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Apoio
IPPF/WHR – International Planned Parenthood regionais para envolver aos homens na saúde sexual
Federation Western Hemisphere Region é uma e reprodutiva e para dirigir esforços na área da
organização sem fins lucrativos que trabalha na violência de gênero. IPPF/WHR tem sido também
América Latina e no Caribe através de 44 pioneiro no desenvolvimento de serviços para
organizações afiliadas, provendo serviços na área jovens.
do Planejamento Familiar e outras áreas de saúde
120 Wall Street, 9th Floor
sexual e reprodutiva para mulheres, homens e
New York, NY 10005
jovens da região. IPPF/WHR tem colocado Tel: (212) 248-6400
particular ênfase em incorporar perspectivas de Fax: (212) 248-4221
gênero e de direitos na provisão dos serviços. Esta E-mail: info@ippfwhr.org
ênfase, por sua vez, tem sido motor de projetos Website: www.ippfwhr.org
Os direitos deste material são reservados aos autores, podendo ser reproduzidos desde que se cite a fonte.
2001 ©- Instituto PROMUNDO e colaboradores
Autoria
ECOS-Comunicação em Sexualidade é uma Equipe Responsável
organização não-governamental que, desde Margareth Arilha, Osmar Leite, Silvani Arruda,
1989, vem incentivando trabalhos nas áreas de Sylvia Cavasin e Vera Simonetti
advocacy , pesquisa, educação pública e
produção de materiais educativos em Elaboração e redação
sexualidade e saúde reprodutiva. A experiência Margareth Arilha, Silvani Arruda,
acumulada tem apontado para a necessidade de Sandra Unbehaum e Bianca Alfano
construção de um olhar de gênero que considere
Contato: Silvani Arruda
a perspectiva masculina sobre sexualidade e Rua do Paraíso, 592 - Paraíso
saúde reprodutiva. Isto significou incluir em São Paulo, SP, 04103-001, Brasil
nossas práticas educativas e de comunicação, Tel/Fax: (11) 3171-0503 / 3171-3315
de maneira inovadora, a ótica de jovens e adultos E-mail: ecos@uol.com.br
do sexo masculino. Website: www.ecos.org.br
Colaboração
O Programa PAPAI é uma instituição civil sem fins Ciências Humanas e Sociais, além de inúmeros
lucrativos que desenvolve pesquisas e ações colaboradores e colaboradoras, diretos e indiretos.
educativas no campo das relações de gênero, saú- Principais temas de trabalho: paternidade na ado-
de, educação e ação social, em parceria com a lescência, prevenção de DST e Aids, comunica-
Universidade Federal de Pernambuco. Promove- ção e saúde, violência de gênero, redução de da-
mos atividades de intervenção social junto a ho- nos e drogas.
mens, jovens e adultos, em Recife, nordeste brasi-
Contatos: Jorge Lyra / Benedito Medrado
leiro, bem como estudos e pesquisas sobre mascu- Rua Mardonio Nascimento, 119 - Várzea
linidades, a partir do enfoque de gênero, em nível Recife, PE, 50741-380, Brasil
nacional e internacional. Nossa equipe é com- Tel/Fax: (81) 3271-4804
posta por homens e mulheres: profissionais (gra- E-mail: papai@npd.ufpe.br
duados e pós-graduados) e estudantes da área de Website: www.ufpe.br/papai
Salud y Género é uma associação civil, formada oferecemos um Curso em Gênero e Saúde,
por mulheres e homens de distintas profissões e desenhamos e elaboramos materiais educativos e
experiências de trabalho que se mesclam para promovemos a incorporação do enfoque de gênero
desenvolver propostas educativas e de participação nas políticas públicas nas áreas de saúde, educação
social inovadoras no campo da saúde e gênero. e população.
Contamos com dois escritórios: um em Xalapa,
Veracruz, e outro em Querétaro, Querétaro, Contato: Benno de Keijzer/Gerardo Ayala
México. Salud y Género se desenvolve em um
campo complexo e transformador, utilizamos a Em Xalapa: Carlos Miguel Palacios # 59
perspectiva de gênero como instrumento de nosso Col. Venustiano Carranza
trabalho, pois nos permite ver possibilidades de Xalapa, Veracruz, México.
transformação nas relações entre homens e CP 91070
mulheres. Através de nossas ações, pretendemos Tel/fax (52 8) 18 93 24
E-mail: salygen@infosel.net.mx
contribuir a uma melhor saúde e qualidade de vida
de mulheres e homens nas áreas da saúde mental, Em Querétaro: Escobedo # 16-5
sexual e reprodutiva, considerando que a eqüidade Centro, Querétaro, Querétaro, México.
e a democracia são uma meta e responsabilidade CP 76000
compartilhada. Desenvolvemos oficinas educativas Tel/fax (52 4) 2 14 08 84
na República Mexicana e Latino Americana, E-mail: salgen@att.net.mx
Colaboradores nas Provas de Campo: cinco ONGs colaboraram para validar estes cadernos em campo,
sendo: BEMFAM (Brasil), INPPARES (Peru), MEXFAM (México), PROFAMILIA (Colômbia) e Save the Children
– US (Bolívia). No módulo 3 se encontra uma descrição de cada uma delas e informação para contato.
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 05
Recursos............................................................................................................................. 81
Relato de uma experiência: ECOS ................................................................................... 87
Organizações Colaboradoras na avaliação dos cadernos ............................................... 89
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 91
Este caderno foi elaborado pela equipe da ECOS – Comunicação em Sexualidade. Contudo,
queremos enfatizar que a sua elaboração foi um processo coletivo envolvendo colegas e
amigos de diversas instituições:
6
INTRODUÇÃO
7
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
8
INTRODUÇÃO
O que significa aplicar a “perspectiva de Na maior parte dos contextos, os meninos são
gênero” para trabalhar com homens criados para serem auto-suficientes, não se
adolescentes e jovens? preocuparem com sua saúde e não procurarem
ajuda quando enfrentam situações de stress. Ter
Gênero se refere às formas como somos com quem falar e procurar algum tipo de suporte
socializados, como nos comportamos e agimos, é um fator de proteção contra o uso de drogas e
tornando-nos homens e mulheres; refere-se o envolvimento com violência – o que explica
também à forma como estes papéis e modelos, em parte por que os meninos são mais propensos
usualmente estereotipados, são internalizados, a se envolverem em episódios de violência e a
pensados e reforçados. A origem de muitos dos consumir drogas que as meninas. Pesquisas
comportamentos dos homens e rapazes – confirmam que a forma como os homens são
negociação ou não do uso de preservativo, socializados trazem conseqüências diretas para
cuidado ou não com as crianças quando se sua saúde. Um levantamento nacional, com
tornam pais, utilização ou não da violência homens adolescentes entre 15 e 19 anos,
contra sua parceira – muitas vezes é encontrada realizado nos EUA, concluiu que jovens que
na forma como os meninos foram socializados. tinham padrões sexistas e tradicionais de
Por vezes, assume-se que determinados masculinidade eram mais propensos ao uso de
comportamentos são da “natureza do homem”, drogas, ao envolvimento com violência e
ou que “homem é assim mesmo”. Contudo, a delinqüência e a comportamentos sexuais de
violência praticada por rapazes, o uso abusivo risco do que outros homens jovens que possuíam
de drogas, o suicídio e o comportamento visões mais flexíveis sobre o que um “homem
desrespeitoso em relação à sua parceira, estão de verdade” pode realmente fazer1 .
relacionados à forma como as famílias, e de um
modo mais amplo, a sociedade, educam Com estas considerações, aplicar a
meninos e meninas. Mudar a forma como perspectiva de gênero ao trabalhar com
educamos e percebemos os rapazes não é tarefa homens jovens implica:
fácil, mas é necessária para a mudança de
aspectos negativos de algumas formas de (a) ESPECIFICIDADE DE GÊNERO: Olhar
masculinidade. para as necessidades específicas que os jovens
possuem em termos de saúde e desenvolvimento
Muitas culturas promovem a idéia de que por conta de seu processo de socialização. Isto
ser um “homem de verdade” significa ser significa, por exemplo, engajar os rapazes em
provedor e protetor. Incentivam os meninos a discussões sobre uso de drogas ou
serem agressivos e competitivos – o que é comportamentos de risco, ajudá-los a entender
útil na formação de provedores e protetores por que se sentem pressionados a se
– o que leva, por vezes, as meninas a comportarem desta ou daquela forma.
aceitarem a dominação masculina. Por outro
lado, os meninos geralmente são criados para (b) EQÜIDADE DE GÊNERO: Engajar os
aderir a rígidos códigos de honra, que os homens na discussão e reflexão sobre a
obrigam a competir e a usar violência entre hierarquia de gênero com objetivo de levá-
si para provarem que são “homens de los a assumir sua parcela de responsabilidade
verdade”. Meninos que mostram interesse em no cuidado com os filhos, nas questões de
cuidar de crianças, que executam tarefas saúde reprodutiva e nas tarefas domésticas.
domésticas, que têm amizades com meninas, Reconhecer a igualdade dos direitos entre
que demonstram suas emoções e que ainda homens e mulheres.
não tiveram relações sexuais, em regra, são
ridicularizados por suas famílias e Este caderno incorpora estas duas
companheiros como sendo “viadinhos”. perspectivas.
1
Courtenay, W. H. Better to die than cry? A longitudinal and constructionist study of masculinity and the health
risk behavior of young American men [Doctoral dissertation]. University of California at Berkeley, Dissertation
12 cinco países da América Latina, com 172 ho- encontram no Anexo deste caderno.
INTRODUÇÃO
5- Objetivos dos
cadernos e das
técnicas
O que nós esperamos com estas atividades?
É importante afirmar que simplesmente trabalhar
com homens jovens em grupo não resolve as
necessidades envolvidas pelos temas tratados.
Se procuramos mudar o comportamento de
alguns homens jovens, é importante saber que
mudança de comportamento requer mais do que
uma participação por um período de tempo em
algumas técnicas de grupo. Vemos esses Compreender que nossa sexualidade não
cadernos como uma ferramenta que pode ser é dada pela natureza, que nosso
usada por educadores de saúde, professores e comportamento sexual, sentimentos e desejos
outros profissionais como parte de um leque de estão relacionados com as relações de gênero
atividades mais amplo para engajar homens e com a forma com que estão organizadas
jovens. em cada sociedade;
Entender que a socialização masculina,
Esses cadernos têm de fato dois níveis de associada aos valores atribuídos para a
objetivos: masculinidade interferem no comportamento
(a) Objetivos para os educadores que vão usar que adotamos. Existem diferentes formas de
o material; “ser homem”.
(b) Objetivos para os homens jovens Refletir sobre os modelos de masculinidade
participantes nas técnicas: e questioná-los em termos de sua
vulnerabilidade.
Os objetivos específicos para os Compreender as especificidades da saúde
educadores que vão usar o material são: reprodutiva masculina.
Esclarecer sobre os direitos sexuais e
Fornecer um “background” para reprodutivos, relacionando esses direitos
educadores de saúde, professores e específicos ao conjunto dos direitos humanos.
profissionais que trabalhem com jovens nas
questões de saúde e de desenvolvimento que Esperamos e acreditamos que as técnicas
os rapazes e homens jovens enfrentam. incluídas aqui possam de fato mudar
Fornecer exemplos concretos de comportamentos em alguns casos com alguns
experiências de programas para engajar homens jovens. Contudo, para afirmar mudanças
homens jovens nestes temas. de comportamento em razão da participação
Proporcionar exemplos detalhados de nestas técnicas, íamos precisar de mais tempo de
técnicas que educadores de saúde, professores avaliação e condições para uma avaliação de
e outros profissionais podem executar com impacto com grupos de controle e longitudinais,
grupos de homens jovens sobre estes temas. que não dispomos no momento. O que podemos
Fornecer uma lista de fontes, em forma de afirmar via testes de campo realizados é que usar
estudos, informações prévias, vídeos, material estas técnicas como parte de um processo grupal
educativo e contato com organizações que com homens jovens fomenta mudanças de
possam prover informações adicionais sobre atitudes e aquisição de novos conhecimentos em
as necessidades de saúde de homens jovens. face da sexualidade e saúde reprodutiva e da
necessidade de maior igualdade entre homens e
Os objetivos para os homens jovens mulheres, seja entre homens jovens no âmbito
participantes nas técnicas sobre sexualidade público, seja entre homens jovens e seus/suas
e saúde reprodutiva são: parceiros/as nas relações íntimas.
13
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
O ponto central destes cadernos é Muitas das atividades incluídas aqui tratam de
constituído por uma série de técnicas para temas pessoais profundos e complexos como a
trabalhar com homens jovens em grupos. Estas promoção da convivência, a sexualidade e a
atividades foram desenvolvidas e testadas com saúde mental. Nós recomendamos que estas
grupos de 15 a 30 participantes. Nossa atividades sejam facilitadas por pessoas que se
experiência demonstra que o uso deste material sintam bem em trabalhar com estes temas, que
para grupos menores (15 a 20 participantes) é tenham experiência de trabalho com jovens e
mais produtivo, mas o facilitador também pode que tenham apoio de suas organizações e/ou
usar as técnicas descritas para grupos maiores. de outros adultos para executar tais atividades.
Reconhecemos que aplicar estas atividades
não é sempre uma tarefa fácil e nem sempre
Onde e como previsível. Os temas são complexos e sensíveis
– violência, sexualidade, saúde mental,
trabalhar com paternidade, AIDS. Pode haver grupos de
rapazes que se abram e se expressem
rapazes? profundamente durante o processo, assim como
outros que não queiram falar. Não sugerimos
Pode-se e deve-se usar essas técnicas o uso destas técnicas como terapia grupal.
em diversas circunstâncias - na escola, gru- Devem ser vistos como parte de um processo
pos desportivos, clubes juvenis, quartéis de reflexão e educação participativa. A chave
militares, em centros de jovens em con- deste processo é o educador ou o facilitador.
flito com a lei, grupos comunitários etc.
Cabe a ele/a saber se está à vontade com estes
Também podem ser usadas com grupos de
jovens numa sala de espera de uma clíni- temas e se é capaz de administrar as técnicas.
ca ou posto de saúde. Precisa-se, enfim, A proposta deste tipo de intervenção é ir além
de espaço privado, tempo disponível, desta etapa, propiciando reflexões e mudanças
facilitadores dispostos. de atitudes. Como mencionaremos mais
Lembrando que os rapazes, geralmen- adiante, as quatro organizações autoras
te, estão em fase de crescimento, recomen- oferecem oficinas de capacitação no uso dos
da-se também que se ofereça algum tipo cadernos. Os interessados devem entrar em
de lanche ou merenda e que disponham contato com a ECOS ou uma das outras
15
de atividades físicas e/ou de movimento. organizações colaboradoras.
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
18
MÓDULO 1
O Quê e o Porquê
Uma introdução ao tema da sexualidade
e da saúde reprodutiva dos homens jovens.
19
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
20
MÓDULO 1
23
Fonte: UNFPA/ONIJ. In: Diagnóstico sobre Salud Sexual y Reproductiva de Adolescentes en América Latina y el Caribe
(Guzman, José M.; Hakkert, Ralph; Juan Manuel Contreras; Moyano, Martha F.). UNFPA, México, 2001.
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
É preciso salientar ainda que são distintos não correspondem ao ideal de masculinidade
os significados da virgindade para meninas e de nossa cultura.
para meninos. Enquanto em muitas culturas as
garotas ainda têm algum tipo de preocupação A preocupação com a virilidade e com a
com sua primeira relação sexual com demonstração da capacidade de conquista
penetração, para os rapazes o início da vida conduz os rapazes a buscar expressões
sexual pode ser uma fonte inexorável de intensas de desejo sexual: ser “garanhão“,
prestígio e poder diante de sua comunidade7. “comer todas”, “tirar um malho”, “amassar”
ou pelo menos levar seus pares a acreditar
Para os rapazes, o convívio com que agem dessa forma, garantindo assim um
familiares, professores, profissionais de saúde, lugar de prestígio no grupo de convívio. Ainda
colegas e o contato com informações é comum falarem em relacionamentos “para
veiculadas pela mídia influenciam o processo transar” e “para namorar”. Os rapazes
de transformações que marca a adolescência sentem-se pressionados a ter atitudes
e o início da vida adulta, pois atuam mais ousadas, ter iniciativas com mulheres que
como fontes de pressão do que de sejam aprovadas por seu grupo de amigos,
acolhimento e informação. As inquietações seduzir e vangloriar-se de suas conquistas.
masculinas (por exemplo quando o homem Falar e, às vezes, exagerar, mesmo que não
se pergunta se é homem de verdade), em reflita exatamente o que se passou, é
geral, não são abordadas publicamente, pois condição para se sentirem inseridos no grupo.
Fonte: extraído do relatório de pesquisa Warwick, I.; Douglas, N. Agleton P. “Prevenção do HIV: o que os homens jovens gays e
bissexuais afirmam que é necessário.”
Fonte: Cálculos próprios baseados nas pesquisas DHS III. In: Diagnóstico sobre Salud Sexual y Reproductiva de Adolescentes en América Latina
y el Caribe. (Guzman, José M.; Hakkert, Ralph; Juan Manuel Contreras; Moyano, Martha F.) UNFPA, México, 2001.
27
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Homens jovens e o
uso de contraceptivos
No caso do Brasil, por exemplo, observa-se
um incremento no uso de preservativo entre os
jovens, inclusive na primeira relação sexual.
O uso do preservativo, no entanto, se deve
sobretudo ao esforço desenvolvido através das
políticas de prevenção da Aids. Segundo da-
dos da PNDS/199623 os homens em geral co-
nhecem algum tipo de método contraceptivo.
Os mais conhecidos são a pílula, o preservati-
vo e a esterilização feminina. A pesquisa mos-
trou também que a prevalência de uso do pre-
servativo e da vasectomia ainda são bastante
baixas no Brasil, sendo respectivamente 6,2%
e 3,7%. No entanto, quando comparados aos
dados de 1986, refletem um aumento de uso
de 160% e de 225% . Os dados mostram que
entre os jovens não-unidos, mas sexualmente
ativos, o uso atual de algum método é maior
entre as mulheres do que entre os homens: 75%
e 68%, respectivamente. Neste grupo as mu-
lheres usam em maior proporção a pílula (44%) governamentais nesses países, já empobrecidos
e os rapazes o preservativo (42%). A indica- em função de políticas econômicas pouco
ção de que as mulheres usam preferencialmen-
condizentes com as necessidades sociais de
te a pílula revela que a contracepção é plane-
suas populações. Muitas pesquisas no campo
jada pela mulher.
das ciências sociais e humanas, no entanto,
indicam que os jovens muitas vezes vêem na
gravidez justamente a possibilidade de construir
identidades adultas e mais bem integradas,
sendo o filho justamente o motivo de
Devemos focalizar o reorganização e compromisso com a
sociedade27, de possibilidade de inserção no
tema da gravidez? mercado de trabalho, abandono de atividades
de consumo de drogas, etc. A gravidez, que nem
A gravidez na adolescência tem sido um sempre é sentida como um peso pelos/as jovens,
tema extremamente discutido nos últimos muitas vezes é vista como entrave para os
anos24. O crescimento da participação das familiares que se sentem responsáveis pelo
mulheres jovens nas taxas de fecundidade tem cuidado e manutenção financeira dos recém-
sido motivo de infundado alarme25, divulgado nascidos. Os jovens rapazes são muitas vezes
e enfatizado pela mídia. Embora os argumentos afastados da parceira por seus próprios
enfatizem que a gravidez entre as jovens pode familiares, perdendo a possibilidade de
prejudicá-las biológica e socialmente, está estabelecer contato com seus próprios filhos.
subjacente na verdade a ideologia de risco
social26. A idéia de risco reflete um medo social Observar a gravidez, a maternidade e a
de que a sexualidade dos jovens, e paternidade jovem de uma maneira respeitosa
conseqüentemente uma maternidade e e solidária deve ser o papel dos educadores,
paternidade exercidas na juventude, poderão evitando atitudes discriminatórias e auxiliando-
prejudicar a ordem social nos países pobres, os a encontrarem formas possíveis de
O Aborto é um
tema que deve
ser discutido com
os rapazes?
O aborto é uma prática que tem pouco
amparo legal na maior parte dos países da
América Latina. No entanto, a ausência de
opções contraceptivas para as mulheres,
associadas à precariedade das condições de
vida, acaba remetendo muitas jovens e
mulheres adultas a abortos clandestinos que
colocam em risco sua saúde e suas vidas. O O que é saúde
que ocorre com os rapazes diante da
evidência da necessidade de sua parceira reprodutiva
decidir pelo aborto ou não? Estudos realizados
na década de 90 indicam que o fato da masculina? E quais as
gravidez ocorrer no corpo feminino permite ao
homem e, apenas a ele, a chance de evadir-se implicações para os
da responsabilidade pela gravidez. É ela quem
deverá decidir pela continuidade ou pela rapazes?
interrupção, o homem pode omitir-se a essa
decisão29. No entanto, mesmo nos casos em A concepção de saúde reprodutiva, tal como
que há uma empatia e um desejo de participar foi apresentada no texto da Conferência de
da decisão, os rapazes conseguiriam fazê-lo? População e Desenvolvimento do Cairo31 em
Estudos recentes mostram que quando as jovens 1994, teve sua origem a partir da definição de
comunicam aos parceiros a notícia da gravidez, saúde da Organização Mundial de Saúde/OMS:
eles acreditam em sua capacidade retórica de a saúde é um estado de bem-estar total, físico,
convencimento contra o aborto30. Muitas vezes mental e social e não a mera ausência de
os homens acabam influindo sobre as respostas enfermidade ou doença. Quando aplicada ao
adotadas pelas adolescentes frente à sua campo da saúde reprodutiva significa que deve-
gestação e, indiretamente, sobre suas histórias se oferecer às pessoas a possibilidade de ter
de vida. Mesmo levando em conta que, em filhos, de regular sua própria fertilidade de forma
última instância, as mulheres definem a atitude segura e efetiva. Significa também que o processo
final em relação a uma gravidez, os homens de gestar e parir deve ser seguro para a mãe e
pesquisados, especialmente os mais jovens, para a criança, deve ser assegurada às pessoas
confiam em sua capacidade de redirecionar a a possibilidade de desfrutar de sua sexualidade
ação das mulheres. Mas afinal de quem é o sem medo de contrair uma doença, de optar por
poder de decidir? Ambos participaram da interromper uma gravidez, sem sofrer nenhum
construção da gravidez, mas concretamente, tipo de condenação social. Sobretudo, deve-se
em última análise quem decide é a mulher. entendê-la como a saúde de todas as funções e
Devemos ponderar, porém, que do ponto de processos que envolvem a reprodução, tanto
vista ético e de direitos, os homens podem e para homens quanto para as mulheres, e em todas
devem ser parceiros no processo de decisão. as fases de suas vidas.
29
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
30 15-24 anos. Estima-se que cerca de 50% de to- nefícios no processo de mudança.
MÓDULO 1
20-29 21% 27% 34% 41% 41% 33% 25% 36% 33%
30-39 36% 38% 33% 31% 31% 38% 35% 39% 37%
40-49 19% 20% 20% 13% 12% 16% 20% 15% 13%
32
MÓDULO 1
Para assegurarmos que todas as pessoas desen- DIREITO À PRIVACIDADE SEXUAL - O direito
volvam uma sexualidade saudável, os seguin- às decisões individuais e aos comportamentos
tes direitos sexuais devem ser reconhecidos, pro- sobre intimidade desde que não interfiram nos
movidos, respeitados e defendidos. direitos sexuais dos outros.
DIREITO AO PRAZER SEXUAL - prazer sexu-
O DIREITO À LIBERDADE SEXUAL - A liberda- al, incluindo auto-erotismo, é uma fonte de
de sexual diz respeito à possibilidade dos indiví- bem-estar físico, psicológico, intelectual e es-
duos de expressar seu potencial sexual. No en- piritual.
tanto, aqui se excluem todas as formas de coer- DIREITO À EXPRESSÃO SEXUAL - A expressão
ção, exploração e abuso em qualquer época ou é mais que um prazer erótico ou atos sexuais.
situações de vida. Liberdade também de lutar Cada indivíduo tem o direito de expressar a se-
contra todas as formas de discriminação, inde- xualidade através da comunicação, toques, ex-
pendentemente do sexo, gênero, orientação se- pressão emocional e amor.
xual, idade, raça, classe social, religião, defici- DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÃO SEXUAL - sig-
ências mentais ou físicas. nifica a possibilidade de casamento ou não, ao
DIREITO À AUTONOMIA SEXUAL, INTEGRIDA- divórcio e ao estabelecimento de outros tipos
DE SEXUAL E À SEGURANÇA DO CORPO SE- de associações sexuais responsáveis.
XUAL - Direito de uma pessoa de tomar decisões DIREITO ÀS ESCOLHAS REPRODUTIVAS LI-
autônomas sobre a própria vida sexual num contex- VRES E RESPONSÁVEIS - É o direito de decidir
to de ética pessoal e social. Também inclui o con- ter ou não ter filhos, o número e tempo entre
trole e prazer de nossos corpos livres de tortura, cada um e o direito ao acesso aos métodos
mutilação e violência de qualquer tipo. contraceptivos disponíveis.
33
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Os direitos sexuais são direitos humanos participação de homens e de mulheres para que
universais baseados na liberdade inerente, questões éticas sejam preservadas e para
dignidade e igualdade para todos os seres impedir que a defesa de alguns direitos seja
humanos. Ter uma vida sexual plena é um realizada à revelia de outros.
direito fundamental e por isso deve ser
considerado um direito humano básico. Cabe observar que a proximidade entre
contracepção e direitos reprodutivos limita a
Os direitos reprodutivos, por sua vez, formulação do campo dos direitos
“ remetem à possibilidade de homens e reprodutivos, quando está associada apenas
mulheres tomarem decisões sobre sua à fecundidade, isto é, ao número de filhos que
sexualidade, fertilidade, sobre sua saúde cada mulher tem ou deseja ter 48. Nesse
relacionada ao ciclo reprodutivo bem como contexto a referência aos rapazes/homens é
à criação dos filhos. Por preconizarem o sempre muito secundária, minimiza a
exercício de uma escolha, implicam amplo importância da sexualidade e das relações
acesso às informações sobre o assunto, bem de poder subjacentes aos processos
como facilidade de utilização dos recursos reprodutivos. Também tem sido evidenciada
necessários para realizar as escolhas de modo que, mesmo com a crescente capacidade de
eficiente e seguro46”. questionamento das políticas e práticas sociais
em torno da reprodução, não é clara uma
A tarefa continua sendo ainda um grande resposta mais ativa por parte dos rapazes/
desafio, uma vez que homens e mulheres, homens adultos no sentido de formular sua
moças e rapazes vivem em um cenário de participação nos processos reprodutivos. Por
desigualdades de gênero, cujas implicações e outro lado, é grande a resistência de
conseqüências para a saúde, por exemplo, profissionais de saúde e educação, teóricos
recaem sobre as mulheres e jovens do sexo e ativistas de associar os direitos reprodutivos
feminino. Não há dúvida de que há necessidade aos homens.
de prosseguir analisando a relevância e
pertinência de promover os direitos sexuais e Criar consciência no campo dos direitos
reprodutivos dos homens47. Porém, algumas sexuais e dos direitos reprodutivos exige
questões precisam ser consideradas: é possível mobilização pessoal dos próprios jovens, dos
defender direitos sexuais e reprodutivos sem educadores e dos profissionais de saúde.
naturalizar os direitos dos homens e esquecer Sobretudo, necessita um revisão conceitual
os direitos das mulheres, submetidas de como compreender o significado e o
socialmente a situações de desigualdade? Como compromisso dos homens com a reprodução,
conciliar o direito de uma jovem de não ser mãe bem como acreditar que os rapazes podem
e o de um jovem de querer ser pai, ou vice- apresentar atitudes e comportamentos
versa? Pensamos que esse processo de reflexão diferentes daqueles a que estão acostumados,
contínua deve contar sempre com a e acreditar que eles podem mudar.
34
MÓDULO 1
Pontos-Chave
Considerando o cenário acima descrito, 3- A sexualidade deve ser trabalhada em
indicamos cinco pontos que poderão seu sentido amplo. Afinal, ela é muito mais
contribuir para o seu trabalho com homens do que “pau duro” e “comer todas/os”.
jovens: Procure explorar com os rapazes outras
dimensões da sexualidade humana;
1- Procure mostrar aos rapazes que há
diferentes formas de “ser homem”; 4- Mostre porque é bom e importante
conhecer o próprio corpo e que saúde
2- Mostre que existem, sim, diferenças reprodutiva não é assunto só de mulheres,
entre homens e mulheres e que muitas nem direitos sexuais se referem apenas aos
delas somos nós que construímos; é homossexuais;
importante que percebam como essas
diferenças socialmente construídas podem 5- Esclareça-os sobre os direitos sexuais e
ter impactos fundamentais em nossa vida reprodutivos, relacionando esses direitos
cotidiana, gerando discriminação e específicos ao conjunto dos direitos
reforçando desigualdades de gênero; humanos.
35
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Notas
1 Consulte CONNELL, R.W. Masculinities. Berkeley: construcción de la masculinidad y la homosexualidad
University of California Press, 1995. masculina en Brasil. In: VÁLDES, T. y OLAVARRIA, J.
2 VILLELA, W., BARBOSA, R. M. Repensando as rela- Masculinidades y equidad de género en América Latina
ções entre gênero e sexualidade. In: PARKER, R., BAR- . FLACSO/Chile/UNFPA.1998.
BOSA, R. Sexualidades brasileiras. Rio de Janeiro: ABIA; 13 CÁCERES, C.; 2000, op. Cit.; ver também PARKER,
IMS/UERJ; Relume-Dumará, 1996. Richard. Corpos, prazeres e paixões. São Paulo, Best
3 WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999/WHO. Seller, 1991.
“Survey on Programs Working with adolescent boys and 14 Suplicy, Marta. Construindo a cidadania plena.
Young Men”. Prepared by Gary Barker, Instituto Jbonline (http://www.jb.com.br) 2001/05/08.
PROMUNDO, Brazil, Department of Child and 15 Uma pesquisa de opinião pública realizada pela
Adolescent Health and Development, may, 1999. Comissão de Cidadania e Reprodução/CCR, em 4 capi-
4 KIMMEL, M. La producción teórica sobre la tais brasileiras, inclusive São Paulo e Rio de Janeiro, re-
masculinidad; nuevos aportes, Ediciones de las Mujeres, velou que os homens urbanos ainda legitimam este tipo
n.17, pp.129-138; SEIDLER, V. J. (edt.) Men, Sex & de prática. Ver Comissão Cidadania e Reprodução. Se-
Relationships. Routledge: London and New York, 1992. xualidade, saúde e direitos reprodutivos dos homens.
5 CÁCERES, C. F. La reconfiguración del universo sexual São Paulo, 1995 (Série Debates, 4).
– Cultura sexual y salud sexual entre los jóvenes de Lima 16 PARKER, R. Na contramão da Aids – sexualidade,
a vuelta de milenio. Universidad Peruana Cayetano Intervenção, Política. Editora 34. São Paulo. 2000.
Heredia/REDESS Jóvenes. Lima. 2000 17 PAIVA, V., 2000, op cit.
6 Esta é uma perspectiva que aparece no vídeo produzi- 18 Mário Humberto Ruz, em seu trabalho “La semilla del
do pela ECOS, “Meninos a primeira vez”, e que se man- hombre, Notas etnológicas acerca de la sexualidad y
tém bastante atual. Ver também HEILBORN, M.L. Cons- reproducción masculinas entre los mayas. (In: LERNER,
trução de si, gênero e sexualidade. In: HEILBORN, M.L S. (edt.) Varones, Sexualidad y Reproducción. El Colegio
(org.) Sexualidade, o olhar das ciências sociais. Rio de de México: Sociedad Mexicana de Demografía, (1998)
Janeiro, Editora Jorge Zahar, 1999. mostra como entre os povos maias há atribuições sim-
7 HEILBORN, M.L.1999, op.cit. bólicas distintas para o significado da vida sexual, e para
8 Consulte também o Caderno Da Violência para a Con- os distintos momentos do ato sexual e do processo
vivência. reprodutivo, conforme as variações de significados as-
9 SZASZ, I. Los hombres y la sexualidad; aportes de la sociadas ao feminino e masculino, dependendo da cul-
perspectiva feminista y primeros acercamientos a su es- tura local e de aspectos de seu desenvolvimento sócio-
túdio en México. In: LERNER, S. (edt.) Varones, cultural e político.
Sexualidad y Reproducción. El Colegio de México: 19 Ver STEIN, J.H.; REISER, L. A study of White middle-
Sociedad Mexicana de Demografía, 1998. class adolescent boys’ responses to “semenarche” ( The
10 PAIVA, Vera. Fazendo arte com a camisinha. São Pau- first ejaculation. Journal of Youth and Adolescence, vol
lo: Summus, 2000. Desenvolvendo metodologias de tra- 23. N.3.1994)
balho em sexualidade com os jovens, a autora obser- 20 OLIVEIRA, Maria Coleta, BILAC, Elisabete & MUSZKAT,
vou como são importantes os cenários em que ocorre a Malvina. Homens e Anticoncepção: um estudo sobre
socialização dos meninos, pois concepções de ser “ma- duas gerações masculinas das camadas médias paulistas.
cho” e “provedor” estão presentes no cotidiano dos Texto não impresso, 2000.
meninos desde a infância; e ser agressivo também é com- 21 BEMFAM. Adolescentes, jovens e a Pesquisa Nacio-
ponente importante no processo de tornar-se homem. nal sobre Demografia e Saúde. Um estudo sobre
11 Consulte também o Caderno Razões e Emoções. fecundidade, comportamento sexual e saúde
12 CACERES, C. F.; ROSASCO, A . - Secreto a Voces. reprodutiva. Rio de Janeiro: BEMFAM, 1999.
Homoerotismo masculino en Lima; Culturas, Identida- 22 Ministério da Saúde/Secretaria de Políticas de Saúde/
des y Salud sexual. REDESS Jóvenes. Lima, 2000; ver Coordenação Nacional de DST e Aids. Aceitabilidade
também PARKER, Richard.1991 op. cit. e PARKER, do Condom Feminino em Contextos Sociais Diversos.
36 Richard. Hacia una economia política del cuerpo: Relatório Final de Pesquisa, Brasília, 1999.
MÓDULO 1
37
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
38
MÓDULO 2
Como
O que o educador pode fazer
39
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
40
MÓDULO 2
destacar
té c n ic a permite
Esta õem a
que comp
elementos sculinidade e de
ma
noção de vigente
u a li d a d e masculina
sex
cultura.
em nossa
1
Aquecimento
Objetivo: aumentar o conhecimento das particularidades de
cada um, de seus gostos, desejos, etc., facilitando o
autoconhecimento, a comunicação e a integração do grupo.
Perguntas para
Procedimento discussão
1- Peça aos participantes que, individualmen- O que faz com que gostemos mais de de-
te, escolham um personagem de que tenham terminados personagens do que de outros?
gostado em um filme ou numa novela. Em Existe alguma característica deste persona-
seguida, solicite que, em duplas, expliquem gem com a qual nos identificamos? Qual?
um ao outro por que escolheram aquele per- Nos dias de hoje, quais são as caracterís-
sonagem, as coisas que admiram ou não em ticas masculinas mais valorizadas? E as
suas ações, atitudes e valores. mais desvalorizadas?
2- Após aproximadamente 10 minutos, cada Quais as expectativas que a sociedade
participante apresentará ao grupo o perso- tem sobre os homens? O que vocês gosta-
nagem escolhido pelo companheiro. riam que mudasse?
41
onipotência masculina; turas e ao longo da história universal.
técnica é
Com esta
troduzir o
possível in alidade e
2
xu
tema da se s.
tivo
seus obje
O que é? O que é?
Objetivos: Reconhecer os diferentes significados e dis- Dicas/notas para planejamento: Na hora de
cursos que estão associados aos gêneros, sexualidade contextualizar o que vem a ser homem, sexualidade,
e reprodução. reprodução e mulher, é importante partir das palavras
que foram levantadas pelos próprios participantes.
Materiais necessários: quadro; canetas coloridas. Caso o grupo se mostre tímido, o educador pode co-
meçar dando uma sugestão.
Tempo recomendado: 30 minutos
42
MÓDULO 2
ão
a a discuss
ste ex e rc ício facilit relaçã o às
E nceito em
re co
sobre o p orienta ão
ç
a s q ue têm uma
pess o aioria.
xu al d ife rente da m
se
3
Campanha contra o Preconceito
Objetivo: Incentivar a reflexão sobre o preconceito e Dicas/notas para planejamento: O educador pode
a discriminação. Despertar a capacidade criativa di- iniciar a discussão explicando que da mesma forma
ante de questões polêmicas. que existem diferenças quanto a maneiras de pensar,
agir e encarar a vida, existem também atitudes e com-
Tempo recomendado: 120 minutos portamentos diferenciados em relação à expressão
da sexualidade.
Material: cartolinas ou papel pardo para cartaz; lápis
e canetas coloridas; tesoura; cola; revistas velhas, etc.
Técnica 5: Diversidade
e Direitos: eu e os
outros
Orientação Sexual
Pode ser definida como a sensação de A Organização Mundial de Saúde e as
sermos capazes de nos relacionar amoro- principais associações científicas internaci-
sa ou sexualmente com alguém. No mun- onais deixaram de considerar a homosse-
do todo, o termo orientação sexual é usa- xualidade como desvio ou doença, mas uma
do para indicar se esse relacionamento orientação sexual tão saudável quanto a
será com alguém do sexo oposto (heteros- bissexualidade ou a heterossexualidade.
sexual), do mesmo sexo (homossexual) ou Não existe nenhuma lei no Brasil que con-
com pessoas de ambos os sexos (bissexual). dene as relações afetivo-sexuais entre pes-
soas do mesmo sexo; mesmo setores mais
Luis Mott, professor e fundador do Grupo progressistas de igrejas de diferentes credos
Gay da Bahia (Brasil), costuma afirmar que para propõem que a prática homossexual não é
entendermos mais sobre a sexualidade, deve- pecado.
mos partir de três postulados fundamentais da
Antropologia da Sexualidade: a sexualidade No Brasil, a Constituição Federal tem
humana não é instintiva, mas uma construção como um dos seus objetivos fundamentais
cultural; a cultura sexual humana varia de povo lutar contra todas as formas de preconcei-
para povo e se modifica ao longo do tempo to. E a homofobia (aversão à homossexua-
dentro da mesma sociedade; não existe uma lidade) "é ainda o principal preconceito de
moral sexual natural e universal, portanto, a nossa sociedade, pois age não apenas na
sexualidade humana é amoral no sentido de rua e nas instituições públicas, mas sobre-
que cada cultura determina, por razões subje- tudo dentro de casa, tornando-se a família
tivas e nem sempre salutares, quais comporta- de jovens gays, muitas vezes, o principal
mentos sexuais serão aceitos ou condenados. agente discriminatório".
44 1
Mott, Luiz. O Jovem homossexual, in O prazer e o pensar. São Paulo: Editora Gente, 1999.
MÓDULO 2
rtância do
e n fa ti za a impo ,
Esta técn ic a masculino
cim e nto do corpo s que
conhe os mito
o desfazer ente
procurand pazes (e posteriorm om
afastam o
s ra uidado cs
e n s ad u ltos) dos c
os hom
a saúde.
sua própri
4
Corpo Reprodutivo
Objetivo: Levantar o grau de conhecimento do gru- masculinos e femininos e sua descrição (fichas 1 e 2),
po a respeito dos órgãos sexuais internos e externos figuras do aparelho reprodutor masculino e feminino.
do homem, observando qual a relação que os parti-
cipantes estabelecem com seu corpo. Esclarecer quais Dicas/notas para planejamento: A maioria dos rapa-
são os cuidados que os homens jovens devem ter zes desconhece seus próprios corpos, ou acredita
com seu corpo reprodutivo. que não precisa se dedicar a compreendê-lo por ele
ser muito simples. Muitos conhecem apenas a mecâ-
Tempo recomendado: 120 minutos nica do seu funcionamento (ereção), aspecto crucial
na estruturação da identidade sexual dos jovens ra-
Materiais necessários: papel e lápis para todos, saqui- pazes, o que acaba comprometendo a sua higiene e
nho com nomes dos órgãos sexuais internos e externos saúde.
45
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Caderno “Razões e
Emoções”
Procedimento Técnica 1:
Corpo de Jovem
1- Antes de iniciar o exercício, recorte a fi-
cha com os nomes e as descrições dos ór-
gãos sexuais masculinos e femininos e os
coloque em um saquinho.
2- Divida os participantes em duas equipes e
peça que escolham um nome para cada uma
delas.
3- Explique que cada pessoa da equipe vai
retirar um papel do saquinho e terá que fazer Perguntas para
uma mímica com as informações contidas no
papel, para a outra adivinhar qual órgão discussão
genital - masculino ou feminino- que foi reti-
rado. Ao contrário de outras brincadeiras, a Quais foram os órgãos mais difíceis de
equipe que apresenta só receberá um ponto adivinhar? Por quê?
se a equipe adversária conseguir adivinhar Quais os que vocês já conheciam?
do que se trata. Informar, ainda, que perderá Vocês acham importante saber o nome e
pontos a equipe que apontar para o órgão a para que servem os órgãos genitais mas-
ser descoberto, que falar ou escrever seu culinos externos e internos? Por quê?
nome. Por que tem homem que acha que, já que
4- As equipes disputam no par ou ímpar quem ele não engravida, não precisa saber des-
vai começar e continuam a brincadeira até sas coisas?
acabarem os papéis do saquinho. Que tipo de cuidados o homem tem que ter
5- Anote os pontos no quadro, felicite a equi- com o seu corpo reprodutivo? E a mulher?
pe vencedora, e comente o que percebeu no Qual você acha que é mais complexo, o
desenrolar da oficina (competição, colabora- corpo reprodutivo feminino ou o masculi-
ção, etc). no? Por quê?
46
MÓDULO 2
FOLHA DE TRABALHO 1
Pênis: membro com função urinária e Testículos: são as glândulas sexuais masculinas
reprodutora. É um órgão muito sensível, cuja função é a produção de hormônios e de
cujo tamanho varia de homem para ho- espermatozóides. Um dos hormônios produzidos
mem. Na maior parte do tempo o pênis fica é a testosterona, responsável pelas características
flácido, mole. Mas quando os tecidos do secundárias masculinas, como pêlos, voz,
corpo esponjoso se enchem de sangue du-
rante a excitação sexual, aumenta de vo-
47
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
FOLHA DE TRABALHO 2
48
MÓDULO 2
possível
esta técnica é
C om tismo
que é o ero s
explicar o ere
ens e mulh
e que hom ualmente a
ig
respondem ticos.
s e ró
estímulo
5
Corpo Erótico
Objetivo: Discutir o que é o desejo, a excitação e o mento dos jovens uma vez que o pouco espaço de
orgasmo. Esclarecer que as necessidades sexuais são discussão que existe sobre este tema dá margem a
iguais tanto para os homens quanto para as mulheres. fantasias em relação ao desempenho sexual. Procure
trabalhar a compreensão de que vida sexual ativa não
Tempo recomendado: 60 minutos significa necessariamente coito, relação sexual com-
pleta e que há muitas outras formas de contato, inti-
Material: revistas velhas, tesouras, papel sulfite e cola. midade e prazer. Leve essa discussão da forma mais
aberta e descontraída possível, mesmo que eles riam
Dicas/notas para planejamento: Informações sobre e façam piadas. É pura defesa deles frente às novas
os mecanismos do desejo, da excitação e do orgas- informações. Não se esqueça, também, de reforçar a
mo podem diminuir a insegurança e o constrangi- necessidade de se protegerem.
Perguntas para
Procedimento discussão
1- Solicite que façam grupos de 4 ou 5 pesso-
as e distribua uma folha de papel para cada O que é desejo? Homens e mulheres sen-
participante, algumas revistas e um tubo de tem desejo? Têm diferenças?
cola para todo o grupo. Como sabemos que um homem está ex-
2- Explique que, inicialmente, cada pessoa citado? E uma mulher?
deve fazer uma colagem utilizando as revis- Como os homens se excitam?
tas e a cola sobre o que entende por corpo Como as mulheres se excitam?
erótico masculino. Homens e mulheres se excitam do mes-
3- Conforme forem terminando, solicite que mo modo? Qual a diferença?
façam o mesmo, só que pensando no corpo O que é orgasmo?
erótico feminino. Como é o orgasmo masculino? E o feminino
Quando terminarem, peça que montem uma E o orgasmo feminino, como é?
exposição com as colagens. Solicite que, Qual é a importância do afeto em uma
quem quiser, fale das suas construções. relação sexual?
49
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
uz o
ade introd
Esta ativid ro dutiva
a d a S aúde Rep
te m idados
ns e os cu
dos home o
s para com
necessário o.
orp
próprio c
6
Responda, ... Se Puder
Objetivo: Discutir as crenças, opiniões e atitudes do uma relação sexual?
grupo sobre temas relacionados à sexualidade e à - O que um homem mais teme que aconteça na hora H?
saúde reprodutiva. - Que tipo de problema o homem pode ter na hora da
relação sexual? (veja Box)
Tempo recomendado: 30 minutos - O que um homem pode fazer quando ejacula muito
depressa?
Materiais: Sete bexigas cheias de ar com tiras de - O homem tem mais necessidade de sexo que a
perguntas em seu interior. Sugestões de perguntas: mulher? Por que?
- O que é masturbação? - Como se sente um homem quando dizem que o
- É verdade que a masturbação pode afinar o pênis, pênis dele é pequeno? Como ele reage?
encher a cara de espinhas e fazer crescer pêlos na - Por que alguns homens dizem que quando surge
palma da mão? uma mulher começa a pensar com a cabeça do pênis
- Como é que se deve lavar o pênis? e não consegue se controlar? É verdade isso?
- Como se faz o exame preventivo de câncer de - O que você acha do sexo virtual?
testículo? (veja Box)
- Como se faz o exame preventivo de câncer de pênis? Dicas/notas para planejamento: A idéia é que esta
(veja Box) atividade seja informal e divertida. Não se preocupe
- Como se faz o exame preventivo de câncer de se durante as respostas não for possível aprofundar
próstata? (veja Box) os temas. Ao final, retome as respostas que ficaram
- O homem pode urinar dentro da mulher durante incompletas.
50
MÓDULO 2
Perguntas para
Procedimento discussão
1- Peça que os participantes formem um úni- Como o homem cuida do seu corpo?
co círculo. Depois de formado, informe que O tamanho do pênis é importante para o
vai passar, de mão em mão, uma bexiga com homem? Por que?
uma pergunta dentro. Quando disser já, a Por que é tão difícil para alguns homens
pessoa deve estourar a bexiga, pegar a per- procurar um urologista?
gunta e tentar respondê-la. Que exames preventivos um homem pode
2- Se a pessoa não souber respondê-la, quem fazer para evitar certas doenças?
estiver à sua direita responde. As outras pes- Como é que ele poderia se prevenir das
soas poderão ajudar quando necessário, para Doenças Sexualmente Transmissíveis e da
completar a resposta. Aids?
3- As sete perguntas são discutidas na medi- Como é que deve ser feita a higiene ínti-
da em que são respondidas pelo grupo. ma do homem?
51
morbidade e de mortalidade por causa ex- portamento sexual masculino.
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
52
MÓDULO 2
Exame de próstata
A próstata é uma glândula responsável por ções urinárias, interrupção total do fluxo de
30% do volume de esperma de um homem. urina e até insuficiência renal.
Metade dos homens na faixa de 50 anos en- O câncer de próstata é o crescimento
frenta sintomas, como dificuldade de urinar, desordenado das células dentro da prósta-
necessidade de ir ao banheiro várias vezes, ta. Ele atinge um a cada 12 homens com
gotejamento final, jato fraco e sensação de mais de 50 anos. Em geral essa doença só
que a bexiga está sempre cheia. Essas alte- produz sintomas quando já está em grau
rações aparecem em conseqüência do cres- mais avançado (como dor e sangue ao uri-
cimento da próstata e do aumento da sua nar) . Quando diagnosticado precocemente
porção muscular que comprime a uretra e o câncer de próstata tem um grande índi-
dificulta a eliminação da urina armazenada ce de cura. Existem três tipos de exame:
na bexiga. O problema é conhecido como toque retal, ultra-sonografia e dosagem de
hiperplasia benigna de próstata (HBP) e, por PSA (proteína liberada pelas células da
enquanto, não há nenhuma forma eficaz de próstata e que aumenta muito quando o
preveni-la. Somente um urologista (médico órgão é atingido pelo câncer) no sangue.
especialista em órgãos sexuais masculinos) O exame de toque retal é o mais simples.
pode indicar o melhor tratamento. Caso não Consiste na introdução, por um profissio-
seja tratado, o aumento da próstata pode nal, do dedo no ânus do cliente para sentir
gerar algumas complicações sérias: infec- a consistência e o tamanho da próstata.
53
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Disfunção Sexual
É quando um homem ou uma mulher apre- Disfunções sexuais mais comuns entre os
senta algumas dificuldades, físicas ou psico- homens:
lógicas, de expressar ou de usufruir prazer Disfunção erétil - é quando o homem
sexual. Por exemplo, homens que não con- não consegue ter uma ereção. Pode ser de
seguem ter ereção, ou que tem ejaculação duas formas: primária (quando o homem
precoce; mulheres que não sentem desejo nunca obteve uma ereção) ou secundária
sexual ou que não conseguem ter orgasmo. (quando aparece em um homem que antes
As disfunções podem ter causas orgânicas nunca teve problemas de ereção). A ere-
(doenças circulatórias, diabetes, lesões na ção está intimamente ligada ao desejo. Sem
medula, efeitos colaterais de medicamen- desejo, ou com a quebra dele, ela fica com-
tos, drogas, etc.), ou psicossociais (educa- prometida.
ção muito repressiva, ansiedade sobre o Ejaculação precoce - é quando o ho-
desempenho sexual, culpa, problemas en- mem ejacula antes de penetrar na vagina,
tre os parceiros, experiências anteriores ou logo após a penetração.
frustrantes ou traumáticas, estresse, Ejaculação retardada - é quando o ho-
atribulações do dia-a-dia, etc.). mem é incapaz de ejacular.
54
MÓDULO 2
é possível
exercício
Com este ia dos
importânc
abordar a a das
s na vid
sentimento stionar as
que
pessoas e
ções d e poder.
rela
7
Pessoas e Coisas2
Objetivos: facilitar o reconhecimento das relações assume um de poder e autoridade, ao invés dela bus-
de poder e identificar os códigos de comunicação car relações de eqüidade, repete exatamente as mes-
que são utilizados nestas relações. Analisar como as mas relações de poder, mesmo já tendo passado por
relações de poder influem na negociação de práticas experiências que havia considerado injustas. É im-
de sexo seguro. portante que, como educadores, enfatizemos o pa-
pel que os padrões culturais e sociais das relações de
Tempo recomendado: 60 minutos poder têm na vida das pessoas. Discutir como as pes-
soas que não se respeitam e não se aceitam, que vi-
Dicas/notas para planejamento: Lembre-se que, ge- vem insatisfeitas consigo mesmas, necessitam exer-
ralmente, quando os papéis se invertem, ou seja, cer esse tipo de poder sobre os demais para sentirem
quando uma pessoa deixa um papel de submissão e que têm controle de suas vidas.
2
Esta técnica foi reproduzida e adaptada da publicação Guia para capacitadores y capacitadoras en Salud
Reproductiva. New York: IPPF, 1998.
55
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Caderno
“Paternidade e
Cuidado”
Técnica 1: Eu te
cuido, tu me
cuidas: o que é
cuidar?
56
MÓDULO 2
o desta
a utilizaçã cutir
A partir d íve l dis
é poss
atividade d a afe tividade
ncia
a importâ uma
idade em
e da intim
xual.
relação se
8
São Tantas Emoções...3
Objetivos: Explorar a diversidade e amplitude de sen- Dicas/notas para planejamento: Esta atividade requer
sações e emoções que existem em um relacionamen- um grupo com maior maturidade e que não se sinta
to a dois. ameaçado por estar fazendo uma atividade pouco
racional. O ideal é que seja aplicado quando o grupo
Tempo: 60 minutos já estiver seguro de que se encontra entre amigos e
que poderá se expor, sem perigo de gozações futuras.
Materiais: fita cassete de música suave, gravador, fo- De qualquer modo, vale pedir seriedade ao grupo
lhas grandes de papel, colchonetes e travesseiros. antes de iniciá-la.
3
Esta técnica foi reproduzida e adaptada da publicação Guia para capacitadores y capacitadoras en Salud
Reproductiva. New York: IPPF, 1998.
57
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Perguntas para
discussão Caderno “Razões e
Emoções”
O que estava acontecendo na imagem que
vocês guardaram dessa experiência? Técnica 4:
A Muralha
Por que vocês consideraram esta
experiência agradável?
Como vocês estavam se sentindo?
Que emoções surgiram nessa experiência?
Como você acha que a pessoa que estava
com você se sentia?
Vocês acham que homens e mulheres têm
as mesmas emoções? Quais são iguais?
Quais são diferentes?
Homens e mulheres mostram as suas
emoções do mesmo modo? Se não, o que
têm de diferente?
58
MÓDULO 2
possível
técnica é
Com esta ncia de se
on st rar a importâ
dem etas e
rm ações corr
te r in fo s métodos
as sobre o
apropriad cendo a
tr ac ep tivos, favore
con
um deles.
opção por
9
Sexualidade e Contracepção
Objetivos: Levantar os métodos anticoncepcionais Folha de Apoio.
mais conhecidos, discutir a responsabilidade da
contracepção e os critérios utilizados para se esco- Dicas/notas para planejamento: Na medida do pos-
lher um método. sível, procure levar cada um dos métodos para a
oficina. Entretanto, na hora da discussão, além da
Tempo recomendado: 90 minutos parte técnica de cada um deles, suas vantagens e
desvantagens, é importante enfatizar os aspectos
Materiais necessários: amostras de contraceptivos afetivos e sócio-culturais que têm relação com o uso
e/ou desenhos dos métodos; papel; lápis e canetas e ou não de métodos.
59
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
60
de negociação. Sabe-se que muitas vezes os dem para que isso não aconteça.
MÓDULO 2
- são práticas que pequeno objeto os que utilizam são comprimidos ou Esterilização - não é
dependem de plástico e produtos ou substâncias injeções feitos com exatamente um método
Folha de Apoio
basicamente do cobre, com um instrumentos químicas hormônios contraceptivo, mas uma
comportamento fio de nylon na que, fazem uma que, sintéticos cirurgia que se realiza
do homem ou da ponta, que é barreira, quando derivados dos no homem ou na
mulher e da colocado no impedindo o colocadas naturais. mulher com a finalidade
observação do interior do contato dos na vagina, de evitar definitivamente
próprio corpo. útero. espermatozóides matam ou a concepção. A
com o óvulo. imobilizam esterilização feminina é
os esper- mais conhecida por
matozóides. laqueadura ou ligação
de trompas; a
masculina, por
vasectomia.
Tipos
fecundação pela acesso dos encontro dos que matam ou ovulação. interrompe a saída
abstinência sexual espermatozóides espermatozóides imobilizam os Usar com de espermatozóides
no suposto ao óvulo. com o óvulo. espermatozói- orientação médica. na ejaculação.
período fértil. Só Necessita des. Deve ser
devem ser usados acompanhamento utilizado em Laqueadura: impede
em combinação médico a cada combinação o encontro do óvulo
com 6 meses. com o com o
preservativo/ preservativo/ espermatozóide.
diafragma. diafragma.
Vantagens
Fonte: Petta, C.A. e Faundes, A. Métodos Anticoncepcionais. São Paulo: Editora Contexto, 1998.
61
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Contracepção de Emergência
Não é um método anticoncepcional. É uma implante no útero. O primeiro deve ser to-
forma de se evitar a gravidez para quem mado dentro de, no máximo, 72 horas de-
teve uma relação sexual sem proteção ou pois da relação sexual sem proteção e a
se a camisinha estourou. São dois compri- segunda dose, 12 horas após a primeira.
midos que tanto podem impedir ou retar- Importante: não deve ser usado rotineira-
dar a liberação de um óvulo do ovário, mente para evitar a gravidez, só em situa-
como impedir que um ovo fertilizado se ções emergenciais.
62
MÓDULO 2
a
ade abord
Esta ativid gravidez
da
a questão
po nto d e vista
do
o .
masculin
10
Gravidez na Adolescência:
A História de Tiago
Objetivo: Identificar como os participantes se relaci- ca, é preciso ouvir e conhecer o mundo dos homens
onam com um caso de gravidez na adolescência. jovens diante desta situação. As pressões e os cons-
trangimentos que sofrem, podem nos dar pistas das
Tempo recomendado: 60 minutos dificuldades que eles enfrentam na hora de optar e
usar um método contraceptivo. Aproveite a discus-
Materiais necessários: cópia do estudo de caso para são para debater igualdade entre os sexos, valores,
cada grupo, caneta/lápis para todos. sentimentos e emoções, etc. Procure, também, alertar
os jovens quanto ao seu papel na contracepção e
Dicas/notas para planejamento: Mais do que nun- estimule-os a usar sempre o preservativo.
63
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Caderno “Paternidade
e Cuidado”
Técnica 9: Mural
egípcio: a gravidez
na adolescência
Perguntas para
Procedimento discussão
1- Solicite que formem grupos de 5 ou 6 pes- Que opções tem um casal quando se des-
soas. cobre “grávido”?
2- Em seguida, informe que cada grupo rece- Qual é a reação da jovem quando ela des-
berá uma pequena história, que deve ser lida cobre que está grávida?
e que, depois, se responda às perguntas no Qual é a reação do jovem quando ele des-
fim da página. cobre que a namorada está grávida?
3- Explique, ainda, que essa história virá em E se for uma jovem com quem ele só saiu
3 partes. Conforme os grupos terminarem uma uma vez? É diferente? Por que?
parte, receberão a próxima. Como é que se sente um jovem quando
4- Quando todos os grupos terminarem, um re- descobre que vai ser pai? O que isso muda
presentante de cada grupo lerá as respostas. em sua vida? E na vida de uma adoles-
cente?
64
MÓDULO 2
Estudo de Caso
A história de Tiago - parte 1
Tiago é um garoto de 16 anos que vive em uma cidade O que sente um garoto quando está apaixonado?
à beira mar. O que ele espera que aconteça nos próximos
Como todo jovem, Tiago estuda, adora conversar com encontros?
os amigos, olhar para as garotas de biquíni na praia e ir Vocês acham que Camila sente e espera o mesmo
a shows musicais. que Tiago?
Num desses shows, Tiago conheceu Camila, uma jovem Como vocês acham que continua essa história?
de 15 anos que estava passando férias em sua cidade.
A paixão foi imediata!
Os beijos que trocaram tinham outro sabor, o contato
com o corpo dela provocava sensações que ele nunca
tinha tido e ele só fazia pensar nela.
Finalmente Tiago tinha encontrado o amor de sua vida.
odemos
m e st a a tividade, p as
Co ara
o jovem p
despertar n v o lv id as na
es e
dificuldad ss ível
numa po
gravidez e borto.
ea
situação d
11
O Homem e o Aborto4
Objetivo: Propiciar uma reflexão sobre o aborto do xual não se propõe a fazer uma campanha a favor ou
ponto de vista masculino. contra o aborto. Apenas é preciso estar consciente da
seriedade do problema. Em vista das deficiências no
Tempo recomendado: 90 minutos atendimento à saúde, à educação e dos baixos recur-
sos da população, temos que ajudar os jovens a enten-
Materiais necessários: papel, canetas ou lápis. der o que a prática do aborto significa. Para debater é
muito importante que você se sinta à vontade e que
Dicas/notas para planejamento: Uma boa forma de consiga ser o mais imparcial possível, pois, este assun-
começar essa discussão é debatendo os casos em que to, poderá trazer à tona os valores de cada um e não
o aborto é permitido por lei em seu país e alertar sobre cabe a nós, educadores, julgar os atos das pessoas. Na
as condições precárias em que o aborto clandestino é medida do possível, providencie dados estatísticos
realizado. Lembre-se que o trabalho de educação se- sobre o aborto na adolescência em seu país.
4
Esta técnica foi reproduzida e adaptada da publicação Caderno do Jogo de Corpo – livro do professor, São
Perguntas para
Procedimento discussão
1- Solicite que cada participante pense em al- Em que casos o aborto é legalizado em
guma situação em que o aborto esteja presen- seu país?
te. Esta situação pode ser tirada de alguma his- Nesta história, o aborto era legalizado?
tória real ou de um filme, livro, novela, etc. Que motivos levam uma jovem a optar por
2- Peça, então, que escrevam essa história um aborto?
ressaltando os motivos pelos quais o aborto Que motivos levam um jovem a propor que
foi cogitado/realizado. a mulher aborte?
3- Em seguida, peça que cada participante Como se sente uma jovem que faz um
leia somente os motivos que levaram o/a per- aborto?
sonagem a uma situação de aborto e forme Como se sente um jovem quando sua na-
grupos com os participantes que levantaram morada faz um aborto? E se isso ocorrer
motivos semelhantes (exemplo: por estupro; em uma relação eventual?
porque o namorado não quis assumir o filho; O que um jovem pode fazer para que não
porque a jovem não quis estragar o corpo com se chegue a esta situação?
uma gravidez, etc). O que uma jovem pode fazer para que não
4- Em grupos, solicite que cada participante se chegue a esta situação?
leia a sua história e que eleja a que lhe pare- Como se sente um jovem quando ele de-
ça melhor elaborada. seja ter o filho mas sua companheira de-
5- Vinte minutos depois, peça que cada gru- cide por abortar?
po faça a sua apresentação. No final de cada Como se sente uma jovem que deseja ter
uma, peça aos participantes que se o filho mas seu companheiro é contra?
posicionem em relação a cada caso apresen- Como se sente um jovem quando fica sa-
tado, fazendo uma votação se a opção deve- bendo que sua namorada fez um aborto
ria ou não ser o aborto. sem falar com ele a respeito?
67
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Caderno
“Da Violência para
Convivência”
Técnica 7: Violência
Sexual: é ou não é?
68
Fonte: www.redesaude.org.br
MÓDULO 2
levar o
de procura
Esta ativida r e a reconhecer
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jovem a re ilidade
tuaçõ es de vulnerab
si
Aids.
perante a
12
Vulnerável, Eu?5
Objetivo: Identificar situações de vulnerabilidade fren- existem atitudes individuais diante de determinadas
te à Aids e sensibilizar os participantes sobre o quan- situações que fazem com que alguns jovens colo-
to eles estão ou não expostos à possibilidade de con- quem em risco sua própria saúde e a de outro. Entre-
taminação pelo HIV/Aids. tanto, destaque que a maior ou a menor
vulnerabilidade não é definida apenas por questões
Tempo recomendado: 90 minutos pessoais. Que no caso da Aids, por exemplo, tem a
ver com a forma que um determinado o país está
Materiais necessários: tiras com as situações de investindo na informação sobre a doença; se existem
vulnerabilidade; lápis ou canetas/ pincel atômico; fita programas específicos de prevenção às DST/Aids sen-
adesiva; uma folha de papel grande. do implantados nas escolas e acesso aos serviços de
saúde e ao preservativo; se existe verba disponível
Dicas/notas para planejamento: Comece explican- para estes programas; se as mulheres têm os mesmos
do o que vem a ser vulnerabilidade. Explique que direitos e oportunidades que os homens, etc.
Procedimento
1- Depois de definir o que significa o termo pel pardo no chão e divida-as em três colunas.
vulnerabilidade (veja box), divida os partici- Na primeira coluna, escreva Vulnerável, na se-
pantes em pequenos grupos e solicite que re- gunda, Não Vulnerável e na terceira, Não Sei.
flitam sobre as diferentes formas com que os Peça que cada participante leia sua tira e que a
jovens se relacionam. coloque na coluna correspondente. Solicite que
2- Proponha que façam uma lista sobre as si- expliquem o porquê daquele risco ou não-risco.
tuações que eles acham que ficam mais vul- Quando terminar, pergunte aos outros se concor-
neráveis em relação à contaminação pelo dam ou não. No caso do participante não saber a
vírus da Aids. resposta, solicite que os outros colaborem.
3- Peça que guardem a lista, por enquanto, e 6- Quando as tiras terminarem, solicite que um
que façam um grande círculo. representante de cada grupo leia a lista de si-
4- Distribua as tiras de papel com as situações tuações de vulnerabilidade que fizeram ante-
de vulnerabilidade previamente elaboradas. riormente e que coloquem no quadro as que
5- No centro do círculo, coloque as folhas de pa- elaboraram e que não foram contempladas.
5
Extraída e adaptada do Caderno Adolescência e Drogas, São Paulo: ECOS, 1999.
69
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Perguntas para
discussão Manual “Razões e
Emoções”
Por que vocês acham que os jovens são con-
siderados um grupo de grande vulnerabilidade Técnica 9:
em relação à Aids? Em que situações vocês Decidindo
percebem esta vulnerabilidade?
Fora a Aids, que outras situações vocês co-
nhecem em que os jovens estão vulneráveis?
Em um relacionamento, o que deixa as
pessoas vulneráveis?
Quando um homem fica mais vulnerável?
E uma mulher?
70
MÓDULO 2
Respostas Corretas
•Relações sexuais com diferentes companhei- proteção. (V)
ros/as sem proteção. (V) •Massagem nas costas. (NV)
•Relações sexuais em diversas posições Masturbar-se mutuamente sem introduzir os
usando camisinha. (NV) dedos na vagina ou no ânus. (NV)
•Injetar-se drogas compartilhando agulhas ou •Relações sexuais usando camisinha. (NV)
seringas. (V) •Sexo oral com camisinha. (NV)
•Relações sexuais usando contraceptivos •Sexo anal sem camisinha. (V)
orais. (V) •Nadar em piscina pública. (NV)
•Sair com uma pessoa infectada com o HIV. (NV) •Ir a um dentista que esteriliza seu equipa-
•Dançar, em uma discoteca, com um desco- mento de trabalho. (NV)
nhecido. (NV) •Furar as orelhas ou fazer piercing sem
•Ter relações sexuais ocasionalmente sem esterilizar a agulha. (V)
Vulnerabilidade6
De acordo com José Ricardo Ayres, dem funcionar como uma barreira à prevenção
vulnerabilidade é um termo tomado de emprés- e ao autocuidado: nem todos os jovens têm
timo da Advocacia Internacional pelos Direi- acesso à informação e a serviços de saúde es-
tos Humanos que "designa grupos ou indivíduos pecíficos; as mulheres ainda têm muita dificul-
fragilizados, jurídica ou politicamente, na pro- dade para negociar o uso da camisinha com seus
moção, proteção ou garantia de seus direitos parceiros; a distribuição de preservativos e ou-
de cidadania". tros métodos contraceptivos é insuficiente; o
Este conceito nos permite analisar a maior ou número de programas de prevenção e de aten-
menor vulnerabilidade, de uma pessoa ou de dimento a adolescentes vítimas de violência
um grupo, a partir de três planos: ainda é muito pequeno.
Individual: diz respeito às características espe- Finalmente, a vulnerabilidade programática
cíficas de um determinado grupo, gênero ou fai- detecta a maior ou menor vulnerabilidade e diz
xa etária. Em relação a adolescentes e jovens, respeito à existência ou não de programas e ações
podemos perceber esta vulnerabilidade a partir, voltados às necessidades destes jovens. Quanto
primeiramente, das próprias características da maior for o grau e a qualidade do compromisso
idade. Por exemplo: a sensação de onipotência; do Estado, dos recursos disponíveis para progra-
a necessidade de buscar o novo e de transgredir; mas na área da sexualidade e da saúde
a dificuldade de lidar com as escolhas e o con- reprodutiva, maiores serão as possibilidades de
flito entre a razão e o sentimento; a urgência fortalecê-los na busca por uma vida afetiva e
em resolver os problemas e os desejos e a gran- sexual mais saudável e responsável.
de dificuldade de esperar; a suscetibilidade a Este termo vem sendo considerado mais correto
pressões do grupo e da moda; a dependência que o do risco, pois estamos todos expostos de
econômica dos pais; o medo de se expor, etc. alguma maneira a situações que envolvem per-
A vulnerabilidade social trata do compromisso das e ganhos. A questão é que podemos em cer-
político de cada país com a saúde e é possível tos casos estar mais expostos, mais vulneráveis
medi-la através do Índice de Desenvolvimento a situações que geram perdas significativas. A
Humano - ONU. Podemos perceber, por exem- noção de vulnerabilidade deve ser estendida para
plo, os aspectos em nossa sociedade que po- toda pessoa e relação.
6
Ayres, J. e allii. Vulnerabilidade do Adolescente ao HIV/Aids. In Seminário Gravidez na Adolescência. Rio
de Janeiro: Associação Saúde da Família, 1998.
71
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
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13
Saúde, Doenças Sexualmente
Transmissíveis e Aids
Objetivos: Reconhecer as doenças sexualmente pois isso pode trazer uma série de problemas. Infor-
transmissíveis, a importância de sua detecção e pre- me-os que lidar com as DST e a Aids envolve ques-
venção no contexto da sexualidade e saúde reprodutiva. tões éticas, ou seja, se uma pessoa tem uma dessas
Eliminar os mitos e a desinformação sobre o tema. infecções, cabe a ela, inclusive, a responsabilidade
de comunicar o fato às pessoas com quem teve con-
Tempo recomendado: 120 minutos tato sexual, sejam elas eventuais ou não. É indispen-
sável trazer informações atualizadas sobre as vias de
Materiais necessários: quadro, papel, canetas gros- transmissão do vírus HIV, o histórico da doença, a
sas, sucata, cola, revistas velhas. distinção entre portador do vírus e doente de Aids e
o tratamento. Procure, também, despertar a solidari-
Dicas/notas para planejamento: É muito importante edade para com as pessoas portadoras do vírus da
enfatizar que quando um homem percebe qualquer Aids. Discuta com os jovens a discriminação social
um dos sintomas de uma DST, deve procurar um e o preconceito de que são vítimas os portadores do
urologista e não tomar remédio por conta própria, HIV e os doentes da Aids.
Procedimento
1- Em plenária, comente que, certamente, a cada uma dessas doenças e de como se pre-
maioria dos participantes já ouviu falar sobre venir.
as doenças sexualmente transmissíveis. 5- Explique que a Aids não tem nenhum sin-
2- Pergunte para todos quais são os sintomas toma visível e que a única forma de se saber
de uma doença sexualmente transmissível e, se está infectado pelo HIV é através de um
conforme eles vão falando, coloque estes sin- exame de sangue.
tomas no quadro. Quando terminarem, com- 6- A seguir, peça que se dividam em equipes
plete o quadro. de 6 pessoas e que pensem em como poderi-
3- Em seguida, faça a mesma pergunta, mas am informar outras pessoas sobre quais são
em relação à Aids e escreva ao lado das DST. os sintomas das DST/Aids. Sugira que podem
4- Fale da importância de se reconhecer es- ser feitos cartazes, folhetos, uma peça de te-
tes sintomas para saber que pode estar con- atro, uma propaganda para televisão, etc.
taminado por uma das doenças transmitidas 7- Quando todos os grupos terminarem, peça
pelo sexo; da necessidade de se procurar um que apresentem seus trabalhos para os de-
73
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
pode
técnica se
Com esta zaro
mo utili
ensinar co masculino e
vo
preservati
fem in in o .
14
Tem Gente que
não usa Camisinha porque...
Objetivos: Desmistificar crenças a respeito de que a Dicas/notas para planejamento: Procure criar uma
camisinha é um obstáculo ao prazer e à nova imagem da camisinha, mais ligada ao prazer do
ereção.Conhecer a camisinha e aprender a usá-la que à doença.
corretamente. Estimular a negociação. Incentive os participantes a adotar condutas preventi-
vas - usar camisinha, usar luvas ao lidar com sangue
Tempo recomendado: 120 minutos - e faça debates sobre as dificuldades da prevenção.
Lembre aos participantes que cada decisão que to-
Materiais necessários: cartões, canetas, caixa peque- mamos é muito importante e pode gerar conseqüên-
na; camisinhas masculinas e femininas; bananas, cias para a nossa própria vida. Para dar uma motiva-
pênis de borracha, pepinos; copos de plástico trans- ção extra, seria interessante distribuir camisinhas para
parente. cada participante ao final da oficina. Dicas de onde
conseguir o preservativo de graça - postos de saúde,
por exemplo - sempre são bem-vindas.
Procedimento
Fase 1 masculino e explique os cuidados que se deve
1- Entregue aos participantes um cartãozinho ter ao comprar uma camisinha e como deve
e solicite que escrevam uma frase ou idéia ser utilizada. Pode se utilizar uma banana ou
que tenham escutado e esteja relacionada à um pepino ou um pênis de borracha para esta
sexualidade e ao uso da camisinha. explicação (veja Box).
2- Peça, inicialmente, que depositem seus cartões 5- Demonstrado o uso da camisinha masculina,
na caixinha que deverá estar colocada em frente faça o mesmo com a camisinha feminina,
ao grupo. Explique que cada um deverá ir à frente utilizando-se de um copo de plástico transparente
e tirar da caixinha um cartãozinho, que deverá para que eles entendam como ela é colocada e
ser lido em voz alta, dizendo se a idéia escrita ali fixada dentro do canal vaginal feminino (veja Box).
é verdadeira ou falsa.
3- Conforme forem sendo lidas, o educador
Fase 3
vai completando ou corrigindo a informação
6- Proponha que dois ou mais participantes
dada pelo participante que sorteou o cartão.
façam uma dramatização, mostrando as
dificuldades mais comuns que os jovens têm
Fase 2 na hora de falar sobre o uso do preservativo
Perguntas para
discussão
Quais os motivos que levam um jovem,
mesmo sabendo da necessidade de usar o
preservativo, a não usá-lo na hora H?
Como é falar para uma garota que você
vai usar camisinha?
E se a garota pede a camisinha e você não
tem? O que vocês fazem?
E se a garota disser que só transa de cami-
sinha? Como é que você se sente?
Se na hora da relação sexual um jovem
diz que não tem camisinha e a garota diz
que tem na bolsa, o que passa pela cabe-
ça dele?
O que vocês acham da camisinha femini-
na? Vocês topariam ter relações sexuais
com uma garota que a usa?
75
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Camisinha Feminina
A camisinha feminina é um canudo de sinha empurrando o anel interno pelo canal
plástico bem macio, de mais ou menos 25 vaginal com o dedo.
centímetros de comprimento, com um anel O anel interno deve
em cada extremidade. O anel interno é ficar bem acima do osso
usado para púbico, que a mulher po-
colocar e fi- derá sentir curvando seu
xar a cami- dedo indicador quando
sinha femi- estiver uns cinco centí-
nina dentro metros dentro da vagina.
da vagina. O anel externo vai ficar mais ou menos
O outro três centímetros do lado de fora da vagi-
anel fica na, mas quando o pênis entrar, a vagina
para fora e vai se expandir e esta sobra vai diminuir.
cobre parci- Dois cuidados importantes: o primeiro
almente a é se certificar de que o pênis entrou pelo
área dos pe- centro do anel externo e não pelas late-
quenos e grandes lábios da vagina. rais. O outro é que o pênis não empurre o
anel externo para dentro da vagina. Se
Modo de usar: acontecer um desses casos, pare a transa
Primeiro, e coloque uma outra camisinha.
encontre uma O preservativo feminino deve ser reti-
posição con- rado depois da relação sexual e antes de
fortável, por se levantar. Aperte o anel externo e torça
exemplo, de a camisinha para que o esperma fique den-
pé, com um pé tro da bolsa. Puxe devagar e, depois, jo-
em cima de gue a camisinha no lixo.
uma cadeira, A camisinha feminina não permite o
ou agachada. contato das secreções genitais masculinas
Depois, certifique-se de que o anel inter- e femininas, evitando a transmissão de do-
no está no fundo da camisinha. enças sexualmente transmissíveis e da
Segure, então, o anel interno, apertando Aids. É lubrificada e descartável.
no meio para fazer um "8". Introduza a cami-
Caderno “Razões e
Emoções”
Técnica 5: Tipos de
Comunicação
76
MÓDULO 2
Camisinha Masculina
A camisinha masculina é feita de um tipo sário que o homem já
de borracha bem fininha e resistente que, esteja excitado, com o
se colocada pênis ereto. Veja se a
corretamente, camisinha está do
dificilmente ar- lado certo, deixe uma
rebenta. folga na ponta para
servir de depósito para
Modo de usar: o sêmen e fique aper-
tando esta ponta para sair o ar. Feito isso,
Antes de abrir a embalagem verifique é só deslizá-la até a base do pênis.
o prazo de validade, se a embalagem não A camisinha deve ser retirada logo de-
está furada ou rasgada e se a camisinha é pois da ejaculação, quando o pênis ainda
lubrificada. estiver ereto. Segure na borda para o lí-
Para se colocar a camisinha é neces- quido seminal não escapar e jogue-a fora.
77
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
78
MÓDULO 3
Onde
Onde procurar mais informação
79
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
80
MÓDULO 3
1- Textos Recomendados
Arilha, Margareth; Unbehaum, Sandra; Me- Documento base para análise. Los derechos
drado, Benedito (Orgs.). Homens e masculi- sexuales y reproductivos de los varones. Una
nidades: outras palavras. São Paulo: ECOS/ reflexión acerca de la masculinidad y los
Editora34, 2000 (2ªed). derechos. PROFAMILIA, Bogotá, marzo,
Orientados por perspectivas, temas e campos 1998.
de formação variados, os autores desta cole- O livro se refere à identificação e à
tânea buscam sistematizar discussões que os visibilização das necessidades específicas
têm guiado, apresentando metodologias utili- dos homens no âmbito sexual e reprodutivo.
zadas em pesquisas e projetos de intervenção, Considera os princípios éticos dos direitos
bem como relatar experiências pessoais e pro- sexuais e reprodutivos, indicando a existên-
fissionais no eixo das masculinidades. cia de caminhos que exponham os direitos e
ECOS- Comunicação em Sexualidade as responsabilidades masculinas.
Rua do Paraíso, 592 - Paraíso, São Paulo/SP, Brasil, PROFAMILIA
CEP: 04103-001. Calle 34 N. 14-52 – Bogotá, Colômbia
Tel: (011) 3171-0503 / 3171-3315 Tel: (571) 339-0948
E-mail: ecos@uol.com.br Fax: (571) 339-0946
Website: www.ecos.org.br E-mail: info@profamilia.org.co
Website: www.profamilia.org.co
81
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
82 cessão de apoio financeiro a bolsistas pes- Este livro oferece um amplo panorama do te-
MÓDULO 3
83
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
2- Manuais
Mayén, Beatriz; Aguilar, José A.; Aguilar, exercitando a comunicação interpessoal, o
Ofelia. De aquí no sale. Manual de intercâmbio de experiências e a modelagem
consejerían en salud sexual. MEXFAM, Mé- de um treinamento prático e vivencial. Está
xico, 1996. dividido em nove sessões.
Manual didático que apresenta as principais International Planned Parenthood Federation/
técnicas para orientação individualizada. Está Western Hemisphere Region
120 Wall Street, 9th Floor
dividido em três áreas: aconselhamento; ha- New York, New York 10005 USA
bilidades de negociação, tomada de decisão Tel: (212) 248-6400
e assertividade; temas básicos de saúde se- E-mail: info@ippfwhr.org
xual. Um vídeo acompanha este manual. Website: www.ippfwhr.org
MEXFAM – Fundación Mexicana para la Planeación
Familiar Los Caminos de la Vida: Manual de
Juárez 208, Tlalpan - C.P. 14000, México D.F.
Capacitación de Sexualidad e Infecciones de
Tel: (015) 573-7100
fax: (015) 57-2318 / 655-1265 Transmisión Sexual para Jóvenes Campesinas
E-mail: mexfinfo@mexfam.org.mx y Campesinos. - OPS/ONUSIDA; CONASIDA;
Website: www.mexfam.org.mx SEP/UTE; IMSS Solidaridad; THAIS; AFLUEN-
TES – México, 2000.
Villela, Wilza. Homens que fazem sexo com Manual de capacitação sobre sexualidade e
mulheres. Prevenindo a transmissão sexual transmissão sexual de infecções para jovens,
do HIV. Proposta e pistas para o trabalho. elaborado dentro do projeto Televisión
Brasil, São Paulo: NEPAIDS, 1997. Educativa y VIH/SIDA com adolescentes ru-
Esta publicação está voltada para a preven- rais do México. É dirigido a educadores e
ção contra o HIV. Destina-se a todos os que pessoas que vivem em comunidades rurais.
trabalham com a prevenção contra a transmis- AFLUENTES
são sexual do HIV e tem como objetivo suge- Giotto 58, Col. Mixcoac, México, D.F., C.P. 03910
Tel: (52) 5563-1485 / 5563-7978
rir idéias para o desenvolvimento de ações que
E-mail: afluentes@laneta.apc.org
visam à prevenção do HIV/Aids entre homens
que fazem sexo com mulheres.
El significado de ser hombre: Guia metodologico
NEPAIDS – Núcleo de Estudos e Prevenção da Aids
Av. Prof. Melo Moraes, 1721 – Cidade Universitária para el trabajo de género con hombres / Cen-
Cep. 05508-900, São Paulo, SP tro de Comunicación y Educación Popular. 2º
Tel.: (011) 3818-4361 Ed. Managra: Cantera 2001
E-mail: nepaids@org.usp.br CANTERA
Website: www.usp.br/nepaids/ De la Plaza El Sol, 2 cuadras al sur, 1 cuadra arriba.
Reparto Pancasán. Manágua. Nicarágua.
Guía para Capacitadores y Capacitadoras en Apartado postal: Apartado A 52, Manágua
Nicarágua
Salud Sexual – Federación Internacional de Tel: (505) 277 5329
Planificación de la Familia, IPPF/RHO, E-mail: cantera@nicarao.org.ni /
Versión Revisada 1998. cantera@cablenet.com.ni
Manual que tem como objetivo principal ha-
bilitar, na área de orientação, os/as
capacitadores, educadores/as e pessoas que
3- Vídeos
Vídeos elaborados pela ECOS: Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids -
ABIA
ECOS - Comunicação em Sexualidade Rua da Candelária 79, 10º andar, Centro, Rio de
Rua do Paraíso, 592, São Paulo, SP, Brasil , Janeiro/RJ - Brasil
cep. 04103-001. Tel: (21) 2223-1040
Tel: (11) 3171-0503, 3171-3315 E-mail: abia@ax.apc.org
E-mail: ecos@uol.com.br Website:www.alternex.com.br/~abia/
Website: www.ecos.org.br
Homens
Através dos depoimentos de três homens, o vídeo
Meninos: A Primeira Vez
mostra questões relativas à vivência da homossexu-
Enfoca a primeira relação sexual sob o crivo de valo-
alidade masculina, como amor e sexo entre homens,
res e atitudes dos jovens do sexo masculino. 12
identidade, casamento, preconceito e discriminação,
minutos, 1990.
impacto da epidemia, luto, entre outras. Homens pro-
curam sensibilizar a população a adotar atitudes mais
Julieta e Romeu
positivas sobre a homossexualidade. Produção ABIA,
Focaliza a negociação do uso da camisinha antes da
Grupo Pela VIDDA-RJ, Grupo Pela VIDDA-SP e IBASE.
relação sexual vivida por um casal de adolescentes.
Versão legendada em inglês (Men). 23 minutos, 1993.
Enfatiza que a contracepção deve ser responsabilida-
de tanto da menina quanto do menino, que o homem
é fértil todos os dias e que, com a Aids, é necessário o Vídeos elaborados por INPPARES
uso da camisinha em todas as relações sexuais. Dis-
ponível também em espanhol. 17 minutos,1995. INPPARES - Centro Juvenil Futuro
Sánchez Cerro 2110 - Jesús María
Boneca na Mochila Lima - Perú
Destaca os medos e fantasias que permeiam a ques- Tel: (511) 261-5522 / 261-5533
tão da homossexualidade através do caso de um fax: (511) 463-5965
garoto que leva uma boneca em sua mochila. Dis-
E-mail: futuro@inppar.org.pe
ponível também em espanhol. 27 minutos, 1995.
Website: www.inppares.org.pe
Uma Vezinha Só
Uma gravidez não planejada na adolescência e, na Fallo Positivo
seqüência, um aborto, são retratados tanto do ponto História de um garoto que é contaminado pelo vírus
de vista feminino quanto masculino. Mostra a da Aids por uma garota numa noite de aventura. São
assimetria entre os gêneros nas decisões sobre a vida apresentadas formas de contágio e de prevenção.
sexual. Disponível também em espanhol. 15 minu- (15minutos)
tos, 1996.
Vidas Paralelas
homem.com.h. Discute a perspectiva de gênero. Mostra a diferença
Vídeo sobre os conflitos do homem diante das mu- existente na educação entre homens e mulheres em
danças dos papéis tradicionalmente atribuídos ao alguns lugares, com um final aberto para a discussão
masculino. 19 minutos, 1998. dos jovens. (25 minutos)
Sexualidad
Jovens opinam sobre o que é sexualidade, como se
Vídeos elaborados por outras instituições manifesta na adolescência e juventude. (20 minutos)
El último recurso
Vídeo documental que trata do aborto: possíveis ris-
cos e conseqüências. Explica porque o aborto não é
um método contraceptivo. Centro Nacional de Edu-
cação Sexual, Cuba. Disponível em espanhol. 7 mi-
nutos, 1995. - (Código 167. V-05-01)
85
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
86
MÓDULO 3
Oficinas
Vídeos A ECOS tem desenvolvido metodologias
Desde 1990, temos produzido uma série de educativas e estratégias para o trabalho com
vídeos que focalizam a perspectiva masculi- adolescentes e adultos, nos temas da sexua-
na de sexualidade e reprodução. Dentre nos- lidade, saúde reprodutiva, sexo seguro e pa-
sos títulos, destacamos os temas de meninos e ternidade. Tem promovido oficinas com pro-
virgindade, comunicação entre pais e filhos fessores, agentes de saúde e estudantes, ques-
em tempos de Aids, doenças sexualmente tionando a aplicabilidade de suas experiên-
transmissíveis, negociação do uso do preser- cias com mulheres e jovens em oficinas com
vativo e mudança nos papéis masculinos. homens jovens e adultos.
Grupo de Estudos sobre Sexualidade Mas- Nossa primeira oficina realizada exclusiva-
culina e Paternidade/GESMAP mente com homens adultos foi em 1990, com
Desde 1995, desenvolvemos programas, pesqui- policiais da Polícia Municipal de Santo André
sas e organizamos seminários sobre questões de e Piracicaba. A ECOS tinha como objetivo tor-
gênero e masculinidade. Coordenamos um gru- nar esses policiais sensíveis à questão da vio-
po de discussão sobre o tema formado basica- lência contra a mulher, fazendo com que esti-
mente por pesquisadores/as e pessoas que traba- mulassem as mulheres a denunciarem, nas
lham em diversas áreas de conhecimento e com Delegacias da Mulher, a violência sofrida.
intervenção. O GESMAP tem desempenhado Duas educadoras da ECOS, ambas mulheres,
papel importante na discussão teórica sobre saú- coordenaram workshops sobre sexualidade,
de reprodutiva masculina, na troca e ampliação saúde reprodutiva e relações de gênero.
de referências, na organização de eventos espe-
ciais e na criação de um campo de estudos sobre Na Fábrica de Manômetros Record, uma
masculinidade que antes não existiam no Brasil. empresa da iniciativa privada, realizamos
Em 1998, com a colaboração do Instituto de Me- uma série de oficinas com a participação
dicina Social (Universidade do Estado do Rio de voluntária de homens adultos trabalhadores.
Janeiro), organizou um seminário nacional sobre Estas oficinas estavam incluídas em treina-
masculinidade e publicou uma coletânea com ar- mentos previamente existentes na fábrica, o
tigos de vários integrantes do grupo: Homens e que nos permitiu maior aceitabilidade pelos
masculinidades: outras palavras. funcionários e pela direção. Os objetivos fo-
ram sensibilizar a população masculina para
Manual Homens, Masculinidades e Gênero: uma suas necessidades e direitos no campo da
metodologia de trabalho em sexualidade e saú- sexualidade e saúde reprodutiva; propiciar
de reprodutiva com homens no setor privado. espaço de discussão a respeito desses temas,
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SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
Lições Aprendidas
1- É necessário que a idéia das oficinas em 4- Em seu trabalho com homens, a ECOS ob-
sexualidade e saúde reprodutiva com homens servou que facilitadoras (mulheres) também
não seja imposta. Impor a participação dos são bem aceitas, apesar de uma possível re-
meninos não trará os resultados desejados. É sistência inicial. É fundamental que elas es-
preciso encontrar formas de estimular a par- tejam bem informadas e preparadas para li-
ticipação voluntária. dar com as questões levantadas, não conde-
nando comentários "machistas", nem critican-
2- Antes de iniciar as oficinas, faça uma ava- do os participantes. Em geral, a ECOS prefe-
liação para saber de onde vêm os participan- re realizar as oficinas com dois facilitadores,
tes e quais suas principais necessidades e in- um homem e uma mulher, para ambos os gru-
teresses. É preciso ter sensibilidade para com- pos de homens e de mulheres. No entanto,
preender a cultura do grupo com que se vai isso nem sempre é possível pelo número re-
trabalhar e pensar em estratégias diferencia- duzido de homens que, atualmente, trabalha
das, dependendo do tempo e dos recursos dis- nesta área.
poníveis.
5- Muitos homens têm medo de serem des-
3- A proposta é trabalhar através de exercíci- respeitados e satirizados ao se abrirem, ou de
os ou dinâmicas de grupo, vídeos ou "role- apresentarem ignorância a respeito de algu-
playing", facilitando assim a manifestação das mas questões ligadas à sexualidade e à saú-
informações, dos tabus e principais inquieta- de reprodutiva. Por isso é importante que se-
ções relacionadas à masculinidade, sexuali- jam estabelecidas com antecedência regras
dade e saúde reprodutiva. Mas apenas apli- que garantam o respeito entre os participan-
car estas atividades participativas pode levar tes e a confidencialidade.
os participantes a terem uma sensação de que
apenas "brincaram". Por isso é importante re- 6- Ao contrário do que sempre acreditamos,
alizar um fechamento, resumindo o que foi homens freqüentemente apresentam curiosi-
aprendido e discutido. Além de dinâmicas dade sobre questões ligadas à saúde
descontraídas, é importante apresentar infor- reprodutiva da mulher e, geralmente, quanto
mações, por exemplo sobre a anatomia e bio- maior a informação que recebem, maior será
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Website: www.inppares.org.pe
Website: www.profamilia.org.co
SEXUALIDADE E SAÚDE REPRODUTIVA
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MÓDULO 3
92 te o significado de seus próprios pais para grande nos temas fez com que os rapazes
MÓDULO 3
requisitassem mais grupos. Em quase to- usado um instrumento simples de pré e pós
dos os locais, os rapazes afirmaram que teste para avaliar as mudanças de atitudes e
gostariam de ter mais tempo nesse tipo de de conhecimentos após participação nas téc-
grupo para continuar e aprofundar as dis- nicas. Por conta de que diferentes técnicas
cussões sobre gênero, masculinidade, vi- foram testadas em diferentes contextos, e o
olência, sexualidade e relacionamentos. número de participantes em cada um foi li-
Mais temas. Em termos de temas adi- mitado, as mudanças avaliadas devem ser
cionais que quiseram incluir, muitos gru- consideradas preliminares. Além disso, o fato
pos sugeriram aqueles relacionados ao re- do pós-teste ter sido aplicado imediatamente
lacionamento de casal. [Respondendo a após a participação nas técnicas, não torna
esta demanda, as organizações colabora- possível afirmar mudanças de atitude a lon-
doras estão planejando uma série de ma- go prazo. Ainda assim, podemos observar
nuais sobre relacionamentos]. mudanças baseadas nas questões que se se-
Capacitação para facilitadores. Os guem. Cada uma destas perguntas foi apre-
10 facilitadores que executaram o teste de sentada como as opções: concordo plenamen-
campo das técnicas não receberam ne- te, concordo mais ou menos, não concordo,
nhum tipo de treinamento prévio na utili- não sei.
zação dos materiais. Eles receberam os
cadernos, em sua versão preliminar, e apli- 1- “O homem tem que ter muitas mulheres e
caram as técnicas. Embora todos reconhe- divertir-se muito antes de constituir uma fa-
cessem que eram capacitados para as mília.”
aplicarem, todos afirmaram que era pre- Houve uma significativa alteração nos
ferível a capacitação, particularmente percentuais de “não concordo”, sugerindo
para ajudar os facilitadores a refletir so- algum questionamento da percepção tradici-
bre seus próprios valores sobre homens, onal que os homens devem ter muita experi-
gênero e masculinidades. [Como resposta ência sexual.
a esta demanda, as organizações colabo-
radoras estão promovendo uma série de 2- “O pai que é jovem, sempre é irresponsá-
workshops na utilização destes materiais, vel e nunca assume seu filho.”
ainda que estes materiais possam ser ad- Aumentou o número de “não concordo”, su-
quiridos e utilizados sem a necessidade de gerindo que eles perceberam caminhos em
participação nestes workshops.]. que pais jovens podem ser mais envolvidos
Tomar cuidado com o “discurso po- com o cuidado de seus filhos e serem respon-
liticamente correto”. Os facilitadores sáveis.
mencionaram que às vezes percebiam que
os rapazes não estavam de fato refletindo 3- “As etiquetas ou estereótipos que as pes-
sobre os temas tratados nas técnicas, mas soas põem nas outras afetam o desenvolvi-
que estavam simplesmente falando aqui- mento pessoal e as relações humanas.”
lo que os facilitadores gostariam de ouvir. Muitos participantes concordaram com esta
Eles sugeriram que, falando como afirmação, sugerindo uma compreensão do
facilitadores, em estar trabalhando mais fato de rotular e culpabilizar.
tempo com os jovens para ultrapassar esta
etapa do discurso “politicamente correto”. 4- “Não há nada que se possa fazer para pre-
Fornecer mais informações através venir a violência.”
de apresentações audiovisuais. Muitos Com esta questão, houve uma significativa
facilitadores disseram que além das téc- alteração em “não concordo”. Eles passaram
nicas, seria útil considerar o uso de apre- a acreditar que podiam fazer alguma coisa
sentações básicas com informações sobre para reduzir a violência.
vários temas como violência, gênero, uso
de drogas, sexualidade, HIV/AIDS como 5- “Como o homem é forte, sua vulnerabilidade
um complemento. em relação a AIDS é baixa”.
Um aumento de respostas “não concordo” com
Em termos de resultados quantitativos, foi esta afirmativa, sugere que eles são capazes
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Ilustração
Newton Foot
Edição de arte
Gilson Nakazato
Samuel Paiva
Direção de arte
Reginaldo Bianco
3Laranjas Comunicação
www.3laranjas.com.br
3laranjas@3laranjas.com.br
Equipe Responsável
Margareth Arilha, Osmar Leite, Silvani Arruda,
Sylvia Cavasin e Vera Simonetti
Elaboração e redação
Margareth Arilha, Silvani Arruda,
Sandra Unbehaum e Bianca Alfano