que de sejam aprovadas por seu grupo de amigos,
acolhimento e informação. As inquietações seduzir e vangloriar-se de suas conquistas.
masculinas (por exemplo quando o homem Falar e, às vezes, exagerar, mesmo que não
se pergunta se é homem de verdade), em reflita exatamente o que se passou, é
geral, não são abordadas publicamente, pois condição para se sentirem inseridos no grupo.

sempre são evidentes e poucos são os espaços


e as oportunidades que os jovens têm para
expressar suas dúvidas e frustrações ou
mesmo denunciar situações de violência
física8 e simbólica9 a que são submetidos, por
exemplo a de sofrerem agressões ou
Por que devemos zombarias, ser qualificados como “maricas”,
“bichas”, “veados”, “maricón”, quando
falar com os optam em alguma oportunidade de suas vidas
em fazer sexo com outros homens (HSH).
rapazes sobre
Além disto, em geral, os rapazes não
sexualidade? percebem como as representações de gênero
afetam outras dimensões de suas vidas 10.
É preciso oferecer oportunidades para que Certos comportamentos masculinos,
os jovens discutam e reflitam criticamente considerados legítimos e até esperados,
sobre todas essas questões. Apesar das resultam em prejuízos para eles, colocando-
inúmeras discussões sobre sexualidade, a os em situação de vulnerabilidade. Por
concepção de que a masculina é exemplo, o uso indevido de bebidas alcóolicas
incontrolável e de maior intensidade do que – supostamente um mecanismo visto como
a sexualidade feminina é uma visão ainda facilitador das práticas sexuais - coloca
presente, inclusive entre educadores e muitos jovens vulneráveis às situações de
profissionais da saúde. Os custos físicos e violência ou mesmo de ausência de cuidado

24 emocionais de determinadas atitudes nem com o próprio corpo11.


MÓDULO 1

Devemos focalizar a questão de


orientação sexual?
Não há dúvida de que a epidemia da Aids veis e, quando um dos parceiros/as é estran-
— que afetou diretamente os homens que geiro/a, o direito a nacionalidade14.
têm sexo com homens, sobretudo por sua
vulnerabilidade social — contribuiu para Mudanças de valores são lentas e por isso,
dar visibilidade ao tema do homoerotismo na sociedade contemporânea, a possibilida-
e à importância de considerá-lo no traba- de de os jovens terem práticas sexuais com
lho com jovens. O estudo da epidemiologia outros homens ainda é fonte de ansiedade e
da Aids tem mostrado a dificuldade de defi- inquietação para as famílias e demais insti-
nir e classificar rigidamente as pessoas em tuições sociais. Práticas homoeróticas e
categorias sexuais estanques (homossexuais, bissexuais entre jovens rapazes são fatores
bissexuais, transexuais e heterossexuais). de tensão e indicam a existência de práticas
Muitos homens têm sexo com homens e socialmente menos valorizadas do que as
mantêm condutas consideradas homossexu- heterossexuais reprodutivas. Por exemplo, é
ais coexistentes com condutas definidas comum, especialmente nas sociedades lati-
como heterossexuais, isto é, os homens, sem nas, encontrar casos em que os pais procu-
se autodenominarem “gays”, têm sexo com ram certificar-se da vida sexual de seus fi-
outros homens. Isso nos mostra que a expe- lhos, temendo que possam tornar-se homos-
riência sexual é dinâmica, seja ela de que sexuais. Chegam a acompanhá-los em suas
ordem for, é cultural e estabelecida em um primeiras relações sexuais, estimulando-os a
campo complexo de relações de poder e encontrar parceiras para que possam ensiná-
de dominação 12. Aceitar a diversidade e los a se comportar como ‘homens’ em sua vida
dar espaço para o prazer são condições bá- sexual15. Em geral, tais processos de intole-
sicas para quem trabalha com sexualida- rância com a diversidade de opções sexuais,
de. Esta premissa deve nortear o trabalho tornam-se tão cruéis que acabam impondo aos
com os rapazes. rapazes uma vida de sofrimento e exclusão,
com desrespeito a seus direitos sexuais e hu-
A diversidade sexual vem saindo cada vez manos16.
mais da clandestinidade, para configurar-se
como um direito. No Brasil e em outros paí- Isto significa que é necessário trabalhar
ses da América Latina as relações com os jovens rapazes indicando que não
homoeróticas masculinas e femininas estão, somos apenas sujeitos sociais, somos tam-
aos poucos, acontecendo num contexto de bém sujeitos sexuais e por isso devemos ser
transformações sociais e culturais, resultado “capazes de desenvolver uma relação
da ação de movimentos sociais (feministas, consciente e negociada com a cultura se-
de gays e lésbicas), dos quais emergiram dis- xual e de gênero, em lugar de aceitá-la
cursos sobre liberdade individual, direitos como natural; desenvolver uma relação
sexuais e reprodutivos e direitos humanos13. consciente e negociada com os valores fa-
Um exemplo de avanço na consolidação dos miliares e de grupo de pares e amigos; ex-
direitos individuais é o projeto de Parceria plorar (ou não) a sua sexualidade, indepen-
Civil Registrada, em andamento no Brasil, dentemente da iniciativa do/a parceiro/a;
semelhante a outros países como Dinamar- ser capazes e ter o direito de dizer “não” e
ca, Suécia, Noruega, França, Holanda e Es- de tê-lo respeitado; ser capazes de negoci-
tados Unidos, entre outros. Esse projeto de lei ar práticas sexuais e de prazer, desde que
tem por objetivo assegurar às parcerias ho- consensuais e aceitáveis pelo/a parceiro/
mossexuais direitos como herança, sucessão, a; ser capazes de negociar sexo mais se-
benefícios previdenciários, declaração con- guro e protegido, conhecer e ter acesso às
junta de imposto de renda, seguro-saúde con- condições materiais para fazer escolhas
junto, renda conjunta para aquisição de imó- reprodutivas e sexuais”17.
25
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Homens Jovens Gays e Bissexuais


Uma pesquisa qualitativa, desenvolvida em políticas públicas, sobretudo relacionadas a
Londres no ano de 1999, coletou informações alcançar a igualdade entre homens gays e
de 81 jovens rapazes gays e bissexuais. pessoas heterossexuais. Os participantes também
Confirmando o que outros estudos têm pedem abordagens mais realistas acerca de
demonstrado, a violência é um dos aspectos que, lésbicas e dos homens gays na televisão e que a
de uma forma ou outra, permeia a vida de homossexualidade seja tratada como um fato
muitos jovens gays e bissexuais, inclusive os que normal da vida cotidiana. Foram sugeridas ainda
fizeram parte do estudo. A discriminação ocorre mudanças na maneira como as escolas abordam
nas famílias, escolas, espaços de trabalho e a homossexualidade. Os jovens gays gostariam
outros espaços públicos. Para muitos dos de ver implementadas mudanças em relação às
participantes tais experiências têm tido impactos referências à aparência e forma de seus corpos,
negativos sobre seu bem-estar. Quando desejam desenvolver maiores habilidades para
inquiridos sobre quais mudanças gostariam de estarem com seus parceiros sexuais e amigos,
ver observadas nas sociedades, muitos jovens ter mais recursos financeiros e ter mais conquistas
indicaram prioritariamente mudanças nas no campo da educação e do trabalho.

Fonte: extraído do relatório de pesquisa Warwick, I.; Douglas, N. Agleton P. “Prevenção do HIV: o que os homens jovens gays e
bissexuais afirmam que é necessário.”

A sexualidade masculina está relacionada à


fertilidade e à reprodução?
No processo de socialização dos meninos Mesmo após a semenarca, os rapazes lidam
e dos jovens rapazes, os processos com sua sexualidade como se a fertilidade não
reprodutivos não têm a mesma relevância que existisse. O educador pode orientá-los para que
a sexualidade. Um bom exemplo é a saibam que quando não há problema de saúde,
diferença de tratamento que nossas eles estão férteis a cada relação sexual18 . É
sociedades oferecem à chegada da menarca possível, inclusive, que muitos meninos já
— a primeira menstruação — e a semenarca estejam férteis antes que a semenarca
— primeira ejaculação masculina. De modo ocorra 19 . Saber sobre o próprio corpo,
geral, há muito silêncio entre mães e filhas desconstruir tabus e mitos, ajuda a
sobre a transformação do corpo das meninas compreender nosso desejo e prazer sexual,
e sua fertilidade; no entanto, esse silêncio é tornando o processo de mudanças físicas e
ainda maior entre os pais e seus filhos emocionais, que marcam a puberdade e a
meninos e rapazes. Alguns poucos estudos adolescência, mais tranqüila e prazerosa.
têm mostrado que os jovens garotos enfrentam
a experiência da semenarca com surpresa, Crenças como essas e sobre a sexualidade
confusão, curiosidade e prazer. Muitas vezes, masculina estão arraigadas no imaginário juvenil
desconhecendo o líqüido seminal, os meninos e adulto e têm impacto na saúde reprodutiva dos
acabam identificando-o como urina. É homens e das mulheres. E por isso a reprodução
importante que eles recebam orientação deve ser pensada relacionalmente. Os
durante o processo de transformação da educadores podem e devem estimular processos
puberdade, para que possam sentir-se mais de reflexão nos homens, favorecendo mudanças
tranqüilos para enfrentar as mudanças na forma como eles se relacionam simbólica e
corporais, aprendendo sobre o funcionamento concretamente com a procriação e com a

26 de seu corpo, sobre sua própria fertilidade. sexualidade.


MÓDULO 1

Rapazes devem se Com o advento da Aids alguns homens


passaram a estar um pouco mais atentos à
preocupar com a necessidade de uso de método de barreira como
o preservativo masculino, fundamental para
contracepção? preservar os direitos sexuais e reprodutivos de
moças e rapazes. Embora tenham aumentado
as taxas de uso do preservativo masculino de
Quando, de alguma forma, os homens se uma maneira geral na América Latina, elas ainda
sensibilizam para a contracepção e buscam são muito baixas e precisam ser incrementadas21.
alternativas, geralmente o fazem para Deve-se salientar que foi também o advento da
colaborar com suas parceiras, preservando Aids que propiciou um grande empenho no
de alguma forma a saúde dela, como, por desenvolvimento de outro tipo de método de
exemplo, para evitar o uso prolongado de barreira, o preservativo feminino, que vem sendo
pílula anticoncepcional ou para evitar uma adotado em diversos países. No caso do Brasil,
laqueadura tubária20. Muitas vezes, porém, sua adoção em alguns serviços públicos de saúde
os homens sentem-se inseguros em usar o tem servido como estímulo para o envolvimento
preservativo temendo perder a ereção; outros dos homens com o tema da relação sexual
evitam a vasectomia acreditando que podem protegida e uso de métodos contraceptivos22.
ficar impotentes. Talvez, por isso, o coito
interrompido ainda seja uma prática comum Aumentar a prevalência de uso do
entre muitos casais. preservativo entre os jovens é uma estratégia
necessária mas insuficiente. Para que os
Uma das formas de se conquistar o apoio rapazes se tornem sensíveis à contracepção
dos rapazes para o uso de métodos de é necessário que compreendam que podem
contracepção de barreira, os mais indicados e devem ter uma posição sobre como
por sua capacidade de evitar uma gravidez construir sua vida reprodutiva, isto é, decidir
e ao mesmo tempo oferecer proteção contra sobre quando e como ter filhos. A posição
as doenças sexualmente transmissíveis e a masculina em relação à contracepção é um
Aids, é inseri-los nos jogos sexuais, tema de discussão do campo dos direitos
apresentando-os como estímulos eróticos e de sexuais e reprodutivos, que merece ser
sedução no relacionamento sexual. melhor aprofundando entre os jovens.

Indicadores sobre o uso de camisinha esntre homens


de 15 a 19 anos: países selecionados da América Latina e Caribe
República
Bolívia Brasil Haiti Honduras Nicarágua Peru Dominicana
Indicador 1998 1996 1995 1996 1998 1996 1996
% de adolescentes que usaram
camisinha na última relação sexual 36 55 --- --- 39 41 42

% de adolescentes que têm usado


camisinha entre aqueles que têm tido
relações sexuais 60 83 37 59 77 67 65
% de adolescentes que têm usado
camisinha para prevenir DSTs e Aids,
em relação ao total daqueles que têm
usado alguma vez a camisinha 64 68 90 --- 72 87 87

Fonte: Cálculos próprios baseados nas pesquisas DHS III. In: Diagnóstico sobre Salud Sexual y Reproductiva de Adolescentes en América Latina
y el Caribe. (Guzman, José M.; Hakkert, Ralph; Juan Manuel Contreras; Moyano, Martha F.) UNFPA, México, 2001.

27
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Homens jovens e o
uso de contraceptivos
No caso do Brasil, por exemplo, observa-se
um incremento no uso de preservativo entre os
jovens, inclusive na primeira relação sexual.
O uso do preservativo, no entanto, se deve
sobretudo ao esforço desenvolvido através das
políticas de prevenção da Aids. Segundo da-
dos da PNDS/199623 os homens em geral co-
nhecem algum tipo de método contraceptivo.
Os mais conhecidos são a pílula, o preservati-
vo e a esterilização feminina. A pesquisa mos-
trou também que a prevalência de uso do pre-
servativo e da vasectomia ainda são bastante
baixas no Brasil, sendo respectivamente 6,2%
e 3,7%. No entanto, quando comparados aos
dados de 1986, refletem um aumento de uso
de 160% e de 225% . Os dados mostram que
entre os jovens não-unidos, mas sexualmente
ativos, o uso atual de algum método é maior
entre as mulheres do que entre os homens: 75%
e 68%, respectivamente. Neste grupo as mu-
lheres usam em maior proporção a pílula (44%) governamentais nesses países, já empobrecidos
e os rapazes o preservativo (42%). A indica- em função de políticas econômicas pouco
ção de que as mulheres usam preferencialmen-
condizentes com as necessidades sociais de
te a pílula revela que a contracepção é plane-
suas populações. Muitas pesquisas no campo
jada pela mulher.
das ciências sociais e humanas, no entanto,
indicam que os jovens muitas vezes vêem na
gravidez justamente a possibilidade de construir
identidades adultas e mais bem integradas,
sendo o filho justamente o motivo de
Devemos focalizar o reorganização e compromisso com a
sociedade27, de possibilidade de inserção no
tema da gravidez? mercado de trabalho, abandono de atividades
de consumo de drogas, etc. A gravidez, que nem
A gravidez na adolescência tem sido um sempre é sentida como um peso pelos/as jovens,
tema extremamente discutido nos últimos muitas vezes é vista como entrave para os
anos24. O crescimento da participação das familiares que se sentem responsáveis pelo
mulheres jovens nas taxas de fecundidade tem cuidado e manutenção financeira dos recém-
sido motivo de infundado alarme25, divulgado nascidos. Os jovens rapazes são muitas vezes
e enfatizado pela mídia. Embora os argumentos afastados da parceira por seus próprios
enfatizem que a gravidez entre as jovens pode familiares, perdendo a possibilidade de
prejudicá-las biológica e socialmente, está estabelecer contato com seus próprios filhos.
subjacente na verdade a ideologia de risco
social26. A idéia de risco reflete um medo social Observar a gravidez, a maternidade e a
de que a sexualidade dos jovens, e paternidade jovem de uma maneira respeitosa
conseqüentemente uma maternidade e e solidária deve ser o papel dos educadores,
paternidade exercidas na juventude, poderão evitando atitudes discriminatórias e auxiliando-
prejudicar a ordem social nos países pobres, os a encontrarem formas possíveis de

28 criando dificuldades adicionais para as políticas participação28.


MÓDULO 1

O Aborto é um
tema que deve
ser discutido com
os rapazes?
O aborto é uma prática que tem pouco
amparo legal na maior parte dos países da
América Latina. No entanto, a ausência de
opções contraceptivas para as mulheres,
associadas à precariedade das condições de
vida, acaba remetendo muitas jovens e
mulheres adultas a abortos clandestinos que
colocam em risco sua saúde e suas vidas. O O que é saúde
que ocorre com os rapazes diante da
evidência da necessidade de sua parceira reprodutiva
decidir pelo aborto ou não? Estudos realizados
na década de 90 indicam que o fato da masculina? E quais as
gravidez ocorrer no corpo feminino permite ao
homem e, apenas a ele, a chance de evadir-se implicações para os
da responsabilidade pela gravidez. É ela quem
deverá decidir pela continuidade ou pela rapazes?
interrupção, o homem pode omitir-se a essa
decisão29. No entanto, mesmo nos casos em A concepção de saúde reprodutiva, tal como
que há uma empatia e um desejo de participar foi apresentada no texto da Conferência de
da decisão, os rapazes conseguiriam fazê-lo? População e Desenvolvimento do Cairo31 em
Estudos recentes mostram que quando as jovens 1994, teve sua origem a partir da definição de
comunicam aos parceiros a notícia da gravidez, saúde da Organização Mundial de Saúde/OMS:
eles acreditam em sua capacidade retórica de a saúde é um estado de bem-estar total, físico,
convencimento contra o aborto30. Muitas vezes mental e social e não a mera ausência de
os homens acabam influindo sobre as respostas enfermidade ou doença. Quando aplicada ao
adotadas pelas adolescentes frente à sua campo da saúde reprodutiva significa que deve-
gestação e, indiretamente, sobre suas histórias se oferecer às pessoas a possibilidade de ter
de vida. Mesmo levando em conta que, em filhos, de regular sua própria fertilidade de forma
última instância, as mulheres definem a atitude segura e efetiva. Significa também que o processo
final em relação a uma gravidez, os homens de gestar e parir deve ser seguro para a mãe e
pesquisados, especialmente os mais jovens, para a criança, deve ser assegurada às pessoas
confiam em sua capacidade de redirecionar a a possibilidade de desfrutar de sua sexualidade
ação das mulheres. Mas afinal de quem é o sem medo de contrair uma doença, de optar por
poder de decidir? Ambos participaram da interromper uma gravidez, sem sofrer nenhum
construção da gravidez, mas concretamente, tipo de condenação social. Sobretudo, deve-se
em última análise quem decide é a mulher. entendê-la como a saúde de todas as funções e
Devemos ponderar, porém, que do ponto de processos que envolvem a reprodução, tanto
vista ético e de direitos, os homens podem e para homens quanto para as mulheres, e em todas
devem ser parceiros no processo de decisão. as fases de suas vidas.
29
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

das as infecções por HIV desen-


volvidas no mundo ocorreram
entre pessoas com menos de 25
anos. Os jovens do sexo masculino
correm um risco maior de contrair a
infecção do que os homens adultos: cerca
de 1 em cada 4 pessoas com HIV é sempre um
jovem com menos de 25 anos.

Quanto às demais doenças sexualmente


transmissíveis (DSTs), pesquisas demonstram que
sua existência entre os jovens pode ser maior do
que se imagina, principalmente porque os rapa-
zes, em geral, ignoram tais infecções ou aca-

DSTs e Aids: uma bam tratando-as através de procedimentos mui-


tas vezes precários e insuficientes, recorrendo
por exemplo às farmácias e se automedicando34.
questão de Este quadro agrava a vulnerabilidade dos jovens

sexualidade e rapazes para a infecção pelo HIV, principalmente


quando há associação com o uso de drogas, ál-
cool, violência ou coerção sexual35.
saúde reprodutiva?
A mídia, a rede de amigos, a rua são fontes
O vínculo entre a sexualidade e saúde de informação sobre as DSTs, assim como a
reprodutiva tornou-se evidente com a epide- experiência pessoal é fonte de aprendizagem
mia da Aids. A principal forma de transmis- para os jovens36 e deve ser explorada pelo edu-
são da doença ocorre através de relações cador. A maior participação de rapazes em pro-
sexuais e pela contaminação pelo uso com- gramas de prevenção das DSTs/Aids tem sido
partilhado de seringas. A Aids tem crescido alvo constante das iniciativas desenvolvidas
no mundo todo entre os jovens. No Brasil, no com jovens do sexo masculino. No geral, os
grupo etário de 15 a 24 anos, população jo- programas mais inovadores têm sido aqueles
vem adulta, para cada pessoa do sexo mas- que alcançam os jovens diretamente em suas
culino contaminada pelo vírus há uma do sexo comunidades ou instituições tais como escolas,
feminino também atingida, ou seja, a propor- albergues, igrejas, salões de baile e festas. Cha-
ção entre jovens do sexo masculino e femini- ma atenção, no entanto, que os pais e outros
no atingidos pelo vírus da Aids no Brasil já é adultos (inclusive educadores e profissionais de
de 1:1. Nessa faixa etária, adolescentes e jo- saúde) raramente sejam mencionados como
vens do sexo masculino contraem o vírus fontes de informação para os jovens rapazes37.
através do uso compartilhado de seringas;
entre adolescentes e jovens do sexo femini- Situações de pobreza, consumo de drogas e/
no a transmissão é majoritariamente sexual31. ou álcool, o afastamento do convívio familiar
causado pela migração na busca de emprego, o
De acordo com dados da UNAIDS, até feve- recolhimento em instituições fechadas como pri-
reiro de 2000, na América Latina e Caribe foram sões ou Forças Armadas colocam os rapazes em
registrados 303.136 casos de Aids, 13,8% dos situação de maior vulnerabilidade. Trabalhar
casos informados a nível mundial. Deste total, a com jovens implica pensar em suas necessida-
incidência da infecção pelo HIV entre homens des e ao mesmo tempo reconhecer seu imenso
que têm sexo com homens de grandes cidades potencial para modificar a situação. Levá-los a
da região está entre 5 a 20%32. De acordo com questionar estruturas idealizadas de masculini-
alguns autores33, a maioria dos jovens de 15 a dade pode permitir mudanças de atitudes e com-
20 anos já mantém relações sexuais. As DSTs, portamentos, mesmo aqueles já cristalizados en-
incluindo HIV, são mais comuns entre jovens de tre os jovens, desde que percebam que há be-

30 15-24 anos. Estima-se que cerca de 50% de to- nefícios no processo de mudança.
MÓDULO 1

Distribuição em porcentagem dos casos de Aids registrados até 1997,


por grupos de idade na América Latina e Caribe
IDADE Bahamas Chile Equador Guatemala Guiana Nicarágua Panamá Paraguai Uruguai
0-9 8% 2% 1% 3% 3% 1% 5% 2% 6%
10-19 1% 1% 2% 4% 2% 2% 2% 2% 3%

20-29 21% 27% 34% 41% 41% 33% 25% 36% 33%
30-39 36% 38% 33% 31% 31% 38% 35% 39% 37%
40-49 19% 20% 20% 13% 12% 16% 20% 15% 13%

50 e + 15% 12% 10% 8% 11% 10% 13% 6% 8%


Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Fuente: UNAIDS/PAHO/WHO, 1999.

Por que devemos a ausência de material específico, como


também a falta de interesse dos rapazes em
pensar em Serviços cuidar de sua saúde.39 É notória a ausência
de recursos governamentais para formular e
Públicos de Saúde? executar programas dessa natureza40.

Mesmo entre aqueles que concordam


Vem crescendo o interesse por sobre a necessidade de focalizar os homens
experiências de trabalho com rapazes em e rapazes nos serviços de saúde há
saúde reprodutiva e sexualidade na polêmicas: deve-se alcançar melhores
América Latina e Caribe, gerado índices de saúde para as mulheres ou atender
sobretudo a partir de ações desenvolvidas eventuais demandas dos rapazes? Sob o nosso
com jovens do sexo feminino. Até o ponto de vista, tais programas devem ser
momento, experiências concretas têm sido focalizados visando a eqüidade e as
desenvolvidas basicamente por ONGs, especificidades de gênero. Isto significa, por
através de programas inovadores 38 , salvo exemplo, que desenvolver programas
raras exceções com recursos de fundações voltados para o uso do preservativo ou
privadas e não-lucrativas. Essas iniciativas, no incrementar o uso da vasectomia não são
entanto, têm enfrentado vários obstáculos, suficientes para oferecer amplas alternativas
entre os quais a falta de preparo dos próprios de assistência à saúde dos homens.
profissionais de saúde – tanto homens como Tampouco é suficiente para conscientizá-los
mulheres - para atender à clientela masculina, sobre os seus direitos sexuais e reprodutivos.
31
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Até o momento, os programas governamentais As concepções culturais em torno do corpo


de saúde integral/saúde reprodutiva voltados para masculino (o fato de ser simples e de
a população feminina, têm aberto pouco espaço funcionamento mecânico) na visão de
para a discussão sobre as necessidades específicas homens de estratos médios-baixos e baixos,
dos rapazes. Uma exceção são os serviços que acabam por dificultar o acesso dos homens a
no Brasil trabalham com DSTs/Aids, mas cuja um universo que é associado ao cuidado com
integração com os serviços mais específicos de o corpo. Fragilidade física também é
saúde da mulher ainda é precária. Outra exceção associada com o universo feminino, portanto
é a dos programas governamentais de saúde do algo a ser evitado, por ser visto como da
trabalhador, que, por sua vez, acabam deixando ordem da homossexualidade41.
de lado as necessidades específicas de saúde das
mulheres e não demonstram sensibilidade para Todas as considerações feitas acima
temas de sexualidade e saúde reprodutiva. No apontam para a dificuldade em se desfazer a
Paraguai (com o apoio do Fundo das Nações associação entre os serviços de saúde como
Unidas para Assuntos de População) e em alguns sendo da esfera feminina42. Profissionais de
outros países da América Latina estão sendo saúde têm admitido em relatos informais a sua
desenvolvidas experiências em instituições dificuldade em obter a empatia e cumplicidade
policiais e militares de prestação de serviços de dos homens nos serviços públicos de saúde, o
saúde e programas educativos voltados para que, por sua vez, dificulta que se conheça
homens, cujos resultados ainda precisam ser mais claramente quais as necessidades
avaliados. específicas dos rapazes.43

Homens jovens e o uso


de serviço público de saúde
A permanente e contínua associação da ação de cuidado
como uma característica das mulheres dificulta a predis-
posição dos homens a usarem os serviços de saúde. Pes-
quisa de opinião pública realizada no Brasil pela Comis-
são de Cidadania e Reprodução no ano de 1995, verificou
que homens de 16 anos ou mais procurariam os serviços
de saúde somente se suspeitassem de estar com alguma
doença na próstata ou bexiga (98%), ou DSTs (98%) ou
Aids (96%), impotência (88%), e nos casos de ejaculação
precoce (83%). Dos entrevistados, 91% iriam ao serviço
de saúde para acompanhar o pré-natal da mulher e apenas
60% para obter informações sobre contracepção.

32
MÓDULO 1

Devemos discutir vez em que os homens foram citados em


textos dessa natureza, enfatizou-se a

sobre os Direitos necessidade de maior participação


masculina no âmbito das decisões e

Sexuais e compromissos relevantes para a vida


cotidiana, em particular no campo da

Reprodutivos dos sexualidade, da vida reprodutiva e suas


implicações para a vida familiar.

homens? Embora seja um texto que, de certa


maneira, parte do pressuposto da existência
Os direitos reprodutivos foram expressos de uma suposta irresponsabilidade jovem e
e legitimados no texto da Conferência masculina 45 (visão esta que deve ser
Internacional de População e fortemente combatida), teve como mérito
Desenvolvimento do Cairo, realizada no ano destacar a necessidade de ampliação de
de 1994 44. Os direitos sexuais irão surgir ações, políticas e programas que envolvessem
apenas no texto da Conferência Internacional a população masculina. Assim, tanto no
da Mulher, realizada em 1995, em Pequim. campo da sexualidade quanto no campo da
No campo dos direitos sexuais, formulados saúde reprodutiva, as mulheres jovens e
basicamente como o direito ao prazer e à adultas deixam de ser as únicas destinatárias
diversidade sexual (veja o BOX a seguir), é das preocupações programáticas e os homens
menos tensionante a presença dos homens. passam a ser também sujeitos de direitos
No Cairo, mesmo não tendo sido a primeira sexuais e reprodutivos.

Para assegurarmos que todas as pessoas desen- DIREITO À PRIVACIDADE SEXUAL - O direito
volvam uma sexualidade saudável, os seguin- às decisões individuais e aos comportamentos
tes direitos sexuais devem ser reconhecidos, pro- sobre intimidade desde que não interfiram nos
movidos, respeitados e defendidos. direitos sexuais dos outros.
DIREITO AO PRAZER SEXUAL - prazer sexu-
O DIREITO À LIBERDADE SEXUAL - A liberda- al, incluindo auto-erotismo, é uma fonte de
de sexual diz respeito à possibilidade dos indiví- bem-estar físico, psicológico, intelectual e es-
duos de expressar seu potencial sexual. No en- piritual.
tanto, aqui se excluem todas as formas de coer- DIREITO À EXPRESSÃO SEXUAL - A expressão
ção, exploração e abuso em qualquer época ou é mais que um prazer erótico ou atos sexuais.
situações de vida. Liberdade também de lutar Cada indivíduo tem o direito de expressar a se-
contra todas as formas de discriminação, inde- xualidade através da comunicação, toques, ex-
pendentemente do sexo, gênero, orientação se- pressão emocional e amor.
xual, idade, raça, classe social, religião, defici- DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÃO SEXUAL - sig-
ências mentais ou físicas. nifica a possibilidade de casamento ou não, ao
DIREITO À AUTONOMIA SEXUAL, INTEGRIDA- divórcio e ao estabelecimento de outros tipos
DE SEXUAL E À SEGURANÇA DO CORPO SE- de associações sexuais responsáveis.
XUAL - Direito de uma pessoa de tomar decisões DIREITO ÀS ESCOLHAS REPRODUTIVAS LI-
autônomas sobre a própria vida sexual num contex- VRES E RESPONSÁVEIS - É o direito de decidir
to de ética pessoal e social. Também inclui o con- ter ou não ter filhos, o número e tempo entre
trole e prazer de nossos corpos livres de tortura, cada um e o direito ao acesso aos métodos
mutilação e violência de qualquer tipo. contraceptivos disponíveis.

33
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Os direitos sexuais são direitos humanos participação de homens e de mulheres para que
universais baseados na liberdade inerente, questões éticas sejam preservadas e para
dignidade e igualdade para todos os seres impedir que a defesa de alguns direitos seja
humanos. Ter uma vida sexual plena é um realizada à revelia de outros.
direito fundamental e por isso deve ser
considerado um direito humano básico. Cabe observar que a proximidade entre
contracepção e direitos reprodutivos limita a
Os direitos reprodutivos, por sua vez, formulação do campo dos direitos
“ remetem à possibilidade de homens e reprodutivos, quando está associada apenas
mulheres tomarem decisões sobre sua à fecundidade, isto é, ao número de filhos que
sexualidade, fertilidade, sobre sua saúde cada mulher tem ou deseja ter 48. Nesse
relacionada ao ciclo reprodutivo bem como contexto a referência aos rapazes/homens é
à criação dos filhos. Por preconizarem o sempre muito secundária, minimiza a
exercício de uma escolha, implicam amplo importância da sexualidade e das relações
acesso às informações sobre o assunto, bem de poder subjacentes aos processos
como facilidade de utilização dos recursos reprodutivos. Também tem sido evidenciada
necessários para realizar as escolhas de modo que, mesmo com a crescente capacidade de
eficiente e seguro46”. questionamento das políticas e práticas sociais
em torno da reprodução, não é clara uma
A tarefa continua sendo ainda um grande resposta mais ativa por parte dos rapazes/
desafio, uma vez que homens e mulheres, homens adultos no sentido de formular sua
moças e rapazes vivem em um cenário de participação nos processos reprodutivos. Por
desigualdades de gênero, cujas implicações e outro lado, é grande a resistência de
conseqüências para a saúde, por exemplo, profissionais de saúde e educação, teóricos
recaem sobre as mulheres e jovens do sexo e ativistas de associar os direitos reprodutivos
feminino. Não há dúvida de que há necessidade aos homens.
de prosseguir analisando a relevância e
pertinência de promover os direitos sexuais e Criar consciência no campo dos direitos
reprodutivos dos homens47. Porém, algumas sexuais e dos direitos reprodutivos exige
questões precisam ser consideradas: é possível mobilização pessoal dos próprios jovens, dos
defender direitos sexuais e reprodutivos sem educadores e dos profissionais de saúde.
naturalizar os direitos dos homens e esquecer Sobretudo, necessita um revisão conceitual
os direitos das mulheres, submetidas de como compreender o significado e o
socialmente a situações de desigualdade? Como compromisso dos homens com a reprodução,
conciliar o direito de uma jovem de não ser mãe bem como acreditar que os rapazes podem
e o de um jovem de querer ser pai, ou vice- apresentar atitudes e comportamentos
versa? Pensamos que esse processo de reflexão diferentes daqueles a que estão acostumados,
contínua deve contar sempre com a e acreditar que eles podem mudar.

34
MÓDULO 1

Pontos-Chave
Considerando o cenário acima descrito, 3- A sexualidade deve ser trabalhada em
indicamos cinco pontos que poderão seu sentido amplo. Afinal, ela é muito mais
contribuir para o seu trabalho com homens do que “pau duro” e “comer todas/os”.
jovens: Procure explorar com os rapazes outras
dimensões da sexualidade humana;
1- Procure mostrar aos rapazes que há
diferentes formas de “ser homem”; 4- Mostre porque é bom e importante
conhecer o próprio corpo e que saúde
2- Mostre que existem, sim, diferenças reprodutiva não é assunto só de mulheres,
entre homens e mulheres e que muitas nem direitos sexuais se referem apenas aos
delas somos nós que construímos; é homossexuais;
importante que percebam como essas
diferenças socialmente construídas podem 5- Esclareça-os sobre os direitos sexuais e
ter impactos fundamentais em nossa vida reprodutivos, relacionando esses direitos
cotidiana, gerando discriminação e específicos ao conjunto dos direitos
reforçando desigualdades de gênero; humanos.

35
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Notas
1 Consulte CONNELL, R.W. Masculinities. Berkeley: construcción de la masculinidad y la homosexualidad
University of California Press, 1995. masculina en Brasil. In: VÁLDES, T. y OLAVARRIA, J.
2 VILLELA, W., BARBOSA, R. M. Repensando as rela- Masculinidades y equidad de género en América Latina
ções entre gênero e sexualidade. In: PARKER, R., BAR- . FLACSO/Chile/UNFPA.1998.
BOSA, R. Sexualidades brasileiras. Rio de Janeiro: ABIA; 13 CÁCERES, C.; 2000, op. Cit.; ver também PARKER,
IMS/UERJ; Relume-Dumará, 1996. Richard. Corpos, prazeres e paixões. São Paulo, Best
3 WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999/WHO. Seller, 1991.
“Survey on Programs Working with adolescent boys and 14 Suplicy, Marta. Construindo a cidadania plena.
Young Men”. Prepared by Gary Barker, Instituto Jbonline (http://www.jb.com.br) 2001/05/08.
PROMUNDO, Brazil, Department of Child and 15 Uma pesquisa de opinião pública realizada pela
Adolescent Health and Development, may, 1999. Comissão de Cidadania e Reprodução/CCR, em 4 capi-
4 KIMMEL, M. La producción teórica sobre la tais brasileiras, inclusive São Paulo e Rio de Janeiro, re-
masculinidad; nuevos aportes, Ediciones de las Mujeres, velou que os homens urbanos ainda legitimam este tipo
n.17, pp.129-138; SEIDLER, V. J. (edt.) Men, Sex & de prática. Ver Comissão Cidadania e Reprodução. Se-
Relationships. Routledge: London and New York, 1992. xualidade, saúde e direitos reprodutivos dos homens.
5 CÁCERES, C. F. La reconfiguración del universo sexual São Paulo, 1995 (Série Debates, 4).
– Cultura sexual y salud sexual entre los jóvenes de Lima 16 PARKER, R. Na contramão da Aids – sexualidade,
a vuelta de milenio. Universidad Peruana Cayetano Intervenção, Política. Editora 34. São Paulo. 2000.
Heredia/REDESS Jóvenes. Lima. 2000 17 PAIVA, V., 2000, op cit.
6 Esta é uma perspectiva que aparece no vídeo produzi- 18 Mário Humberto Ruz, em seu trabalho “La semilla del
do pela ECOS, “Meninos a primeira vez”, e que se man- hombre, Notas etnológicas acerca de la sexualidad y
tém bastante atual. Ver também HEILBORN, M.L. Cons- reproducción masculinas entre los mayas. (In: LERNER,
trução de si, gênero e sexualidade. In: HEILBORN, M.L S. (edt.) Varones, Sexualidad y Reproducción. El Colegio
(org.) Sexualidade, o olhar das ciências sociais. Rio de de México: Sociedad Mexicana de Demografía, (1998)
Janeiro, Editora Jorge Zahar, 1999. mostra como entre os povos maias há atribuições sim-
7 HEILBORN, M.L.1999, op.cit. bólicas distintas para o significado da vida sexual, e para
8 Consulte também o Caderno Da Violência para a Con- os distintos momentos do ato sexual e do processo
vivência. reprodutivo, conforme as variações de significados as-
9 SZASZ, I. Los hombres y la sexualidad; aportes de la sociadas ao feminino e masculino, dependendo da cul-
perspectiva feminista y primeros acercamientos a su es- tura local e de aspectos de seu desenvolvimento sócio-
túdio en México. In: LERNER, S. (edt.) Varones, cultural e político.
Sexualidad y Reproducción. El Colegio de México: 19 Ver STEIN, J.H.; REISER, L. A study of White middle-
Sociedad Mexicana de Demografía, 1998. class adolescent boys’ responses to “semenarche” ( The
10 PAIVA, Vera. Fazendo arte com a camisinha. São Pau- first ejaculation. Journal of Youth and Adolescence, vol
lo: Summus, 2000. Desenvolvendo metodologias de tra- 23. N.3.1994)
balho em sexualidade com os jovens, a autora obser- 20 OLIVEIRA, Maria Coleta, BILAC, Elisabete & MUSZKAT,
vou como são importantes os cenários em que ocorre a Malvina. Homens e Anticoncepção: um estudo sobre
socialização dos meninos, pois concepções de ser “ma- duas gerações masculinas das camadas médias paulistas.
cho” e “provedor” estão presentes no cotidiano dos Texto não impresso, 2000.
meninos desde a infância; e ser agressivo também é com- 21 BEMFAM. Adolescentes, jovens e a Pesquisa Nacio-
ponente importante no processo de tornar-se homem. nal sobre Demografia e Saúde. Um estudo sobre
11 Consulte também o Caderno Razões e Emoções. fecundidade, comportamento sexual e saúde
12 CACERES, C. F.; ROSASCO, A . - Secreto a Voces. reprodutiva. Rio de Janeiro: BEMFAM, 1999.
Homoerotismo masculino en Lima; Culturas, Identida- 22 Ministério da Saúde/Secretaria de Políticas de Saúde/
des y Salud sexual. REDESS Jóvenes. Lima, 2000; ver Coordenação Nacional de DST e Aids. Aceitabilidade
também PARKER, Richard.1991 op. cit. e PARKER, do Condom Feminino em Contextos Sociais Diversos.

36 Richard. Hacia una economia política del cuerpo: Relatório Final de Pesquisa, Brasília, 1999.
MÓDULO 1

23 BEMFAM. Adolescentes, jovens e a Pesquisa Nacio- 39 OLIVEIRA, C. et.allii, op.cit.


nal sobre Demografia e Saúde. Um estudo sobre 40 ARILHA, M. 1998, op.cit.. Ver também SIQUEIRA,
fecundidade, comportamento sexual e saúde Maria Juracy Toneli. Saúde e Direitos Reprodutivos: o
reprodutiva. Rio de Janeiro: BEMFAM, 1999. que os homens têm a ver com isso? Dossiê Relações de
24 Ver também LYRA DA FONSECA, Jorge. Paternidade Gênero e Saúde Reprodutiva. Revista Estudos Feminis-
Adolescente: uma proposta de intervenção (dissertação tas, vol.8, n.1/2000, CFH/UFSC.
de mestrado em Psicologia Social apresentada à Pontifícia 41 ARILHA, M., 1998, op.cit.
Universidade Católica/PUC, São Paulo, 1997, 182p). 42 Pesquisa de opinião pública feita pelo Instituto
25 Uma excelente fonte de dados para este debate é a DataFolha (São Paulo), por solicitação da Comissão de
publicação da Equipe de Apoyo Técnico do FNUAP/ Cidadania e Reprodução. Foram entrevistados 1964
América Latina e Caribe, dos autores: Guzmán, J.M.; pessoas, nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Re-
Hakkert, R.; Contreras, J. M.; Moyano, M, F. – “Diagnós- cife e Porto Alegre, distribuídos de acordo com as se-
tico sobre Salud Sexual y Reproductvia de Adolescentes guintes faixas etárias (no caso dos homens): 16/25 anos
en América Latina y el Caribe”. México, D. F. 2001. (n = 254); 26/40 anos (n = 327); mais de 41 anos (n =
26 CALAZANS, Gabriela J. O discurso acadêmico sobre 303). Resultados dessa pesquisa foram publicadas no
gravidez na adolescência: uma produção ideológica? boletim da Comissão Cidadania e Reprodução. Sexuali-
(mestrado em Psicologia Social apresentada à Pontifícia dade, saúde e direitos reprodutivos dos homens. São
Universidade Católica/PUC, São Paulo, 2000, 325p). Paulo, 1995 (Série Debates, 4).
27 ARILHA-SILVA, Margareth. Masculinidades e gênero: 43 SCHUTTER, Martine Maria Adriana. El debate en Amé-
discursos sobre responsabilidade na reprodução (dis- rica Latina sobre la participación de los hombres en pro-
sertação de mestrado apresentada à Pontifícia Universi- gramas de salud reproductiva. Revista Panamericana de
dade Católica/PUC, São Paulo, 1999, 117p). Salud Pública 7(6),2000. S/L. Essa autora cita no texto a
28 Ver Caderno Paternidade e Cuidado. reunião realizada em 1998 em Oaxaca no México
29 PALMA, I., QUILODRÁN, C. Opções masculinas: “Participación Masculina en la salud sexual y
jovens diante da gravidez. In: COSTA, A. Direitos tardi- reproductvia: nuevos paradigmas”, quando chegou-se
os: saúde, sexualidade e reprodução na América Latina. à conclusão de que os programas de saúde reprodutiva
São Paulo: PRODIRII/ Fundação Carlos Chagas; Ed. 34, não deveriam focalizar apenas as ações da área de assis-
1997. tência clínica, como muitas das experiências têm feito,
30 ARILHA , M. Homens: entre a “zoeira” e a responsa- mas sim, permitir que os homens identifiquem de que
bilidade. In: ARILHA, M.; UNBEHAUM, S.; MEDRADO, maneira sua identidade masculina, bem como as per-
B. Homens e Masculinidades: outras palavras. São cepções que têm sobre ela influem em suas condutas
Paulo:ECOS; Ed. 34, 1998 (1a ed.) e 2000 (2ª ed.). sexuais, violência, prevenção das DSTs e paternidade.
31 CIPD – Conferência Internacional de População e 44 CIPD – Conferência Internacional de População e
Desenvolvimento. Cairo, 1994. Brasília: CNPD; FNUAP, Desenvolvimento. Cairo, 1994. Relatório CNPD; FNUAP,
1997. Vale a pena uma leitura atenta deste documento, 1997.
que pode ser adquirido diretamente no escritório da 45 ARILHA- SILVA, 1999, op.cit.
FNUAP em seu país. 46 ÁVILA, Maria Bethania. Direitos Reprodutivos: Uma
32 CÁCERES, Carlos, 2000 op. cit. Invenção Das Mulheres Reconhecendo A Cidadania.
33 RIVERS, K; AGGLETON, P. Adolescente sexuality, Recife: SosCorpo, 1993.
Gender and the HIV Epidemic. Institute of education, 47 KEIJZER, Benno de. Los derechos sexuales y reproductivos
University of London www.undp.org.hiv/publications/ desde la dimensión de la masculinidad. In: Figueroa, CB .
gender/adolesce.htm. México Diverso y Desigual: enfoques sociodemográficos.
34 WHO, 1999, op. cit. Mexico, DF.: COMMEX y SOMEDE; 1999.
35 Ver Caderno Razões e Emoções. 48 FIGUEROA Perea , Juan. Derechos reproductivos y
36 CÁCERES, C. 2000. Op.cit. feminismo en la experiencia de los varones. Dossiê Rela-
37 WHO, 1999, op.cit. ções de Gênero e Saúde Reprodutiva. Revista Estudos
38 WHO, 1999, op.cit. Feministas, vol.8, n.1/2000, CFH/UFSC.

37
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

38
MÓDULO 2

Como
O que o educador pode fazer

39
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

necessidades detectadas pelo educador.


A partir destes exercícios, será possível
Sugerimos aqui uma série de técnicas, ao educador aprofundar a discussão
desenvolvidas especialmente para sobre os temas: Sexualidade Masculina;
homens de 15 a 24 anos. Estas técnicas Sexualidade e Compromisso Afetivo;
abordam os temas da Sexualidade e Corpo Masculino e Período Fértil;
Saúde Reprodutiva de uma forma bem Contracepção; Gravidez; Aborto;
simples e de fácil aplicação. A Doenças Sexualmente Transmissíveis e
seqüência proposta obedece a uma Aids; Diversidade Sexual, dentre outros.
ordem que contempla um aquecimento Na medida do possível, é importante
inicial, além da discussão dos aspectos que as discussões e oficinas sejam
biológicos, psico-afetivos e sócio- aplicadas numa sala suficientemente
culturais da sexualidade e da saúde ampla para acomodar todos os
reprodutiva. No entanto esta ordem participantes em pequenos grupos e/ou
poderá ser alterada, apoiada nas em círculo.

40
MÓDULO 2

destacar
té c n ic a permite
Esta õem a
que comp
elementos sculinidade e de
ma
noção de vigente
u a li d a d e masculina
sex
cultura.
em nossa

1
Aquecimento
Objetivo: aumentar o conhecimento das particularidades de
cada um, de seus gostos, desejos, etc., facilitando o
autoconhecimento, a comunicação e a integração do grupo.

Tempo recomendado: 30 minutos

Dicas/notas para planejamento: caso o grupo tenha dificul-


dade de lembrar ou estabelecer uma relação com um perso-
nagem, sugira que falem de algum amigo ou pessoa da famí-
lia que admiram.

Perguntas para
Procedimento discussão
1- Peça aos participantes que, individualmen- O que faz com que gostemos mais de de-
te, escolham um personagem de que tenham terminados personagens do que de outros?
gostado em um filme ou numa novela. Em Existe alguma característica deste persona-
seguida, solicite que, em duplas, expliquem gem com a qual nos identificamos? Qual?
um ao outro por que escolheram aquele per- Nos dias de hoje, quais são as caracterís-
sonagem, as coisas que admiram ou não em ticas masculinas mais valorizadas? E as
suas ações, atitudes e valores. mais desvalorizadas?
2- Após aproximadamente 10 minutos, cada Quais as expectativas que a sociedade
participante apresentará ao grupo o perso- tem sobre os homens? O que vocês gosta-
nagem escolhido pelo companheiro. riam que mudasse?

Enfocar que certos atributos, entre eles a


sedução e impulsividade masculinas usadas
Esclarecer os mitos que, provavelmen- como armas de dominação e/ou de poder,
te, aparecerão na descrição das persona- são construções culturais e históricas e que
gens tais como: força, beleza, virilidade e têm diferentes significados nas diversas cul-

41
onipotência masculina; turas e ao longo da história universal.
técnica é
Com esta
troduzir o
possível in alidade e

2
xu
tema da se s.
tivo
seus obje

O que é? O que é?
Objetivos: Reconhecer os diferentes significados e dis- Dicas/notas para planejamento: Na hora de
cursos que estão associados aos gêneros, sexualidade contextualizar o que vem a ser homem, sexualidade,
e reprodução. reprodução e mulher, é importante partir das palavras
que foram levantadas pelos próprios participantes.
Materiais necessários: quadro; canetas coloridas. Caso o grupo se mostre tímido, o educador pode co-
meçar dando uma sugestão.
Tempo recomendado: 30 minutos

Procedimento Perguntas para


1- Divida, inicialmente, o quadro em 4 colu- discussão
nas e, em plenária, pergunte aos participan-
tes o que vem imediatamente à cabeça quan- O que é ser homem?
do escutam a palavra homem. O que é ser mulher?
2- Escreva a palavra homem na primeira co- Como o homem lida com a sua sexualida-
luna do quadro e, conforme forem falando, de? E a mulher? É igual ou é diferente? No
anote as respostas fazendo uma lista. que?
3- Na seqüência, solicite que façam o mes- Qual é o papel do homem na reprodução?
mo com as palavras: reprodução, sexualida- É diferente do da mulher? Em que?
de e mulher. Uma de cada vez. Como é que o homem lida com seus afe-
Ao final, leia todas as definições que surgi- tos e sentimentos? E a mulher? Por que
ram para cada uma das palavras propostas e existe essa diferença?
peça que façam comentários sobre as respos- Homens e mulheres são diferentes? Em
tas que surgiram que?
Por que existem essas diferenças?
Vocês acham que os homens e as mulhe-
res são educados da mesma maneira? Por
que?

e da reprodução e a forma diferente como a


afetividade é transmitida a homens e mulheres
Fazer uma síntese do que significa ser ho- através da educação;
mem e ser mulher em nossa sociedade, a partir Discutir os aspectos culturais da sexualida-
das respostas dadas pelos participantes; de, ou seja, que o ato sexual com fins
Mostrar que a sexualidade é um componen- reprodutivos é comum na maioria dos seres vi-
te da vida humana e, portanto, não é determi- vos, mas somente o ser humano atribui valores,
nada somente por fatores biológicos; costumes, significados ao sexo que não estão
Explorar a diferença entre o corpo sexual relacionados unicamente à procriação; que a
(prazer) e o corpo reprodutor (reprodução), bem sexualidade é variável social e historicamente,
como a sua inter-relação; podendo ter desde valores morais rígidos/purita-
Enfocar os aspectos afetivos da sexualidade nos até os de maior liberdade.

42
MÓDULO 2

ão
a a discuss
ste ex e rc ício facilit relaçã o às
E nceito em
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3
Campanha contra o Preconceito
Objetivo: Incentivar a reflexão sobre o preconceito e Dicas/notas para planejamento: O educador pode
a discriminação. Despertar a capacidade criativa di- iniciar a discussão explicando que da mesma forma
ante de questões polêmicas. que existem diferenças quanto a maneiras de pensar,
agir e encarar a vida, existem também atitudes e com-
Tempo recomendado: 120 minutos portamentos diferenciados em relação à expressão
da sexualidade.
Material: cartolinas ou papel pardo para cartaz; lápis
e canetas coloridas; tesoura; cola; revistas velhas, etc.

campanha deve falar sobre o respeito aos ho-


Procedimento mossexuais e sobre a necessidade de se aca-
bar com o preconceito àqueles que tem essa
1- Divida os participantes em grupos e expli- orientação sexual. (veja Box)
que que cada grupo será uma agência de pu- 4- Após 15 minutos, os grupos farão a
blicidade que estará disputando uma concor- reapresentação do cartaz.
rência para fazer uma grande campanha. In- 5- Quando terminarem, poderá ser realizada
forme que os responsáveis pela entidade pro- uma votação, onde todos poderão votar no
motora da campanha realizarão, ao final, uma cartaz que acharem melhor.
votação entre as propostas concorrentes a
partir de cartazes elaborados pelas agências.
2- Avise que o tema da campanha é a neces-
sidade das pessoas se respeitarem para me-
lhorar a convivência. Diga que têm 30 mi-
nutos para se prepararem e apresentar um car- Perguntas para
taz com uma frase e um desenho para esta
campanha. Ao final do tempo estabelecido, discussão
cada grupo apresentará a sua proposta.
3- Depois do término das apresentações, cha- Quais são as diferentes orientações sexu-
me um representante de cada grupo e avise ais?
que o cliente achou que a idéia estava muito Existe algum tipo de preconceito em rela-
ampla e que resolveu mudar a campanha. O ção às pessoas que não são heterossexu-
grupo terá apenas mais 15 minutos para ais? Quais? Por que?
reformular o cartaz. Não poderá ser feito um O cantor brasileiro Gilberto Gil afirmou em
novo cartaz, apenas poderá ser acrescenta- uma revista que “ninguém precisa gostar
da uma nova frase no início ou no final da dos homossexuais, mas tem que respeitar”.
proposta já realizada. Informe que a nova O que vocês acham desta afirmação?
43
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

lidade e afetividade, etc.) escamoteia outras ma-


nifestações de masculinidade também legítimas;
Esclarecer que existe uma tendência a acre- Mostrar como a polarização entre o que é
ditar-se que a relação heterossexual é o padrão considerado masculino e o que é feminino em
“normal” de sexualidade. Essa idéia de senso nossa sociedade limita e desqualifica outras ex-
comum deve ser explorada para que a orienta- pressões da sexualidade ou mesmo de identida-
ção sexual homossexual e bissexual possa ser de sexual;
compreendida e respeitada; Recorrer à historia da sexualidade para mos-
Explorar a idéia de que a masculinidade he- trar como ao longo do tempo a aceitação ou a
terossexual, por ser dominante (e marcada por rejeição a outras orientações sexuais é variável.
adjetivos como virilidade, força, falta de sensibi-

Caderno “Da Violência


para Convivência”

Técnica 5: Diversidade
e Direitos: eu e os
outros

Orientação Sexual
Pode ser definida como a sensação de A Organização Mundial de Saúde e as
sermos capazes de nos relacionar amoro- principais associações científicas internaci-
sa ou sexualmente com alguém. No mun- onais deixaram de considerar a homosse-
do todo, o termo orientação sexual é usa- xualidade como desvio ou doença, mas uma
do para indicar se esse relacionamento orientação sexual tão saudável quanto a
será com alguém do sexo oposto (heteros- bissexualidade ou a heterossexualidade.
sexual), do mesmo sexo (homossexual) ou Não existe nenhuma lei no Brasil que con-
com pessoas de ambos os sexos (bissexual). dene as relações afetivo-sexuais entre pes-
soas do mesmo sexo; mesmo setores mais
Luis Mott, professor e fundador do Grupo progressistas de igrejas de diferentes credos
Gay da Bahia (Brasil), costuma afirmar que para propõem que a prática homossexual não é
entendermos mais sobre a sexualidade, deve- pecado.
mos partir de três postulados fundamentais da
Antropologia da Sexualidade: a sexualidade No Brasil, a Constituição Federal tem
humana não é instintiva, mas uma construção como um dos seus objetivos fundamentais
cultural; a cultura sexual humana varia de povo lutar contra todas as formas de preconcei-
para povo e se modifica ao longo do tempo to. E a homofobia (aversão à homossexua-
dentro da mesma sociedade; não existe uma lidade) "é ainda o principal preconceito de
moral sexual natural e universal, portanto, a nossa sociedade, pois age não apenas na
sexualidade humana é amoral no sentido de rua e nas instituições públicas, mas sobre-
que cada cultura determina, por razões subje- tudo dentro de casa, tornando-se a família
tivas e nem sempre salutares, quais comporta- de jovens gays, muitas vezes, o principal
mentos sexuais serão aceitos ou condenados. agente discriminatório".

44 1
Mott, Luiz. O Jovem homossexual, in O prazer e o pensar. São Paulo: Editora Gente, 1999.
MÓDULO 2

rtância do
e n fa ti za a impo ,
Esta técn ic a masculino
cim e nto do corpo s que
conhe os mito
o desfazer ente
procurand pazes (e posteriorm om
afastam o
s ra uidado cs
e n s ad u ltos) dos c
os hom
a saúde.
sua própri

4
Corpo Reprodutivo
Objetivo: Levantar o grau de conhecimento do gru- masculinos e femininos e sua descrição (fichas 1 e 2),
po a respeito dos órgãos sexuais internos e externos figuras do aparelho reprodutor masculino e feminino.
do homem, observando qual a relação que os parti-
cipantes estabelecem com seu corpo. Esclarecer quais Dicas/notas para planejamento: A maioria dos rapa-
são os cuidados que os homens jovens devem ter zes desconhece seus próprios corpos, ou acredita
com seu corpo reprodutivo. que não precisa se dedicar a compreendê-lo por ele
ser muito simples. Muitos conhecem apenas a mecâ-
Tempo recomendado: 120 minutos nica do seu funcionamento (ereção), aspecto crucial
na estruturação da identidade sexual dos jovens ra-
Materiais necessários: papel e lápis para todos, saqui- pazes, o que acaba comprometendo a sua higiene e
nho com nomes dos órgãos sexuais internos e externos saúde.

45
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Caderno “Razões e
Emoções”

Procedimento Técnica 1:
Corpo de Jovem
1- Antes de iniciar o exercício, recorte a fi-
cha com os nomes e as descrições dos ór-
gãos sexuais masculinos e femininos e os
coloque em um saquinho.
2- Divida os participantes em duas equipes e
peça que escolham um nome para cada uma
delas.
3- Explique que cada pessoa da equipe vai
retirar um papel do saquinho e terá que fazer Perguntas para
uma mímica com as informações contidas no
papel, para a outra adivinhar qual órgão discussão
genital - masculino ou feminino- que foi reti-
rado. Ao contrário de outras brincadeiras, a Quais foram os órgãos mais difíceis de
equipe que apresenta só receberá um ponto adivinhar? Por quê?
se a equipe adversária conseguir adivinhar Quais os que vocês já conheciam?
do que se trata. Informar, ainda, que perderá Vocês acham importante saber o nome e
pontos a equipe que apontar para o órgão a para que servem os órgãos genitais mas-
ser descoberto, que falar ou escrever seu culinos externos e internos? Por quê?
nome. Por que tem homem que acha que, já que
4- As equipes disputam no par ou ímpar quem ele não engravida, não precisa saber des-
vai começar e continuam a brincadeira até sas coisas?
acabarem os papéis do saquinho. Que tipo de cuidados o homem tem que ter
5- Anote os pontos no quadro, felicite a equi- com o seu corpo reprodutivo? E a mulher?
pe vencedora, e comente o que percebeu no Qual você acha que é mais complexo, o
desenrolar da oficina (competição, colabora- corpo reprodutivo feminino ou o masculi-
ção, etc). no? Por quê?

do, inclusive, a diversidade física ou seja, que


existem diferentes formatos e tamanhos de pê-
Sensibilizar o grupo sobre como um conheci- nis, de vaginas, de seios, etc;
mento restrito do próprio corpo pode trazer conse- Mostrar que os diferentes tipos e tamanhos
qüências para a saúde como, por exemplo, na pre- de pênis, de vaginas e demais partes genitais
venção de DST/Aids e de vários tipos de câncer não interferem no prazer sexual;
que afetam os órgãos reprodutivos masculinos; Explorar que, apesar dos cuidados com o
Enfatizar o compromisso masculino nas de- corpo reprodutivo ser considerada em muitas
cisões reprodutivas e discutir como se dá a pro- culturas como uma preocupação feminina, esta
dução de espermatozóides e suas implicações deve também ser uma preocupação do homem
na reprodução; e que ter cuidado com a saúde é um fator de
Explicar a função de cada órgão do apare- proteção para a qualidade de sua saúde no pre-
lho reprodutor masculino e feminino exploran- sente e no futuro.

46
MÓDULO 2

FOLHA DE TRABALHO 1

ÓRGÃOS SEXUAIS MASCULINOS


Órgãos Sexuais Externos Órgãos Sexuais Internos

Pênis: membro com função urinária e Testículos: são as glândulas sexuais masculinas
reprodutora. É um órgão muito sensível, cuja função é a produção de hormônios e de
cujo tamanho varia de homem para ho- espermatozóides. Um dos hormônios produzidos
mem. Na maior parte do tempo o pênis fica é a testosterona, responsável pelas características
flácido, mole. Mas quando os tecidos do secundárias masculinas, como pêlos, voz,
corpo esponjoso se enchem de sangue du-
rante a excitação sexual, aumenta de vo-

músculos. Tem a forma de dois ovos e para senti-


lume e fica duro, ao que se dá o nome de los basta apalpar o saco escrotal.
ereção. Numa relação sexual, quando bas- Uretra: é um canal usado tanto para a micção
tante estimulado, solta um líquido chama- quanto para a ejaculação. Tem cerca de 20cm
do esperma ou sêmen, que contém os de comprimento e é dividida em três partes:
espermatozóides. A saída do esperma pro- uretra prostática, quando atravessa a próstata;
voca uma intensa sensação de prazer cha- uretra membranosa, quando atravessa o
mada orgasmo. assoalho da pelve; e uretra esponjosa,
Escroto: é uma espécie de bolsa atrás do localizada no corpo esponjoso do pênis.
pênis que tem várias camadas, entre as quais Epidídimo: é um canal ligado aos testículos. Os
uma pele fina recoberta por pêlos cuja co- espermatozóides vão sendo fabricados nos
loração é mais escura que o resto do corpo. testículos e ficam armazenados no epidídimo
Seu aspecto varia conforme o estado de até amadurecerem e serem expelidos no
contração ou relaxamento da musculatura. momento da ejaculação.
No frio, por exemplo, ele fica mais curto e Próstata: é uma glândula que produz uma
enrugado e no calor, mais liso e alongado. secreção que, junto com a secreção das
O escroto guarda os testículos. vesículas seminais, formam o líquido seminal.
Prepúcio: é a pele que recobre a cabeça É ela que dá ao sêmen o seu odor característico.
do pênis. Quando o pênis fica ereto, o Vesículas seminais: são duas bolsas que
prepúcio fica puxado para trás, deixando contribuem com fluidos para que os
a glande descoberta. Quando isto não ocor- espermatozóides possam nadar.
re, tem-se o quadro de fimose, que pode Canais deferentes: São dois canais muito finos
causar dor durante o ato sexual e dificultar que saem dos testículos e servem para conduzir
os hábitos higiênicos. A fimose é facilmen- os espermatozóides até a próstata.
te corrigida através de uma intervenção Canal ejaculatório: é formado pela junção do
cirúrgica com anestesia local. canal deferente com a vesícula seminal. É curto
Glande: é a cabeça do pênis. Sua pele é e reto e quase todo o seu trajeto está situado ao
bem macia e tem bastante sensibilidade. lado da próstata, terminando na uretra.

47
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

FOLHA DE TRABALHO 2

ÓRGÃOS SEXUAIS FEMININOS


Órgãos Sexuais Externos Colo do útero: é a parte inferior do útero.
Tem um orifício por onde passa a menstrua-
Monte de Vênus: é a parte mais saliente, ção e por onde entram os espermatozóides.
localizada sobre o osso da bacia chamado Num parto normal, esse orifício aumenta
púbis. Na mulher adulta, é recoberto de para dar passagem ao bebê.
pêlos que protegem essa região.
Grandes lábios: cobertos de pêlos, são a

Corpo do útero: é a parte maior do útero,


que cresce durante a gravidez e volta ao
tamanho normal depois do parto. É consti-
tuído por duas camadas externas: uma
parte mais externa da vulva. Começam no membrana chamada peritônio e um tecido
Monte de Vênus e vão até o períneo. muscular chamado miométrio. A camada
Pequenos lábios: são finos e não têm pê- interna se chama endométrio, que se des-
los. Podem ser vistos quando afastamos os prende durante a menstruação, renovan-
grandes lábios com os dedos. São muito do-se mensalmente.
sensíveis e aumentam de tamanho duran- Tubas uterinas: são duas, uma de cada lado
te a excitação. do útero. Quando chegam no ovário, elas se
Clitóris: é um órgão arredondado ricamente abrem lembrando uma flor. É por dentro das
inervado e irrigado.É muito sensível e quan- tubas que os óvulos viajam para o útero.
do estimulado, desencadeia sensações Ovários: são dois, do tamanho de azeito-
bastante prazerosas que contribuem para nas grandes, um de cada lado do útero, pre-
o orgasmo feminino. sos por um ligamento nervoso e por cama-
Abertura da uretra: é a abertura por onde das de pele. Desde o nascimento, os ová-
sai a urina. rios contêm cerca de 500 mil óvulos. Ne-
Abertura da vagina: é uma abertura les os óvulos ficam armazenados e se de-
alongada por onde saem os corrimentos, o senvolvem. Também produzem os
sangue menstrual e o bebê. hormônios femininos.
Vagina: é um canal que começa na vulva
Órgãos sexuais internos e vai até o colo do útero. Por dentro, é feita
de um tecido semelhante à parte interna
Útero: é o órgão da mulher onde o feto se da boca, com várias preguinhas que per-
desenvolve durante a gravidez. Quando mitem que ela estique na hora da relação
não está grávida, o útero tem o tamanho sexual ou para a passagem do bebê na hora
de um punho. do parto.

48
MÓDULO 2
possível
esta técnica é
C om tismo
que é o ero s
explicar o ere
ens e mulh
e que hom ualmente a
ig
respondem ticos.
s e ró
estímulo

5
Corpo Erótico
Objetivo: Discutir o que é o desejo, a excitação e o mento dos jovens uma vez que o pouco espaço de
orgasmo. Esclarecer que as necessidades sexuais são discussão que existe sobre este tema dá margem a
iguais tanto para os homens quanto para as mulheres. fantasias em relação ao desempenho sexual. Procure
trabalhar a compreensão de que vida sexual ativa não
Tempo recomendado: 60 minutos significa necessariamente coito, relação sexual com-
pleta e que há muitas outras formas de contato, inti-
Material: revistas velhas, tesouras, papel sulfite e cola. midade e prazer. Leve essa discussão da forma mais
aberta e descontraída possível, mesmo que eles riam
Dicas/notas para planejamento: Informações sobre e façam piadas. É pura defesa deles frente às novas
os mecanismos do desejo, da excitação e do orgas- informações. Não se esqueça, também, de reforçar a
mo podem diminuir a insegurança e o constrangi- necessidade de se protegerem.

Perguntas para
Procedimento discussão
1- Solicite que façam grupos de 4 ou 5 pesso-
as e distribua uma folha de papel para cada O que é desejo? Homens e mulheres sen-
participante, algumas revistas e um tubo de tem desejo? Têm diferenças?
cola para todo o grupo. Como sabemos que um homem está ex-
2- Explique que, inicialmente, cada pessoa citado? E uma mulher?
deve fazer uma colagem utilizando as revis- Como os homens se excitam?
tas e a cola sobre o que entende por corpo Como as mulheres se excitam?
erótico masculino. Homens e mulheres se excitam do mes-
3- Conforme forem terminando, solicite que mo modo? Qual a diferença?
façam o mesmo, só que pensando no corpo O que é orgasmo?
erótico feminino. Como é o orgasmo masculino? E o feminino
Quando terminarem, peça que montem uma E o orgasmo feminino, como é?
exposição com as colagens. Solicite que, Qual é a importância do afeto em uma
quem quiser, fale das suas construções. relação sexual?

Informar sobre como funciona o corpo eró-


tico;
Discutir os diferentes resultados apresenta- Discutir a importância do afeto em uma re-
dos, salientando que, homens e mulheres, têm lação sexual;
um corpo erótico e que as partes do corpo que Reforçar a necessidade de se prevenir, sem-
mais excitam variam de pessoa para pessoa; pre usando a camisinha.

49
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

uz o
ade introd
Esta ativid ro dutiva
a d a S aúde Rep
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s para com
necessário o.
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próprio c

6
Responda, ... Se Puder
Objetivo: Discutir as crenças, opiniões e atitudes do uma relação sexual?
grupo sobre temas relacionados à sexualidade e à - O que um homem mais teme que aconteça na hora H?
saúde reprodutiva. - Que tipo de problema o homem pode ter na hora da
relação sexual? (veja Box)
Tempo recomendado: 30 minutos - O que um homem pode fazer quando ejacula muito
depressa?
Materiais: Sete bexigas cheias de ar com tiras de - O homem tem mais necessidade de sexo que a
perguntas em seu interior. Sugestões de perguntas: mulher? Por que?
- O que é masturbação? - Como se sente um homem quando dizem que o
- É verdade que a masturbação pode afinar o pênis, pênis dele é pequeno? Como ele reage?
encher a cara de espinhas e fazer crescer pêlos na - Por que alguns homens dizem que quando surge
palma da mão? uma mulher começa a pensar com a cabeça do pênis
- Como é que se deve lavar o pênis? e não consegue se controlar? É verdade isso?
- Como se faz o exame preventivo de câncer de - O que você acha do sexo virtual?
testículo? (veja Box)
- Como se faz o exame preventivo de câncer de pênis? Dicas/notas para planejamento: A idéia é que esta
(veja Box) atividade seja informal e divertida. Não se preocupe
- Como se faz o exame preventivo de câncer de se durante as respostas não for possível aprofundar
próstata? (veja Box) os temas. Ao final, retome as respostas que ficaram
- O homem pode urinar dentro da mulher durante incompletas.

50
MÓDULO 2

Perguntas para
Procedimento discussão
1- Peça que os participantes formem um úni- Como o homem cuida do seu corpo?
co círculo. Depois de formado, informe que O tamanho do pênis é importante para o
vai passar, de mão em mão, uma bexiga com homem? Por que?
uma pergunta dentro. Quando disser já, a Por que é tão difícil para alguns homens
pessoa deve estourar a bexiga, pegar a per- procurar um urologista?
gunta e tentar respondê-la. Que exames preventivos um homem pode
2- Se a pessoa não souber respondê-la, quem fazer para evitar certas doenças?
estiver à sua direita responde. As outras pes- Como é que ele poderia se prevenir das
soas poderão ajudar quando necessário, para Doenças Sexualmente Transmissíveis e da
completar a resposta. Aids?
3- As sete perguntas são discutidas na medi- Como é que deve ser feita a higiene ínti-
da em que são respondidas pelo grupo. ma do homem?

ternas (acidentes, devido à violência, etc)


significativamente maiores do que as das
Relacionar o modelo de masculinidade mulheres;
vigente em nossa sociedade com a saúde Discutir as formas de prevenção em re-
do homem moderno. Este aspecto pode ser lação à sua saúde, de modo geral, mas per-
ilustrado com indicadores de morbi-mor- cebendo as dificuldades desta prática no
talidade masculina. Sabe-se, por exemplo cotidiano, em função das imposições de um
que os homens apresentam taxas de certo modelo de masculinidade e de com-

51
morbidade e de mortalidade por causa ex- portamento sexual masculino.
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Exame preventivo de câncer de testículo


Doença muito pouco falada, o câncer de frente ao espelho e examinar cada testícu-
testículos representa 1% dos cânceres mas- lo com ambas as mãos. Os dedos indica-
culinos, mas é o tumor mais comum dos dor e médio devem ficar na parte inferior
15 aos 35 anos. dos testículos e o pole-
Geralmente ocorre em gar, na parte superior.
apenas um dos testícu- 3- O homem deve girar
los e, uma vez que seja cada testículo cuidado-
retirado não traz ne- samente, entre os dedos
nhum problema para a polegar e indicador ve-
função sexual e rificando se estão lisos
reprodutora do homem. e firmes. É importante
Atualmente, é conside- apalpar também o
rado de fácil cura, prin- epidídimo, uma espécie
cipalmente quando de- de tubo macio atrás do
tectado em seu estágio testículo.
inicial. O sintoma mais comum é o apare- 4- Deve-se reparar no tamanho de cada
cimento de um nódulo duro, mais ou me- testículo para certificar-se de que estão com
nos do tamanho de uma ervilha e que não as dimensões habituais. É comum que um
provoca dor. deles seja maior que o outro.
5- Caso sejam encon-
Auto-exame trados caroços é im-
de testículos portante procurar um
médico imediatamen-
1- O auto-exame te. Eles geralmente es-
deve ser feito uma vez tão localizados na par-
por mês, depois de um te lateral dos testícu-
banho quente, pois o los, mas também po-
calor faz com que a dem ser encontrados
pele do escroto rela- na parte frontal. Nem
xe, facilitando, assim, todo caroço é câncer,
a localização de algu- mas quando o é, a do-
ma diferença nos testículos. ença pode se espalhar rapidamente caso
2- O homem deve se colocar de pé em não seja tratada.

52
MÓDULO 2

Exame preventivo de câncer de pênis


A falta de limpeza adequada é uma das que não cicatrizam após tratamento
maiores causas de câncer de pênis. médico; caroços que não desaparecem
Assim, o primeiro passo para se prevenir após tratamento e que apresentam se-
desta doença seria lavar diariamente o creções e mau cheiro; portadores de
pênis com água e sabão e sempre após as fimose que, mesmo conseguindo expor
relações sexuais e a masturbação. Quan- a glande, apresentam inflamações (ver-
do descoberto no início, tem cura e é de melhidão e coceira) de longo período de
fácil tratamento, mas, pode se propagar e duração; manchas esbranquiçadas ou
atingir áreas internas como os gânglios e perda de pigmentação; aparecimento de
causar a mutilação ou levar à morte. ínguas na virilha.
Estes sinais são mais comuns em adultos e
AUTO-EXAME DE PÊNIS se surgir algum deles é preciso procurar um
Uma vez por mês, o homem deve exa- médico imediatamente. Outro cuidado
minar detalhadamente o seu pênis, bus- importante é fazer um exame com um
cando algum destes sinais: ferimentos urologista uma vez por ano.

Exame de próstata
A próstata é uma glândula responsável por ções urinárias, interrupção total do fluxo de
30% do volume de esperma de um homem. urina e até insuficiência renal.
Metade dos homens na faixa de 50 anos en- O câncer de próstata é o crescimento
frenta sintomas, como dificuldade de urinar, desordenado das células dentro da prósta-
necessidade de ir ao banheiro várias vezes, ta. Ele atinge um a cada 12 homens com
gotejamento final, jato fraco e sensação de mais de 50 anos. Em geral essa doença só
que a bexiga está sempre cheia. Essas alte- produz sintomas quando já está em grau
rações aparecem em conseqüência do cres- mais avançado (como dor e sangue ao uri-
cimento da próstata e do aumento da sua nar) . Quando diagnosticado precocemente
porção muscular que comprime a uretra e o câncer de próstata tem um grande índi-
dificulta a eliminação da urina armazenada ce de cura. Existem três tipos de exame:
na bexiga. O problema é conhecido como toque retal, ultra-sonografia e dosagem de
hiperplasia benigna de próstata (HBP) e, por PSA (proteína liberada pelas células da
enquanto, não há nenhuma forma eficaz de próstata e que aumenta muito quando o
preveni-la. Somente um urologista (médico órgão é atingido pelo câncer) no sangue.
especialista em órgãos sexuais masculinos) O exame de toque retal é o mais simples.
pode indicar o melhor tratamento. Caso não Consiste na introdução, por um profissio-
seja tratado, o aumento da próstata pode nal, do dedo no ânus do cliente para sentir
gerar algumas complicações sérias: infec- a consistência e o tamanho da próstata.

53
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Disfunção Sexual
É quando um homem ou uma mulher apre- Disfunções sexuais mais comuns entre os
senta algumas dificuldades, físicas ou psico- homens:
lógicas, de expressar ou de usufruir prazer Disfunção erétil - é quando o homem
sexual. Por exemplo, homens que não con- não consegue ter uma ereção. Pode ser de
seguem ter ereção, ou que tem ejaculação duas formas: primária (quando o homem
precoce; mulheres que não sentem desejo nunca obteve uma ereção) ou secundária
sexual ou que não conseguem ter orgasmo. (quando aparece em um homem que antes
As disfunções podem ter causas orgânicas nunca teve problemas de ereção). A ere-
(doenças circulatórias, diabetes, lesões na ção está intimamente ligada ao desejo. Sem
medula, efeitos colaterais de medicamen- desejo, ou com a quebra dele, ela fica com-
tos, drogas, etc.), ou psicossociais (educa- prometida.
ção muito repressiva, ansiedade sobre o Ejaculação precoce - é quando o ho-
desempenho sexual, culpa, problemas en- mem ejacula antes de penetrar na vagina,
tre os parceiros, experiências anteriores ou logo após a penetração.
frustrantes ou traumáticas, estresse, Ejaculação retardada - é quando o ho-
atribulações do dia-a-dia, etc.). mem é incapaz de ejacular.

54
MÓDULO 2

é possível
exercício
Com este ia dos
importânc
abordar a a das
s na vid
sentimento stionar as
que
pessoas e
ções d e poder.
rela

7
Pessoas e Coisas2
Objetivos: facilitar o reconhecimento das relações assume um de poder e autoridade, ao invés dela bus-
de poder e identificar os códigos de comunicação car relações de eqüidade, repete exatamente as mes-
que são utilizados nestas relações. Analisar como as mas relações de poder, mesmo já tendo passado por
relações de poder influem na negociação de práticas experiências que havia considerado injustas. É im-
de sexo seguro. portante que, como educadores, enfatizemos o pa-
pel que os padrões culturais e sociais das relações de
Tempo recomendado: 60 minutos poder têm na vida das pessoas. Discutir como as pes-
soas que não se respeitam e não se aceitam, que vi-
Dicas/notas para planejamento: Lembre-se que, ge- vem insatisfeitas consigo mesmas, necessitam exer-
ralmente, quando os papéis se invertem, ou seja, cer esse tipo de poder sobre os demais para sentirem
quando uma pessoa deixa um papel de submissão e que têm controle de suas vidas.

rão ordenar que façam quaisquer atividades.


Procedimento 5- Dê ao grupo de 15 a 20 minutos para que
“as coisas” desempenhem os papéis desig-
1- Divida o grupo em dois com uma linha ima- nados dentro do espaço da sala.
ginária. Cada lado deve ter um número igual 6-Solicite aos grupos que regressem aos seus
de participantes. lugares.
2- Informe que o nome da atividade é: Coisas
e Pessoas. Escolha, aleatoriamente, um grupo
para ser as “coisas” e o outro as “pessoas”.
3- Leia as regras para cada grupo: Perguntas para
-COISAS: As coisas não podem pensar, não
sentem, não podem tomar decisões, não têm discussão
sexualidade, têm que fazer aquilo que as pes-
soas lhes ordenem. Se uma coisa quer se Como foi sua experiência?
mover ou fazer algo, tem que pedir permis- Como foi estar no grupo “pessoas”?
são à pessoa. Como foi estar no grupo “coisas”?
-PESSOAS: As pessoas pensam, podem tomar Em nossa vida cotidiana, nós tratamos os
decisões, têm sexualidade, sentem e, além outros dessa maneira?
disso, podem pegar as coisas que queiram. Quem? Por que?
4- Peça para o grupo das “pessoas” pegar Como poderíamos modificar esta forma de
“coisas” e fazer com elas o que quiser. Pode- tratamento?

2
Esta técnica foi reproduzida e adaptada da publicação Guia para capacitadores y capacitadoras en Salud
Reproductiva. New York: IPPF, 1998.

55
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Caderno
“Paternidade e
Cuidado”

Técnica 1: Eu te
cuido, tu me
cuidas: o que é
cuidar?

demarcadas. Na negociação do uso da camisi-


nha estão implícitas outras negociações. No
Retomar os sentimentos gerados pelo exer- caso da negociação de práticas de sexo segu-
cício e questionar como se deram as relações ro, a mulher comumente não participa nas de-
de poder e porque se deram dessa maneira. Em cisões de como, quando e de que maneira se
geral, surgem sentimentos de depreciação que, dará uma relação sexual. Estas relações de
por sua vez, geraram sentimentos de rebeldia poder, em geral, têm base no imaginário soci-
versus submissão, agressão, dependência, rai- al de sacrifício feminino e destino. Infelizmen-
va e ressentimento. te, isto repercute no número de novos casos de
Alertar para o fato de que há sempre uma doenças sexualmente transmissíveis (DST) e
relação, e que as fronteiras não são tão bem HIV/Aids.

56
MÓDULO 2

o desta
a utilizaçã cutir
A partir d íve l dis
é poss
atividade d a afe tividade
ncia
a importâ uma
idade em
e da intim
xual.
relação se

8
São Tantas Emoções...3
Objetivos: Explorar a diversidade e amplitude de sen- Dicas/notas para planejamento: Esta atividade requer
sações e emoções que existem em um relacionamen- um grupo com maior maturidade e que não se sinta
to a dois. ameaçado por estar fazendo uma atividade pouco
racional. O ideal é que seja aplicado quando o grupo
Tempo: 60 minutos já estiver seguro de que se encontra entre amigos e
que poderá se expor, sem perigo de gozações futuras.
Materiais: fita cassete de música suave, gravador, fo- De qualquer modo, vale pedir seriedade ao grupo
lhas grandes de papel, colchonetes e travesseiros. antes de iniciá-la.

Procedimento conhecerem um pouco mais sobre si mes-


mos e conhecer as sensações que seus cor-
pos podem produzir.
1- Distribua os colchonetes e os travesseiros 4- Em seguida, solicite que procurem recor-
na sala e peça que os participantes se colo- dar alguma situação em que experimenta-
quem em uma posição cômoda. Solicite que ram um carinho especial por outra pessoa.
fechem os olhos, pois farão algo muito impor- Comente que o importante é que esta experi-
tante: pensar sobre si mesmos. ência tenha sido agradável e prazerosa para
2- Peça que escutem com atenção a música eles, sem importar o tempo e o lugar onde
de fundo e que procurem relaxar seu corpo, tenha acontecido. Depois de uns minutos,
começando pelos pés, pernas e músculos, peça que guardem uma imagem deste episó-
seguindo pelos genitais, pélvis, ventre, tórax, dio em sua memória.
costas, ombros, braços e, por último, a cabe- 5- Peça, então, que se despeçam das ima-
ça. Solicite que respirem lenta e profunda- gens que recordaram, que respirem profun-
mente. damente três vezes e que, quando estiverem
3- Diga que procurem conectar-se com sua preparados, abram os olhos, se levantem,
respiração e prestar atenção em suas sensa- guardem os colchonetes e os travesseiros em
ções, pois isto lhes dará a possibilidade de um canto e que se sentem em círculo no chão.

3
Esta técnica foi reproduzida e adaptada da publicação Guia para capacitadores y capacitadoras en Salud
Reproductiva. New York: IPPF, 1998.

57
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Perguntas para
discussão Caderno “Razões e
Emoções”
O que estava acontecendo na imagem que
vocês guardaram dessa experiência? Técnica 4:
A Muralha
Por que vocês consideraram esta
experiência agradável?
Como vocês estavam se sentindo?
Que emoções surgiram nessa experiência?
Como você acha que a pessoa que estava
com você se sentia?
Vocês acham que homens e mulheres têm
as mesmas emoções? Quais são iguais?
Quais são diferentes?
Homens e mulheres mostram as suas
emoções do mesmo modo? Se não, o que
têm de diferente?

“para melhorar a auto-estima é preciso que a pes-


soa incorpore três posturas na vida: transformar as
Iniciar a discussão, lembrando-os que os jo- reclamações e lamentos em decisões, escolher
vens são muito estimulados a terem relações se- objetivos viáveis e dar um passo de cada vez”.
xuais sem a presença de um sentimento de amor Perguntar o que eles acham desta afirmação;
ou de intimidade e que isso, muitas vezes, os tor-
na mais suscetíveis a terem relações insatisfatórias; Discutir que é melhor uma relação sexual onde
exista afeto e/ou seja prazerosa entre as pessoas
Retomar as diferentes emoções relatadas do que uma que ocorra só pelo medo de ser ta-
pelo grupo e enfatizar a importância do chado de gay ou porque está sendo pressionado;
autoconhecimento e de aprender a desfrutar o
prazer de se estar perto de pessoas que nos des- Comentar que é muito importante também
pertam sensações agradáveis; que as pessoas pensem sobre o cenário onde es-
tavam na situação que imaginaram. Isto contri-
Esclarecer que muitos especialistas afirmam que, bui para criar maior consciência acerca das li-
para poder se sentir bem com outras pessoas, é muito mitações sociais a que a sexualidade estaria
importante que a pessoa também goste de si mes- submetida. Por exemplo, o local permite com-
mo e se valorize. Isto se chama auto-estima. Al- preender o grau de restrição social ao desenvol-
guns psicólogos costumam afirmar também que vimento sexual.

58
MÓDULO 2

possível
técnica é
Com esta ncia de se
on st rar a importâ
dem etas e
rm ações corr
te r in fo s métodos
as sobre o
apropriad cendo a
tr ac ep tivos, favore
con
um deles.
opção por

9
Sexualidade e Contracepção
Objetivos: Levantar os métodos anticoncepcionais Folha de Apoio.
mais conhecidos, discutir a responsabilidade da
contracepção e os critérios utilizados para se esco- Dicas/notas para planejamento: Na medida do pos-
lher um método. sível, procure levar cada um dos métodos para a
oficina. Entretanto, na hora da discussão, além da
Tempo recomendado: 90 minutos parte técnica de cada um deles, suas vantagens e
desvantagens, é importante enfatizar os aspectos
Materiais necessários: amostras de contraceptivos afetivos e sócio-culturais que têm relação com o uso
e/ou desenhos dos métodos; papel; lápis e canetas e ou não de métodos.

59
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Procedimento Perguntas para


1- Divida os participantes em 5 equipes. Dis- discussão
tribua as amostras dos métodos e a folha de
apoio cada uma das equipes: Quem tem que pensar em contracepção?
Equipe 1. Métodos Hormonais. O homem ou a mulher? Por que?
Equipe 2. Dispositivo intra-uterino Quem é que tem que falar sobre isso? O
Equipe 3. Métodos de Barreira homem ou a mulher? Por que?
Equipe 4. Métodos Comportamentais Como poderia ser esta conversa?
Equipe 5. Laqueadura e Vasectomia. Quais os métodos mais indicados na ado-
2- Solicite que cada grupo tente responder às lescência?
seguintes perguntas sobre os métodos que Por que os métodos comportamentais não
receberam: são indicados para os adolescentes?
Como este método impede a gravidez? Qual a importância de se procurar um
Como ele é utilizado? médico quando se inicia a vida sexual?
Quais os mitos e as verdades sobre este Como o casal deve fazer a escolha do
método? método contraceptivo a ser usado por ele?
Quais são as suas vantagens? Quais os principais cuidados que se deve
Quais são as suas desvantagens? ter com a camisinha?
Qual a opinião do grupo sobre este método? Qual o único método que evita a gravidez
3- Quando terminarem, distribua a Folha de e previne das doenças sexualmente
Apoio a cada um dos grupos, para que tirem transmissíveis e da Aids?
as suas dúvidas e obtenham alguns dados a No caso de se esquecer ou da camisinha
mais sobre os métodos. romper, o que é possível fazer?
4- Peça que preparem, criativamente, uma apre-
sentação sobre o seu método. Poderão fazer uma
dramatização, cartazes, história em quadrinhos,
um comercial de televisão, etc.
5- Cada grupo deverá apresentar o seu método.

jovens conhecem e até têm acesso a métodos


contraceptivos e ainda assim não os utilizam;
Aprofundar cada um dos métodos Esclarecer que além da complexidade que
contraceptivos; envolve a negociação, é preciso considerar o
Discutir os aspectos associados à fertili- custo dos métodos preventivos, o acesso e a
dade masculina. Este assunto é importante qualidade dos serviços;
porque sabe-se que os homens, em especial Explorar as dificuldades de acesso que eles
os mais jovens, desconhecem o processo de encontram; se conhecem os serviços de saúde e
fertilidade, esquecendo inclusive que poten- se há obstáculos, dificuldades em recorrer a eles,
cialmente em cada relação sexual podem etc.
engravidar uma mulher. Os homens estão Trabalhar a noção de privacidade, como di-
sempre férteis; já as mulheres têm um deter- reito do adolescente (isto significa que ele pode
minado ciclo de ovulação e, portanto, de fer- recorrer aos serviços de saúde sem receio de
tilidade; que seus pais serão comunicados);
Refletir sobre os obstáculos, as dificuldades Enfatizar que a contracepção é uma respon-
que os participantes identificam no uso de al- sabilidade que deve ser compartilhada. Se ne-
guns destes métodos contraceptivos em relação nhum dos dois quer que uma relação sexual re-
ao parceiro. O objetivo é explorar os processos sulte em gravidez, é essencial que ambos cui-

60
de negociação. Sabe-se que muitas vezes os dem para que isso não aconteça.
MÓDULO 2

Comportamentais Mecânico - Barreira – são Químicos – Hormonais - são Cirúrgicos ou


Métodos Contraceptivos

- são práticas que pequeno objeto os que utilizam são comprimidos ou Esterilização - não é
dependem de plástico e produtos ou substâncias injeções feitos com exatamente um método

Folha de Apoio
basicamente do cobre, com um instrumentos químicas hormônios contraceptivo, mas uma
comportamento fio de nylon na que, fazem uma que, sintéticos cirurgia que se realiza
do homem ou da ponta, que é barreira, quando derivados dos no homem ou na
mulher e da colocado no impedindo o colocadas naturais. mulher com a finalidade
observação do interior do contato dos na vagina, de evitar definitivamente
próprio corpo. útero. espermatozóides matam ou a concepção. A
com o óvulo. imobilizam esterilização feminina é
os esper- mais conhecida por
matozóides. laqueadura ou ligação
de trompas; a
masculina, por
vasectomia.
Tipos

Tabelinha, Conhecidos Diafragma, Creme, Pílula, Vasectomia,


também como Geléia,
Muco Cervical, DIU (Dispositivo Preservativos Óvulos e Injeções. Laqueadura.
Intra-uterino). Masculino e Espuma.
Temperatura, Feminino.

Impede a Impede o Impede o Espermicidas Impedem a Vasectomia:


Ações

fecundação pela acesso dos encontro dos que matam ou ovulação. interrompe a saída
abstinência sexual espermatozóides espermatozóides imobilizam os Usar com de espermatozóides
no suposto ao óvulo. com o óvulo. espermatozói- orientação médica. na ejaculação.
período fértil. Só Necessita des. Deve ser
devem ser usados acompanhamento utilizado em Laqueadura: impede
em combinação médico a cada combinação o encontro do óvulo
com 6 meses. com o com o
preservativo/ preservativo/ espermatozóide.
diafragma. diafragma.
Vantagens

Permite um É um método O preservativo - Quando Usadas A eficácia é


maior bastante eficaz. feminino e associado corretamente, as bastante alta.
conhecimento masculino - ao pílulas
do próprio protege dos riscos preservativo anticoncepcionais
corpo. da contaminação ou ao são um dos
pelo HIV/Aids.Não diafragma métodos mais
requer receita tem uma eficazes.
médica e pode ser boa
comprado em eficácia.
farmácias ou
adquirida nos
serviços de saúde.
Desvantagens

Não Aumenta o O diafragma O uso Requer disciplina É uma cirurgia


protegem fluxo e a não protege isolado do para tomar o praticamente
das DST/ duração da das DST/HIV. espermicida comprimido todos definitiva e com
Aids. menstruação. tem alto os dias e na mesma pouca chance de
Não protege das índice de hora.Mulheres que reversibilidade.
DST/Aids. falhas e fumam, que têm Não protege das
também pressão alta ou que DST/Aids.
não previne têm varizes, não
das DST/ devem usar este
Aids. método.
Não protegem das
DST/Aids.

Fonte: Petta, C.A. e Faundes, A. Métodos Anticoncepcionais. São Paulo: Editora Contexto, 1998.

61
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Contracepção de Emergência
Não é um método anticoncepcional. É uma implante no útero. O primeiro deve ser to-
forma de se evitar a gravidez para quem mado dentro de, no máximo, 72 horas de-
teve uma relação sexual sem proteção ou pois da relação sexual sem proteção e a
se a camisinha estourou. São dois compri- segunda dose, 12 horas após a primeira.
midos que tanto podem impedir ou retar- Importante: não deve ser usado rotineira-
dar a liberação de um óvulo do ovário, mente para evitar a gravidez, só em situa-
como impedir que um ovo fertilizado se ções emergenciais.

62
MÓDULO 2

a
ade abord
Esta ativid gravidez
da
a questão
po nto d e vista
do
o .
masculin

10
Gravidez na Adolescência:
A História de Tiago
Objetivo: Identificar como os participantes se relaci- ca, é preciso ouvir e conhecer o mundo dos homens
onam com um caso de gravidez na adolescência. jovens diante desta situação. As pressões e os cons-
trangimentos que sofrem, podem nos dar pistas das
Tempo recomendado: 60 minutos dificuldades que eles enfrentam na hora de optar e
usar um método contraceptivo. Aproveite a discus-
Materiais necessários: cópia do estudo de caso para são para debater igualdade entre os sexos, valores,
cada grupo, caneta/lápis para todos. sentimentos e emoções, etc. Procure, também, alertar
os jovens quanto ao seu papel na contracepção e
Dicas/notas para planejamento: Mais do que nun- estimule-os a usar sempre o preservativo.

63
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Caderno “Paternidade
e Cuidado”

Técnica 9: Mural
egípcio: a gravidez
na adolescência

Perguntas para
Procedimento discussão
1- Solicite que formem grupos de 5 ou 6 pes- Que opções tem um casal quando se des-
soas. cobre “grávido”?
2- Em seguida, informe que cada grupo rece- Qual é a reação da jovem quando ela des-
berá uma pequena história, que deve ser lida cobre que está grávida?
e que, depois, se responda às perguntas no Qual é a reação do jovem quando ele des-
fim da página. cobre que a namorada está grávida?
3- Explique, ainda, que essa história virá em E se for uma jovem com quem ele só saiu
3 partes. Conforme os grupos terminarem uma uma vez? É diferente? Por que?
parte, receberão a próxima. Como é que se sente um jovem quando
4- Quando todos os grupos terminarem, um re- descobre que vai ser pai? O que isso muda
presentante de cada grupo lerá as respostas. em sua vida? E na vida de uma adoles-
cente?

Refletir sobre os sentimentos, como o de des-


confiança dos homens jovens (negação da pater-
Explorar os desejos, sentimentos e atitudes nidade) e rejeição à gravidez. Há uma tendência
com relação a uma possível gravidez; de duvidarem da paternidade atribuída. Essa ati-
Discutir a importância de, ao iniciar sua vida se- tude pode estar associada, de um lado, ao medo,
xual, se ter a consciência de que a possibilidade de à rejeição à provável mudança de vida em fun-
uma gravidez está presente a cada relação sexual, ção de uma paternidade não planejada. Esta mu-
se não for utilizado nenhum método contraceptivo; dança é representada como passagem da fase jo-
Esclarecer que muitas vezes, os jovens, por des- vem para a adulta e, portanto, associada à perda
conhecimento ou mesmo despreocupação, não par- da liberdade, da vida de prazeres, de despreocu-
ticipam da decisão de uma gravidez. As próprias pação, etc. E de outro lado, revela também uma
mulheres jovens, também por desinformação ou certa noção de sexualidade feminina, resquícios
dificuldade em abordar o assunto com o rapaz, es- de uma moral na qual as mulheres que exercerem
pecialmente se for a primeira vez, podem desco- livremente a sua sexualidade não são dignas de
brir-se grávidas sem nenhum planejamento prévio; confiança, são promíscuas, etc.

64
MÓDULO 2

Estudo de Caso
A história de Tiago - parte 1
Tiago é um garoto de 16 anos que vive em uma cidade O que sente um garoto quando está apaixonado?
à beira mar. O que ele espera que aconteça nos próximos
Como todo jovem, Tiago estuda, adora conversar com encontros?
os amigos, olhar para as garotas de biquíni na praia e ir Vocês acham que Camila sente e espera o mesmo
a shows musicais. que Tiago?
Num desses shows, Tiago conheceu Camila, uma jovem Como vocês acham que continua essa história?
de 15 anos que estava passando férias em sua cidade.
A paixão foi imediata!
Os beijos que trocaram tinham outro sabor, o contato
com o corpo dela provocava sensações que ele nunca
tinha tido e ele só fazia pensar nela.
Finalmente Tiago tinha encontrado o amor de sua vida.

A história de Tiago - parte 2


Tiago e Camila se encontravam praticamente todos os Quem é que tem que pensar em contracepção?
dias e, nos momentos em que estavam separados, Camila ou Tiago?
falavam o tempo todo ao telefone. E na prevenção da Aids?
Um dia, os pais de Tiago foram visitar uma tia doente Vocês acham que nessa hora alguém pensa nisso?
em outra cidade. Por que?
Tiago achou que era uma ótima oportunidade de Vocês acham que os dois se protegeram? Por que?
convidar Camila para ir à sua casa. Como vocês acham que terminou essa história?
Quem sabe role alguma coisa, pensou.
Camila chegou na hora marcada, mais linda do que
nunca!
Conversa vai, conversa vem, até que uma hora os
carinhos e os beijos foram ficando tão ousados que ....

A história de Tiago - parte 3


Camila e Tiago transaram, foi muito bom mas não Por que vocês acham que eles acabaram transando
usaram nenhuma proteção. sem usar o preservativo ou algum outro método
Na volta para o hotel, Camila se deu conta que dali a anticoncepcional?
2 dias iria voltar para a sua cidade natal e que iria O que sentiu Tiago ao saber que Camila estava
sentir muita falta de Tiago. grávida?
Tiago, por sua vez, também ficou muito triste. Nunca O que passa na cabeça de um jovem quando
em sua vida tinha sentido algo tão forte. descobre que a namorada está grávida?
A despedida foi triste, mas prometeram escrever todos Que opções ele tem?
os dias e telefonar uma vez por semana. Na opinião de vocês, qual dessas opções ele deveria
Quarenta e cinco dias depois, Tiago recebeu um propor a Camila?
telefonema de Camila aos prantos: estava grávida e Se eles optassem em ter o filho, o que isso mudaria
não sabia o que fazer. na vida de Tiago? E na de Camila?
Como ele comunicaria a seus pais o que estava
acontecendo?
Como agiriam os pais de Tiago? E os de Camila?

Nota: para reproduzir e distribuir


65
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

odemos
m e st a a tividade, p as
Co ara
o jovem p
despertar n v o lv id as na
es e
dificuldad ss ível
numa po
gravidez e borto.
ea
situação d

11
O Homem e o Aborto4
Objetivo: Propiciar uma reflexão sobre o aborto do xual não se propõe a fazer uma campanha a favor ou
ponto de vista masculino. contra o aborto. Apenas é preciso estar consciente da
seriedade do problema. Em vista das deficiências no
Tempo recomendado: 90 minutos atendimento à saúde, à educação e dos baixos recur-
sos da população, temos que ajudar os jovens a enten-
Materiais necessários: papel, canetas ou lápis. der o que a prática do aborto significa. Para debater é
muito importante que você se sinta à vontade e que
Dicas/notas para planejamento: Uma boa forma de consiga ser o mais imparcial possível, pois, este assun-
começar essa discussão é debatendo os casos em que to, poderá trazer à tona os valores de cada um e não
o aborto é permitido por lei em seu país e alertar sobre cabe a nós, educadores, julgar os atos das pessoas. Na
as condições precárias em que o aborto clandestino é medida do possível, providencie dados estatísticos
realizado. Lembre-se que o trabalho de educação se- sobre o aborto na adolescência em seu país.

4
Esta técnica foi reproduzida e adaptada da publicação Caderno do Jogo de Corpo – livro do professor, São

66 Paulo: Instituto Kaplan, 1998.


MÓDULO 2

Perguntas para
Procedimento discussão
1- Solicite que cada participante pense em al- Em que casos o aborto é legalizado em
guma situação em que o aborto esteja presen- seu país?
te. Esta situação pode ser tirada de alguma his- Nesta história, o aborto era legalizado?
tória real ou de um filme, livro, novela, etc. Que motivos levam uma jovem a optar por
2- Peça, então, que escrevam essa história um aborto?
ressaltando os motivos pelos quais o aborto Que motivos levam um jovem a propor que
foi cogitado/realizado. a mulher aborte?
3- Em seguida, peça que cada participante Como se sente uma jovem que faz um
leia somente os motivos que levaram o/a per- aborto?
sonagem a uma situação de aborto e forme Como se sente um jovem quando sua na-
grupos com os participantes que levantaram morada faz um aborto? E se isso ocorrer
motivos semelhantes (exemplo: por estupro; em uma relação eventual?
porque o namorado não quis assumir o filho; O que um jovem pode fazer para que não
porque a jovem não quis estragar o corpo com se chegue a esta situação?
uma gravidez, etc). O que uma jovem pode fazer para que não
4- Em grupos, solicite que cada participante se chegue a esta situação?
leia a sua história e que eleja a que lhe pare- Como se sente um jovem quando ele de-
ça melhor elaborada. seja ter o filho mas sua companheira de-
5- Vinte minutos depois, peça que cada gru- cide por abortar?
po faça a sua apresentação. No final de cada Como se sente uma jovem que deseja ter
uma, peça aos participantes que se o filho mas seu companheiro é contra?
posicionem em relação a cada caso apresen- Como se sente um jovem quando fica sa-
tado, fazendo uma votação se a opção deve- bendo que sua namorada fez um aborto
ria ou não ser o aborto. sem falar com ele a respeito?

Considerar que as/os participantes podem


vivenciar (com irmãs, amigas, namoradas) situ-
Destacar que este tema é muito delicado e ações em que o aborto legal se justifica, como
que é preciso ter sensibilidade para o fato de nos casos de gravidez por razão de estupro;
que, em última instância, a opção pela inter- Informar que, durante séculos, nossa cul-
rupção ou mesmo pela continuidade da gravi- tura atribuiu à mulher a responsabilidade de
dez é sempre da mulher, ainda que o homem cuidar da concepção e da contracepção, mas
possa desejar ter o filho; que hoje as coisas estão mudando. Procure de-
Esclarecer que o aborto é ilegal na maior parte senvolver nos rapazes o sentido de co-respon-
dos países latino-americanos e explicar os casos sabilidade pelas decisões reprodutivas com
em que ele é legalizado em seu país. Informar so- vistas a: diminuir a resistência ao uso da ca-
bre a legislação de seu país, inclusive sobre as nor- misinha; fazê-los compreender que o uso de
mas e os procedimentos para estes casos (veja Box); métodos contraceptivos e o cuidado dos filhos
Discutir os riscos de um aborto clandestino não são responsabilidades exclusivas das mu-
e retomar as formas de se evitar uma gravidez; lheres.

67
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Caderno
“Da Violência para
Convivência”

Técnica 7: Violência
Sexual: é ou não é?

Legislação Sobre o Aborto


Legislação sobre o aborto nos países da Questão de Direitos Fundamentais
América Latina e Caribe - 2000 A gravidez forçada - aquela que, por diversos
O aborto é permitido, sem restrições, em 4 motivos, a mulher considera como um risco
países da região: Cuba, Guiana, Porto Rico para sua integridade, sua saúde e para sua
e Barbados. É totalmente proibido em 6 própria vida - atenta contra direitos humanos
países: El Salvador, Honduras, República e fere princípios de justiça social; representa
Dominicana, Haiti, Chile e Colômbia. Nos uma violação ao direito de escolha, ao direito
outros países, a legislação varia, sendo per- à saúde e ao direito de cidadania.
mitida a realização do aborto em situações
de gravidez por estupro ou violência se- Descriminalização do Aborto
xual, risco para a saúde ou vida das mu- Visando a humanização dos serviços de aten-
lheres, malformação do feto e razões ção à saúde e a diminuição da morbi-mortali-
socioeconômicas. dade materna, há décadas mulheres vêm se
unindo na luta pelos direitos sexuais e
Problema de Saúde Pública reprodutivos e pela justiça de gênero. Foi cri-
Através da história, as mulheres recorrem ado o Dia pela Descriminalização do Aborto
à indução do aborto para interromper a gra- na América Latina e Caribe: 28 de setembro.
videz. Grande parte dos procedimentos é Desde 1993, esta campanha tem lutado para
realizada na clandestinidade, por pessoas impulsionar o cumprimento das leis que per-
sem habilitação ou em ambientes fora dos mitem o abortamento e para gerar avanços
padrões médicos adequados. na legislação dos países da região.
Na grande parte dos países da América La-
tina e Caribe, mesmo nos casos permiti- Por que é preciso descriminalizar o aborto?
dos por lei, a maioria das mulheres não tem Segundo a Organização Mundial de Saúde
acesso a serviços de qualidade para a in- (1998), cerca de 4 milhões e 200 mil mulhe-
terrupção da gravidez. Entre os res por ano submetem-se a abortamentos na
abortamentos inseguros realizados no América Latina e Caribe, a maior parte de-
mundo (cerca de 20 milhões por ano), 90% les realizados em condições inseguras e de
ocorrem nos países em desenvolvimento, forma encoberta pela clandestinidade, cau-
causando a morte de cerca de 70 mil mu- sando danos irreparáveis para a sua saúde
lheres por ano (FNUAP/1997). ou mesmo retirando-lhes a vida.

68
Fonte: www.redesaude.org.br
MÓDULO 2

levar o
de procura
Esta ativida r e a reconhecer
fleti
jovem a re ilidade
tuaçõ es de vulnerab
si
Aids.
perante a

12
Vulnerável, Eu?5
Objetivo: Identificar situações de vulnerabilidade fren- existem atitudes individuais diante de determinadas
te à Aids e sensibilizar os participantes sobre o quan- situações que fazem com que alguns jovens colo-
to eles estão ou não expostos à possibilidade de con- quem em risco sua própria saúde e a de outro. Entre-
taminação pelo HIV/Aids. tanto, destaque que a maior ou a menor
vulnerabilidade não é definida apenas por questões
Tempo recomendado: 90 minutos pessoais. Que no caso da Aids, por exemplo, tem a
ver com a forma que um determinado o país está
Materiais necessários: tiras com as situações de investindo na informação sobre a doença; se existem
vulnerabilidade; lápis ou canetas/ pincel atômico; fita programas específicos de prevenção às DST/Aids sen-
adesiva; uma folha de papel grande. do implantados nas escolas e acesso aos serviços de
saúde e ao preservativo; se existe verba disponível
Dicas/notas para planejamento: Comece explican- para estes programas; se as mulheres têm os mesmos
do o que vem a ser vulnerabilidade. Explique que direitos e oportunidades que os homens, etc.

Procedimento
1- Depois de definir o que significa o termo pel pardo no chão e divida-as em três colunas.
vulnerabilidade (veja box), divida os partici- Na primeira coluna, escreva Vulnerável, na se-
pantes em pequenos grupos e solicite que re- gunda, Não Vulnerável e na terceira, Não Sei.
flitam sobre as diferentes formas com que os Peça que cada participante leia sua tira e que a
jovens se relacionam. coloque na coluna correspondente. Solicite que
2- Proponha que façam uma lista sobre as si- expliquem o porquê daquele risco ou não-risco.
tuações que eles acham que ficam mais vul- Quando terminar, pergunte aos outros se concor-
neráveis em relação à contaminação pelo dam ou não. No caso do participante não saber a
vírus da Aids. resposta, solicite que os outros colaborem.
3- Peça que guardem a lista, por enquanto, e 6- Quando as tiras terminarem, solicite que um
que façam um grande círculo. representante de cada grupo leia a lista de si-
4- Distribua as tiras de papel com as situações tuações de vulnerabilidade que fizeram ante-
de vulnerabilidade previamente elaboradas. riormente e que coloquem no quadro as que
5- No centro do círculo, coloque as folhas de pa- elaboraram e que não foram contempladas.

5
Extraída e adaptada do Caderno Adolescência e Drogas, São Paulo: ECOS, 1999.

69
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Perguntas para
discussão Manual “Razões e
Emoções”
Por que vocês acham que os jovens são con-
siderados um grupo de grande vulnerabilidade Técnica 9:
em relação à Aids? Em que situações vocês Decidindo
percebem esta vulnerabilidade?
Fora a Aids, que outras situações vocês co-
nhecem em que os jovens estão vulneráveis?
Em um relacionamento, o que deixa as
pessoas vulneráveis?
Quando um homem fica mais vulnerável?
E uma mulher?

precisam pensar em prevenção.


Discutir quais são os fatores culturais que
Esclarecer que as próprias concepções de dificultam os homens a usar o preservativo. Por
masculinidade predominantes nas sociedades la- exemplo, a de que a utilização da camisinha
tinas favorecem a exposição de jovens do sexo está fortemente associada à idéia de sexo fora
masculino a situações de maior vulnerabilidade. do casamento ou de uma relação estável. Esta
Como, por exemplo, a idéia de que a reprodu- falsa concepção leva muitos homens a abando-
ção, por acontecer no corpo da mulher, não é nar o uso da camisinha em relacionamentos que
um assunto de homens e, portanto, eles não pre- consideram estáveis ou então em situações que
cisam saber sobre o processo reprodutivo, nem consideram sem risco.

Lista das tiras das


situações de vulnerabilidade
•Relações sexuais com diferentes companhei- •Massagem nas costas.
ros/as sem proteção. •Masturbar-se mutuamente sem introduzir os de-
•Relações sexuais em diversas posições usan- dos na vagina ou no ânus.
do camisinha. •Relações sexuais usando camisinha.
•Injetar-se drogas compartilhando agulhas ou •Sexo oral com camisinha.
seringas. •Sexo anal sem camisinha.
•Relações sexuais usando contraceptivos orais. •Nadar em piscina pública.
•Sair com uma pessoa infectada com o HIV. •Ir a um dentista que esteriliza seu equipamen-
•Dançar, em uma discoteca, com um desco- to de trabalho.
nhecido. •Furar as orelhas ou fazer piercing sem esterili-
•Ter relações sexuais ocasionalmente sem pro- zar a agulha.
teção.

70
MÓDULO 2

Respostas Corretas
•Relações sexuais com diferentes companhei- proteção. (V)
ros/as sem proteção. (V) •Massagem nas costas. (NV)
•Relações sexuais em diversas posições Masturbar-se mutuamente sem introduzir os
usando camisinha. (NV) dedos na vagina ou no ânus. (NV)
•Injetar-se drogas compartilhando agulhas ou •Relações sexuais usando camisinha. (NV)
seringas. (V) •Sexo oral com camisinha. (NV)
•Relações sexuais usando contraceptivos •Sexo anal sem camisinha. (V)
orais. (V) •Nadar em piscina pública. (NV)
•Sair com uma pessoa infectada com o HIV. (NV) •Ir a um dentista que esteriliza seu equipa-
•Dançar, em uma discoteca, com um desco- mento de trabalho. (NV)
nhecido. (NV) •Furar as orelhas ou fazer piercing sem
•Ter relações sexuais ocasionalmente sem esterilizar a agulha. (V)

Vulnerabilidade6
De acordo com José Ricardo Ayres, dem funcionar como uma barreira à prevenção
vulnerabilidade é um termo tomado de emprés- e ao autocuidado: nem todos os jovens têm
timo da Advocacia Internacional pelos Direi- acesso à informação e a serviços de saúde es-
tos Humanos que "designa grupos ou indivíduos pecíficos; as mulheres ainda têm muita dificul-
fragilizados, jurídica ou politicamente, na pro- dade para negociar o uso da camisinha com seus
moção, proteção ou garantia de seus direitos parceiros; a distribuição de preservativos e ou-
de cidadania". tros métodos contraceptivos é insuficiente; o
Este conceito nos permite analisar a maior ou número de programas de prevenção e de aten-
menor vulnerabilidade, de uma pessoa ou de dimento a adolescentes vítimas de violência
um grupo, a partir de três planos: ainda é muito pequeno.
Individual: diz respeito às características espe- Finalmente, a vulnerabilidade programática
cíficas de um determinado grupo, gênero ou fai- detecta a maior ou menor vulnerabilidade e diz
xa etária. Em relação a adolescentes e jovens, respeito à existência ou não de programas e ações
podemos perceber esta vulnerabilidade a partir, voltados às necessidades destes jovens. Quanto
primeiramente, das próprias características da maior for o grau e a qualidade do compromisso
idade. Por exemplo: a sensação de onipotência; do Estado, dos recursos disponíveis para progra-
a necessidade de buscar o novo e de transgredir; mas na área da sexualidade e da saúde
a dificuldade de lidar com as escolhas e o con- reprodutiva, maiores serão as possibilidades de
flito entre a razão e o sentimento; a urgência fortalecê-los na busca por uma vida afetiva e
em resolver os problemas e os desejos e a gran- sexual mais saudável e responsável.
de dificuldade de esperar; a suscetibilidade a Este termo vem sendo considerado mais correto
pressões do grupo e da moda; a dependência que o do risco, pois estamos todos expostos de
econômica dos pais; o medo de se expor, etc. alguma maneira a situações que envolvem per-
A vulnerabilidade social trata do compromisso das e ganhos. A questão é que podemos em cer-
político de cada país com a saúde e é possível tos casos estar mais expostos, mais vulneráveis
medi-la através do Índice de Desenvolvimento a situações que geram perdas significativas. A
Humano - ONU. Podemos perceber, por exem- noção de vulnerabilidade deve ser estendida para
plo, os aspectos em nossa sociedade que po- toda pessoa e relação.

6
Ayres, J. e allii. Vulnerabilidade do Adolescente ao HIV/Aids. In Seminário Gravidez na Adolescência. Rio
de Janeiro: Associação Saúde da Família, 1998.

71
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

rmar os
v ida d e, pode-se info das
Com esta
ati mas
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vens sob re quais sã ansmissíveis,
jo tr
xualmente de de se
doenças se ec e ss ida
enfatizand
o a n apresente
aju d a m édica caso
procurar s.
es quadro
algum dess

13
Saúde, Doenças Sexualmente
Transmissíveis e Aids
Objetivos: Reconhecer as doenças sexualmente pois isso pode trazer uma série de problemas. Infor-
transmissíveis, a importância de sua detecção e pre- me-os que lidar com as DST e a Aids envolve ques-
venção no contexto da sexualidade e saúde reprodutiva. tões éticas, ou seja, se uma pessoa tem uma dessas
Eliminar os mitos e a desinformação sobre o tema. infecções, cabe a ela, inclusive, a responsabilidade
de comunicar o fato às pessoas com quem teve con-
Tempo recomendado: 120 minutos tato sexual, sejam elas eventuais ou não. É indispen-
sável trazer informações atualizadas sobre as vias de
Materiais necessários: quadro, papel, canetas gros- transmissão do vírus HIV, o histórico da doença, a
sas, sucata, cola, revistas velhas. distinção entre portador do vírus e doente de Aids e
o tratamento. Procure, também, despertar a solidari-
Dicas/notas para planejamento: É muito importante edade para com as pessoas portadoras do vírus da
enfatizar que quando um homem percebe qualquer Aids. Discuta com os jovens a discriminação social
um dos sintomas de uma DST, deve procurar um e o preconceito de que são vítimas os portadores do
urologista e não tomar remédio por conta própria, HIV e os doentes da Aids.

Procedimento
1- Em plenária, comente que, certamente, a cada uma dessas doenças e de como se pre-
maioria dos participantes já ouviu falar sobre venir.
as doenças sexualmente transmissíveis. 5- Explique que a Aids não tem nenhum sin-
2- Pergunte para todos quais são os sintomas toma visível e que a única forma de se saber
de uma doença sexualmente transmissível e, se está infectado pelo HIV é através de um
conforme eles vão falando, coloque estes sin- exame de sangue.
tomas no quadro. Quando terminarem, com- 6- A seguir, peça que se dividam em equipes
plete o quadro. de 6 pessoas e que pensem em como poderi-
3- Em seguida, faça a mesma pergunta, mas am informar outras pessoas sobre quais são
em relação à Aids e escreva ao lado das DST. os sintomas das DST/Aids. Sugira que podem
4- Fale da importância de se reconhecer es- ser feitos cartazes, folhetos, uma peça de te-
tes sintomas para saber que pode estar con- atro, uma propaganda para televisão, etc.
taminado por uma das doenças transmitidas 7- Quando todos os grupos terminarem, peça
pelo sexo; da necessidade de se procurar um que apresentem seus trabalhos para os de-

72 médico e tomar o remédio adequado para mais participantes.


MÓDULO 2

Perguntas para discussão


Quais são as DST das quais vocês já ouvi- Como é possível se pre-
ram falar? venir do vírus da Aids?
Por que se diz que não é bom tratar por Como não se pega
contra própria e sim procurar um médico? Aids?
Além de procurar ajuda médica, o que um Como devem ser tra-
jovem deve fazer quando descobre que tadas as pessoas que
está contaminado por uma DST? são soropositivas?
Como é contar para sua namorada que E as pessoas que já es-
você está com uma DST e que pode ter tão com Aids?
passado para ela?
E se não for a namorada?
Por que é tão difícil falar sobre as DST?
E a Aids? O que é?

mente sendo discutida pela mídia, inclusive


com relatos de experiências de pessoas convi-
Explorar os mitos que ainda existem em rela- vendo com o vírus há mais de uma década,
ção à Aids como, por exemplo, que só as pesso- ainda é bastante forte o preconceito com rela-
as “promíscuas” podem ter o vírus da Aids ou ção às pessoas contaminadas. Explorar quais
que Aids é coisa de “homossexual”; são os preconceitos e por que eles ainda são
Explicar que muitos homens, como manifes- tão fortes em nossa sociedade;
tação de sua virilidade e masculinidade, são le- Lembrar que o preconceito também está
vados a não se preocupar com a saúde já que relacionado à idéia de que tem Aids quem é
crêem que cuidar do corpo ou ter preocupação promíscuo, homossexual ou drogado. Todos es-
demasiada com a saúde são atributos femininos; ses qualificativos são componentes da discri-
Explorar que, apesar da Aids estar constante- minação;

73
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

pode
técnica se
Com esta zaro
mo utili
ensinar co masculino e
vo
preservati
fem in in o .

14
Tem Gente que
não usa Camisinha porque...
Objetivos: Desmistificar crenças a respeito de que a Dicas/notas para planejamento: Procure criar uma
camisinha é um obstáculo ao prazer e à nova imagem da camisinha, mais ligada ao prazer do
ereção.Conhecer a camisinha e aprender a usá-la que à doença.
corretamente. Estimular a negociação. Incentive os participantes a adotar condutas preventi-
vas - usar camisinha, usar luvas ao lidar com sangue
Tempo recomendado: 120 minutos - e faça debates sobre as dificuldades da prevenção.
Lembre aos participantes que cada decisão que to-
Materiais necessários: cartões, canetas, caixa peque- mamos é muito importante e pode gerar conseqüên-
na; camisinhas masculinas e femininas; bananas, cias para a nossa própria vida. Para dar uma motiva-
pênis de borracha, pepinos; copos de plástico trans- ção extra, seria interessante distribuir camisinhas para
parente. cada participante ao final da oficina. Dicas de onde
conseguir o preservativo de graça - postos de saúde,
por exemplo - sempre são bem-vindas.

Procedimento
Fase 1 masculino e explique os cuidados que se deve
1- Entregue aos participantes um cartãozinho ter ao comprar uma camisinha e como deve
e solicite que escrevam uma frase ou idéia ser utilizada. Pode se utilizar uma banana ou
que tenham escutado e esteja relacionada à um pepino ou um pênis de borracha para esta
sexualidade e ao uso da camisinha. explicação (veja Box).
2- Peça, inicialmente, que depositem seus cartões 5- Demonstrado o uso da camisinha masculina,
na caixinha que deverá estar colocada em frente faça o mesmo com a camisinha feminina,
ao grupo. Explique que cada um deverá ir à frente utilizando-se de um copo de plástico transparente
e tirar da caixinha um cartãozinho, que deverá para que eles entendam como ela é colocada e
ser lido em voz alta, dizendo se a idéia escrita ali fixada dentro do canal vaginal feminino (veja Box).
é verdadeira ou falsa.
3- Conforme forem sendo lidas, o educador
Fase 3
vai completando ou corrigindo a informação
6- Proponha que dois ou mais participantes
dada pelo participante que sorteou o cartão.
façam uma dramatização, mostrando as
dificuldades mais comuns que os jovens têm
Fase 2 na hora de falar sobre o uso do preservativo

74 4- Na seqüência, mostre um preservativo e como poderiam lidar com estas dificuldades.


MÓDULO 2

Perguntas para
discussão
Quais os motivos que levam um jovem,
mesmo sabendo da necessidade de usar o
preservativo, a não usá-lo na hora H?
Como é falar para uma garota que você
vai usar camisinha?
E se a garota pede a camisinha e você não
tem? O que vocês fazem?
E se a garota disser que só transa de cami-
sinha? Como é que você se sente?
Se na hora da relação sexual um jovem
diz que não tem camisinha e a garota diz
que tem na bolsa, o que passa pela cabe-
ça dele?
O que vocês acham da camisinha femini-
na? Vocês topariam ter relações sexuais
com uma garota que a usa?

camisinha é deixado de lado e que esse com-


portamento aumenta a vulnerabilidade em
Discutir que é comum um jovem, quando relação às DST/Aids;
vai transar pela primeira vez, ficar muito ten- Informar que, atualmente, as mulheres hete-
so, com medo de falhar, de não agradar e, as- rossexuais, vivendo em relações estáveis, têm
sim, a camisinha acaba sendo vista como mais sido as maiores vítimas da Aids. Discutir a difi-
um obstáculo. Explorar esses sentimentos, as culdade da adoção da camisinha (método pre-
dificuldades e receios que eles manifestam so- ventivo mais eficaz contra a contaminação)
bre essa questão; como parte da rotina íntima de um casal. A
Desconstruir as várias crenças que estimu- mesma discussão pode ser extrapolada para os
lam o não uso do preservativo, como por exem- casais homossexuais;
plo, que “é como chupar bala com papel”; Comentar a existência da camisinha femi-
Esclarecer que sexo seguro não envolve ape- nina como uma alternativa de prevenção e
nas o uso da camisinha, pois não está limitado contracepção e sobre como utilizá-la correta-
à penetração vaginal ou anal. Envolve também mente;
cuidados durante o sexo oral; Reforçar a importância da negociação do
Esclarecer que os dados estatísticos têm in- uso do preservativo (masculino e feminino) an-
dicado que, em relações estáveis, o uso da tes da relação sexual acontecer.

75
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Camisinha Feminina
A camisinha feminina é um canudo de sinha empurrando o anel interno pelo canal
plástico bem macio, de mais ou menos 25 vaginal com o dedo.
centímetros de comprimento, com um anel O anel interno deve
em cada extremidade. O anel interno é ficar bem acima do osso
usado para púbico, que a mulher po-
colocar e fi- derá sentir curvando seu
xar a cami- dedo indicador quando
sinha femi- estiver uns cinco centí-
nina dentro metros dentro da vagina.
da vagina. O anel externo vai ficar mais ou menos
O outro três centímetros do lado de fora da vagi-
anel fica na, mas quando o pênis entrar, a vagina
para fora e vai se expandir e esta sobra vai diminuir.
cobre parci- Dois cuidados importantes: o primeiro
almente a é se certificar de que o pênis entrou pelo
área dos pe- centro do anel externo e não pelas late-
quenos e grandes lábios da vagina. rais. O outro é que o pênis não empurre o
anel externo para dentro da vagina. Se
Modo de usar: acontecer um desses casos, pare a transa
Primeiro, e coloque uma outra camisinha.
encontre uma O preservativo feminino deve ser reti-
posição con- rado depois da relação sexual e antes de
fortável, por se levantar. Aperte o anel externo e torça
exemplo, de a camisinha para que o esperma fique den-
pé, com um pé tro da bolsa. Puxe devagar e, depois, jo-
em cima de gue a camisinha no lixo.
uma cadeira, A camisinha feminina não permite o
ou agachada. contato das secreções genitais masculinas
Depois, certifique-se de que o anel inter- e femininas, evitando a transmissão de do-
no está no fundo da camisinha. enças sexualmente transmissíveis e da
Segure, então, o anel interno, apertando Aids. É lubrificada e descartável.
no meio para fazer um "8". Introduza a cami-

Caderno “Razões e
Emoções”

Técnica 5: Tipos de
Comunicação

76
MÓDULO 2

Camisinha Masculina
A camisinha masculina é feita de um tipo sário que o homem já
de borracha bem fininha e resistente que, esteja excitado, com o
se colocada pênis ereto. Veja se a
corretamente, camisinha está do
dificilmente ar- lado certo, deixe uma
rebenta. folga na ponta para
servir de depósito para
Modo de usar: o sêmen e fique aper-
tando esta ponta para sair o ar. Feito isso,
Antes de abrir a embalagem verifique é só deslizá-la até a base do pênis.
o prazo de validade, se a embalagem não A camisinha deve ser retirada logo de-
está furada ou rasgada e se a camisinha é pois da ejaculação, quando o pênis ainda
lubrificada. estiver ereto. Segure na borda para o lí-
Para se colocar a camisinha é neces- quido seminal não escapar e jogue-a fora.

77
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

78
MÓDULO 3

Onde
Onde procurar mais informação

79
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Este módulo traz algumas descrições


de materiais, sites e organizações
que podem fornecer mais informações
sobre o tema deste caderno. Também
incluímos neste módulo o relato de
experiências da ECOS com jovens e
adultos homens na área da
sexualidade, saúde reprodutiva e
direitos sexuais e reprodutivos.

80
MÓDULO 3

1- Textos Recomendados
Arilha, Margareth; Unbehaum, Sandra; Me- Documento base para análise. Los derechos
drado, Benedito (Orgs.). Homens e masculi- sexuales y reproductivos de los varones. Una
nidades: outras palavras. São Paulo: ECOS/ reflexión acerca de la masculinidad y los
Editora34, 2000 (2ªed). derechos. PROFAMILIA, Bogotá, marzo,
Orientados por perspectivas, temas e campos 1998.
de formação variados, os autores desta cole- O livro se refere à identificação e à
tânea buscam sistematizar discussões que os visibilização das necessidades específicas
têm guiado, apresentando metodologias utili- dos homens no âmbito sexual e reprodutivo.
zadas em pesquisas e projetos de intervenção, Considera os princípios éticos dos direitos
bem como relatar experiências pessoais e pro- sexuais e reprodutivos, indicando a existên-
fissionais no eixo das masculinidades. cia de caminhos que exponham os direitos e
ECOS- Comunicação em Sexualidade as responsabilidades masculinas.
Rua do Paraíso, 592 - Paraíso, São Paulo/SP, Brasil, PROFAMILIA
CEP: 04103-001. Calle 34 N. 14-52 – Bogotá, Colômbia
Tel: (011) 3171-0503 / 3171-3315 Tel: (571) 339-0948
E-mail: ecos@uol.com.br Fax: (571) 339-0946
Website: www.ecos.org.br E-mail: info@profamilia.org.co
Website: www.profamilia.org.co

81
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

quisadores da área de problemas


populacionais. Trata-se de um texto que tor-
nou-se referência seminal para inúmeras pes-
quisas e projetos voltados para a população
masculina.
Fundação MacArthur
140 South Dearborn Street
Chicago, Illinois 60603 USA
Tel: (312) 726-8000
E-mail: 4answers@macfdn.org

Gogna, Mónica (comp.). Feminidades y Mas-


culinidades. Estudios sobre Salud
Reproductiva y Sexualidad em Argentina,
Chile y Colombia. Argentina, Buenos Aires:
CEDES, 2000.
Este livro reúne resultados de seis investiga-
ções realizadas por jovens profissionais do
Programa de Bolsistas Residentes em Investi-
gação Social em Saúde Reprodutiva e Sexu-
alidade do CEDES, Argentina. A segunda ses-
são discute estudos sobre as masculinidades:
analisam as mudanças nos modelos tradicio-
Dossiê Relações de Gênero e Saúde nais de ser homem jovem, assim como a re-
Reprodutiva. Revista Estudos Feministas. lação entre a sexualidade e a adoção de con-
Centro de Filosofia e Ciências Humanas - dutas de prevenção da saúde reprodutiva em
UFSC, Vol.8, N.1, São Paulo/SP – Brasil, 2000 homens com diferentes orientações sexuais.
Este livro apresenta reflexões sobre algumas CEDES (Centro de Estudos de Estado e Sociedade)
tensões no campo das relações entre a pers- Sánchez de Bustamante, 27
(1173) Buenos Aires – Argentina
pectiva de gênero e a noção de saúde E-mail: salud@clacso.edu.ar
reprodutiva. Inclui artigos, elaborados por Website: www.cedes.org
pesquisadoras(es) de distintas instituições do
país e do exterior, sobre direitos reprodutivos Olavarría, José; Parrini, Rodrigo (eds).
e feminismo, masculinidade e paternidade, Masculinidad/es. Identidad, Sexualidad y
aborto e novas tecnologias reprodutivas. Familia. Primer Encuentro de Estudos de
Centro de Filosofia e Ciências Humanas- Universi-
Masculinidad. Santiago, Chile: Red de
dade Federal de Santa Catarina
Campus Universitário, Florianópolis/SC, Brasil, Masculinidad/Universidad Academia de
cep.88040-970 Humanismo Cristiano/FLACSO, 2000.
Tel: (48) 331-8457 / 331-8805 Este livro reúne textos de diversos autores que
Fax: (48) 331-9751 analisam a construção das identidades mas-
E-mail: ref@cfh.ufs.br
culinas, as relações familiares e masculini-
Website: www.cfh.ufsc.br/~ref
dades e as sexualidades masculinas. É uma
fiel expressão da recente e progressiva incor-
Mundigo, Axel. Papéis Masculinos, Saúde
poração dos homens na investigação social,
Reprodutiva e Sexualidade. Conferências In-
como objeto de estudo.
ternacionais sobre População. Fundação John
FLACSO - Chile
D. e Catherine T. MacArthur. São Paulo, Bra- Leopoldo Urrutia 1950, Ñuñoa.
sil, 1995. E-mail: flacso@flacso.cl
Apresenta o texto da Conferência proferida Website: www.flacso.cl
pelo Dr. Axel Mundigo para a Conferência
Internacional sobre População patrocinada Parker, Richard; Barbosa, Regina (orgs.). Se-
pelo Programa de População da Fundação xualidades Brasileiras. Brasil, Rio de Janei-
MacArthur. Na ocasião foi anunciada a con- ro: ABIA/IMS/UERJ/Relume Dumará, 1998.

82 cessão de apoio financeiro a bolsistas pes- Este livro oferece um amplo panorama do te-
MÓDULO 3

mas focalizados pela pesquisa sobre sexuali-


dade no Brasil, assim como da complexa inter-
relação entre a investigação acadêmica e o
ativismo político na sociedade brasileira con-
temporânea. Com isso, pretende contribuir
com a construção de um novo entendimento
da sexualidade, no qual ciência, ética e polí-
tica caminhem juntas em direção a um mun-
do mais feliz e justo.
Relume-Dumará Editores / Dumará Distribuidoras de
Publicações Ltda.
Rua Barata Ribeiro, 17 / 202 – Rio de Janeiro/RJ, Bra-
sil, cep. 22011-000
Tel: (21) 2542-0248 / fax: (21) 2275-0294

Parker, Richard; Terto Jr., Veriano (orgs.). En-


tre homens: homossexualidade e Aids no Bra-
sil. Rio de Janeiro: ABIA, 1998.
Coletânea de livros que discutem os resul-
tados de alguns principais projetos de pes-
quisa e prevenção para homens que fazem
sexo com homens em diferentes regiões do
Brasil. O livro traz ainda informações como
referências bibliográficas e endereços úteis
para aqueles interessados na questão da
Aids e homossexualidade masculina.
Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids – ABIA
Rua da Candelária 79, 10o andar, Centro, Rio de Ja-
neiro/RJ - Brasil
Tel: (21) 2223-1040
E-mail: abia@ax.apc.org
Website:www.alternex.com.br/~abia/
Valdés, Teresa; Olavarria, José (orgs.). Mas-
culinidades y equidad de género en América
Ribeiro, Marcos (org.). O prazer e o pensar.
Latina. Chile, Santiago: Flacso/UNFPA, 1998.
Orientação sexual para educadores e pro-
O livro reúne textos apresentados na Confe-
fissionais de saúde. São Paulo: Editora Gen-
rência Regional “La equidad de género en
te: Cores – Centro de Orientação e Educa-
América Latina y Caribe: desafios desde las
ção Sexual, 1999, 2 volumes.
identidades masculinas”, realizada em San-
São dois volumes que apresentam uma abor-
tiago de Chile, em junho de 1998. A partir dos
dagem completa sobre a educação sexual
conhecimentos acumulados e da experiên-
que reúne conhecimentos teóricos e excelen-
cia de ação, autores e autoras de países do
tes análises fundamentadas pelos maiores
primeiro mundo e da América Latina exami-
especialistas do assunto. Artigos de profissio-
nam a construção social de identidades mas-
nais de diversas especialidades e de diferen-
culinas na região; a relação das masculini-
tes cidades brasileiras, trazem significativas
dades com o corpo e a sexualidade, com a
contribuições para quem pretende desenvol-
violência, com a saúde sexual e reprodutiva.
ver projetos na área de orientação sexual,
Também são exploradas as masculinidades
ampliar seus conhecimentos ou rever suas
hegemônicas, subordinadas e alternativas e
práticas pedagógicas.
Cores – Centro de Orientação e Educação Sexual
é analisada a vigência do machismo na cul-
Tel: (21) 507-8722; 252-0961 tura latino-americana.
E-mail: cores@cores.org.br FLACSO – Chile
Website: www.cores.org.br Leopoldo Urrutia 1950, Ñuñoa, Santiago
Casilla 3213, Correo Central, Santiago
Casilla electronica: flacso@flacso.ch
Website: www.flacso.cl.

83
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

2- Manuais
Mayén, Beatriz; Aguilar, José A.; Aguilar, exercitando a comunicação interpessoal, o
Ofelia. De aquí no sale. Manual de intercâmbio de experiências e a modelagem
consejerían en salud sexual. MEXFAM, Mé- de um treinamento prático e vivencial. Está
xico, 1996. dividido em nove sessões.
Manual didático que apresenta as principais International Planned Parenthood Federation/
técnicas para orientação individualizada. Está Western Hemisphere Region
120 Wall Street, 9th Floor
dividido em três áreas: aconselhamento; ha- New York, New York 10005 USA
bilidades de negociação, tomada de decisão Tel: (212) 248-6400
e assertividade; temas básicos de saúde se- E-mail: info@ippfwhr.org
xual. Um vídeo acompanha este manual. Website: www.ippfwhr.org
MEXFAM – Fundación Mexicana para la Planeación
Familiar Los Caminos de la Vida: Manual de
Juárez 208, Tlalpan - C.P. 14000, México D.F.
Capacitación de Sexualidad e Infecciones de
Tel: (015) 573-7100
fax: (015) 57-2318 / 655-1265 Transmisión Sexual para Jóvenes Campesinas
E-mail: mexfinfo@mexfam.org.mx y Campesinos. - OPS/ONUSIDA; CONASIDA;
Website: www.mexfam.org.mx SEP/UTE; IMSS Solidaridad; THAIS; AFLUEN-
TES – México, 2000.
Villela, Wilza. Homens que fazem sexo com Manual de capacitação sobre sexualidade e
mulheres. Prevenindo a transmissão sexual transmissão sexual de infecções para jovens,
do HIV. Proposta e pistas para o trabalho. elaborado dentro do projeto Televisión
Brasil, São Paulo: NEPAIDS, 1997. Educativa y VIH/SIDA com adolescentes ru-
Esta publicação está voltada para a preven- rais do México. É dirigido a educadores e
ção contra o HIV. Destina-se a todos os que pessoas que vivem em comunidades rurais.
trabalham com a prevenção contra a transmis- AFLUENTES
são sexual do HIV e tem como objetivo suge- Giotto 58, Col. Mixcoac, México, D.F., C.P. 03910
Tel: (52) 5563-1485 / 5563-7978
rir idéias para o desenvolvimento de ações que
E-mail: afluentes@laneta.apc.org
visam à prevenção do HIV/Aids entre homens
que fazem sexo com mulheres.
El significado de ser hombre: Guia metodologico
NEPAIDS – Núcleo de Estudos e Prevenção da Aids
Av. Prof. Melo Moraes, 1721 – Cidade Universitária para el trabajo de género con hombres / Cen-
Cep. 05508-900, São Paulo, SP tro de Comunicación y Educación Popular. 2º
Tel.: (011) 3818-4361 Ed. Managra: Cantera 2001
E-mail: nepaids@org.usp.br CANTERA
Website: www.usp.br/nepaids/ De la Plaza El Sol, 2 cuadras al sur, 1 cuadra arriba.
Reparto Pancasán. Manágua. Nicarágua.
Guía para Capacitadores y Capacitadoras en Apartado postal: Apartado A 52, Manágua
Nicarágua
Salud Sexual – Federación Internacional de Tel: (505) 277 5329
Planificación de la Familia, IPPF/RHO, E-mail: cantera@nicarao.org.ni /
Versión Revisada 1998. cantera@cablenet.com.ni
Manual que tem como objetivo principal ha-
bilitar, na área de orientação, os/as
capacitadores, educadores/as e pessoas que

84 trabalham em programas de saúde sexual,


MÓDULO 3

3- Vídeos
Vídeos elaborados pela ECOS: Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids -
ABIA
ECOS - Comunicação em Sexualidade Rua da Candelária 79, 10º andar, Centro, Rio de
Rua do Paraíso, 592, São Paulo, SP, Brasil , Janeiro/RJ - Brasil
cep. 04103-001. Tel: (21) 2223-1040
Tel: (11) 3171-0503, 3171-3315 E-mail: abia@ax.apc.org
E-mail: ecos@uol.com.br Website:www.alternex.com.br/~abia/
Website: www.ecos.org.br
Homens
Através dos depoimentos de três homens, o vídeo
Meninos: A Primeira Vez
mostra questões relativas à vivência da homossexu-
Enfoca a primeira relação sexual sob o crivo de valo-
alidade masculina, como amor e sexo entre homens,
res e atitudes dos jovens do sexo masculino. 12
identidade, casamento, preconceito e discriminação,
minutos, 1990.
impacto da epidemia, luto, entre outras. Homens pro-
curam sensibilizar a população a adotar atitudes mais
Julieta e Romeu
positivas sobre a homossexualidade. Produção ABIA,
Focaliza a negociação do uso da camisinha antes da
Grupo Pela VIDDA-RJ, Grupo Pela VIDDA-SP e IBASE.
relação sexual vivida por um casal de adolescentes.
Versão legendada em inglês (Men). 23 minutos, 1993.
Enfatiza que a contracepção deve ser responsabilida-
de tanto da menina quanto do menino, que o homem
é fértil todos os dias e que, com a Aids, é necessário o Vídeos elaborados por INPPARES
uso da camisinha em todas as relações sexuais. Dis-
ponível também em espanhol. 17 minutos,1995. INPPARES - Centro Juvenil Futuro
Sánchez Cerro 2110 - Jesús María
Boneca na Mochila Lima - Perú
Destaca os medos e fantasias que permeiam a ques- Tel: (511) 261-5522 / 261-5533
tão da homossexualidade através do caso de um fax: (511) 463-5965
garoto que leva uma boneca em sua mochila. Dis-
E-mail: futuro@inppar.org.pe
ponível também em espanhol. 27 minutos, 1995.
Website: www.inppares.org.pe
Uma Vezinha Só
Uma gravidez não planejada na adolescência e, na Fallo Positivo
seqüência, um aborto, são retratados tanto do ponto História de um garoto que é contaminado pelo vírus
de vista feminino quanto masculino. Mostra a da Aids por uma garota numa noite de aventura. São
assimetria entre os gêneros nas decisões sobre a vida apresentadas formas de contágio e de prevenção.
sexual. Disponível também em espanhol. 15 minu- (15minutos)
tos, 1996.
Vidas Paralelas
homem.com.h. Discute a perspectiva de gênero. Mostra a diferença
Vídeo sobre os conflitos do homem diante das mu- existente na educação entre homens e mulheres em
danças dos papéis tradicionalmente atribuídos ao alguns lugares, com um final aberto para a discussão
masculino. 19 minutos, 1998. dos jovens. (25 minutos)

Sexualidad
Jovens opinam sobre o que é sexualidade, como se
Vídeos elaborados por outras instituições manifesta na adolescência e juventude. (20 minutos)

Centro Nacional de Educación Sexual Derechos Sexuales y Reproductivos


Calle 10 esq.21#460, Vedado C. Habana Os jovens identificam claramente seus direitos, sem
La Habana, Cuba nenhum tipo de discriminação, resultando no inte-
Tel: 552528 / 552529 resse pela responsabilidade que os/as jovens assu-
mem frente à sua sexualidade. (20 minutos)
Fax: 311731
E-mail: cenesex@infomed.sld.cu

El último recurso
Vídeo documental que trata do aborto: possíveis ris-
cos e conseqüências. Explica porque o aborto não é
um método contraceptivo. Centro Nacional de Edu-
cação Sexual, Cuba. Disponível em espanhol. 7 mi-
nutos, 1995. - (Código 167. V-05-01)

85
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

4- Websites e Centros de Referência


ABIA – Associação Brasileira Interdisciplinar MANUELA RAMOS – PERU
de Aids Manuela Ramos é uma organização que, des-
ONG que tem como objetivo a defesa dos de 1978, trabalha pela igualdade de direitos
direitos civis das pessoas que vivem com HIV/ entre homens e mulheres e pelo desenvolvi-
AIDS, reunindo dados para prevenção e mento do Peru, realizando trabalhos de as-
conscientização desta epidemia. sessoria, investigação, difusão e defesa de
Contatos: Juan Carlos / Ivia. direitos legais, econômicos, sociais e
Rua da Candelária 79, 10o andar, Centro reprodutivos de diversas culturas que habi-
Rio de Janeiro/RJ - Brasil
Tel: (21) 2223-1040 tam o país.
E-mail: abia@ax.apc.org Sede Central
Av. Juan Pablo Fernandini 1550 (alt. Cdra. 15 Av.
Website:www.alternex.com.br/~abia/
Brasil), Pueblo Libre, Lima
Tel: (511) 423-8840
ALAN GUTTMACHER INSTITUTE (AGI) Fax: (511) 3321280 / (511) 4314412
Organização independente, sem fins lucrati- E-mail: postmast@manuela.org.pe
vos, cujo objetivo é promover pesquisas, polí- Website: www.manuela.org.pe
ticas e educação na área da saúde reprodutiva,
direitos reprodutivos e população. POPULATION COUNCIL
New York Instituto internacional que conduz pesquisas
120 Wall Street nas áreas biomédicas, ciências sociais e saú-
New York, N.Y. 10005 de pública, com a finalidade de modificar o
Tel: (212) 248 1111 Fax: (212)248 1951 modo como as pessoas encaram problemas
E-mail: info@agi-usa.org;buyit@agi-usa.org;
mediaworks@agi-usa.org relacionados à saúde reprodutiva e cresci-
Washington, DC mento populacional.
1120 Connecticut Avenue, N.W. E-mail: pubinfo@popcouncil.org.
Suite 460 Washington, D.C. 20036 Website: www.popcouncil.org
Tel:(202) 296 4012 fax: (202) 223 5756
E-mail: policyinfo@agi-usa.org
RED DE MASCULINIDAD – Faculdade La-
Website: www.agi-usa.org
tino-Americana de Ciências Sociais
Rede de caráter acadêmico, formada por pes-
EQUIPO DE APOYO TÉCNICO DEL
soas que investigam sobre masculinidade e/
FONDO DE POBLACIÓN DE LAS
ou intervenção com homens.
NACIONES UNIDAS (UNFPA) PARA AMÉ- Contato: Enrique Moletto.
RICA LATINA Y EL CARIBE Tel: (562) 2257357/2256955 fax: (562) 2741004.
Organização constituída por uma equipe de Leopoldo Urrutia 1950, Ñuñoa, Santiago
especialistas nas áreas de população e de- 6840423. Casilla 3213, Correo Central - Chile
E-mail: redmasc@flacso.cl
senvolvimento, saúde reprodutiva e
Website: www.flacso.cl/masculinidad.html
advocacy. Atua diretamente com as oficinas
dos países da região, assessorando os proje-
tos locais e produzindo estudos e investiga-
ções sobre os temas em questão. Nos últimos
anos, a população jovem, especialmente
masculina, tem recebido atenção específica
nos projetos apoiados. Informações tem sido
disseminadas através de documentos que se
encontram disponíveis.
Homero n. 806 Col. Polanco
Del. Miguel Hidalgo, 11550 México, D.F.
Tel: (525) 250 7977 – 250 33 15
Fax: (525) 203 7575
E-mail: eat@eat.org.mx
Website: www.eat.org.mx

86
MÓDULO 3

ECOS - Comunicação em Sexualidade - é uma Com o financiamento da IPPF, da Fundação


organização não-governamental que, desde MacArthur e da Fundação Ford, desenvolve-
1989, vem incentivando trabalhos nas áreas de mos um manual de atividades para orientar
advocacy, pesquisa, educação pública e pro- profissionais que trabalham com homens em
dução de materiais educativos em sexualidade educação sexual e saúde reprodutiva. Este
e saúde reprodutiva. A experiência acumulada manual tem como objetivos específicos:
tem apontado para a necessidade da constru- 1- Descrever as experiências da ECOS em
ção de um olhar de gênero, que considere a oficinas com homens adultos;
perspectiva masculina sobre sexualidade e saú- 2- Detalhar as atividades educativas utiliza-
de reprodutiva. Isto significou incluir em nossas das, sugerindo materiais auxiliares;
práticas educativas e de comunicação, de ma- 3- Oferecer base teórica e de pesquisa para
neira inovadora, a ótica de jovens e adultos do outras organizações que se interessam em
sexo masculino. Algumas iniciativas: trabalhar com homens.

Oficinas
Vídeos A ECOS tem desenvolvido metodologias
Desde 1990, temos produzido uma série de educativas e estratégias para o trabalho com
vídeos que focalizam a perspectiva masculi- adolescentes e adultos, nos temas da sexua-
na de sexualidade e reprodução. Dentre nos- lidade, saúde reprodutiva, sexo seguro e pa-
sos títulos, destacamos os temas de meninos e ternidade. Tem promovido oficinas com pro-
virgindade, comunicação entre pais e filhos fessores, agentes de saúde e estudantes, ques-
em tempos de Aids, doenças sexualmente tionando a aplicabilidade de suas experiên-
transmissíveis, negociação do uso do preser- cias com mulheres e jovens em oficinas com
vativo e mudança nos papéis masculinos. homens jovens e adultos.

Grupo de Estudos sobre Sexualidade Mas- Nossa primeira oficina realizada exclusiva-
culina e Paternidade/GESMAP mente com homens adultos foi em 1990, com
Desde 1995, desenvolvemos programas, pesqui- policiais da Polícia Municipal de Santo André
sas e organizamos seminários sobre questões de e Piracicaba. A ECOS tinha como objetivo tor-
gênero e masculinidade. Coordenamos um gru- nar esses policiais sensíveis à questão da vio-
po de discussão sobre o tema formado basica- lência contra a mulher, fazendo com que esti-
mente por pesquisadores/as e pessoas que traba- mulassem as mulheres a denunciarem, nas
lham em diversas áreas de conhecimento e com Delegacias da Mulher, a violência sofrida.
intervenção. O GESMAP tem desempenhado Duas educadoras da ECOS, ambas mulheres,
papel importante na discussão teórica sobre saú- coordenaram workshops sobre sexualidade,
de reprodutiva masculina, na troca e ampliação saúde reprodutiva e relações de gênero.
de referências, na organização de eventos espe-
ciais e na criação de um campo de estudos sobre Na Fábrica de Manômetros Record, uma
masculinidade que antes não existiam no Brasil. empresa da iniciativa privada, realizamos
Em 1998, com a colaboração do Instituto de Me- uma série de oficinas com a participação
dicina Social (Universidade do Estado do Rio de voluntária de homens adultos trabalhadores.
Janeiro), organizou um seminário nacional sobre Estas oficinas estavam incluídas em treina-
masculinidade e publicou uma coletânea com ar- mentos previamente existentes na fábrica, o
tigos de vários integrantes do grupo: Homens e que nos permitiu maior aceitabilidade pelos
masculinidades: outras palavras. funcionários e pela direção. Os objetivos fo-
ram sensibilizar a população masculina para
Manual Homens, Masculinidades e Gênero: uma suas necessidades e direitos no campo da
metodologia de trabalho em sexualidade e saú- sexualidade e saúde reprodutiva; propiciar
de reprodutiva com homens no setor privado. espaço de discussão a respeito desses temas,
87
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

promovendo reflexão, integração grupal, gostariam de discutir. Os temas de interesse


autoconhecimento, autocuidado e fortaleci- foram: desejo sexual; por que garotas são como
mento pessoal para o acompanhamento de são; como seduzir uma garota; Aids e drogas.
filhos/as e família; contribuir para
minimização da epidemia da Aids através de Atualmente, como a nossa maior demanda é
discussões e informação para negociação do a de escolas públicas e instituições, procura-
sexo seguro; possibilitar a distribuição eqüi- mos sempre contemplar alguns espaços ex-
tativa, entre homens e mulheres, dos com- clusivos para garotos e garotas, coisa que
promissos dentro da vida sexual e reprodutiva resistimos muito a fazer em nossos projetos
no cotidiano. iniciais. É nestes momentos que surge a pos-
sibilidade de se discutir ou tirar dúvidas que
Com meninos adolescentes de 13 a 18 anos, poderiam constrangê-los, caso as garotas es-
catadores de bolas de tênis do Clube SESC de tivessem por perto e onde, muitas vezes, cer-
São Paulo, iniciamos um processo de oficinas, tas questões, como a homofobia, por exem-
nas quais os garotos definiam os temas que plo, afloram mais, possibilitando a reflexão.

Lições Aprendidas

1- É necessário que a idéia das oficinas em 4- Em seu trabalho com homens, a ECOS ob-
sexualidade e saúde reprodutiva com homens servou que facilitadoras (mulheres) também
não seja imposta. Impor a participação dos são bem aceitas, apesar de uma possível re-
meninos não trará os resultados desejados. É sistência inicial. É fundamental que elas es-
preciso encontrar formas de estimular a par- tejam bem informadas e preparadas para li-
ticipação voluntária. dar com as questões levantadas, não conde-
nando comentários "machistas", nem critican-
2- Antes de iniciar as oficinas, faça uma ava- do os participantes. Em geral, a ECOS prefe-
liação para saber de onde vêm os participan- re realizar as oficinas com dois facilitadores,
tes e quais suas principais necessidades e in- um homem e uma mulher, para ambos os gru-
teresses. É preciso ter sensibilidade para com- pos de homens e de mulheres. No entanto,
preender a cultura do grupo com que se vai isso nem sempre é possível pelo número re-
trabalhar e pensar em estratégias diferencia- duzido de homens que, atualmente, trabalha
das, dependendo do tempo e dos recursos dis- nesta área.
poníveis.
5- Muitos homens têm medo de serem des-
3- A proposta é trabalhar através de exercíci- respeitados e satirizados ao se abrirem, ou de
os ou dinâmicas de grupo, vídeos ou "role- apresentarem ignorância a respeito de algu-
playing", facilitando assim a manifestação das mas questões ligadas à sexualidade e à saú-
informações, dos tabus e principais inquieta- de reprodutiva. Por isso é importante que se-
ções relacionadas à masculinidade, sexuali- jam estabelecidas com antecedência regras
dade e saúde reprodutiva. Mas apenas apli- que garantam o respeito entre os participan-
car estas atividades participativas pode levar tes e a confidencialidade.
os participantes a terem uma sensação de que
apenas "brincaram". Por isso é importante re- 6- Ao contrário do que sempre acreditamos,
alizar um fechamento, resumindo o que foi homens freqüentemente apresentam curiosi-
aprendido e discutido. Além de dinâmicas dade sobre questões ligadas à saúde
descontraídas, é importante apresentar infor- reprodutiva da mulher e, geralmente, quanto
mações, por exemplo sobre a anatomia e bio- maior a informação que recebem, maior será

88 logia do aparelho reprodutivo. sua sensibilidade para estes assuntos.


MÓDULO 3

BEMFAM - Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no MEXFAM - Fundación Mexicana para la


Brasil Planeación Familiar
É uma organização não governamental, de ação MEXFAM (Fundación Mexicana para la Planeación
social, sem fins lucrativos. Atua prestando ser- Familiar) é uma associação civil, dirigida por vo-
viços à população em 14 Estados do país, atra- luntários, e sem fins lucrativos, especializada em
vés de Programas Estaduais, Clinicas de Saúde difundir a prática da regulação voluntária da
Reprodutiva, Laboratórios de Citopatologia e fecundidade entre os setores mais necessitados da
Análise Clínicas. Desenvolve pesquisas na área população mexicana: os mais pobres, tanto nas áreas
de demografia e saúde e presta assessoria téc- urbanas quanto nas rurais, os jovens e os homens.
nica a órgão governamentais e não- governa- Foi fundada em 1965 e é o membro mexicano da
mentais. É uma ONG comprometida com o Pla- IPPF (Federación Internacional de Planificación Fa-
no de Ação de Cairo, especialmente na promo- miliar). Sua missão é proporcionar serviços de van-
ção dos direitos sexuais e reprodutivos, na difu- guarda e de qualidade nas áreas de planejamento
são da qualidade dos serviços sob a perspecti- familiar, saúde e educação sexual, de maneira
va da equidade de gênero. prioritária a população mais vulnerável do México.
Avenida República do Chile 230 - 17º andar Juárez 208, Tlalpan - C.P. 14000, México D.F.
20031-170 - Rio de Janeiro - Brasil
Tel: (52 015) 573-7100
Tel: (21) 2210-2448
Fax: (21) 2220-4057 Fax: (52 015) 57-2318 / 655-1265
E-mail: info@bemfam.org.br E-mail: mexfinfo@mexfam.org.mx
Website: www.bemfam.org.br Website: www.mexfam.org.mx

INPPARES - Instituto Peruano de Paternidad PROFAMILIA


Responsable PROFAMILIA é uma entidade privada, sem fins
INPPARES (Instituto Peruano de Paternidad lucrativos e que desde sua fundação, há mais de 35
Responsable) é uma organização não-governa- anos, se propõe ao bem-estar da família colombiana
mental, cuja missão é contribuir para a melhoria em especial, da população de mais baixos recursos.
da qualidade de vida das pessoas, especialmente Por sua eficiência, na qualidade de prestação de
aquelas de classes social e econômica menos serviços e de sua missão filantrópica, PROFAMILIA
favorecidas, oferecendo-lhes educação e serviços já recebeu inúmeras distinções nacionais e
integrais com ênfase na saúde sexual e internacionais, e é considerada modelo de excelência
reprodutiva. no âmbito mundial de programas de planejamento
Suas ações são voltadas para mulheres e homens, familiar e saúde sexual e reprodutiva, sendo a primeira
incluindo populações em situações de risco como instituição deste tipo na América Latina. Atualmente
crianças, adolescentes, jovens e adultos. Possui sede conta com 35 centros situados nas principais cidades
nas principais cidades do Peru e seu trabalho inclui do país, nos quais oferece programas clínicos,
temas relacionados à prevenção de DST/Aids e à cirúrgicos e educativos em saúde sexual e reprodutiva
violência, com enfoque de gênero e de direitos se- a mulheres, homens e adolescentes a partir dos 13
xuais e reprodutivos. INPPARES é o membro perua- anos de idade. Em cinco centros são oferecidos
no da IPPF (Federación Internacional de serviços de consultoria jurídica. PROFAMILIA é o
Planificación Familiar) membro colombiando da IPPF (Federación
115 Gregorio Escobedo Internacional de Planificación Familiar).
Jesús María. Lima, Peru.
Tel:: (511)261-5522, (511)261-5533, (511)463-5778 Calle 34 N. 14-52 - Bogotá, Colômbia
Fax: (511)261-7885 Tel: (571) 339-0948
E-mail: postmast@inppares.org.pe Fax: (571) 339-0946
E-mail: info@profamilia.org.co

89
Website: www.inppares.org.pe
Website: www.profamilia.org.co
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Save the Children-US Todas suas atividades estão dirigidas ao cumprimento


Save The Children é uma organização internacional de sua missão institucional que consiste em
sem fins lucrativos, sem inclinação política nem “estabelecer trocas positivas e duradouras nas vidas
religiosa. Foi fundada nos Estados Unidos em 1932. das crianças e jovens em situação de desvantagem,
Trabalha em 40 países em desenvolvimento na incluindo também suas famílias”.
África, Ásia, Europa e América Latina, fortalecendo Calle Luis Crespo, 2031
processos compartilhados com as próprias Casilla 15120
comunidades, com intuito de lograr sucesso e obter La Paz, Bolivia
melhores níveis de saúde e educação. Tel: (591) 241-3011, 591 241-2839
Fax: (591) 231-2455
Na Bolívia, conhecida pelo nome de Desenvolvi-
E-mail: bolivia@savechildren.org
mento Juvenil Comunitário (DJC), existe desde 1990. Website: www.savethechildren.org

90
MÓDULO 3

1- ARILHA, Margareth; RIDENTI, Sandra 7- LYRA, Jorge (1999) - Participação masculina


Unbehaum e MEDRADO, Benedito (org.) na gravidez adolescente. In: VIEIRA, Elisabeth
(1998) - Homens e Masculinidades: Outras M.; FERNADEZ, Maria Eugênia L.; BAILEY, Pa-
Palavras. São Paulo: ECOS/Editora 34. tricia; MACKAY, Arlene (orgs.). Gravidez na Ado-
lescência. Ministério da Saúde/ Family Health
2- CARAVELAS, Luciana. O que os homens International/ Associação Saúde da Família. São
fazem e pensam sobre sexo: estudo socioló- Paulo: Ministério da Saúde, p. 119-126.
gico que verifica a influência da idade e do
estrato social na sexualidade do homem nor- 8- MEDRADO, Benedito (1997) - Discursos
destino. Editora Universitária da UFPE. 1994. sobre o masculino: um panorama da mascu-
linidade nos comerciais de TV. Revista Lugar
3- CARVALHO, J. J. O jogo das bolinhas de Comum da Escola de Comunicação da UFRJ,
vidro, In: Anuário Antropológico. Brasília: Nº 02, p. 161-170.
UnB/Tempo Brasileiro, 1987.
9- NOLASCO, Sócrates - Um “Homem de Ver-
4- LEAL, Ondina F. e BOFF, Adriane de Mello dade”, in: CALDAS, D. (org.) (op. cit.) p. 13-29.
Insultos, queixas, sedução e sexualidade: frag-
mentos de identidade masculina em uma pers- 10- NOLASCO, Sócrates (1993) - O mito da
pectiva relacional. In: PARKER, R., BARBO- masculinidade. Rio de Janeiro: Rocco, 187p.
SA, R. (orgs.) Sexualidades brasileiras. Rio de
Janeiro: ABIA/IMS-UERJ; Relume-Dumará, 11- NOLASCO, Sócrates (org.) (1995) - A
1996. desconstrução do masculino. Rio de Janeiro:
Rocco, 165p.
5- LEAL, Ondina Fachel. Suicídio, Honra e
Masculinidade na Cultura Gaúcha, in: LEAL, 12- PARKER, Richard e BARBOSA, Regina
Ondina F. (org.) Antropologia do Corpo e da (org.) Sexualidades Brasileiras. Rio de Janei-
Saúde II. Porto Alegre: Cadernos de Antropo- ro: Relume-Dumará, 1996.
logia - nº6, 1992.
13- PARKER, Richard. Corpos, Prazeres e Pai-
6- LYRA, Jorge (1998). Paternidade adolescen- xões, São Paulo: Best Seller, 1992.
te: da investigação à intervenção. In: ARILHA,
Margareth; RIDENTI, Sandra & MEDRADO, 14- SARTI, Cynthia. A família com espelho.
Benedito (orgs.). Homens e masculinidades: ou- Estudo sobre a moral dos pobres. São Paulo:
tras palavras. São Paulo: ECOS/Ed. 34, 185-214. Autores Associados, 1996.
91
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

Prova de Campo dos Cadernos


Série “Trabalhando com Homens Jovens”
Todas estas atividades foram testadas, em eles, algo que eles nunca haviam feito.
cinco países da América Latina, com 172 ho- Mencionar o grupo aos seus amigos.
mens jovens entre 15 e 24 anos, em colabo- Como um resultado indireto dos grupos,
ração com IPPF/WHR: muitos participantes disseram que comen-
taram sobre o grupo com outros homens
a) INPPARES, em Lima, Peru; jovens de seu círculo de amizade.
b) PROFAMILIA, em Bogotá, Colômbia; Reconhecimento do ciclo da violên-
c) MEXFAM, México, DF; cia. Em um dos locais do teste de campo,
d) Save the Children, em Oruro, Bolívia; os participantes disseram num grupo focal
e) BEMFAM, Rio Grande do Norte, Cea- de avaliação que após sua participação
rá e Paraíba, Brasil. nas técnicas, perceberam a conexão en-
tre a violência que assistiram ou experi-
Em termos de resultados qualitativos da pro- mentaram e a violência que praticavam.
va de campo, foram destacados os seguintes Um dos rapazes disse que passou a ver a
pontos: ligação que existia entre a violência que
sofrera de seus pais e o fato de cometer
Primeira participação em grupos so- violência contra seu irmão menor.
mente de homens. Em diversos locais, os Mudança no estilo de interação en-
participantes mencionaram que foi a pri- tre os rapazes. Em um dos locais da prova
meira vez que trabalharam em grupos so- de campo, um rapaz disse que as técnicas
mente de homens. A maioria elogiou esse propiciaram uma mudança na forma de fa-
tipo de trabalho somente com homens. Dis- lar e de interagir com outros rapazes, sa-
seram que conseguiram falar sobre emo- indo de uma relação de competitividade
ções, o que geralmente em grupos mistos e ameaças para uma relação de honesti-
não acontecia. dade e respeito.
Aumento de empatia e atenção com
os outros. Em termos de resultados positi- Em termos de recomendações ou aspec-
vos, um dos homens jovens disse que de- tos que precisam ser melhorados, foi men-
pois de participar das técnicas: “... nós nos cionado:
vimos nos olhos do outro...”. Muitos parti-
cipantes mencionaram que haviam refle- O período de tempo. Quase em todos
tido sobre os aspectos positivos da aten- os locais mencionaram que o tempo foi mui-
ção e cuidado com os outros e questiona- to curto para a complexidade dos temas apre-
ram por que os homens não cuidam mais sentados. Tanto os rapazes como os
das pessoas e coisas que os cercam. facilitadores demandaram por mais tempo.
Questionamento do machismo. Um Usar as atividades somente com
dos participantes disse que as técnicas o grupos de rapazes e em grupos mistos.
ajudaram a quebrar a “armadura de ser Muitos facilitadores notaram que as ativi-
um homem”. Um outro disse que: “Nós co- dades podem ser ajustadas facilmente para
meçamos a reconhecer o nosso próprio grupos de meninas e mistos.
machismo. Reconhecemos que todos nós Adaptar ao contexto local. Em todos
somos machistas”. os locais, foi recomendado que as ativida-
Reflexões sobre paternidade. Mui- des sejam adaptadas ao contexto local.
tos grupos elogiaram o fato de se falar so- Mais tempo em grupos somente de
bre o significado de ser pai, particularmen- homens. Em vários locais, um interesse

92 te o significado de seus próprios pais para grande nos temas fez com que os rapazes
MÓDULO 3

requisitassem mais grupos. Em quase to- usado um instrumento simples de pré e pós
dos os locais, os rapazes afirmaram que teste para avaliar as mudanças de atitudes e
gostariam de ter mais tempo nesse tipo de de conhecimentos após participação nas téc-
grupo para continuar e aprofundar as dis- nicas. Por conta de que diferentes técnicas
cussões sobre gênero, masculinidade, vi- foram testadas em diferentes contextos, e o
olência, sexualidade e relacionamentos. número de participantes em cada um foi li-
Mais temas. Em termos de temas adi- mitado, as mudanças avaliadas devem ser
cionais que quiseram incluir, muitos gru- consideradas preliminares. Além disso, o fato
pos sugeriram aqueles relacionados ao re- do pós-teste ter sido aplicado imediatamente
lacionamento de casal. [Respondendo a após a participação nas técnicas, não torna
esta demanda, as organizações colabora- possível afirmar mudanças de atitude a lon-
doras estão planejando uma série de ma- go prazo. Ainda assim, podemos observar
nuais sobre relacionamentos]. mudanças baseadas nas questões que se se-
Capacitação para facilitadores. Os guem. Cada uma destas perguntas foi apre-
10 facilitadores que executaram o teste de sentada como as opções: concordo plenamen-
campo das técnicas não receberam ne- te, concordo mais ou menos, não concordo,
nhum tipo de treinamento prévio na utili- não sei.
zação dos materiais. Eles receberam os
cadernos, em sua versão preliminar, e apli- 1- “O homem tem que ter muitas mulheres e
caram as técnicas. Embora todos reconhe- divertir-se muito antes de constituir uma fa-
cessem que eram capacitados para as mília.”
aplicarem, todos afirmaram que era pre- Houve uma significativa alteração nos
ferível a capacitação, particularmente percentuais de “não concordo”, sugerindo
para ajudar os facilitadores a refletir so- algum questionamento da percepção tradici-
bre seus próprios valores sobre homens, onal que os homens devem ter muita experi-
gênero e masculinidades. [Como resposta ência sexual.
a esta demanda, as organizações colabo-
radoras estão promovendo uma série de 2- “O pai que é jovem, sempre é irresponsá-
workshops na utilização destes materiais, vel e nunca assume seu filho.”
ainda que estes materiais possam ser ad- Aumentou o número de “não concordo”, su-
quiridos e utilizados sem a necessidade de gerindo que eles perceberam caminhos em
participação nestes workshops.]. que pais jovens podem ser mais envolvidos
Tomar cuidado com o “discurso po- com o cuidado de seus filhos e serem respon-
liticamente correto”. Os facilitadores sáveis.
mencionaram que às vezes percebiam que
os rapazes não estavam de fato refletindo 3- “As etiquetas ou estereótipos que as pes-
sobre os temas tratados nas técnicas, mas soas põem nas outras afetam o desenvolvi-
que estavam simplesmente falando aqui- mento pessoal e as relações humanas.”
lo que os facilitadores gostariam de ouvir. Muitos participantes concordaram com esta
Eles sugeriram que, falando como afirmação, sugerindo uma compreensão do
facilitadores, em estar trabalhando mais fato de rotular e culpabilizar.
tempo com os jovens para ultrapassar esta
etapa do discurso “politicamente correto”. 4- “Não há nada que se possa fazer para pre-
Fornecer mais informações através venir a violência.”
de apresentações audiovisuais. Muitos Com esta questão, houve uma significativa
facilitadores disseram que além das téc- alteração em “não concordo”. Eles passaram
nicas, seria útil considerar o uso de apre- a acreditar que podiam fazer alguma coisa
sentações básicas com informações sobre para reduzir a violência.
vários temas como violência, gênero, uso
de drogas, sexualidade, HIV/AIDS como 5- “Como o homem é forte, sua vulnerabilidade
um complemento. em relação a AIDS é baixa”.
Um aumento de respostas “não concordo” com
Em termos de resultados quantitativos, foi esta afirmativa, sugere que eles são capazes
93
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA

de perceber o “mito da força masculina”. Apenas alguns rapazes concordaram, suge-


rindo o questionamento da honra masculina.
6- “O preservativo diminui o prazer e pode
romper-se.” 9- “O corpo do homem é muito simples: pê-
Apenas alguns rapazes concordaram com nis e testículos. Somente é necessário lavá-
esta afirmação. lo e pronto.”
Poucos rapazes concordaram, sugerindo uma
7- “As redes sociais favorecem a saúde men- maior conscientização da complexidade da
tal, pois servem para desenvolver vínculos anatomia masculina.
afetivos, de cuidado e de apoio.”
Muitos dos rapazes concordaram com esta Baseados nestes resultados iniciais do teste de
afirmação, sugerindo a possibilidade de au- campo, as organizações colaboradoras estão pla-
mento do comportamento de busca de ajuda. nejando um estudo de avaliação de impacto a
longo prazo para medir e compreender o impac-
8- “Se alguém me insulta, defendo minha hon- to em homens jovens na participação nas técni-
ra pela força se for necessário.” cas por um determinado período de tempo.

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Ilustração

Newton Foot

Edição de arte

Gilson Nakazato

Samuel Paiva

Direção de arte

Reginaldo Bianco

Projeto editorial e gráfico

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ECOS-Comunicação em Sexualidade é uma organização
não-governamental que, desde 1989, vem incentivando
trabalhos nas áreas de advocacy, pesquisa, educação pública
e produção de materiais educativos em sexualidade e saúde
reprodutiva. A experiência acumulada tem apontado para
a necessidade de construção de um olhar de gênero que
considere a perspectiva masculina sobre sexualidade e saúde
reprodutiva. Isto significou incluir em nossas práticas
educativas e de comunicação, de maneira inovadora, a
ótica de jovens e adultos do sexo masculino.

Equipe Responsável
Margareth Arilha, Osmar Leite, Silvani Arruda,
Sylvia Cavasin e Vera Simonetti

Elaboração e redação
Margareth Arilha, Silvani Arruda,
Sandra Unbehaum e Bianca Alfano

Rua do Paraíso 592 - Paraíso


São Paulo, SP, 04103 - 001, Brazil
Tel/Fax (55 11) 3171 0503 / 3171 3315
e-mail: ecos@uol.com.br
Website: www.ecos.org.br

A série Trabalhando com Homens Jovens, destinada a


educadores e agentes de saúde, compreende cinco
cadernos e o vídeo Minha Vida de João. Cada caderno
é composto por uma parte teórica e uma série de
técnicas participativas para facilitar o trabalho em grupo
com homens jovens (entre 15 e 24 anos). No vídeo,
um desenho animado, é mostrado, de forma criativa e
lúdica, como os homens jovens são socializados e como
é possível questionar as maneiras tradicionais de ser
homem.

Projeto H - Série Trabalhando com Homens Jovens, na


promoção da saúde e da eqüidade de gênero.

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