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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE ENGENHARIA
JOÃO MONLEVADE - MG

CARLOS EDUARDO VIEIRA DE CASTRO


LETICIA MARTINS LOPES
PAULO VÍTOR DE OLIVEIRA BELO

ENXOFRE

João Monlevade
2011
CARLOS EDUARDO VIEIRA DE CASTRO
LETICIA MARTINS LOPES
PAULO VÍTOR DE OLIVEIRA BELO

ENXOFRE

Trabalho apresentado ao
Professor da Disciplina Lavra de
Minas a Céu Aberto do 7º período
do curso de Engenharia de Minas.

Prof. Orientador: Rubens

João Monlevade
2011
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................3
2 LAVRA E PROCESSAMENTO....................................................................................5
2.1 Processo Frasch de Mineração do Enxofre.....................................................7
2.2 Processo Claus de Recuperação do Enxofre do H2S...................................9
2.3 Obtenção de Enxofre dos Sulfetos Minerais.................................................10
3 PRODUÇÃO................................................................................................................11
4 USOS, FUNÇÕES E ESPECIFICAÇÕES..................................................................17
5 RESERVAS..................................................................................................................19
6 TENDÊNCIAS.............................................................................................................23
7 CONCLUSÃO..............................................................................................................24
8 REFERENCIAS...........................................................................................................25
1 INTRODUÇÃO
O enxofre foi classificado como elemento químico na década de 1770, por
Lavoisier, mas só foi demonstrado como substância simples na primeira
metade do século XIX, pelos químicos franceses Gay-Lussac e Thenard. Antes
de ser identificado pela química moderna, havia sido empregado em
experimentos alquímicos na Idade Média.

No mundo pré-industrial, o enxofre já era conhecido por povos sem escrita,


utilizado como pigmento de pintura em cavernas. Em diversas civilizações, sua
queima fazia parte de rituais religiosos, servia para clarear o algodão e a lã e
para a fumigação. Como medicamento dermatológico, foi empregado em
ungüentos especiais. Como explosivo, foi utilizado no preparo da pólvora.

No mundo industrial, o enxofre passou a ser utilizado no processo de


vulcanização da borracha, melhorando drasticamente a qualidade desse
material e tendo muita importância na indústria automobilística, com relação à
resistência dos pneus. Empregado na fabricação de fósforos, inseticidas e
têxteis, também está presente na metalurgia e na indústria farmacêutica, sendo
seus principais compostos o ácido sulfúrico (H2SO4), o dióxido de enxofre
(SO2) e o sulfureto de hidrogênio (H2S).

Na forma elementar o enxofre ocorre nos depósitos de origem vulcânica,


bacias de evaporitos e domos salinos. Na forma de composto ocorre como
sulfatos (anidrita, barita, gipsita) e sulfetos (calcopirita, pirrotita, esfalerita,
galena, arsenopirita, pirita). Ocorre ainda associado ao carvão (pirita), folhelho
pirobetuminoso, petróleo e gás natural. Apesar de essencial a vida, sendo
inclusive considerado o quarto macro nutriente, sua emissão para o ambiente
provoca a ligação com outros elementos formando compostos contaminantes.

Sua produção foi originalmente como enxofre elementar proveniente de


depósitos de origem vulcânica, posteriormente passou a ser recuperado a partir
de sulfetos (pirita) e atualmente, a maior produção é através do refino de
petróleo e recuperado a partir de gás natural e de metalurgias de metais não
ferrosos. Essas últimas formas de produção de enxofre surgiram
principalmente para cumprir legislações mais restritivas quanto à redução de
emissões de enxofre para a atmosfera no processo de produção de
combustíveis e de reduzir ou eliminar o enxofre durante os processos
metalúrgicos para obtenção de outros elementos.

Deste modo, denomina-se enxofre nativo o enxofre encontrado em sua forma


elementar cuja extração se dá pelo Método Frash, onde há a fusão do
elemento na própria rocha reservatório e sua extração no estado líquido.
Enxofre Recuperado é aquele que provém do gás natural, gás refinado de
petróleo, gás liquefeito e outros gases combustíveis. Denomina-se de
subproduto o enxofre obtido da mineração de sulfetos metálicos, como o ouro,
cobre, zinco e chumbo. O processo de recuperação chama-se ustulação sendo
produzido o ácido sulfúrico.

No presente trabalho, serão abordadas questões relacionadas aos principais


métodos de lavra do enxofre, reservas mundiais e nacionais, produção e
tendência de mercado.
2 LAVRA E PROCESSAMENTO
Os sulfetos metálicos, através da ustulação, produzem anidrido sulfuroso. Este
último é normalmente empregado na produção de ácido sulfúrico, de forma
direta, ou reduzido a enxofre elementar. Os principais sulfetos metálicos que
produzem enxofre e/ou ácido sulfúrico são: pirita e marcassita (FeS2), e
calcopirita CuFeS2.Alguns sulfatos, principalmente anidrita (CaSO4), gipsita
(CaSO4 2H2O) e.barita (BaSO4), têm sido reduzidos com carvão para
produção de SO2Daí, o .processamento é idêntico àquele obtido com o anidrito
sulfuroso proveniente dos sulfetos metálicos. Existe uma rota, denominada
Processo MULLER-KUHNE, que utiliza anidrita e carvão para a obtenção
simultânea de cimento e ácido sulfúrico. Atualmente, apenas a África do Sul
tem uma unidade em operação, utilizando tal metodologia. Dos gases naturais
e/ou industriais contendo H2S, também é extraído o enxofre. Países como
Canadá e França têm nos gases naturais sulfurosos sua maior fonte de
produção de enxofre. Quanto maior for o impacto financeiro das multas
impostas pelo lançamento na atmosfera, mais atrativa se torna a recuperação
do enxofre contido nas emissões gasosas. No que diz respeito à recuperação
do enxofre contido em xistos ou folhelhos betuminosos, através de retortagem,
conquanto seja tecnicamente viável, esbarra no extraordinário volume de run of
mine a movimentar, no caso de uma produção em larga escala, o que
dificilmente poderá ser compatibilizado com normas ambientais, referentes a
emissões de particulados durante a lavra, independente de uma discutível
viabilidade econômica do processo. Os processos de obtenção de enxofre
dependem de sua origem e podem, resumidamente , ser assim classificados:

Refino de petróleo: com o emprego do processo Klauss faz-se a


transformação do H2S em enxofre elementar, com o auxílio de um catalisador
aquecido em determinada temperatura. Processo similar é usado para a
recuperação de enxofre de gás natural e de coquerias.

Metalurgia: a partir da ustulação de sulfetos de Cu, Zn, Ni, etc. e minéros


sulfetados de ouro, sendo o ácido sulfúrico obtido da conversão do SO2
Processo .similar é empregado para a obtenção de ácido sulfúrico a partir de
pirita (FeS2)
Frasch: o método consiste da fusão do enxofre em profundidade e seu
transporte à superfície. Consta de quatro tubos concêntricos dispostos no poço
da rocha. A tubulação externa de proteção; um tubo para entrada de água
superaquecida (165ºC) para a fusão do enxofre da rocha; um tubo para
introdução de ar comprimido (40 bar) para forçar o enxofre liquefeito até a
superfície, através da tubulação mais interna.

Mineração convencional (a céu aberto ou subterrânea): para minérios de


alto e médio teor de enxofre, faz-se a ustulação para a geração de SO2 e sua
conversão para ácido sulfúrico (H2SO4). Com minérios de baixo teor, fusão e
destilação do enxofre, obtendo-se o enxofre elementar.

2.1 Processo Frasch de Mineração do Enxofre

Uma porcentagem grande, embora decrescente, de todo suprimento mundial


de enxofre é obtido a partir de calcário porosos portadores de enxofre das
rochas encaixantes dos domos salinos do Texas, da Lousiana e do México; o
método usado é o processo Frasch.

No final da década de 1890, Herman Frasch inventou um método engenhoso


de fundir o enxofre no subsolo, ou em jazidas submarinas, e bombear o líquido
até a superfície. O equipamento para perfurar os poços até o fundo dos
estratos sulfurosos é o usado comumente na perfuração de poços de petróleo;
a profundidade alcançada fica entre 150 e 760 m.

Por dentro da perfuração do poço, introduzem-se três tubos concêntricos, com


diâmetros de 20 a 3 cm. O tubo mais externo, de 20 cm de diâmetro, passa
pelo estrato sulfuroso e apoia-se sobre a face superior da camada de anidrita.
Pelo tubo de 20 cm passa concentricamente um outro tubo de 10 cm, de modo
a formar um modo anular entre os dois, que se estende até quase o fundo da
rocha sulfurosa; na parte inferior o tubo apoia-se em um anel, que veda o
espaço entre os tubos de 20 e 10 cm. Um tubo condutor de ar com 3 cm, por
dentro dos outros dois, atinge uma profundidade bem menor que a do colar
mencionado acima. O tubo de 20 cm é perfurado em dois níveis diferentes, um
deles acima do anel vedante e outro abaixo. o conjunto de perfurações
superiores permite o escapamento da água quente, e o enxofre fundido entra
no sistema através das perfurações debaixo.

Para a operação do poço, a água quente a 160 ºC é injetada pelo espaço


anular entre os tubos de 20 e 10 cm, e descarregada, através das perfurações,
na formação porosa ao pé do poço. A rocha sulfurosa nas vizinhanças do poço,
por onde a água circula, é aquecida a uma temperatura acima do ponto de
fusão do enxofre, a 119 ºC. O enxofre fundido, mais denso que a água, afunda
e forma um depósito na base do poço, entrando pelas perfurações inferiores do
tubo e ascendendo pelo tubo de 10 cm. A altura a que o enxofre é forçado pela
pressão da água quente corresponde a cerca da metade da distância à
superfície. O ar comprimido injetado pelo tubo de 3 cm, aera e torna mais leve
o enxofre líquido, de modo que ele se eleva até a superfície.

O volume de ar é controlado de maneira que a velocidade de produção seja


igual a taxa de fusão do enxofre, para que o depósito de enxofre fundido não
se esvazie e faça com que o poço produza água.

A água deve ser retirada da formação numa velocidade aproximadamente igual


a velocidade de injeção, para impedir o desenvolvimento de uma pressão que
chegaria ao ponto de impedir a continuação da operação. Os poços de sangria
da água são usualmente localizado nos flancos mais profundos do domo, e
recolhem a água fria, mais densa que ali se acumula. A capacidade de
aquecimento das usinas em operação chega a 1 - 10 milhões de galões por dia
(3,8 a 38 milhares de metros cúbicos por dia).

Na superfície, o enxofre líquido passa por linhas aquecidas a vapor até um


separador, onde se remove o ar. O enxofre pode ser solidificado em grandes
cubas de depósito, ou pode ser mantido em estado líquido, em tanques de
armazenamento aquecidos a vapor.
Cerca de 95 % de todo enxofre, nos Estados Unidos, são transportados
líquidos, em vagões-tanque isolados, ou em carros-tanque isolados, ou em
barcaças ou navios com calefação.

2.2 Processo Claus de Recuperação do Enxofre do H2S

A remoção do sulfeto de hidrogênio na purificação do gás natural ácido ou do


gás de coqueira, e nas refinarias de petróleo, está sendo feita de forma
crescente pela dissolução em solução de carbonato de potássio, ou em
etanolamina, seguida pelo aquecimento. O sulfeto de hidrogênio que assim se
obtém é queimado em fornos especiais, a fim de fornecer o dióxido de enxofre
para o ácido sulfúrico. Entretanto é crescente a quantidade convertida em
enxofre recuperado mediante diversas modificações do Processo Claus
original, cujas reações são:

H2S(g) + 3/2 O2(g) Þ SO2(g) + H2O(g)

SO2(g) + 2 H2S(g) Þ 3 S(l) + 2 H2O(l)

Os regulamentos contra a poluição da atmosfera exigem que as novas usinas


atinjam conversão superior a 98%; na Província de Alberta, Canadá, a
exigência sobe a 99,5%. Diversos processos foram desenvolvidos para diminuir
os teores do enxofre residual nos gases de descarga das usinas de
recuperação, visando a satisfazer às novas regulamentações relativas às
emissões industriais. Outras fontes existentes ou potenciais de enxofre a partir
de combustíveis, incluem os gases de coqueira e o óleo sintético cru de areias
oleíferas ou do xisto. Há um projeto de uma usina de 1.000 barris por dia para
a extração do óleo do xisto, no Brasil. Nos dias de hoje, é pequena a
quantidade de enxofre recuperado do carvão ; é possível, no entanto, que os
esforços visando diminuir as emissões de dióxido de enxofre e a desenvolver
combustíveis mais limpos a partir do carvão levem à produção, num futuro não
distante, de quantidades significativas de enxofre libertado do carvão de pedra.
A tecnologia de depuração do carvão cerca da metade da pirita presente no
carvão bruto; o enxofre orgânico, entretanto, só pode ser removido pela
gaseificação, ou liquefação ou hidrogenação. Diversos destes processos estão
em vários estágios de desenvolvimento. Quando se queimam combustíveis
contendo enxofre, os óxidos de enxofre devem ser removidos mediante
métodos de depuração dos fumos da chaminé, ou por meio de novas técnicas
de combustão destinadas a remover o enxofre durante a queima.

2.3 Obtenção de Enxofre dos Sulfetos Minerais

As quantidades de enxofre extraídas das piritas ferrosas atingiram a 5,01


milhões de toneladas no mundo ocidental, em 1973, enquanto que os gases da
metalurgia dos sulfetos não ferrosos contribuíram com 4,93 milhões de
toneladas de equivalente em enxofre.

A metalurgia dos minérios não ferrosos e das piritas converte o enxofre a


dióxido de enxofre, que é em geral, recuperado para conversão a ácido
sulfúrico ou, ocasionalmente, liquefeito. Nas fundições de cobre, a capacidade
de recuperação de enxofre é limitada, pois parte dos gases tem teor de dióxido
de enxofre muito baixo para que seja econômica a fabricação do ácido
sulfúrico. Os fornos elétricos e a arco produzem dióxido de enxofre mais
concentrado, conveniente para a recuperação do enxofre elementar ou do
ácido sulfúrico.
Existem diversos processos industriais para a recuperação do enxofre
elementar a partir de piritas, inclusive o processo Outokumpu a arco, Orkla e o
Noranda. Somente o Outokumpu é usado industrialmente.
3 PRODUÇÃO
Em nível mundial, o enxofre provém 87% da co-produção decorrente de outros
produtos primários e 13% de processos diretos de produção de enxofre, com a
seguinte distribuição aproximada:

• co-produto do refino de petróleo: 19%;

• co-produto da metalurgia de sulfetos: 18%;

• co-produto do gás natural: 13%;

• co-subproduto não diferenciado (petróleo, gás natural etc.): 28%;

• co-produto não especificado: 8%;

• processo Frasch: 4%;

• a partir de pirita: 8%;

• a partir da mineração de enxofre nativo: 1%.

Em quantidade, a produção mundial (S contido), em 2004, alcançou 63 Mt, com


a distribuição seguinte:

• EUA: 10 Mt (15,9%);

• Canadá: 8,5 Mt (13,5%);

• Rússia: 6,8 Mt (10,8%);

• China: 6,1 Mt (10,2%);

• Japão: 3,5 Mt (5,6%);

• Arábia Saudita: 2,4 Mt (3,8%);

• Alemanha: 2,4 Mt (3,8%);

• Outros países: 23,3 Mt (37%);


• Produção Total: 63 Mt (100%). 136 Enxofre

Os principais produtores mundiais de enxofre no ano de 2008 foram Canadá


(13,5%), Estados Unidos (13%), China (12%) e Rússia (10%), seguidos de
Japão, Arábia Saudita, Alemanha e Casaquistão, que juntamente com outros
países produziram cerca de 69 milhões de toneladas de enxofre, conforme
mostrado na Tabela 3.

O aumento da produção observado na Tabela 3, que passou de 57 milhões de


toneladas em 1999 para o patamar acima referido, deve-se ao incremento da
produção de países como a China (6 milhões de t em 1999 e 8,5 milhões de t
em 2008), Rússia (4,5 milhões de t em 1999 e 7 milhões de t em 2008) e
Arábia Saudita (2 milhões de t em 1998 e 3 milhões de t em 2008) e a entrada
de novos produtores, como Emirados Árabes Unidos e Coréia.Já entre os
principais produtores, Estados Unidos e Canadá, enquanto este manteve sua
produção constante ao longo do tempo, sempre em torno dos 9 milhões de
toneladas, os Estados Unidos sofreram um decréscimo substancial, passando
de 11 milhões de toneladas em 1999 para os atuais 9 milhões de toneladas. As
causas para esse decréscimo incluem furacões no Golfo do México, que
obrigaram ao fechamento de uma mina no Texas em 1999 (cujo enxofre era
obtido pelo método Frash) assim como o fechamento de fundições de cobre
que reduziram a produção de ácido sulfúrico como subproduto e, finalmente,
pela exaustão de depósitos de gás natural. A evolução da produção dos
principais países produtores é mostrada no Gráfico 2.
O Brasil produziu em 2008 praticamente 513 mil toneladas, o que representa
um aumento de 92% em relação à produção de 1998, que foi de cerca de 250
mil toneladas. No entanto, esta produção corresponde a apenas 0,7% da
produção mundial, sendo insuficiente para abastecer o mercado interno, tendo
em vista que o consumo aparente do Brasil em 2008 foi de 2,8 milhões de
toneladas, ou seja, nesse ano o país produziu cerca de 18% de sua
necessidade.

O enxofre produzido no Brasil provém de três fontes: folhelho pirobetuminoso


(5%), beneficiamento do petróleo (28%) e processo de ustulação de sulfetos
metálico (67%), como mostrado na Tabela 4.

O supracitado incremento na produção brasileira, conforme se observa no


Gráfico 3, decorreu do aumento da produção do enxofre obtido como
subproduto de sulfetos metálicos e também como subproduto do petróleo
sendo que a partir do folhelho pirobetuminoso a produção tem se mantido
praticamente constante.
1) Produção a partir do folhelho pirobetuminoso:

Esta produção ocorre no município de São Mateus-PR desde o ano de 1971


através de tecnologia desenvolvida pelo Petrobrás. Este processo, denominado
PETROSIX, obtém como produtos da transformação do xisto, por pirólise, os
seguintes produtos, além do enxofre: gás combustível, GLP, Nafta,
combustíveis e produtos especiais. A cada três anos ocorre uma parada na
produção com fins de manutenção, sendo que em 2008 esta parada ocorreu
nos meses de junho e julho, o que explica a queda na produção em relação ao
ano anterior (vide Tabela 4).
2) Produção a partir do Petróleo e Gás Natural

A Petrobras produz e comercializa, por meio da Petrobras Distribuidora, o


enxofre de três formas diferentes: o enxofre pecuário, utilizado como
complemento alimentar para gado; o ventilado na vulcanização de borrachas e
pneus e o industrial para aplicação em segmentos da indústria. O enxofre
recuperado do Petróleo e Gás Natural representa quase 30% do enxofre
produzido no país, no entanto, em 2008 a produção oriunda desta fonte
manteve-se no mesmo patamar do ano anterior, fazendo com que caísse para
26% da produção nacional.

3) Produção a partir de piritas contidas no carvão:

No estado de Santa Catarina há a recuperação de enxofre contido no rejeito


piritoso da mineração de carvão. Em 2008 houve a produção bruta de 5.090
toneladas de enxofre contido. O principal comprador é a Votorantim Metais.
Esta produção não se encontra computada no gráfico acima devido ao seu
baixo volume.

4) Produção de enxofre como subproduto dos sulfetos metálicos:

A maior fonte de enxofre nacional (cerca de 70% da produção nacional) é o


recuperado a partir de sulfetos conforme já explicado no item de reservas. Uma
das empresas que realiza essa recuperação para produção de ácido sulfúrico é
o Grupo Votorantim, cujas plantas de beneficiamento localizam-se em Juiz de
Fora e Três Marias, ambas em Minas Gerais. Em Três Marias, parte da matéria
prima é importada e parte é proveniente da mina de Morro Agudo (Paracatu).
Na unidade de Juiz de Fora o concentrado de sulfeto de zinco utilizado na
produção de zinco e na produção de ácido sulfúrico e dióxido de enxofre líquido
é 100% importado, principalmente do Peru. Nessa unidade foram produzidas
em 2007 praticamente 109 mil toneladas de Ácido Sulfúrico e 8.873 t de dióxido
de enxofre líquido. Já em Fortaleza de Minas a unidade produziu em 2008
praticamente 80 mil toneladas de ácido sulfúrico a partir da queima de sulfeto
de níquel.

A empresa Caraíba Metais, tem sua produção de ácido sulfúrico oriunda do


beneficiamento de sulfetos de cobre de Camaçarí, na Bahia, cujo processo de
produção é a partir de gases ricos em SO2 gerados na oxidação de
concentrados sulfetados de cobre nos fornos de fusão. As impurezas dos
gases são removidas por meio de um processo de lavagem, precipitação
eletrostática e secagem. Em seguida o SO2é convertido em SO3 em um reator.
O SO3 é posteriormente absorvido em um sistema que gera o ácido sulfúrico
comercial. A produção desta empresa em 2008 foi de 634 mil toneladas de
ácido sulfúrico e de 7,7 mil toneladas de Oleum 28%.

A chamada Mina Cuiabá, localizada no município de Sabará, e controlada pela


empresa Anglo Gold Ashanti Mineração, produz ouro e enxofre que são
beneficiados e transportados até a planta do Queiroz, localizada em Nova
Lima. O processo de produção dessa empresa consta da recuperação de
enxofre contido nos concentrados de sulfeto de pirita e pirrotita, utilizando a
queima em fornos especiais com passagem de corrente de ar quente
(ustulação). No período de 2005 a 2007 houve investimentos da ordem de
US$210,00 milhões para incremento da capacidade de extração da mina, além
da extensão da vida operacional, que passou para 2021. Em 2008 foram
produzidas 201 mil toneladas de ácido sulfúrico. Esta produção é toda voltada
para o mercado interno sendo que 41% das vendas foram para empresas
fabricantes de papel e celulose, 29% para empresas que produzem produtos
químicos e 21% para a indústria de fertilizantes.

No Brasil, as jazidas de enxofre e as plantas de ácido sulfúrico


4 USOS, FUNÇÕES E ESPECIFICAÇÕES
Da aplicação de enxofre, pelo menos de 55% do consumo mundial ocorre na
indústria de fertilizantes; nos EUA, 60% e no Brasil, 65%. Em sua utilização na
forma de ácido sulfúrico, o mundo responde por de 85% ou mais; nos EUA,
90%; e no Brasil, 78%. A grande parte do ácido sulfúrico é empregada na
produção de fertilizantes (na solubilização de concentrados fosfáticos e na
produção de sulfato de amônia, entre outros): no mundo, 65%; nos EUA, 67%;
e no Brasil, 84%. Apesar desse percentual altamente significativo, o enxofre
possui ainda uma variada e extensa gama de outras aplicações:

• ácidos industriais (não utilizados em fertilizantes);

• pigmentos e clarificantes;

• explosivos;

• produtos de petróleo;

• rayon;

• decapagem;

• fabricação de polpa de madeira;

• bissulfetos de carbono;

• inseticidas,

• fungicidas;

• agentes alvejantes;

• corantes;

• vulcanização da borracha;

• aditivo de asfalto;
• cimentos e concentrados de enxofre;

• tratamento dos vegetais e do solo;

• baterias de enxofre e metal alcalino;

• isolamentos com espuma de enxofre. 138 Enxofre

Em nível mundial o enxofre apresenta os seguintes usos por indústrias


consumidoras, em ordem decrescente de aplicação:

• fertilizantes;

• processos químicos;

• pigmentos;

• indústria química;

• fabricação de papel;

• fabricação de aço;

• fibras celulósicas;

• fotografia;

• produção de bissulfeto de carbono;

• fungicidas, inseticidas, etc.

No Brasil, como já citado, o segmento de fertilizantes utiliza pelo menos 65%


do consumo total de enxofre e a indústria química e outros setores, 35%. As
informações quanto ao destino das vendas internas de ácido sulfúrico, em
2003, são: fertilizantes (83,7%), processo químico (6,7%), papel e celulose
(2,1%), açúcar e álcool (1,1%), alimento (0,9%) e outros (5,5%).

Com relação às especificações dos principais produtos, o enxofre cru é o


enxofre elementar com o mínimo de 99,5% S. Em geral é comercializado na
forma de pelotas, briquetes ou tiras (slats) para evitar a geração de pó. A única
impureza significante é carbono, presente como hidrocarboneto disperso no
próprio enxofre. O ácido sulfúrico comercial é negociado na base 100%
(32,69% S), mas transportado com 66o Bé (93% H2SO4).
5 RESERVAS

A última estatística de reservas de enxofre fornecidas pelo USGS é de


2001 e encontra-se discriminada no Gráfico 1. No entanto, não há razão em se
falar em reservas de enxofre, primeiro porque há a dificuldade natural em se
mensurar as reservas associadas ao Petróleo e Gás Natural e segundo porque
o refino destes pode ocorrer em países diversos do da extração, o que faz com
que a produção seja computada em outro país. Isso ocorre não só com os
combustíveis fósseis, mas também com os sulfetos. Como exemplo, para o
Brasil, pode-se citar os sulfetos de cobre das minas localizadas no Chile, que
são enviadas para a Caraíba Metais, localizada no Estado da Bahia, onde é
produzido ácido sulfúrico. De qualquer forma o enxofre acha-se bem distribuído
entre os diversos países, sendo que o país que detém as maiores reservas
(considerando ainda os dados de 2001) é o Iraque, cuja fonte provém do
petróleo e gás, seguido por Canadá, Polônia, Espanha, China e Estados
Unidos, na proporção apresentada no Gráfico 1. Os demais países detém
quase 50% das reservas mundiais.

O Brasil detém apenas 1,2% das reservas mundiais de enxofre, que


somam 48,5 milhões de toneladas, distribuídas conforme tabela a seguir.

Essas reservas estão assim distribuídas:

1) reservas de enxofre associadas ao Petróleo e Gás Natural e


recuperadas no refino, realizado pela Petrobrás.
Estas reservas não se encontram computadas acima e são difíceis de
obter, pois o enxofre contido no petróleo e no gás natural varia enormemente.

2) reservas de enxofre associadas aos folhelhos pirobetuminosos.No


estado do Paraná o enxofre ocorre associado aos folhelhos pirobetuminosos da
Formação Irati, da Bacia do Paraná. Esses folhelhos possuem uma coloração
preta, são finamente laminados e com alto teor de matéria orgânica, contendo
reservas de óleo, gás combustível e enxofre, explorados pela Petrobrás através
de um método por ela desenvolvido denominado Petrosix.
3) reservas de enxofre associadas ao carvão no sul do Brasil.No sul do
Brasil, principalmente no estado de Santa Catarina, existem extensos depósitos
de pirita (FeS2), associada aos depósitos de carvão da Bacia do Paraná, cujos
rejeitos resultantes do beneficiamento de carvão no Estado de Santa Catarina
podem conter até 75% de pirita contra 25% de carvão mineral. Por falta de
viabilidade econômica este sulfeto foi por muito tempo estocado e, atualmente,
apenas a empresa Carbonífera Metropolitana realiza a exploração.

4) reservas de enxofre como subproduto de sulfetos.No estado de Minas


Gerais existem reservas associadas aos sulfetos de zinco (esfalerita – ZnS)
existentes no município de Paracatu e aos sulfetos de níquel e cobre de
Fortaleza de Minas, ambas explorados atualmente pela empresa Votorantim
Metais. Em Paracatu, na mina denominada Morro Agudo, os sulfetos são
encaminhados para a unidade da Votorantim localizada em Três Marias onde é
produzido ácido sulfúrico. Já em Fortaleza de Minas, na mina denominada
Morro do Níquel, a mineralização é composta por pirrotita (FeS), pentlandita
(FeNi)e calcopirita (CuFeS2) e a planta de ácido fica na mesma localidade.

Outra fonte de enxofre no estado de Minas Gerais é o associado aos


sulfetos da Mina de ouro denominada Cuiabá, no município de Sabará, cuja
exploração se dá pela empresa Anglo Gold Ashanti. A planta de Ácido Sulfúrico,
denominada de Queiroz, localiza-se em Município vizinho, de Nova Lima.

No estado da Bahia o enxofre encontra-se associado aos sulfetos de


cobre e é aproveitado desde o ano de 1978 pela empresa Mineração Caraíba
S/A no Vale do Rio Curaça, município de Jaguari, que envia o concentrado para
a empresa Caraíba Metais S/A, que produz e comercializa cobre eletrolítico
tendo como subproduto o ácido sulfúrico.

A Caraíba Metais S/A recebe ainda o concentrado de cobre proveniente


da mina da Chapada, localizada em Novo Horizonte, no estado de Goiás,
explorada pela empresa Yamana, e da mina de Sossego, localizada em Canaã
dos Carajás, no Pará, explorada pela empresa Vale. Ambas não estão com
suas reservas de enxofre computadas acima.O depósito de Chapada é de
sulfetos de cobre e ouro. A operação teve início em 2007 quando 15% da
produção foi enviada para a Caraíba Metais, sendo o restante exportado. A vida
útil da mina é de 17 anos.A mina do Complexo do Sossego, em Carajás, no
Pará, cuja titular é a empresa Vale encaminha um concentrado obtido por um
processo de flotação a partir de minérios com teores de aproximadamente 1%
de Cu (ou 2% de calcopirita). Apenas 12% da produção da mina de Sossego é
enviada para a Caraíba Metais, sendo o restante exportado.

5) enxofre nativo.

Outro recurso de enxofre, não computado acima, é a de enxofre nativo


localizada em Castanhal, município de Siriri, estado de Sergipe, cujas
pesquisas realizadas em 1978 pela extinta PETROMISA (PETROBRÁS
Mineração S.A.), subsidiária da PETROBRÁS, revelaram a existência de
depósitos em sedimentos estratiformes. Embora estes sejam fontes
promissoras de enxofre, com um teor médio de 7,1%, não foi possível, até o
momento, realizar economicamente sua extração utilizando-se os métodos de
lavra atualmente conhecidos, uma vez que o enxofre ocorre de forma
descontínua nas camadas
6 TENDÊNCIAS
O Brasil não possui reservas suficientes de enxofre que possam atender a
demanda interna. No entanto, apesar de não constar na lista de grandes
produtores de enxofre, o país é o sétimo maior produtor de ácido sulfúrico
(Fonte: ANDA), assim como o quarto maior consumidor de fertilizantes do
mundo. Deste modo, a importação de enxofre tem onerado a balança comercial
brasileira, principalmente no ano de 2008, em que ocorreu um aumento
expressivo nos preços desse bem mineral.A manutenção dos preços praticados
antes do início da crise poderia viabilizar projetos anteriormente inviáveis, como
o depósito de enxofre de Castanhal (SE) e o rejeito do Carvão de Santa
Catarina, mas o que se verificou após o início da crise foi à queda dos preços.

Assim, espera-se a continuidade do aumento da produção de enxofre oriundo


do petróleo e gás natural e como subproduto de sulfetos metálicos, como vem
ocorrendo ao longo dos anos. Nesse contexto, as empresas Itafós, que explora
fosfato em Arrais-TO, e que foi comprada pela empresa canadense Yamana,
pretendem juntas aproveitar o rejeito piritoso da mineração de cobre e ouro em
Alto Horizonte – Goiás, para produzirem 250 mil toneladas/ano de ácido
sulfúrico.

Em relação à produção de enxofre recuperado do petróleo, já foi anunciado


pela empresa Petrobrás investimentos na instalação de unidades de
dessulfurização de derivados de petróleo na faixa de destilação do óleo diesel,
sendo que cada uma das refinarias da estatal seria equipada com pelo menos
uma unidade dessas, muitas das quais dotadas de unidades recuperadoras de
enxofre (URE).
Além das perspectivas de maior produção de enxofre, o que deve ocorrer
também é o aumento das importações, já que novas plantas de ácido sulfúrico
estão sendo anunciadas pelas empresas para suprirem o aumento da
produção de rocha fosfática, pois novas minas entrarão em operação assim
como haverá expansão das já existentes. Em Anitápolis, por exemplo, a Bunge
e a Yara pretendem produzir 200 mil t de ácido sulfúrico ao ano, importando
para isso 70 mil t de enxofre pelo porto de Imbituba-SC. O início das
operações, no entanto, depende de negociações com o Ministério Público e os
ambientalistas. A Bunge pretende também expandir a planta de Ácido Sulfúrico
do Complexo de Araxá assim como investir R$ 36 milhões numa planta em
Iperó-SP, produzindo assim 216 mil toneladas de Ácido Sulfúrico, mas neste
caso, o começo das operações de lavra da mina de fosfato também depende
do aval dos órgãos ambientais, pois a jazida encontra-se inserida numa
Floresta Nacional – FLONA.

A ocorrência do enxofre, como já dito, acha-se bem distribuída no planeta e os


especialistas apontam que não haverá problemas no seu fornecimento futuro,
mesmo com o crescimento da demanda, continuando o Brasil a ser mero
importador desse bem mineral.

7 CONCLUSÃO

Através do estudo efetuado para a elaboração desde trabalho, foi possível


obter inúmeras conclusões com relação ao bem mineral estudado.
Desde modo concluiu se, que infelizmente as reservas de enxofre no Brasil são
insuficientes para que o país consiga se tornar alto suficiente, ou seja,
conseguir extrair todo o enxofre necessário no consumo interno.

Lembrando que o enxofre atualmente é utilizado como matéria prima para


produção de fertilizantes, fungicidas, inseticidas e tendo inúmeras outras
aplicações.

Sendo assim, torna se necessário que ocorra no Brasil um aumento com


relação a pesquisas minerais para obtenção de novos depósitos de enxofre.

8 REFERENCIAS

 Departamento Nacional de Produção Mineral - http://www.dnpm.gov.br -


Acesso em 30/04/11 às 10:35
 Centro de Tecnologia Mineral http://www.cetem.gov.br – Acesso em
29/04/11 às 20:15

 Ministério de Minas e Energia – http://www.mme.gov.br/ Acesso em


30/04/11 às 17:50

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