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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 422.106 - SP (2017/0277828-9)

RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA


IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ADVOGADO : CARLOS HIDEKI NAKAGOMI
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : DANIEL SAMPAIO ALVES
EMENTA

PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.


DOSIMETRIA. PRIMEIRA FASE. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. CULPABILIDADE. INSTRUMENTO E FORMA DE
EXECUÇÃO DO CRIME. ELEMENTOS UTILIZADOS PARA
QUALIFICAR O DELITO PELO EMPREGO DE MEIO CRUEL. BIS IN
IDEM . OCORRÊNCIA. MAUS ANTECEDENTES. DECURSO DO
PRAZO PREVISTO NO ART. 64, I, DO CÓDIGO PENAL.
CONFIGURAÇÃO DE MAUS ANTECEDENTES. POSSIBILIDADE.
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
1. Indevida a utilização do instrumento e da forma de execução do delito
(golpes com barra de ferro) tanto para justificar a incidência da
qualificadora de meio cruel como para julgar desfavorável a circunstância
judicial de culpabilidade, de forma a caracterizar indevido bis in idem.
2. À luz do art. 64, inciso I, do Código Penal, ultrapassado o lapso temporal
superior a 5 anos entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a
infração posterior, as condenações penais anteriores não prevalecem para
fins de reincidência. Podem, contudo, ser consideradas como maus
antecedentes, nos termos do art. 59 do Código Penal. Conquanto não se
desconheça o conteúdo da decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, tomada por maioria de votos nos autos do HC n.º 126.315/SP, de
Relatoria do Min. Gilmar Mendes (julgado em 15.9.2015 e publicado em
7.12.2015), o tema não se encontra pacificado no âmbito daquela Corte,
sendo objeto de repercussão geral (RE nº 593.818).
3. In casu, deve ser mantido o entendimento já firmado por este Sodalício
de que, mesmo ultrapassado o lapso temporal de 5 anos, podem ser
consideradas como maus antecedentes as condenações anteriores transitadas
em julgado, já que se tratam de condenações anteriores pelos crimes de
furto e roubo, baixadas no ano de 2005.
4. Ordem parcialmente concedida para reduzir a pena final imposta ao
paciente ao patamar de 13 (treze) anos, 2 (dois) meses e 12 (doze) dias de
reclusão, mantidos os demais termos da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Sexta Turma,
por unanimidade, concedeu parcialmente a ordem, nos termos do voto da Sra. Ministra
Relatora. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e
Antonio Saldanha Palheiro votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Documento: 80685519 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 12/03/2018 Página 1 de 2
Superior Tribunal de Justiça

Brasília, 20 de fevereiro de 2018(Data do julgamento)

Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA


Relatora

Documento: 80685519 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 12/03/2018 Página 2 de 2

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