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O jogo com nuvens mais simples, é o de tentar prever se uma nuvem se está
a formar ou a desfazer; antes de se fazer isto em voo, devemos brincar à
previsão das nuvens enquanto estamos a passear, conduzir ou a olhar pela
janela do escritório. Escolham uma nuvem e façam uma decisão com um olhar
rápido; está-se a formar ou a desfazer? Depois sigam cuidadosamente essa
nuvem escolhida durante o resto do ciclo; se pensaram que se estava a formar,
ela irá crescer em tamanho ( na horizontal, na vertical ou em ambas) enquanto
se torna mais resistente à passagem da luz (mais água em suspensão significa
evoluir de farrapos a pequenos tufos de humidade, de um branco sólido até ao
cinzento). Se está a desfazer-se, então irá ficar cada vez mais leve e
lentamente se irá desfragmentando em pequenos pedaços. Quanto tempo
demora este processo? (de crescimento ou de diminuição). Dois minutos?
Dez? Vinte? Ou continua até obter um desenvolvimento vertical num cúmulo
monstruoso ou num cb? Raramente consigo fazer boas previsões apenas com
um só olhar para a nuvem, mas após a observar durante um par de minutos,
consigo normalmente dizer se está a evoluir ou a decair. Acredito que é
absolutamente básico aprender o ciclo de vida das nuvens se queremos voar
cross; isto é o equivalente aéreo de saber ler.
Em dias com nuvens grandes, preste muita atenção qual a zona da base da
nuvem que está mais alta; a melhor sustentação irá certamente alimentar a
zona mais alta da base da nuvem. À medida que sobe em direcção à base,
continue a olhar em redor, dado que é possível que consiga subir mais alto
noutra área da nuvem. Isto é especialmente comum quando se voa na fronteira
entre uma zona húmida e outra relativamente mais seca. Já observei nuvens
com diferenças de altura da base na ordem dos 1200 m!!!!
É possível estar a enrolar por baixo de um grande Cb, contudo é muito raro. Se
o céu está a começar a sobre-desenvolver à nossa volta, então é muito
provavelmente a hora de aterrar, independentemente do que se está a passar
por cima da nossa cabeça. Até as grandes nuvens têm ciclos regulares; alguns
dias com cúmulos de 5 a 10 km são muito bons para voar, mas rapidamente as
nuvens ficam mais altas que largas e procuramos uma zona do céu com menos
nuvens ou vamos para a aterragem.
Após aterrar e a asa estar arrumada, podemos observar o céu e verificar o que
acontece às nuvens que nos preocuparam durante o voo. Elas realmente
desenvolveram ciclos fortes, mas estáveis ou estão a sobre-desenvolver? Se
elas sobre-desenvolveram, quanto tempo levaram depois da nossa decisão de
aterrar? Ocasionalmente, podemos aterrar cedo demais, mas quando
arriscamos ficar mais um pouco de tempo a voar, o voo torna-se mais nervoso
e, por vezes, mesmo aterrador. Quanto mais voamos mais conservadores
ficamos. Se a previsão diz que vamos ter trovoada, então assim que o céu
começar a sobre-desenvolver o melhor é ir de imediato para a aterragem.
Observar o céu intensamente enquanto voamos não é só uma questão de
encontrar as zonas com térmica mas também uma questão de segurança em
voo.
Estratégias de Voo
Quanto maior a altura da base da nuvem mais longa será a transição para a
próxima térmica (a não ser que estejamos a voar numa estrada de nuvens de
algum tipo). Reichmann previu que a distância entre nuvens é
aproximadamente 2,5 vezes a sua distância ao solo. Se a base está a 2000
metros do solo então a distância ao próximo “tronco” de térmica será de 5 Kms
(a distância entre “raízes” pode ser algo inferior). Mesmo que a nossa asa
tenha uma finesse de 5:1 ainda temos uma razoável possibilidade de encontrar
a próxima térmica antes de atingirmos o solo! Em teoria é muito difícil irmos da
base de uma nuvem até ao chão sem encontrarmos uma térmica. Na realidade,
já nos aconteceu por diversas vezes, em particular em dias azuis, mas em
retrospectiva, ou saímos para um buraco azul demasiado grande ou entramos
numa zona de descendente forte e não desviámos a nossa rota em 90º para
abandonar esta zona de descendente, antes de percorrermos metade da
distância entre a base e o solo para encontrar sustentação. No plano, penso
que as térmicas se formam em linhas, assim como as descendentes; mesmo
em dias azuis, o próximo local lógico para procurar uma térmica é por cima de
um colector/gatilho a sotavento da nossa última ascendente.