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Médica
Renato Colenci
Fevereiro de 2018
3.1. Mindfulness:
Eu não conhecia o termo e fiquei bastante surpreso ao ver o impacto desta
técnica, especialmente nas doenças mentais, como depressão e ansiedade, com
eficácia comparada a terapia cognitivo-comportamental (1). Particularmente, a
experiência na oficina permitiu-me despertar o interesse por aprofundar o
estudo sobre este método para utilizá-lo como ferramenta diária de higiene
mental para profilaxia de distúrbios mentais. No âmbito do SUS, essa técnica
ainda não está disponível em larga escala, sendo restrita a alguns centros
universitários, conforme apontam algumas notícias (2). Na última edição da
política nacional de práticas integrativas e complementares (3) ainda não
constava o termo “mindfulness” (trás práticas mentais de uma maneira geral), mas
como tema está em evidência nas pesquisas atuais das práticas de saúde
complementar, conforme exaustivamente apresentado nas palestras e oficinas
que tivemos, certamente a próxima edição trará dados da inclusão desta técnica
no SUS.
3.2. Auriculoterapia:
Também não conhecia esta técnica, sendo que fiquei bastante surpreso pelo
relato de caso da professora acerca do tema. Ela nos contou que seu irmão, há
alguns anos afetado pela doença de Crohn e já tendo tentado diversos
3.3. Quiropraxia:
Nesta oficina, tivemos a possibilidade de ter um contato mais prático com esta
técnica. Particularmente, eu conhecia esta prática, já tendo usufruído dela como
adjuvante para a prática desportiva. Sempre gostei muito, por promover
resolução de pontos de tensão, muitas vezes resultantes de uma prática esportiva
exaustiva ou mesmo de uma rotina de estresse. Com relação ao nível de
evidência, há 41 trabalhos de revisão sobre o tema publicados em 2017/2018,
sendo que uma revisão sistemática recente (9) traz a conclusão “Há evidências de
qualidade moderada de que a manipulação e a mobilização reduzem a dor e melhoram a função
de pacientes com dor lombar crônica”. A técnica não consta na PNPIC (3), sendo que
tem ganhado cada vez mais espaço nos serviços particulares, especialmente
dentre os fisioterapeutas. Uma vez que a fisioterapia está incluída no SUS
através do NASF ou em centros específicos de tratamento, como em nosso HC,
a implantação desta técnica é dependente da capacitação destes profissionais e
divulgação da técnica nos serviços de encaminhamento, especialmente para
dores de origem osteomuscular crônicas.
3.5. Yoga:
A oficina de Yoga foi a minha última e a que mais me agradou em termos de
experiência prática. Incialmente, a quebra de preconceito que eu tinha de que
se tratava apenas de uma técnica de alongamento com objetivo de melhora de
parâmetros físicos (equilíbrio, elasticidade, flexibilidade), sendo que na verdade
trata-se de uma metodologia de busca de integração fisico-mental baseada em
oito partes (8 angas do yoga clássico): disciplina (yama), autocontrole (niyama),
posturas (asana), controle da respiração (pranayama), recolhimento dos
sentidos (pratyahara), concentração (dharana), meditação (dhyana) e
iluminação (samadhi). Desta forma, pudemos experimentar na oficina prática
que o “alongamento” se trata apenas de uma das partes da prática do Yoga
(asana), sendo que se aproxima muito das técnicas de mindfulness em termos de
controle da respiração, introspecção e concentração, sendo associada com as
posturas específicas para melhoria de desempenho de órgãos relacionados.
Particularmente, achei mais eficaz que a prática de mindfulness, uma vez que
trabalha com o físico e com a mente em uma sincronia mais intensa.
Na parte teórica da oficina não foi nos apresentada de maneira acadêmica o
embasamento científico desta técnica, porém em uma busca por artigos de
revisão publicados na PubMed entre 2017 e 2018 com o descritor “Yoga” revela
que 98 artigos publicados, dos quais apontam evidências para melhora de
diferentes distúrbios, tais como desconforto respiratório em pacientes com
De uma maneira geral, para todas as técnicas citadas, dado o viés acadêmico da
cidade de Botucatu, talvez a via mais rápida de implementação seja atrelada à
universidade, em forma de ambulatório, de tal forma que permitam que mais
pesquisas possam ser feitas e, a partir de então, potencializem a disseminação
destas técnicas para a toda a rede básica brasileira. Outra via de implantação e
disponibilização dessas técnicas seria através de grupos de apoio ou mesmo
através do NASF, onde profissionais capacitados poderiam coordenar atividades
semanais que reunissem demandas das UBS, uma vez que, em geral, são
técnicas de baixo custo e com baixo grau de efeitos colaterais, especialmente
quando orientadas por profissionais capacitados. Além disso, pelas evidências
apresentadas pela maior parte dos estudos, possuem impacto positivo em
quando aplicadas isoladamente para algumas condições ou em associação aos
tratamentos convencionais da medicina alopática.
4) Referências
(1) Hofmann SG, Gómez AF. Mindfulness-Based Interventions for Anxiety and
Depression. Psychiatr Clin North Am. 2017 Dec;40(4):739-749. doi: 10.1016/j.psc.
2017.08.008. Epub 2017 Sep 18. Review.
(2) https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/05/17/sus-
usa-meditacao-budista-para-tratar-estresse-e-depressao-aprenda-a-fazer.htm
(3) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS -
PNPIC-SUS /Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. - Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 92 p. - (Série B. Textos Básicos de Saúde)
(4) Mercante B, Deriu F, Rangon CM. Auricular Neuromodulation: The Emerging
Concept beyond the Stimulation of Vagus and Trigeminal Nerves. Medicines (Basel). 2018
Jan 21;5(1). pii: E10. doi: 10.3390/medicines5010010. Review.