IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : CARLOS HIDEKI NAKAGOMI IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : DANIEL SAMPAIO ALVES EMENTA
PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
DOSIMETRIA. PRIMEIRA FASE. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. CULPABILIDADE. INSTRUMENTO E FORMA DE EXECUÇÃO DO CRIME. ELEMENTOS UTILIZADOS PARA QUALIFICAR O DELITO PELO EMPREGO DE MEIO CRUEL. BIS IN IDEM . OCORRÊNCIA. MAUS ANTECEDENTES. DECURSO DO PRAZO PREVISTO NO ART. 64, I, DO CÓDIGO PENAL. CONFIGURAÇÃO DE MAUS ANTECEDENTES. POSSIBILIDADE. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. Indevida a utilização do instrumento e da forma de execução do delito (golpes com barra de ferro) tanto para justificar a incidência da qualificadora de meio cruel como para julgar desfavorável a circunstância judicial de culpabilidade, de forma a caracterizar indevido bis in idem. 2. À luz do art. 64, inciso I, do Código Penal, ultrapassado o lapso temporal superior a 5 anos entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior, as condenações penais anteriores não prevalecem para fins de reincidência. Podem, contudo, ser consideradas como maus antecedentes, nos termos do art. 59 do Código Penal. Conquanto não se desconheça o conteúdo da decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, tomada por maioria de votos nos autos do HC n.º 126.315/SP, de Relatoria do Min. Gilmar Mendes (julgado em 15.9.2015 e publicado em 7.12.2015), o tema não se encontra pacificado no âmbito daquela Corte, sendo objeto de repercussão geral (RE nº 593.818). 3. In casu, deve ser mantido o entendimento já firmado por este Sodalício de que, mesmo ultrapassado o lapso temporal de 5 anos, podem ser consideradas como maus antecedentes as condenações anteriores transitadas em julgado, já que se tratam de condenações anteriores pelos crimes de furto e roubo, baixadas no ano de 2005. 4. Ordem parcialmente concedida para reduzir a pena final imposta ao paciente ao patamar de 13 (treze) anos, 2 (dois) meses e 12 (doze) dias de reclusão, mantidos os demais termos da condenação.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Sexta Turma, por unanimidade, concedeu parcialmente a ordem, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Antonio Saldanha Palheiro votaram com a Sra. Ministra Relatora. Documento: 80685519 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 12/03/2018 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça
Brasília, 20 de fevereiro de 2018(Data do julgamento)
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Relatora
Documento: 80685519 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 12/03/2018 Página 2 de 2