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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS-CAMETÁ


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E CULTURA
MESTRADO EM EDUCAÇÃO E CULTURA

DISCIPLINA: POLITICAS EDUCACIONAIS NA AMAZÔNIA


Professores: Doriedson S. Rodrigues e Eraldo Souza do Carmo

RESENHA

Avaliação de Políticas educacionais e as Políticas curriculares

Por Ellen Rodrigues da Silvai

ARRETCHE, Marta T. S. Tendências no estudo sobre avaliação. In RICO, Elizabeth Melo.


Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate. São Paulo: Cortez, 1999.

FAGNANI, Eduardo. Avaliação do ponto de vista do gasto e financiamento das políticas


públicas. In RICO, Elizabeth Melo. Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate.
São Paulo: Cortez, 1999.

FARIA, Regina M. Avaliação de programas sociais: evolução e tendências. In RICO,


Elizabeth Melo. Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate. São Paulo: Cortez,
1999.

FERRETI, Celso João; MONICA, Ribeiro da Silva. Reforma do ensino médio no contexto da
medida provisória no 746/2016: Estado, Ccurrículo e disputas por hegemonia. Educ. Soc.,
Campinas, v. 38, nº. 139, p.385-404, abr.-jun., 2017. Disponível:
<http://www.scielo.br/pdf/es/v38n139/1678-4626-es-38-139-00385.pdf>

MARQUES, Luciana Rosa; ANDRADE, Edson Francisco de e AZEVEDO, Janete Maria


Lins de. Pesquisa em política educacional e discurso: sugestões analíticas. RBPAE - v. 33, n.
1, p. 055 - 071, jan./abr. 2017. Disponível: file:///C:/Users/DELL/Downloads/72834-302133-
1-SM.pdf

SAUL, Ana Maria. Avaliação participante – uma abordagem crítico-transformadora. In


RICO, Elizabeth Melo. Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate. São Paulo:
Cortez, 1999.

SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e Interdisplinaridade – o currículo integrado. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1998. Capítulo I.
As autoras e autoras referentes a análise desta resenha delineiam em seus estudos
o caminho para a compreensão de como e porque se criam as políticas educacionais, bem
como a forma como são em processo avaliadas e o conteúdo do discurso sob a qual são
submetidas para se passar a ideia de inovação, melhoria, enquanto o que se percebe
criticamente na realidade é um movimento repetitivo de ações que caracterizam o “ velho
transvertido de novo”.
Assim as autoras e autores que discutem os processos da avaliação, no livro
intitulado “Avaliação de Políticas Sociais: uma questão em debate”, principalmente:
ARRETCHE (1999); FAGNANI (1999); FARIA (1999) e SAUL (1999); buscam contribuir
com o debate da importância de procurar olhar os processos de avaliações além das
aparências. Neste sentido os autores e autoras mencionados são pontuais, como podemos
perceber nas afirmações de FAGNANI & SAUL, o primeiro ao demonstrar os indicadores
sobre os gastos e financiamento, nos apresenta claramente que estes indicadores são em
síntese importantes para averiguar o que é ou não verdade nos discursos sobre a eficácia e
eficiência das políticas sociais no Brasil, o que por muitas vezes os discursos governamentais
mascaram. Em contra ponto a esta constatação o autor FAGNANI (1999, p.123), pontua que:
“O gasto e o financiamento das políticas sociais podem desmascarar esta retórica: basta, para
tanto, que o analista de políticas públicas obtenha respostas às perguntas sobre a direção, a
magnitude e a natureza dos mesmos.”
Entretanto para se chegar a este entendimento sobre forma e conteúdo de como e
porque avaliar, é necessário que a sociedade leia criticamente o processo sob a qual estão
inseridas as políticas educacionais, isto requer analise sobre concepção de Estado,
Capitalismo, mercado e globalização, assim precisamos lutar para que os governos que nos
representam abram a “caixa preta” do financiamento e proporcione a participação tanto no
processo de planejamento das políticas, como no processo de avaliação das mesmas, desta
forma SAUL (1999, p. 98) vem propor a tese da “avaliação emancipatória” que necessita ser
construído como um “novo paradigma” que se inspira em três vertentes essências: “Avaliação
democrática”, “Crítica institucional e criação coletiva” e a “Pesquisa participante”.
O paradigma da “avaliação emancipatória” de SAUL (1988), corrobora para o
entendimento que para se obter resultados satisfatórios universalmente no âmbito das políticas
a participação do povo torna-se crucial, pois este novo paradigma parte do entendimento de
que é possível coletivamente transformar a realidade, caracterizando-se como um processo
que vai além da descrição, pois analisa e critica uma dada realidade a fim de transformá-la, o
paradigma da “avaliação emancipatória” exprime e combina com as ações destinadas a
avaliação de programas educacionais e sociais. No entanto o paradigma da “avaliação
emancipatória” ainda coexiste com uma realidade que esta em desencontro com os seus
objetivos, pois a “avaliação emancipatória” depende do tipo de concepção de Estado e de que
na luta de interesses qual classe é hegemônica.
Neste sentido, embora possamos discutir e analisar sobre as políticas educacionais
no Brasil bem como as políticas curriculares, algo precisa esta claro, que é o entendimento das
“lutas de interesses” imbricados neste processo, que não é estático, ou seja, que está em
movimento. As leituras dos textos caminham para que possamos compreender este processo
de forma crítica totalizante, para tanto MARQUES & FERRETI (2017), nos alerta para o
“mascaramento” proporcionado pelos discurso de governos e sistemas relacionados a
eficiência e eficácia das políticas, ao procurar ideologizar tais “novidades” como por exemplo
se usando de termos como “interdisciplinaridade”, que através de “reformas na educação”
tentam criar a suposta “inovação” de programas que dizem inovar ao “criar o sistema
integrado de ensino” ou seja, o tal “Ensino médio integrado”, mas que esta atrelado qual
interesse de classe?
Portanto, compreende-se que os governos e seus discursos criam a ideia de que
estão inovando e para isso se usam de manobras, como a orquestrada pós “golpe 2016” ao se
encaminhar ao congresso a medida provisória que propõe “um novo” ensino médio e a
“Pedagogia das competências”, em regime de “tempo integral” em detrimento a concepção de
“ensino integrado”. Por isso a importância de ler a realidade além das aparências e se usar da
“análise de discurso” (MARQUES,2017) para poder se descobrir através de pesquisas
comprometidas com a realidade e sua transformação, os pormenores da realidade e entender
por exemplo o que nos propuseram FAGNANI & SAUL (1999) no inicio desta resenha, que é
avaliar de forma concreta e lutar para que as avaliações objetivem a emancipação dos sujeitos.

i
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura (PPGEDUC) do Campus Universitário do
Tocantins/Cametá – UFPA. Especialista em Gestão e Planejamento da Educação (UFPA). Professora da
Educação Básica da Rede Municipal de Educação de Cametá - Pará.

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