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tribunal do júri
Anteriormente, escrevi sobre a atuação do Advogado Criminalista no inquérito policial
(leia aqui) e na execução penal (leia aqui). Neste artigo, falo sobre o papel e as
preocupações do Advogado Criminalista no tribunal do júri. Obviamente, é impossível
retratar tudo que deve ser objeto de (preocup) ação da defesa, pois o caso concreto
sempre trará especificidades que dificilmente podem ser antecipadas abstratamente.
Para a defesa, o plenário do júri começa cedo. Não se prepara (para) o plenário na
semana do plenário.
Logo no início, a defesa deve ser cautelosa e estratégica no inquérito policial. Costumo
dizer que o inquérito que investiga crimes dolosos contra a vida é o mais importante. O
motivo é simples: ninguém considera tanto os elementos de informação colhidos no
inquérito policial quanto os jurados.
Tudo que surge no inquérito policial poderá ser utilizado por alguma das partes
(acusação ou defesa). Não há nada neutro no inquérito policial, nem mesmo o
desconhecimento. No plenário do júri, a fala “não sei nada sobre o crime” poderá ser
utilizada pela acusação e/ou pela defesa, dependendo de quem proferiu tais palavras
(testemunha da acusação, da defesa ou investigado).
Essa composição gera problemas na ritualística do júri. O Promotor de Justiça terá mais
facilidade para, durante a fala da defesa, realizar apartes, fazer gestões de negação,
impugnar algo ao Juiz etc. Por outro lado, a defesa, distante dos jurados e do Juiz, terá
que se levantar ou gritar para fazer qualquer aparte ou impugnação.
De qualquer forma, o fato de o Promotor permanecer ao lado do Juiz pode gerar para os
jurados a falsa percepção de que o “Parquet” não é parte, mas sim um ator tão imparcial
quanto – deveria ser – o Juiz. A defesa, por outro lado, estará distante e, possivelmente,
ao lado de policiais que estão vigiando incessantemente o acusado.
Uma recomposição do plenário do júri deve ser proposta muito antes do plenário.
Recomenda-se que essa medida seja requerida no prazo do art. 422 do Código de
Processo Penal. Em caso de indeferimento pelo Magistrado de piso, há divergência se a
medida adequada seria correição parcial ou “habeas corpus”, mas a prática forense tem
privilegiado a primeira opção.
Evinis Talon
Advogado Criminalista, Professor de cursos de pós-graduação e Mestre em Direito.
Advogado Criminalista, professor universitário, Mestre em Direito, Especialista em
Direito Penal e Processual Penal, Constitucional, Filosofia e Sociologia. Pós-graduando
em Processo Penal pela Universidade de Coimbra (Portugal). Pós-graduando em Direito
Público pela PUC/MG. Ex-Defensor Público do Estado do Rio Grande do Sul (2012-
2015). Membro da International Society of Public Law (ICONS), do Instituto Brasileiro
de Ciências Criminais (IBCCRIM), da Association Internationale de Droit Pénal
(AIDP), do Grupo Brasileiro da Associação Internacional de Direito Penal e da
International Bar Association (IBA), integrando o Criminal Law Committee e o Public
Law Committee, da Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDC) e da
International Law Association (ILA).