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AULA 01 – DIREITO ADMINISTRATIVO – PROF.

FERNANDA MARINELA
25 de janeiro de 2012

MATÉRIA

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

O direito é conjunto de normas impostas coativamente pelo Estado, que disciplinam a vida em sociedade
permitindo a coexistência pacífica dos seres. Para fins didáticos o direito foi divido em vários ramos:

1. direito interno – preocupa-se com as relações dentro do território nacional; e


2. direito internacional – preocupa-se com relações entre Estados e organismos estrangeiros.

O direito administrativo, logicamente, insere-se no direito interno.

Seguindo, a ciência jurídica divide-se, também, em:

1. direito público – se preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse público; e


2. direito privado – objetiva são as relações privadas, entre os particulares, visando à satisfação do interesse
privado.

O direito administrativo, seguindo esta classificação, insere-se no direito público.

Em concurso anterior CESPE exigiu: norma de direito de público é sinônimo de ordem pública? Informação incorreta,
pois norma de ordem pública refere-se à norma imodificável, inafastável pela vontade das partes.

Por exemplo, o dever de licitar é regra de direito público, mas se pode dizer que é norma de ordem pública? Sim,
será inafastável pelo administrador. Outro exemplo, o sujeito ao adquirir renda, deverá pagar ao Estado IR – regra de
direito público – inafastável pela vontade das partes. Podemos afirmar, portanto, que toda regra de direito público
é também de ordem pública, MAS não são sinônimos, pois existem normas de ordem pública que não são de
direito público.

Não se pode afirmar, todavia, que as expressões são sinônimas, porque existem normas de ordem pública que estão
presentes no direito privado, como, por exemplo, as regras sobre capacidade civil ou regras para impedimento do
casamento. Ou seja, “ordem pública” é conceito mais abrangente que o conceito de “regra de direito público”. Este
é espécie daquela.

Graficamente:

normas
de direito
público
normas
de ordem
pública

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Conceito de direito administrativo

A doutrina é divergente a respeito do conceito de direito administrativo; contudo, são frequentes as questões
exigindo o conceito de direito administrativo.

São várias teorias criadas para definir este ramo do direito público. A discussão decorre do objeto da disciplina, ou
seja, do âmbito de atuação do direito administrativo.

Quando da criação do direito administrativo, pela Escola Legalista, ou Exegética, Empírica ou Caótica, o direito
administrativo é somente um estudo de leis. Não se leva em consideração o estudo dos princípios administrativos.
Obviamente, esta Escola não obteve êxito em seus pensamentos.

Em substituição, o direito administrativo passou a ser visto como estudo de princípios mais o estudo das leis. Esta
ideia ganhou força, sendo mantida até os dias atuais. Tendo isso como premissa, várias teorias decorreram, para
explicar o conceito de direito administrativo.

Vamos analisar as teorias mais importantes que explicam o conceito de direito administrativo, fundado na premissa
dos princípios mais leis.

Pela Escola do Serviço Público, o direito administrativo estuda o serviço público. O problema desta Escola, pois dizia
que o direito administrativo se preocupa com toda atividade do Estado. Não estudamos, em direito administrativo,
toda a atividade do Estado. As atividades do Estado são abrangentes demais, abrangendo as atividades industriais e
atividades comerciais. Notemos que este conceito envolve aspectos que estão fora âmbito que pretendemos,
portanto, esta ideia não prevaleceu, porque ampla demais.

Pelo Critério do Poder Executivo, direito administrativo ele somente estuda o Poder Executivo. Ao contrário da
Escola acima, esta é por demasiado restrita. Tanto os poderes Legislativo como Judiciário possuem funções
administrativas que se circunscrevem ao âmbito de estudo do direito administrativo. Por conta disso, esta Escola
também não foi acatada pelo direito pátrio.

Pelo Critério da Relação Jurídica, o direito administrativo estuda todas as relações jurídicas do Estado. Assim como
as demais escolas não se sustentou, pois o objeto é amplo demais.

Na sequência, pelo Critério Teleológico, o direito administrativo é um conjunto harmônico de princípios, que rege
as atividades do Estado e a consecução dos seus fins. Em direito administrativo temos um conjunto harmônico de
princípio, entretanto, requer complementação. Esta Escola foi inserida e seguida no Brasil por Oswaldo Aranha
Bandeira de Mello (pai do Celso de Mello), mas foi dito insuficiente.

Pelo Critério Residual (ou Negativo), direito administrativo não estuda a função jurisdicional e legislativa do Estado,
as demais matérias são objeto do direito administrativo. Este conceito se dá por exclusão. Procede a informação de
que não vamos estudar a função legislativa e jurisdicional. Mas afirma que a exclusão desses blocos é insuficiente
para definir o conceito de direito administrativo.

Pelo Critério de Distinção da Atividade Jurídica e Atividade Social do Estado, direito administrativo é não se
preocupa com a atividade social, como, por exemplo, a escolha de políticas públicas. De fato, estes temas referem-
se à sociologia, à política, não ao direito administrativo. Mas a partir do momento em que se estabelece a política

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pública o direito administrativo entra em cena. A preocupação do direito administrativo é o aspecto jurídico da
política pública. Este critério foi aceito no Brasil, porém, foi considerado insuficiente.

Finalmente, o critério então adotado para explicar o conceito de direito administrativo é o CRITÉRIO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, definido por Hely Lopes Meirelles, segundo o qual DIREITO ADMINISTRATIVO É
CONJUNTO HARMÔNICO DE PRINCÍPIOS E REGRAS, DENOMINADO DE REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO, QUE
DISCIPLINA OS AGENTES, OS ÓRGÃOS E AS ENTIDADES NO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA. Não
interessa a referência ao Poder (Administrativo, Executivo ou Judiciário), TENDENTES A REALIZAR DE FORMA
DIREITA, DE FORMA CONCRETA E DE FORMA IMEDIATA OS FINS DESEJADOS PELO ESTADO.

Quem define os fins do Estado é o direito constitucional, que serão realizados pelo direito administrativo. É por essa
razão que direito administrativo e direito constitucional são disciplinam que andam lado a lado.

Melhor explicando o conceito do referido autor...

•independe de provocação
•significa também possuir destinatário determinados e efeitos
FORMA DIRETA concretos
•note-se que esta característica diferencia o direito adminitrativo da
função jurisdicional do Estado.

•exclui, do direito administrativo, a função abstrata do estado, qual


FORMA CONCRETA seja: a função legislativa.

•está ligada à atividade jurídica do Estado


FORMA IMEDIATA •difere da realização meidata, que está ligada à ativiade social, que se
circunscreve ao âmbito das políticas públicas.

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Vejamos, abaixo, um quadro que expõe todas as escolas e critérios que fixaram o conceito de direito administrativo:

•direito administrativo é somente o estudo de leis;


•crítica: não prosperou por desconsiderar os princípios no conceito de direito administrativo.
Escola Legalista

•direito administrativo é o ramo jurídico que estuda o serviço público, consistente em todas as atividades
do Estado.
Escola do Serviço •crítica: conceito amplo demais, pois insere atividades industriais e comerciais, que não fora do estudo do
Público direito administrativo.

•direito administrativo é o estudo do Poder Executivo.


•crítica: conceito restrito demais, pois existem atividades administrativas nos poderes Legislativo e
Critério do Poder Executivo.
Executivo

•direito administrativo estuda todas as relações jurídicas do Estado.


•crítica: não se sustentou porque ampla demais.
Critério da Relação
Jurídica

•direito administrativo é conjunto harmônico de princípios que rege as atividades do Estadoe a consecução
dos seus fins
•crítica: critério insuficiente.
Critério Teleológico

•direito administrativo não estuda a função jurisdicional ou legislativa, ficando as demais à competência
do direito administrativo
•crítica: critério insuficiente
Critério Residual

•direito administrativo não se preocupa com a atividade social, com o aspecto político da política pública
Critério da Distinção da •crítica: critério insuficiente
Atividade Jurídica e
Atividade Social do
Estado

•direito administrativo é conjunto harmônico de princípios e regras, denominado de regime jurídico-


administrativo, que disciplina os agentes, os órgãos e as entidades no exercício da atividades
Critério da administrativa, tendentes a realizar, de forma direta ou indireta, de forma concreta ou imediata, os fins
Administração Pública desejados pelo Estado.
•atualmente utilizado para expor o conceito de direito administrativo

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Fontes

Fonte é aquilo que leva à criação de uma norma de direito administrativo.

A primeira fonte a tratar é a lei, em sentido amplo, que consiste em toda e qualquer espécie normativa. Por
exemplo, CF, leis ordinárias, leis complementares, medidas provisórias, etc.

Observação importante: nosso ordenamento jurídico está organizado numa estrutura hierarquizada de normas, com
normas superiores e normas inferiores. Essa estrutura guarda entre si uma regra de compatibilidade: a norma
inferior busca validade na norma superior, devendo todas elas serem compatíveis com a CF. A isso denomina-se
relação de compatibilidade vertical. Vale lembrar que os atos administrativos estão na base da pirâmide das normas.

Também é fonte do direito administrativo, a doutrina entendida como o resultado dos trabalhos dos estudiosos de
direito administrativo. Não há, em direito administrativo, uma codificação, sendo utilizado, portanto, a legislação
fragmentária, ou seja, são várias leis especiais disciplinando microssistemas administrativos. É por conta disso que
existem divergências doutrinárias em torno de institutos de direito administrativo.

A jurisprudência acaba por ganhar relevo no estudo do direito administrativo. Esta é a nossa terceira fonte.
Jurisprudência é julgamento reiterado no mesmo sentido. Um jugado apenas não é representativo de
jurisprudência, mas apenas um procedente, um acórdão, cuja constituição em jurisprudência dependerá de
cristalização por outros julgados.

Além disso, caso reiterada a jurisprudência, que se sedimenta no seio de determinado tribunal, pode-se dela extrair
um enunciado de súmula. Atualmente, no Brasil, temos duas formas de súmulas:

1. súmula que orienta, que sinaliza o julgamento (são as costumeiras súmulas do STJ e do STF); e
2. súmulas vinculantes, editadas pelo STF, que vinculam o Poder Judiciário e a Administração Púbica de uma
forma geral.

Além disso, costumes também representam fonte do direito administrativo, que compreende a prática habitual
acreditando ser ela obrigatória. No Brasil, o direito consuetudinário – costumeiro – nem cria nem exime obrigação.

Por fim, princípios gerais do direito também compreende fonte do direito administrativo, que consiste em regras
que estão no alicerce – na base – da nossa ciência. São consideradas vigas mestras a orientar a aplicação do direito.
Eles poderão estar expressos ou explícitos no ordenamento jurídico. São exemplos de princípios gerais de direito:
ninguém pode causar dano a outrem; a vedação ao enriquecimento sem causa; ou a proibição de beneficiar-se da
própria torpeza.

Sistemas administrativos (ou mecanismos de controle)

Praticado um ato administrativo, a correção, revogação e revisão do ato administrativo poderá ser feita por quem?
Para responder a essa pergunta existem dois sistemas administrativos cujo destaque merece nossa análise: sistema
do contencioso administrativo e o de jurisdição única.

Sistema do contencioso administrativo (ou francês)

Os atos praticados pela Administração serão revistos pela própria Administração.

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Para os países que adotam esse sistema, excepcionalmente, quem julgará as questões administrativas será o Poder
Judiciário. A regra é que as questões administrativas sejam julgadas pela própria Administração. O Judiciário
aparecerá nos seguintes casos (rol exemplificativo):

 quando tratar-se de atividade pública de caráter privado (por exemplo, celebração de contrato de locação,
que se funda nas regras de direito privado);
 ações ligadas ao estado ou capacidade das pessoas;
 ações ligadas à repressão penal e propriedade privada;

Sistema de jurisdição única (ou inglês)

Para os países que adotam a jurisdição única é o Poder Judiciário é quem profere a decisão com definitividade.

A Administração poderá rever e controlar os atos administrativos, porém, este não será definitivo, porque a última
palavra competirá ao Poder Judiciário.

A revisão pelo Poder Judiciário não é plena, possui certas limitações que serão analisadas adiante.

O sistema no Brasil, desde sempre foi de jurisdição única. A Emenda nº7, de 1967, inseriu o sistema de jurisdição
contenciosa no Brasil, mas a regra foi inoperante, porque a norma nunca fora implementada.

Esquematizamos os sistemas administrativos da seguinte maneira:

Sistema do Contencioso Administrativo (francês) Sistema de Jurisdição Única (inglês)

•atos praticados pela Administração, serão revistos •é o Poder Judiciário quem profere decisão com
pela própria Administração; definitividade;
•O Poder Judiciário atuará no regulando as •não impede, todavia, que a Administração profira
relações administrativas somente em casos sua decisão. Esta, porém, sujeita-se ao controle
excepcionais, como, por exemplo, em atividades judicial de legalidade.
públicas de caráter privado - locação -, ações
relacionadas ao estado da pessoa e ações
relacionadas à repressão penal e à propriedade
privada.

OBSERVAÇÃO: A responsabilidade civil da Administração no Brasil está prevista no art. 37, §6º. Correta a
informação? Não, pois quem responde é a pessoa jurídica, portanto a responsabilidade civil é do Estado. Cuidar com
substituição de palavras com significados semelhantes, mas não iguais. Vejamos o dispositivo:

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

O Estado, dotado de personalidade jurídica, poderá ser sujeito de direitos e obrigações, por isso a responsabilidade
civil recairá sobre ele.

No Brasil, o Estado tem personalidade jurídica de direito público é, então, pessoa jurídica de direito público. Não vale
a regra da Teoria da Dupla Personalidade. Esta concepção foi utilizada no Brasil até a edição do Código Civil de 2002.

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Pela Teoria da Dupla Personalidade, o Estado poderia ter duas personalidades, ora ele era pessoa pública, ora ele
aparecia com a personalidade privada.

Funções do Estado

O Estado ele têm dois tipos de função: típica ou atípica. Aquela é a função principal – precípua – para qual o poder
foi criado. Esta é a função secundária.

Neste contexto, podemos identificar em cada um dos poderes essas funções.

No PODER LEGISLATIVO a função típica é a legiferante. Contudo, este Poder ao licitar bens para suas repartições ou
quando o Senado Federal julga os crimes de responsabilidade do Presidente, o Poder Legislativo exerce funções
atípicas, atividades que, respectivamente, são executivas e jurisdicionais.

Além da função legislativa, há parte da doutrina, que fala em fiscalizar como função típica desse Poder, por conta da
existência das CPIs e dos Tribunais de Contas. Esse entendimento, não é tradicional e deve ser observado com
reservas nos concursos.

Vamos apresentar algumas características da função legislativa:

 geral;
 abstrata; e
 possui poder de inovar o ordenamento jurídico, podendo retirar lei vigente, colocando outra em seu lugar.

No PODER JUDICIÁRIO, a função típica é julgar, ou seja, solucionar conflitos aplicando coativamente a lei.

Caracteriza-se a função jurisdicional por ser:

 individual;
 concreta (e o controle concentrado? Isso é uma exceção, cuja atividade possuirá caráter geral);
 indireta, ou seja, aquela que depende de provocação; e
 possuir intangibilidade jurídica – impossibilidade de mudança – que se revela por meio dos efeitos da coisa
julgada.

Pergunta-se: o Poder Judiciário inova o ordenamento jurídico? Em tese ao Poder Judiciário não se confere o poder
de inovar o ordenamento jurídico, mas na prática há alguns exageros, como o que ocorreu com a Súm. Vinculante nº
03, do STF.

Nos processos perante o Tribunal De Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Nos casos de lacuna, o Judiciário ocupa a omissão do Poder Legislativo. É, em teoria, uma prática que desvirtua a
tripartição dos poderes, podendo comprometer a segurança jurídica. Nesse sentido, há projeto de emenda que visa
alterar o teor do art. 49, § 5º, da CF, que prevê a possibilidade sustação dos atos normativos que exorbitem do poder
regulamentar. Se o executivo ultrapassar o limite do lhe fora delimitado o Congresso Nacional susta o ato. Pretende-
se estender esta possibilidade do Congresso Nacional às decisões do Poder Judiciário que ultrapassem o poder de
julgar.

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O poder concedido em demasia a uma dos poderes traz problemas, é necessário fazer valer a ideia de pesos e
contrapesos.

No PODER EXECUTIVO, a função típica é administrar, executar o ordenamento vigente.

Caracteriza-se por ser uma atividade:

 concreta;
 direta;
 não inova o ordenamento jurídico; e
 não há intangibilidade jurídica, porque, como vimos, a decisão administrativa é revisível pelo Poder
Judiciário.

Entretanto, fala-se em coisa julgada administrativa. Refere-se à impossibilidade de mudança, imutabilidade, que se
opera somente na via administrativa.

Em síntese:

Poder Legislativo

•FUNÇÃO TÍPICA: legiferante;


•FUNÇÕES ATÍPICAS: executiva - licitação de bens e serviços para a sua repartição - e judiciária - julgamento
do Presidente, pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
•Parte da doutrina insere a função fiscalizatória - exercida promordialmente pelas CPIs e Tribunais de
Contas - como função típica do Poder Legislativo (entendimento não tradicional).

Poder Judiciário

•FUNÇÃO TÍPICA: julgadora;


•FUNÇÕES ATÍPICAS: legiferante e executiva;
•as decisões deste Poder caracterizam-se por ser: individual, concreta, indireta (depende de provocação) e
intangível juridicamente (efeitos da coisa julgada).

Poder Executivo

•FUNÇÃO TÍPICA: executiva;


•FUNÇÃO ATÍPICA: jurisdicional e legiferante;
•a atividades do Executivo caracteriza-se por ser: concreta, direta, não inovadora do ordenamento e
tangível juridicamente, pois possibilita a revisão pelo Poder Judiciário.

Função política de estado

A sanção e veto do Presidente da República insere-se em que função do Estado. E a função para declarar guerra ou
firmar a paz é função administrativa? Obviamente que não. Essas são situações que a doutrina moderna, a exemplo
do Celso Antônio Bandeira de Mello, que não se incluem em nenhum das funções anteriores, são as denominadas
função de governo, ou função política do Estado.

São decisões de alto grau de discricionariedade que não se confundem com as funções executiva, legiferante e
judicial.

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Não se trata de legislar, não se tratar de administrar, muito menos de julgar. São situações excepcionais, de
anormalidade, que não se insere nas questões típicas correlacionadas aos três poderes.

São consideradas funções políticas (ou governamentais):

 Poder de sanção e veto do Presidente;


 Declaração de guerra e firmar paz; e
 Decretação do Estado de Defesa e Estado de Sítio.

Doutrinariamente, estudamos em direito constitucional os elementos do Estado. Tradicionalmente, são elementos


do Estado:

 povo;
 território; e
 governo.

Assim, governo é elemento do Estado, é comando, é direção. Assim, para que nosso Estado seja independente, o
nosso governo deve ser um governo soberano. Isso significa, independência na ordem internacional e supremacia na
ordem interna.

Administração

Para a doutrina majoritária Administração é máquina administrativa, significa aparelho estatal, significa instrumento
do Estado.

A doutrina mais moderna estabelece dois conceitos diferentes para Administração:

 Administração no critério formal (orgânico ou subjetivo) – nada mais é do que a máquina, são os bens,
agentes e a estrutura física do Estado;
 Administração no critério material (ou objetivo) – refere-se à atividade administrativa.

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QUESTÕES

QUESTÃO 01 - Dentre as características da Administração Pública, é correto afirmar que esta:

a) tem amplo poder de decisão, mesmo fora da área de suas atribuições, e com faculdade de opção política sobre
qualquer matéria objeto da apreciação.
b) não pode ser considerada uma atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica, mas sim
atividade política e discricionária.
c) comanda os administrados com responsabilidade constitucional e política, mas sem responsabilidade profissional
pela execução.
d) é dotada de conduta independente, motivo pelo qual não tem cabimento uma conduta de natureza
hierarquizada.
e) não pratica atos de governo; mas pratica tão somente atos de execução, com maior ou menor autonomia
funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes.

QUESTÃO 02 - Segundo a doutrina administrativista, o direito administrativo é o ramo do direito privado que tem
por objeto os órgãos, os agentes e as pessoas jurídicas administrativas que integram a administração pública, a
atividade jurídica não contenciosa que esta exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de
natureza pública.

( )Certo ( )Errado

QUESTÃO 03 - As afirmativas abaixo dizem respeito às competências exclusivas do Congresso Nacional. Analise-as
como (V) Verdadeiras ou (F) Falsas:

( ) Decidir definitivamente sobre tratados internacionais que acarretem encargos ao patrimônio nacional;
( ) Aprovar o estado de sítio e a intervenção federal;
( ) Autorizar referendo e convocar plebiscito;
( ) Aprovar previamente, após arguição pública, Ministros do Tribunal de Contas da União, indicados pelo
Presidente da República;
( ) Aprovar previamente, após arguição pública, o Procurador Geral da República.
Assinale a sequência CORRETA, na ordem de cima para baixo.

a) V, V, V, V, V.
b) F, V, V, F, V.
c) V, V, F, F, V.
d) V, V, V, F, F.

Gabarito
QUESTÃO 01 – E QUESTÃO 02 – ERRADO QUESTÃO 03 - D

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QUADROS

Localização do direito administrativo no ordenamento jurídico

O direito administrativo é ramo do direito PÚBLICO INTERNO.

Normas de ordem pública (gênero) versus normas de direito público (espécie)

normas
de direito
público
normas
de ordem
pública

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Conceitos de Direito Administrativo

•direito administrativo é somente o estudo de leis;


•crítica: não prosperou por desconsiderar os princípios no conceito de direito administrativo.
Escola Legalista

•direito administrativo é o ramo jurídico que estuda o serviço público, consistente em todas as atividades
do Estado.
Escola do Serviço •crítica: conceito amplo demais, pois insere atividades industriais e comerciais, que não fora do estudo do
Público direito administrativo.

•direito administrativo é o estudo do Poder Executivo.


•crítica: conceito restrito demais, pois existem atividades administrativas nos poderes Legislativo e
Critério do Poder Executivo.
Executivo

•direito administrativo estuda todas as relações jurídicas do Estado.


•crítica: não se sustentou porque ampla demais.
Critério da Relação
Jurídica

•direito administrativo é conjunto harmônico de princípios que rege as atividades do Estadoe a consecução
dos seus fins
•crítica: critério insuficiente.
Critério Teleológico

•direito administrativo não estuda a função jurisdicional ou legislativa, ficando as demais à competência
do direito administrativo
•crítica: critério insuficiente
Critério Residual

•direito administrativo não se preocupa com a atividade social, com o aspecto político da política pública
Critério da Distinção da •crítica: critério insuficiente
Atividade Jurídica e
Atividade Social do
Estado

•direito administrativo é conjunto harmônico de princípios e regras, denominado de regime jurídico-


administrativo, que disciplina os agentes, os órgãos e as entidades no exercício da atividades
Critério da administrativa, tendentes a realizar, de forma direta ou indireta, de forma concreta ou imediata, os fins
Administração Pública desejados pelo Estado.
•atualmente utilizado para expor o conceito de direito administrativo

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Conceito atual de direito administrativo

DIREITO ADMINISTRATIVO É CONJUNTO HARMÔNICO DE PRINCÍPIOS E REGRAS, DENOMINADO DE REGIME


JURÍDICO-ADMINISTRATIVO, QUE DISCIPLINA OS AGENTES, OS ÓRGÃOS E AS ENTIDADES NO EXERCÍCIO DA
ATIVIDADE ADMINISTRATIVA. Não interessa a referência ao Poder (Administrativo, Executivo ou Judiciário),
TENDENTES A REALIZAR DE FORMA DIREITA, DE FORMA CONCRETA E DE FORMA IMEDIATA OS FINS DESEJADOS
PELO ESTADO.

Fontes

 Lei (em sentido amplo)

 Doutrina

 Jurisprudência (com destaque para os entendimentos sumulados)

 Costumes e

 Princípios Gerais de Direito

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Sistemas administrativos (ou mecanismos de controle)

Sistema do Contencioso Administrativo (francês) Sistema de Jurisdição Única (inglês)

•atos praticados pela Administração, serão revistos •é o Poder Judiciário quem profere decisão com
pela própria Administração; definitividade;
•O Poder Judiciário atuará no regulando as •não impede, todavia, que a Administração profira
relações administrativas somente em casos sua decisão. Esta, porém, sujeita-se ao controle
excepcionais, como, por exemplo, em atividades judicial de legalidade.
públicas de caráter privado - locação -, ações
relacionadas ao estado da pessoa e ações
relacionadas à repressão penal e à propriedade
privada.

Funções do Estado

Poder Legislativo

•FUNÇÃO TÍPICA: legiferante;


•FUNÇÕES ATÍPICAS: executiva - licitação de bens e serviços para a sua repartição - e judiciária - julgamento
do Presidente, pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
•Parte da doutrina insere a função fiscalizatória - exercida promordialmente pelas CPIs e Tribunais de
Contas - como função típica do Poder Legislativo (entendimento não tradicional).

Poder Judiciário

•FUNÇÃO TÍPICA: julgadora;


•FUNÇÕES ATÍPICAS: legiferante e executiva;
•as decisões deste Poder caracterizam-se por ser: individual, concreta, indireta (depende de provocação) e
intangível juridicamente (efeitos da coisa julgada).

Poder Executivo

•FUNÇÃO TÍPICA: executiva;


•FUNÇÃO ATÍPICA: jurisdicional e legiferante;
•a atividades do Executivo caracteriza-se por ser: concreta, direta, não inovadora do ordenamento e
tangível juridicamente, pois possibilita a revisão pelo Poder Judiciário.

Função política do Estado

São matérias que pelo grau de importância e excepcionalidade não se inserem no tríduo de funções estatais.
Caracterizam-se por possuírem alto grau de discricionariedade. São exemplos de função política:

 poder de sanção ou veto pelo Presidente;

 declaração de guerra ou celebração de paz; e

 decretação do Estado de Defesa ou Estado de Sítio.

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