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RECONHECIMENTO E CONFLITOS SOCIAIS: A ABORDAGEM DE

PAUL RICOUER E SUA DIVERGÊNCIA EM RELAÇÃO À TEORIA


DO RECONHECIMENTO DE AXEL HONNETH

MARCOS LUIZ DA SILVA

Resumo: No presente trabalho analisaremos a teoria de Paul Ricouer sobre o


reconhecimento, destacando, no entanto, a crítica que ele faz à teoria de Axel Honneth
sobre as fontes morais das transformações sociais, no caso, sobre a luta social e o conflito.
Em sua investigação, Honneth desenvolve a ideia de que a fonte moral do engajamento
cidadão estaria no não reconhecimento de pretensões normativas morais de alguns sujeitos
da relação intersubjetiva. Paul Ricouer, no entanto, discorda da teoria honnethiana no que
concerne a esse fundamento baseado na luta social e no conflito, e defende que o
reconhecimento se dava dar em bases mais pacíficas, ou seja, ancorado no dom e na
reciprocidade, e não na violência. Pretende-se, pois, analisar neste estudo as principais
críticas de Ricouer à teoria do reconhecimento de Honneth, objetivando ao final
verificarmos se há de fato divergência entre as duas teorias ou tão somente uma
incompreensão de Ricouer em relação ao argumento honnethiano.

Palavras-chaves: Ricouer. Honneth. Reconhecimento. Conflitos sociais. Dom.

RECOGNITION AND SOCIAL CONFLICTS: PAUL RICOUER’S APPROUCH AND HIS


DIVERGENCE FROM THE AXEL HONNETH’S RECOGNITION THEORY

Abstract: This work analyzes the Paul Ricouer’s theory about the recognition however it
points out the criticism from Axel Honneth’s theory on moral sources of social changes as
the social fight and the conflict. In his inquiry, Honneth develops the idea about how the
moral source could be on not-recognition of moral normative claims of some subjects of
intersubjective relation. None the less, Paul Ricouer disagrees of Honneth’s theory about
the basis on social fight and conflict, gift and reciprocity, and not violence. Then, this
study intends analyze the main criticisms of Ricouer about the Honneth’s recognition
theory and pursues check whether there divergence between the both theory or it is a
misunderstanding of Ricouer in relation to Honneth’s argument.

Keywords: Ricouer. Honneth. Recognition. Social conflicts. Gift.

1. Introdução

Pretendemos abordar no presente estudo a concepção de reconhecimento de Paul


Ricouer, em uma perspectiva crítica ao pensamento de Axel Honneth. Honneth, em sua
obra Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais desenvolveu uma


Professor da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Mestrando em Filosofia (UFPI). E-mail:
mluizsilva@hotmail.com.
teoria em que as pretensões normativas dos sujeitos decorreriam de sentimentos negativos
surgidos a partir do não reconhecimento social de demandas de ordem moral, de modo que
os indivíduos em uma relação intersubjetiva se veriam em situação de vergonha,
humilhação ou desprezo em relações intersubjetivas mantidas nas dimensões do amor, do
direito ou da estima social, o que lhes daria o impulso necessário à busca, pela via do
conflito social, do alcance dessas pretensões na esfera pública.
A concepção de reconhecimento honnethiana, portanto, está calcada na ideia de
conflito social, que seria o vetor propulsor do engajamento cidadão, fomentando a
formação e a atuação de movimentos sociais em defesa de pautas relacionadas às situações
de desrespeito, desprezo, humilhação ou mesmo violência sofrida por esses indivíduos.
Paul Ricouer, no entanto, a despeito de compartilhar com Honneth grande parte dos seus
argumentos, envereda por caminho diverso quando se trata de justificar o modo como se dá
a estratégia de mediação das demandas de reconhecimento no âmbito da sociedade,
defendendo uma alternativa menos “belicosa”, na qual a violência e o conflito não seriam
os pontos chave da motivação moral para o atendimento de pretensões normativas de
reconhecimento interrelacional, e sim vias pacíficas como o perdão ou a economia de dons.
No presente estudo, dada a amplitude das duas principais obras analisadas,
envidaremos uma análise tão somente desse aspecto central da teoria do reconhecimento de
ambos os autores: onde se dá a mediação da dinâmica de reconhecimento? nos conflitos ou
lutas sociais? Ou, em outras instâncias, como nos “estados de paz”, dentre os quis o dom e
o perdão, como quer fazer crer Ricouer?
Nos próximos tópicos analisaremos, na sequencia, alguns aspectos da teoria
honnethiana relacionada a esse problema, em seguida a compreensão de Ricouer sobre o
tema, para que possamos ao final realizar as devidas distinções entre um e outro autor
acerca dessa problemática.

2. A teoria do reconhecimento de Axel Honneth: reconhecimento a partir das


lutas sociais.

Axel Honneth, herdeiro e maior pensador da teoria crítica na atualidade1, é talvez


o principal teórico do reconhecimento dentre os filósofos contemporâneos. A sua teoria

1
Honneth foi orientando de Jürgen Habermas e é atualmente o Diretor do Instituto de Pesquisa Social da
Universidade de Frankfurt, onde atuaram alguns pensadores que conceberam a Teoria Crítica, como Theodor
Adorno, Max Horkheimer, e Walter Benjamim. Segundo Marcos Nobre, “diferentemente de outras tradições
mais destacada foi publicada em 1993, na obra Luta por Reconhecimento: a gramática
moral dos conflitos sociais, onde Honneth desenvolve uma teoria social emancipatória a
partir de uma reconstrução da filosofia social do jovem Hegel, ainda na sua fase de Jena,
onde toma a ideia de intersubjetividade e de um conhecimento moral construído de forma
dialógica como a base do seu pensamento.
A filosofia de Hegel e a psicologia social de Mead são a base da teoria do
reconhecimento de Axel Honneth. Em Hegel ele assegura uma visão epistêmica e
ontológica diferenciada no que concerne à formação da identidade individual e dos juízos
morais, afastando-se da concepção monológica e subjetiva de origem kantiana. Em Hegel,
segundo afirma o próprio Honneth em Luta por Reconhecimento, ele encontrou as bases
para uma teoria social calcada na ideia de intersubjetividade, onde a formação da
individualidade se daria não de forma puramente racional e subjetiva, mas a partir das
práticas sociais e da interação dos indivíduos com os outros membros da sociedade. Para
Honneth, a base da formação moral de um indivíduo não está de forma isolada na sua
mente, mas em uma forma reflexiva e dialógica de racionalidade onde o seu pertencimento
a uma comunidade se faz como aspecto central da formação do juízo moral e ético.
Nesse ponto Honneth, a partir de Hegel, se contrapõe às teorias sociais e políticas
de Hobbes e Maquiavel, que vêm na luta pela manutenção do poder como o móvel que
impulsiona os diversos sujeitos de determinada coletividade a participarem de lutas sociais
e políticas. Assim como diverge da ideia de que tais transformações se dariam pelo vetor
da igualdade econômica, ou da distributividade, caro ao pensamento marxista, como já dito
anteriormente. Os impulsos que levariam diversos atores à esfera pública, em movimentos
sociais e coletivos, a lutarem contra o racismo, homofobia, igualdade de gênero, seriam de
ordem moral, decorrentes de experiência de desapreço ou de não reconhecimento de
demandas oriundas dos ideais relacionados à liberdade e a igualdade de direitos entre os
membros de uma dada comunidade, ou seja, à emancipação desses sujeitos.
Em Hegel, Honneth encontra o terreno ideal para construir a sua teoria social. E
utiliza dois conceitos que são fundamentais na teoria hegeliana nos seus escritos de Jena: a
concepção de identidade a partir da intersubjetividade; e a ideia de eticidade. Segundo
Honneth, nessa fase o modelo hegeliano permitirá reconstruir um modelo de formação da

intelectuais, a teoria crítica não toma a emancipação como um ideal, mas como uma possibilidade real,
inscrita na lógica efetiva do capitalismo. Isso significa também que sua tarefa não é a de simplesmente
descrever o existente, mas de compreender seu funcionamento concreto à luz de uma emancipação a um
tempo concretamente possível e efetivamente bloqueada pelas relações de dominação vigentes (Nobre, 2005,
p. 03)”.
identidade baseado na intersubjetividade, e ao mesmo tempo normativo, ou seja, isso
possibilitaria que a análise se pusesse não só sob o prisma da formação identitária dos
sujeitos inseridos em uma dada comunidade, como também realçaria os aspectos
normativos que possibilitariam uma mudança social visando a emancipação desses
sujeitos. Segundo Salvadori,

o objetivo central de Honneth na obra Luta por reconhecimento: a gramática


moral dos conflitos sociais, é mostrar como indivíduos e grupos sociais se
inserem na sociedade atual. Isso ocorre por meio de uma luta por
reconhecimento intersubjetivo e não por auto conservação, como salientavam
Maquiavel e Hobbes. As três formas de reconhecimento são as seguintes: o
amor, o direito, e a solidariedade. A luta pelo reconhecimento sempre inicia pela
experiência do desrespeito dessas formas de reconhecimento. A autorrealização
do indivíduo somente é alcançada quando há, na experiência de amor, a
possibilidade de autoconfiança, na experiência de direito, o autorrespeito e, na
experiência de solidariedade, a autoestima (SALVADORI, 2011, p. 189).

Portanto, a concepção de eticidade de Honneth nessa obra abriga a concepção de


três esferas de autorrealização individual, e que seriam os momentos específicos da vida
individual em sociedade que possibilitariam as relações intersubjetivas e, por conseguinte,
o reconhecimento. Seriam elas: o amor, o direito e a estima social (solidariedade). Em cada
uma delas há um certo grau evolutivo de realização do indivíduo, a começar pelas relações
mais próximas, pessoais, que envolvem a família e a relação amorosa, partindo-se em
seguida para relações mais amplas e externas, como no caso do direito, com suas
instituições protetoras da individualidade, e a estima social, onde o sujeito interage com o
outro e se vê reconhecido e estimado em suas individualidades e capacidades.
Salvadori explica que “a passagem progressiva dessas etapas de reconhecimento
explica a evolução social” (2011, p. 191), ou seja, o desenvolvimento social se daria por
decorrência de pressões sociais e morais decorrentes das experiências de desrespeito
individual. Em resumo, “ela ocorre devido à experiência do desrespeito que se dá desde a
luta pela posse da propriedade até à pretensão do indivíduo de ser reconhecido
intersubjetivamente pela sua identidade” (SALVADORI, 2011, p. 191).
Cumpre, ainda que de soslaio, descrever com um pouco mais de detalhamento
cada uma das esferas de reconhecimento concebidas por Honneth. Na esfera do amor
teríamos as relações próximas, familiares ou conjugais, onde o elemento afetivo é mais
forte e gera um sentimento de autoconfiança no indivíduo. Baseando-se em Winnicott,
Honneth fundamenta empiricamente a sua teoria, justificando que a intersubjetividade
enquanto elemento central na formação da identidade se dá desde os primeiros momentos
de vida do indivíduo, e a dependência em relação à mãe é fundamental para a sua formação
cognitiva nos primeiros meses de vida. Em Mead realiza Honneth a sua inflexão empírica
para demonstrar que é na interação com o outro que o sujeito se forma individualmente,
seja nas suas relações pessoais ou mesmo nas relações regidas pelo direito. O direito seria
fundamental para a constituição do sujeito, na medida em que a proteção jurídica do
Estado (direitos subjetivos fundamentais) possibilitaria ao indivíduo expressar-se
moralmente de forma autônoma, o que constitui etapa decisiva para o último momento de
autorrealização, que é a estima social, a partir da solidariedade. A estima social
(solidariedade), com o respeito à individualidade e às diferenças, é a etapa final da
formação da identidade do sujeito, e que o habilita com a estima necessária para lançar-se à
esfera pública e atuar enquanto sujeito político dotado de todas as condições necessárias
para sua plena realização enquanto membro de uma coletividade2.
Segundo Saavedra e Sobottika, o núcleo da argumentação teórica de Honneth será
a constatação de que na sociedade burguesa capitalista teria havido um “desenvolvimento
social e moral que resultou numa diferenciação gradativa de três esferas de reconhecimento
– do amor, da lei e do desempenho” (SAAVEDRA, SOBOTTKA, 2009, p. 398). Isso teria
levado os membros da sociedade a que passassem a poder contar com um

reconhecimento recíproco específico a cada uma delas e, por conseguinte, a


experimentar o valor duradouro de suas capacidades e a ampliar sua
individualidade. Não só se desenvolveram as relações afetivas e intrafamiliares
que evidenciaram um tipo específico de necessidade e de interação social
orientada pelo afeto e a atenção, mas a antiga ordem hierárquica baseada na
honra se desdobra numa ordem jurídica igualitária em que o indivíduo é
reconhecido como portador de direitos subjetivos, por um lado, e uma esfera do
mérito em que o indivíduo conquista reconhecimento pelo desempenho
individual, por outro (SAAVEDRA, SOBOTTKA, 2009, 398).

Um dos pontos cruciais da teoria honnethiana, e que será objeto de forte ataque
por parte de Ricouer, é a ideia de que o reconhecimento se dá mediado por lutas sociais. O
conflito estaria na origem, portanto, das transformações sociais que levariam ao
reconhecimento e ampliação de direitos emancipatórios. Como visto, para Honneth a

2
Tatyana Lellis da Mata e Silva, em dissertação sobre o tema, acresce que “o sujeito para se sentir
importante em sua singularidade assim como um grupo em sua especificidade, em seus valores e em suas
concepções de ‘bem viver’, necessita gozar da possibilidade de se sentir amado na esfera íntima, respeitado
perante o Estado e incluído na sociedade pelo que ele pode oferecer, dentre suas competências e habilidades
próprias, como valioso também para as demais pessoas. Faltando-lhe o reconhecimento em qualquer dessas
esferas, o sujeito é submetido a uma condição de negação do reconhecimento que tem reverberações em sua
própria personalidade e vida prática, ambas adulteradas (In: Teoria Crítica e Luta por reconhecimento:
contribuições de Axel Honneth ao debate da justiça e cidadania. Dissertação de mestrado. 2012, p. 61)”.
conquista da autorrealização utiliza como medium as relações sociais e dialógicas, que não
se exaurem em meras comunicações dotadas de todos os predicados adequados para a sua
pronta efetividade, tal como concebido por Habermas3. Como esclarece com rara clareza
Salvadori,

As mudanças sociais podem ser explicadas por meio do desrespeito, gerador de


conflitos sociais. Os conflitos surgem do desrespeito a qualquer uma das formas
de reconhecimento, ou seja, de experiências morais decorrentes da violação de
expectativas normativas. A identidade moral é formada por essas expectativas.
Uma mobilização política somente ocorre quando o desrespeito expressa a visão
de uma comunidade. Portanto, a lógica dos movimentos coletivos é a seguinte:
desrespeito, luta por reconhecimento, e mudança social. Honneth, seguindo as
ideias de Hegel, afirma que a eticidade é o conjunto de condições intersubjetivas,
que funcionam como condições normativas necessárias à autodeterminação e a
autorrealização (SALVADORI, 2011, 192).

Mas o que seria exatamente essa “luta” por reconhecimento? Que “conflitos”
seriam esses? Como se dariam na prática social? Ao que parece, Honneth indica que tais
conflitos se dariam no plano da luta política, entre movimentos formados por sujeitos com
uma mesma gama de interesses e demandas de reconhecimento. Na medida em que esses
fatores morais motivam vários indivíduos eles podem se reunir em movimentos sociais e
mobilizar-se politicamente em busca do reconhecimento de novos direitos e de respeito
social. Ou seja, a atuação desses movimentos, enquanto luta social, estaria ainda numa fase
pré-institucionalizada, muito embora Honneth ressalve também o papel do direito e do
poder judiciário na ampliação de direitos, como pudemos ver em decisões recentes
possibilitando o casamento ou a união entre casais homoafetivos pelo Poder Judiciário
brasileiro.
Honneth propõe, portanto, uma teoria que é crítica e ao mesmo tempo prática, ou
seja, uma concepção que se propõe a descrever mazelas da construção social na
contemporaneidade ao mesmo tempo em que oferece caminhos normativos que se
apresentam como uma proposta de ação concreta de transformação social. Nesse sentido,
Melo esclarece que a teoria do reconhecimento necessita de uma mediação pelos
movimentos sociais, sem os quais perde a sua força e potencial normativo:

3
Honneth, em verdade, diverge do seu mentor nesse ponto. Ainda que admita que haja um processo de
comunicação dialógico, entende Honneth que esse processo se encontra mediado socialmente, e não é tão
somente procedimental, como previsto pela teoria do agir comunicativo habermasiana. A mediação se dá por
lutas sociais, conflitos, que instaurariam uma verdade disputa de grupos vulneráveis socialmente, atingidos
por atos de desrespeito, pela ampliação dos seus direitos e do respeito social em demandas de
reconhecimento. Daí entender ele que a gramática social dos conflitos sociais por reconhecimento se dá na
esfera de motivações morais, e mediante conflitos, e não sobre um consenso comunicacional.
No entanto, é preciso considerar que, do ponto de vista crítico-normativo, o
conceito de reconhecimento serve também para que a teoria não se justifique sem
mediações diretamente a partir da perspectiva dos movimentos sociais. O teórico
precisa poder se distanciar dos atores para poder avaliá-los de maneira crítica,
identificando, portanto, aspectos regressivos quando presentes. Os padrões de
reconhecimento serviriam exatamente a esse propósito, ressaltando o referencial
normativo intrínseco às relações sociais e conflitos vigentes: da dinâmica social
gerada pelas experiências de desrespeito e da luta por reconhecimento é possível
extrair uma concepção formal de eticidade que sirva de padrão normativo para a
teoria política, já que, para Honneth (2003, p. 268), “o significado que cabe às
lutas sociais particulares se mede pela contribuição positiva ou negativa que elas
puderam assumir na realização de formas não distorcidas de reconhecimento”.
Nunca sem vincular o propósito crítico da teoria à práxis política e social a partir
da qual aquela reconstrói suas categorias normativas, a teoria honnethiana da luta
por reconhecimento procura reunir todos os pressupostos intersubjetivos que
precisam então estar preenchidos para que os sujeitos possam assegurar
processos exitosos de autorrealização (MELO, 2014, p. 25).

Feita essa breve reconstrução da teoria honnethiana, cabe agora vermos como
Paul Ricouer, em seu Percurso do reconhecimento, analisa a teoria honnethiana do
reconhecimento, e em que medida propõe alternativas às soluções propostas pelo filósofo
da tradicional escola de Frankfurt.

3. O reconhecimento no pensamento de Paul Ricouer: em defesa de um


reconhecimento pelo dom.

Em Paul Ricouer a dinâmica do reconhecimento passa necessariamente pela ideia


de alteridade e mutualidade, além de ter uma relação direta com a concepção ricoueriana
de constituição do “eu”, que, no seu caso, se dá de forma reflexiva a partir da ideia de “si”.
Na obra Percurso do Reconhecimento Paul Ricouer desenvolve um estudo sobre a
teoria do reconhecimento, confrontando-se com o pensamento de Axel Honneth em vários
aspectos, a despeito de haver uma inegável conformidade de boa parte dos seus
argumentos com o pensamento honnethiano. Se em O si-mesmo como um outro Ricouer
supera ou vai além da concepção do cogito de Descartes, em Percurso do Reconhecimento
a sua pequena ética fundamenta a sua reconstrução da teoria do reconhecimento hegeliana
em diálogo com a teoria de Axel Honneth, sendo que em ambos é possível perceber um
fundamento comum, que é a ideia de intersubjetividade. Tanto em Honneth como em
Ricouer a formação da racionalidade do sujeito se daria a partir de uma relação com o
outro, e não de forma monológica ou meramente subjetiva. Ainda que Ricouer tente de
alguma forma aproximar-se da concepção do cogito, concebendo um eu reflexivo,
impossível não compreender que tal ideia de constituição do indivíduo partindo da
interação social não se aproxime daquilo que Honneth denomina como fundamentação
“pós-tradicional” da racionalidade moral, ancorada na ideia de intersubjetiva e afastando-
se das concepções metafísicas.
Nessa obra Ricouer analisa a teoria do reconhecimento de Hegel, além de discutir
a ideia de conflito ou de luta a partir do Leviatã de Thomas Hobbes, para expressar, ao
final, a sua relativa discordância em relação a essa concepção de fundamental moral do
reconhecimento a partir da divergência entre atores sociais. Para Ricouer, é na
Fenomenologia do Espírito que Hegel se debruça sobre o problema do reconhecimento,
notadamente quando realiza a metáfora do senhor e do escravo, preferindo ele abordar esse
tema a partir dessa obra hegeliana, obra essa que em Honneth é descartada como
fundamentação teórica da sua teoria, dado o autor considerá-la como o momento em que
Hegel abandona a ideia de intersubjetividade e passa adotar uma filosofia da consciência.
Em relação a Hobbes, Ricouer faz algumas reflexões sobre a ideia de um “estado
de natureza”, onde defende que a renúncia feita pelos indivíduos da sua autonomia para
firmar um contrato social se dá não só no plano individual, mas no plano coletivo. Ricouer
aponta a pertinência da teoria hobbesiana quanto à ideia de uma sociedade em que o
conflito seja a fonte do surgimento do estado e do direito, mas, por outro lado, não acolhe a
inteiramente a ideia de que é esse conflito a fonte de toda e qualquer forma de
reconhecimento. Diz ainda ele que essa renúncia de todos da sua autonomia objetivando a
criação do Estado não se dá de forma puramente subjetiva ou individual. Muito pelo
contrário: trata-se de uma renúncia coletiva, envolvendo todos os membros daquela
coletividade, ou seja, é uma renúncia “recíproca” (RICOUER, 2006, p. 183). Diz ele:

abandonar o que se tem sobre algo, desfazer-se da liberdade que se tem de


impedir um outro de se beneficiar do direito que é seu sobre essa mesma coisa
constituem preliminares a todo ato de fazer contrato. Por sua vez, esse abandono
de um direito se divide em renúncia simples e em transferência em benefício de
um outro; daí provém a primeira obrigação, a de não impedir esse outro de se
beneficiar da transferência. Pela primeira vez, os epítetos „recíproco‟ e „mútuo‟
são pronunciados sob o signo não mais do estado de guerra, mas da busca da paz
(RICOEUR, 2006, p.182) 4.

4
Segundo Corá e Nascimento, o pensamento de Hobbes é inovador em vários aspectos, e dentre eles se
destaca a tese da “insociabilidade natural” (2011, p. 417), e ainda a concepção inovadora de direito natural,
decorrente da existência conflitos e desconfianças mútuas no “estado de natureza”, o que possibilitaria que
todos tivessem o mesmo direito (2011, p. 417). Segundo eles, “o estado natural é um estado de guerra de
todos contra todos e é somente porque esse estado é um estado de guerra que o direito natural se torna direito
a todas as coisas. Permanecendo, porém, o direito a todas as coisas, a guerra não poderá findar, por isso é
necessária à renúncia a esse direito (CORÁ, NASCIMENTO, 2011, p. 417)”.
Para Ricouer, além do conflito e do desconhecimento contidos no estado de
natureza Hobbesiano proporcionariam a negação do reconhecimento. E disso nasceria uma
necessidade do contrato social, que se daria, como já visto, com a reciprocidade e
participação de muitas pessoas, não sendo ele obra de um indivíduo isolado5. A
reciprocidade, portanto, é componente desse contrato social, de modo que isso
representaria para Ricouer a justificativa de uma “igualdade originária”, ou seja, todos são
iguais nessa coletividade institucionalizada na medida em que a renúncia se deu de forma
recíproca, entre todos os integrantes dessa sociedade. O problema é que esse contrato na
leitura hobbesiana decorreria do medo de todos contra todos, e Ricouer busca em seus
estudos identificar outra razão para essa renúncia, algo que foi também objeto de
questionamento de Honneth em sua Luta por reconhecimento.
Tanto Honneth como Ricouer, portanto, buscaram outros fundamentos que não o
medo, ou a luta pelo poder, para justificar a demanda por reconhecimento. E ambos
encontraram em Hegel algumas proposições no sentido de que há um fundamento moral
que justifica a ação individual em busca do reconhecimento. Para Hegel, “a consciência-
de-si é em si e para si quando e por que é em si e para si para uma outra; quer dizer, só é
como algo reconhecido” (RICOUER, 2006, p.142), isso significando que a dinâmica do
reconhecimento envolve uma dimensão reflexiva da racionalidade do indivíduo, ou seja, a
ideia de intersubjetividade, de aceitação mútua e reciprocidade na dinâmica de
reconhecimento.
Um outro componente visto por Ricouer para o reconhecimento seria a
negatividade. Negatividade no sentido de desprezo, ou seja, de “menosprezo rumo à
consideração, da injustiça rumo ao respeito” (2006, p. 188). A negatividade seria a
contrariedade do outro em relação ao desejo ou pretensão de reconhecimento do indivíduo,
o que em alguma medida vai gerar a motivação moral para a luta por reconhecimento.
Ricouer aponta ainda como componente do reconhecimento a ideia hegeliana de
vida ética, no que se vale também da concepção aristotélica de virtude ou de vida ética.
Segundo ele, “na expressão vida ética, há uma vontade de concretude da prática dos

5
Segundo Ricouer, “[...] cedo eu transfiro o meu direito de me governar a mim mesmo a este homem, ou a
esta assembleia de homens, com a condição de transferires para ele o teu direito, autorizando de uma maneira
semelhante todas as suas ações. Pois, todas as pessoas se unem num Estado, o qual é governado pelo
soberano, portanto, esse soberano tem três características que são necessárias para ele, à irrevogabilidade, o
caráter absoluto e a indivisibilidade (RICOEUR, 2006; p. 103)”.
homens e não unicamente de suas obrigações abstratas morais” (2010, p.359). Portanto,
para Ricouer as bases da teoria hegeliana do reconhecimento são esses três componentes: a
intersubjetividade, a negatividade, e a vida ética. O reconhecimento, portanto, teria uma
vinculação com a ideia de justiça, uma vez que para ele o desprezo e a negatividade
estariam vinculadas a comportamentos injustos, e que por isso implicariam em um
sentimento de indignação e revolta, e assim possibilitando um impulso moral rumo ao
atendimento dessas pretensões normativas de reconhecimento.
Vê-se, portanto, alguma similitude nas teorias de Honneth e Ricouer no que
concerne a responder à pergunta: há uma motivação moral mediada pelo conflito
decorrente de sentimentos de desapreço ou humilhação para o reconhecimento? Ou seria
penas uma luta pelo poder, ou pela vida, ou pela segurança, como em Hobbes e
Maquiavel? Aqui se verifica uma adesão quase que total de Ricouer em relação aos
fundamentos da teoria honnethiana da luta por reconhecimento.
Ricouer, no entanto, vai divergir de Honneth no que concerne a um aspecto
fundamental do problema do reconhecimento, que é identificar o lugar de mediação que
possibilita o atendimento das demandas individuais pelo atendimento de suas pretensões
normativas originárias de situações de desrespeito, menosprezo ou mesmo violência.
Identificou-se acima que dessas situações podem surgir pretensões normativas embaladas
por sentimentos de natureza moral, e que podem impulsionar os sujeitos a uma ação na
esfera pública, individual ou coletivamente, em busca do reconhecimento dessas
pretensões. Ricouer, no entanto, entende que tal dinâmica não é a única, e que existem
outras formas de mediar essa busca individual pelo reconhecimento que vai além da luta
social ou do conflito. Não que ele entenda que as outras formas de mediação para o
reconhecimento de alguma forma afastem ou impliquem no afastamento do conflito.
O conflito para ele continuará existindo, de forma permanente. O seu contributo
em relação a esse tema é no sentido de que existem outros modelos de reconhecimento
além desse, e é exatamente nesse ponto que adentramos no principal aspecto da sua teoria
do reconhecimento. E os modelos se baseariam na ideia de ágape e economia dos dons.
Nesse sentido, afirmam Corá e Nascimento que “ao invés de afirmar as experiências de
reconhecimento sob a ideia de luta, Ricoeur propõe o reconhecimento pela ideia de dom,
trazida à público por Marcel Mauss por meio de seus estudos sobre as sociedades arcaicas”
(2011, p. 417).
Nesse caso, Ricouer faz um deslocamento da ideia de dom de Mauss como força
mágica para uma representação como reconhecimento tácito, sendo que ele adota a
concepção de que “reconhecer o outro por meio da gestualidade do dom é que gera um
reconhecimento simbólico através da coisa dada, assim, sem a existência de conflito e sem
violência” (CORÁ, NASCIMENTO, 2011, p. 421). Portanto, o reconhecimento seria um
fenômeno simbólico e mútuo, envolvendo a reciprocidade, e com a participação dos dois
envolvidos, o doador e o destinatário do dom. O maior exemplo do que Ricouer chama de
dom seria a ideia da promessa ou do presente, onde um indivíduo se propõe a doar ao outro
algo que lhe pareça representativo e sem conotação econômica alguma.
Ágape seria um dos modelos de estados de paz lembrados por Ricouer e que para
ele, a princípio, “parece refutar por antecipação a ideia de reconhecimento mútuo na
medida em que a prática generosa do dom, ao menos em sua forma pura, não requer nem
espera uma dádiva em retribuição” (2006, p. 234). E conceituando ágape, Ricouer afirma
que
a ágape se distingue elo eros platônico pela ausência elo sentimento de privação
que alimenta seu desejo de ascensão espiritual. A abundância elo coração, elo
lado ela ágape, exclui esse sentido ela privação. O traço mais importante para
nossos objetivos reside na ignorância elo contra dom na efusão elo dom no
regime ela ágape. Este é um corolário ela ausência ele referência ela ágape a toda
ideia ele equivalência. Não que a ágape ignore a relação com o outro, como
demonstram os discursos sobre o próximo e sobre o inimigo; mas ela inscreve
essa relação ele busca aparente ele equivalência subtraindo-a elo julgamento.
Trata-se no máximo ele uma equivalência que não é medida ou calculada
(RICOUER, 2006, p. 235).

Assim, conforme nos esclarece Gubert, “o ágape, figura central do primeiro


momento, concentra sua força na generosidade do dom, em contraponto com as regras de
retribuição da justiça” (GUBERT, 2013, p. 282). Seria uma forma de reconhecimento
pacífico, portanto, no que se afastaria, pelo menos em parte da concepção honnethiana de
um reconhecimento baseado no conflito. O reconhecimento baseado na troca de “dons”,
conforme nos lembra ainda Gubert, “se aproxima do ágape devido ao caráter de
generosidade inerente ao dom” (2013, p. 282). O contra dom, por sua vez, é marcado pela
gratidão, e “é no gesto de receber e na gratidão que motiva a retribuição que está a garantia
do reconhecimento mútuo, pois esta maneira de retribuir se difere e se desvincula da
reciprocidade imediata da lógica das trocas mercantis” (2013, p. 282).
Trata-se, portanto, de experiências de reconhecimento mútuo, ou simbólico, o que
não afasta, contudo, a ideia de que o reconhecimento se dê também a partir das lutas
sociais, como bem ressalva o próprio Ricouer, que assinala que é nas experiências
negativas de “desprezo e de insatisfação que estaria fundado o desejo de reconhecimento”
(2010, p. 361), destacando ele que a “conflituosidade é a sua alma” (2006, p. 269), no que
é tributário, pelo menos em parte, da teoria honnethiana do reconhecimento. Segundo
Ricouer

Essa inerência elo desconhecimento ao reconhecimento sob a figura elo desprezo


nos coloca a caminho ele uma figura elo desconhecimento que nossos últimos
desenvolvimentos consagrados ao dom e à troca de dons nos permitem detectar.
A transição do tema da luta para o do dom estava ligada a uma questão referente
ao caráter sempre inacabado da luta pelo reconhecimento. E é como uma treva
no âmago ela conflitualidade sem fim que a experiência efetiva da troca
cerimonial elo dom era invocada enquanto figura privilegiada elos estados ele
paz (RICOUER, 2006, p. 269)

O que se percebe, pois, é que Ricouer acolhe e até mantém uma posição de
respeito à teoria do reconhecimento de Honneth6, inclusive reforçando a ideia de que o
conflito está lá como uma das condições do reconhecimento, e que esse conflito é
permanente, sendo, portanto, inerente à vida em sociedade. Esse, no entanto, é um dos
problemas que ele aponta na teoria honnethiana: se há conflito permanente, o contrato
social estabelecido de fato resolveu o problema da guerra de todos contra todos do estado
de natureza? Outrossim, ressalva, um pouco além de Honneth, que o reconhecimento não
vai se dar tão somente a partir da luta ou do conflito social, e que pode ser dar também por
outras vias, pacificamente, como no caso da mediação pela economia dos dons.

4. Considerações finais

Assim, parece evidente que Ricouer, ao tratar do tema do reconhecimento, propõe


novos modelos e formas de mediação social para o reconhecimento, indo além do modelo
proposto por Honneth da conflituosidade e da luta social, e buscando, em estados de paz,
situações práticas que possibilitam o atendimento de pretensões normativas dos sujeitos

6
Nesse pequeno trecho fica bem evidente a posição de Ricouer: “Um diálogo com Axel Honneth deu-me a
oportunidade ele salientar formas ele conflitualidade que respondem aos três modelos de reconhecimento
distinguidos por Hegel na época de Iena. Evoquei também outros tipos de conflitualidade ligados à
competição social. É o caso elas "economias ela grandeza", segundo Thévenot e Boltanski, em que a
justificação da posição de cada um nas escalas comparativas ele grandeza e ele pequenez corresponde à
pluralidade elas cidades ou dos mundos entre os quais se repartem as economias ela grandeza. As formas de
compromisso que esses autores evocam no final de seu trabalho não deixam de lembrar os tipos de trégua
representados pelos estados de ágape e seu horizonte de reconciliação. Sem dúvida seria preciso evocar
também as análises, feitas em outro quadro, ela dialética entre o amor caracterizado pela superabundância e a
justiça regida pela regra ·de equivalência. As figuras da alteridade são inúmeras no plano elo reconhecimento
mútuo; as últimas evocadas neste livro entrecruzam a conflitualidade e a generosidade partilhada”
(RICOUER, 2006, 263).
que de alguma forma se veem vilipendiados em sua estima e autorrealização. Busca ele um
tipo de reconhecimento mútuo fundado realizado de forma pacífica, e que se dá também
com a mediação dos dons e contradons, e ainda que não desconsidere o potencial dos
conflitos sociais para gerar motivações morais que levem ao engajamento pela
transformação social e ao reconhecimento, Ricouer demonstra que a ideia de
reconhecimento mútuo vai um pouco além desse modelo operado à base da divergência, e
que formas pacíficas existem e integram a convivência humana, como é o caso da própria
ideia de solidariedade, do perdão e dos dons.
Contudo, é de se destacar que há certo exagero em Ricouer quando trata da ideia
de “conflito” ou de “luta” em Honneth, ao que parece sendo crítico ao modelo honnethiano
por entende que seria um modelo pautado na “violência”, quando, em verdade, o autor
frankfurtiano coloca o conflito como a base da atuação político-institucional em uma esfera
pública democrática. Quando Ricouer coloca a economia dos dons como uma alternativa
ao modelo da luta por reconhecimento, ele destaca que o modelo que apresenta não é um
modelo pautado na “violência”, partindo da premissa que tal se dá no modelo honnethiano.
Contudo, a perspectiva de Honneth de luta social passa mais pela ideia de uma luta
encampada pelos movimentos sociais em uma esfera pública democrática, como já dita
acima, do que propriamente por uma luta que se pode dizer de “violenta”, no sentido de
uma mediação física e voltada à destruição do outro divergente, ainda que não se possa
descartar eventuais exageros e excessos em movimentos dessa natureza.
Por fim, cumpre destacar o modo profícuo e respeitoso com que Ricouer dialoga
com a obra de Axel Honneth, adotando, ainda que parcialmente, a visão do segundo em
relação a alguns aspectos, como na crítica ao modelo hobbesiano da luta de todos contra
todos movida pelo medo e pelo poder, para um tipo de reconhecimento fundado no
sentimento e em motivações de ordem moral, ainda que apresentando uma alternativa à
teoria honnethiana no que concerne ao tipo de mediação que leva ao reconhecimento, no
que seu pensamento contribui de forma inegável para a discussão de tema tão relevante no
âmbito da filosofia política na contemporaneidade.

5. Referencias

CORÁ, Élsio José; NASCIMENTO, Cláudio Reichert do. Reconhecimento em


Paul Ricouer: da identificação ao reconhecimento mútuo. Revista de Ciências Humanas,
Florianópolis, vol. 45, número 2, p. 407-423, out/2011.
GUBERT, Paulo Gilberto. Paul Ricouer e o problema do reconhecimento. Spare
Aude. Belo Horizonte, v. 4, n. 8, p. 266-283, 2013. ISSN 2177-6342.

HONNETH, Axel. Luta por Reconhecimento: A Gramática Moral dos Conflitos


Sociais. São Paulo: Editora 34. 2003.

MELO Rurion (coord). A Teoria crítica de Axel Honneth: reconhecimento,


liberdade e justiça. São Paulo: Saraiva 2013.

___________________ . Da teoria a práxis? Axel Honneth e as lutas por


reconhecimento na teoria política contemporânea. Revista Brasileira de Ciência Política,
nº15. Brasília, setembro - dezembro de 2014, pp. 17-36.

RICOUER, Paul. Percurso do reconhecimento. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

SALVADORI, Matheus. HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a


gramática moral dos conflitos sociais. Conjectura, Caxias do Sul, v. 16, n. 1, jan. /abr.
2011.

SAAVEDRA, Giovani A., SOBOTTKA, Emil A. Discursos filosóficos do


reconhecimento. Civitas. Porto Alegre. v. 9. n. 3. p. 386-401. set-dez. 2009.

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