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Relatório sobre palestra do dia 09/05/2023 – Novas concepções da física

Aluno: José Emanuel Vasconcelos Oliveira (20230031613)


e-mail: emanuel.vasconcelos.104@ufrn.edu.br

Resumo
A busca por planetas habitáveis fora do nosso sistema solar tem sido
um dos principais focos da astrofísica moderna. Com o avanço da tecnologia e
o desenvolvimento de telescópios cada vez mais poderosos, tornou-se possível
detectar e caracterizar planetas em órbita de outras estrelas. No entanto,
identificar planetas habitáveis, capazes de abrigar a vida, é uma tarefa
complexa. Nesse contexto, a utilização de otimizações de modelos estelares
surge como uma abordagem promissora para melhorar a precisão na
identificação desses planetas. A otimização de modelos estelares é um campo
da astrofísica que busca melhorar a precisão e a confiabilidade dos modelos
teóricos que descrevem a estrutura e a evolução das estrelas. A palestra
conduzida pelo professor Dr. Matthieu Castro trouxe diversas contribuições
sobre esse assunto aplicada a missão de observação e detecção de
exoplanetas PLATO 2026.

Introdução
A missão PLATO (Planetary Transits and Oscillations of stars) está
programada para ser lançada em 2026 pela Agência Espacial Europeia (ESA).
Seu principal objetivo é buscar e caracterizar planetas extra-solares,
especialmente aqueles localizados na zona habitável de suas estrelas.
A busca por planetas habitáveis é um tema que fascina cientistas e
entusiastas da astronomia há décadas. O estudo das estrelas, que são os
"berços" dos planetas, é fundamental para compreender a formação, a
evolução e as características dos sistemas planetários. Os modelos estelares
são representações teóricas que descrevem a estrutura e a evolução das
estrelas, permitindo que os astrônomos obtenham informações valiosas sobre
suas propriedades físicas.

Desenvolvimento
A missão PLATO 2026
A PLATO utilizará uma série de espelhos para observar um grande
número de estrelas brilhando ao longo de pelo menos quatro anos. O principal
terá uma lente de 1,3 metros de diâmetro, e haverá outros 26 menores
tutelados auxiliares. Essa configuração permitirá à missão observar um grande
campo de visão, abrangendo cerca de 50% do céu.
A detecção de planetas pela missão PLATO será baseada no método
de trânsito. Esse método consiste em monitorar o brilho das estrelas em busca
de pequenas diminuições periódicas, que indicam a passagem de um planeta
em frente à estrela, bloqueando parcialmente sua luz. Ao analisar a curva de
luz resultante, é possível determinar o tamanho, a órbita e outras
características dos planetas detectados. Além da detecção de exoplanetas, a
missão PLATO também terá o objetivo de estudar as estrelas hospedeiras em
detalhes. Ela investigará as oscilações estelares, que são variações sutis no
brilho das estrelas causadas por ondas sonoras em seu interior. Essas
oscilações fornecem informações valiosas sobre a estrutura interna das
estrelas, incluindo sua massa, idade e composição química.
Com base nos dados coletados pela missão PLATO, espera-se que
seja possível identificar uma ampla variedade de planetas, incluindo aqueles
que têm características semelhantes à Terra e que podem ser potencialmente
habitáveis. A missão também fornecerá informações cruciais sobre a formação
e evolução dos sistemas planetários, além de um entendimento avançado
sobre a diversidade e a distribuição de planetas em nossa galáxia. A PLATO
2026 representa um avanço significativo na busca por vida fora do nosso
sistema solar. Com seu conjunto de lentes altamente sensíveis e sua estratégia
de observação em grande escala, a missão tem o potencial de revolucionar
nosso conhecimento sobre exoplanetas e abrir novos horizontes na exploração
espacial.

Otimização de parâmetros estelares


Os modelos estelares são construídos com base em parâmetros
físicos, como massa, composição química, idade e temperatura efetiva.
Entretanto, para conseguir tais informações, é preciso coletar e analisar
cautelosamente o espectro de luz emitido pela estrela. Ele contém informações
valiosas sobre sua composição química e outras características físicas.
Quando a luz contida por uma estrela passa através da atmosfera estelar,
alguns comprimentos de onda específicos são absorvidos pelos elementos
químicos presentes nessa atmosfera. Essas linhas de absorção no espectro de
luz são chamadas de linhas espectrais ou linhas de absorção.
As linhas espectrais são características de elementos específicos, e a
presença e intensidade dessas linhas fornecem informações sobre quais
elementos estão presentes na atmosfera estelar. Ao comparar as linhas
espectrais observadas com espectros de referência de elementos conhecidos,
os astrônomos podem determinar a composição química da estrela. Além
disso, o espectro de luz de uma estrela também fornece informações sobre sua
temperatura superficial. As estrelas mais quentes emitem uma voz maior de luz
em comprimentos de onda mais curtos (região do ultravioleta), enquanto as
estrelas mais frias emitem predominantemente na região do vermelho. A forma
do espectro de luz permite aos astrônomos estimar a temperatura da estrela.
Outras características, como a velocidade de rotação e a gravidade superficial,
também podem ser inferidas a partir do espectro de luz. A rotação estelar
causa um aumento das linhas espectrais, enquanto a gravidade superficial
afeta a forma e a largura dessas linhas.
A otimização desses parâmetros permite ajustar os modelos aos dados
observacionais, como espectros estelares e curvas de luz, de forma a obter
uma melhor correspondência entre teoria e observação. Algoritmos de
otimização são comumente usados nesse processo, permitindo refinar os
modelos e reduzir os cruzamentos associados aos parâmetros estelares.
Na palestra, o professor Matthieu explanou, como exemplo, o método
de Gauss-Newton. Este é um algoritmo de otimização usado para resolver
problemas de mínimos quadrados não lineares. Ele é uma extensão do método
de Newton e é aplicado a problemas nos qual a função objetivo é uma função
não linear dos parâmetros do modelo. O método utiliza uma abordagem
interativa, começando com uma estimativa inicial dos parâmetros e refinando-
os a cada interação. Ele calcula uma direção de busca por meio de uma
aproximação linear da função objetivo e atualiza os parâmetros com base
nessa direção. O processo é repetido até que uma condição de convergência
seja alcançada. O método Gauss-Newton é particularmente útil quando a
função objetivo pode ser aproximada como linear em torno de uma estimativa
inicial.

Determinação de propriedades planetárias


Uma vez que os modelos estelares tenham sido otimizados, é possível
utilizá-los para determinar as propriedades dos planetas em órbita. A presença
de um planeta afeta as características observáveis da estrela hospedeira, como
o trânsito planetário, o deslocamento Doppler e a variação de brilho.
Comparando essas observações com os modelos estelares ajustados, é
possível inferir propriedades planetárias, como tamanho, massa, composição
atmosférica e zona habitável. Essas informações são essenciais para identificar
planetas potencialmente habitáveis.

Busca por planetas habitáveis


Com os modelos estelares otimizados e as propriedades planetárias
determinadas, é possível realizar uma busca mais eficiente por planetas
habitáveis. A zona habitável é a região ao redor de uma estrela onde as
condições são adequadas para a existência de água líquida em sua superfície.
Utilizando os modelos estelares, é possível delimitar a zona habitável e
identificar os planetas que a ocupam. Além disso, a otimização dos modelos
permite refinar as estimativas de temperatura e composição atmosférica dos
planetas, auxiliando na busca por sinais de vida, como a presença de
bioassinaturas.

Conclusão
A utilização de otimizações de modelos estelares tem se mostrado uma
ferramenta poderosa na busca por planetas habitáveis. Através da otimização
de parâmetros estelares e da engenharia de propriedades planetárias, é
possível aprimorar a precisão e a confiabilidade dos modelos, permitindo uma
busca mais eficiente por planetas que podem abrigar a vida. No entanto, é
importante destacar que essa abordagem é complementar a outras técnicas de
detecção de exoplanetas e que a busca por planetas habitáveis é um desafio
complexo e multifacetado. O avanço contínuo na otimização de modelos
estelares e o desenvolvimento de novas técnicas e instrumentação prometem
sustentar significativamente nossos esforços na busca por planetas habitáveis
e na compreensão da diversidade cósmica.

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