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DIETA PARA PREVENIR CÂNCER


mdsaude.com/2012/04/prevencao-do-cancer-dieta.html

Estima-se que haja anualmente cerca de 13 milhões de novos casos de câncer e 8 milhões de
mortes em todo o mundo. Muitos destes casos, infelizmente, são devidos a tumores atualmente
preveníveis.

A prevenção das mortes por câncer pode ser feita tanto pelo diagnóstico do tumor em fases muito
precoces, permitindo uma intervenção antes que o câncer se desenvolva, ou através de
modificações de fatores ambientais ou hábitos de vida que aumentam o risco de câncer, como, por
exemplo, o fumo, a má alimentação e o excesso de exposição solar.

Prevenção do câncer
Grande parte do nosso atual conhecimento sobre a prevenção do câncer vem de estudos
observacionais epidemiológicos, que são aqueles que após anos de observação tentam encontrar
relações entre diferentes hábitos de vida e diferentes tipos exposições ambientais com o
surgimento de cânceres específicos.

Sabemos hoje que cerca de 50% dos cânceres podem ser prevenidos. Através de estudos,
identificamos alguns fatores de risco modificáveis, que são responsáveis por até 1/3 das mortes por
câncer em todo o mundo. São eles:

Tabagismo.
Consumo excessivo de álcool.
Dieta rica em carnes vermelhas e gorduras.
Excesso de peso.
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Sedentarismo.
Sexo sem proteção.
Poluição do ar urbano.
Exposição a combustão de combustíveis sólidos, principalmente madeira e carvão.
Exposição solar excessiva.

Nesta primeira parte do artigo vamos falar especificamente dos principais fatores de risco do
câncer relacionados à alimentação, explicando que tipos de medidas são cientificamente
comprovadas para se reduzir a chance de se ter um tumor maligno.

A segunda parte do texto encontra-se aqui: PREVENÇÃO DO CÂNCER

Este texto faz parte da nossa série sobre câncer, que também aborda os seguintes assuntos:
– O QUE É O CÂNCER?
– O QUE É CARCINOMA?
– 14 SINTOMAS DE CÂNCER 

1. Relação entre dieta e câncer


A relação entre dieta e câncer tem sido exaustivamente estudada ao longo dos últimos anos.
Infelizmente, os resultados não têm sido conclusivos, havendo muita discordância entre os
diferentes estudos. Atualmente, é consenso que uma dieta equilibrada, com pouca gordura e rica
em fibras, frutas e vegetais diminui o risco de vários tipos de câncer, porém, o efeito real parece ser
menos relevante do que o previamente imaginado. Além disso, não se conseguiu individualizar
nenhum alimento da chamada dieta saudável que seja responsável por este efeito protetor.
Quando se pensa em prevenção do câncer, aparentemente, parece ser mais importante ter uma
alimentação saudável que permita o indivíduo manter-se com um peso ideal, do que ficar
procurando por alimentos individuais que possam ter algum efeito protetor.

Este texto tem o objetivo de informar o que atualmente é consenso no meio científico. Existe muita
informação distorcida sobre as ações de certos alimentos em relação à incidência do câncer. Isso se
dá principalmente pela dificuldade que algumas pessoas têm em interpretar estudos científicos.
Muitas vezes, estudos com falhas na sua concepção são tratados como plenamente válidos,
fornecendo resultados equivocados e que nunca conseguem ser repetidos por outros trabalhos. Há
também uma indústria de suplementos alimentares que se beneficia de falsa propaganda em cima
de vitaminas e outros nutrientes supostamente protetores contra o câncer.

Esta primeira parte do texto pode ser um pouco frustrante se você está à procura de dicas sobre
alimentos especiais que possam vir a diminuir o seu risco de ter câncer. Ao contrário de toda
propaganda que surge nos meios de comunicação social, não parece que seja assim que as coisas
funcionam.

1.1. Gorduras

As dietas ricas em gorduras são comprovadamente um fator de risco para doenças


cardiovasculares, obesidade, diabetes e hipertensão. Porém, sua relação direta com câncer ainda
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não está totalmente elucidada. Sabemos que a obesidade eleva o risco de diversos cânceres
(explicarei na segunda parte do texto), portanto, indiretamente, uma dieta rica em gordura pode ser
considerada um fator de risco. Porém, quando se elimina o fator obesidade, os estudos não
conseguem provar a relação direta de uma dieta rica em gorduras com o câncer, entre eles o
câncer de cólon ou o câncer de mama (leia: CÂNCER DE MAMA | Fatores de risco). O único tumor
que através dos estudos apresentou uma relação positiva e direta com a ingestão de gordura foi o
câncer de próstata (leia: CÂNCER DE PRÓSTATA | Sintomas e tratamento).

Enquanto o consumo total de gordura diretamente não parece afetar de modo relevante o risco de
câncer, ainda temos dúvidas se determinados tipos de gordura (saturada, insaturada, ou gorduras
trans) afetam o risco de maneira diferente, e se a ingestão de gordura na infância ou adolescência
traz um risco maior do que a ingestão durante a vida adulta. Estas são questões ainda em estudo.

Nos últimos anos, o consumo de ômega-3, um tipo de gordura saudável encontrada em peixes de
água fria e óleos de origem vegetal, tem estado na moda, principalmente pelo seu efeito protetor
nas doenças cardiovasculares. Todavia, estudos recentes concluíram que o consumo de omega-3
não oferece proteção contra pelo menos 11 diferentes tipos de câncer estudados.

Resumindo, o atual consenso para prevenção do câncer indica que se evite uma dieta com excesso
de gorduras, principalmente para evitar ganho de peso além do desejável.

1.2. Carne vermelha

A carne vermelha é um dos poucos vilões comprovados da dieta em relação ao câncer. A ingestão
frequente de carne vermelha, incluindo carne bovina, carne de porco, vitela e cordeiro, está
comprovadamente associada com um maior risco de câncer de cólon e reto em homens e
mulheres. Carnes processadas, como linguiças, salsichas, bacon, etc. também aumentam o risco de
câncer.

Pessoas com elevado consumo de carne vermelha e baixo consumo de carnes brancas, apresentam
até 50% mais chance de desenvolverem câncer. Para pessoas que comem carne vermelha ou carne
processada todos os dias (ou na maioria dos dias da semana), a cada 50 gramas de carne vermelha
processada ou a cada 100 gramas de carne vermelha não processada a mais na dieta, há um
aumento de 18% no risco de desenvolver câncer do cólon.

Estima-se que anualmente 50.000 pessoas morrem em todo o mundo de cânceres derivados do
consumo de carne vermelha, processada ou não. Só como comparação, o cigarro é responsável por
1 milhão de mortes anuais em todo mudo, e o consumo de álcool por 600.000 mortes.

O consenso atual para prevenção do câncer é de que a dieta deve ter mais carnes brancas (peixes e
aves) do que carne vermelha.

Para saber mais detalhes sobre a relação entre carnes vermelhas e o câncer, leia: CARNE VERMELHA
REALMENTE CAUSA CÂNCER?

1.3. Vegetais

Apesar de historicamente haver o consenso de que o consumo elevado de frutas e outros vegetais
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está associado a uma redução significativa na incidência de câncer, estudos mais recentes
forneceram resultados menos consistentes. A maioria dos estudos têm encontrado evidências de
que está proteção é muito fraca, só ocorrendo quando se compara pessoas com grande ingestão
frutas ou vegetais com pessoas com nenhuma, ou quase nenhuma, ingestão destes alimentos.

As evidências são um pouco mais fortes quando se estuda a ligação entre câncer de próstata e o
consumo de tomate. Vários estudos têm demonstrado uma redução pequena, porém
estatisticamente significativa, do risco de câncer de próstata em homens com maior ingestão de
tomates e produtos de tomate.

Um grande estudo concluiu que a ingestão de elevadas quantidades de soja (20 mg por dia de
isoflavonas) em mulheres asiáticas está associado a uma diminuição do risco de câncer de mama.
No entanto, este consumo de soja pesquisado é muito alto, bem acima do que a média das
populações ocidentais costuma consumir, que é menos de 0,5 mg por dia. Provavelmente por isso,
estudos em mulheres ocidentais não têm sido conclusivos, pois mesmo aquelas que consomem
muita soja para o padrão ocidental, ainda ficam muito aquém das dieta asiática. Os flavonoides
encontrados em tomate, pimentão verde, frutas vermelhas e frutas cítricas também têm sido
associados a uma diminuição modesta no risco de câncer de mama.

O consenso atual para prevenção do câncer indica o consumo regular de grandes quantidades de
frutas e vegetais, incluindo alimentos à base de soja.

1.4. Laticínios

Vários estudos sugerem que a ingestão de leite e derivados com baixo teor de gordura pode
proteger contra câncer de mama, principalmente em mulheres em idade fértil. Em contraste, uma
grande análise conjunta dos oito estudos prospectivos compreendendo principalmente mulheres
após a menopausa não encontrou o mesmo resultado, sugerindo que este efeito protetor possa se
restringir apenas às mulheres em idade fértil.

1.5. Fibras

A ingestão regular de fibras está associada à redução do risco de doença cardiovasculares e


diabetes, mas o seu efeito sobre a redução do risco de câncer é ainda incerto. Os resultados têm
sido discordantes entre os grandes estudos epidemiológicos. Nos últimos anos, tem sido muito
propagada uma suposta relação preventiva do consumo de fibras com o câncer de cólon e reto,
todavia, os estudos realizados até o momento não são conclusivos. O mais correto é dizer que é
possível que o consumo de fibras tenha um efeito protetor contra o câncer de cólon, porém esta
teoria ainda não foi comprovada.

2. Vitaminas e minerais
Em geral, o uso de suplementos de vitaminas e minerais visando a prevenção do câncer tem sido
decepcionante. Ao contrário do que ocorre nos diferentes tipos de dieta, onde muitas vezes os
estudos apresentam resultados discordantes e inconclusivos, nos casos das vitaminas e minerais, os
resultados são mais uniformes, mostrando quase sempre não haver efeito protetor. Por exemplo,
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dois grandes estudos observacionais de longo prazo, um incluindo mais de 160.000 mulheres, com
acompanhamento de cerca de oito anos, e o outro formado por mais de 180.000 participantes, de
várias etnias, com 11 anos de seguimento, não encontraram nenhuma evidência de efeito
preventivo com o uso regular de multivitamínicos.

Entre as exceções, podemos citar o consumo de cálcio. Curiosamente, os estudos têm apontado
tanto um efeito protetor quanto um efeito deletério do cálcio, dependendo das quantidades
consumidas. Atualmente aceita-se que um consumo de mais de 700mg/dia de cálcio tenha efeito
preventivo sobre o câncer de cólon e reto, porém, uma ingestão acima de 2000mg/dia pode
aumentar o risco de câncer de próstata nos homens.

Entre as vitaminas e minerais que não apresentam evidências científicas de prevenir o câncer estão:
– Vitamina A
– Vitamina B
– Vitamina C
– Vitamina E
– Ácido fólico (exceto em pessoas com alto consumo de álcool, onde o folato parece ter efeito
protetor)
– Selênio
– Ferro
– Betacaroteno
– Zinco

3. Alimentos específicos
Existem milhares de estudos sobre milhares de alimentos e seus efeitos na prevenção do câncer. É
impossível falar de todos neste texto, por isso, selecionei alguns para fazer breves comentários

– Café: não há evidências de que o café ou a cafeína tenham qualquer relação com o surgimento
de cânceres.
– Alho: está muito na moda atualmente, principalmente em relação ao câncer de cólon, porém, não
há estudos conclusivos sobre o seu efeito protetor.
– Cebola: mesma situação do alho.
– Adoçantes: não há evidências de que os adoçantes, incluindo aspartame, sacarina e sucralose,
tenham qualquer efeito sobre o risco de câncer.
– Alimentos orgânicos: hoje é amplamente aceito na comunidade científica que alimentos
orgânicos são mais saudáveis por serem criados sem adição de pesticidas, hormônios, antibióticos
ou qualquer outra substância não natural. Todavia, apesar de toda base teórica, ainda não está
comprovado que alimentos orgânicos diminuam a incidência de câncer.
–Açúcar: não existe uma relação direta do açúcar com o risco de câncer, porém, o excesso de
carboidratos pode levar à obesidade, que é reconhecidamente um fator de risco para vários tipos
de câncer.
– Chá verde e chá preto: em estudos com animais o chá verde e o chá preto apresentaram
evidências de prevenir câncer, porém, em estudos com humanos os resultados não foram
semelhantes, não havendo, no momento, evidências científicas para afirmar que chás tenham
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algum papel na prevenção do câncer.


– Pimenta: não há evidências de que o consumo de pimenta interfira no risco de câncer.

4. Álcool
O consumo regular de álcool está associado a um maior risco de vários tipos de câncer.

Um estudo prospectivo com mais de um milhão de mulheres (idade média de 56 anos) descobriu
que 10 g de álcool (uma drink) por dia aumenta o risco para cânceres da orofaringe, esôfago,
laringe, reto, fígado e mama. O álcool parece também potencializar o risco de câncer do trato
respiratório de fumantes.

Também é bom salientar que a cirrose alcoólica é um grande fator de risco para o desenvolvimento
do câncer do fígado.

Por razões ainda pouco claras, o consumo moderado de álcool tem sido associada com um risco
diminuído do câncer de rim.

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