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Rosalee M.

Appleby

FLORILÉGIO CRISTÃO
(Compilação) 18a edição

Lançamento:

Digitalizado por : Dumane


Revisado : por amigo anônimo.
Conteúdo
APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 7
Missões ...................................................................................................... 8
O BRASIL PARA CRISTO ........................................................................... 8
FAZE SILÊNCIO EM MIM .......................................................................... 8
O PESO DE NOSSA TERRA ........................................................................ 9
IDE E PREGAI ........................................................................................... 9
O CAMPO É O MUNDO...........................................................................10
APRENDENDO A RECITAR .......................................................................11
PRECE .....................................................................................................11
SONHO MISSIONÁRIO ............................................................................11
A MIM O FIZESTES .................................................................................12
QUEM ME CHAMA? ...............................................................................14
DEDICAÇÃO ............................................................................................14
UMA CESTA DE ALTRUÍSTICOS DESEJOS.................................................15
O MUNDO PARA CRISTO ........................................................................16
SALVA PARA SERVIR ...............................................................................18
O ESPÍRITO DE MISSÕES .........................................................................20
DAR E RECEBER ......................................................................................23
BRASIL E PORTUGAL ...............................................................................25
MISSÕES .................................................................................................26
APOTEOSE ..............................................................................................26
LÍNGUAS E TRIBOS QUE AINDA NÃO FORAM ALCANÇADAS ..................28
MISSÕES... SANTA CHAMADA DE AMOR................................................29
BRASIL E PORTUGAL ...............................................................................30
JOGRAL...................................................................................................31
OS CAMPOS ESTÃO BRANCOS PARA A CEIFA .........................................33
Dia das Mães ............................................................................................34
A ORIGEM DO DIA DAS MÃES ................................................................34
MINHA MÃE ...........................................................................................34
MÃE .......................................................................................................35
AS MÃOS DE MINHA MÃE ......................................................................35
MÃE QUERIDA ........................................................................................35
"CARTA DE MEU FILHO" .........................................................................36
ANTES QUE SEJA TARDE .........................................................................36
MAE .......................................................................................................37
MEU LAR CRISTÃO..................................................................................37
PARA MAMÃE DOENTE ..........................................................................37
RETRATO DE MULHER ............................................................................38
SE EU PUDESSE .......................................................................................38
MAMÃE ..................................................................................................39
MÃEZINHA .............................................................................................39
QUEM É? ................................................................................................39
A MÃE ....................................................................................................39
EU QUISERA, MÃEZINHA ........................................................................39
O MONÓLOGO DA FILHA .......................................................................40
A MÃO QUE EMBALA O BERÇO ..............................................................40
Escola Bíblica Dominical............................................................................44
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL ..................................................................44
BENDITA ESCOLA ! .................................................................................45
A MOCIDADE ESCOLHE A IGREJA ...........................................................45
AS DUAS ESCOLAS ..................................................................................48
Bíblia .........................................................................................................49
A BÍBLIA ..................................................................................................49
O MELHOR LIVRO DO MUNDO ...............................................................49
A BÍBLIA ..................................................................................................49
MINHA BÍBLIA ........................................................................................50
A BÍBLIA E A SUA INFLUÊNCIA PODEROSA .............................................50
Natal e Ano Novo ......................................................................................53
NATAL ....................................................................................................53
NASCEU JESUS ........................................................................................54
FELIZ NATAL ...........................................................................................54
NA HUMILDE MANJEDOURA DE BELÉM .................................................54
NATAL ....................................................................................................55
O PRESENTE DO NATAL ..........................................................................55
JESUS CRISTO NASCEU ...........................................................................55
A ORAÇÃO DO NATAL ............................................................................55
PRESENTE PARA JESUS ...........................................................................56
NATAL ....................................................................................................56
O ETERNO NATAL ...................................................................................56
ADORAÇÃO ............................................................................................57
ANO NOVO .............................................................................................57
ANO NOVO .............................................................................................57
ANO NOVO .............................................................................................57
O ANO QUE CHEGA ................................................................................58
BALADA DO ANO NOVO .........................................................................58
VOZES DE OUTRORA ..............................................................................58
O PRESENTE QUE JESUS QUER ...............................................................61
O PRESENTE QUE NÃO FOI ENTREGUE ...................................................62
OS MAGOS ............................................................................................64
FESTEJANDO O NATAL DE JESUS ............................................................64
A GRANDE PROMESSA DE DEUS.............................................................67
AS BELEMITAS ........................................................................................68
A ESTRELA DO NATAL .............................................................................70
A VIDA DE CRISTO ..................................................................................71
ESCOLHAS DO NATAL ............................................................................73
DIÁLOGO DAS PASTORAS .......................................................................74
A MANJEDOURA E A ESTRELA ................................................................75
DIÁLOGO DOS PASTORES .......................................................................77
Patriotismo ...............................................................................................77
PELA PÁTRIA...........................................................................................77
O ANIVERSÁRIO DE MÁRIO ....................................................................78
Assuntos Diversos .....................................................................................80
PARA QUÊ? ............................................................................................80
MEU PAI VELA DE CIMA ........................................................................80
CRUCIFICADO COM CRISTO ....................................................................81
CONTATO INTERROMPIDO.....................................................................81
A PAZ DO SENHOR .................................................................................82
PERDOA, Ó SENHOR, PERDOA! ..............................................................82
JESUS ......................................................................................................83
AS MÃOS DE CRISTO ..............................................................................83
PRECE .....................................................................................................83
O ECO ....................................................................................................84
CANTO DO CRENTE ................................................................................85
REPOUSE SOBRE NÓS A FORMOSURA DO SENHOR ...............................85
VOZ DE DEUS .........................................................................................85
O NOME DE DEUS ..................................................................................85
ONDE A SAPIÊNCIA DO HOMEM ? .........................................................86
O CEGO DE JERICO .................................................................................86
GUARDA O TEU CORAÇÃO .....................................................................87
CRISTO É TUDO ......................................................................................87
AS SETE PALAVRAS DA CRUZ ................................................................87
O JARDINEIRO DO AMOR .......................................................................88
AS DUAS ORAÇÕES .................................................................................89
DIA DE ANIVERSÁRIO .............................................................................89
PRECES DA INFÂNCIA .............................................................................89
ORAÇÃO DUM PEQUENO .......................................................................89
A ALEGRIA DA VIDA ................................................................................89
GRAÇAS A DEUS ...................................................................................90
NA ESCOLA .............................................................................................90
O AMIGO DO GATO ...............................................................................90
OS PASSARINHOS ...................................................................................90
ERA UMA VEZ... ......................................................................................91
RAPAZ DECIDIDO ....................................................................................91
A MENINA DA SOMBRINHA ...................................................................91
PEQUENAS COISAS .................................................................................91
AJUDADORES .........................................................................................92
A VOVOZINHA ........................................................................................92
O QUE VOU FAZER .................................................................................92
ROSA ......................................................................................................92
TUDO PARA JESUS ..................................................................................93
NINHOS ..................................................................................................93
JESUS E AS CRIANÇAS .............................................................................94
A ESCADA DE JACO ...............................................................................94
A FLORI ST A ..........................................................................................96
O JARDIM DE DEUS ................................................................................99

Todos os direitos reservados.


Copyright © 1984 da JUERP.
15a edição- 1983
16a edição— 1984
17a edição— 1986
245.3
App-Flo Appleby, Rosalee Mils, comp.
Florilégio cristão. 18a edição. Rio de Janeiro, Junta de
Educação Religiosa e Publicações, 1987. 303 p.
1. Programas Especiais. 2. Poesias Evangélicas. 3.
Representações Evangélicas I. Título.
CDD — 245.3
Número de Código para Pedido: 27.C33
Capa de Hudson P. Silva - Junta de Educação Religiosa e
Publicações da Convenção Batista Brasileira Caixa Postal
320 - 20001 — Rio de Janeiro — RJ — Brasil3.000/1987
Impresso em Gráficas Próprias
APRESENTAÇÃO
Florilégio Cristão é um desses livros que inspira, educa,
recreia o espirito e renova o ânimo de quantos o lêem. As
poesias, as meditações e os dramas para as mais variadas
ocasiões do calendário eclesiástico comunicam uma
mensagem plena de significado para a vida diária. Esta é a
razão da grande aceitação da obra no meio evangélico.
As edições sucessivas — dezessete edições já esgotadas —
são testemunho eloqüente do valor da obra. A edição original
foi acrescida de poesias e dramas de caráter mais recente. O
aspecto gráfico do livro foi melhorado com uma diagramação
mais dinâmica e atraente. Tudo o que se fez teve como
objetivo o aperfeiçoamento dos santos, através de programas
relevantes para a atualidade.
Manteve-se a estrutura básica das primeiras edições do
Florilégio Cristão. Também foi mantida a nova forma e as
modificações Introduzidas na oitava edição. A obra continua
sendo uma coletânea ou antologia de produções,
representações e poesias evangélicas para ocasiões variadas.
Através de suas páginas, o espirito humano eleva-se das
profundezas de sua angustia e Incerteza para os píncaros da
eternidade. A mensagem da cruz e da reconciliação por melo
de Jesus Cristo é uma constante em todas as suas páginas.
A responsabilidade dos crentes para com as almas que se
encontram distantes do Salvador é acentuada. O valor, a
inspiração e a importância da Bíblia são exaltados.
Preparado com a finalidade de fornecer elementos para os
programas especiais das igrejas, Florilégio Cristão é útil
também como livro de leitura inspirativa e devocional.
Que as vidas conduzidas a uma aproximação maior com
Cristo através da mensagem deste livro continuem a formar
um verdadeiro florilégio para a honra e glória de Deus!
Darci Dustlek
Missões
O BRASIL PARA CRISTO
Mário Barreto França
Levanta o teu olhar, ó mocidade crente, Até onde
puder chegar teu sonho ardente! E vê todo esplendor
de nossa Pátria amada, Toda a grandeza, toda a
fortuna ignorada, Que seriam no mundo o máximo
luzeiro, Se as soubesse explorar o povo brasileiro!
Porém tu — mocidade! — aceita o sacrifício De, com a Bíblia
na mão, ir combater o vício, A miséria, a indolência e o
pecado infecundo Dos que vivem sem fé, chorando pelo
mundo.. . Desfralda o pavilhão do Evangelho de Cristo E
acorda este país para a crença, porque isto É o problema
moral de maior relevância Pra salvar a velhice e restaurar a
infância Ou para entusiasmar a pobre humanidade Nas lutas
pelo bem, no amor pela verdade.
A Crença é que desperta o gosto pelo estudo, O amor pelo
trabalho empreendedor, por tudo Que representa, em si, o
progresso de um povo! Anuncia, portanto, esse amor sempre
novo Que Cristo nos legou e no qual te iluminas, Sorvendo a
inspiração nas páginas divinas!
Em ti é que o Brasil descansa o seu futuro!
E, que farás, então, para vê-lo seguro
Na base do progresso e à vanguarda do mundo,
Cristãmente feliz, sabiamente fecundo? Olha-o na
solidão cruel do extremo norte! Inculto, sendo rico;
estéril, sendo forte!
Contempla-o no Nordeste, entre as secas tremendas;
Ali, nesses sertões, da crendice e das lendas,
De anônimos heróis ou míseros escravos,
É que a Pátria suporta os maiores agravos...
É o Brasil de Goiás, de Minas, Mato Grosso, Do Amazonas,
Pará... desse eterno colosso, Que dorme o sonho vão da força
adormecida E anseia despertar para o esplendor da vida!
É o Brasil infeliz das tribos decadentes, Expostas à cruel
exploração das gentes, Donos de tanta cousa é sem direito a
nada, No império colossal da mata torturada.
É o Brasil de São Paulo, a rir nos cafezais, Brasil do
industrial, do garimpeiro audaz; Brasil do extremo sul, dos
pampas verdejantes Que, coberto de bois, vão se perder
distantes...
É o Brasil do campônio e do honesto operário, Do que
arrasta na vida o trágico fadário De ver o seu labor tão mal
recompensado, Mas sempre esperançoso e sempre
conformado...
Brasil comercial, ou Brasil idealista, A tudo — mocidade! —
alonga a tua vista, E desfralda com fé a bandeira da paz, E
prega a salvação, e não te cales mais!
Levanta o teu olhar, ó mocidade crente, Até onde puder
chegar teu sonho ardente! E, a crença a proclamar sob este
céu de anil, Conquista para Cristo o povo do Brasil!
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões
Nacionais.)
FAZE SILÊNCIO EM MIM
Especial para A Pátria para Cristo Mário Barreto
França
Para que eu possa ouvir, Senhor, o teu chamado E não
queira escutar a voz do mundo ruim; Para que o meu pensar
esteja a Ti voltado, Faze silêncio em mim!
A fim de que eu atenda, ó Deus, aos teus conselhos E possa
te seguir até da vida ao fim; E, para que te adore
humildemente, de joelhos, Faze silêncio em mim!
Que os problemas do lar e as angústias da vida Não me
afastem, Senhor, do teu caminho, e assim, Pra receber do
céu a mensagem querida, Faze silêncio em mim!
Se o estrépito cruel do insulto ou zombaria Ecoa na distância
escura de onde vim; Para alcançar, ó Deus, tua sabedoria,
Faze silêncio em mim!
Senhor, para que eu sinta, em luz, tua presença, A paz
celestial e o teu amor, enfim, Para nalma fruir a tua graça
imensa, Faze silêncio em mim!
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões
Nacionais.)
O PESO DE NOSSA TERRA
Myrtes Mathias
Dizem os grandes poetas que o Brasil é todo
sol, que o Brasil é todo festa, que seu céu é
sempre azul. Mas eu vejo mãos crispadas,
erguidas, desesperadas, clamando de norte a
sul.
Mãos do Brasil primitivo, correndo na
selva imensa, mergulhado na descrença,
fugindo no próprio lar! Nu, pagão e
decadente, abandonado e doente, sem
forças para lutar.
Mãos crispadas do norte de minha terra, perdido no inferno
verde do verde seringal; afogado na lama, em cabana de
palha, morrendo de febre — destino fatal!
Braços erguidos do nordeste, mãos crispadas,
ressequidas de sol, Suplicando água, um arbusto, uma
sombra um resto de justiça, um novo arrebol.
Mãos do Brasil de roupa rasgada,
do homem da enxada, que faz "simpatia"
para não morrer.
Do Brasil que nunca fez greve, que nem sabe
pedir aumento, para quem o sofrimento já faz
parte do viver.
Mãos do Brasil que vive em barracos, subindo o morro
em busca de ar; que transforma em samba a própria
miséria; que se afoga no vício, para não chorar.
Mãos revoltas das filas enormes, dos desempregados,
doentes e réus. Mãos que blasfemam, maldizem e
matam, mãos desgraçadas, perdidas, sem Deus.
Mãos pequeninas do Brasil criança que puxam miséria,
em vez de carrinho; Crianças sozinhas, de olhos
enormes, que pedem migalhas de pão e carinho.
Basta, Senhor, de braços estendidos, de mãos
descarnadas, quais estrelas apagadas, sem brilho,
sem luz. Basta, Senhor, por piedade, faze-nos raio
da Tua claridade, para mostrar-lhes Jesus.
Peso de nossa terra,
grito de nosso povo,
que suplica um mundo novo,
onde haja paz e amor.
Como gozar nossa crença,
deixando na treva imensa
o povo que é nosso povo,
a terra que é nossa terra, Senhor?
Olha, Senhor, teu povo ajoelhado, clamando, angustiado,
pela grande nação. Arranca-nos, Senhor, do comodismo,
faze-nos mártires, se assim for preciso, mas salva nossa
Pátria e limpa nossa mão.
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões
Nacionais.)
IDE E PREGAI
Henry Crocker Trad. Jonathas Braga
Dai-nos uma palavra prodigiosa,
palavra emocional e poderosa
como um grito de guerra a clarinar!
Dai-nos a chama flamejante e intensa que desperte os
cristãos da indiferença e os chame para o campo a
batalhar!
Santa convocação foi anunciada, como um toque
vibrante de alvorada, dizendo para os crentes:
Despertai!
Uma palavra de ordem terminante ressoa pelo espaço a
cada instante, nesta expressão sublime: IDE E PREGAI!
Em nome de Jesus, que o amor encerra, disseminai
agora pela terra O evangelho divino do perdão
aos homens em delitos e pecados, que vivem, como
ovelhas, desgarrados, sem esperança e sem consolação!
Ao mundo pecador e decaído, fazei este evangelho
conhecido, que é o dom supremo do divino Pai,
e, aos que jazem nas trevas da maldade,
proferi a mensagem da verdade,
nesta expressão sublime: IDE E PREGAI!
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões
Nacionais.)
Mas essa voz de entono extraordinário emudeceu um dia em
plena lida, quando, subindo ao monte do Calvário, o
Nazareno ofereceu a vida,
num derradeiro esforço, pela glória de conquistar a
salvação graciosa, o mais belo capítulo da história
de sua vida humilde e poderosa.

O CAMPO É O MUNDO
À Junta de Missões Estrangeiras
Jonathas Braga
I
Há dezenove séculos passados,
a voz do Nazareno, cristalina
como um aviso prévio aos descuidados,
vibrava nos rincões da Palestina,
Desde Jerusalém à Galiléia,
das praias do Mar Grande até o deserto,
de Gate ou Corazim a Cesaréia,
por vilas e cidades, longe e perto.
Era o supremo arauto da verdade a proclamar o
reino do Messias, coisas melhores para a
humanidade e, para os homens maus,
melhores dias.
Era o divino e santo mensageiro, que do
evangelho as novas anunciava, chamando para
o bem o mundo inteiro, cujo pecado horrendo
profligava.
Era o celeste porta-voz do eterno, com as
boas-novas do perdão divino, para livrar os
homens do atro inferno e lhes fazer melhor o
seu destino.
II
O mundo jaz em trevas do pecado e os homens no
caminho da desdita, rolando pelo pântano ensombrado
da morte atroz, horrífica, maldita!
Gemidos e soluços mal contidos
e entrecortadas lágrimas de tédio
são eclosões de espíritos feridos
e almas que choram sem nenhum remédio.
Nos grandes centros, fremem as orgias, nas espeluncas,
sórdidas risadas, como se fossem loucas alegrias que
embriagassem as almas angustiadas.
E mais além, nos antros nauseabundos, onde Satã firmou os
seus esteios, ébrios, corruptos, maus e vagabundos vivem de
estranho e vil falerno cheios!
O panorama é triste, na verdade, porque o pecado as
coisas desfigura e, nessa dolorosa realidade, transforma
num leproso a sã criatura!
(Pois o homem é, desde o alto da cabeça, uma terrível, fétida
ferida, uma só chaga purulenta e espessa ainda nem ao
menos espremida!)
Quem os socorrerá em tal estado? E quem os livrará do
inferno horrendo? — O mundo jaz em trevas de pecado
e o futuro dos ímpios é tremendo!
III
"O Campo é o Mundo" — A Europa, a Ásia, as Américas, o
ártico solo, a Oceania cheia de ilhas... Montes, cidades,
plagas estratégicas, arranha-céus... prodígios... maravilhas...
"O Campo é o Mundo" — Portugal, Espanha, França,
Inglaterra, Holanda, Itália e Grécia... Rússia, Turquia,
Bélgica, Alemanha, Suíça, Iugoslávia, Dinamarca e
Suécia...
"O Campo é o Mundo" — Arábia, Palestina, Iemém,
Sibéria, Sião, Mesopotâmia, Índia, Israel, Birmânia,
Síria, China, Japão, Nepal, Iraque, Transjordânia...
"O Campo é o Mundo" — México, Bolívia, Haiti,
Honduras, Chile e Paraguai... Brasil, Antilhas, Canadá,
Colômbia, Cuba, Estados Unidos e Uruguai...
"O Campo é o Mundo" — Príncipe, Libéria, Congo,
Marrocos, Quênia, São Tome... Gâmbia, Somália,
Uganda, União, Nigéria, Niassa, Abissínia, Egito,
Orã, Guiné...
"O Campo é o Mundo" — Austrália, ilhas e mares,
plagas longínquas, rios e desertos, nações selvagens,
povos seculares, almas sem fé e corações incertos...
"O Campo é o Mundo" , sim, o mundo vário,
que jaz nas garras do feroz Mefisto...
Mas eis aqui um lema extraordinário:
— GANHAR O MUNDO INTEIRO PARA CRISTO!
APRENDENDO A RECITAR
(No dia de Missões)
Stela Câmara Dubois
Hoje é o dia de Missões,
E eu vou buscar, mamãezinha,
O meu cofre recheado
Com os tostões que lá guardei.
(Com mistério)
Como deve estar pesado!
(Sai para buscar o cofrezinho)
Ei-lo aqui. Mas que surpresa Vou fazer aos
meus amigos Na sessão da Juvenil! Cada um
gastou o seu tanto Nos sorvetes, nos bombons,
E, no dia de Missões, O pobre mealheiro, a um
canto, Ficou vazio... sem nada...
(Passeando)
Já posso ler no sorriso Da querida
presidente Toda a sua aprovação!
(Muito alegre)
Melhor é dar do que ter, E ter muito para
dar, Que bem faz ao coração!
PRECE
Heli Menegale
Os corações dos homens andam cheios de cicatrizes,
quando não de chagas; Vê, meu Jesus, se
porventura apagas suas dores, seus males, seus
anseios...
Ó carinhoso, doce Pai, que afagas as crianças, em
dúlcidos enleios; ó poderoso! ó forte! que pões
freios no próprio leão indômito das vagas!
Senhor de poderio manifesto,
que numa simples frase, a um simples gesto,
a um cego, em Jerico, puseste são —
tantas almas no mundo andam nas trevas! tanta
cegueira à perdição as leva! Dá-lhes, Senhor, a luz
da Redenção!
SONHO MISSIONÁRIO
Avany Bonfim
Sou pequena, bem o vejo, Porém, quando
eu crescer, Irei sempre alegremente
Cumprir o meu dever.
Sou pequena, na verdade, Mas sou crente,
minha gente, Na minha Sociedade, Sou ativa
e inteligente.
Esperem, não riam agora, Com minhas
explicações, Pois o assunto é muito sério,
Vou falar-vos de Missões.
Tenho orado todos os dias E hoje trouxe o
meu dinheiro, Para ajudar as criancinhas,
Crianças do mundo inteiro.
Por isso eu tenho pressa, quero depressa
crescer, E, quando for bem grandinha,
Missionária quero ser.
(Extraído do livro Antologia Missionária, da Junta de Missões
Nacionais.)
A MIM O FIZESTES
Jonathas Braga
(Salão familiar. Uma pequena mesa em cujas cabeceiras estão
duas cadeiras. Sobre a mesa, um jarro de flores. Celina e
Marina, novas amiguinhas, sentadas, frente a frente,
entreolham-se... Alguns segundos de silêncio profundo.)
MARINA (levanta-se)
Não viste, porventura, o céu como está lindo?
Como os astros estão em pleno azul fulgindo?
O céu, o céu azul, o céu cheio de estrelas,
nessas noites de luar, miríficas e belas,
o céu é para mim um doce enlevo de alma.
Há tanta luz... há tanto encanto... há tanta calma,
que a gente cuida entrar nos paramos divinos,
ouvindo a orquestração dos mais profundos hinos!
Sozinha muita vez, eu fico embevecida,
sem mais pensar na dor em que se passa a vida,
a contemplar o céu distante, os sóis fulgentes,
miríades de sóis, grandes, tremeluzentes,
estrelas de clarões miríficos, profundos,
astros que, para mim, são outros tantos mundos. ..
Que belo é ver o céu, o espaço constelado,
esse zimbório imenso, etéreo, iluminado!
Não viste, porventura, o céu ainda, o lindo
cortinado onde estão as estrelas fulgindo?
Dizem que nele existe um rio, caudaloso,
cuja água de cristal a todos dá repouso. . .
Dizem que desse rio à margem muitas crianças,
tocando tamboris, ao compasso de danças, vivem
alegremente e sem tristeza alguma
que lhes possa envolver o céu em densa bruma...
Será verdade, pois, que elas, essas criancinhas,
no rio vão tirar água com canequinhas
de ouro amarelo como as frutas bem maduras?
Como felizes são todas essas criaturas!
CELINA (levanta-se também)
Ora, vou contar-te uma história pungente que enche de
comoção o espírito da gente.
(Marina senta-se)
CELINA (compassadamente)
Eu era pequenina ainda, quando, um dia,
ao regressar da escola, estudante de alegria,
encontrei no caminho uma criança, coitada,
de cabelo revolto e veste esfarrapada,
de pés descalços, triste e lacrimosa mesmo,
que era de causar pena, a pobrezita a esmo...
E pediu-me uma esmola, assim, piedosamente,
estirando-me a mão, num gesto comovente:
— Menina, estou com fome e, por sua bondade,
dê-me uma esmola, ouviu? Tenha de mim piedade.
Abri, então, a bolsa em que os livros trazia,
nem um vintém sequer, nem um vintém havia!
Confesso que fiquei bastante entristecida
e senti a maior angústia desta vida,
por não poder fartar aquela pobre criança
de olhar tão dulçuroso e voz tão pura e mansa.
Ofereci-lhe almoço em minha casa, e a pobre,
num gesto muito bom e sobretudo nobre,
sobre o peito cruzando as mãos emagrecidas,
olhava para o céu das nossas duas vidas:
eu, tão feliz no mundo, e ela, tão pobrezita,
tão triste na orfandade e tão cansada e aflita.
Não achas que fiz bem?! Não achas que cumpria
um restrito dever, de que Deus me incumbia?
MARINA (levanta-se outra vez)
Fizeste muito bem. Obraste retamente, Deus não esquecerá
teu gesto comovente. Cumpriste o teu dever, porquanto está
escrito que se deve atenuar a dor ao que anda aflito, dar pão
ao que tem fome, e vestes, ao despido, e água ao que está
sedento, e gozo, ao oprimido. A tua boa ação vale por um
tesouro e escrita está nos céus com grandes letras de ouro!
CELINA (suavemente)
Por isso, toda vez que fico, embevecida,
olhando para o céu, alheio à humana vida,
me lembro da orfãzinha e parece que a vejo
de mãos postas ao peito e a voz em gorgolejo,
dizendo para mim: — Menina, você é boa;
E Deus, a quem é bom, sempre, sempre abençoa...
O tempo tem passado e eu nunca mais no mundo
a pobre pude ver, de olhar triste e profundo.
Talvez ainda viva aquela humilde criança,
cujo divino olhar não me sai da lembrança.. .
Talvez Deus a chamou — quem sabe? — para a glória,
para o reino dos céus, num canto de vitória...
MARINA
Tu és muito feliz, mais do que eu certamente,
Porque sabes amar o próximo piamente!
O bem que tu fizeste àquela pequenina,
não lhe fizeste a ela apenas: mais do que isto,
fizeste aquele bem imenso a Jesus Cristo!
Quem faz um benefício a um desses, sem vaidade,
tem-no feito a Jesus, que está na eternidade,
pois ele disse aos seus apóstolos amados
que quem assim fizesse aos mais necessitados,
a ele mesmo, enfim, o estaria fazendo.. .
CELINA
Fi-lo. sim, a Jesus somente, bem o entendo, porque naquele
tempo eu muito bem sabia que por mim meu Jesus morrera
certo dia, mas não me lembro mais do nome da criancinha,
sei que ela era, coitada, humilde e pobrezinha.. .
MARINA (com ênfase)
Desejarias ver, porventura, essa criança, cujo olhar
te perdura ainda na lembrança?
CELINA (tristemente)
Ah! Eu me sentiria alegre se inda a visse
com aquele mesmo olhar mui cheio de meiguice,
para do meu Jesus falar-lhe e redimi-la
do pecado em que jaz, talvez, triste e intranqüila.
Mas deve já ser moça e, para conhecê-la. . .
MARINA (com expressão)
Deus te abençoe! Os céus te sejam benfazejos, são estes,
pois, os meus fervorosos desejos, porque aquela criancinha
esfarrapada e triste que pra almoçar contigo, um dia,
conduziste, também hoje é cristã, também hoje é remida por
aquele que deu por todos nós a vida! Aquela pobrezita
humilde e pequenina,
(Indo abraçar a amiguinha) é hoje tua irmã
na fé: sou eu, Celina!
QUEM ME CHAMA?
Dalva Nanci Alberti
NARRADORA — Quem me chama? Esta é a pergunta de
Lúcia, jovem professora recém-formada. Qual a razão desta
interrogativa ?
LÚCIA (Entra com um diploma na mão) — Como estou feliz!
Não sei se há alguém mais feliz do que eu! Foi maravilhosa a
festa de formatura! Tenho agora em minhas mãos o que
almejei durante muitos anos. (Abre o diploma e lê:) — "Lúcia
Bastos, professora normalista. .." Oh! que felicidade, sou
professora! Poderei trabalhar como sempre desejei. Ter uma
classe modelo, de acordo com a Pedagogia moderna. Papai
me prometeu uma nomeação na capital. Certamente
ganharei o bastante para viver com todo o conforto!
Como estou cansada! Estudos, provas, festas... O tempo
voa. Lembro-me bem do primeiro dia de aulas, o uniforme,
as colegas, a sala de aulas, as professoras... Ah!. . : (começa
a folhear uns cadernos velhos e encontra a poesia
"Dedicação". Lê em voz alta:)
DEDICAÇÃO
Sady Machado
Se eu tivesse mais vidas, bom Jesus!. ..
Mais vidas te daria...
Todas seriam tuas,
Para pregar o Evangelho da Cruz,
Que salva e enche a alma de alegria,
Pela presença da radiante luz.. .
Se eu tivesse mais vidas!...
Para cantar bem alto
Um hino que fosse ouvido
Pelos quadrantes desta nossa terra. ..
Para ensinar o verdadeiro caminho
A quantos buscam a paz pelas armas da guerra.. .
Para amparar esse quase imensurável
mundo sofredor. ..
Para, mesmo no meio da luta,
Dizer, como Davi:
— "O Senhor é o meu Pastor..
Para viver!...
Viver intensamente,
Deixando uma estrada que possa
ser percorrida. ..
Para aproveitar o tempo...
Os talentos. ..
Dedicando-os a ti. ..
Somente a ti!. ..
Se eu tivesse mais vidas.
Todas seriam tuas, bom Jesus!
Afinal...
O que possuo já é por tua bondade.. . O que desejo só
alcançarei ao teu lado... O de que preciso é a tua
verdade... O que me faz exultar é ser por ti amado...
Mas. ..
Quem sou eu para te pedir tanto ?... Certamente, por
mim, nada de ti mereço. .. Teu sangue um dia enxugou
meu pranto. .. Do que me deste, então, eu te ofereço. . .
Por isso. ..
Não preciso outras vidas. Não.
Esta me basta... Uma só
inteligência.. Uma só alma. .. Um só
coração...
—Modesta flor do teu grande jardim. .. Pois eu bem sei o
que querem de mim:
—é lealdade, santificação
—fé... perseverança — consagração... amor
Impulsionando a minha própria vida. ..
Na vida inteira da minha dedicação
(Depois, senta e fica pensativa.)
NARRADORA — Lúcia foi a melhor aluna da classe, a mais
inteligente e a mais dedicada. Bem merece o título que agora
lhe pertence. Está absorta, a recordar o passado e a fazer
planos para o futuro. Subitamente...
CRIANÇA SERTANEJA (vai entrando e chamando) —
Lúcia, Lúcia, ajude-me! Eu preciso de você, Lúcia! Por certo
você já tem ouvido a meu respeito. Venho do sertão da nossa
Pátria, onde habitam animais selvagens e um povo sem
recursos. Você acaba de receber seu diploma de professora,
eu lhe suplico, venha ajudar os pobres sertanejos, que, como
eu, não sabem ler nem escrever. Também ouvi dizer que há
um Salvador — Jesus — mas quase nada sabemos sobre ele.
Eu sei que você o conhece. Venha e nos conte a sua história.
Nós precisamos de uma professora como você, venha!...
venha!... (sai).
MENINA POBRE — Eu também preciso de você. Vivo
numa choça, às margens de um pequeno rio. O sertão do
Brasil é o meu mundo. Um dia eu vi uma menina da cidade.
Como era linda! Tinha vestidos bonitos, rosto corado e tinha
livros para estudar. Tenho vontade de ter vestidos bonitos
também e principalmente livros, mas não sei como... Você
pode nos ensinar a ler, a escrever e pode nos contar histórias
de um livro grande, que chamam de Bíblia, não pode? Venha
comigo, Lúcia, porque onde moro ninguém pode ler naquele
livro e nem sabem contar suas histórias. Venha comigo!...
(afasta-se, meio voltada para Lúcia, olhando-a até
desaparecer).
MOÇA (modestamente vestida) — Onde está você, Lúcia?
Venho do meio de um povo rude e degradado. Povo
supersticioso e sem princípios morais. Sou moça como você,
mas você mora na cidade e eu no interior, você possui um
diploma e eu não tive a oportunidade de estudar. Assim
passei a infância. Muitas outras jovens vivem Como eu.
Venha, e nos auxilie. Muitas vidas, lá, dependem de você
(sai).
VOZ — "O mestre chegou e te chama." Lúcia, Lúcia, não
ouves? Parece que estás indiferente. Não venho pedir-te
auxílio, venho oferecê-lo. "O meu fardo é leve e o meu jugo é
suave." Sou teu Mestre. Tenho falado a ti através das
petições dessa gente humilde e necessitada. "O Campo é
vasto, mas os obreiros são poucos." Ajuda a libertar essa
gente opressa. Dá-lhes a tua sabedoria. Teus conhecimentos
precisam penetrar no coração dos ignorantes. Vai até os
lugares obscuros, e leva a luz. Eu sou a água da vida e o
sertão sedento. Eu sou o pão da vida e o sertão faminto.
Leva-me aos seus corações. Com a pujança e o vigor da tua
juventude, leva-me àquelas almas. Sê uma bênção. Eu te
chamo para seres útil no coração da tua querida Pátria.
LÜCIA — Diante de mim esteve o retrato do sertão
brasileiro. Tive a visão do que é o interior de nossa Pátria. E
eu não havia pensado em tudo isso. Que fazer? Deixarei o
conforto do meu lar, de minha cidade? E os meus ideais,
meus doces e elevados castelos? Apelos insistentes! Vozes me
chamam! Quanta miséria! Que farei? Jesus me falou ao
coração — Eu sou teu Mestre. Sê uma bênção.
(Ouve-se o hino 298 do "Cantor Cristão".)
"Nem sempre será pra o lugar que eu quiser que o Mestre
me tem de mandar..." Claramente percebo meu lugar de
servir. Não é na capital. (Levanta-se e fala com ênfase:) "Onde
quer que seja com Jesus irei..." (Ajoelha-se e ora:) Meu
Senhor, meu Mestre, reconheço a tua chamada para a obra
de Missões. Desejo ser útil à minha Pátria, às almas
sedentas e famintas. Irei proclamar meu Salvador. Eu me
entrego ao teu serviço. Irei confiante nas promessas de quem
me comissionou. Em nome de Jesus. Amém (continua em
atitude de oração até o pano se fechar).
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de
Missões Nacionais.)
UMA CESTA DE ALTRUÍSTICOS DESEJOS
(Adap.) Stela Câmara Dubois
(Um líder e seis crianças. 0 líder traz v/ma cesta, contendo
seis pedaços de papel, nos quais estão escritos
legivelmente os seis desejos. As crianças que tomarem
parte deverão ler corretamente, e o líder dará as respostas.)
LÍDER — Trago u'a cesta de desejos, Como
todos podem ver, Altruísticos desejos!
Quem não os quer conhecer? Seis
desejos! Seis primores! Seis bandeiras
multicores! Vinde vê-los, abraçá-los,
Fazê-los vossos, amá-los Com devoção
sem igual! Estendei a vossa mão, Tirai-os
como se fora Um prazer do coração!
(Todos se achegam e tiram os papéis da cesta)
No 1 — Quem me dera fosse RICO!
Se a abundância eu tivesse, Daria pão ao
faminto E consolo ao que padece.
LÍDER — (dirigindo-se a todos)
Acautelai-vos, queridos, De desejo
tão dourado! Fervorosos no
cuidado,
Dai, o que tendes, com amor, Dai, o que tendes,
agora: Um copo dágua ao sedento. Não queirais ser
ricos; sede Palavra doce ao que chora, E assim tereis
ajuntado Riqueza melhor que o ouro: — A
recompensa do céu, Que é um perene tesouro!
No 2 — Quem me dera fosse eu GRANDE! Se a grandeza
eu desfrutasse, Melhoraria este mundo Com os
trabalhos que encetasse!
LÍDER — Muito bem! Queres ser grande? Eis o meu modo de
ver: — Cumpre, calma e fielmente, Cada pequeno
dever!
No 3 — Quem me dera que eu pudesse
IR ÀS TERRAS MUI DISTANTES, Levar o evangelho
eterno, As mensagens mais tocantes!
LÍDER — Não gastes o tempo em vão, Cogitando nesse afã;
Vai ao povo sem demora, De muitos modos, irmã: —
Orando, dando uma oferta, Pois o tempo é agora! É
hoje!
No 4 — Quem me dera conhecer
DOS PAGÃOS A VIDA INCERTA!
Eu falaria do amor
E daquela estrada certa!
LÍDER — Deus te ajude, meu irmão, Nesse tão justo desejo!
Faze um ato bom e nobre Que te servirá de ensejo!
No 5 - Quem me dera que os CRISTÃOS Pudessem
reconhecer QUE PROPAGAR O EVANGELHO Dos
deveres é o dever!
LÍDER — Sim, mas que estás tu fazendo? Já falaste ao teu
vizinho?
Convidaste para a igreja Teu colega ou amiguinho?
No 6 — Quem me dera mais OBREIROS Na seara a
embranquecer, Para de Deus nossa Pátria Mais
favores merecer!
LÍDER — E se o Mestre, caro amigo, Te chamasse a ti, irias?
Ou, se voto a Deus fizesses, Dentro em pouco
esquecerias? Sinceridade! Eis o tema Para quantos
são chamados! Quem redime u'alma aflita, Cobre um
milhão de pecados! Não gastes debalde o tempo,
Delongando-o com demoras! Fala aos outros! O que
hoje é luz, E messes do céu, as horas! Da Boa-nova as
sementes Espalha, à mão cheia, amigo! Se ajuntares
no celeiro Um por mil, os grãos de trigo, Um por mil,
as vidas puras, De consagração sem par, Terás
provado que o amas E viverás no seu Lar!
(Colocam os papéis na cesta do líder e cantam o hino 436 do
Cantor Cristão .)
O MUNDO PARA CRISTO
Jonathas Braga
Personagens: Esperança, Bíblia, Fé, Amor e Mensagem
(moças); o Mundo e Pregador (rapazes).
I
O MUNDO (monologando) —
Olhai para este céu que sobre vós fulgura,
tauxiado de rubis de qualidade pura.
Olhai para este mundo imenso por Deus criado
sem trevas, sem sofrer, sem mágoas, sem pecado...
E meditai um pouco. — Alçai a vossa mente,
buscando explicação do enigma do presente:
tudo são trevas, tudo angústias, tudo prantos
e os entes a morrer sem doce paz são tantos.
Doridos corações estão agonizando
e almas sem salvação a paz vivem buscando,
porém a paz é um sonho, o gozo é fantasia
e ninguém vê na terra uns brotos de alegria!
Somente escuridão, somente desespero,
somente o vil pecado enchendo o mundo inteiro!
II
ESPERANÇA (entrando em cena) —
Por que vos lamentais assim? Eu inda existo e posso
conquistar o mundo para Cristo!
MUNDO (admirado) —
O mundo para Cristo! É Cristo, porventura, o
alívio, o bem-estar, o anelo da criatura?
De onde veio ele? É santo, é bem-aventurado? E pode
aniquilar o vírus do pecado?!
ESPERANÇA (meigamente) —
Graças a Deus, a luz da eterna maravilha no
tenebroso caos do coração rebrilha e pode
transformar num canto de alegria a sombra de pesar
que as almas anuvia.
MUNDO (com indecisão) —
Porém vede... Os bordéis infestam-se... As estradas
cobrem-se do prantear das almas torturadas...
O vício, a corrução, o regabofe, a dança,
a fome, a sede, a peste, a morte, o ócio, a folgança,
a dúvida, a incerteza... eis tudo quanto existe
no palco terrenal deste planeta triste. ..
ESPERANÇA —
É verdadeiramente um quadro doloroso,
porém o amor de Deus é bálsamo precioso
que pode perfumar esses milhões perdidos
de almas e corações enfermos, doloridos.
Que o diga o Livro Eterno — as Santas Escrituras —
o Código de Deus entregue às vis criaturas.
III
BÍBLIA (entrando em cena, enquanto Esperança se retira)

Palavra de Deus viva, ingente, palpitante,
sublime, salutar, veraz, vivificante,
a Bíblia é a luz que aclara os íngremes caminhos
e das trevas dissipa os negros torvelinhos,
abrindo ao pecador que está desalentado
a estrada de um porvir risonho, alcandorado!
MUNDO — Livro maravilhoso é a Bíblia, certamente...
BÍBLIA —
É no mundo o farol de Deus, resplandecente, É a palavra da
vida eterna, é o livro augusto que ensina à humanidade o
trilho santo e justo e abre para os mortais a aurora
refulgente da salvação de Deus plena e perfeitamente.
Nações do mundo inteiro, homens de ciência e sábios,
para a Bíblia aclamar, todos abrem os lábios,
e, embora os vis ateus e os vis materialistas,
sob a capa de bons mestres e moralistas,
procurem desfazer tudo que está escrito,
debalde o tentarão, porque Deus infinito
nas páginas da Bíblia ao homem tem ditado
santas e puras leis contra o triste pecado!
E é a Bíblia que nos diz que, pelo mundo inteiro,
Jesus foi imolado em lúgubre madeiro,
a fim de redimir as míseras criaturas!
Benditas sejam, pois, as Santas Escrituras!
IV
(Fé e Amor entram em cena e entoam a primeira estrofe e o
coro do hino 427 do Cantor Cristão , enquanto Mundo e
Bíblia se retiram do palco.)
V
PREGADOR (Ao retirarem-se Fé e Amor, ocupando o palco,
repete o coro do hino 427 e em seguida recita) —
"O mundo conquistar para Cristo" eis a divisa
que um futuro radiante ao homem preconiza!
Brasil e Portugal, as Índias, a Alemanha,
China, Japão, Libéria, Angola, Congo, Espanha,
"raças, tribos, nações" de hectares habitados,
todos precisam ver a luz maravilhosa
que esplende no Calvário! A nova mui gloriosa
do evangelho há de entrar em todos esses lares
e soar aos corações de todos os lugares!
A mensagem do amor de Deus, de casa em casa,
como o ciciar da fronde ou qual ruflar de uma asa,
há de aos ouvidos soar dos pobres pecadores,
para lhes transformar as lágrimas em flores,
o desalento em riso, o pranto em alegria,
a nênia em epinício, em odes a alegria!
E todos — patagões, etíopes, chineses,
russos, hindus, nipões, egípcios, congoleses
— todos repetirão da alegria no gozo
um salmo triunfal ao Todo-poderoso
e todos vibrarão de fé e de esperança,
porque Jesus redime e o coração descansa!
MENSAGEM (enquanto Pregador permanece em cena) —
Eis a mensagem santa: o amor de Deus ao mundo,
ao pobre pecador perdido, é tão profundo
que Deus, para salvá-lo, o seu Filho tem dado,
santo, justo, divino, eterno, imaculado!
Todo que crê no Filho, a vida eterna alcança,
o gozo perenal, a bem-aventurança;
o que, porém, não crer, porque o tem desprezado,
será por isso mesmo à geena condenado
e, nesse hórreo lugar de sofrimento tanto,
existirá pavor e remorsos e quebranto!
PREGADOR (enquanto Mensagem se retira) —
"Ide por todo o mundo" — é Cristo quem o ordena! A salvação
de Deus é dadivosa e plena, e aquele que expirou na cruz,
sendo inocente, morreu para livrar da morte a toda gente —
branco, preto, amarelo, indígena selvagem, o pária da ralé, o
homem da alta linhagem, malaios, europeus, os da Ásia,
americanos, bárbaros ou pagãos, gentios, africanos.. . E,
quem irá dizer a essas nações do mundo que em Cristo o
amor de Deus revelado profundo pode salvar, perdoando-a, a
pobre humanidade? E o salvo é que conhece e possui a
verdade e vive pela fé e busca, nesta vida, as gloriosas
mansões da Terra Prometida! Somos nós, os cristãos! Nós
somos os pregoeiros da salvação de Deus e dele mensageiros.
SALVA PARA SERVIR
Adapt. de R. M. R.
(Colocar sobre o palco: uma cadeira, uma cesta de papéis,
uma mesa pequena com um vaso de flores, onde não
estorve a vista do auditório, e umas plantas e palmas ao
fundo do palco.)
PERSONAGENS:
Maria e Eunice, moças em trajes costumeiros.
Riqueza — Moça ou senhora, vestida ostentosamente, muito
enfeitada de jóias e levando um saco em que está escrita a
palavra "Ouro"; dentro deste, alguma coisa que dê a idéia de
estar cheio de dinheiro. Deve ter faixa a tiracolo, com a
palavra "Riqueza" em letras grandes.
Tempo — Uma senhora vestida de capa comprida de cor
cinzenta clara, com uma tira atravessando diagonalmente o
corpo, do ombro direito até a cintura do lado esquerdo, em que
esteja escrita a palavra "Tempo". Três rolos compridos ou
tubos de papelão, marcados, respectivamente, "Futuro",
"Passado" e "Presente", devem ser preparados para
representar os "telescópios" (aparelho com que se observa
objetos distantes).
Beleza — Uma jovem vestida na moda com certo exagero e
vaidade, tendo uma faixa em diagonal, onde está escrita a
palavra "Beleza".
Prazer — Uma jovem vestida muito na moda, de aspecto
jovial e brincalhão. Terá uma faixa a tiracolo, com a palavra
"Prazer".
Serviço — Uma senhora ou moça, com vestes brancas até
ao chão, presas à cintura por um cordão branco. No peito
colocará uma tira, aplicada diagonalmente, em que esteja
escrita a palavra "Serviço".
Rute, Ester, Lídia, Dorcas, Ana de Ava e Noemi Campelo —
Podem ser representadas por moças e senhoras que levam
apenas uma placa, visível ao auditório, com o nome da
personagem que representam, ou poderá vestir-se cada uma
de acordo com o nome que assumiu. Rute poderia levar um
molho de trigo, Ester teria à cabeça uma coroa, Dorcas
levaria uma agulha na mão, e assim, por diante, conforme se
achar bem.
Indiozinhos — Crianças, tendo todas um cordel em torno da
cabeça e que serviria para prender uma pena de galinha
atrás. Seria preferível se todos se vestissem de modo
idêntico, de caqui, por exemplo.
Portugueses — Crianças com blusas vermelhas e saias ou
calças verdes. Ou então, todas de branco com duas faixas
diagonais, vindo uma de cada ombro, uma vermelha e outra
verde. São estas as duas cores da bandeira portuguesa.
Bolivianos — Crianças com blusas amarelas e saias ou
calças verdes com uma faixa vermelha. Ou então todas de
branco, com faixas nas cores verde, amarelo e vermelho (faixa
tricolor), que são as da bandeira boliviana.
(Entra Maria e atira-se a uma cadeira com ar de cansaço.)
MARIA (monologando) — Como estou cansada! A reunião
das moças sempre me enfada. Aquele programa sobre o
Serviço não me agradou. Não somos velhas ainda — a
mocidade tem que gozar a vida um pouco. A-a-a-a
(bocejando), como estou com sono! (dorme).
Faz-se ouvir a música do hino 325 do Cantor Cristão ,
apenas a primeira estrofe, tocada suavemente pela organista,
e iniciado antes que Maria acabe de falar. Mal acaba o hino,
começa Riqueza a falar.
(Entra Riqueza, levando um saco, marcando Ouro.
Aproxima-se de Maria, que se levanta e olha confusamente
para Riqueza.)
RIQUEZA (oferecendo o saco de ouro) — Eis que te trago,
aqui dentro deste saco cheio de ouro, gozo e felicidade
incontáveis. Meu nome é Riqueza e posso te dar alegria todos
os dias. O dinheiro é a chave mágica que abre as portas ao
verdadeiro gozo.
MARIA (aceita o saco, olha-o com um sorriso e diz:) —
Imaginem o que isso comprará — roupas, jóias, viagens,
automóvel, casa. Isso só pode trazer-me a maior das bem-
aventuranças.
TEMPO (entra enquanto Maria está falando e toca-lhe no
ombro por trás. Maria vira-se, espantada) — Faze a tua
escolha com prudência. Eu sou o Tempo. Considera a mim e
o que os anos te trarão. As dádivas da riqueza são bastante
sublimes para durar sempre? Olha aqui por este telescópio e
vê o Futuro. (Tempo entrega o telescópio marcado Futuro à
Maria, que olha por ele para o lado esquerdo, enquanto se
ouve a música do hino 259 Cantor Cristão , uma estrofe.)

MARIA (põe o telescópio na mesa e espera, cabisbaixa, o
fim da música) — Vejo que o dinheiro não pode comprar as
coisas que satisfazem. O Futuro revela que não há gozo
permanente no dinheiro (e entrega o saco de ouro à Riqueza,
que sai tristemente, enquanto Beleza entra pelo outro lado do
palco).
MARIA — Quem vem entrando aqui? Oh! é a Beleza!
BELEZA (Entra, olhando-se num pequeno espelho e pondo
pó de arroz. Em seguida, estende as mãos para Maria e diz:)
— Trago-te aqui o dom da beleza, que é a fonte de imensa
felicidade.
MARIA (sorrindo e dando um passo para Beleza) — Disto é
que preciso. (Sente neste momento a mão do Tempo sobre o
seu ombro e pára, hesitante.)
TEMPO (colocando o telescópio do Futuro diante dos olhos
de Maria) — Cuidado, não te esqueças de que os anos podem
trazer-te o arrependimento, se escolheres a Beleza como teu
padrão.
(Maria olha pelo telescópio e a música continua com o coro
do hino 259).
MARIA (tristemente) — Vejo que a beleza passa e, que é
que fica? Desejo uma coisa que me proporcione gozo
permanente.
(Sai Beleza, e Maria olha para o outro lado do palco, por
onde entra Prazer, com um copo de vinho em uma das mãos.)
MARIA — Ah! é Prazer que vem agora!
PRAZER (fala com muita vivacidade) — Venho oferecer mil
alegrias, risos, danças, folguedos. "Comamos e bebamos, que
amanhã morreremos."
MARIA — É isso que sempre disse. A mocidade deve
brincar e gozar.
(Tempo aplica o telescópio do Futuro aos olhos de Maria)
TEMPO — Devagar, sê prudente. Os folguedos limparão os
olhos das tristezas da vida e darão gozo real por todos os
anos? (A música toca o coro do hino 259.)
MARIA — Ah!... Sinto-me velha e sozinha, cansada do
prazer. Desejo uma coisa que perdure.
(Prazer sai e Serviço entra pelo outro lado.)
SERVIÇO (com os braços estendidos para Maria) — Não
trago dádiva de prazer ou de riqueza, apenas dum espírito
puro e bondoso, que vive para os outros e procura imitar
Cristo em tudo. "Porque o Filho do Homem também não veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
de muitos."
MARIA (virando-se para o Tempo) — Pode mostrar-me
alguém no passado que já experimentou a vida de serviço e
achou o caminho de verdadeira satisfação? Quero as provas.
(Começa a música do hino 300 do Cantor Cristão e Tempo
apanha o telescópio marcado Passado e coloca-o diante dos
olhos de Maria. Fazendo-a voltar o rosto para à direita,
aponta para a porta, por onde entram, uma por uma, Rute,
Ester, Lídia, Dorcas, Ana de Ava e Noemi Campeio, com o
espaço de mais ou menos dois metros entre cada uma.
Atravessam o palco devagar e desaparecem do outro lado.)
MARIA — Vejo Rute, que abandonou o lar paterno, a
pátria, a religião da infância, para servir a Noemi; Ester, que
se pôs em perigo de vida para ser útil ao seu povo; Lídia, a
negociante de púrpura, que abriu a sua casa e seu coração
ao evangelho; Dorcas, que consagrou sua agulha às
necessidades das viúvas e órfãos; Ana de Ava, que tão jovem
deixou casa e pátria, para compartilhar com os labores
missionários do esposo. Noemi Campeio, primeira mártir das
Missões Nacionais nas selvas da nossa Pátria. Será que
ainda hoje se precisa de serviço como no passado?
(Cada personagem deve iniciar sua travessia do palco
somente quando Maria pronunciar o seu nome. A música
continua baixinho durante todo o tempo que estiverem
passando.)
TEMPO (colocando à vista de Maria o telescópio marcado
Presente) — Com isso vê se pode apanhar uma visão das
condições de hoje.
(Ouve-se a música do hino 30 de Cânticos para Crianças ,
e, pela ala do salão, vem para o palco um grupo de crianças
representando os índios. Cantam a 1a estrofe e o coro,
ajoelham-se e estendem os braços para Maria durante o
cântico do coro. Ficam de pé e agrupam-se a um lado do palco.
A música continua e vem para o palco outro grupo de crianças,
representando Portugal, que canta a 2a estrofe; também
ajoelham-se e estendem os braços para Maria durante o
cântico do coro. Em seguida, ficam de pé e agrupam-se a um
lado do palco. A música continua. Entram as crianças
representando a Bolívia, que cantam a 3a estrofe e o coro.
Ajoelham-se estendendo os braços para Maria e depois se
juntam às outras crianças, ao lado do palco.)
MARIA (estendendo os braços para Serviço) — Deixa o teu
espírito encher-me o coração, pois desejo ir aos campos
necessitados e fazer a minha parte em salvar os perdidos.
SERVIÇO — Muitas são as oportunidades para servir. Não
são apenas os índios e os portugueses que reclamam os dons
das moças. De toda parte vêm as chamadas para
professoras, enfermeiras, trabalhadoras e obreiras das
igrejas. "Salva para servir" deve ser a divisa de toda moça
cristã. O serviço é o caminho da felicidade, é o meio de
garantir o gozo permanente. Viver pelos outros é a maneira
de atingir a verdadeira satisfação.
MARIA — Vejo agora que é à vida de serviço que estou
procurando. Nem riqueza, nem prazer, nem formosura me
tentam mais. Em nome de Jesus, alegremente servirei
naquilo que me for possível. "Eis-me aqui, Senhor, envia-me
a mim."
(Senta-se, e a música começa a tocar o hino 295. Os que
estão no palco saem, cantando as palavras em voz baixa.
Maria fica na cadeira, como se estivesse dormindo. Entra
Eunice apressadamente, com um exemplar de O Jornal
Batista nas mãos, e pára, ao ver Maria.)
EUNICE — Maria! (Maria acorda) Você está dormindo?
Acorde! Quero falar-lhe.
MARIA — Ah! sim! Estava tão cansada que dormi e tive
um sonho tão belo! Não lho posso contar agora; um dia vou
dizer-lhe tudo. Este sonho, porém, me deu a idéia de que
queria servir à causa de algum modo especial.
EUNICE — É justamente sobre este assunto que lhe quero
falar. Há bastante tempo que me senti chamada para o
serviço e não sabia como me preparar, mas aqui em O Jornal
Batista está explicado. (Abre o Jornal e olha para ele como se
estivesse lendo um artigo) Aqui diz que as moças batistas que
desejam ser obreiras na Causa devem entender-se com o
Seminário de Educadoras Cristãs, no Recife, ou com o
Instituto Batista de Educação Religiosa, no Rio de Janeiro,
conforme for mais perto e conveniente e investigar as
condições de entrada. Isto eu vou fazer, pois quero preparar-
me o quanto antes para o serviço.
MARIA - Eu também. Vamos já conversar com o Pastor e
consultar a sua opinião sobre a nossa ida ao Colégio.
EUNICE — Salva para servir! E a Bíblia nos diz: "Os que
forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento; e
os que a muitos induzirem à justiça, como as estrelas
sempre e eternamente."
(Saem, enquanto a música toca o hino 410 do Cantor Cristão .)
O ESPÍRITO DE MISSÕES
Adapt. de Olga Costa
I CENA
CENÁRIO — Um jardim em tempos de primavera. Música
suave deve ser ouvida durante a cena, por piano ou violino e
piano.
Quatro jovens entram: primeiro, um moço elegantemente
vestido; segundo, uma mocinha com uniforme de um colégio;
terceiro, uma moça usando um vestido branco muito simples;
e, em quarto lugar, uma bela jovem, também vestida de
branco, porém com trajes mais luxuosos.
SEGUNDA PESSOA — Estou no início da vida, na
primavera, como dizem algumas pessoas; muitas
oportunidades se apresentam e eu desejaria tanto saber
como utilizar minha vida. Pico tão indecisa e não sei mesmo
o que fazer nem aonde ir.
TERCEIRA PESSOA — Querida, nossas vidas são
presentes de Deus e devem ser usadas em seu santo
trabalho.
Grandes coisas poderemos fazer no mundo, se estivermos
dispostas a dedicar-lhe os nossos talentos, a fazer a sua
vontade, a ir aonde ele nos mandar.
QUARTA PESSOA — Ó amigas, por que pensar tanto na
vida e para que tantas preocupações? Deixem estas
conversas sobre oportunidade e religião; estes assuntos
tristes e sem atrativos são para os velhos. Nós precisamos
gozar a vida. Vamos!
PRIMEIRA PESSOA — Mas... olhem! Quem está chegando
?
(Entra a Fama, jovem muito bem trajada, usando rico
monóculo. Passeia de um lado para outro, com aparência
nobre.)
FAMA — Mocidade vigorosa e forte, tenho observado a
vossa indecisão e venho para ajudar-vos. Eu sou a Fama.
Há, realmente, um só problema que pode merecer a vossa
atenção: deveis pensar somente em um modo mais eficaz de
adquirirdes fama. Quero revelar-vos muitas oportunidades
hoje.
Podeis desvendar o reino das invenções, por meio das
quais muitos dos meus filhos têm abençoado o mundo; o
reino da arte, que deleita e extasia o homem; o reino da
música, que emociona e comove. Podereis cantar e
transformar este mundo de trabalhos e preocupações em um
reino mais agradável e atraente.
Podereis, ainda, tornar-vos famosos na literatura, na
escultura e em muitos outros ramos de trabalhos e estudos.
Posso garantir-vos que não haverá uma casa em todas as
nações onde o vosso nome não se torne conhecido e
admirado, se me seguirdes.
Torna-se necessário, porém, que tenhais coragem,
tenacidade, e que vos consagreis inteiramente à tarefa que
eu determinar.
Quereis vir?
(A estudante toma sua mão e segue-a.)
(Entra a Fortuna, jovem usando um vestido enfeitado com
fios dourados; traz em suas mãos um rico porta-jóias, do qual
pendem pérolas, colares de diamantes, etc, para sugerir
riqueza.)
FORTUNA — Mocidade de hoje, eu sou a Fortuna. Tenho
ouvido as palavras da Fama, porém penso que elas não são
muito lógicas e verdadeiras. Existe só uma preocupação
valiosa neste mundo: acumular riquezas, que prazer!
Não haverá um desejo vosso que eu não possa satisfazer.
Tereis muitos amigos, pois que todos os homens inclinar-se-
ão perante vós como súditos; em viagens longas e atraentes,
conhecereis as belezas da vossa pátria e do mundo. Palácios
e reinos vos pertencerão e vossos navios mercantes sulcarão
os mares. Sereis felizes, com dias risonhos de prosperidade e
paz, se entregardes corpo e alma à conquista de riquezas.
Quereis vir?
(O moço atende ao convite.)
(Entra o Prazer, jovem em toalete de tarde, adornada com
flores.)
PRAZER — Jovens, eu sou o Prazer. Venho dizer-vos:
enquanto fordes moços, deveis procurar-me.
É útil e agradável ao velho falar sobre religião e outros
assuntos semelhantes, mas para vós, não. Agora é tempo de
gozar. Sois moços, porém a mocidade celeremente passa.
Vinde, comei, bebei, sede felizes, porque amanhã podereis
morrer!
(A quarta jovem segue o Prazer, deixando sua companheira
só, imersa em profunda meditação.)
(Entra o Espírito de Missões, moça com vestido branco,
coroa dourada e cabelos longos.)
ESPIRITO DE MISSÕES — Amiga, eu sou o Espírito de
Missões.
Desempenhando a minha nobre tarefa de evangelizar os
povos, tenho viajado muito.
Conheço bem a vossa linda pátria, a extensa e rica terra
brasileira. Contemplei seus campos floridos e verdejantes, as
suas belas florestas, os seus rios caudalosos e suas riquezas
imensas.
Triste é, porém, afirmar, que toda esta grandiosidade e
opulência foi toldada ante a visão angustiosa e aflitiva da
situação de muitos brasileiros; há milhões de almas que
perecem sem Cristo e sem salvação, espalhadas pelo Brasil
inteiro! "Quem lhes dará o pão maravilhoso, o verdadeiro pão
espiritual?"
E, se formos mais além, qual será a nossa visão?
Veremos que por toda a Europa, África, Ásia e América, há
milhões de almas que perecem e corações que gemem de
amargor! há milhões de almas que perecem sem Cristo e sem
salvação.
Tenho visto a ignorância, a degradação e a miséria desses
escravos do pecado e do erro e venho pedir-vos para irdes
contar aos perdidos a maravilhosa história de Jesus e dizer-
lhes que ele morreu por nós.
Não vos ofereço uma vida de comodidade e prazer. Longe,
muito longe disto! Haverá trabalhos, perseguições, lutas
tremendas, fome e sede a suportar. Permanecereis no meio
de sofrimentos, que magoarão profundamente o vosso
coração e algumas vezes poderão, quase, arrefecer o vosso
ânimo. Sim, haverá tentações e provas árduas e difíceis,
porém eu não peço para irdes sós.
Se me seguirdes, eu vos enviarei como uma mensagem de
amor ao mundo e convosco irá o Todo-poderoso, aquele que
disse: "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos."
(O Espírito de Missões permanece com as mãos estendidas,
enquanto um quarteto canta a primeira estrofe do hino 443 do
Cantor Cristão .)
TERCEIRA PESSOA — "Tudo, ó Cristo, a Ti entrego.. ."
Oh! eu sinto teu amor transformar a minha vida e meu
coração, Senhor!
(Ajoelha-se diante do Espírito de Missões, que põe a mão
sobre sua cabeça, enquanto o quarteto canta a primeira e
última estrofes do hino 296 do Cantor Cristão . Saem.)
(Fim da 1a cena)
II CENA
(O cenário deverá se aproximar, tanto quanto possível, de
uma representação do outono da vida: folhas, plantas, etc.
Música suave e triste deve ser tocada durante esta cena.
A cortina se ergue, aparecendo os quatro personagens da
primeira cena, que estão agora velhos; deve ser entendido que
aproximadamente 50 anos são passados desde a primeira
cena.)
AMIGO DA FAMA — Recordando com saudades os tempos
já passados, eu me lembro bem daquele dia quando nós,
ainda em plena juventude, fizemos nossa escolha de vida.
Atendi ao convite amável e atraente da Fama e a segui.
Alcancei o meu ideal, após dias e noites de fadigas e
sacrifícios.
Posso dizer com certeza que não há hoje na terra um
nome mais conhecido e admirado do que o meu. No entanto,
agora que estou chegando ao fim, que me vale tudo isto?
Nada! Nada! É uma glória inútil para mim.
AMIGO DA FORTUNA (vestido muito luxuosamente, porém
acabrunhado, com fisionomia cansada e apoiado em uma
bengala) — Eu também fiz a minha escolha há muito tempo;
escolhi riquezas, e conquistei-as.
Tenho viajado e conseguido amigos, embora muitos falsos
e atraídos pelo dinheiro.
Fui feliz e estou certo de que grande parte das riquezas da
terra estão em minhas mãos. Triste é, porem, pensar agora
que a busca insaciável de dinheiro fez com que eu me
esquecesse do meu Criador e da minha alma imortal. E,
finalmente, "que aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro e perder sua alma?"
AMIGO DO PRAZER — Companheiros de tempos
passados, não vos recordais como eu desprezei algumas
outras coisas, para seguir o prazer, quando estávamos
fazendo nossas escolhas?
Na verdade, eu o encontrei e procurei segui-lo mui
fielmente. Hoje, porém, sinto que as minhas forças estão se
acabando e que uma noite lúgubre e tediosa vem-se
aproximando de mim.
AMIGO DE MISSÕES (o piano toca suavemente o hino 291
do Cantor Cristão .)
Eu também fiz minha escolha há muito tempo; tomei
minha cruz e segui o meigo e terno Nazareno, sem saber
para onde ia.
Ele enviou-me como mensageiro a povos incultos e
bárbaros. Por muitos anos trabalhei e lutei tenazmente nos
selvagens campos da inóspita África. Aí, com o bálsamo
suave de Jesus, consolei muitos corações aflitos, cuidei dos
doentes e socorri os tristes. Contei aos pecadores a história
de Jesus Cristo e o apontei como o Filho de Deus, que foi
morto pelos pecados do mundo.
Sim, houve trabalhos, sofrimentos e sacrifícios, porém
nunca me senti desamparada; aquele que disse "não te
deixarei, nem te desampararei" estava sempre ao meu lado,
transformando, com seu amor e sua presença, os dias tristes
e as experiências mais difíceis em bênçãos copiosas para
mim.
Nem por um momento me arrependi da decisão que tomei.
Vivo feliz, porque atendi à chamada divina, entregando-me
nas mãos de Deus para o seu trabalho.
"Combati o bom combate, acabei a carreira" e justamente
agora, quando não posso mais trabalhar muito, desejo,
mocidade vigorosa e forte de hoje, que atendais ao convite
para vos dedicardes ao glorioso trabalho de nosso Salvador e
Mestre.
Contemplai os campos, "que estão brancos para a ceifa".
Pensai na Pátria brasileira, "a terra virente e formosa", o país
de vastos recursos e de grandes oportunidades, cujo futuro
depende do trabalho eficiente e da dedicação de seus filhos.
Lembrai-vos da triste condição intelectual, moral e espiritual
de muitos brasileiros e ouvi o clamor de milhões de almas
que o nome de Cristo não conhecem e que não confiam no
seu Redentor. Pensai no trabalho do Senhor em Portugal e
nos milhões de almas que, em outras nações do mundo,
sofrem e são escravos do pecado e vícios, porque não crêem
ainda naquele cujo amor tudo transforma. "E como crerão
naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há
quem pregue?"
Ide, cristãos, o vosso Deus vos chama: A seara é
grande, o campo vasto! Sus! Amai as almas
como Deus vos ama E apregoai alto o nome de
Jesus!
(Todos cantam a primeira e segunda estrofes do hino 398
do Cantor Cristão .)
DAR E RECEBER
Adapt. de O. Barros
CENÁRIO: Uma sala de jantar. Sobre a mesa, uma fruteira
cheia de maçãs, laranjas, cachos de uva, etc.
PERSONAGENS: Roldão e Rute, irmãos.
(Roldão e Rute, atenciosos, lêem livros, sentados em cadeiras
perto da mesa. De repente, Roldão joga o livro na mesa e,
bocejando e irritado, queixa-se.)
ROLDÃO — Ó gente! Não posso estudar e de forma
alguma tiro do meu pensamento aquela história!
RUTE — Qual?
ROLDÃO — Não te lembras? A tal história que o pastor
contou no domingo a respeito de "DAR". Antes não tivesse
ido à Escola Bíblica Dominical!
RUTE (admirada) — Roldão, estará por acaso arrependido
de ter ido à Escola?! Você que é tão interessado pela sua
classe!
ROLDÃO (embaraçado) — Sim... foi isto que eu disse e
acho que jamais iria a outra reunião na igreja em toda a
minha vida se nunca tivesse sido membro da Sociedade
Juvenil.
RUTE — Mas eu não entendo por que você fala assim. Eu
gosto tanto das reuniões da Sociedade Juvenil! Aprendi
tantas histórias a respeito dos meninos de outras partes do
mundo que até me sinto parenta deles e também já aprendi
como é bom dar-lhes tudo o que pudermos.
ROLDÃO (aborrecido) — Já vem você também! Aí está por
que me aborreço. É cacete a gente ouvir de todos os lados a
palavra DAR, DAR, DAR — tomara que nunca mais a ouça
em toda a minha vida! Se é na Sociedade Juvenil, a
professora fala para sacrificarmos bombons, balas e
qualquer outra coisa e que o preço disto devemos dar às
Missões. Se é na Escola Bíblica Dominical, lá está a
professora com a mesma cantiga: que trabalhemos e
recebamos uma oferta especial como dádiva de amor e
entreguemos às Missões. Se é na igreja, o Pastor conta
aquela história que tanto me tem apoquentado. Falaram
tanto que já não posso gastar um tostão para mim mesmo
sem que me sinta mesquinho e descontente.
RUTE — Você parece que tem razão. (Pensa.) Eu ouvi
também tudo isso que você disse. Achei os planos bons e
pensei com meus botões que ia me privar de qualquer coisa,
porém agora estou achando que é ruim mesmo e... "Toque
estes ossos" (apertam as mãos), eu concordo com você. Devo
deixar de prestar atenção a esta conversa a respeito de
dádivas, não acha?
ROLDÃO — Isso Rute, isso! Você é uma senhorita
inteligente! Estou alegre em ter uma irmã que está sempre a
meu favor.
RUTE — Quer dizer que hoje não vamos à igreja porque...
ROLDÃO (interrompendo) — Sim, porque quem vai falar é
aquele missionário que na Sociedade só falou dos meninos
portugueses que estão com fome, sem casa e com frio por
causa de ser inverno rigoroso lá. Disse-nos ele que o povo
português é nosso vizinho e que Jesus quer que o amemos
como a nós mesmos.
RUTE — Bem, Roldão, isso lhe toca, porque você gosta
bastante de si mesmo.
ROLDÃO — Eu gosto de mim mesmo, como?
RUTE (irônica) — E quem é que está sempre comprando
coisas para comer? Quem é que gosta tanto de passear? Se
você amasse tanto assim os portugueses, eles morreriam de
fome? Morreriam os índios com fome do pão da vida? (Medita
um pouco e diz:) Ah! agora lembrei-me de uma coisa!!
ROLDÃO — De quê?
RUTE — Se você não vai mais usar a palavra DAR, nunca
mais poderá pedir dinheiro a papai nem orar: "O pão nosso
de cada dia nos dá hoje."
ROLDÃO — Está aí! Você é exatamente igual os outros.
Até papai fez-me sentir mal hoje pela manhã no culto
doméstico, quando ele falava tanto daquele versículo "de
graça recebestes, de graça dai". (Nesse momento Roldão
estende a mão para apanhar a fruta mais vermelha e maior
da fruteira, mas de repente pára com olhar espantado, cobre o
rosto com as mãos e diz:) Rute, você ouviu qualquer coisa
estranha?
RUTE — Não ouvi nada, exceto o crepitar do fogo e o
tique--taque do relógio. Por que você ficou tão espantado e
sua mão está tremendo tanto?
ROLDÃO — Escute!... Você não está ouvindo o que o
relógio está dizendo?
RUTE — Estou ouvindo o que ele sempre diz: tique-taque,
tique-taque. Que mais ele poderia dizer?
ROLDÃO — Pois justamente quando apanhei aquela
maçã, aquele velho relógio da parede olhava direitinho para
mim e dizia: tome, tome, tome, e ainda está dizendo. Quer
ouvir? Escute. .. (ambos silenciosos escutam).
RUTE — Vamos fazer parar.
ROLDÃO — Parar o quê?
RUTE — Parar o relógio, naturalmente.
ROLDÃO — Não serve de nada. Mamãe e papai quererão
saber a razão e se nós lhes explicarmos, eles dirão, como têm
dito tantas vezes, que eu sou egoísta, e têm razão.
RUTE (pensativa) — Não vejo outra coisa a fazer, senão
deixar, de tomar tudo. Sempre tomamos comida, roupa, bons
passeios, livros e...
RUTE (servindo-se das uvas, continua:) — Tem razão... ele
está dizendo: toma, toma, toma, e está falando cada vez mais
alto. Vamos pará-lo?
ROLDÃO — Saúde, divertimento e tudo que é bom.
RUTE (tristemente) — E tão poucas vezes DAMOS
qualquer coisa,não é? Como somos ingratos, Roldão! Tudo
que temos, usamos e comemos é papai quem nos dá.
Realmente papai é quem está contribuindo, e não nós,
entretanto, dizemos que estamos cansados de contribuir. É
verdade, eu me sinto envergonhadíssima.
ROLDÃO (dando um grande pulo da cadeira ao ponto de
arredá-la do lugar, vai em direção a Rute) — Sabe, Rute, o
que •devíamos fazer? Instituir uma regra.
RUTE — Regra, como?
ROLDÃO — Se nós vamos tomar e tomar de Deus, então
vamos também dar, dar e dar- lhe. Que tal?
RUTE — Nunca pensei que você pudesse fazer regras. Eu
julgava que só os gramáticos e matemáticos é que fazem
regras! Mas eu a acho ótima e estou pronta para a decorar e
aplicar aos problemas que me aparecerem, iguais a este.
Deixe-me repetir com você.
OS DOIS — Se nós vamos tomar, tomar, tomar de Deus,
então vamos também dar, dar, dar- lhe.
ROLDÃO — Excelente! Então você me julga um rapaz
inteligente, não é? Neste momento vou buscar o envelope e
colocar a oferta dentro. Vou botar o dinheiro que mamãe me
deu para fazer um passeio hoje à tarde. Vou fazer de conta
que o passeio foi em Portugal e que vi muitas crianças
alegres porque meu dinheiro foi socorrê-las. Vamos ouvir
hoje o missionário, Rute?
RUTE — Oh! vamos! E vou ver se posso fazer alguma coisa
para mamãe, e ela me dará a minha dádiva de amor. Posso
dar mais do que um envelope. Acho que posso encher uma
caixa.
ROLDÃO — Vou usar também uma caixa. Parece que há
duas lá em cima da cômoda de mamãe.
RUTE — Nós escreveremos na tampa, com letras bem
bonitas:
"De graça recebestes, de graça dai."
ROLDÃO — Eu estou tão alegre! Sinto-me tão feliz! Nunca
me senti assim! Como é bom dar! Jesus está satisfeito com a
nossa deliberação, não acha, Rute?
RUTE — Acho. Papai e mamãe também vão ficar bem
alegres. Vamos contar-lhes a nossa deliberação (Saem).
BRASIL E PORTUGAL
Arith Drummond Borges
(Entra uma menina ou menino, olhando através de um
binóculo, trazendo a tiracolo uma fita verde-amarela com a
palavra: BRASIL.)
BRASIL (divisando Portugal ao longe) — Ó Portugal
querido, tu és a Pátria dos meus avós. Amo-te tanto como ao
meu caro Brasil! Contemplo o teu passado, pleno de feitos
brilhantes, admiro o heroísmo de teus filhos, mas... o que me
impressiona é ver-te ignorar a salvação outorgada por nosso
Senhor Jesus Cristo. (Senta-se e fica meditativo, enquanto
ouve ao longe o cântico do hino 41 de Cânticos para Crianças
.)
(Levantando-se) Parece que estou sonhando... Ouço o
clamor de Portugal tão perto de mim... Será que estou em
terras portuguesas? O povo batista brasileiro tem procurado
atender ao clamor incessante dos portugueses. Lá, em terras
lusas, estão os nossos emissários. (Levanta o binóculo,
fingindo divisar Portugal ao longe.)
(Entra um menino ou menina, trazendo a tiracolo uma fita
verde-vermelha com a palavra: PORTUGAL.)
PORTUGAL — Lá em terras européias eu me acho, situado
ao meio de um vulcão que vomita, momento após momento,
o fogo do ódio, da contenda, do egoísmo e da guerra! Tenho
procurado educar os meus filhos, afastando-os desses
sentimentos tão vis e hediondos... Mas quase têm sido em
vão todos os meus esforços... Agora, mais do que nunca,
rogo, à minha Pátria irmã, continue a dar-me o seu apoio na
educação de meus filhos. Somente o evangelho sublime de
Jesus Cristo poderá modificar
Portugal! Há centenas de filhos meus cujas vidas têm sido
uma inspiração! Aceitaram este evangelho e o têm posto em
prática.
BRASIL — Mas, Portugal, se estás tão desejoso de que
continuemos a dar-te apoio na educação de teus filhos, por
que ainda há tantas restrições à pregação do evangelho?
PORTUGAL — Não é de mim que partem as perseguições;
realmente tenho vexame de saber que ainda tenho filhos que
não reconhecem os verdadeiros valores.. . Mas o dia chegará
quando todos os portugueses reconhecerão os teus enviados
e hão de ajudá-los a falar deste Jesus, que é a Fonte donde
promana a Água Viva que apaga o fogo do ódio, da contenda,
do egoísmo e da guerra! Não te desanimes, Brasil querido! Os
teus esforços em benefício dos meus filhos nunca serão
olvidados... Podes continuar essa tarefa árdua, mas que no
futuro se reverterá em bênçãos, não só para os meus filhos,
mas para os teus próprios!
(Ouve-se ao longe o cântico das duas estrofes do hino 379 do
Cantor Cristão . Brasil e Portugal ajoelham-se e firmam o olhar
no céu, enquanto ouvem o cântico do hino.)
BRASIL (levantando-se) — Ah! Portugal! Desde os
primórdios de minha existência há entre nós um
intercâmbio... E agora estamos mais ligados do que nunca
pelos laços indissolúveis do evangelho do nosso Senhor
Jesus Cristo! (Brasil dá a mão a Portugal) Temos agora um
único ideal — o de conduzir os nossos filhos aos pés do
divino Salvador! Os meus filhos não têm poupado esforços
na evangelização dos portugueses. E de hoje em diante eles
duplicarão as suas atividades em benefício de Portugal.
PORTUGAL — Bravo, meu Brasil querido! O sentimento de
altruísmo tem dominado os corações de teus filhos. Os meus
filhos que já aceitaram o evangelho unificarão as suas forças
à de teus filhos e juntos trabalharemos para ganhar o Brasil
e Portugal para Cristo.
(Saem abraçados, cantando a la estrofe do hino 379.)
MISSÕES
(Acróstico )
Cada criança leva a letra que forma a palavra MISSÕES,
recita o versículo e todas ficam depois onde estão, até que a
congregação cante o hino 430 do Cantor Cristão . As crianças
devem falar bem alto. Ao cantar-se o coro pela última vez,
saem. M — "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de
serem feitos filhos de Deus, a saber: aos que crêem no
seu nome" (João 1:12).
I —■ "Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito
Santo" (Mateus 28:19).
S — "Ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em
toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" (Atos
1:8).
S — "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis
no meu amor; assim como também eu tenho guardado os
mandamentos de meu Pai, e no seu amor permaneço"
(João 15:10).
O — "Ó vós, todos que tendes sede, vinde às águas, e os que
não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e
comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Isaías
55:1).
E — "E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua
alma em lugares secos e fortificará os teus ossos; e serás
como um jardim regado e como um manancial cujas
águas jamais faltam" (Isaías 58:11).
S — "Suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as
boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que
faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!"
(Isaías 52:7).
NOTA — Estes versículos da Palavra de Deus devem ser muito
bem decorados e recitados em voz bem alta e clara, de modo
que todos ouçam e entendam. Para isso é preciso começar os
ensaios com muita antecedência e repetir muitíssimo. Também
é de proveito despertar na criança a confiança em si, para
fazer a parte de tal maneira que o medo ou o nervosismo não
atrapalhe. Um programa bem ensaiado e bem apresentado,
mesmo que seja bastante simples, vale mais do que um muito
extenso.
Faça o programa assim: as crianças ficam sentadas juntas
e a dirigente à mesa, de frente para elas. Sobre a mesa deve
haver uma jarra de flores e talvez uma cesta bonita, feita de
cartolina, para receber as ofertas das crianças. Assim tudo se
processará como se fosse numa reunião informal e bem de
crianças.
O programa parece complicado, mas verificar-se-á que é
bastante simples. Comece a ensaiá-lo em julho, e repita-o
muitas vezes. Outras partes podem ser adicionadas, se bem
que programa de criança deve ser curto e bem apresentado.
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões
. Nacionais.)
APOTEOSE
(20 pessoas, tendo faixas com o nome de cada Estado do
Brasil. Ao centro Brasília, envolta na bandeira brasileira.)
AMAZONAS
Verdes matas, riquezas incontáveis tenho, em
meu seio ubérrimo e fecundo, gratas miragens,
rios cristalinos, possuo mais que o resto deste
mundo!
PARA
Quente, rica, esta terra se exprime por seu
povo sadio e seu dulçor; Oriente brasileiro,
oculta o bronze onde a raça fundiu o seu
amor!
MARANHÃO
Pequeno, encravado em terra densa, sou
sentinela alada do Brasil; dei à Pátria mil
gênios, que a fizeram mais luzente, mais brava,
mais viril!
CEARÁ
Terra da luz, terra do sol luzente, das serras no
alcantil todo encrustado. Quando a seca
azoirraga, o céu se inclina e me dá mais
virtudes e sou guardado!
PIAUÍ
Dos vales 'té às serras, nas caatingas, geme o gado e revoa o
passaredo; Fortuna em caixa forte sou da Pátria, em mim
não há temor nem vaga o medo!
RIO GRANDE DO NORTE
Estrela pequenina do Nordeste, cada vez mais sublime em
seu portento. Ao gigante brasílio que desperta, pronto estou
para dar o meu sustento.
PARAÍBA
No ra-rã das porteiras gemedoras, No gritar dos meus carros
vagarosos, pela estrada do progresso vou marchando, à
frente vendo dias mais ditosos!
PERNAMBUCO
Fanal luzindo sobre o mar bravio, ergo bem alto a trompa da
alvorada e desperto o meu povo para a glória de ser feliz e
amar a Pátria amada.
ALAGOAS
Dos marechais, terra e berço sobranceiro, enchi de heróis os
cantos do país; não encontrei em meu caminho a inércia,
nem primazias, nem grandezas quis.
SERGIPE
Cantei as glórias do Brasil querido pelo cérebro ardente dos
meus filhos; fui princesa — habitei entre riquezas, fui rosa
agreste — vivi entre junquilhos!
BAHIA
Monumento da terra brasileira, fui Rio Branco, Castro Alves
e fui Rui, berço da Pátria — mão nacional cujo heroísmo não
cai nem diminui!
ESPIRITO SANTO
Um rubi que na costa apenas brilha, Mas vigia a grandeza do
Brasil; Canaã de fartura e de bondade, Pálio de amor por sob
um céu de anil!
MINAS GERAIS
Geme o gado no vale ou na montanha, trabalha o lavrador na
terra ingente; alterosas, risonhas, perfumosas, as almas
vibram, vibra a nossa gente.
RIO DE JANEIRO
Cidades, cafezais, riquezas tantas, Campeiam num progresso
admirável; e eu vou cantando, e o canto meu se avulta
penetrando o infinito indecifrável.
SÃO PAULO
Sacrário pátrio. Caçador de pérolas, bandeirantes da fé e do
progresso; para vencer, para subir, voar, não vejo impasse
nem perigos meço!
PARANÃ
Frio, mas belo e frio e morno, acalento o viajor no meu
gasalho; para fazer o Brasil mais rico e nobre é que luto nas
lides do trabalho.
SANTA CATARINA
Humilde, pequenina, a voz alteio,
e louvo os feitos que dons meus confiro;
o ar saudável do clima mui sadio
na libação nacional respiro!
RIO GRANDE DO SUL
Do extremo sul, quase em estranhas terras, fito, ao longe, as
terras do Brasil; e a sua gente adoro; e as suas minas e os
seus mares e os céus todos de anil.
MATO GROSSO
A araponga é o ferreiro das florestas, e o mundo
inteiro ergue-se para o amar. O Brasil é o celeiro
deste mundo; é a garganta da pátria a clarinar.
GOIÁS
Do centro vejo a grandeza desta terra e exulto e estremeço no
meu esto aqui, contente, de te amar, ó pátria amiga, o meu
anseio inteiro manifesto.
BRASÍLIA
Lançando o olhar por sobre a densa esteira
de corações que vibram nesta terra amada do Brasil,
alegremente rio; e ao mesmo tempo choro
por ver a alma robusta do meu povo, tão nobre e tão viril,
jazendo em demagoga ignorância e em trevas se abismar!
Ai! quanta dor eu sinto, ó doce Pátria,
por ver teus filhos todos no pecado metidos cruelmente,
acérrimo, fatal,
entrando a perdição de par em par!
Que o evangelho de ti se assenhoreie, para tua felicidade! E
que a ti, o Deus supremo e justo, que ama as nações onde
almas vagueiam — te revele a verdade!
E Jesus, que, morrendo no madeiro, seu sangue derramou,
exulte de alegria por salvar-te como a nós já salvou! E o
pendão auriverde ainda drapeje, sereno, altivirente, como o
símbolo da paz do evangelho pregado a toda gente! E as
almas de todos os brasileiros, num canto angelical,
retumbem, dando glórias e aleluias ao Pai Celestial!
LÍNGUAS E TRIBOS QUE AINDA NÃO FORAM ALCANÇADAS
Joaze Gonzaga de Paula
Personagens: Oito moças representando as línguas e
tribos (linda não alcançadas: África (vestida de capa
preta), América do Sul, Sibéria, China, Indochina
Francesa, Ilhas Filipinas, Bolívia, Colômbia, e um
intermediário, representando o Peru. Cada pessoa, além
da vestimenta, deve trazer uma faixa para identificação
do lugar que representa. Deve-se convidar um quarteto
ou conjunto para cantar os hinos 428 e 427 do Cantor
Cristão ; e um Narrador.
CENA
CONJUNTO — Entoa o hino 428 (preparando o
auditório).
NARRADOR — Sabeis, por acaso, quantas são as línguas
que se falam neste nosso mundo? Deixai que vo-lo diga.
Presentemente, existem pelo menos 2.974 idiomas chamados
maiores. Sabeis quantos desses idiomas já possuem a
Palavra de Deus ou parte dessa Palavra? Até o presente,
apenas 1.185. Portanto, quantos são os que ficam sem
nenhuma porção do Livro de Deus? Ficam 1.789, pensai
nisso. Quase dois mil anos de trabalho missionário e de
evangelização mundial, e, apesar disso, ainda existem 1.789
línguas para as quais a Palavra de Deus ainda não foi
traduzida. E, que é que Deus diz? "A fé vem pelo ouvir...
ouvir a Palavra de Deus." Mas, "como crerão naquele de
quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem
pregue?"
66
CONJUNTO — Entoa o hino 427 (1a estrofe).
NARRADOR — Descobriu-se que ainda existem mais de
1.000 tribos sem o evangelho. Além disso, essas tribos já
foram localizadas. Sabemos onde elas estão. Peço-vos que
penseis nelas, à medida que as formos citando. Deveis
lembrar que não há nenhum missionário trabalhando entre
elas. Que não existe ninguém entre elas que já tenha ouvido
falar de Cristo pelo menos uma vez.
ÁFRICA — (Entra vestida de preto, cabeça baixa e
expressão de tristeza).
NARRADOR — Na África existem 350 tribos que ainda
precisam ser alcançadas.
AMÉRICA DO SUL — (Entra com semblante triste e de
cabeça baixa).
NARRADOR — Na América do Sul existem 3.000 tribos de
índios, também sem Cristo.
ENTRA SIBÉRIA — (Na mesma atitude das anteriores).
NARRADOR — Na Sibéria encontramos 75 tribos. Depois
vêm a China, a Indochina Francesa e as Ilhas Filipinas.
ENTRAM a China, Indochina Francesa e Ilhas Filipinas —
(Uma após outra, também na atitude das outras).
NARRADOR — Nesses três lugares, o número de tribos
chega a 175 ou mais, onde o evangelho nunca foi pregado.
Há milhões em densas trevas do pecado. Por aí se vê que
ainda existem pelo menos 1.000 tribos em plena escuridão
espiritual, esperando pela Luz do evangelho.
ENTRA BOLÍVIA — (Como as outras).
NARRADOR — Na Bolívia, onde a Junta de Missões
Estrangeiras mantém trabalho, há cerca de 1.000.000 (um
milhão) de índios sem Cristo.
PERU — (Jovem intermediário, chega ao palco).
NARRADOR — No Peru, a população de índios é de
2.500.000 (dois milhões e quinhentos mil).
ENTRA COLÔMBIA — (Idem).
NARRADOR — Na Colômbia, 100.000, em sua maioria,
estão vivendo nas condições mais primitivas. Nas terras
altas, contam-se cerca de 500.000 semicivilizados. Mas,
como os havemos de alcançar? — Somente por meio dos
jovens de nossas igrejas, dos nossos seminários e demais
escolas de educação religiosa. A Seara é realmente grande,
mas os obreiros são poucos. Rogai... Sim, rogai ao Senhor da
Seara, que envie mais obreiros para a sua Seara.
CONJUNTO — Hino 427 (2a e 3a estrofes).
PASTOR DA IGREJA: Apelo e conclusão.
(Colaboração do Departamento de Promoção da Junta de
Missões Estrangeiras.)
MISSÕES... SANTA CHAMADA DE AMOR
Silas dos Santos Cunha
(Duas vozes fazem as alocuções iniciais em tom vibrante.)
1a VOZ — Missões... fala de amor, deste amor que leva
uma mensagem de salvação.
2a VOZ — Missões... fala de renúncia, de consagração,
fala de uma chama que arde, flamejante, na obra de servir.
1* VOZ — Missões... fala de corações... de corações fiéis,
que sentem a grandiosidade de uma obra de amor.
2a VOZ — Fala de corações... ardentes, suplicantes;
corações humildes, que vivem a chorar, sem esperança, sem
paz.
1a VOZ — Missões... uma chama; viva chama, desafiando
corações.
(Uma jovem vestida de vermelho, vestido longo,
representando "Missões", entra em cena, passeando de um
lado para outro. É interrompida por uma vos metálica, que a
entrevista. Missões, surpreendida, pára e responde em atitude
preocupada.)
1» VOZ — (Metálica, penetrante) — Que te preocupa?
MISSÕES — Sim... preocupada, deveras preocupada com
tantas oportunidades que um campo branco apresenta. Sinto
que as almas buscam a Jesus, suspiram pela paz, desejam a
salvação, mas... eu não encontro jovens que se proponham a
obedecer ao ide de Jesus.
2a VOZ — Não fiques triste... ainda existe uma juventude,
essa força pujante de vitalidade, de amor pelas almas que
não têm Jesus.
MISSÕES — Onde está? (Sai em direção mais próxima da
ribalta do palco e diz, vibrante:) — Onde está esta juventude
que se agiganta nas artes, nos grandes ideais, no progresso
ousado, atômico e das viagens interplanetárias... juventude
que inflama os corações e se esquece de uma ordem de
Jesus?
1a VOZ — Portanto, ide. .. fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do PAI, do Filho e do Espírito
Santo.
MISSÕES — Ir... ensinar, pregar, levar este evangelho que
prega a salvação. Ir. .. levar a semente, derramar esta paz
benfazeja, que brota duma cruz tingida pelo sangue remidor.
(Enquanto Missões profere este patético monólogo, um
jogral com sete figuras entra suavemente, vestido de azul.
Para fundo musical do jogral, o harmônio apresenta a música
do hino 298 do Cantor Cristão. )
JOGRAL —
CONJUNTO — Nossas vozes, unidas, proclamam Missões.
Na santa missão de a semente lançar.
SOLO — Missões. .. uma chama ardente de amor,
CONJUNTO — buscando os perdidos, sem paz, sem
Jesus.
Consagrar é viver no ideal de servir. Na santa vocação de o
evangelho pregar.
SOLO 1o — Missões... alvorada da obediência.
SOLO 2o — Missões... uma chama de amor.
CONJUNTO — Aquele que leva a preciosa semente voltará
jubiloso, trazendo seus molhos.
SOLO 1? —- Quem irá?
CONJUNTO — Sim; quem há de ir por nós? Missões é
decisão de dar-se ao santo privilégio de servir.
SOLO 2o — Quem irá?
CONJUNTO — Iremos todos a sementeira santa, lavando
os corações no sangue de Jesus.
MISSÕES (vibrante) — Vamos, jovens, à luta do bem, de
pregar o evangelho da Cruz. Inflamados de ardor por Jesus,
na cruzada que fala de amor.
(Suavemente, empunhando suas Bíblias, dois ou quatro
jovens vão chegando ao palco, saídos do auditório, caindo de
joelhos e exclamando em poética decisão:)
JOVENS (em conjunto) — Eis-nos aqui. . . mãos e pés,
Alma e corpo a Ti, Senhor, Entregamos,
ao teu serviço o nosso viver.
Eis-nos aqui. .. para o Brasil ganhar para
Ti.
(Enquanto se ouve, em solo vocal, o hino 298, Missões se
retira, para apanhar um archote com chama vermelha, entra
novamente e, chegando-se aos Jovens decididos, exclama:)
MISSÕES — Juventude... heróica juventude,
Tomai a chama Sagrada de Missões! Por ela lutai
decididamente com ardor. Missões é chama
ardente de um amor que leva a mensagem de
salvação.
(Os dois ou quatro Jovens decididos, ainda ajoelhados,
tomam e seguram o archote, enquanto a voz emite a última
alocução.)
VOZ — Moços!.. . levantai-vos e vede! Com esta chama
ardente de Missões, lançai os vossos olhos sobre o campo:
branco para a ceifa, pois está no negror do pecado, sem
alegria e sem salvação. IDE! — O CAMPO É O MUNDO!
(Colaboração do Departamento de Promoção da Junta de
Missões Nacionais.)
BRASIL E PORTUGAL
(Apoteose)
Francisco de Mattos
(Por duas crianças, com bandeiras dos dois países ou
seus trajes característicos.)
PORTUGAL FALA —
BRASIL e PORTUGAL! Oh! povo independente! O mesmo
céu! O mesmo mar! A mesma gente!...
O mesmo céu azul! O mesmo céu de anil! O
céu de Portugal e o céu lá do Brasil!...
O mesmo verde mar... tão belo e sem rival, O mar lá do
Brasil e o mar de Portugal!
A mesma gente heróica, altiva, hospitaleira, A gente
Portuguesa e a gente Brasileira.
Por um beijo de luz, sois um astro preso...
Um grande templo aberto, um grande altar aceso.
Um loiro conquistado e vencido um troféu,
A mesma gente, o mesmo mar, o mesmo céu!...
Brasil e Portugal! Duas fortes Nações! O
cérebro de Rui e o gênio de Camões!
Oh! vós, terras irmãs, banhadas de beleza! Oh! Terra
Brasileira! Oh! Terra Portuguesa!
Terras irmãs no amor! Amor de que me ufano;
Terras que estão no altar do coração humano.
Unidas, sei que sois... e por um mesmo laço! E por um
mesmo beijo, e por um mesmo abraço!
Ah! Nascer no Brasil é viver com altivez Dentro do coração do
povo português!
Nascer em Portugal é viver sobranceiro, Dentro do coração do
povo brasileiro!
Sois duas grandes naus, juntas a navegar... O mesmo céu! A
mesma gente! O mesmo mar!
Brasil e Portugal! Sois dois filhos de Apoio, O mesmo povo, a
mesma língua, o mesmo solo!
A mesma luz doirando o sol e os rosicleres, O mesmo coração
bondoso das mulheres!
A mesma graça, o mesmo encanto, que eu invejo, No espelho
de cristal, das águas brancas do Tejo!
Quanta coisa nos diz esse sossego!
A saudade sem fim das águas do Mondego!
Um povo só, um povo altiloqüente,
O mesmo céu, o mesmo mar, a mesma gente.
RESPOSTA DO BRASILEIRO —
Amigo, amo o país romântico das uvas, Onde o riso do sol e
as lágrimas das chuvas
Têm muito mais poesia e muito mais beleza Que o lindo céu
azul, sereno, de Veneza!
Esse país que eu amo, esse país risonho Do meu sincero, do
meu primeiro sonho!
Amor puro de artista e sonho ideal de moço Esse país
imenso, esse país colosso!
Que há sido muitas vezes de heróis torrão natal! Esse grande
país amigo é Portugal!
Cada feito sem par, um prêmio de um troféu, Pedaço mui
azul, tirado ao próprio céu!
Altar de pedra! Altar hercúleo de granito! Altar de glória,
altar que vai no infinito.
Ante a voz do Brasil, descobre-se, altaneiro, O povo
português, irmão do brasileiro!
Oiro velho no sol, oiro de lei no trigo, Portugal, teu país, de
loiros, meu amigo!
Gigante, portentoso, heróico e varonil, A tua glória, irmão, é
o teu irmão Brasil!
A vastidão sem fim dos desertos escampos, Oh! beleza paga,
dos vales e dos campos!
Dessas terras de luz, tão cheias de esplendor, Terras irmãs
na paz, terras irmãs no amor!
Portugal e Brasil! Duas fortes nações! Amor que conseguiu
unir dois corações!
Corações a pulsar dentro do mesmo seio, O meu coração que
se partiu no meio.
E rolou... e rolou... no chão exangue... Sentindo a mesma
dor, chorando o mesmo sangue!
Um coração que rola assim partido em dois, Que ânsias de
chorar nos provoca depois!
Amigo, amo o país das lindas alamedas,
Onde se ouve o rumor e o farfalhar das sedas,
E o donaire de graça, o encanto mais falado, Das mulheres
gentis, que vêm a rir do Chiado!
Esse país que eu amo e com amor insano,
Com esse soberbo amor que penso sobre-humano,
De heróicas tradições e de bravura imortal, Esse grande país,
amigos, é PORTUGAL!
JOGRAL
João Oliveira Santos
A- O Campo é o Mundo...
B- O Campo é o Mundo.. .
TODOS - Cristo, a Única Esperança!C - Se
Cristo é a Ünica Esperança,
D- Se muitas almas perecem sem Cristo e sem salvação,
A- Quem levará esta mensagem aos homens?
E- Quem anunciará o amor de Deus ao mundo?
H- Cristãos do nosso querido Brasil, ouvi os clamores de
um povo que sofre. . .P - Que
implora...
G- Busca...
A- Pede.. .
C- Luz...
B- Luz...
H- Luz. ..
TODOS - A luz do Evangelho de Jesus!
D- O caminho que encetamos é tão espinhoso,
F- A nossa Cruz é tão pesada,
G- Senhor, dá-nos forças para prosseguir!
A- Lutar!
H- Lutar!
E- Enfrentar com sorrisos nos lábios a amargura do
sofrer.
C- Eis que os campos estão brancos para a ceifa, a quem
enviarei?G - A quem?
P- Quem irá?
A- Quem?
B- Não ouvis?
C- Não vedes ?
H- Não sentis que a obra é grande demais para tão poucos
trabalhadores?
D - Ouvi a chamada do Mestre:
B-C-D- "Levanta-te de entre os mortos, e Cristo te
iluminará."
C - Entregai os vossos bens para o sustento da obra. . .
A - Não negueis. . .
H - Não negueis. . .
B - Não retenhais a vossa oferta. . .
D - Ajudai a obra missionária. ..
D-B-A- Escutai, escutai, eles clamam por salvação,
F- A obra cresce. . .
H - Cresce.. .
E-G- Homens consagrados e decididos levantam-se para
oscampos,
C - Moços, que deixam os seus lares,
B - Partem,
H - Partem,
P- Deixam tudo. ..
D - Deixam tudo. . .
A- Lares. . .
E - Pátrias...
G - Condições Sociais. ..
B - A vida feliz da cidade,
TODOS -E saem a proclamar as benditas sementes do evan-
gelho.
C - O Campo é o Mundo. ..
G-H-F-A- E ele exige de nós mais,
B - Mais,
E- Mais,
D - Muito mais,
H - Ele exige abnegação das nossas vidas. . .
TODOS -O mundo tem fome e sede de justiça!
H - O mundo clama por salvação!
A- O mundo precisa de luz!
TODOS -A luz do Evangelho de Jesus.
C- Bolívia,
F- Portugal,
B- Paraguai,
D- Três Bandeiras,
E- Três países a nos desafiar e a nos inspirar por um
avanço de uma conquista maior.
H- Povos que lutam. ..
A- Ódio...
C- Contendas. ..
B- Ciúmes,
F- Guerras. . .
E- Misérias...
D- Lágrimas...
G- Perdição...
H- Desespero...
TODOS - Quantas vidas a perecer sem Cristo e sem
salvação!G - E ele assim permanecerá...
A- Viverá...
B- Se não anunciares aos homens o amor eterno de
Jesus.
C- Por que permaneces indiferente aos apelos de um
mun-
do sofredor?
G- Por que não ergues o olhar para os campos?
H- Ó Senhor, desperta o teu-povo,
P- Levanta-te, moço corajoso e decidido, para a sua
seara,
TODOS. Porque ela é grande, e poucos são os obreiros.A - O
Campo é o Mundo...
TODOS - Cristo, a Única Esperança!
(Colaboração ao Departamento de Promoção da Junta de
Missões
Estrangeiras.)
OS CAMPOS ESTÃO BRANCOS PARA A CEIFA
Eliézer Pereira de Barros
1o — Brancos... 2o — Brancos... 3o
— Brancos...
TODOS — OS CAMPOS ESTÃO BRANCOS PARA A CEIFA! 2o
— Os campos estão brancos para a ceifa... 4o — Disse Jesus:
TODOS — "Levantai os vossos olhos e vede..."
3o — Aqui...
5o — Ali...
2o — Acolá...
4o — Gente... e mais gente...
1o — Todos sem Cristo.
2o — "Levantai os vossos olhos e vede..."
TODOS — Multidões desejosas de se encontrar com o
Salvador.
2o — Há sempre, em cada lugar...
5o — Um campo branco para a ceifa.
3o — Há sempre uma pessoa...
4o — Duas...
3o — Três...
1o — Quatro e mais,
TODOS — Que estão prontas a aceitar a Cristo. 4o
— Campos... 5o — Campos...
3o — Campos brancos e mais campos brancos há por toda
parte...
1o — Levantai os vossos olhos e vede a Bolívia...
2o — E o Paraguai...
4o — Além mar, o velho Portugal...
TODOS — A todos levai o pendão real. . .
5o — Do Canadá ao poético Uruguai. . .
3o — Fazei Cristo conhecido.. .
2o — O Cristo sem igual.
3 o — Os campos. . .
4o — Os campos. ..
5o — Os campos. ..
3o — O campo é somente a minha terra. . .5o e
4o — O campo é somente o meu país. . .3o e 1o — O
campo é somente o meu Estado. ..TODOS — O
Campo é somente a minha Igreja. ..3o —
LIMITADOS!
2o — Fracos!
4o - Fracassados1o — SABEIS O QUE DISSE
O MESTRE?
TODOS — "O CAMPO É O MUNDO"... O MUNDO É O
CAMPO,2o — O Mundo é o campo da igreja batista local.
..3 o — Uma igreja somente. ..5o — Sozinha. . .
1o — Grande, média ou pequena... 2o —
Pouco ou bem pouco poderia fazer. .. 1o — Mas
todas as igrejas juntas.. . 3 o — Juntinhas... 4o
— Muito podem fazer. TODOS — A união faz a força.
.. 2o — Diz a sabedoria popular.
1 — Eu tenho força... Tu tens força... Ele tem força. ..
o

TODOS — Nós temos força...


4o — E os batistas brasileiros, compreendendo o poder
da
união, 5o — Uniram-se, 3o
— Igrejas do Sul. .. 2o — Do Norte.
.. 3o — Do Centro... TODOS —
Todas. . .
1o — E organizaram as Juntas de Missões. . .
4o — Nacionais (só no Brasil).
5o — Mundiais.. . fora do Brasil, todo o mundo...
1 o — MISSÕES. .. campos brancos para a ceifa. ..
2o — Campos brancos para a ceifa. . .
5o e 3o — MISSÕES. ..
TODOS — Junta de Missões — ORGANIZAÇÃO — CORAÇÃO
DE UM POVO UNIDO PARA A CONQUISTA DE
ALMAS — PARA CRISTO — ALÉM DOS LIMITES DA
IGREJA. . .
1o — Da igreja local...
4o — Missões estaduais...
3o — Missões Municipais
TODOS — MISSÕES...
2o — Ordem de Jesus.
1o — E quem vai aos campos. .. ceifar?
TODOS CANTAM — "Oh! onde os obreiros pra trabalhar
Nos campos tão vastos a lourejar?
A causa requer prontidão, vigor.
Oh! quem quer ceifar com desvelo e ardor?"2o
— Quem vai ceifar?1o — Somente UM?
2o - TODOS. . . TODOS DEVEMOS IR. . .
TODOS — AOS CAMPOS BRANCOS PARA A CEIFA!
(Colaboração do Departamento de Promoção da Junta de
Missões Estrangeiras.)

Dia das Mães


A ORIGEM DO DIA DAS MÃES
Romeu Reis
Dentre as grandes datas recordativas de nobres vultos e
feitos heróicos, uma a todas sobreleva, pelo seu profundo
significado: é o Dia das Mães.
Nesse dia, tão cheio de gratas evocações e doces
reminiscências, a humanidade cristã põe de parte os afazeres
costumeiros, para tributar sincera oblação ao ente querido
que nos deu o ser.
Muita justiça e mérito há nessa homenagem. Se a gratidão
fenecesse de todo no coração humano, quão árida e
escabrosa não seria a senda do exibir! A abnegação materna
desperta em nós o reconhecimento, o respeito e nos leva a
admirar o grande amor de Deus por nós, suas criaturas.
Bendita e luminosa idéia a daquela jovem que, com sua
nobre iniciativa, nos legou o Dia das Mães!
Remontemo-nos, por alguns instantes, à origem dessa
solenidade.
A jovem Ana Jarvis, de Filadélfia, Estados Unidos, sofrerá
o rude golpe de perder a extremosa mãe e, ao pensar na
homenagem que iria tributar à memória de sua genitora,
ocorreu--lhe o plano de consagrar um dia às mães em geral.
A idéia foi
logo esposada pelas igrejas e congregações religiosas, sendo
mais tarde aceita pelo público. Um decreto do Presidente
Wilson, assinado em 1914, tornava feriado o segundo
domingo de maio, Dia das Mães, tomando daí por diante
significação nacional.
Hoje, em todo o mundo cristão essa data é comemorada
com afeto e carinho.
MINHA MÃE
R. G. Lintner
Você foi aquela cujo coração pulsou de amor por mim em
primeiro lugar. Você foi quem me apresentou a melhor
companhia, o riso, o canto, ao adormecer, e o amor. Você
dirigiu os meus primeiros passos. Você me ajudava a
levantar, quando caía, e me encorajou a pisar firme neste
mundo de volubilidade e inclinações más, o qual
subitamente se ergueu para encontrar--me com toda a sua
confusão e fadiga.
Você me enxugou as lágrimas, beijou o lugar onde sentia
dor, acalmou-me nas horas de temor e confortou-me em
todas as minhas tristezas. Você me ensinou a cantar e a rir e
a conhecer a bondade, quando a via praticada.
Você me ensinou a ver tudo quanto de belo me rodeia —
no beijo do orvalho, na rosa e no pinheiro coberto de neve,
no céu estrelado e na gloriosa sinfonia do entardecer e, se
bem nunca o tenha imaginado, nos seus olhos, onde a
ternura brilha com esplendor eterno.. .
Você me ensinou a ver o arco-íris que temporariamente
vem residir em nossas lágrimas. Você me ensinou a ver as
estrelas que brilham unicamente quando as noites da vida
nos surpreendem. . .
Você me ensinou o significado da bondade e me ensinou
também a ver como o amor transforma pequeninas coisas em
maravilhas jamais sonhadas, e aquilo que é comum, em
realidades grandiosas, a brilhar sem esmaecer através dos
anos.. .
Você me ensinou a andar sem temor pelo caminho
silencioso onde só se ouve a voz do espírito. Você me ensinou
a ver quão sublime é o resplendor da fé que repousa na
religião verdadeira, pela qual o caminho pode ser iluminado.
E era muito pequenino ainda quando você me mostrou a
sublimidade de um rosto voltado para Deus. ..
Você me ensinou a orar e me inspirou de tal modo que
pude elevar o meu olhar, tirando-o da terra e erguendo-o até
o céu. Você me ajudou a descobrir o que é mais precioso do
que a argila, a terra e o ouro, que só neste mundo tem valor,
e valor relativo. . .
Você me dotou de tal modo que jamais poderei retribuir-
lhe, a não ser que eu também consiga acender luzinhas
poderosas nos espíritos em trevas, devido às desilusões e às
derrotas, e a ajudar os necessitados e aflitos e os que vivem
em solidão, partilhando desta bondade que você me
concedeu.
VOCÊ É MINHA MÃE!
(Da Revista de Senhoras e Moças Batistas )
MÃE
Pereira de Assunção
Um cravo branco. Um cravo branco na lapela representa
tristeza e quer dizer saudade, É lembrança imortal de um
grande amor, daquela que a memória retém e que esquecer
não há de!
Cravo branco a lembrar toda a virtude dela
— da mulher-coração, dessa mulher-bondade — Nome tão
doce: Mãe! Quanto amor se revela em nome tão pequeno,
onde há grandiosidade!
O cravo branco diz desse amor que não vive
— desse sincero amor que eu na vida já tive — amor-
consagração que a pena não descreve.
Nome bendito: Mãe! Oh! nesse nome se ouvem harmonias do
som que consagrou Beethoven e é a "tradução do amor
numa palavra breve"!
AS MÃOS DE MINHA MÃE
Jorge César Mota
As mãos de minha mãe... Quanta bondade, Carinho, amor,
delicadeza pura Me lembram, nessa doce formosura Dos
traços venerandos, sem vaidade!
Oh! Quem me dera apenas a metade Gozar dos dons da
vida e da ventura Que elas suplicam, cheias de ternura E
incansáveis, ao Deus da Eternidade.
MÃE QUERIDA
Antônio de Campos Gonçalves
Ó minha mãe! Eu sei que as tuas magras E
envelhecidas mãos assim ficaram Porque tiveste,
sim, tuas horas agras.
Quantas vezes teus olhos enxugaram
Essas mãos que ainda agora nos consagras!. ..
Se mais sofreram, foi que mais amaram!...
Terei palavra escolhida,
mãe querida, que traduza o teu amor e leve ao mundo a
alegria
deste dia de tributo ao teu louvor.
Bem haja o dia formoso,
venturoso, para as mães no doce lar; jamais lhes falte o
carinho
no seu ninho, desejado, singular.
De todos haja o respeito,
vivo preito, por memórias imortais, de mães chamadas à
glória,
cuja história não se esquece nunca mais.
Às mães que vivem agora,
como outrora, empenhadas só no bem, sobeje a paz e a
doçura,
por ventura, como a todas lhes convém.
Não falte aos filhos bondade,
por vontade de servir e benfazer, honrando as mães, cujas
vidas
decididas não se devem esquecer.
E baixe Deus recompensa,
por sentença que se possa aqui cumprir: a bênção de vida
nobre,
rica ou pobre, sinaleira do porvir.
(De Expositor Cristão
"CARTA DE MEU FILHO"
A. Marks
Permita Deus, ó Mãe, que estejas de saúde
Ao receberes esta epístola singela.
Quis escrever-te há mais tempo, mas não pude.
É tanto o frio que as mãos me enregela.
Não repares na letra, nas muitas garatujas:
Estou com minhas mãos trêmulas e grosseiras,
Nas nódoas do papel verás que até sujas...
Vivo metido entre a terra, a abrir trincheiras.
Quanta recordação e que funda saudade
Eu sinto ao grafar em este débil papel
A mensagem que por certo alegrar-te há de,
Ao saberes que ainda vive o filho Samuel!
Não temas por mim. Deus é quem me vai guardar.
É evidente que, entre os companheiros mil,
Alguns não possam, sim, um dia regressar
Ao seu torrão natal... a esse grande Brasil!
Acompanha-me o escudo indestrutível e forte;
Confio nele, e só com ele vencerei!
O anjo do Senhor me livrará da morte;
Dos que o temem, ao lado acampará, bem sei.
Mãe! faz hoje um ano que junto de ti estava
A olhar-te, embevecido, e a fruir de teu olhar
Em a nossa igrejinha, onde se festejava
O "Dia das Mães" — o mais belo e singular!
Por coincidência, Mãe, ao abrir o Livro Santo, U'a pétala
encontrei de flor emurchecida E não pude, confesso, então
conter o pranto Ao beijá-la, pensando em ti, ó Mãe querida!
Foi uma flor grená, que, no passado ano, Ostentei na lapela,
estando ao lado teu. E quanto me envaideço, e quanto me
ufano, De seres uma santa, ó Mãe, que Deus me deu! Vou
terminar aqui, pedindo-te que saúdes Todas as mães de
nossa amorável igreja, Que sempre admirei por suas grandes
virtudes. Deita a bênção, ó Mãe, ao filho que te beija.
(De Reforma)
ANTES QUE SEJA TARDE
Original inglês de Ida Goldsmith Moore Tradução
de Alípio Bandeira
À tua velha mãe, que longe mora,
Na saudosa vivenda sossegada,
— Vamos! — senta-te à mesa e escreve agora
A carta já cem vezes protelada.
Não delongues até que a úmida cova Seu pobre
corpo para sempre guarde; Dá-lhe do teu carinho
alguma prova,
Antes que seja tarde. ..
Se te vem à lembrança um doce agrado, Um gesto,
uma palavra que enterneça, Não demores: aplica o
teu achado; Talvez, por demorar, tudo te esqueça
Ah! quem sabe que amargos pensamentos Colherás da
expansão que se retarde... Abre a porta dos gratos
sentimentos,
Antes que seja tarde!.. .
As palavras de afeto improferidas, A carta, sempre
em mão, nunca enviada, As mensagens cem vezes
esquecidas, A riqueza de amor não dissipada,
São de outros corações ardente anelo. . O mais
caro, talvez, que o zelo aguarde... Por esses mostra,
pois, todo o desvelo,
Antes que seja tarde...
MAE
Kate Alice Ostergren
Mãe,
Eu vi cruzes enfileiradas e homens silenciosos e tristes. (Para
alguns a guerra acabou.)
Eu vi generais recebendo medalhas, enquanto crianças
choravam,
[famintas,
E velhinhos em confuso combate, querendo agarrar um
pedaço
[de pão.
Eu vi mulheres sozinhas nos portos, à espera de alguém que
[nunca voltou,
E velhinhas chorando em silêncio, olhando o retrato do herói
[que morreu.
Mãe,
Se este é teu dia, antes que eles te abracem, vai tu ao
encontro
[do filho que é teu,
E, ainda que o vejas num berço, dormindo, ou se é ele quem
beija
[tua fronte, a sorrir,
Sê tu quem lhe mostra o caminho do céu.
Ensina teu filho a ser bom.
Mãe.
(De Expositor Cristão )
MEU LAR CRISTÃO
Guiomar Santos
Meu lar cristão é um templo, onde Deus vive Cercando-nos
de bênçãos e alegria. Sentimos sua augusta proteção Nos
trabalhos e afãs de cada dia.
Deus presente conosco bem cedinho, Quando, em nosso
culto doméstico o louvamos, Nossos bens, nossa mente e
coração Com prazer, nesse culto, lhe ofertamos.
Deus seguindo o papai no seu trabalho; Deus a
mente aclarando aos que estudam; Deus dirigindo as
mãos de minha mãe E de todos aqueles que a
ajudam.
À mesa, quando o pão mamãe nos parte, Deus, invisível
hóspede, ali está. E então nós nos servimos com prazer,
Sabendo que esse pão não faltará.
À noite, ajoelhados, reverentes, Nossa alma, nossa
vida lhe entregamos. E o sono vem tranqüilo e
benfazejo, Pois é Deus, nosso Pai, quem está
velando.
Papai, mamãe, irmãos, agradeçamos Uma firme e suave
proteção. Louvemos o bom Deus, que nos concede Este
querido e doce lar cristão.
(De Reforma )
PARA MAMÃE DOENTE
(NO DIA DAS MÃES)
Gióia Júnior
Neste dia alegre de felicidade,
neste dia lindo de poesia e canto,
vêm-me aos olhos tristes esse orvalho santo
que se chama pranto;
pois tenho saudade
de mamãe querida, que partiu, doente,
pra, longe da gente,
numa outra cidade,
ir beber um pouco de felicidade.
Vejo tanta força pelo mundo afora,
vejo tanta vida pelo espaço além;
como eu fico triste, ao ver que foi-se embora
minha mãe querida,
que minhalma adora,
procurando força, procurando vida,
quando a humanidade tanta vida tem.
Eu quisera dar-te um pouco do meu ser, eu quisera
dar-te a minha própria vida, minha mãe querida,
que eu adoro tanto, doce e meigo encanto que me
viu nascer.
Mas, como não posso, peço ao Deus Potente:
"Traz mamãe bonita, traz mamãe contente,
traz mamãe risonha,
pois minhalma sonha
vê-la satisfeita, vê-la sorridente;
traz mamãe bem forte, pra alegrar a gente."
Pode, por acaso, o tenro passarinho
longe da mãezinha ter felicidade?
o bichinho morre triste de saudade.. .
pobre. . . pobrezinho...
Traz mamãe depressa, ó Deus, escuta a prece, pois o dia
tomba e a noite escura desce, e eu estou morrendo bem
devagarinho, sem o seu afago. . . sem o seu carinho...
RETRATO DE MULHER
Léa Gosta Araújo (Àquela que foi mestra, esposa e mãe
exemplar.)
Um dia deparei um quadro original,
Belo em simplicidade e de valor real.
Num curioso gesto, eu quis analisá-lo,
Os seus traços olhando e ousando interpretá-lo.
Era um quadro comum, retrato de mulher. Enfeites não
trazia ou pintura sequer! E, no entanto, era tal do rosto a
expressão Que me falou direto à mente e coração.
No seu cansado olhar eu pude muito ler
No afã da vida intensa o cumprir do dever.
No lar é esposa amiga e fiel, delicada,
É carinhosa mãe, vive sempre ocupada
Em dar aos filhos seus um mundo de carinhos
E vê-los a pisar flores em seus caminhos!
Mas não parou aí seu mister divinal:
Lutadora do Bem, combateu contra o mal,
Crianças — um milhar — a ela foram ter,
Levando de suas mãos as luzes do saber,
Ao Brasil, de sua vida, o melhor ela deu!
Para a Itália partiu querido filho seu.
Em seu olhar dorido e triste de saudade,
Há vivo lampejar de grã felicidade,
Por haver concorrido, em pequena parcela,
A engrandecer a Pátria, a tão querida dela!
E, que ganhou? Não foi o ouro vil, nem glória,
Somente uma coroa — os louros da vitória —
De cabelos tecida e que se embranqueceram, Que pelo
sofrimento a sua cor perderam! Nos lábios seus sorrindo, eu
vejo um grande mundo De ensinamentos sãos e de um valor
profundo. Seu todo é de ousadia, enfrenta sacrifícios,
Batalha neste mundo encharcado de vícios, Soube vencer
com fé toda dificuldade, Amando sempre o Bem, a Justiça, a
Verdade.
E muda, extasiada, eu pude então notar Que aquele belo
quadro era a mim familiar.,. E, num grito feliz, de alegria
tomada, No retrato revi minha Mãe adorada!
(De Expositor Cristão )
SE EU PUDESSE
Solon Borges dos Reis
Se eu tivesse os passarinhos que vivem sempre
a cantar, eu mandaria formar todos eles na
floresta para fazer uma festa de cantores
bonitinhos e minha mãe agradar!
Se fossem meus os peixinhos que há no fundo do
mar, eu mandaria forrar com escamas douradinhas,
com escamas prateadas,
as ruas e os caminhos, para minha mãe
passar!
(Extraído)
MAMÃE
Mamãe é tudo para mim, E o seu amor não tem fim!
Nossa casa é doce ninho Onde ela manda contente.
E nós que inda somos pichotes, Nós somos os seus
filhotes A receber seu carinho.
Pra mim é tudo na vida A mamãezinha
querida. Às vezes, bate na gente! Mas depois,
tão mal se sente Que até parece ser ela
Quem levou as chineladas, Os beliscões, as
palmadas.
Por todos nós mamãe zela E em carinho se desvela;
A mamãe é sempre assim, Ela é tudo para mim.
(Extraído)
MÃEZINHA
Heli Menegale
Minha mãezinha é a pessoa que a mim, na
terra, mais ama. À noite, risonha e boa, vem
ver-me na minha cama,
cobre-me bem, faz-me festa. Se rio, indaga: —
"Que foi?" Por fim, me beija na testa, dizendo:
— "Deus te abençoe."
Durmo. E, enquanto estou dormindo, de sonhos
tudo se estrela. Mas o meu sonho mais lindo é
quando sonho com ela.
(De Jóias de Cristo )
QUEM É?
Acho que ela é diferente, Para mim, de toda
gente; Até parece que entrevejo Em seus olhos,
num lampejo, Um céu radioso, um paraíso!
Outras vezes o diviso Na meiga expressão do
rosto, Se me fita. E com que gosto E paciência
me auxilia, Ensinando cada dia, Quando erro
ou me entristeço.
Também sofre, se padeço, Mas, ao ver-me bem
contente, Mais prazer ainda sente. Se consola, é
com doçura; É justa e terna, se censura; Tudo
nela é bom e belo, O amor é o só anelo Do seu
grande coração. "Mas, quem é tal perfeição?" —
Talvez digam. Pois não sabem? Ela. .. ela é minha
mãe!
(De Bem-Te-Vi)
A MÃE
Antônio Ferreira de Melo
Seria a flor delicada sem matutino frescor
a criança deserdada dos tesouros do
amor.
Oh! bem haja a Providência, que no seio maternal
abriga a flor da existência como a bonina no vai!
Feliz do que tem no mundo de sua mãe o
sorrir, como o orvalho fecundo que tem a
flor ao abrir.
Há muito amor sobre a terra, afetos todos os têm,
mas nenhum como o que encerra o coração de
uma mãe.
É como a rola que chora, junto do berço
a cantar, e como o riso da aurora é a luz
do seu olhar.
Ide ao lar abençoado, onde desabroche a
flor; naquele templo sagrado não vereis
senão amor.
EU QUISERA, MÃEZINHA
(Às mães da 1o Igreja de Belo Horizonte)
Gustavo A. Brasil
Quantas vezes, mãezinha, a sós contemplo a nuvem
branca, altívola, no espaço! Parece um sonho de
grinaldas feito, peregrinando misteriosamente...
As galeras ao mar são companheiras dela! E, na
distância, em surdina, vão cantando o poema nostálgico
do vento e o soneto sentido de minhalma.
Eu quisera, mãezinha, ser a nuvem e nas águas
do mar ter minha imagem! Eu, no espaço,
vagando a vida inteira, refletindo, também, no teu
olhar.
O MONÓLOGO DA FILHA
Isaac Nicolau Salum
Ah! se mamãe soubesse
como eu quase não posso deter o meu coração, quando a
criançada em festa, no segundo domingo de maio, atira flores
nas suas mamãezinhas!... Se ela visse, no meu sorriso
interior, o meu afeto, o meu carinho, o meu amor... Se ela
soubesse, como, no meu quarto, — quando eu me deito, e
quando à noite acordo, e ao me levantar da cama — lembro o
seu nome a Deus e lhe agradeço a mãe que ele me deu tão
carinhosa e boa... Se ela soubesse disso tudo, ela haveria de
ficar alegre e chorar até... de alegria! Ela haveria de ficar
contente por descobrir que sua filha é crente, por descobrir
que sua filha a ama, por saber que por ela a filha ora... Mas,
não! Eu não lhe digo nada agora, nem noutro tempo hei de
contar-lhe, não! Mas hei de amá-la sempre, orar por ela
sempre, olhá-la sorridente, viver pensando nela, ser sempre
obediente, ser sempre carinhosa... E tudo, tudo ela há de
descobrir sozinha! E ela há de agradecer a Deus sozinha, o
amor, a obediência e as orações da filha!
E eu hei de ter esse gostinho de saber que, escondida e
ajoelhada, ela ergue o olhar aos céus e ora assim a Deus: "Ó
Deus, eu te agradeço a filha boazinha, tão crente e
carinhosa, feliz e obediente que tu me deste.
Faze-a sempre feliz e sorridente,
tão bela e delicada como a rosa!" Também ela há de ter o
seu gostinho de imaginar quão cheia de carinho eu oro no
meu quarto com fervor:
"Ó Deus, eu te agradeço a boa mamãezinha,
a mamãezinha crente e carinhosa
que tu me deste.
Faze-a Senhor, feliz,
faze o papai feliz,
e cada irmão feliz,
e o nosso lar feliz,
cheio de paz, de amor,
como o teu céu, Senhor,
como o teu céu, Senhor!..."
(De Reforma )
A MÃO QUE EMBALA O BERÇO
(Alegoria para o Dia das Mães)
Stela Câmara Dubois
Cartaz — Faça um cartaz atraente, usando a figura de uma
mãe, um bebê ou qualquer figura que dê a idéia. Se há na
igreja alguém que saiba desenhar, pode-se usar o motivo: o
berço e uma mão embalando-o. Coloque-o em lugar bastante
visível, para chamar a atenção.
Sugestão — Esta representação poderá ser feita numa
noite especial e um pouco diferente: com a ajuda dos irmãos
poderiam as filhas fazer um banquete em tamanho pequeno,
usando mesas improvisadas e coisas ligeiras, como
sanduíches, doces, refrescos, flores, etc. Convidem-se os pais
também. O programa poderia ser realizado enquanto estão ao
redor da mesa, antes ou depois do lanche. O artigo "Minha
Mãe" que vem na p. 99, pode também ser usado.
Cenário — Um cartaz com a paisagem que o título sugere
trazido por duas moças, que se conservam de cada lado.
Atrás, um jovem, a fim de recitar o lema alegórico. Em círculo,
um pequeno conjunto coral misto, talvez um quarteto duplo.
Coro final.
Personagens: Uma criança com uma boneca. Uma
ginasiana com uniforme e livros. Um adolescente com roupa
esportiva, máquina fotográfica a tiracolo. Uma professora
recém-formada. Mãe.
A DIRIGENTE: Dentre os confrontos incoerentes da vida,
está o nome mulher. As duas correntes, pró e contra essa
criação de Deus, digladiam-se, cada qual buscando a
persuasão, o apoio, a solução satisfatória do problema
suscitado.
O domínio das letras é mister elevado para ela. Os
despeitados menosprezam-lhe o talento, se o tiver. Fala-se
dela quando as artes a governam. Atiram-se-lhe pedras sobre
a moral, quando a política a entusiasma e fascina. Nega-se-
lhe a capacidade, quando a ciência a empolga. Em tudo, a
mulher é alvejada com as setas mais daninhas da mofa e do
escárnio.
Os filósofos da antigüidade feriram-na com os mais
acerbos doestos. Sócrates achou-a "a fonte de todo o mal".
Platão classificou-a de "aquela que tem menos virtudes que o
homem". Aristóteles, que "é uma alma de segunda ordem".
Hipócrates, que "é perversa por natureza". Tito Lívio deu-lhe
o nome de "fera indomável". E o satírico Juvenal, "o maior
dos males".
É de lastimar que esses homens se esquecessem de suas
mães!
Entre os gênios da Idade Moderna, citemos o grande
Milton, que, apesar de ter uma bondosa filha, disse da
mulher: "é um belo defeito da natureza."
No meio desse caos de ruína e fracasso em que a mulher
foi colocada, aparece-lhe ao caminho a figura máxima da
História: NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, que,
impulsionado por ilimitado amor, incompreensível à mente
humana, tirou-a do charco, segurou-a com o braço potente
e, olhando os escarnecedores, falou-lhes: "Quem for isento de
culpas, atire-lhe a primeira pedra!"
Já se fala da mulher não tanto por justiça, como pelo
velho instinto de imitação. Os grandes falaram dela; os
pequenos, fadados à grandeza, precisam, por isso, de falar
dela também.
Entretanto, quando a maternidade a coroa, quando o
cetro do lar a enobrece, quem ousa dar-lhe pechas de
mediocridade ou de inutilidade? Ela é, verdadeiramente, a
governadora do mundo, através dos filhos. Quem maldiria a
própria mãe? Ou qual o filho que deixaria impune a sua
honra ultrajada?
O inolvidável poeta, Olavo Bilac, conta uma interessante
tradição dos papuas das ilhas Banks, que têm a maternidade
como o suprassumo de suas vidas, mas cuja selvageria é das
mais atrasadas. "Acreditavam aqueles selvagens que os seus
antepassados eram tão privilegiados das divindades
celestiais que, além de não morrerem, podiam remoçar
quando lhes aprouvesse." Conta o nosso altíssimo poeta e
grande prosador: "Mudavam de pele de quando em quando,
como as serpentes, e, a cada muda, rejuvenesciam. Ora, um
dia, uma mulher, que já não era moça e tinha um filho
pequenino, dirigiu-se ao rio, em cuias águas mudou a sua
pele, deixando a pele velha ir corrente abaixo, até ficar presa
a um galho de árvore. E voltou para casa moça e bela... Mas
o filhinho, que só a conhecera velha e feia, não a reconheceu
sob a pele nova, e não a quis beijar. Então a vaidosa mulher,
preferindo à sua vaidade de mulher o seu orgulho de mãe
resignada, e mais do que resignada, feliz, voltou ao rio, des-
pojou-se da formosura, tornou a envergar a pele velha, e
sacrificou ao seu amor materno o seu amor de si mesma."
Há na vida contrastes chocantes, absurdos até, que
pasmam e assombram, na grandeza e no valor de sua
insignificância! Ora é a semente que morre; ora a gota dágua
que se refrata; ora o eléctron invisível que traz dentro de si
uma potencialidade. Coisas triviais. Quem não o diria?
Entretanto, universos de grandeza!
Assim és tu, mãezinha, que te sublimizas no esconderijo
do teu anonimato.
E agora, diante da tese incontestável de que a mão que
embala o berço é a que rege o mundo, ouço, dentro das
minhas reflexões, o veredicto: não é mais o forte que protege
o fraco, mas, sim, o fraco é o protetor do forte!
(0 canto "Mãezinha Querida" em surdina.)
Uma das moças que seguram o cartaz: Mãe!
Teu nome se iguala À voz que te
fala, Dizendo: és amor!
Embora na terra, No empíreo se encerra O
teu resplendor.
(Todos cantam.)
Entra a criança:
Ela me embala cantando, E o seu
cantar é tão brando, Que me torna
alegre a vida! E me calo... Só, baixinho,
Digo-lhe, em tom de carinho: Minha
mãezinha querida...
E sai comigo a brincar...
Então juntas, a cantar,
Vamos as duas contentes:
Ela com a sua filhinha,
Eu com a minha bonequinha,
Sorrindo, mostrando os dentes...
Suas mãos são de setim, E ela,
sorrindo pra mim, Aperta-me ao
coração. Eu escuto essas batidas,
Muito fortes, repetidas, Como se
fossem oração.
Lá-lá-lá!... Mamãe tão boa! A minhalma
assim entoa Esta canção de criança. Do seu
amor dá-me prova E a cada instante renova
Um tesouro de esperança!
(O grupo canta e repete em surdina, enquanto o jovem recita o
lema:)
JOVEM —
Escutai, escutai, este pensar profundo: "A mão que embala o
berço é a mão que rege o mundo!"
Entra a ginasiana:
Vou marchando para a escola! Meu
coração é corola, Todo aberto para o sol.
Quantas bênçãos eu recebo! E a linfa
divina bebo, Defronte deste arrebol!
Isso tudo me forneces, Com o carinho dessas
preces Que te alentam, mãe querida! Dizes
que sou diamante, Lapidado a cada instante,
Após lição aprendida.
Se me levas a estudar, Tais conselhos
são o altar, Sagrado como um troféu.
Vou nos livros aprendendo, Muitas
graças recebendo, Num privilégio do
céu.
E saber para servir, Eis o ideal do porvir,
Minha adorada visão! — Quero, meu Deus,
mais honrá-la! — Mamãe, teu nome trescala
Aromas do coração.
(O grupo canta e o jovem recita o lema.)
Entra o adolescente:
Cheguei da vida na estrada, Quando a luta é
controlada A peso de proteção. Tu, meu anjo
tutelar, Mãe! Minha estrela polar, Tu me
deste a tua mão.
E agora feliz, ditoso,
A sair vitorioso
Nas batalhas mais renhidas,
Das mães proclamo a realeza,
Pois se da vida és grandeza,
És a grandeza das vidas!
Com o maior dos sacrifícios, Tu me livraste
dos vícios, Da mentira e da vaidade. Como
um pouso, um doce
abrigo, Teu coração, tão amigo, Foi
calma na tempestade.
Tua influência é alavanca; Se dos abismos
me arranca, Tão logo me leva a Deus. Oh!
que feliz mocidade! Minha mãe, a liberdade,
Colhi-a dos braços teus.
(O grupo canta e o jovem recita o lema.)
A professora:
Para eu galgar a montanha, Oh! que
renúncia tamanha Foi a tua, mãe querida!
Preferiste, quanta vez, O desprezo, a
insensatez, Para ver-me enaltecida.
Pois em casa, maltrapilha, Tu, beijando a
tua filha, Sim, não podias sair... Gastaste
todo o dinheiro! E o meu traje? Era o
primeiro, Belo, caro, a reluzir!...
Como esquecer a poesia, Ó mamãe, daquele
dia, Na festa de formatura? Por que negar? Fui
chorando, Meu caminho palmilhando, Todo
cheio de amargura.
A pobreza te rodeava... Tu te fazias de escrava,
Humílima, a trabalhar... Qual a mãe de Miguel
Couto. Com o seu vestido tão roto, Lindas
vestes a lavar,
Assim te mostras princesa, Do teu amor na
grandeza, Que sobe às raias da glória.
Alcançado o magistério, Farei dele o meu
saltério, Para louvar tua história!
(O canto "Mãezinha Querida" e o recitativo do lema.) Entra a
mãe:
Hoje sou mãe. Teu modelo, Copiei-o, com
desvelo, Mãe querida, meu amor. Fiz-me pronta
na constância: Renovar meu lar de infância
Com alegria e destemor.
Imitei da tua vida A vontade destemida, A
suprema abnegação. Como Cornélia, meus
filhos, Comparei-os aos rebrilhos Das jóias
do coração.
Minha casa! Meu sacrário! Contra o mundo
temerário, Faço de ti fortaleza. Quando vier a
batalha, Que me proteja a muralha De tua
vasta nobreza!
Meu lar é todo o meu mundo, Nele
encontro o mais profundo, O mais real dos
prazeres. Filhos! Tesouros preciosos,
Porque, dos seres ditosos, Os mais ditosos
dos seres!
Quem tem mãe, conhece o amor, Traz o
divino esplendor, A engrinaldar-lhe a
cabeça. E mesmo que a injustiça, Na
hedionda e humana liça, O coração lhe
emurcheça,
Nunca será destronado,
Desse trono alcandorado,
Que é o amparo maternal.
Glória às mães dos grandes filhos!
Que elas são os estribilhos
Do coro celestial!
(O canto e o recitativo do lema.)
A outra moça que segura o cartaz:
Mães! Ó mães abençoadas! Mães
gloriosas! Abnegadas! Apanágios do
perdão!
Sois de Deus pedras de esquina,
De beleza peregrina,
A mais santa inspiração!
(Entra o grupo coral, completando o Quadro apoteótico, e todos
entoam: "A Tua Casa É um Pedaço do Céu "■)
Escola Bíblica Dominical
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
Maria Lemos
Salve! Escola bendita, Onde se aprende a
Verdade! Sabedoria infinita, O Verbo da
Cristandade.
Bendita Escola! Onde os povos Se podem
matricular. Ricos, pobres e famintos A todos quer
ensinar!
Muitos são os seus alunos Aqui e em todo o
mundo! O seu precioso ensino É mui fácil,
mas profundo!
Grande e florescente Escola, Que uma só ciência
tem! E por toda a humanidade Espalha as rosas
do bem.
Salve! Escola bendita. De poder universal!
Bendita seja pra sempre A Escola
Dominical.
BENDITA ESCOLA !
Guaracy Silveira
Bendita Escola! Bendita fonte
De eterna luz! Tu, da ignorância nos redimiste,
Nos libertaste, como na cruz, De toda a mancha
nos tem livrado
Nosso Jesus.
Bendita sejas! Teu evangelho
É redenção. Eis a criança, na densa treva,
Levada às cegas, na escuridão, Mas tu lhe falas,
tu lhe iluminas
O coração.
É bem possível que, em pequenino,
Nosso Senhor Tivesse um livro de letras de ouro
E, vindo a noite, findo o labor, Junto a Maria,
lesse esse livro
Com muito amor.
A Escola é um templo, de onde a verdade
Surge a brilhar. Quem lê, medita, busca o
infinito. Vai nas alturas a Deus achar. E a quem o
encontra jamais a treva
Pode enganar.
Oh! quem nos dera, na Pátria amada,
Podermos ver Pelas escolas a nossa infância, De alma tão
boa para aprender! E iria a Pátria, de glória em glória,
Sempre a crescer!
Vinde, crianças! Se em Jesus Cristo
Podeis sentir A luz eterna, na escola, a algema Da intensa
treva, vereis cair! Jesus e a Escola — eis vosso lema!
Vinde o seguir.
A MOCIDADE ESCOLHE A IGREJA
Para o aniversário da igreja
Mrs. Ware e Mrs. J. E. Lingerfelt
Margarida — moça atraente, que enfrenta uma grande
escolha.
D. Ana — mãe de Margarida.
Nilza — consagrada sócia da Sociedade de Moças.
Valdemiro — dedicado ao trabalho da União de Treinamento.
Agências da igreja:
Escola Bíblica Dominical Escola de
Treinamento União Feminina
Missionária
O Mundo
Agências do Mundo: Prazer
Indiferença Comodismo
A Voz
(Uma sala com uma cadeira confortável, telefone, lâmpada de
mesa etc. É domingo à tardinha. Margarida entra, dando
adeus para um grupo de moços e moças fora do palco. Todos
passaram a tarde passeando de automóvel. Pode-se ouvir de
longe as vozes e risadas dos amigos.)
MARGARIDA (entrando) Decerto não me esquecerei disto.
Adeus. (Senta-se, alisa os cabelos e suspira.)
Que horas serão? (Olha para o relógio de pulso.) Meu
relógio parou.
Mamãe não há de gostar quando souber quanta distância
percorremos no carro agora de tarde. Na noite passada,
quando voltei tão tarde duma festa, não disse nada, mas vi
que não gostou.
D. ANA (chegando à porta) — Margarida, está quase na
hora da U.M.B. Tens parte no programa hoje. Está lembrada
disso?
MARGARIDA — Mamãe, é necessário que eu vá? Não
estou com vontade de ir, não.
D. ANA — Esperava que tivesse vontade de ir, Margarida.
(Toca o telefone. Margarida levanta-se para ir atender.)
MARGARIDA — Tomara que seja Celita que esteja me
chamando. Estamos planejando uma reunião social na casa
dela para a semana. Vamos brincar muito.
Alô! sim, D. Elza (numa voz desapontada). Faça o favor de
não me pedir para fazer isso, D. Elza. Eu não posso. Já
pensei bastante sobre o assunto. Meus estudos não deixam
tempo para eu fazer estas coisas. Muito agradecida, mas não
posso. Adeus! (Pendura o fone.)
Foi a conselheira da Sociedade de Moças, amolando-me
outra vez, mamãe. Já lhe disse na terça-feira que não poderei
aceitar a presidência da Sociedade quando Ester for embora.
Ela disse que tem orado muito e acha que eu sou a pessoa
que deve assumir a presidência. Mas está enganada! Quero
que ela me deixe em paz!
D. ANA — É bem possível que a deixe em paz, Margarida.
Ela é uma pessoa muito simpática e gosta imensamente de
ti. É uma ótima conselheira da Sociedade de Moças.
MARGARIDA — Mas, mamãe, vou à Escola Bíblica
Dominical e ao culto todos os domingos pela manhã. Isto não
basta? Para que preciso ir à Sociedade de Moças e à U.M.B.
também? Reuniões e mais reuniões!
D. ANA — Não, minha filha, não são simplesmente
reuniões. Oh! se eu pudesse ajuda -la a compreender que
cada organização tem o seu lugar definido na vida da igreja,
desenvolvendo os jovens crentes no serviço de Cristo!
(Alguém bate à porta. D. Ana retira-se. Margarida atende.
Entram e ficam em pé junto à porta, Nilza e Valdemiro.)
NILZA — Está pronta, Margarida?
VALDEMIRO — Depressa, Margarida! Devíamos estar na
igreja um pouco mais cedo hoje. Você está no meu grupo, e
espero que possamos ter, um programa ótimo.
MARGARIDA — Então tem que realizá-lo sem a minha
presença, porque não vou.
VALDEMIRO — Mas, Margarida, não nos deixe assim! Que
aconteceu com você ultimamente?
NILZA — Não adianta insistir, Valdemiro. Margarida, não
se esqueça da reunião da Sociedade de Moças amanhã à
noite lá na minha casa. Queremos...
MARGARIDA — Sim, eu sei. Você e D. Elza estão
planejando muita coisa. Já soube, Nilza. Não conte comigo,
faça o obséquio!
VALDEMIRO — Então, adeus.
NILZA — Adeus (Nilza e Valdemiro retiram-se).
MARGARIDA (chamando) — Mamãe! (D. Ana não
responde.)
Vou sentar-me aqui um pouco. Talvez que Celita e mais
alguns amigos venham visitar-me. (Apaga todas as luzes,
menos a pequena lâmpada de mesa. Senta-se na cadeira e
deita a cabeça no braço da mesma. Dorme.)
(Uma música suave, enquanto a Voz recita a poesia.)
A VOZ —
Para todas as criaturas abrem-se
Vários caminhos na vida;
As almas redimidas
Sobem o caminho para cima
E as perdidas
Tateiam no caminho para baixo.
E, lá nos vales obscuros,
As outras almas permanecem na indecisão.
Há sempre dois caminhos a escolher —
Cada um de nós decidirá
Conforme a inclinação
Da própria alma. (Da esquerda, entra o Mundo, de roupa
preta, com três companheiros, de roupa festiva, cores
berrantes, muito enfeite. O Mundo chega perto da moça e,
olhando para ela, diz:)
O MUNDO — Sou o Mundo. Pedi a sua mão muito antes
de a Igreja pedi-la. Pareceu-me por algum tempo que a havia
perdido, mas os meus companheiros aqui me ajudaram. Vejo
agora que sou eu a sua escolha (ri com satisfação).
Fale, Prazer, que tem feito?
PRAZER — Usei a minha influência para que ela
adquirisse o hábito de ir às festas mundanas nos sábados à
noite, voltando tarde. Os passeios longos, o carro aos
domingos à tarde, fazem também com que ela fique muito
cansada e não queira assistir à U.M.B. e ao culto à noite.
O MUNDO — E você, Indiferença?
INDIFERENÇA — Plantei na sua mente a idéia de que é
bom ir à igreja de vez em quando, porém que não é
necessário ir regularmente, que é conforme a vontade na
ocasião e que não tem muita importância.
COMODISMO — Eu, seu servo, Comodismo, fiz tanto
quanto eles. Usei a minha influência para ela preferir ficar
em casa aos domingos à noite, descansando ou conversando
com amigos, em vez de ir à igreja.
O MUNDO — Todos fizeram muito bem. Venham! Há
outros moços e moças que precisamos visitar hoje à noite.
(Todos saem.)
(Margarida mexe-se. Ouve-se uma música suave. Entra, à
direita, uma pessoa de manto branco, representando a Igreja,
com três companheiros, todos de branco e todos levando velas
acesas. A da Igreja deve ser maior. O efeito será melhor se for
apagada a outra luz, deixando-se somente a luz das velas. A
Igreja chega perto de Margarida e fica olhanão-a
detidamente.)
A IGREJA — Querida Mocidade, quão linda e quão
preciosa és para mim!
Sou a Igreja. Tu és a minha filha, pois vieste abrigar-te em
mim depois de dar o teu coração a Jesus. Ultimamente,
porém, tens vagueado longe de mim e dos meus conselhos.
Necessitas escolher, querida filha, entre mim e o mundo.
Quanto te quero com a tua vivacidade e beleza! Necessito da
tua mocidade, e tu, da minha força. Estes companheiros são
as minhas agências, que me ajudam a engrandecer a Cristo
na terra e fazer vir o seu reino. Elas vão falar, para que
possas saber mais de Cristo (música suave, "Mais de Cristo").
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (dá uns passos para a
frente e fala com Margarida) — Sou o Programa de Ensino da
Igreja. Sou a Escola Bíblica, a Escola Bíblica Dominical. Nas
cinqüenta e duas horas que me são concedidas pela igreja
durante o ano, explico e ensino a Palavra de Deus. Oh!
Mocidade, dizes que me amas e que és leal para comigo, mas
estás tão cansada nos domingos pela manhã, devido ao
hábito de buscares o prazer nos sábados à noite, que não
ouves as palavras do professor concernentes às verdades de
Deus!
ESCOLA DE TREINAMENTO — Sou o Programa de
Treinamento da Igreja. As noites dos domingos pertencem ao
culto de Deus. Nenhum crente cumpre a sua obrigação para
_com a igreja por assistir somente ao culto do domingo de
manhã. Procuro ajudar a Igreja, treinando os seus membros
a cumprirem o seu dever como crentes e exaltando o culto da
noite. Mocidade, o meu propósito não é somente treinar-te a
ser uma ganhadora eficiente de almas e membro capaz da
igreja, mas é para tornar--te uma personalidade mais
eficiente em qualquer campo de trabalho. Quanto almejo
alistar-te no serviço voluntário!
UNIÃO FEMININA MISSIONÁRIA — O coração da igreja é
Missões e, portanto, cada organização da verdadeira igreja
promove missões. Mas a União Feminina Missionária dá
ênfase a missões como seu propósito preeminente. As
crianças, as moças e as senhoras apresentam, em cada
reunião, as necessidades do mundo perdido no pecado.
Desafiam a mocidade a saber que as boas-novas de paz e
amor são para todas as nações. Instruem a mocidade com
verdades de todos os países, lançam-lhe um desafio às
necessidades e a induzem a contribuir com dinheiro, palavra
e o próprio ser, a fim de trazer o mundo aos pés de Jesus.
Não queres achar o teu lugar em missões, pelo amor de
Cristo?
A IGREJA (estendendo a mão sobre a moça adormecida) —
Através dos séculos, ó Mocidade, ecoa a voz do humilde
Galileu, dizendo: "Segue-me." Eu também chamo-te para
segui-lo. Ele é o Lírio do Vale, o mais Formoso entre todos,
aquele absolutamente amável e digno de ser amado! Se o
escolheres, escolhes-me, a sua Igreja. Se me escolheres,
escolhes o caminho da cruz.
(A Voz, fora do palco, canta uma estrofe e o coro do hino
306 do Cantor Cristão , "Para o céu pela cruz irei".)
A IGREJA — O caminho da cruz não será sempre fácil. O
caminho para cima é muitas vezes difícil, e o céu não será
sempre azul. Mas é o caminho que conduz ao serviço e à
felicidade, à vida completa e bela. Queres escolher o mundo,
querida filha, ou queres seguir-me?
(A Igreja e seus companheiros retiram-se. Se a luz foi
apagada durante esta parte, deve ser acendida de novo.
Margarida acorda espantada. Levanta-se depressa, para ir
atrás deles.)
MARGARIDA — Esperem! Peço-lhes que voltem. Irei com
vocês. Escolho a Igreja de Deus.
(Entra D. Ana.)
D. ANA — Não quero que nós duas percamos a U.M.B.,
Margarida. Eu vou agora. Mas, querida, que tem você?
MARGARIDA — Oh! mamãe, sonhei... tive uma visão!
Mas já estão cantando na igreja. Chegaremos tarde. Não
poderíamos assistir a uma parte do programa da U.M.B.?
Quero ajudar Valdemiro com o programa (Margarida
endireita o cabelo para sair).
Escute, mamãe, vou falar com D. Elza que trabalharei na
Sociedade de Moças em qualquer atividade que ela queira.
Mamãe, pensou que eu tivesse escolhido o mundo?
D. ANA — Bem, querida, eu...
MARGARIDA — Sim, mamãe, sei. Parecia que tinha feito
tal escolha, não é? Mas não tinha feito. Não tenho sido leal
para com a igreja também, porém agora, reconhecendo estas
verdades, vou escolher o caminho de cima e, mamãe, nunca
mais quero cair no caminho de baixo.
(Abraça a mãe. Depois dá-lhe o braço, mostrando que está
pronta a ir.)
Não é uma coisa admirável que Deus conceda a cada vida
o direito, a livre vontade de escolher? Isto me fará sempre fiel
e leal a Cristo e à sua Causa. Antes de sairmos, quer orar
comigo, mamãe, para que eu possa ajudar os outros a terem
a visão de Cristo e do programa inteiro da sua igreja?
(Abaixam a cabeça e D. Ana ora fervorosamente,
agradecendo a Deus pela escolha de Margarida e pedindo o
auxílio de Deus para todos os que ainda têm que escolher
entre a igreja e o mundo.)
(Toca-se o hino 452 do Cantor Cristão ou outro apropriado.
O auditório levanta-se e canta com o dirigente. D. Ana e
Margarida retiram-se.)
AS DUAS ESCOLAS
Mário Barreto França Diálogo para
meninas no Dia de Rumo.
(Cenário: Uma encruzilhada. De manhã. Uma menina em traje
escolar, representando a Escola Primária, entra pela
esquerda, sobraçando uma cartilha e trazendo um pedaço de
pão na mão esquerda. Outra, em traje simples, de passeio,
representando a Escola Bíblica Dominical, entra pela direita,
sobraçando uma Bíblia e cantando, à meia voz:)
E.B.D. — Eu sou da Igreja de Cristo A Escola
Dominical, Que levo a todas as almas
O ensino celestial.
E.P. — Bom dia, minha amiga! aonde vais apressada?
Inda é cedo, não vês? não há ninguém na estrada;
Conversemos um pouco e falemos em tudo, Tudo o
que diz respeito às belezas do estudo.
E.B.D. — Tenho pressa; preciso ir a um subúrbio pobre,
Cumprir uma missão humilde, porém nobre: Levo à
mocidade uma boa lição, O prêmio de um conselho,
um pedaço de pão E a palavra de fé que encoraja e
seduz, Na bondade de Deus e no amor de Jesus.
Mas... quem és, afinal?
E.P. — Sou a Escola Primária.
É grande meu dever, minha missão é vária: Fazer
duma criança uma útil criatura; Inicio-a no edifício ao
lado da leitura; Contando-lhe da Pátria os feitos de
heroísmo,
Faço nascer-lhe nalma o são patriotismo, E, dirigindo-
a assim por um caminho reto, Abro-lhe a porta azul
do reino do Alfabeto, Onde vive a cantar, onde vive a
esplender A divindade da Arte e a glória do Saber.
E.B.D. — É verdadeiramente altruísta o teu destino!
Moldas, em cada ser, com o escopo do ensino,
O caráter que tem na força do direito
O único ideal do cidadão perfeito
Que trabalha e que luta em prol da humanidade.
E.P. — No entanto, mais sublime é a tua caridade!
Eu, pelo bem da Pátria, ensino o principal...
Mas a ti, só te move o amor universal;
A todo coração ensinas a ser puro
Para alcançar o céu... Tua glória é o futuro,
O futuro melhor que se prometa a alguém
— a justiça do amor e o código do bem.
E.B.D. — Irmanemos, pois, na missão benfazeja
— Tu, escola da Pátria; eu, escola da Igreja — De
oferecer ao mundo o bálsamo eficaz
Desse amor fraternal, que é o símbolo da paz.
E.P. — Pela Pátria terrestre, esforçar-me-ei em tudo, Pra
dar à mocidade as riquezas do estudo.
E.B.D. — E eu, seja na cidade ou no sertão agreste, Eu sigo
a trabalhar pela Pátria celeste, Pregando em toda
parte o evangelho da cruz E oferecendo ao mundo o
perdão de Jesus.
(Saem juntas, cantando, pelo caminho da direita.)
E.B.D. e
E.P. juntas - Sigamos, pois, irmanadas Em
nossa nobre missão.
E.P. — Eu, ensinando o alfabeto!
E.B.D. — Eu, pregando a salvação!

Bíblia
A BÍBLIA
G. M.
És dos livros, um dos mais antigos, majestoso, Elevando
povos na compostura e na nobreza. Logo, tudo se nos mostra
mui sagrado, precioso. Livro, tens como teu autor o Deus da
Natureza.
Séculos, trevas, falsa luz, tudo vences glorioso, Revelando a
cada povo morto, com fraqueza, A Verdadeira Vida, que só
vem do Deus bondoso, Para quem pratica o bem e odeia a
torpeza.
Dizes mal: Aqui é o lugar; hoje é tempo do perdão, Que do
Novo Testamento é a nobre e rica herança. E, como provas
disso, dá-nos forças para a retidão.
Logo, neste Livro é que a minha alma descansa, Liberta das
coisas torpes, da sua antiga corrução, Bíblia, do universo
todo, és a única esperança!
O MELHOR LIVRO DO MUNDO
Jonathas Braga
Se alguém me perguntasse, porventura, qual o
melhor dos livros deste mundo, eu lhe
responderia num segundo que é, sem nenhuma
dúvida, a Escritura.
É nesse grande livro que a criatura encontra
a paz do coração jucundo e, pela fé no amor
de Deus profundo, vence o pecado e alcança
a vida pura.
Bendito livro, a Bíblia! Todo dia tenho-o a
meu lado, cheio de alegria, porque livro
melhor não há, enfim!
Sua mensagem me conforta e anima e me
transporta às plagas lá de cima, onde há
melhores coisas para mim.
(Extraído da Revista A Bíblia no Brasil da Sociedade Bíblica
do Brasil.)
A BÍBLIA
Stela Câmara Dubois
Fonte de Paz, que em borbulhÓes de luz
Abre dos céus a entrada luminosa! Guia
que os passos dúbios me conduz, Sol
fecundante! Inspiração gloriosa!
Meu Tesouro!
Fonte de Paz! E dessa fonte viva Nasceu
o Autor da Grande Redenção!
Nublem-se os astros pela noite estiva,
Eu tenho luz e paz no coração! Meu
Prazer!
Guia! Funesta se afigura a vida, Quando
cresce a Razão do Pensamento! És tu,
Fanal, que as trevas intimida, No
marasmo das mágoas dás alento, Meu
Consolo!
Sol fecundante! És Sol, porque és
Verdade, Ó minha Bíblia, ó meu Amor
primeiro, Males dissipas, dás felicidade,
Outorgas ao coração caminheiro Proteção!
Inspiração gloriosa em fé conquisto,
Quando às tardes me inclino sobre ti
E quando a aurora em júbilo avisto,
Em tuas páginas vejo o que não vi:
Minha Glória!
r
Tesouro meu! Quem pode avaliar A jóia eterna que de
ti promana! Livro profundo, Livro singular, Que
enaltecer não pode a mente humana, Ó pórtico do
céu!
Prazer e proteção, consolo e glória, E tudo, tudo a
que minhalma aspira, Encontro em ti, ó Livro de
Vitória, Imaculado Livro que me inspira, Para
louvar a Deus!
Na alegria ou na dor, na vida inteira, Quero-te, ó
Livro, junto ao coração! O término do mundo se
aligeira, Para que eu veja a tua exaltação, Ô Bíblia, ó
minha Bíblia!
( De Primícias )
MINHA BÍBLIA
Paulo Lício Rizzo
Bíblia! tua luz divina em facho alcandorado Levou à minha
mente a glória da verdade, A paz e o conforto...
Meu coração febril, então desesperado, Achou, num
mundo hostil e cheio de maldade, Um remansado
porto!
Bíblia! eflúvio doce em meio da amargura, Canto de
amor na mata escura e tenebrosa Dos ódios desta
vida... Fazes lembrar a mãe que exorta, carinhosa, A
filha mui querida!. .'.
Compasso da existência a apontar bem certo Ao viajor
cansado as rotas da justiça E a porta do infinito!
Eu quero ter-te aqui, aqui sempre bem perto, No
fragoroso ardor desta agitada liça Por onde eu
periclito!...
Quero sentir-te quente, a acalentar-me a alma,
Quero sentir-te clara, a iluminar-me a fé,
Rasgando no horizonte esplendorosa luz,
E quero, ó, quero, sim, em ti encontrar calma,
Poder e proteção, ao vacilar-me o pé
Ao peso esmagador da esmagadora cruz...
Porque essa Bíblia Santa e muito mais que ensino,
É bússola certeira em todo desatino,
É uma espada e é broquel, é espírito e é vida,
É bálsamo eficaz pra alma dolorida...
Eu amo, sim, eu amo essas páginas belas
E reconheço e vejo em todas, todas elas,
Palavra de censura ou maternal carinho,
A lâmpada aos meus pés e a luz no meu caminho...
(De Unitas )
A BÍBLIA E A SUA INFLUÊNCIA PODEROSA
(Explicação: Aparece, em um canto do cenário, uma moça com
vestes compridas e uma faixa, onde se lê: "A Bíblia", e ainda
com uma Bíblia em suas mãos. À sua frente, e juntas,
aparecem quatro moças com vestes compridas também e com
faixas com suas respectivas inscrições. Elas representam em
sua ordem: a nação, a escola, o lar e a igreja.)
A NAÇÃO — Vedes este livro? É a Bíblia. O livro mais
maravilhoso, mais útil, mais conhecido. Eu represento a
Nação e tenho uma palavra de agradecimento à Bíblia,
porque este livro tem exercido salutar e benéfica influência
em minha vida e em minha história. Tenho muitos inimigos,
todos eles hipócritas, que pretendem fazer-me bem, quando
somente males me causam; seus nomes vós os conheceis,
pois que vos perseguem também. São eles o maldito licor, a
prostituição, os jogos de azar e outros mais; mas conto entre
meus melhores amigos a Bíblia, porque ela é uma
conselheira insuperável. Aponta-me um caminho digno a
seguir e me apresenta uma base firme, sobre a qual eu possa
levantar o edifício de minha história. Diz-me que a justiça me
engrandece mais do que o pecado me afronta. E assim é. Eu
vejo em minhas irmãs as demais nações. Os Estados Unidos
são uma nação grande e próspera porque seus alicerces
estão na Bíblia. Como eu quero ser grande também, vou
incentivar a circulação da Bíblia, estimular sua leitura e vou
reger minha vida segundo seus princípios. E por vós, que
tem feito este Livro?
A ESCOLA — Sim. Eu represento a Escola. Por mim
passam todas as gerações, os futuros cidadãos e pais de
família. Graças à influência deste livro, as escolas públicas
tiveram sua origem na Alemanha no século XVI. A Bíblia
contém o mais alto e enobrecedor ensinamento. Ela me
ajuda a forjar o bom caráter na juventude; também é para
mim uma muralha de defesa contra os ensinos do ceticismo,
do materialismo e do racionalismo. Nela aprendi que o
princípio da sabedoria é o temor a Jeová.
O LAR — Pois, amigas minhas, eu sou o Lar, e não posso
ficar atrás. Tenho também, como vós, uma palavra. Os lares
constituem a armação óssea no organismo de toda nação.
Devo muito a este livro. O bem que em mim existe, ele é que
mo tem proporcionado. Leio suas páginas benditas
diariamente. Minha vida moral está muito ameaçada, mas
neste livro encontro força e refrigério. Os melhores lares são
aqueles que não se apartam de suas sábias instruções.
"Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até
quando envelhecer não se desviará dele."
A IGREJA — Chegou a minha vez. Eu sou a Igreja, e,
talvez, mais que vós, tenho que agradecer à Bíblia, porque
em grande parte devo a ela a minha existência. Desempenho
uma missão divina no mundo, e sou a luz inextinguível de
Deus na terra, mas devo todas as minhas vitórias a este
Livro. Quando me oriento estritamente por ele, a vitória me
sorri; quando, como em alguns períodos tristes de minha
história, me desvio de seus ensinos, o fracasso me abate.
Toda a minha seiva, a tiro dali; ela é para mim um
manancial de vida e espada invencível do Espírito. Eu a
guardo em meu seio como a herança mais preciosa e o mais
rico tesouro. Com ela irei sempre, de luta em luta, até a
consumação dos séculos.
A BÍBLIA — Tenho-vos escutado com a máxima atenção e
com apurado interesse. Agradeço vossas palavras. Mas
desejo vos dizer que toda essa grandeza, essa influência e
esse poder não são meus. Devo-os a Cristo, o Filho de Deus,
porque é ele o centro de minha mensagem, o coração que me
dá vida. Sem ele, eu seria um livro como outro qualquer.
Minha missão é proclamar Seu nome. Meu objetivo,
manifestar sua glória. Minha ambição, que todos os homens
cheguem a conhecê-lo como seu Salvador.
Sim, e como o tendes reconhecido, eu sou a Bíblia. Eu
abro as minhas páginas de ouro aos que me buscam. Para
todos tenho uma mensagem de amor. Se estiverdes tristes,
em mim achareis alegria; se estiverdes sedentos, eu dou a
água da vida; se estiverdes famintos, eu vos regalo com pão
substancioso.
Eu venho de um lugar: o céu; vivo em um mundo: a terra;
proclamo uma mensagem: o evangelho; apelo a um ser: o
homem; glorifico o meu autor: Deus. O segredo de minha
grandeza, o centro de minhas palavras e o selo de minha
vitória é Jesus.
Eu sou a luz: quero guiar-vos; eu sou a verdade: quero
instruir-vos; eu sou a vida: quero salvar-vos.
Eu sou a carta do viajante, a estrela do navegante, a
espada do soldado e a arma invencível do cristão.
Lede minhas palavras, pregai minhas mensagens, amai
meus ensinos, obedecei aos meus mandamentos e vivei meus
preceitos.
Minhas vitórias e tudo mais deponho humildemente aos
pés de Jesus Cristo.
(Então, a Nação, a Escola, o Lar e a Igreja cantam o hino
"Minha Bíblia". Enquanto cantam, a Bíblia se retira.)
Natal e Ano Novo
NATAL
Alfredo Teixeira
O berço de Belém! Grata esperança Nasceu ali a toda
a humanidade, Com os sinais seguros de bonança,
Em meio de terrível tempestade.
Oscilavam do mundo os fundamentos; Toda a ordem
social se esboroava; Satã via cumprido seus intentos;
O homem no pecado naufragava.
Mas o Cristo nasceu! A débil mão Que se move
naquela estrebaria, Procurando a humana
proteção, O aconchego do seio de Maria,
É a mesma poderosa mão divina Que os astros
espalhou pelo infinito. Tornou-se, agora, tenra e
pequenina Para atender do pecador o grito.
Berço bendito! Berço que encerra Da humanidade a plena
redenção! "Glória a Deus nas alturas, paz na terra!" Eis a tua
simpática missão.
Antes e após de ti, berços aos mil Têm surgido, mas tu não
tens rival; De ti, sem ti, não logram um ceitil; Nascem
muitos, porém há um só Natal.
NASCEU JESUS
Jesus nasceu! Na terra há vozes de harmonia! Há no
espaço, a vibrar, uma alegria santa; Um coro divinal! Que
linda sinfonia! A natureza em festa com fervor descanta!
Jesus nasceu! Ouvi o majestoso tema Da celestial
canção: "Gloria in excelsis Deo!" Paz e redenção — eis o
luminoso lema DAquele que é o caminho certo para o
céu.
Jesus nasceu— cumpriu-se antiga profecia! Anjos
ridentes cantam perenal hosana A Cristo, o Rei dos reis,
ao Pilho de Maria, Que trouxe a salvação que só de Deus
promana.
Natal! Feliz Natal! Viveiro de emoções! O teu
programa tem a inspiração de cima E faz de
todos nós pulsar os corações De regozijo santo e
inspiradora rima.
(Extraído da revista Brado de Guerra , dezembro de 1966.)
FELIZ NATAL
Jonathas Braga
Foi em Belém, naquele dia, quando uma estrela
apareceu que, em cumprimento à profecia,
Jesus nasceu!
Tudo era então viva poesia, e anjos cantavam
pelo céu, como a dizer com alegria: Jesus nasceu!
E ele, na pobre estrebaria, olhando em torno
o povo seu, qual novo sol resplandecia!
Jesus nasceu!
Feliz Natal o desse dia, quando uma estrela
apareceu e disse ao mundo, entre alegria: Jesus
nasceu!
NA HUMILDE MANJEDOURA DE BELÉM
Lucas 2:1-20
Jonathas Bragi
Enfim outro lugar não mais havia, senão a pobre e
humilde estrebaria, onde o casal, solícito, pousou...
Ouviu-se um eco de trombetas várias e, pelas célias
plagas solitárias, grandiosa estrela, súbito, brilhou!
Alguns zagais, na estrela o olhar fixando, deixam os seus
rebanhos repousando e vão depressa em busca de Belém. ..
E ali, no feno, em seu fulgor divino, vão encontrar, enfim,
o pequenino, a quem a Virgem, com amor, sustem.
Quanta humildade existe nesse canto e ao mesmo
tempo que divino encanto se pode ver em torno de
Jesus!
Ele os olhitos volve para o teto
e o seu olhar insonte e circunspecto
é para os pobres que derrama luz.
É para os pobres que ele tem nascido, porquanto o têm os
ricos esquecido e nem sequer o buscam conhecer.
Toda a humildade que a Jesus circunda os corações dos
míseros inunda como um clarão divino de poder!
E, enquanto têm os príncipes toucados e vestem sedas,
linhos e brocados, Jesus apenas pobres palhas tem...
Onde, porém, existe mais poesia
do que esse poema que enche de alegria
a manjedoura humilde de Belém?
NATAL
Jonathas Braga
Quando, no estojo azul do céu vasto e silente, aquele astro
fulgiu maravilhosamente, Efrata despertou do seu sono
profundo e as pálpebras abriu para o resto do mundo!
Então, no seu regaço humilde e pequenino, a se balsamizar
do aroma campesino, todos os reis da terra o Prometido
viram e a luz do estranho sol, atônitos, seguiram. Os anjos,
na amplidão cerúlea, salmodiavam e muitos corações aflitos
exultavam... E quem fosse a Belém-Efrata nesse dia, na
manjedoura o Rei dos reis encontraria, cercado de pobreza e
cheio de humildade...
Ele não conheceu o luxo da vaidade e não teve um palácio e
nem rendas custosas, nem berço a fulgurar de gêmulas
preciosas, porém a manjedoura, onde o feno jazia, foi o
próprio lugar onde nascer devia!
Assim quisera Deus que o Redentor nascesse e desde então o
seu exemplo aos homens desse, a fim de que na terra a
pobre humanidade buscasse o Salvador nascido na
humildade!
E quando, na amplidão do céu vasto e silente, aquele astro
brilhou esplendorosamente, Efrata ressurgiu do seu langor
profundo, trazendo para nós o Salvador do mundo.
O PRESENTE DO NATAL
Jonathas Braga
Lúcio é um menino obediente e muito bom
para seus pais; ele conversa com a gente
como se fosse um "rapaz.
De Lúcio a loira irmãzinha é muito boa também e
nunca está zangadinha (de modo algum!) com
alguém.
Ambos estavam sentados,
naquele dia de luz,
tecendo sonhos dourados
em derredor de Jesus.
E relembravam a história
da manjedoura em Belém:
Jesus cercado de glória
e de presentes também. Então, o Lúcio
dizia, com a voz quase angelical:
—Eu bem quisera, Maria, um bom
presente ao Natal.
A pequerrucha, entretanto, voltando-se para o
irmão, cheia de amor e de encanto, disse-lhe
apenas, então:
—Basta que nos alegremos com esse
presente de luz,
e nele nos gloriemos: o bem amado
Jesus!
JESUS CRISTO NASCEU
Gustavo A. Brasil
Jesus Cristo nasceu! A lei é morta. A graça, como a linfa da
vida, à humanidade é dada. .. surgiu novo arrebol para a
alma sepultada, no flágido abismal da treva e da desgraça.
Jesus Cristo nasceu! Qual brilhante sem jaça, o seu brilho é
o fanal da fúlgida morada... Esgotará, calado, a dor da alma
cansada, como a lia fatal do fundo de uma taça.
Há, no espaço, a vibrar, uma harmonia santa, um coro
angelical que no infinito canta e um límpido rumor de pura
alacridade.
No entanto, sendo Deus o Verbo humanado, escondeu Jesus
Cristo o célico reinado na dulcíssima paz de mística
humildade.
A ORAÇÃO DO NATAL
Grace Noll Crowell
(Adapt. de Gustavo A. Brasil)
Eu não tenho, Senhor, uma oferenda rica para dar
nesse dia a meu irmão!... Mas, se tu me ajudares a
levar o peso ao peregrino pela estrada, alegrando,
também, seu coração, em teu nome, Senhor, me
alegrarei.
Nenhuma jóia cintilante tenho, nem setim fulgurante
posso dar! Mas, talvez, o teu verbo luminoso possa
eu entregar às criaturas e ajudar o viandante em seu
caminho. Talvez possa mostrar minha ternura aos
que tudo perderam neste mundo...
Sejam estas, Senhor, as minhas jóias! Brilharão
quais diamantes, se o quiseres: O bem sublime da
Palavra Santa, a bondade qual luz na treva densa, a
suplicante mão que aos céus se eleva são os
presentes que te posso dar.
PRESENTE PARA JESUS
João de Deus Ferreira
Queria que o meu Jesus, que faz anos
neste dia, tenha festa, tenha luz e muita,
muita alegria.
Como eu, ele há de gostar de receber um
presente! Que lhe devo então levar, para ficar
mais contente?
Lindo brinquedo talvez lhe desse
satisfação!... Mas será bem mais feliz, se lhe
der meu coração.
Meu coração pequenino, meu Jesus, of'reço a ti;
Tu aceitas um menino, Tu recebes mesmo a mim!
NATAL
Brant Horta
Jesus nasceu! Num pequeno E humilde leito
de feno, Ei-lo coberto de luz.
É a luz do bem, da humildade, Que envolve de
claridade O pequenino Jesus.
Natal! Natal! Que alegria! Pastores em
romaria Vêm aos pés do Redentor. E os reis
Magos, enlevados, Chegam de longe, guiados
Pela estrela do pastor.
Não vem ao mundo num leito
De púrpura e de ouro feito,
Por entre pompas, mas eis
Que nasce pobre, sem manto
Que o envolva, sendo, no entanto,
Maior que todos os reis.
Rebanhos, flores e, em bando, As aves vão
proclamando: — Cristo acaba de nascer! Herodes,
grande e potente, Manda matar o inocente, Mas
Jesus tem mais poder.
Nasceu Jesus! Todo o mundo Vai ver o poder
fecundo Do seu amor sem rival! Na terra e céus,
tudo brilha! Tudo é luz e maravilha! E os anjos
clamam: — Natal!
O ETERNO NATAL
Daria Gláucia
Abro o LIVRO, vovó, aquele livro que você lia com
ternura infinda, e na mesma ansiedade de
criança, releio a velha história do Natal...
e lenta, lentamente, vovozinha, as páginas
virando, vou sentindo, de longa antigüidade,
muito além, um perfume sutil, que vem surgindo
das campinas floridas de Belém...
e sobe, pelo ar, suavemente, perdida na distância
das alturas, um murmúrio de vozes, vozes danjos,
rasgando a espessa paz dessas planuras, e, no fundo
da noite constelada, vejo surgir — doce visão de luz,
a lâmpada de Deus — estrela linda pra clarear a
choça de Jesus!
Agora vovozinha, o livro fecho, mas vejo o mundo
— livro colossal, as velhas folhas denegridas,
sujas da poeira das guerras e do mal, por séculos
esparsas como levadas por um vendaval!
Mas eu tenho, vovó, tenho esperança, com a mesma fé dos
tempos infantis, que o mundo inda será um livro novo,
todinho de gravuras e paisagens de rútilo matiz.
E trago ao coração uma certeza
que atravessou comigo toda a infância,
pura e sem igual:
— Um dia a divina criança de Belém pequena se fará mais
uma vez, para caber em cada coração...
na luz infantil da estrela santa levaremos nalma esta alegria,
quais sininhos da noite festival; e, no mundo de Deus, linda,
tão linda, será eterna festa de NATAL!
ADORAÇÃO
(Autor desconhecido)
Natal — a mística cena
de uma humilde manjedoura,
numa aldeia bem pequena,
em que a claridade loura
de uma estrela cintilante
espalha faixas de luz
sobre o Menino-Jesus!
Natal — pastores nos prados, que ouvem de anjos
a mensagem e caminham apressados para ver a
doce imagem de uma criança entre palha, com as
mãozinhas em cruz, que a todos salva — Jesus!
Natal — do Oriente distante,
três Magos, em três camelos,
seguem um astro brilhante,
trazendo, com mil desvelos,
perfumes, resinas e ouro
como oferta que traduz
seu amor ao Rei Jesus!
Natal — um verde pinheiro, sinos que acordam
os ares, júbilo no mundo inteiro, corações que
são altares, onde o Cristo entronizado Caminho,
Vida e Verdade oferece à humanidade!
ANO NOVO
Jonathas Braga
Ano Novo, nova vida
que o Senhor dos céus nos dá!
Toda veiga está florida,
todo campo verde está:
tudo aspira nova vida
que o Senhor dos céus nos dá!
O Ano Velho tem passado, Para nunca mais
voltar! O seu pranto tem cessado, para nunca
mais tornar, que o Ano Velho tem passado, para
nunca mais voltar!
Tudo agora é novo, tudo numa nova vida
traz! Dediquemos ao estudo nosso tempo
e nossa paz, pois agora é novo tudo, que
uma nova vida traz!
Ao Altíssimo imploremos muitas bênçãos
celestiais, e louvores mil lhe demos pelo Novo Ano
que traz, e, contritos, lhe imploremos muitas
bênçãos celestiais!
ANO NOVO
Stela Câmara Dubois
De cada dia a aurora renovada Rompe da noite
os negrejantes véus;
Sobre tufões, soalheiras e escarcéus, A primavera surge,
transformada.
Rejuvenesce a árvore, enflorada; Após as
nuvens, se clareiam os céus;
E só se apossa o herói dos seus troféus Sobre as ruínas da
luta encarniçada!
O Ano Novo tem asas de esperanças! Trajado vem com as
vestes das bonanças,
Que algemas quebram e anulam desenganos,
Para gritar, por vezes repetidas: Fazei, dentro
das vidas, novas vidas,
Dentro dos anos, outros novos anos!
ANO NOVO
Mário Barreto França
O ano que é findo Se vai despedindo,
Chorando e sorrindo, Por mal ou por bem;
Mas. .. velho ou criança, A mesma
esperança Alegre descansa no ANO QUE
VEM.
O mundo emotivo Procura um motivo,
Mais íntimo e vivo, De amar e de crer;
Por tudo o que espera Com alma
sincera, Feliz primavera Na vida há de
ver.
Se o ano que nasce Reflete na face O
encanto fugace De um raio a luzir; Não
veja desgraça No ano que passa, Mas
toda essa graça De um róseo porvir.
Ó Cristo, consente Que a vida da gente Te seja um presente
De consagração; E, assim, no ANO NOVO, Mais justo, o teu
povo Se faça renovo De paz e perdão.
J
O ANO QUE CHEGA
Mário Barreto França
Mais um ano que chega e outro que passa, Num misto de
ventura e de saudade; Suplica-se do céu divina graça E o
gozo de servir ao peito invade...
De joelhos em terra, a humanidade espera Do derradeiro
instante do ANO VELHO, Há sempre confissões, na mais
sincera Vontade de viver para o evangelho.. .
E quando, ao som de um cântico sagrado, Saúda-se
o raiar de um ANO NOVO, Sobe a Deus, penitente do
pecado E em místico louvor, a alma do povo.
Essa ingênua alegria das crianças Enfeita o
coração da gente pobre, Que fica colorido de
esperanças E de bondade se ilumina e cobre.
ANO VELHO que vais, boa viagem! ANO NOVO que
chegas, sê bem-vindo, Para encher a alma humana
de coragem, Para o mundo tornar mais justo e lindo!
BALADA DO ANO NOVO
Jonathas Braga
Ergue-se o véu e nesse instante, cheio de luz
em profusão, surge o Novo Ano triunfante, para
alegrar os que ainda estão! Esse fulgor de um
novo dia nos faz saber com precisão que um
riso santo de alegria enche de paz o coração.
O tempo é breve e já distante os dias bons e
maus se vão.. . Ah! quanta vez, triste e
hesitante, não vi o fim de uma ilusão! Mas, eis
que agora a sinfonia dos querubins enche a
amplidão e um riso santo de alegria enche de
paz o coração.
E o sonho alegre e fulgurante Do Ano que
vem numa canção, para trazer ao
caminhante, na sua peregrinação, tudo que
é bom e delicia, um pouco de consolação, um
riso santo de alegria e a doce paz ao coração.
(OFERENDA)
Bem-vindo sê, ó Novo Ano, na tua alegre
aparição!
VOZES DE OUTRORA
(ALEGORIA BÍBLICA)
Alfredo Mignac (De Horas Vibrantes )
(As dez cidades mais importantes da Palestina. Jovens com as
insígnias declamarão ao som de instrumentos ou à voz do coro
em surdina.)
BELÉM (trazendo à fronte uma estrela) —
Em mim nasceu o Redentor dos povos!
A Profecia predissera tudo
que acontecer devia sobre a terra!
Quando o tempo chegara, o céu se abrira,
apareceram anjos, coros sacros
e quanto a glória do Senhor encerra!
Cantavam. Harpas dedilhavam, ágeis,
em meio ao canto, de harmonias cheias,
em meio à Festa da Anunciação!
O povo em trevas assentado estava,
a Luz raiara, iluminando o mundo,
iluminando cada coração!
No firmamento, a Estrela peregrina
brilhando andava, assinalando o espaço,
a estrebaria onde Jesus nasceu!
Os pastores no campo ouvem, surpresos,
a Notícia maior, jamais ouvida,
— O Amor aos homens que do céu desceu!
NAZARÉ (com instrumentos de carpinteiro nas mãos)
Em mim cresceu aquele que, da glória
do Pai, ao mundo veio — ao mundo ingrato —
a alma perdida a Deus encaminhar! Operário — o trabalho
amou na vida, Mestre — ensinou às multidões a crença, Do
coração no trono — quer reinar!
Com a serra, ele separa o Bem do Mal,
com o martelo, esmigalha do pecado
o poder, que aniquila, abate e mata!
O escopo é o bisturi que abre e descarna
a chaga cancerosa, e vê, profundo,
o que aflige o mortal, o que o maltrata!
Os nazarenos — que sofrer imenso! — um dia rejeitaram o
Messias, Aquele que crescera no seu seio! Era o Irmão
Desconhecido, um pária, o Companheiro, agora indesejável,
Ele, que é o nosso mais sublime anseio!
CANÁ (conduzindo uma talha) —
Em Caná, o milagre fez, primeiro, da água vinho puro de
uvas frescas, denunciando ao mundo o seu poder! Foi em
mim que Maria, a Mãe bendita, ordenou-nos, a nós servos de
Cristo:
—Fazei tudo quanto ele vos disser!
O milagre que ensina a utilidade, que evidencia a Fé que nos
transforma, que principia em sangue e em sangue acaba! O
Cordeiro imolado — o apodo, o insulto, a cruz, os cravos,
maldição e morte,
—tempestade de dor que atroz desaba!
BETÂNIA (trazendo livros) —
Em mim passou. E a glória que trazia
encheu de luz os filhos desta terra,
a doutrina ensinou do seu perdão!
Um lar — onde a tristeza entrara às portas,
fez à alegria retornar. A vida —
venceu a morte; a Luz — a escuridão!
Quanto bem, quanta graça, amor infindo, trouxe aqui, para o
povo, abrindo a estrada larga, sublime, ao pobre pecador! A
Lázaro — exumou, ressuscitando, A Marta — aconselhou;
disse à Maria, ter ganho a melhor parte — o seu Senhor!
NAIM (uma viúva embuçada) —
Era tarde. O horizonte, uma fogueira, o caminho
ensombrado. Em breve a noite cobriria o infinito com
o seu véu. O filho amado a morte arrebatara, o único
arrimo do solar materno, ia a caminho do seu
mausoléu!
Ei-lo que surge! E com ele a morte estaca, e o pranto
acaba e cessa a dor, e o luto cede o lugar ao gozo, ao
riso, à graça! Ao filho ressurgir, tornou-me a dar a
alegria da vida! Ó Cristo amado, tudo se acaba! O
teu amor não passa!
JERICO (conduzindo uns cachos de uvas e figos) —
Aqui, a terra farta, Jerico,
hospedei-o, e feliz, inda sorri
entre as parreiras e figueiras bravas!
Ó mundo, andar queria em tua volta imensa
e ouvir a tua voz, sondar-te a mente,
para ver o que ví — quanto me davas?
Às minhas portas, Bartimeu, o cego, ao saber que
Jesus ali estava, ao seu encontro foi, clamando,
certo de ter a luz dos olhos! E o milagre — ó mundo
incréu — do cego de nascença, todos conhecem — os
de longe e perto!
E de Zaqueu, o rico publicano
que à figueira subira, para o Mestre,
que entre a turba se achava, contemplar!
A sua conversão ao evangelho,
a sua casa inteira aos pés do Mestre,
como a Jesus aprouve declarar!
GALILÉIA (trazendo um barco e rede) —
Ah! que céu e que mar, que lindas praias, quantas
saudades, doce Galiléia, quantas recordações tenho
de ti! Chamando pescadores, barcos, redes, — Vinde
após mim, deixai este trabalho, almas ides pescar!
Vinde, segui!
Mais tarde a tempestade o mar revolve e o vento e as
ondas emudecem, quando a voz Suprema se ouve,
imperativa! A bonança se faz, a alma do crente
inflama-se de fé, arde de amor
e fica aos pés de Deus, contemplativa!
Galiléia de paz, de maravilhas, testemunha ante
os séculos que passam, velozes, como o doido
furacão! Galiléia! o teu mar, as tuas praias, o teu
céu sempre azul — palco sublime — trazem
saudades e recordação!
CAFARNAUM (com uma lâmpada acesa) —
Em mim foi que Jesus fez maravilhas como
nunca se viu! Cafarnaum — a sede do trabalho
e da cultura! O inferno, recuando; a Luz,
fulgindo, o Poder, em ação: e o evangelho,
sendo levado a cada criatura!
Os homens palmilhando outro caminho, os enfermos
se erguendo, as sepulturas dando os seus mortos.
Cristo é a luz do mundo!
(Ouve-se a la estrofe do hino 183 do Cantor Cristão .)
SAMARIA (com um cântaro dágua) —
Meio-dia. A cidade sobre o monte;
os campos lourejando em trigo; a brisa
é suave; o sol passeia o céu profundo!
O poço de Jacó. Jesus chegara e descansava à
sua borda, enquanto foram além os servos
comprar pão! A mulher desce ao poço cristalino,
para água buscar — água terrena — e encontra
Água da Vida em profusão!
JERUSALÉM (uma espada, uma coroa e uma cruz) —
Foi aqui. O inimigo me trazia
sob o vil cativeiro! Ele pregava
o seu Perdão, a sua Paz e seu Amor!
Rejeitando a Palavra da Verdade,
sofri a mais acerba dor — grande martírio —
crucificando o Rei, o meu Senhor!
No templo, pelas ruas, nas cidades, nas casas,
beira-mar, pelo deserto, ei-lo a falar do seu
poder imenso!
Em mim se deu o fato que estremece a
natureza inteira — a sua morte — que o mundo
inteiro ainda traz suspenso!
Jerusalém! o mundo exclama; o Tempo, o
Espaço, a Eternidade, bradam alto; ninguém
responde! Mas, um dia, o Rei virá nas nuvens
claras do infinito, e a terra inteira te verá,
bendita, indo ao encontro da divina Grei!
(Cantando a letra abaixo com a música do hino 497 do Cantor
Cristão , vão formando uma roda em torno de Jerusalém,
com os braços erguidos. Coro ou instrumentos
acompanham.)
Longe, em Belém, Jesus nasceu, em
Nazaré, cresceu, viveu; pelo trabalho,
que tanto amou, a alma perdida
iluminou!
Foi em Caná — o vinho faltou, dágua, meu
Mestre, vinho tornou;
em Betânia, a morte venceu, em um lar
tristonho, alegria
[deu!
Coro :
Glória no mundo, Paz, Salvação, tudo
deixou-nos e seu Perdão! Jerusalém!
cidade dos céus, em que habitam filhos
de Deus!
Em Jerico o cego fez ver, depois Zaqueu
salvou com poder;
na Galiléia — vinde após mim, barcos e
redes deixai, enfim!
Cafarnaum, és facho de luz, Centro de
fé e amor de Jesus; Ó Samária, água
bebei, glória rendamos ao nosso Rei!
O PRESENTE QUE JESUS QUER
June Bratcher
Personagens:
Raquel — Sara — Mamãe — Jacó — Abel — 2 pastores —
Maria — José — Leitor da Bíblia
Música
Leitor: Lucas 1:26-35 Continuação
da música Leitor: Lucas 2:1-3
PRIMEIRA CENA
(Sara e Raquel entram em direção oposta e se encontram
no centro do palco.)
RAQUEL — Oh! maninha... faz tanto tempo que não a vejo.
Está passando bem? Não tenho podido ir visitá-la, pois
tenho trabalhado muito com Jacó na estalagem.
SARA — Sua visita me alegra muito, Raquel. Eu e Abel
estamos passando bem. Cresceu tanto o seu rebanho, que
precisamos de mais homens para ajudar. Como vão Jacó e
as crianças? Sinto tantas saudades delas!
RAQUEL — As crianças vão bem, porém sentem sua falta e
de suas histórias e brincadeiras. Quase toda a alegria foi
embora quando você saiu de nossa casa, Sara. Por que
você não pergunta pela mamãe?
SARA — Por certo! Como vai mamãe? Você sabe como me
sinto, Raquel. Gosto muito de minha mãe, mas não posso
esquecer sua atitude para comigo.
MAMÃE — Jacó, este homem está muito cansado e podemos
oferecer-lhe o estábulo. Não é muito, mas pelo menos é
melhor do que passar a noite fora.
JACÓ O senhor não tem parentes ou amigos aqui em
Belém ?
JOSÉ — Não conhecemos ninguém. Viemos de Nazaré.
RAQUEL — É, mamãe, nós podemos arrumar camas nas
palhas e temos bastantes cobertores e travesseiros.
JACÓ (falando a José) — Com prazer lhe oferecemos o
estábulo. É só isto que temos.
(Palco escuro)
Música durante a leitura de Lucas 2:9-15.
TERCEIRA CENA
(Raquel está à porta da estalagem com expressão de
alegria no rosto. Sara entra.)
SARA — Raquel, Raquel, será verdade esta coisa maravilhosa
de que tenho ouvido falar?
RAQUEL — Uma coisa maravilhosa aconteceu esta noite.
Nasceu aqui uma criança. Não tínhamos lugar na
estalagem, mas oferecemos o estábulo. Mamãe está lá
agora. E, Sara, como mamãe mudou, está tão diferente! Ao
visitar a criança parece ter aberto seu coração e deixado
sair todo o amor oculto pelo fanatismo de sua crença. O
amor e a alegria deixaram-na radiante. Creio que ela
gostaria de ver você agora. Mas você ouviu falar desta
criança recém-nascida?
SARA — Durante a noite um anjo veio a Abel e aos outros
pastores enquanto vigiavam as ovelhas. O anjo disse: "...
na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é
Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o
menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura."
Eles estão procurando o bebezinho. Mas eu senti... eu vim
aqui...
RAQUEL — O Salvador...
SARA — E o anjo disse: ". . .paz na terra, boa vontade para
com os homens." Oh! Raquel, agora entendo. Nunca
podemos ter paz no coração, se não tivermos amor e boa
vontade para com os homens. Tenho pecado muito. Tenho
sentido desgosto, sim, ódio para com os meus amigos,
queridos e minha mãe. O Todo-poderoso está conosco esta
noite. Ele nos tem mostrado um caminho melhor — o
caminho do amor!
RAQUEL — Parece um sonho maravilhoso! Mas sinto no
coração, que é verdade. O Messias veio, o Príncipe da Paz!
E nós não lhe demos o melhor que podíamos dar. Preciso
ir. Vou levar um presente e adorá-lo. Vamos juntas? Sara,
eu arranjo um presente para você levar também.
SARA — Não, Raquel! Ele não quer presentes materiais. Eles
não têm valor para o Todo-poderoso. Mas darei um outro
presente. Ele ganhará meu coração limpo de todo pecado
e ódio e cheio de amor para com ele e toda a humanidade.
Dar-lhe-ei minha vida, servindo-o e amando-o sempre.
(Palco escuro)
QUARTA CENA (Tocar uma
música durante esta cena)
Maria, José e a manjedoura no batistério. Três pastores à
esquerda. Mamãe ajoelhada no centro. Quando Raquel e
Sara entram à direita (Raquel um pouco atrás), Sara
aproxima-se de Abel (pastor em frente) e vira para sua
mãe, que mudou da posição ajoelhada e estende seus
braços, indicando que dá o seu perdão e bem-vindos. Sara
ajoelha-se perto da mãe. Abel e Raquel seguem o mesmo
gesto, ajoelhando-se um pouco atrás. Esta cena permanece
por um curto espaço de tempo.
(Cortina)
O PRESENTE QUE NÃO FOI ENTREGUE
Adaptação de Gláucia C. Peticov
(Esta pequena representação pode ter um efeito
surpreendente, se for dramatizada corretamente. Um narrador
de histórias com algumas crianças aparecem a um canto do
palco. Luz turva, pálida. Três rapazes representam Geraldo.
As idades sugeridas para os moços são: 12, 14 e 16 anos.
Devem ter mais ou menos o mesmo tipo, para que se tenha a
impressão de que é o mesmo moço, com diferença de idade
apenas. Deve haver um hino de Natal cantado ou tocado
suavemente, antes que a história se inicie. BASILIO é um moço
enérgico, mas ao mesmo tempo de bons sentimentos.)
NARRADOR (às crianças) — Desejo contar-lhes hoje uma
história acerca de um Presente de Natal que não foi entregue.
É a história de um pobre menino que se chamava Geraldo.
Na cidade em que ele morava, era costume, em cada véspera
de Natal, as pessoas ricas fazerem uma farta distribuição de
brinquedos e de presentes vários às crianças pobres do
lugar. Havia uma árvore de Natal, muito enfeitada e
iluminada. Ao redor dela ficavam as crianças pobres, os
desprivilegiados. E que alegria aquela festa levava a cada
coração! As crianças ganhavam carrinhos, bolas, bonecas,
mobílias para as bonecas, joguinhos e muita coisa mais.
Quando o promotor da festa era um homem bastante
generoso, então havia também distribuição de dinheiro e de
roupas. Era uma festa para a criançada pobre!
Na véspera de Natal de nossa história, Geraldo foi até
aquele lugar também para receber o seu presentinho. Seu
nome estava na lista e ele esperava alguma coisa. Ele era
muito pobrezinho e ali estava esfarrapado, cheio de frio e de
fome. Seus claros olhos azuis estavam fixos naquela
maravilha, a árvore de Natal. Mas os pezinhos entorpecidos
mal podiam suportar o pouco peso daquele corpo fraquinho
e mal alimentado. Parecia que o seu nome era o último na
longa lista de meninos pobres... E ele esperava, ansioso...
Ali estivera também o menino Jorge, de sua idade. Roto e
enregelado pelo frio. Jorge disse aos companheiros:
— Não! Não ficarei mais aqui, para não morrer de frio.. .
Vou desistir.' Não posso suportar mais o frio e a fome. Se o
dirigente do programa mencionar o meu nome, qualquer um
de vocês (disse ele, dirigindo-se aos companheiros) apanhará
o meu quinhão e depois mo entregará. Mas não tenho muita
esperança de que alguém se lembre de mim...
E Jorge saiu.
Momentos depois o dirigente gritou:
—Geraldo Delamar! E logo em
seguida:
—Jorge Cristie!
Geraldo se aproximou do dirigente, apanhou, cheio de
alegria, o seu presentinho e exclamou:
— Se o senhor quiser, eu farei a entrega do presente do
Jorge. Ele já saiu, porque estava com muito frio.
O dirigente aceitou o oferecimento do Geraldo. Vejamos, a
seguir, o que aconteceu:
(Aparece no palco um menino de 12 anos, maltrapilho, com
dois embrulhos pequenos.)
GERALDO — Um para mim e outro para Jorge. Vejo que
são dois presentes pequenos. E eu que esperava pelo menos
ganhar um par de sapatos este ano... (Abre o embrulho e fica
estarrecido diante do que vê.)
Que.. . que é isto?... estarei sonhando? Tanto dinheiro
para mim? Será meu nome mesmo? (Examina o papel e o
cartãozinho.) Sim... meu nome está escrito aqui no
papelzinho: Geraldo Delamar. Será possível? (Cheio de
alegria:) Que realidade feliz! Pensar que nunca mais terei
fome! Não mais padecerei frio! Terei roupas e calçados! Oh!
sou rico! Isto significa uma nova vida para mim! Vou
estudar! Que felicidade! (Anda de um lado para outro.)
E este é o presente do Jorge. Mas não irei lá esta noite.
Sem dúvida, ele há de querer saber o que eu ganhei e ficará
bastante desapontado, vendo o seu presentinho. Ninguém
jamais ganhou tanto quanto eu. E pensar que alguém me
amou tanto, tanto para me dar este presente!
É... não irei hoje ver o Jorge. Não sei mesmo para que lado
ele se dirigiu. Não sei onde ele mora. Eu o procurarei
amanhã... outro dia qualquer. Sempre é tempo oportuno
para se ganhar um presente. Hoje eu vou alegrar-me com o
meu grande presente! Que alegria, gente. .. que alegria!.. .
(Sai alegre, esfregando as mãos de contentamento.)
NARRADOR — Os dias se passaram. A vida se tornou
bastante diferente para o menino Geraldo daquele dia em
diante. Já não parecia o mesmo. Andava bem arrumadinho e
bem alimentado. Estava estudando numa boa escola e um
Juiz de Menores cuidava do seu dinheiro. Tudo lhe era
proporcionado para que ele se tornasse um homem de bem.
Dois anos mais tarde, nós o encontramos na véspera de
Natal novamente.
(Um rapaz de 14 anos aparece no palco, representando
Geraldo, bem vestido e alegre.)
GERALDO — Há dois anos passados eu vivia torturado
com a incerteza sobre o meu futuro. Vivia pobre e cheio de
padecimentos. Um coração generoso veio em meu auxílio.
Deu-me o necessário para que eu me educasse e colocou
meu dinheiro nas mãos de um Advogado, para que nada me
faltasse. Há dois anos passados eu não tinha roupa como
esta. Bem me lembro daquela véspera de Natal em que fui,
cheio de fome e de frio, esperar um brinquedinho, uma roupa
ou um par de sapatos. Foi quando recebi a grande dádiva de
amor que me tem feito feliz. E lembro-me também de uma
coisa: naquele dia eu fiquei com o presente do menino Jorge.
Nunca aconteceu que eu pudesse encontrar o Jorge (tira do
bolso o pequenino embrulho). E pensar que tenho guardado
por tanto tempo este presente, sem ter tido curiosidade de
examiná-lo. Mas, para que me preocupar com o que ele
ganhou? Eu vivo tão contente com o meu grande presente!
Que me importa o presente de outros?
Na verdade este embrulho não mais parece um presente
de Natal. Se eu não estivesse tão ocupado agora, iria
procurar o Jorge. Mas ele não está mais pensando nisto...
Nem se lembra mais daquele dia...
Além disso, deve ser uma coisa sem valor: um lenço,
talvez. . . Mas de qualquer jeito eu preciso entregar. Para que
fui apanhar este presente?! É. . . eu esperarei até que seja
mais conveniente pensar nisto (Sai).
NARRADOR — Dois anos mais tarde. Geraldo é agora um
rapaz bonito e cheio de esperança. Tem 16 anos. Ainda não
procurou o companheiro Jorge.
(Um rapaz de 16 anos aparece no palco. Bem vestido e com
ares de importância.)
GERALDO — Outra véspera de Natal! Nunca posso me
esquecer da grande dádiva que recebi no dia de Natal! Que
presente maravilhoso! Mudou a minha sorte. Eu era pobre,
faminto, esfarrapado e passava frio. O mundo se tornou
outro para mim desde aquele dia. Tornei-me um novo
homem.
Mas a minha consciência me atormenta por causa de uma
coisa: o presente do Jorge. Ainda não o entreguei e parece
que quanto mais o tempo se passa, mas difícil se torna para
mim. Pobre Jorge!... Nem me lembro mais como ele é. Se eu o
encontrar, talvez não o reconheça. Espero, no entanto, que
ele esteja em melhores circunstâncias agora.
Eu acho que não devo estar tão triste assim por causa
deste presente. Não fiquei com ele para mim... Se não o
entreguei é porque não houve oportunidade. Além disso, se
ele tem vivido estes quatro anos sem esta lembrancinha,
viverá mais algum tempo, até que eu o encontre. E eu
preciso estar certo de que sou bom. Sou um bom crente. Vou
à igreja regularmente. Sou correto em meus deveres. Não
tenho a intenção de ficar com isto para mim. E isso se pode
provar pela minha atitude. Não abri o embrulho, nem por
curiosidade... É... algum dia eu farei a entrega deste
embrulhinho ao Jorge. Antes tarde do que nunca! (Entra no
palco um moço de mais ou menos 16 anos, triste e pensativo.)
GERALDO — Que houve com você, Basílio? Está tão
triste... Não está se lembrando de que hoje é véspera de
Natal?!
BASÍLIO — Sim, colega, estou muito triste. Você acertou.
Sou muito sensível e o quadro que há pouco presenciei
deixou--me deveras acabrunhado.
BASÍLIO — Um pobre moço, mais ou menos de nossa
idade, andrajoso e faminto, desfaleceu, caindo na rua. Deu
com a cabeça sobre uma pedra e morreu. Era noite, estava
escuro e ninguém viu. Seu corpo foi encontrado hoje cedo.
GERALDO — Que coisa terrível, Basílio! É de arrepiar os
cabelos! Se ele tivesse amigos que o socorressem não teria
chegado a esse estado. Você o conheceu? Sabe o seu nome?
BASÍLIO — As pessoas que estavam ao seu lado diziam
tratar-se de um tal Jorge... Jorge Cristie. Mas eu não o
conhecia. ..
GERALDO — Quê?! Você falou Jorge Cristie?!
BASÍLIO — Sim, foi o que falei... Mas, Geraldo, você está
se sentindo mal? Estou notando que você ficou tão pálido...
Você ficou diferente... Era seu conhecido, o Jorge Cristie?
GERALDO (falando com dificuldade) — Veja aqui, Basílio
(Tira do bolso o pequenino embrulho). Há quatro anos estou
carregando este embrulhinho para entregar ao Jorge. Jamais
pude encontrá-lo. Por favor, abra você o embrulho e veja o
que há...
(Basílio abre o embrulho e diz, respirando dificilmente:)
BAS1LIO — Geraldo, veja! Veja, Geraldo! Um cheque para
o pobre moço... Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros)!
Homem! Você estava com a vida para aquele rapaz! Alimento,
roupa, tudo ele poderia ter há tanto tempo, e você reteve a
sua felicidade. Oh! que pena que este presente nunca tivesse
chegado às mãos do pobre moço!...
(Geraldo curva a cabeça e sai do palco vagarosamente.
Basílio o acompanha com olhar de censura e aversão. Depois
se retira.)
NARRADOR (dirigindo-se ao auditório) — Antes que
acuseis Geraldo energicamente, deixai-me contar-vos outra
história. Isto que contei às crianças serviu apenas de
pretexto. Mas esta história que agora vos irei contar é
verdadeira.
Uma dádiva maravilhosa de Natal foi feita ao Mundo há
mais ou menos dois mil anos passados. Presente inigualável,
que tornou cada possuidor feliz e eternamente venturoso.
Nós também recebemos esse presente e com ele a
incumbência de distribuí-lo a todos, para que todos sejam
felizes. Muitos que jazem no lamaçal do pecado serão
desviados de uma vida indigna e cheia de infelicidade, como
resultado da preciosa dádiva de Deus na Pessoa do seu Filho
unigênito. É nosso dever tornar essa Dádiva conhecida de
todo o mundo, para que todos tenham a mais perfeita e
abundante vida.
Que tendes feito com essa Dádiva? Ela tem sido somente
vossa, ou a tendes distribuído? Sois indiferentes para com a
sorte dos outros, uma vez que sois felizes e salvos? Tendes
contribuído para Missões, a fim de que o nome de Cristo seja
proclamado a todo o Mundo? Vossa igreja está cooperando
no trabalho missionário? Não podeis dizer "Não sei!"
indiferentemente. Deveis saber, "sim". A Palavra de Deus diz
que, se não afastarmos do erro o pecador, se não desviarmos
o ímpio do seu caminho de impiedade, ele morrerá na sua
iniqüidade, "mas o seu sangue o demandarei da tua mão",
diz Deus.
Estejamos diante de Deus com uma consciência limpa e
pura neste Natal. Quantos estão se preocupando com
custosos presentes, e não se lembram de oferecer o presente
mais precioso! Quantos deixam de dar à igreja a mesma
importância que dão a presentes, que perecem! Contribuindo
para Missões e apresentando Jesus aos pecadores,
estaremos entregando a Dádiva que todos devem receber.
Devemos tão-somente obedecer ao mandamento de Cristo,
que disse:
"Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda
criatura", e assim seremos achados fiéis!
(Da Revista da União Intermediária )
OS MAGOS
(Por três meninos de 10 a 12 anos. Cada um traz uma faixa
com um dos seguintes nomes escritos: BELQUIOR, GASPAR e
BALTAZAR. Os três recitam, juntos, as duas estrofes a seguir:)
Alegres aqui estamos Para o Menino
adorar. Uma estrela que avistamos
Nos trouxe a este lugar.
Lá do Oriente viemos Nossa dádiva
trazer, E tudo, pois, o que temos
Queremos lhe oferecer.
BELQUIOR:
Só ouro é que poderia, Como símbolo
de riqueza, De poder, soberania,
Majestade e realeza,
Ao Rei dos reis ofertar; Isto que o
eterno Deus, Todo o tesouro dos
céus, À humanidade quis dar.
GASPAR:
Ao meu supremo Senhor, Em sincera
adoração, O incenso do meu louvor,
Sobre o altar do coração,
Hoje desejo queimar; Pois dos celestes
olores As almas dos pecadores Estão a
se impregnar.
BALTAZAR:
Como minha oferta olente, Para um culto
merecido, Fruto de uma fé ardente, Trago
mirra ao Deus-nascido;
O Bendito do Senhor, O Santo de Deus
ungido, Que veio, por seu amor, Salvar
o mundo perdido.
(Terminam cantando o hino 17 de Cânticos para Crianças .)
FESTEJANDO O NATAL DE JESUS
Arith Drummond Borges
(Ouve-se ao longe um grupo de crianças cantando:)
Viva o Natal! Viva o Natal! De Jesus, o
bom Senhor, Que veio a este mundo,
Ser o nosso Salvador. Viva o Natal de
Jesus! Viva o Natal de Jesus!
(Música do hino 30 do Cantor Cristão ) MARIO
(sentado, lendo, ergue a cabeça e fala:) —
Que ouço? Um canto angelical saudando o Natal de Jesus!
Ah! como. sou feliz!
No meu lar nunca se falou no Natal, ouço as crianças
dizerem, no Colégio, que os seus pais fazem festa, que elas
visitam os orfanatos, os asilos, que levam presentes... Como
gostaria de fazer parte de um grupo de crianças que fazem
todas essas coisas... (Passa um grupo de crianças cantando:
"Viva o Natal", etc. Mário, parado, contempla aquele grupo,
depois retrocede, chorando) — Ah! quanto desejo tenho de
fazer parte desse grupo de crianças, mas... sei que não me é
possível.. . (o grupo se aproxima de Mário e Roberto fala).
ROBERTO — Olá! Mário, que faz por aqui? Você hoje
também não vai à aula? Nós não vamos porque temos que
preparar os festejos do Natal. Queremos que ele seja bem
alegre este ano!
SILVIO (dirigindo-se a Roberto) — Vamos deixar de muita
conversa, "senhor" Roberto, daqui a pouco o Mário começa
a dizer a toda gente o que pretendemos fazer!
ÁLVARO — Oh! Sílvio, deixe de ser tão indelicado, você
não deve dizer isto do Mário!
ROBERTO (falando com severidade) — Sílvio, Mário é
muito meu amigo e, mesmo que o hão fosse, eu o trataria
como estou tratando. Você está esquecido do que
aprendemos há poucos domingos na Escola Bíblica
Dominical? Vou repetir alguns versos, e você se recordará:
"Amarás o teu próximo como a ti mesmo." "Amai-vos uns aos
outros como eu vos amei." "Amai os vossos inimigos, fazei
bem aos que vos maltratam."
ÁLVARO (interrompendo) — Imagine, ainda mais que nos
estamos preparando para celebrai' o aniversário daquele que
nos mandou fazer todas estas coisas! Nem sei como você
pôde esquecer tão belas lições, Sílvio!
MÁRIO (falando com ternura) — Não importa; sei que o
Sílvio fez isto impensadamente; ele tem bom coração!
SILVIO (abraçando Mário) — É verdade, Mário, você,
sempre bondoso;-apesar de não ter as oportunidades que
temos, demonstra boa educação e bons sentimentos!
ROBERTO (dirigindo-se a Mário) — Eu o vi aqui sozinho,
Mário, e vim convidá-lo para ir conosco até lá em casa,
ajudar-nos a preparar a árvore de Natal.
MÁRIO — Ah! Roberto, é muita honra para mim, eu sou
tão pobre e quase nada sei a respeito dos festejos de Natal,
nem mesmo sei direito a história do Natal! Sempre tive desejo
de saber, mas nunca achei quem ma pudesse contar...
ÁLVARO (aproximando-se de Roberto) — Desculpem-me
interrompê-los, Roberto, mas vou pedir-lhes licença para eu
e o Sílvio nos retirarmos. Vamos levar algumas coisas para
casa, enquanto você conversa com o Mário, está bem?
ROBERTO — Está bem, Álvaro, vocês vão na frente, daqui
a pouco eu irei com o Mário.
SÍLVIO (aproxima-se de Mário e bate-lhe levemente nas
costas) — Mário, desculpe a minha indelicadeza, aprendi
uma boa lição!
MÁRIO — Nada há a desculpar, Sílvio,
tudo já passou, somos agora bons
amigos!
SILVIO — Muito agradecido, Mário.
ÁLVARO E SÍLVIO (dirigindo-se para os dois companheiros)
— Então, até já. (Saem cantando:) Viva o Natal!
ROBERTO (viranáo-se para Mário) — É verdade, Mário, o
que você disse há pouco? Nunca ouviu contar a bela história
do Natal?
MÁRIO (com voz de choro) — Não, os meus pais não crêem
em Deus e, todas as vezes que lhes faço alguma pergunta
sobre o Natal de Jesus, só falta eles me baterem; dizem uma
porção de palavras feias e me prometem pancada se
souberem que eu pedi a alguém para contar-me alguma
coisa a respeito de Jesus.
ROBERTO — Pois bem, Mário, vou contar-lhe, em poucas
palavras, a encantadora história de Jesus. Há muitos e
muitos séculos passados, depois que Adão e Eva pecaram e
foram expulsos do Jardim do Éden, Deus prometeu mandar
alguém para levantar o homem daquela queda. Depois disso,
muitos homens, chamados profetas, profetizaram a vinda de
Jesus. Um deles foi o grande profeta Isaías. Vou repetir
algumas das suas palavras: "Porque um menino nos nasceu
e um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus
ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz!"
MÁRIO (interrompendo) — Quantos nomes, e cada qual
mais lindo do que o outro! Que coisa interessante!
ROBERTO — Ele ainda tem outros nomes tantos, mas isto
depois você aprenderá. Vou continuar a história porque
temos que trabalhar muito ainda hoje. Para encurtar: muito
tempo se passou depois daquelas profecias. E lá, num belo
dia, na humilde manjedoura de Belém, entre as palhas frias,
veio a Criança Salvadora da humanidade. Era noite. Toda a
cidade de Belém estava em completo silêncio! Os pastores
nos campos dormitavam, enquanto guardavam os seus
rebanhos. De súbito foram despertados por uma forte luz e
por um cântico celestial entoado pelos anjos: "Glória a Deus
nas alturas, paz na terra e boa vontade para com os
homens." Os pastores ficaram mui atemorizados com aquela
linda visão. Então o anjo do Senhor chegou perto deles e
disse: "Não precisam ter medo; porque eu venho trazer-lhes
uma nova que igual jamais vocês ouviram. Hoje na pequena
cidade de Belém nasceu Jesus Cristo, o Salvador da
humanidade." Então o anjo ensinou-lhes como irem a Belém.
Os pastores, pressurosos, partiram em direção ao lugar
indicado pelo anjo e, lá" chegando, viram que realmente
Jesus houvera nascido. Quanta alegria sentiram nos seus
corações quando ajoelharam-se aos pés de Jesus para adorá-
lo! Voltaram então para o campo cheios de esperança porque
o Salvador já havia nascido.
MÁRIO — Mas Jesus foi Salvador só do povo daquele
tempo, Roberto?
ROBERTO — Não, Mário, ouça este verso das Sagradas
Escrituras: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna"! Todos nós estamos
incluídos na palavra "Mundo". Jesus morreu para salvar
"todo aquele que nele crê", portanto, todos os que crêem em
Jesus serão salvos.
MÁRIO — Ora, veja, como é que os meus pais nada falam
desse Jesus?...
i
ROBERTO — E a história dele não parou por aqui, Mário.
Jesus cresceu, foi batizado no rio Jordão com 30 anos de
idade; três anos ele andou pela Palestina, fazendo o bem:
pregando, curando os enfermos do corpo é do espírito,
ressuscitando os mortos, ensinando, etc. Depois foi traído
por Judas e crucificado pelos seus inimigos. Lá sobre a cruz,
Jesus levou todos os nossos pecados. Quem deveria sofrer na
cruz éramos nós, mas Jesus tomou sobre si todas as nossas
culpas e hoje, para salvar--nos, basta apenas aceitá-lo como
nosso Salvador.
MÁRIO — Você já o aceitou, Roberto?
ROBERTO — Sim, Mário, já! Há dois anos que conheci
esta bela história. Amei muito a este meu Salvador e, cada
vez que conto a sua história, amo-o ainda mais! Todos nós
devemos amá-lo de todo o nosso coração.
MÁRIO — Mas, Roberto, fico pensando, se eu amar este
Salvador, os meus pais me abandonarão...
ROBERTO — Oh! Mário! Jesus disse que se alguém amar
o pai ou a mãe mais do que a ele não é digno dele. Quem
sabe se você, seguindo a Jesus, não poderá levar os seus
pais a amá-lo também?
MÁRIO — É verdade, Roberto, quem sabe se eu, aceitando
este Jesus, poderei tornar o meu lar feliz?
ROBERTO — Mário, foi assim que o meu lar se tornou
feliz. Eu conheci Jesus e levei meus pais a conhecê-lo
também.
Vou dizer-lhe uma coisa: Amanhã você celebrará o Natal
comigo, mas tenho a certeza de que para o ano, o Natal que
vem, você o celebrará em sua própria casa. Vamos trabalhar
para levar os seus queridos pais a conhecerem Jesus e a
aceitá-lo como Salvador !
MÁRIO — Que doce esperança, Roberto! Bendito Natal de
Jesus! Só assim eu o pude conhecer e receber inspiração e
coragem para fazer outros conhecê-lo também!
ROBERTO — Bem, Mário, agora, mãos à obra! Sempre
confiantes em Jesus, venceremos todas as dificuldades e
conseguiremos vitórias que aos nossos olhos parecem
inatingíveis! Vamos sair depressa porque Sílvio e Álvaro já
devem estar cansados de nos esperar!
A GRANDE PROMESSA DE DEUS
(Duas meninas entram, trazendo suas Bíblias.)
MARLENE — Que dia bonito É esse do Natal! Por toda parte
ouvem-se risos e cânticos! Não há pessoa que deixe de
pensar e sentir a beleza desse dia!
Todos os anos é assim: ao simples som da música do
"Noite Silenciosa" transporto-me, em pensamento, às
regiÓes da Palestina, onde nasceu Jesus!
CARMEM — Eu também, como você, sinto o encanto do
Natal! Há, entretanto, uma coisa que eu gostaria de saber.
Dizem que o nascimento de Jesus estava prometido há
muitos séculos antes, já nos tempos de Abraão. Como
podia ser isso possível? Haveria quem acreditasse em tal
coisa?
MARLENE — Sim, Carmem. Muita gente, desde Abraão,
acreditava na vinda do Messias e o esperava
ansiosamente.
Lá em casa, papai nos falou a esse respeito e tenho
marcadas, em minha Bíblia, muitas passagens referentes
a essa grandiosa promessa de Deus.
CARMEM — Mostre-mas, então, pois muito desejo conhecer
os antecedentes desse fato extraordinário que até hoje
abala o mundo.
MARLENE — Bem, comecemos em Gênesis. .. Imaginemo-
nos nas distantes paragens de Ur da Caldéia. .. Lá
encontramos. ..
(Entra Abraão, vestido à moda do seu tempo. Fala:)
— Eu sou Abraão. Hoje, saio de minha casa, da minha
terra, abandono a minha parentela, para uma terra que o
Senhor me há de mostrar. Ainda ouço as palavras de sua
promessa: "Sai-te da tua terra e da tua parentela, e da casa
de teu pai, para uma terra que eu te mostrarei. E far-te-ei
uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu
nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te
abençoarem, e em ti serão benditas todas as famílias da
terra" (Gên. 12:1-3). (Sai.)
MARLENE — Em Deuteronômio vemos: (Entra
Moisés. Fala:)
—Há 40 anos tenho guiado o povo de Israel, os filhos de
nosso pai Abraão, através de desertos, em direção à
Canaã. Como tem sido grande a misericórdia do Senhor
para conosco! Seu braço forte tem estado com todo o meu
povo desde o Egito, pois desse povo há de vir o Grande
Profeta. Foi o Senhor mesmo quem disse: "O Senhor teu
Deus te despertará um profeta do meio de ti, de teus
irmãos, como eu; a ele ouvireis" (Deut. 18:15). O Senhor
cumprirá a promessa, pois "a porção do Senhor é o seu
povo; Jacó é a corda da sua herança" (Deut. 32:9).
MARLENE — Ouça, Carmem, o que diz Josué: (Entra
Josué. Fala:)
—"Desta sorte deu o Senhor a Israel toda a terra que
jurara dar a seus pais; e a possuíram e habitaram nela.
Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o
Senhor falara à casa de Israel; tudo se cumpriu" (Josué
21:48 e 45).
CARMEM — Que maravilha! Somente agora começo a
compreender certas coisas que eu não entendia, assim
como a chamada Fé dos Santos. Continue, Marlene.
MARLENE — Em Rute encontramos: (Entra
Rute e diz:)
—Sou Rute, a Moabita. Meu coração se rejubila, pois
hoje fui aceita por Boaz para ser sua mulher. Ainda soam
aos meus ouvidos a voz do povo e dos anciãos, que diziam:
"Somos testemunhas. O Senhor faça a esta mulher, que
entra em tua casa, como a Raquel e como a Leia, que
ambas edificaram a casa de Israel; e tu, Boaz há-te já
valorosamente em Efrate, e, faze-te nome afamado em
Belém" (Rute 4:11). (Sai.)
MARLENE — À Rute nasceu Obede, que foi avô de Davi. De
Abraão a Davi são 14 gerações. De Davi até o cativeiro de
Babilônia são mais 14 gerações, no decurso das quais
aparecem, anunciando o nascimento de Jesus, muitos
profetas.
(Entra Isaías, que diz:)
—Eu sou aquele cujos lábios foram queimados pela
brasa viva do Senhor e chamado para ser seu profeta.
Ouvi, ó povos, a mensagem celeste: "Portanto, o mesmo
Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá
e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel" (Isaías
7:14). (Sai.)
(Entra Miquéias e diz:)
—Miquéias é o meu nome. Mensageiro de Jeová, nosso
Deus, convido-vos a ouvir o que é dito a Belém: "E tu,
Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá,
de ti me sairá o que será Senhor em Israel e cujas saídas
são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
E ele permanecerá, e apascentará o povo na força do
Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e
eles permanecerão, porque agora será ele engrandecido
até os fins da terra" (Miquéias 5:2 e 4). (Sai.)
MARLENE — Leia, Carmem, o que nos fala Amos, no
capítulo 9, versículo 11.
CARMEM — (Abre a Bíblia e lê.)
MARLENE — E, depois do Cativeiro de Babilônia até Jesus,
mais 14 gerações se passaram, e, um dia, Maria, a virgem de
Israel desposada com José, que pertencia à geração de Davi,
é avisada de que seria a mãe do Salvador do mundo, o
Messias esperado há tantos anos! É mesmo noite bela:
(Entram pastores, que logo se assentam no chão. Logo depois
entram anjos, que cantam:)
"Nasce Jesus, fonte de luz, Oh! glória a Deus
nas alturas! Paz na terra aos homens, A quem
quer Ele bem!" (Os anjos saem.)
(Os pastores cantam a segunda estrofe do hino "Noite
Silenciosa" e saem.) (Entram os reis magos.)
1o Rei — "Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?
porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo"
(Mat. 2:2).
Herodes — Que os traz aqui? Onde deve nascer o Cristo que
procuram?
2o Rei — "Em Belém da Judéia; porque assim está escrito
pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum
és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o
Guia que há de apascentar o meu povo de Israel" (Mat.
2:6).
3o Rei — Trouxemos-lhe presentes e vamos adorá-lo. (Saem
todos.)
(Outra cena — José e Maria em torno de uma
manjedoura. Entram pastores e se ajoelham; em seguida,
os relê magos fazem o mesmo, depois de depositarem
presentes perto da manjedoura.)
(Cantam o hino 27 do Cantor Cristão .)
CARMEM — Obrigada, Marlene, você me esclareceu
satisfatoriamente. Hei de sempre me recordar dessa noite,
das muitas coisas aprendidas. Percebo agora com clareza
o cumprimento da Grande Promessa de Deus: o
Nascimento de Cristo Jesus, nosso Salvador.
(Saem todos e, por último, Marlene e Carmem.)
OBSERVAÇÃO — Todos os personagens devem vir
vestidos, tanto quanto possível, com trajes semelhantes aos
usados pelos representados.
(De Cruz de Malta )
AS BELEMITAS
Cinco meninas vestidas à oriental, se possível, carregando
cada uma um cântaro (Fig. 5, pág. 27 de Trabalhos Manuais ).
No palco deve haver algo que se assemelhe a um poço (Fig.
232, pág. 55 do mesmo livro). Enquanto o órgão toca o hino 28
do Cantor Cristão , duas meninas entram e, percebendo a
música, põem os cântaros no chão e, logo que o órgão pára,
falam.
1a BELEMITA — Você já reparou que rebuliço vai lá por
Belém? A vovó disse que nunca viu a cidade tão cheia. É
tanta cara desconhecida! Para que tudo isto? Será que vai
haver festa?
2a BEL. — Você não sabe?! O imperador mandou que
todos se alistassem, e cada um em sua própria cidade. E
assim todos os belemitas voltam a Belém a fim de obedecer à
palavra do imperador.
1a BEL. — Mas é um horror! Não há mais lugar para
ninguém. As hospedarias estão cheias. As casas de família já
não têm lugar para abrigar o povo. Tomara já se passarem
estes dias e voltarmos ao sossego da nossa calma Belém.
3a BEL. (chegando) — Oh! vocês vieram primeiro do que
eu, hein?! Mas lhes conto por que me atrasei. Quando saía
de casa, passava um casal ainda à procura de hospedagem.
Ela, moça e bonita. Ele, já um tanto envelhecido. Tive tanta
pena deles! Não acham lugar onde pousar. Diz-se que se
hospedaram numa estrebaria. Se lá em casa não estivesse
tão cheio!...
1a BEL. — Pois é. Agora mesmo estávamos comentando,
isto. Nunca se viu tanta gente assim em Belém. É um
burburinho, uma barulhada! Tomara que esse povo já vá
embora.
3a BEL. — Ah! pois eu gosto desta agitação! A vida 681
Belém tem sido calma demais. Queria que houvesse lugar
para abrigar todos que vieram, para aquele pobre casal não
ter de ficar numa estrebaria. Como tenho pensado neles!
2a BEL. — Eu também gosto. Há mais alegria. E se
encontram pessoas tão boas. Esse casal de quem você fala
está hospedado naquela estrebaria perto de sua casa?
3a BEL. — Está, sim. Coitados!
2a BEL. — Vamos visitá-los?
3a BEL. — Vamos, sim. Eles parecem ser tão bons! Ela
tem um par de olhos meigos e um sorriso tão puro! Parece
uma pessoa muito boa.
1a BEL. — Eu também quero ir com vocês, posso?
2a BEL. — Pode, sim. Mas vamos embora, que está
ficando tarde, e os pastores não tardam para dar de beber
aos rebanhos.
(Saem. Fora, cantam a terceira estrofe do hino 28. Após o
cântico, aparecem as belemitas bem contentes.)
1a BEL. — Que! Sou a primeira a chegar hoje? Onde estão
as minhas companheiras?
4a BEL. (entrando) — Olá, como vai? Há quanto tempo
não nos vemos! Onde tem andado? E as outras, já se foram?
1a BEL. — É verdade! Eu vou bem. Mas você é quem anda
sumida. Da última vez que aqui estivemos, você não veio.
2a e 3a BEL. (entrando apressadas e procurando encher os
cântaros) — Oh! vocês ainda por aqui?!
4a BEL. — É verdade! E sentindo falta de vocês. Por que
estão assim tão apressadas?
3a BEL. — Então vocês não sabem? Ainda não ouviram
falar do menino que nasceu na manjedoura?!
1a BEL. — Ora, e você está assim tão impressionada com
um acontecimento tão sem importância?
2a BEL. — Sem importância? É porque você não ouviu o
que os pastores contaram, minha amiga. Esse menino é o
Filho de Deus, aquele de quem os profetas falaram. É
chegado o tempo!
1a BEL. (com interesse) — Que foi?! Que foi que os
pastores disseram? Que contaram eles?
2a BEL. — Os pastores disseram que, enquanto
guardavam os rebanhos durante as vigílias da noite,
apareceu "o anjo do
Senhor, que veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou
de resplendor e tiveram grande temor. Mas o anjo lhes disse:
Não temais, porque aqui vos trago novas de grande alegria,
que será para todo o povo. Pois na cidade de Davi, vos
nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será
por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado
numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o
anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus,
e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa
vontade para com os homens."
1a BEL. — Que coisa interessante! Em Belém vir nascer o
Filho de Deus?
2a BEL. — Não é de admirar; cumpre-se a profecia: "E tu,
Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá,
de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas
são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade."
4a BEL. — E depois, que fizeram os pastores?
3a BEL. — "E aconteceu que, ausentando-se deles os
anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros:
Vamos, pois, até Belém e vejamos isso que aconteceu e que o
Senhor nos fez saber. E foram apressadamente e acharam
Maria, José e o menino deitado na manjedoura." E a estrela?!
Dizem que no céu refulgiu uma estrela, cujo brilho jamais foi
visto tão intenso e lindo! Jesus nasceu! Agora haverá paz no
coração da humanidade!
1a BEL. — E vocês já viram o menino?
2a BEL. — Vimos, sim. Fomos até lá e encontramos a
criancinha enrolada em panos e deitada na manjedoura. Nós
a adoramos! Como somos felizes!
5a BEL. (entra cantarolando "Nasceu Jesus!) — Oh!
amigas, como folgo encontrá-las ainda aqui! Estarão tão
felizes e alegres quanto eu? Se vissem o que acabo de ver!. ..
1a BEL. — Que foi? Que foi?
3a BEL. — O menino da manjedoura?
5a BEL. — Foi, sim!
2a e 3a BEL. — Nós o vimos também!
5a BEL. — E os sábios?
AS QUATRO — Os sábios?
5a BEL. — Sim, os sábios que vieram do Oriente adorar o
menino. Que vestimenta bonita trajavam eles! Disseram que
há muito esperavam o cumprimento da profecia e assim que
viram a estrela vieram adorar o Filho de Deus. Ajoelharam-se
e ofereceram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra.
1a BEL. — E ainda estão aí?
4a BEL. — Mas, que significa dar ao menino nascido,
ouro, incenso e mirra?
5a BEL. — Dizem que o ouro é símbolo do poder e o
reconhecimento de que é verdadeiramente o Filho de Deus, o
Rei Todo-poderoso. E a profecia dando os nomes o indica:
"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o
principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será:
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz." Ofereceram o incenso porque o
reconheceram como Deus, pois assim é que o honram, ao
Senhor, conforme o próprio Deus ordenou: "Quando alguma
pessoa oferecer ofertas de manjares ao Senhor, a sua oferta
será de flor de farinha e nela deitará azeite e porá o incenso
sobre ela. E trará aos sacerdotes, um dos quais tomará dela
um punhado de flor de farinha, e do seu azeite, com todo o
seu incenso; e o sacerdote queimará este memorial sobre o
altar; oferta queimada e de cheiro suave ao Senhor." E a
mirra, como reconhecendo nele o Homem que há de morrer
para salvar a humanidade. "Ele foi ferido pelas nossas
transgressões, e moído pelos nossos pecados; o castigo que
nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados... E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com
o rico na sua morte."
Como somos felizes! "E o seu nome será Jesus, porque ele
salvará o seu povo dos seus pecados." Que felicidade!
5a e 3a BEL. — Vamos vê-lo?
5a BEL. — Vamos, sim, vamos adorá-lo!
4* BEL. — Vamos adorar Jesus, nosso Salvador!
2* BEL. — Vamos dar-lhe, neste dia, a nossa vida, o nosso
amor!
TODAS — Vamos depressa!
(Apanham os cântaros e saem apressadamente. Fora,
cantam a segunda estrofe e o coro do hino 28.)
(Da Revista de Senhoras e Moças Batistas )
A ESTRELA DO NATAL
Arith Drummonã Borges
(Para 5 crianças. Pode-se usar uma grande estrela com as
palavras nas pontas ou cada um pode trazer uma estrela,
com "Amor ao Próximo", etc., escrito em uma ponta da
estrela.)
TODOS: Sabiamente alguém disse que a estrela do Natal
tem cinco pontas (cada criança dá então seu nome): "Amor a
Deus", "Amor ao Próximo", "Cuidado", "Renúncia Própria" e
"Prazer".
1. AMOR A DEUS — Disse Jesus: "Este é o primeiro e
grande mandamento: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças,
e de todo o teu entendimento." Deus é amor e quer que o
amemos também. Ofertando-nos Deus o seu Filho, provou a
grandiosidade do seu amor para conosco e para com a
humanidade. Tal amor exige uma retribuição de nossa parte
como prova de nossa gratidão. Das dádivas que os homens
sábios levaram a Jesus, o ouro e a mirra simbolizam nossas
possessões e renúncia e o incenso sugere nossas orações,
que são a base da nossa comunhão com Deus. Isto resulta
do nosso amor ao grande Criador, Deus--Pai, a quem Jesus
revelou. O espírito do Natal em nossos corações estimula-nos
a amar grande e profundamente ao nosso Deus.
Amor dos amores vindo no Natal,
Amor divino, que anjos e estrelas deram sinal.
Louvemos a Deus, amor encarnado, amor sem igual, Na
pessoa de Cristo, o único Filho do Deus eternal.
O amor de Deus é sem fim, que foi provado na cruz; Amou
a ti e a mim, sacrificando Jesus.
2.AMOR AO PRÓXIMO — "E o segundo mandamento,
semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo." Se não amamos o nosso semelhante que conosco
convive e que está em toda parte do mundo, tanto menos a
Deus, que não vemos. Se dissermos que amamos a Deus e o
nosso próximo sem que este amor seja concretizado em
ações, dificilmente será crido que o amor de Deus habita em
nossos corações.
3.CUIDADO — Cuidado é a terceira ponta da estrela,
porque, quando amamos uma pessoa, cuidamos do seu
bem-estar e conforto. Conhecemos uma história de duas
crianças que amavam sua mãe. Uma dizia muitas vezes:
"Eu amo a mamãe", porém ficava brincando quando ela a
chamava, fazia muito barulho, esquecia-se de limpar os
pés quando entrava em casa e negligenciava todas as
pequeninas coisas. A outra, que não fazia propaganda do
seu amor, estava sempre ocupada, pensando na maneira
como agradar a mãe, fazia o que estava ao seu alcance
para ajudá-la. Fazia tudo para concretizar esta expressão
"eu te amo". Cuidado pelo nosso próximo é um hábito tal
como polidez e faz-nos estimados por todos. Começando
com este Natal, experimentemos ser atenciosos e
cuidadosos para com o nosso semelhante que convive
conosco e que habita este grande mundo.
4.RENUNCIA PRÓPRIA — Cuidado é uma grande
realidade cristã, que traz diante de nós os nossos
semelhantes de outras terras de toda espécie e condições
e move-nos a renunciar-nos por eles. A coisa de que eles
mais necessitam é de Jesus Cristo. Há muitos que
desconhecem o valor do Natal. Nós, que sabemos que
Cristo morreu por todos e que veio achar os perdidos,
devemos levar-lhes esta mensagem, embora tenhamos que
nos sacrificar. Então, todos poderão amá-lo e servi-lo,
reconhecendo assim o valor do Natal.
5.PRAZER — "Ao avistarem a estrela, ficaram
extremamente jubilosos." Quando a estrela brilha
realmente em nosso coração, sentimos em nós um grande
gozo. Cristo é o único que promete dar-nos gozo e é o
único que realmente pode fazê-lo. Certa vez disseram que
Buda sorriu e que pela radiosidade do seu sorriso o
mundo foi iluminado. Mas alguém disse: "Isto não é real."
E a luz passou. Cristo, porém, nosso Mestre querido,
disse: "Eu vim para que o vosso gozo seja completo." A
religião cristã faz com que a criatura cante como fez Davi
nos Salmos. O Novo Testamento começa com o alegre
cântico dos anjos no tempo do primeiro Natal. A nota de
gozo soou clara e forte através de suas páginas até a
conclusão, que é um cântico de gozo e de prazer entoado
por aquele que devotou seu amor a Jesus — João — que
escreveu o precioso livro da Revelação. O gozo do Natal é
nossa herança porque somos filhos de Deus através de
Jesus Cristo. Repartamos esta gloriosa herança com os
nossos semelhantes, a fim de fazê-los felizes também.
A VIDA DE CRISTO
Reli Menegále
(As partes recitadas por diversas crianças podem ser
acompanhadas de hinos e passagens bíblicas
apropriadas.)
NASCIMENTO Os humildes zagais sobre a
montanha dormem. Na calma noite
constelada, a lua de alva luz a terra banha.
Nem um rumor, nem um cicio, nada.
O armento que de dia os acompanha, manso,
repousa à espera da alvorada. Mas, a uma luz,
a uma harmonia estranha, ergue-se a pobre
gente alvoroçada.
São os anjos, são arcanjos clarinando, são
serafins e querubins cantando, cercados de
divina claridade,
horda que aos pegureiros anuncia ter, na
simpleza de uma estrebaria, nascido o
Redentor da humanidade.
MENINICE
A casa humilde em que Jesus crescia era como,
na terra, um céu pequeno: que paz, que
santidade, que harmonia, e quanto amor
naquele lar ameno!
A sem mácula, a dúlcida Maria, José, varão
temente, homem sereno, eram os pais, a
santa companhia desse filho modelo — o
Nazareno.
E essa criança, que, ao nascer, primeiro por um coro de
arcanjos foi saudada, era na terra um simples carpinteiro,
viu o lume faltar para o candeeiro. Pobres! Se
alguma vez essa morada da luz do céu foi sempre
iluminada!
NO TEMPLO
Páscoa. A Jerusalém, que está festiva, como é
costume, vai, de Nazaré, no santo ardor da sua
crença viva, a família exemplar de São José.
Mas, de regresso, quando a comitiva já tinha andado um dia
inteiro a pé, é que os pais do menino — ânsia aflitiva! — da
estranha ausência de Jesus dão fé.
Voltam atrás, buscam-no inutilmente pela cidade,
pelos arredores, indagando por ele a toda gente,
quando ao fim de três dias o vão ver no templo, a
conversar entre doutores maravilhados pelo seu
saber.
O BATISMO
Clama o profeta. O seu clamor — como uma trompa, qual
um trovão, e no deserto é visto — ao batismo a chamar —
como uma tromba que ao deserto varresse, de imprevisto.
E na água do Jordão, que foge e tomba, também Jesus desce
ao batismo. Nisto, o Espírito de Deus, mudado em pomba,
baixa da altura e paira sobre Cristo.
E, recebendo o selo da Aliança,
na linfa do Jordão, sagrada e mansa,
o Cordeiro de Deus foi batizado.
Os céus se rasgam, e uma voz celeste ouve-se assim,
rompendo as nuvens: "Este é o meu Filho dileto, em quem
me agrado."
A TENTAÇÃO
Depois do seu batismo, ele se faz, levado pelo
Espírito ao deserto,
onde haveria de vencer, por certo, as grandes
tentações de Satanás.
Ao cabo do jejum mais pertinaz,
eis que o demônio se lhe chega perto:
— Se tu és Pilho de Deus, babuja, esperto, faze pão destas
pedras, se és capaz.
Mas o Senhor, na fé que o fortifica, na indignação que no seu
peito lavra, no indomável calor dos lábios seus:
— Nem só do pão material — replica — o homem vivera, mas
da palavra
que sai da boca patriarcal de Deus.
Foge Satã... Jesus sai triunfante! Então, para o servir, no
mesmo instante, descem anjos, cantando do infinito...
COM NICODEMOS
Como a serpente ao cimo de uma vara Com que Moisés ao
povo israelita salvou do seu castigo, quando, em grita, em
caminho de Edom se rebelara,
de bondade insondável e infinita, Jeová nos deu Jesus, seu
Filho, para nos resgatar da maldição amara em que o mundo
entre dúvidas se agita.
Amor inimitável e profundo! Sacrifício de Pai, bênção
paterna! Pois Deus amou de tal maneira o mundo,
que o seu Filho lhe deu, para que aquele
que nele crê e que confia nele,
não pereça, mas tenha a vida eterna.
O MINISTÉRIO
Finalmente raiou a aurora fiava da humana redenção
daquele dia, dia glorioso, em que Jesus saía, porque a
missão celeste começava.
Que inumerável multidão seguia os passos do Cordeiro, dele
escrava, pelos prodígios que ele realizava, pelo doce condão
do que dizia!
Ia Jesus, o Mestre, o taumaturgo, de cidade em cidade,
burgo em burgo, espalhando o perdão, a graça, a paz.
E a sua voz se ouvia a todo instante, às vezes, como um
látego cortante, às vezes, como um ósculo fugaz.
COM AS CRIANÇAS
Deixai vir a mim os pequeninos, porquanto o céu é deles,
exclamava. E um bando garrulante de meninos a Jesus
Cristo dúlcido cercava.
Este, de escuros olhos, cristalinos olhos aquele, trança negra
ou fiava, face rósea ou morena, purpurinos lábios, este
sorria, outro chorava...
Naquela tarde lírica de rosas, Jesus entre as crianças
rumorosas, ah! parecia uma árvore que o bando
dos passarinhos busca pelos ares,
e onde eles, aos clarões crepusculares,
entre os ramos em flor ficam cantando!
A MORTE
"Este é o Rei dos Judeus." E, ensangüentado os pés e as
mãos, ebúrneas mãos e a testa, a que o céu longe áurea
coroa empresta, Cristo prova os seus últimos bocados.
Junto da cruz, repartem-se os soldados suas vestes e a
túnica, e sobre esta, que entre os santos despojos ainda
resta, lançam sorte em vozeios e altos brados.
A taça espumejante em mesas fartas, entrecruzando e
levantando as cartas, debaixo do clarão de dúbia luz.
Sem que o sangue do mártir lhes importe, ainda agora
homens há lançando à sorte a túnica escarlata de Jesus.
RESSURREIÇÃO
Maria, a terna irmã do Nazareno, estava, enquanto
suportava o bando das saudades, como íntimo
veneno, junto à entrada do túmulo, chorando.
E, em torno, em vão lançava os olhos, quando, circundados
de um nimbo extraterreno, alvos, dois anjos surgem,
perguntando:
— Por que choras, mulher? A um meigo aceno,
levanta-se Maria e lhes responde:
— Levaram-me o Senhor, inutilmente procuro-o, que o
puseram não sei onde.
E vai voltar, de novo, ao pranto. Nisto, numa auréola de luz
auresplendente, aparece, sorrindo, Jesus Cristo.
ASCENSÃO
A pedra do sepulcro se descerra, porque Jesus rompe a
cadeia forte — para ele fragílima — da morte, essa visão que
à humanidade aterra;
Anda o Senhor de novo sobre a terra;
a sua alma ainda é a mesma, e o mesmo o porte;
e, para que os instrua e que os conforte,
aos apóstolos fala e entre eles erra.
E depois de abençoá-los, em Betânia, enquanto eles o
adoram, subitânea, triunfalmente ala-se para os céus.
E habita no seu reino e moradia
— lá de onde veio e há de voltar um dia — sentado à destra
paternal de Deus.
SUA VOLTA
Ó Juiz dos juizes, o vindouro dia do julgamento será
quando? Quando virás, dos altos céus baixando, entre anjos
a soprar as trompas de ouro?
Para o teu reino hão de subir cantando, aos arpejos das
cítaras, em coro, os que te foram fiéis. E os maus, em choro,
eternamente ficarão penando.
Naquele dia, claridades puras
hão de rasgar as nuvens nas alturas...
na terra se abrirá cada jazigo.
Ah! quero ver, Senhor Jesus, minha alma em oblação, qual
uma verde palma, na romaria dos que vão contigo!
(Versos tirados do livro O Suave Poema .)
ESCOLHAS DO NATAL
Arith Drummond Borges
MOÇA — Digam-me, queridas crianças, se vocês
residissem na decantada cidade de Belém no tempo em que o
Salvador deixou o seu lar celestial e veio à terra, qual a parte
que gostariam de ter tomado na gloriosa recepção, quando a
brilhante estrela e o cântico das hostes angélicas
proclamaram o nascimento do Rei?
TRÊS MENINOS — Gostaríamos de ter sido os homens
sábios que vieram, de terras distantes ao lugar onde Jesus
estava, guiados por uma resplandecente estrela. Hoje,
porém, não temos necessidade de irmos a tão grande
distância como os homens sábios foram a fim de encontrar o
lugar onde Jesus mora, porque ele vive em nossos corações.
MENINA — Eu gostaria de ter sido a brilhante estrela, tão
pura e resplandecente, que mostrou aos homens sábios o
caminho que os levaria a Jesus naquela primeira noite de
Natal, porém posso ser agora uma brilhante estrela que
conduza outros aos pés de Jesus, se eu o amar e orar
diariamente ao Pai Celestial, pedindo-lhe que conserve a
minha luz cada vez mais radiante.
OUTRA MENINA — Eu gostaria de fazer coro àquele grupo
que pôde visitar a manjedoura e ofertar, à Bela Criança,
ouro, incenso e mirra, porém posso visitá-lo diariamente e
fazer-lhe uma oferta melhor do que todos os tesouros —
posso ofertar-lhe o meu jovem e leal coração.
ALGUNS MENINOS — Gostaríamos de ter sido os pastores
que foram despertados com o resplendor do céu e com o coro
angelical que lhes anunciou: "Hoje vos nasceu o Salvador!"
Porém agora podemos clamar em altas vozes, enchendo toda
a terra com a sublime mensagem que os pastores ouviram há
séculos e séculos.
MENINO — Eu gostaria de ter sido, naquela deslumbrante
noite, um fiel pastorzinho, para ouvir, enquanto vigiava as
ovelhas, as canções alegres do coro angelical, porém, se hoje
eu for um menino fiel e procurar trazer as ovelhas ao redil do
grande Pastor, ouvirei, em meu coração, os anjos cantarem
um cântico que jamais poderei esquecer!
TODAS AS CRIANÇAS — Gostaríamos de fazer parte das
hostes celestiais que cantaram naquela noite: "Glória a Deus
nas alturas, paz e boa vontade na terra!" Mas hoje nós
podemos cantar os mesmos e alegres cânticos em coro, tão
alto e claro que a nota sublime da vinda do maravilhoso
Salvador ecoe através de todo o mundo!
DIÁLOGO DAS PASTORAS
Jonathas Braga (Podem ser usados
trajes característicos.)
A PRIMEIRA
É mesmo certo que foi neste dia
que, numa pobre e humilde estrebaria,
nasceu o prometido Rei da Glória,
cujo nome é grandioso em toda a História?
A SEGUNDA
Falas-me, com certeza, do Messias predito desde
as velhas profecias...
A PRIMEIRA Sim, de Jesus...
A SEGUNDA
As tradições antigas
nos falam desse nome sem intrigas;
a própria História no-lo aponta, os velhos
gostam de repeti-lo, e os Evangelhos,
que são as inspiradas Escrituras,
e o código de todas as criaturas,
nos contam muitas coisas a respeito
desse que era divino, ente perfeito.
A PRIMEIRA
Mas todos esses velhos manuscritos devem conter
também lendas e mitos,
como outrora os da Grécia e os da Caldéia, como os de Roma
e mesmo os da Judéia. Menciona a História tradições e
lendas, alegorias, contos e legendas, e, sob mil hipóteses,
julgamos muita coisa que nunca contemplamos.
A SEGUNDA
Pode ser mito o tribunal de Eleusis, podem ser mitos
gnomos, reis e deuses, que enchem toda a pagã literatura,
mas é verdade tudo que a Escritura nos revela a propósito de
Cristo, o homem perfeito, o Salvador previsto, desde os
tempos remotos dos profetas, dos patriarcas, dos juizes e dos
poetas! Prometeu-no-lo Deus quando, em pecado, Adão, no
Éden, havia-se abismado. Porque disse o Senhor: "Tu,
mulher, hás de esmagar o crânio da serpente, e de ti se
levantará, no mundo, Salvador altíssimo, profundo."
A PRIMEIRA E se cumpriu à risca a profecia?
A SEGUNDA A Palavra de Deus não falha.
A PRIMEIRA
Então, fala-me um pouco acerca disto, desse perfeito e
poderoso Cristo, pois quero conhecê-lo, a fim de amá-lo e
saber o que fez, para adorá-lo!
A SEGUNDA
Foi no tempo em que Augusto dominava
sobre Roma. Esse império se alongava
até a Palestina e pelo Oriente,
levando-lhes a fama do Ocidente.
O mundo estava em paz, e o soberano,
vendo fechados os portões do Jano,
um censo decretara certo dia,
para saber o povo que existia
nos seus domínios vastos e importantes.
De todas as comarcas mais distantes
partiram os romeiros a alistar-se. Era preciso tudo preparar-
se para as longas jornadas.
Na Judéia, todo o povo seguiu a mesma idéia
e de todos os cantos acorria
para a cidade santa em romaria.
Ora, em Belém-Efrata, a pequenina
cidade onde brilhou a luz divina,
não havia lugar pra toda a gente
que a buscava, cumprindo a lei vigente,
e, por isso, um casal de forasteiros,
que haviam sido, ao certo, os derradeiros,
depois de perlustrar durante o dia,
achou pousada numa estrebaria...
A PRIMEIRA
Tal história é bonita, na verdade, e devia sabê-la a
humanidade! Continua a contar-ma, é mesmo bela e eu
desejo também aprendê-la.
A SEGUNDA
Eis então quando viram, uns pastores que estavam a vigiar
nos arredores, uma estrela que muito resplendia e para os
lados de Belém seguia. Eles foram então até a cidade e,
revelando o Pai da Eternidade, acharam, numas palhas, o
menino, cheio de graça, insonte, pequenino. Era Jesus esse
menino, entendes? Ele era o nosso Salvador, compreendes?
A PRIMEIRA
E depois? E depois? Será verdade que, para redimir a
humanidade, teve ele de morrer como cordeiro, pregado
sobre os braços do madeiro?
A SEGUNDA
Ele foi reputado como ovelha
e o coração enchendo de centelha
do amor, que é vivo, edificante e forte,
conquistou a vitória sobre a morte
e, para consumar a obra grandiosa
de nossa redenção maravilhosa,
levantou-se do túmulo silente
quando, ao terceiro dia, toda a gente
o aguardava, pois ele o predissera
ao tempo em que entre os homens estivera!
A PRIMEIRA
Maravilha-me a tua história! Eu quero, de coração
arrependido e vero, seguir os mandamentos do
Messias e acompanhá-lo, enfim, todos os dias! Que
hei de fazer, porém, para salvar-me e da profunda
dúvida livrar-me? Custa-me muito ? É muito
necessário ingente esforço?
A SEGUNDA
Olha para o Calvário! Lá está Jesus crucificado e
exangue, derramando por todos o seu sangue! Quem
nele crer se salvará ao certo e para o tal o céu se
encontra aberto!
A PRIMEIRA Eu creio!
A SEGUNDA
Fazes bem. A nossa vida
é breve instante e passa, frementida,
e a alma que busca a Deus em Jesus Cristo
tem nascido de novo! Quem faz isto
se torna em manancial e, de verdade
cantando, voa para a eternidade.
(Entoam ambas um hino e se retiram.)
A MANJEDOURA E A ESTRELA
(DIALOGO PARA NATAL)
Jonathas Braga
ESTRELA (arrogante) —
Eu moro nas alturas consteladas e ando por entre as
gázeas nebulosas, no éden, onde as estrelas são as
fadas de longas cabeleiras luminosas. A via-látea é o
tálamo argentino onde derramo toda a minha luz. ..
— Iluminar o céu é o meu destino, pois para isso na
amplidão me pus. Nem águias, que transpõem
cordilheiras, atingirão jamais onde eu habito,
porque, cheias de tédios e canseiras, jamais
penetrarão pelo infinito.. . Estrela — sou na etérea
imensidade, a fúlgura janela de cristal por onde
espia Deus, da eternidade, o mundo cheio de tristeza
e mal. E tu, quem és, humilde Manjedoura, para que
contes toda a tua glória? Hás de passar: eu sou
imorredoura, pois não tem fim a minha trajetória. ..
MANJEDOURA (humilde) —
Eu nada valho diante de uma Estrela, que enche o
infinito todo de clarão, porém, não sendo eu
fulgurante e bela, a minha glória não é sem razão —
Vivo na terra, habito com a pobreza
e nada sei da tua formosura; sou palha seca, seca e sem
beleza, e só o pobre pária me procura. Os bois, que mugem
ao cair do dia, buscam-me sempre com satisfação, porque o
meu feno à fome que os crucia vai-lhes servir de abençoado
pão... Não sou de Deus janela, como dizes ser entre os astros
todos do infinito, mas os que vêm a mim são mui felizes e de
alegria soltam o seu grito. Isso me satisfaz, é a minha glória,
se não clareio o céu, que quero mais? Cheia de ilustrações é
a minha história, mais bela que a dos mundos siderais!
ESTRELA —
Não creio no que dizes, és falace e, arrependida, a fronte não
inclinas. .. Que seria do mundo, se faltasse o brilho das
Estrelas peregrinas?
MANJEDOURA —
Embriaga-te o fascínio das alturas e muito grande tu desejas
ser, mas, apesar de tudo, não procuras um caso
extraordinário me dizer!. . .
ESTRELA —
Pois ouve lá: Há séculos passados,
quando guerra no mundo não havia,
de entre outros Astros de clarões dourados,
que transformam a noite escura em dia,
fui escolhida, pelas mãos divinas,
para desempenhar uma missão
de procurar ao longo das campinas
a do Messias pobre habitação.
Tomei o meu diadema luminoso
e, de lampejos novos me vestindo,
tornei o espaço mais esplendoroso.
E nesse dia o céu ficou mais lindo.
E, cheia de fascínio, caminhando
través do atapetado céu, parti,
o berço do Messias procurando,
do Cristo cuja face inda não vi.
Errei pela amplidão da Palestina,
como quem busca para si tesouros,
como quem o seu nome não declina
quando a vitória aos pés lhe atira os louros.
Depois olhei no engaste azul celeste
para escutar dos anjos as canções
e embaixo vi Belém, de humilde veste,
sorrindo para todas as nações...
Jesus nascera, o Salvador do mundo,
cuja choupana iluminei, radiante,
ele na terra, em seu fulgor profundo,
eu a fulgir no páramo distante!
Tiveste tu a glória sublimada
de, sobre a casa onde Jesus nasceu,
brilhar — opala grande e iluminada —
como naquele dia brilhei eu?
MANJEDOURA —
Somente tu, Estrela fulgurante, brilhaste sobre o teto do
Messias, mas não estavas tu no céu distante, como ver ao
menino poderias? Foste menos feliz do que eu, no entanto,
porque não contemplaste o Salvador, teu orgulho dos cimos
era tanto que nem pudeste ver o bom Senhor! Pois eu vestes
não tive aparatosas, nem me enfeitei de contas de
esmeraldas, nem o meu solo atapetei de rosas, nem ostentei
coroas e grinaldas, para, naquele dia memorável, ouvir dos
anjos as canções sem fim, porque, sendo eu humilde e
miserável, o Salvador nasceu dentro de mim! Fui eu quem
teve a dita sublimada de receber a criança no regaço,
quando, naquela noite iluminada, brilhaste no zimbório azul
do espaço; fui eu quem, ao abrira? no infinito os olhos
abrasados pela luz, sorriu na terra para o peito aflito, no
primeiro sorriso de Jesus!
ESTRELA —
Tu tens razão. .. Adeus! Onde cintilo, pairam as nuvenzinhas
cor-de-rosa, e inda percebo ouvir no céu tranqüilo as
melodias da harpa sonorosa. .. Adeus! Adeus! O espaço me
convida
e eu devo alar-me para os ceus azuis; vou procurar em Cristo
a eterna vida, pois vida eterna só há em Jesus!
MANJEDOURA (sozinha) —
Nasceu Jesus! Hosanas nas alturas
e paz na terra aos homens que Deus ama!
Vibrem de gozo todas as criaturas,
porque do céu perfume se derrama
e a terra toda se enche de alegria
para aclamar Jesus, o sumo bem,
o Rei nascido numa estrebaria,
na manjedoura humilde de Belém.
DIÁLOGO DOS PASTORES
E, Moreira
PASTORA:
Donde vens tu, pastorzinho, Tão alegre, tão
feliz?
PASTOR:
Venho de ouvir no caminho Um coro santo, que
diz Ter nascido o Salvador, Pelo divino favor,
Num presepe de Belém. Vem tu, pastora,
também, Ver o menino Jesus, Banhado de pura
luz.
PASTORA: Num presepe da estalagem? Mas
que mísera equipagem Do Messias de
Israel!
PASTOR:
Sim. Cavalos e tropel São pra reis do mundo só.
Deus lembrou que somos pó, Em toda a nossa
vaidade, E veio, com humildade, Pousar numa
manjedoura. Veio como rei, pastora, Mas rei
dalma e coração, Numa nova criação.
PASTORA:
Não percebo, não concebo Esse Rei maravilhoso!
É incrível, impossível Pensamento mais formoso.
PASTOR: Sem demora, vem, pastora, Vamos ver o
Sumo Bem. Na loucanda miseranda No presepe
de Belém. Vamos vê-lo, conhecê-lo, Adorá-lo
muito ao pé; No futuro, te asseguro, Fá-lo-emos
pela fé.
PASTORA: Pois vamos, alegres, Cantemos a
glória Do Rei da vitória, Do Príncipe da paz!
PASTOR:
Pois vamos, alegres, Louvar o Menino, Que é
Mestre divino Que a bênção nos traz.

Patriotismo
PELA PÁTRIA
(Autor desconhecido)
O desejo que domina No meu peito
juvenil É de ver a sã doutrina
Propagada no Brasil.
Eu contemplo com tristeza Meu país na corrução,
Bem distante da grandeza Que provém da
salvação.
Esta terra estremecida, Quero vê-la com
Jesus, Nos seus braços acolhida,
Caminhando à sua luz.
Vou lutar por esta terra, Para dar transformação,
Com o evangelho, que encerra O poder da
salvação.
Sou pequeno, na verdade, Mas, com
Cristo, varonil, Pra lutar na mocidade, Em
favor do meu Brasil.
O ANIVERSÁRIO DE MÁRIO
R. M. A.
(Uma sala enfeitada com bandeiras e com qualquer outro
enfeite próprio ou tipicamente brasileiro. É a festa do
aniversário de Mário, dia 7 de setembro. Mamãe e Mário
encontram-se. Aquela dá-lhe um abraço, e sentam-se.)
MAMÃE — Bom dia, Mário! Feliz aniversário, meu filho!
Escolheste um dia patriótico para teu aniversário. Espero
que sejas um grande e nobre cidadão de nossa pátria,
servindo-a de algum modo útil.
RUTE (entrando) — Viva o Brasil! Viva o Mário! Viva o 7 de
setembro! Parabéns meu mano! Não chegou nenhum amigo
ainda? (Rute, assenta-se, cantando, em voz natural, "O Brasil
Amado" do Cânticos Juvenis .)
MILTON (entra assobiando o hino nacional) — Então,
Mário, és filho da liberdade! Independência ou morte!
Parabéns mano! (Vão entrando outros amigos, João, Pedro,
Raul e Maria, cumprimentando o aniversariante.)
RUTE — Antes de brincarmos, temos um pequeno
programa. Vamos cantar o hino 574 do Cantor Cristão .
Depois vamos ouvir uma poesia pelo Milton.
MILTON —
De Mário Barreto França
"Levanta o teu olhar, mocidade batista, Até onde puder
alcançar tua vista, E vê todo o esplendor de nossa pátria
amada, Toda a grandeza, toda a fortuna ignorada,.
Que seriam no mundo o máximo luzeiro, Se a
soubesse explorar o povo brasileiro!
Porém tu, mocidade, aceita o sacrifício De, com a Bíblia
na mão, ir combater o vício. A miséria, a indolência e o
pecado infecundo Dos que vivem sem fé, chorando pelo
mundo... Desfralda o pavilhão do Evangelho de Cristo E
acorda este país para a crença, porque isto É o
problema maior da nossa economia.
Porque se tendo crença é que se tem valia... A crença é
que desperta o gosto pelo estudo, O amor pelo trabalho,
o amor ao bem de tudo... Que representa em si o
progresso de um povo!... E por isto anuncia esse amor
sempre novo Que Cristo nos legou e no qual te
iluminas, Sorvendo a inspiração nas páginas divinas.
Em ti é que o Brasil descansa o seu futuro!
E o que farás, então, para vê-lo seguro
Na base do progresso e à vanguarda do mundo,
Para vê-lo feliz, religioso e fecundo?
Olha-o na solidão cruel do extremo Norte!
— Pobre, sendo tão rico, e fraco, sendo tão forte!
Repara-o no Nordeste, entre secas tremendas!
É o Brasil da pobreza e do honesto operário,
Dos que arrastam, na vida, o trágico fadário.
Brasil comercial, ou Brasil idealista,
a tudo, mocidade, alonga a tua vista,
E desfralda com fé a bandeira da paz,
E prega a salvação e não te cales mais!
Levanta o teu olhar, mocidade batista, Até onde puder
alcançar tua vista, E a crença a proclamar, sob este céu
de anil, Conquista para Cristo o povo do Brasil."
RUTE — Agora, mamãe vai dizer uma palavra sobre a
bandeira.
MAMÃE — Meus queridos, bela é a nossa bandeira!
Grande a Pátria que representa! Ela encerra em seus
símbolos a nossa lealdade, a nossa fé e a nossa esperança!
Fala-nos do passado, dos heróis que viveram e morreram por
ela, do sacrifício dos pioneiros através de longos anos.
"Sobre a imensa nação brasileira, Nos
momentos de festa ou de dor, Paira
sempre sagrada bandeira. Pavilhão da
justiça e do amor!"
A Bandeira nos fala do presente, com suas oportunidades
para o desenvolvimento. Fala-nos também do futuro, com as
esperanças radiantes. O passado estava com os vossos avós.
O presente está com vossos pais. E o futuro vos pertence. É o
porvir que vos interessa, não é? Como cidadãos brasileiros,
cada um de vós deve ter o desejo de achar o lugar onde
melhor possa servir à nossa Terra amada. Quero perguntar
ao Mário especialmente, no seu aniversário, e a cada um de
vós, o que ides fazer para engrandecer a nossa Pátria. Vamos
ouvir a palavra de cada menino presente.
MARIO — Aprendemos na Escola Bíblica Dominical:
"Bem--aventurado ou feliz é o povo cujo Deus é o Senhor."
Querendo trazer a maior felicidade possível ao meu povo, vou
pregar o evangelho. Sinto-me chamado. Uma poesia
exprimirá melhor a necessidade que o Brasil tem do
evangelho mais do que eu posso dizer. Vou recitá-la:
De Jonathas Braga
"Vede: é um colosso a terra brasileira, desde o
Oiapoque às águas do Chuí; terra onde geme a
virente palmeira, terra onde arrulha a meiga
juriti.
Aqui há campos sempre verdejantes, cheios de flores
de festal matiz, árvores belas, rios sussurrantes,
pequenos édens, risos, colibris...
A natureza é cheia de poesia, o clima é
suave, é benfazejo o sol, o céu é sempre
cheio de alegria, e há sempre muita luz pelo
arrebol.
Mas há milhares de almas que perecem no meio
desse mágico esplendor, porque de Deus o nome não
conhecem e não confiam no seu Redentor.
Entrai por essas portas que o sol beija e vede quantas
lágrimas e dor, quanta alma que, sem salvação, arqueja
longe do terno abrigo do Senhor.
A idolatria, o jogo, a bebedeira, as ilusões da
vida e males mil andam matando a gente
brasileira e amargurando os dias do Brasil.
E, enquanto os dias belos se sucedem e as
alvoradas raiam no esplendor, almas sem
Cristo a salvação pedem e há corações que
gemem de amargor.
Eles procuram paz inutilmente, querem um gozo que
lhes traga o bem, e, vendo o sol no céu
resplandecente, clamam debalde, pois a paz não têm!
Quem lhes dará o pão maravilhoso, o
verdadeiro pão espiritual? Quem os fará
saltar de grande gozo ante o da vida puro
manancial?
Vede: é um colosso a terra brasileira e tudo nela
inspira uma canção, mas este povo sofre de canseira
e pede ungüento e pede vida e pão!
Ide, cristãos, o vosso Deus vos chama: a seara é grande,
o campo é vasto. Oh! Sus! Amai às almas como Deus
vos ama e apregoai alto o nome de Jesus!
E, da maldade um dia libertado, entoando
hosanas e louvores mil, será maior este
país amado, será feliz, enfim, este Brasil!"
MAMÃE — Os outros, aqui, devem dizer uma palavra
também.
MARIA — Não tenho o dom da palavra, mas posso viver
uma vida nobre. Não são os rios, as florestas verdejantes, os
campos floridos que engrandecem um país. Antes é um povo
forte, heróico, corajoso, de corações bondosos e vidas puras.
Dr. Daltro Santos diz:
"A grandeza moral é toda a glória.. . É o coração
das mães grande e bendito, É a pureza das
virgens, a doçura Das esposas, gentis e
imaculadas: É o sentimento ingênito e infinito,
Amor dos filhos teus, na leda e pura Alegria das
almas devotadas."
Não são só as conquistas no campo de batalha que
glorificam uma pátria. Antes são as vitórias contra o vício, o
mal e a escravidão do pecado. São as conquistas contra a
doença e tudo que torna infelizes os cidadãos. Os heróis não
são só os que morrem no campo de batalha, mas os maiores
heróis de qualquer país são os que vivem pela justiça, pela
pureza e por Cristo.
Minha vida poderá ser o maior serviço para a minha Pátria.
Quero empregar o meu tempo de tal modo que honre o Brasil
e o represente como um país nobre.
RAUL — Não sinto a chamada para ser pregador, mas
vocação para ser comerciante. Mesmo assim, posso
engrandecer o Brasil no comércio, como em qualquer outro
trabalho, sendo justo e honesto. Vou usar meu dinheiro para
a glória de Deus. Reconheço que somos mordomos dos
talentos, como do dinheiro. Por meio de dádivas; posso
cumprir sua ordem: "Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura." Enquanto outros vão, eu posso
pagar suas despesas. Reconheço que sou responsável pelo
dinheiro que ganho.
MAMÃE — Muito bem, Raul. Deus não chama todos para
um mesmo trabalho. Mas espera fidelidade de todos, em
qualquer ramo de serviço. Mas você, Pedro, que está tão
sério, como irá servir a Deus e ao Brasil?
PEDRO — Há muito tempo que estou querendo levar o
evangelho aos índios do interior. Acho esta missão a mais
gloriosa que há — tornar conhecido aos primeiros habitantes
da Pátria o evangelho. Enquanto gozamos as primícias da
terra, os verdadeiros brasileiros, que eram os seus donos
antes de nós, jazem na pobreza, na ignorância e nas trevas.
Enquanto que nós já recebemos as Boas-novas, eles não têm
o conhecimento de Cristo. Quero banir as trevas destes
índios do sertão. Tenho ouvido a chamada divina.
MAMÃE — Que ideal sublime! Todos têm planos elevados
para o futuro. Agora parece que só falta o João.
JOÃO — Pretendo servir os milhões de estrangeiros que
aportam ao nosso querido Brasil. Pouco a pouco eles e seus
filhos vão-se integrando nesta pátria. Vou dedicar minha
vida, dando--lhes o evangelho. Chegam ao Brasil com fé em
nós e com esperança no futuro. Sem Cristo, não têm luz na
vida, não têm gozo ou felicidade. Ele é tudo em todos. Jesus
é a esperança de cada vida e do Brasil. "A justiça exalta o
povo, mas o pecado é o opróbrio das nações."
RUTE — Estamos satisfeitos em saber do plano de cada
pessoa presente. O aniversário de Mário nos proporcionou
esta oportunidade tão boa para nos inspirar em planos úteis
para o futuro. Somos verdadeiros servos de Deus. Em
conclusão vamos cantar o hino 349 do Cantor Cristão .
Assuntos Diversos
PARA QUÊ?
Daria Gláucia Yaz de Andrade
Para que desejar os sonhos que morreram E aquele antigo
amor que nunca há de voltar? Para que desejar as ilusões
que foram Silenciosamente, PARA QUE DESEJAR?
Para que lamentar, amigo, a primavera
De risos e sons que nunca há de retornar?
Para que lamentar os rigores do inverno
E as nevadas da vida... PARA QUE LAMENTAR?
Para que suspirar por amigos que partem Para longe
de nós.. . e a dor de separar? Para que suspirar, se
os amigos não vêem A nossa solidão? PARA QUE
SUSPIRAR?
Para que prantear os mortos bem amados,
E as vozes, doces vozes, que nunca hão de voltar
À magia do riso e à magia do canto...
Este silêncio eterno... PARA QUE PRANTEAR?
Para um sonho que murcha, mil sonhos reverdecem, E nas
cinzas do amor outro há de reflorir. As ilusões que vão, elas
também retornam Silenciosamente, como as vimos partir.
A primavera volta e o sol e a claridade, Seja um dia ou outro
dia, hão sempre de brilhar; A invernia se vai... e os rigores do
inverno A presença do sol não podem perturbar!
Há amigos que partem, e há amigos que ficam, Cheios de
amor profundo e de consolação; Vivem perto de nós, mister
os descubramos, Para encher-se de sons a nossa solidão.
E, para que chorar os entes que morreram, Se em nosso
coração eles podem morar, Se a Saudade bem quer repetir
suas vozes, E eles podem viver dentro do nosso olhar?
E paira, além de tudo, esta grande certeza:
O meu PAI tudo vê, o meu PAI sabe amar. . .
Se o Pai cuida de nós e o seu amor é eterno
E a nossa vida breve. .. PARA QUE CHORAR?
MEU PAI VELA DE CIMA
Eu vi um verme, descuidado e lento,
—a quem força interior estimulava — arrastar-se na poeira
duma estrada.
E os carros, em corrida disparada,
— enquanto vagaroso caminhava — passavam com ruído
violento!
Seria o pobre reduzido a nada, confundido na poeira
levantada. . . Mas quem se incomodava ?!. ..
Sou eu também um verme que vagueia, de vida longa e de
pesares cheia? Reserva-me o destino o esmagamento sob o
girar de esferas, violento? Luto eu por um fim nobre,
estremecido, sem ser de alguém aqui compreendido?
Alimento debalde o grande anelo de ser perfeito, de caráter
belo, e, enquanto sofro, triste, em agonia, não vejo simpatia?
"Não, não é assim", ao peito aqui me fala o coração, que um
santo ardor alenta. E eu me sorrio, sem temor, sereno, que
não se esmaga um coração pequeno, se um Deus presente e
amigo acalenta!
Nenhum temor esta certeza abala. .. Dentro em meu peito
eternamente mora O Pai Celeste, que minhalma adora. É
essa a minha experiência gloriosa
que me leva a uma vida santa e pura e cada vez me
dá maior certeza de que não poderei ser esmagado!
Oh! sim, eu vencerei qualquer tristeza e não serei
vencido de amargura,
pois esta via poenta e dolorosa magoou também os
pés do Mestre amado! O orgulho humano creu tê-lo
abatido, quando prostrou seu corpo ensangüentado
e o sepultou, triunfante, desdenhoso: — "Ei-lo
vencido já e aniquilado!" —
Mas ele despertou vitorioso, agora vive e, já
glorificado, vela com amor os seus, compadecido.
Ele está vivo e nele eu tenho vida, e nesta luta
sua voz me anima.
Levantam-se, rugindo, o mal e o mundo
e em vão procuram quebrantar minhalma!
Eu sofro a dor com um prazer profundo.. .
que não há dor que em mim tristeza imprima!...
O mundo trama em vão; o fim da lida,
verei sereno e vencedor, com calma!...
Meu Pai vela décima!
(De A Voz Missionária )
CRUCIFICADO COM CRISTO
Tradução de Werner Kaschel
Senhor!
Quando me sentir cansado de lidar,
E pesados parecerem os teus mandamentos;
Se minha cruz levar-me a reclamar,
Então, Senhor, mostra-me tuas mãos,
Tuas mãos feridas
Pelos pregos,
Pungidas
Pelos pregos —
Meu Salvador, mostra-me as mãos! Cristo
Jesus!
Se além meus passos resvalarem
E eu me dispuser a voltar atrás;
Se desertos e espinhos me fizerem lamentar,
Então, Senhor, mostra-me os pés,
Teus pés sangrados,
Teus pés rasgados
Pelos pregos —
Meu Jesus, mostra-me os pés!
Senhor!
Quando me encontrar profundamente ferido Pelo
batalhar e labutar do dia E começar a me queixar do
meu sofrer, Então, Senhor, deixa-me ouvir tua voz,
Dizendo:
"Contempla o meu lado,
O meu lado varado Pela lança, O meu
lado Trespassado
Por tua causa, meu amigo." MEU DEUS,
COMO ME ATREVERIA EU
A MOSTRAR-TE MEUS PÉS E MINHAS MÃOS?
CONTATO INTERROMPIDO
Trad. de Isaac N. Salum
Apenas um sorriso — o olhar de simpatia
que visse em teu semblante a velha acabrunhada ter-lhe-
ia dado alívio. E não custava nada!
Seu coração gemia e era profunda a dor.
Ela, porém, se foi, magoada e em agonia, porque, quando
a encontraste e viste, aquele dia,
Estavas sem contato, irmão, com teu Senhor.
Somente uma palavra, uma palavra breve —
O Espírito dizia: "É hora!" E não o ouviste!
Foi-se o trabalhador desanimado e triste!.. .
Mostrar-lhe simpatia e fé, mostrar-lhe amor,
e assim, reanimá-lo em tuas mãos esteve.
Mas não pudeste ouvir aquela voz tão leve:
Estavas sem contato, irmão, com teu Senhor.
Apenas um recado, um rápido recado —
mensagem a um amigo em um país distante — o Espírito
dizia: "Escreve!" E, nesse instante,
julgavas ter à frente ação de mais valor,
e não te incomodaste! E foste descuidado!. . .
Terias salvo uma alma em pecado!
Mas não tinhas contato, irmão, com teu Senhor.
Um cântico somente, um cântico singelo — que o Espírito
dizia: "Entoa nesta noite; tua voz pertence ao Mestre:
Ele a comprou." Mas foi-te
inútil a insistência. É que tiveste horror
de vir falar do céu à turba em atropelo!
Terias despertado corações de gelo!.. . Mas não
tinhas contato, irmão, com teu Senhor.
Somente um breve dia, um dia pequenino —
calculas bem, qual seja, irmão, a conseqüência, de um
momento esbanjado, inútil, na existência, das horas que
empregaste em cousas sem valor?! "Permanecei em mim", diz
o Senhor divino; qualquer serviço é vão, terá fruto mofino, se
perdes o contato, irmão, com teu Senhor.
(De Reforma )
A PAZ DO SENHOR
Mário Barreto França
"Deixo-vos minha paz, a minha paz vos dou,
Não como o mundo a dá", disse Jesus! No entanto,
O homem, desprezando esse legado santo.
Quis firmá-la em convênio e em arma... E fracassou...
A bomba de hidrogênio, a linha Maginot,
Bloqueios e sanções, a paz firmada no pranto Dos
órfãos e das mães, nada resolve, enquanto O
mundo desprezar o que Cristo ensinou.
Nenhum bem pode ser imposto a ferro e fogo; O
que os homens estão fazendo é o negro jogo Que,
no vale da morte, incita Satanás. ..
Só a fé santifica e só o amor constrói; E o
verdadeiro santo, e o verdadeiro herói É aquele
que semeia a fé, o amor e a paz!
PERDOA, Ó SENHOR, PERDOA!
Ernest C. Durham Trad. Sady
Machado
Jamais nas tuas mãos cravamos pregos
— fazendo-as sangrar,
Mas friamente passamos pelo próximo,
— deixando-o penar;
Jamais trespassamos o teu lado com a lança aguda
— e te fizemos sofrer,
Mas teus filhos queridos clamam por pão
— e os deixamos morrer!
Não te colocamos na cruz do Calvário
— para te supliciar,
Mas numa cruz sempre estás
— quando não sabemos amar;
Não tecemos uma coroa de espinhos
— ao redor da tua cabeça,
Mas o ódio invade milhões de vidas
— para que a tua pereça!
Por isso, ó Senhor, perdoa o teu povo
— ansiosamente oramos;
Sabemos que nossos pecados te conservam na cruz
— por onde quer que andamos!
Perdoa nossos atos impensados
—cheios do "eu", cada momento; Perdoa
nossa fria complacência
—quando o povo carece de alimento!
Perdoa nossa luta constante
— que, parece, não se abranda;
Quanto melhor seria viver em santo amor boa vontade e
paz, como Cristo nos manda!
Perdoa nossos preconceitos e ódios
— faze nossa vida boa.
Ó, concede-nos perdão completo e livre
— PERDOA, Ô SENHOR, PERDOA!. . .
(Extraído do Christian Advocate , North Garolina, USA —
N' 36 de 1951.)
(De Expositor Cristão )
JESUS
Gustavo A. Brasil
Era plano de Deus a morte do Messias! Devia derramar em
cada coração o bálsamo de amor, o ungüento do perdão, e
suportar calado o tumultuar dos dias.
Que lhe importava o chasco e a dor das ironias
em face do valor da celestial missão?!
Seria conduzido à crucificação,
cumprindo a lei do Pai na voz das profecias. ..
Ante um povo traidor, que lhe cantara hosanas, expirou
Jesus Cristo, humilde e lentamente, entre os gritos de mofa e
as decisões profanas.
O universo, porém, num soluçar profundo, lançou, pelo
infinito extático e dormente, um brado de protesto à
ingratidão do mundo.
AS MÃOS DE CRISTO
F. F. Estrello
Trad. de Lauro Bretones
Mãos de Cristo,
Mãos divinas de Carpinteiro...
Não imagino aquelas mãos
Forjando lanças, forjando espadas
Nem desenhando novo modelo de bombardeiro;
Aquelas mãos, as mãos de Cristo,
Foram as mãos de um Carpinteiro.
Mãos de Cristo, calejadas, Lavrando
cunhas,
Fazendo arados, lavrando a vida.. . Não imagino
aquelas mãos Entretidas entre canhões, Entre
explosivos e entre granadas; Aquelas mãos
calejadas Calejaram lavrando a vida.
Mãos de Cristo,
Mãos divinas de Carpinteiro. .. Não imagino
aquelas mãos Brutalizando o labor humano,
Mas forjando a criação; Aquelas mãos, mãos
de obreiro Edificando continuamente.
Entre as mãos febricitantes
Que fazem cruzadores e bombardeiros
Não estão as suas!...
As suas levam os sinais dos cravos,
Mãos heróicas de sacrifício; Aquelas mãos, mãos
feridas, Fortes nervuras, mãos de aço, São rijas
mãos de Carpinteiro Que quietamente modelam a
vida!
(De Unitas )
PRECE
Senhor! que, em tua grande onipotência, Criaste o céu, a
terra e o mar profundo; Que pelo amor e pela onisciência
Estás em toda parte neste mundo;
Senhor! que o dia e a noite separaste, Fazendo a luz do
sol raiar bem cedo; Que docemente os montes coroaste
Com a folhagem verde do arvoredo;
Senhor! que no azulino firmamento Estrelas mil mergulhas
no luar; Que lindas flores bordas num momento, E aves
semeaste pelo ar;
Senhor! que ao homem deste o dom da vida, E atendes
sempre ao triste em aflição; Que ao pecador, em sua
ingente lida, Concedes, pela fé, a salvação;
Aquece o coração da humanidade! Relembra aos homens que
os fizeste irmãos! Faze-os vencer, com Cristo, em amizade,
Unindo com carinho as suas mãos.
Inspira-nos também amor profundo,
Para levarmos com firmeza a cruz,
Qual "Sal da terra" e qual "Luz do mundo",
Vivendo o evangelho de Jesus.
Senhor! Deus de justiça e de bondade! Com
simpatia atende esta oração! E lá dos céus envia à
humanidade A paz que falta em cada coração!
(De A Voz Missionária )
O ECO
Gióia Júnior
"Que fazes tu sobre a terra? E o eco responde:
Erra!"
Castro Alves
O que posso fazer se, a vida, a glória fez-ma rotineira, a
ilusão não muda, é sempre a mesma? Que fazer se o prazer é
sempre essa utopia de um minuto feliz?! A maior alegria é
ligeira e fugaz como uma gargalhada, ... inunda a sala e
cessa e volta para o nada ?... Que fazer para ter alguma
recompensa? Mecânico e fatal o eco responde... pensa...
Pensar? como pensar? perder a mocidade
no egoísmo sem razão dessa inutilidade...
Pensar apenas? não, teria acaso um fim,
pensar, pensar, pensar, pensar... de mim e para mim?
esgotar a existência em um plano ilusório,
sozinho usufruir da paz de um escritório?
Quero menosprezar a vida dissoluta...
Mecânico e fatal o eco responde:... luta...
Lutar... por que lutar... ver bandeiras ao vento, tambores e
clarins, gales e fardamentos, ver o sangue a jorrar em vis
revoluções, ver Césares, Pompeus, Felipes, Napoleões?...
Lutar... por que lutar, se essa glória que embriaga tem o
brilho na aurora e no poente se apaga?... Quero mais, muito
mais... quero a brasa que inflama! Mecânico e fatal o eco
responde. .. ama...
Amar... amei a vida e a vida é tão ingrata... "Traz o pó que
alimenta o micróbio que mata"...
Não, de modo nenhum, permaneço na teima... "a fogueira
que aquece e a mesma que nos queima". Amar... de que nos
vale amar, se o amor é vário, se ao beijo tem seqüência as
dores do Calvário?... Quero fugir do mundo e procurar a
calma... Mecânico e fatal o eco responde: Alma...
Alma... quando escutei essa palavra, quando meditei, vi que
havia uma força operando além da compreensão... vi que o
meu ódio acerbo era a minha impotência ante o mando do
Verbo. Quando, porém, notei que a paz aurifulgente está em
nós firmada... algo puro, inerente ao nosso próprio ser...
chama viva e sagrada que opera no interior sem depender de
nada;
Alma... quando notei que em meu corpo carnal morava um
universo, uma essência imortal; entreguei-me a Jesus e,
firmado em seu nome, na vivificação matei a minha fome...
Pensei... soube pensar em seu reino... lutei sem medo de
derrota ao lado do meu Rei... Amei os meus irmãos. E agora
em mim revive a encantadora voz do eco bradando: VIVE!
SER CRENTE
Ser crente é descansar num Deus que é caridade, A
esperança que alenta e a fé que nos redime, É sentir dentro
dalma essa doce vontade De semear o Bem, de combater o
crime...
Ser crente é refletir de Jesus a humildade,
Para os outros vivendo em renúncia sublime,
E ter sempre um consolo à dor que o peito invade...
É ter sempre um conforto à tristeza que oprime...
Ser crente é conquistar para Deus, que perdoa, Duma
existência má, para uma vida boa, O coração que sofre o
peso de um labéu.
Ser crente é possuir como um prêmio fecundo: O encanto de
viver e ser feliz no mundo, A glória de morrer e ser feliz no
céu.
CANTO DO CRENTE
(Autor desconhecido)
Meu Deus, eu creio em vós e venho, reverente,
À vossa Casa orar, ao pé do vosso altar...
A Fé aqui me trouxe, e eu vim, sereno e crente,
A minha fronte assim a vossos pés curvar...
A Fé é uma luz de imaculado alvor,
Luz divinal que unção nas almas derramou;
Só não a tem o peito onde há fel e rancor E o coração
cruel que nunca palpitou.
Ao contemplar o céu, o mar e a natureza,
Ao aspirar a flor, ao ver o sol fulgente,
Tudo que é belo, enfim, porque nessa beleza,
Vós, Deus Todo-poderoso, estais sempre presente. ..
A Fé, meu Deus, é ela o anjo redentor
Que a vossa onipotência assim faz cintilar. ..
É pleno dessa Fé e envolto em seu fulgor
Que eu venho aqui tão crente aos pés do vosso altar...
REPOUSE SOBRE NÓS A FORMOSURA DO SENHOR
Mário Barreto França
Nas quadras liriais da vida peregrina Que
levamos no mundo entre risos e dor, Repouse
sobre nós, como bênção divina, A formosura do
Senhor.
Quer seja no jardim da infância sorridente Quer seja da
velhice ao último sol pôr, Rebrilhe sobre nós, qual
estrela fulgente, A formosura do Senhor.
Nos sonhos cor-de-rosa e azuis da mocidade, Onde tudo
aparece embalado no amor, Seja como um farol de
esperança e bondade A formosura do Senhor.
E, no infortúnio atroz de um órfão desta vida,
Desprezado e à mercê do frio ou do calor, Brilhe de novo
o amor de sua mãe perdida, Na formosura do Senhor.
E quando o inverno vier a este viver incerto E o frio da
saudade a nossa alma transpor, Repouse sobre nós,
como num céu aberto, A formosura do Senhor.
VOZ DE DEUS
Pereira d'Assunpção
Homem, Eu sou aquele qüe habitou primeiro Por sobre a
vastidão dos revoltosos mares... Sou eu que bem sustento os
pássaros nos ares. . . Também sou eu o autor deste universo
inteiro!
Não te aflijam na terra as dores e pesares! Também sofreu
meu Filho as dores do madeiro, Sofreu, morreu na cruz,
humilde qual cordeiro, Oferecendo a ti de luz outros lidares.
..
Vem. Olha o manto azul do céu brilhante e belo.
Quanta fascinação encontrarás aqui!
Vem, vem, que eu te darei venturas perenais.
Sem vacilar, despreza o teu viver singelo E vem. Que
doce paz eu te darei a ti, Ouvindo em melodia os
anjos divinais!
O NOME DE DEUS
Manuel d'Arriaga
Saí um dia a contemplar o mundo,
por ver quanto há de belo e quanto brilha
na múltipla e gloriosa maravilha
que anda suspensa em o azul profundo!
Vi montes, vales, árvores e flores, límpidas águas,
murmuras torrentes, do grande mar as músicas
plangentes, dos céus sem fim os trêmulos
fulgores!
Trouxe os olhos tão ricos de beleza,
o coração tão cheio de harmonia,
de quanto havia em terra, mar e céus,
que, interpretando a sós a natureza, dentro de
mim esplêndido fulgia, num círculo de luz, teu
nome, ó Deus!
ONDE A SAPIÊNCIA DO HOMEM ?
Rosalino da Gosta Lima
Do nada fez Deus o mundo Por um
imenso poder: Céus e terra, o mar
profundo, Tudo quanto implica o ser.
Por mais que se pense em tudo, Quanto dele
contemplamos, O coração fica mudo, São
mistérios, não sondamos!
Por que fez Deus as montanhas ? Esses
rios caudalosos? E do solo nas entranhas
Fez minérios tão custosos?
Por que criou as estrelas Que brilham na
imensidão ? Nossos olhos só em vê-las Nos
deixam cega a razão!
Para que tantas florestas De variegados
portes? E da primavera as festas? E esses
turbilhões tão fortes?
Por que deixou a formiga Pequenina e
previdente? Cigarras cuja cantiga Enche de
tristeza a gente?
Por que fez a violeta De tamanha singeleza, O
cipreste esguio, a seta, O junco nu, sem beleza?
São mistérios da natura Desafiando o saber Da
indigente criatura, Que não pode responder!
O CEGO DE JERICO
Mário Barreto França
Perto de Jerico, à margem do caminho, Costumava
sentar-se, esmolando sozinho, O cego Bartimeu.
Ah! ele nunca vira A paisagem sorrir sob um céu de safira,
Os rebanhos pastando em campos verdejantes E os olhos de
seu pai, de bênçãos transbordantes... Por que era,
infelizmente, um cego de nascença, Mergulhado na dor de
sua treva imensa...
E ele, no íntimo dalma, exclamava: — "Quem dera Achar
esse Jesus que milagres opera! Pois tanto imploraria e
choraria tanto Que ele havia de ter piedade de meu pranto E
me daria então a luz para os meus olhos, Guiando-me na
vida entre tantos escolhos..."
Certo dia, porém, ele estava esmolando, Quando ouviu um
rumor de turbas caminhando. Prestou toda a atenção e
descobr: sem custo Que era Jesus quem vinha — o poderoso
e justo Mestre e Senhor.
E quando ouviu que perto estava, Na esperança de ser
escutado, gritava: — Ó Filho de Davi, tem piedade de mim! E
livra-me, Senhor, destas trevas sem fim! E muitos, em
ameaça, exclamavam: — Ó tolo, Cala-te! e em teu silêncio
encontrarás consolo!
E ele gritava mais: — Jesus, eu creio em ti! Tem piedade de
mim, ó Filho de Davi!
É que ele meditava: "Ah! se agora não falo, Onde irei.. . onde
irei outra vez encontrá-lo ? Se me passa veloz essa
oportunidade, Nunca mais eu verei minha felicidade."
E Jesus, que entre a turba ia calmo seguindo, Solícito,
parou, aquela voz ouvindo.
— Chamai-o! — disse à turba. — Trazei-mo sem
[demora,
Porque na sua angústia ele suplica e chora!
E foram-no chamar, na alegria que inflama:
— Levanta-te com fé, porque o Mestre te chama! Tem
esperança e vai!
E ele, a capa deixando,
Correu para o Senhor, de gozo transbordando.
GUARDA O TEU CORAÇÃO
Rosálee Appleby
Do que as riquezas ele é mais precioso E mais
precioso até que o mundo inteiro; Longe dos males
guarda o coração, Na paz conserva o escrínio
verdadeiro.
Manancial ele é do pensamento, Pois a mente
arquiteta cada ação; E os lábios, meros servos são
do rei, O rei, que é bem chamado o coração.
Da vida os cursos brotam dessa fonte, Teu amor,
teu desejo e tudo mais. Esconde, pois, fielmente o
bom tesouro, Se amas a vida e se desejas paz.
No mundo todo, existe um Rei, um só, Que, supremo,
governa o coração; E o poder do Alto vem banir as
trevas, Deixando nesse reino o seu clarão.
Sem de Deus a presença, tu não podes Vencer, de
pronto, o embate que te chama; Nele perdura a
necessária força, Pela qual o universo todo clama.
(Cantam "No Meu Coração".)
CRISTO É TUDO
Henry Maxwell Wright
Qual o esposo à sua esposa, Qual o rei ao
seu país, Qual o piloto ao seu navio, Qual ao
tronco a raiz Es tu, Senhor, pra mim.
Qual a luz em noite escura, Qual a fonte no
jardim, Qual maná na antiga arca, Qual o coro no
festim És tu, Senhor, pra mim.
Qual remédio ao enfermo, Qual na calma a
viração, Qual o pão cotidiano. Qual a chuva
no verão És tu, Senhor, pra mim.
Qual o rio cristalino Nos desertos tropicais, Qual
o orvalho sobre a relva, Qual ao rico os cabedais
És tu, Senhor, pra mim.
Qual mãe que seu filhinho Leva no seu
coração, Qual o pai no lar paterno, Qual
amigo mais que irmão És tu, Senhor, pra
mim.
AS SETE PALAVRAS DA CRUZ
David Carvalho Moura
(Uma ou sete jovens poderão recitar. cartões contendo as Sete
Palavras da Cruz.)
Pleno zênite. O sol espalha seus lampejos! Consumam-se dos
clérigos os vis desejos e as multidões em gritos bestiais se
comprazem, vendo Cristo na cruz. Ele nem profere um ai,
mas em prol dos algozes uma prece — "Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem."
Ao lado de Jesus estão dois malfeitores
que, apesar de na cruz, sofrendo as mesmas dores,
lançam baldões, insultos e fazem esgares,
mas, de súbito, Dimas se arrepende, chora,
e, voltando-se a Cristo, seu perdão exora:
"Lembra-te de mim, quando no teu reino entrares."
Jesus não lhe falou em missa ou purgatório, nem
reencarnação ou outro meio expiatório, antes, em um
período curto, mas conciso, sem mistificações, alegre,
respondeu, àquela alma aflita que se arrependeu: "Hoje
estarás comigo no meu Paraíso."
Maria, sua mãe, junto ao madeiro estava, tristonha e
humilde ao Filho de Deus adorava. Com aquele doce olhar
que não perdera o brilho, fitou sua mãe, bem como ao
discípulo amado e a ambos incumbiu de mutual cuidado:
"João, eis tua mãe — Mulher, eis o teu filho."
Veio para os judeus, que mal o receberam, os seus próprios
apóstolos não o entenderam,
'té Judas, um dos tais, vendeu-o. Que contraste, o próprio
Pai virou-lhe o rosto em tal momento! e o cálice
transbordou... fugiu-lhe esse lamento: "Deus meu, Deus meu,
porque tu me desamparaste?
Febo, na sua faina e brilho aurifulgente, crestando a rua, vai
desde a terna semente ao pescador que ao mar atira sua
rede, 'té Jesus, que, sofrendo os cravos na cruz, (cujo
suplício mais sede inda produz) nessa grande agonia, brada:
"Tenho sede."
A Cruz é o sacrifício vero e sem defeito.
Jesus, Sumo Pontífice uno e perfeito,
que de graça completa salvação nos dá,
que não carece mais de humanos sacramentos,
pois que fiel cumpriu a ambos Testamentos,
quando ele afirmou: "Tudo consumado está."
Sim, só Jesus, o homem extraordinário,
a glória do alto céu trocou pelo Calvário,
conseguiu esquecer-se sempre do seu ego,
para salvar o homem e servir a Deus,
'té quando ergueu a última sentença aos céus:
"Nas tuas mãos, ó Pai, a minha alma entrego."
O JARDINEIRO DO AMOR
João 20:11-16 Poesia sobre a ressurreição
Alfredo Mignac
Madrugada de luz, de paz e de vitória...
Jesus ressuscitara em meio à maior glória!
Por terra inerme jaz toda a guarda romana
e a potência do Império, abjeta, vil, profana,
a intriga farisaica, o ódio do judaísmo,
varridos como pó no ardor do cataclismo.
A cruz negra, de fel, para sempre vencida,
e, invés da guerra, o amor; e, invés da morte, a vida!
Maria Madalena o sepulcro bem cedo foi visitar,
levando a alma cheia de medo. Temia a guarda. Era
inda escuro. A estrela radiante da manhã parecia
que, ao vê-la, abria em leque, espadanando a luz
imensa, como para o caminho seu iluminar e Jesus
Ressurrecto ao mundo anunciar!
Umas flores ao braço e bálsamo olorante para a tumba de
quem, agora tão distante, não pode mais ouvir gemer o
desgraçado, nem o pobre sem pão, nem o degenerado, nem o
cego sem luz, nem da viúva tristonha, ferida pela dor de
saudade medonha, os queixumes de morte!
Ele, que era tão santo,
que da mãe triste e aflita estancou tanto pranto, que da doce
criancinha a cabeça afagou, de tantos males, tantas dores
nos livrou...
Ele, da morte está no cárcere maldito, envolto no mistério
abstruso do infinito!
— Para mim, que mulher outrora era do mundo, seu amor
foi supremo, e seu perdão, profundo!
Dizia assim Maria, enquanto caminhava
para o jardim sombrio onde o sepulcro estava.
A dúvida pairava em seu cérebro ardente
e o coração no peito arfava tristemente.
O seu corpo embuçado era um fantasma esguio
que passava na noite exânime de frio...
Autômata, sublime, a correr, toda alerta,
ia depor aos pés do "morto" a última oferta
de um coração sangrando e uma fé impoluta,
frutos do grande amor de sua alma então sepulta!
Chegou. Eis o jardim do rico Arimatéia,
um discípulo oculto, um nobre da Judéia.
Aproximou-se. Ao longe, a dúbia luz boreal
refletia no céu. Silêncio matinal.. .
E sobre a enorme pedra, a que a tumba fechava,
mais belo que o clarão da Aurora que raiava,
um ser angelical olha a tumba vazia!
Maria Madalena, ao vê-la, se extasia. ..
o seu rosto molhado em lágrimas de dor...
—Oh! se ela o visse! Tinha o tom divino, a cor do jaspe
reluzente ao sol entrando o Ocaso,
da luz a palidez no lago argênteo e raso!
Esboçando um sorriso, erguendo a fronte, brada o ser
angelical, num toque de alvorada:
—Por que choras, mulher?
E ela, o pranto oprimido:
—Levaram meu Senhor... E, soluçando e
saindo,
foi gemer tristemente a um canto do jardim, dando toda a
expansão à sua dor sem fim! Nisto, encontra um varão bem
perto do canteiro, a fitá-la de pé. Por certo o jardineiro...

—Por que choras, mulher? E ela, o pranto


oprimindo:
—Levaram meu Senhor. Eu o estou procurando. Dize-me
onde o puseste e o levarei comigo,
pois é meu Rei, meu Deus, meu Senhor, meu Amigo! E o
jardineiro, olhando a sua alma em agonia, descobre-se,
afinal, bradando alto: — Maria!
Ela responde: — Mestre! E, cheia de ventura,
ajoelha e o adora. A sua alma esclarecida e pura, tornou-se
num jardim de gozo e de dulçor, onde o húmus era a fé, onde
a seiva era o amor, as flores, o perdão, e o trescalar ativo, a
epopéia sem par do Cristo Redivivo!
AS DUAS ORAÇÕES
Autor desconhecido Tradução de Werner
Kaschel
Ontem à noite o meu filhinho
me confessou Um erro seu, um
pecadinho,
e ajoelhou, orando, triste, desta
sorte:
"Permite, ó Pai, que eu seja um homem sábio
e forte
como papai."
Dormiu. Então, junto ao seu leito ajoelhei,
e, vendo o mal dentro em meu peito,
assim orei: "Ó Deus, transforma-me em
criança
como esta aqui — tão pura e cheia de
confiança,
meu Deus, em Ti."
DIA DE ANIVERSÁRIO
Cláudia Faria
Parabéns! Hoje é teu dia, Felicidade
almejamos, A bênção do Salvador A ti e
aos teus desejamos.
Saúde, paz, mil venturas, Anos bons de
alegria E a palavra de Deus No coração
cada dia.
Que muitos aniversários Possas fazer bem
feliz; Isso terás, se escutares O que o bom
Jesus te diz.
PRECES DA INFÂNCIA
Vós me vedes, Deus Eterno, Como eu sou tão
pequenina; Minhalma é inda inocente, Tão pura
como a bonina.
Débeis como minhas vozes São inda os meus
pensamentos; Do mundo nada conheço, Nem
prazeres, nem tormentos.
ORAÇÃO DUM PEQUENO
O meu Jesus, que é tão meigo, Ama muito os
pequeninos, Por isso disse uma vez: "Deixai vir
os meninos."
Dai-me, Jesus, teu auxílio A mim que sou tão
fraquinho, Para nunca te deixar Nem fugir do teu
caminho.
Guia meus passos incertos, Em tudo vem me
guardar, Para que eu nunca possa Do meu
Jesus me afastar.
Mesmo assim tão pequenino Sempre te quero
servir E por minha vida fora Tua lei hei de
cumprir.
Sempre, sempre em toda a vida A Jesus eu
quero amar E não me quero esquecer Que
morreu pra me salvar.
(De Raio de Sol )
A ALEGRIA DA VIDA
Uma palavra simples
de bondade — uma só — vale mais
do que um tesouro;
os corações a quem
a dor invade é amor que reclamam,
não é ouro.
Procura os fatigados
da viagem, os que a sorte maltrata
dia a dia;
estende-lhes a mão,
dá-lhes coragem, e sentirás a bênção
da alegria.
(De Raio de Sol )
GRAÇAS A DEUS
A.C. Gonçalves.
De manhã deixando a cama, Faço a Deus
minha oração, Dou-lhe graças pela noite,
Seu repouso e proteção.
Mas também durante o dia, Sou mui grata ao
meu Senhor, Pelo pão, o lar e a vida, Que me
provam o seu amor.
E depois, vindo a noitinha, Novamente, ao
me deitar, Oro a Deus e, com mil graças,
Durmo em paz e sem recear.
NA ESCOLA
Odon Cavalcanti
Estou contente, é verdade, E confesso com
prazer, Que, sendo de pouca idade, Já sei ler
bem e escrever.
Em contas sou muito esperta, Nelas ninguém me
derrota; Faço qualquer, sempre certa, Para
ganhar boa nota.
No caderno tenho asseio, E traço letra
bonita, Para a mestra, sem receio, Mostrar
a quem nos visita.
Meus trabalhos manuais, Que servem bem de
modelo, Têm riscos lindos demais, Bordados com
grande zelo.
E mais coisas de valia Trago dentro da
cachola, Que estava muito vazia, Quando
entrei nesta escola.
O AMIGO DO GATO
Afonso Celso
Eu gosto do gato, Que é manso, que é
bom; Se o pelo lhe cato, Que meigo ron-
ron!...
Se o gato me arranha, Bem caro lhe sai;
E o pobre, se apanha, Não chama seu
pai.
Das vis ratazanas Valente agressor, Em
troças maganas O gato é doutor.
Se a mão não lhe estendo, Não vem nem
a pau; Só eu é que entendo Seu doce
miau.
Oh! nunca de ingrato Ninguém me
chamou: Amigo do gato Serei, fui e sou!
OS PASSARINHOS
Oliveira San-Bento
Tu nunca ouviste, ao despertar da aurora,
Por toda parte alegres passarinhos
A repetir uma canção sonora
Que as mães lhes ensinaram nos seus ninhos?
Se vais passear pelos caminhos, Ouves cantar
uma lição que outrora Era ensinada assim com
mil carinhos Como te ensinam as lições agora...
Não chores... Nunca mais deves chorar,
Ao ir para a escola: os passarinhos
— Os teus irmãos — aprendem a cantar!.,.
Pois, se chorassem, nem voar sabiam E nas suas
escolas — os ninhos — Não cantavam aquilo que
aprendiam.
(De Bem-Te-Vi )
ERA UMA VEZ...
Vou recitar um versinho Que eu com papai aprendi, É uma
história engraçada, História de um Bem-te-vi.
Era uma vez... Como é mesmo ? Ora, que espiga
medonha!... Me falha agora a memória... Que maçada!...
Que vergonha!..
Eu me esquecer deste modo Duma história tão curtinha E
que me foi ensinada Ainda hoje à tardinha...
O papai fica zangado Quando esqueço assim depressa E
não cumpre, isto é sabido, Dos brinquedos a promessa.
Enfim, eu fiz o que pude De esquecer não tenho culpa, Mas
por vos ter amolado, Saindo, peço desculpa.
RAPAZ DECIDIDO
Sou um valente esportista, Pulo! Salto! Sei nadar!
Corro sempre, lá na pista, Muitos metros, sem parar!
Levanto de madrugada, Bem antes de o sol nascer! Eu
acordo a passarada Sempre ao amanhecer.
Começo logo cantando:
— Um! Dois! Um! Dois!... E zás-trás!
Meus braços vou levantando
Para a frente e para atrás!
E assim faço muitas vezes, Um! Dois!... Um! Dois!... Sem
parar!
Passam os dias e os meses
E eu não quero "enferrujar"!...
"Um! Dois!... Um! Dois!...
para a frente! Um! Dois!... Um! Dois!... Atenção! Nunca se
fica doente, Cuidando bem do pulmão!"
Vou-lhes contar um segredo: Pratico assim o esporte,
Faço exercício sem medo, Pois quero ser grande e forte!
Um dia... todo garboso, Passada a quadra infantil, Serei o
mais musculoso Homenzarrão do Brasil!
A MENINA DA SOMBRINHA
Vejam-me só! Que elegância! Em que ponta
hoje eu estou! Com esta bela sombrinha,
Que o paizinho me comprou!
Andando assim como eu ando, Tão galante de
sombrinha, Não há ninguém que me deixe De
julgar uma mocinha!
Quero que todos exclamem: "Isso sim! Não é
menina! Reparem: vejam que é Uma moça
pequenina!"
Seguro a minha sainha Como faz toda senhora,
Mas não se riam de mim, Senão daqui vou-me
embora!
E quem muito há de gostar De me ver assim
vestida, Toda catita e galante, É a mãezinha
querida!
(Extraída)
PEQUENAS COISAS
Formam grandes mares Gotas de águas
só, E esta terra imensa Formam grãos de
pó.
Mesmo a eternidade É formada assim De horas
e momentos Num passar sem fim.
E as pequenas falhas De dor formarão
Vícios e pecados Para a perdição.
E os pequenos atos Feitos com amor Trazem a
este mundo Bênçãos de louvor.
(Transe.)
AJUDADORES
C. E.
1. Agradecido, meu Deus,Pelos bons
ajudadores
Que cercam meu lar e os meus De conforto e de
primores.
2.De manhã chega o leiteiro Com a primeira
refeição, A seguir bate o padeiro, Trazendo
biscoito e pão.
3.Às dez horas o carteiro Dá notícias da vovó,
Vem ainda o quitandeiro, Que vende alface e
giló.
4.Carpinteiros e pintores, Polícia, bombeiro e
mais
E um grupo de ajudadores Que a tudo bem
satisfaz.
A VOVOZINHA
Áurea Nogueira Xavier
Coitada da vovozinha, Tem a cabeça
branquinha, Branquinha como algodão.
Cada fio prateado É um pranto derramado
Numa triste solidão.
A vovozinha, coitada, Tão velhinha, tão cansada,
Sofreu tanto neste mundo, Tanta dor e tanta
mágoa, Que se vê no olhar profundo.
Vovozinha, vovozinha, Por que vive tão
sozinha, Sem ninguém na vida sua? Por
que é que você chora Quando, à noite, se
demora Na janela a ver a lua?
Vovozinha, que amo tanto, Eu não quero ver o
pranto Os seus olhos orvalhar; Deixe a saudade
vovó, É bem melhor viver só Do que viver a
chorar.
A vovozinha é tão bela! Quero ser igual a ela
Quando eu for vovó também. A vovozinha
me entende, Ela sempre me defende, Se
comigo ralha alguém.
(De Expositor Cristão )
O QUE VOU FAZER
Cláudia Faria
(Para uma ou quatro crianças de seis anos. Devem usar gestos
apropriados.)
Nos passos de Jesus eu vou andar. Protegido por
Deus sempre dormir, Cada dia na Bíblia meditar E
o que ela me disser também ouvir.
Dentro do coração vou escrever Tudo quanto tiver
para lembrar Ás coisas que as mãozinhas vão
fazer, As coisas que a boquinha vai falar.
Para os bons amiguinhos, bater palmas, Para os
maus, hei de as costas lhes voltar, Vou orar com
fervor nas horas calmas, Com bondade pra o
próximo olhar.
A verdade sem medo sustentar, O pecado do peito
vou varrer, Os perdidos pra Cristo vou chamar E
ao lado de Jesus permanecer.
ROSA
Oscar Leme Brisollo
(Para menina pequena)
Assim, pequena e formosa, Como estão
vendo os senhores, Pertenço ao reino das
flores, Sou também galharda Rosa.
É verdade, assim me chamam, E gosto de um
nome assim, E rainha me proclamam De um
fantástico jardim.
Mas nunca fui orgulhosa: Sou amiga das
violetas, E jamais fui mentirosa Ou
pregadora de petas!
E dizem que sou boazinha, Modesta e mui
recatada, Como compete à rainha De uma região
encantada.
Estudo e leio as lições Que a mestra
prodigaliza... Sei costurar uns calçÓes E
lavar minha camisa!
Riram-se? Por quê? Patetas! Ai! desculpem esta
ofensa. .. Se eu os chamasse de poetas, Qual
seria a diferença?
Sou mesmo uma grande prosa E tagarela a
valer. . . Um perdão à pobre Rosa, Que
rainha julgou ser...
(De Poesias Escolares )
TUDO PARA JESUS
R. M. A.
(Seis crianças com menos de 8 anos de idade. Cantam
juntas: "Eis-me aqui", Cânticos para Crianças , no 35.)
PRIMEIRA CRIANÇA (recita com as mãos estendidas:) As
minhas mãos pequeninas A Jesus quero ofertar,
Fazê-las grandes pra o bem,
Pra o trabalho e para dar.
SEGUNDA CRIANÇA (dando um passo à frente:) Com meus
pés irei andar Nas veredas do Senhor,
Ligeiros sempre serão,
Prosseguindo sem temor.
TERCEIRA CRIANÇA (apontando a boca:)Minha
boca toma, ó Cristo,Pra falar só a verdade,
Dá que eu seja boa e terna,
Tenha paz, felicidade.
QUARTA CRIANÇA (colocando as mãos no peito:) Meu coração
sempre quero Isento de todo o mal,
Livre do medo e perigo, Salvo de
queda fatal.
QUINTA CRIANÇA (apontando a cabecinha:) E a
minha mente imperfeita? Vou dar ao Mestre
também, A fim de que ela enriqueça Com os
tesourosque ele tem.
TODAS JUNTAS (colocando as mãos postas e olhando para o
alto:)
As nossas vidas aceita, Encaminha-
as ao dever, Queremos, no fim da
lida, Teu poder e glória, ver.
(Cantam juntas "Pezinhos, cuidado", no 38 do Cânticos para
Crianças .)
NINHOS
Zalina Rolim
MENINA:
Um casal de passarinhos, pequeninos, assim.
. . Veio fazer o seu ninho num arbusto do
jardim.
Andaram dias e dias trabalhando com
amor, para tecer o seu ninho bonito como
uma flor.
Folhinhas secas, palhinhas, penas, flocos de
algodão, musgo fofinho e macio, cabelos
soltos no chão.
Tudo colhiam com jeito, conversando sem
parar:
—Piu, piu, piu, vamos depressa?
—Piu, piu, piu, vamos voar?
No biquinho carregando a sua carga
gentil, lá se iam pelos ares, num vôo leve
e sutil...
Com tanto mimo era feito o seu pequenino lar, que a
gente tinha vontade de ir lá com eles morar.
MENINO:
E depois, você sabe?
Pois então escute lá,
que o melhor de toda a história
é sempre no fim que está.
— Um belo dia, no ninho, três ovitos descobri... A mãe
olhou-me assustada eu tive pena.. . e fugi...
Dias passados, voltando, nem um ovo desta vez! E, abrindo
ansiosos biquinhos, vi três passaritos... três!
Daquelas três criancinhas confesso que tive dó, não
tinham penas ainda. . . só uma penugem, só, só!
Para elas, no biquinho, vinham os pais, com amor, trazer
bichinhos gostosos e sementinhas de flor.
E as taisinhas, numa fome! Era logo: — piu, piu, piu. .
Criaturas tão gulosas como elas nunca se viu!
Depois, cresceram. . . voaram. .. foram-se embora, por fim.
Mas todas as tardes, todas Vêm cantar no meu jardim.
JESUS E AS CRIANÇAS
Daria Gláucia Vaz de Andrade
Eu vi Jesus da Galiléia
Na mais sublime e esplêndida epopéia
Que haja visto um mortal...
Eu não o vi cercado de leprosos,
Curando os cegos, acalmando o mar,
E não o vi, mãos cheias de alimento,
À multidão faminta saciar. ..
Eu não ouvi a sua voz suave Chamando os
pecadores para os céus; Não o avistei, altivo, lá no
templo, Entre escribas, doutores, fariseus.
Eu vi Jesus cercado de crianças,
À beira de uma estrada,
E, ao seu olhar nublado de esperança,
Calou-se a multidão admirada!
E Jesus,
Abençoando de leve as criancinhas, Parecia um
lírio cor de neve Rodeado de dóceis avezinhas..
.
E hoje há por aí tanta criança
Sem pão, sem lar, sem luz, sem esperança,
Que pena* santo Deus!
Que eu creio ver Jesus, Jesus chorando
No meio da alegria lá dos céus!
É que nos esquecemos, Deus bendito,
Daquele mandamento tão bonito Dado por Jesus,
E as criancinhas crescem sem conforto, Enquanto o nosso
amor é quase morto E fraca a nossa luz.
Amemos os pequenos! E na terra Que de promessa e de
beleza encerra — Bela das mais belas esperanças —
Hemos de ver Jesus, o Homem-Bondade, Simbolizando a
própria Caridade, Rodeado de anjos e crianças!
A ESCADA DE JACO
Julieta Guimarães Maia
Cenário: Uma escada com 7 degraus, escrito em cada um
uma virtude por ordem crescente.
Personagens: No mínimo 7 crianças. O menino entra,
coloca-se ao lado da escada e fala:
VISÃO:
Quando o jovem Jacó, fugindo à ira de Esaú, deixou
Berseba, uma pedra lhe serviu de travesseiro. Dormiu e teve
um sonho, durante o qual viu uma alta escada posta em
terra e tocando os céus. Para alcançarmos este céu visto por
Jacó em sonhos, teremos de galgar uma escada com sete
degraus representando as virtudes cristãs praticadas por nós
diariamente e sustentadas pela fé em Deus. Esta escada deve
ser apoiada sobre a Rocha dos Séculos, Jesus Cristo.
Vejamos agora o que representa cada degrau.
1o DEGRAU — FÉ
A fé é o baluarte dos crentes na religião de Jesus. Irmã
gêmea da esperança, fortalece a fé das almas da sociedade
hodierna, como fortaleceu nos tempos primitivos. É a fé a
impulsionadora das almas sinceras. É ela que estende os
braços para o pobre náufrago do mundo contra os vagalhões
das injustiças e dos desenganos. Jesus disse: "Aquele que
crer será salvo, e o que não crer já está condenado." Paulo, o
apóstolo aos gentios, disse, num êxtase de contrição: "É pela
fé que entendemos que os mundos foram criados pela
Palavra de Deus, de modo que o invisível se tem feito das
coisas que aparecem."
De Risoleta Silveira
A fé é a centelha viva, ardente,
Desprendida do céu, Do ceticismo ignóbil
do descrente Pode rasgar o véu.
É a fé em Deus corrente imanada De paz e
de candura; Atrai milhões para a grei
sagrada, Retém-nos com brandura.
Nada há no mundo que a compare, Nem
mesmo a própria luz; Nada há que tanto
mal repare Quanto a fé em Jesus.
(Ouve-se o solo do hino 160 do Cantor Cristão .)
2o DEGRAU — HUMILDADE
Humildade é a inebriante essência das almas nobres,
precioso adorno dos corações bem formados, virtude sublime
que caracteriza o verdadeiro cristão. Jesus amava tanto a
humildade que foi ele o mais perfeito exemplo dessa virtude.
Uma vez tomou uma bacia com água e lavou os pés dos seus
discípulos. Jesus exaltava os humildes e repreendia os
soberbos. Na controvérsia dos discípulos, sobre qual deles
seria o maior no reino de Deus, disse-lhes o Mestre Divino:
"Todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso
serviçal; qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja
vosso servo. Bem como o Filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de
muitos." E, observando, num banquete para o qual fora
convidado por um chefe de fariseus, como alguns convidados
escolhiam os primeiros lugares, Jesus propôs-lhes uma
parábola e, concluindo, disse: "O que a si mesmo se exaltar
será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será
exaltado."
Pela sua humildade foi Davi ungido rei de Israel e pela sua
soberba foi Nabucodonozor despojado da coroa real e
comparado aos brutos até reconhecer o poder de Deus. Pela
sua humildade foi Maria escolhida para ser a mãe de Jesus e
pela soberba foi Jezabel castigada. "Amados, revesti-vos da
humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça
aos humildes."
3o DEGRAU — ARREPENDIMENTO
O arrependimento é a manifestação da graça e a chave
que abre a porta do céu e tranca a do inferno. O
arrependimento salvou a cidade de Nínive, mas a
impenitência abrasou Sodoma e Gomorra. Disse Jesus: "Eu
não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao
arrependimento." Oh! pecadores, arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados,
porque haverá alegria no céu por um pecador que se
arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não
necessitam de arrependimento.
(Em dueto, o hino 274 do Cantor Cristão .)
4o DEGRAU — OBEDIÊNCIA
Obediência é o sinônimo de fé, testemunho fiel da
verdadeira conversão. Quando o pecador se converte
sinceramente e aceita a Cristo como seu Guia, Mestre e
Salvador, o maior desejo do seu coração regenerado é fazer a
vontade daquele que o resgatou. Disse Jesus: "Se vós
estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós,
pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito." "Nem todo o
que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." "O
mundo passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a
vontade de Deus permanece para sempre." Cristo foi
obediente até a morte — e morte de cruz.
5o DEGRAU — PUREZA
Para se descrever a pureza, ainda que se tome por modelo
as coisas mais belas e as coisas mais santas, não se terá
descrito esta virtude na sua perfeição. Os raios do sol, a
alvura imaculada da neve, a claridade laticente da lua cheia,
os belos matizes e a fragrância das flores, a modéstia da
violeta, a candura do lírio, o fulgor das estrelas, as
cintilações do diamante, o riso da criança e a lágrima da
virgem — símbolos que são da pureza — não são, contudo, a
verdadeira descrição dela, porque mesmo comparada a essas
coisas tão belas, as mais puras que o nosso pensamento
possa abranger está aquém da perfeição. Porque a pureza é
Cristo, o único ser que a encarnou. Em Cristo não puderam
seus inimigos achar pecado. "Como é santo aquele que vos
chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira
de viver." "Sede santos, como eu sou santo."
(Hino 123 do Cantor Cristão , 1a e última estrofes.) 6'
DEGRAU — ABNEGAÇÃO
O princípio da vida cristã é o amor para com Deus e os
homens. Para quem tem um coração cheio de amor é fácil
dar o primeiro lugar aos outros e é capaz, por estar
preparado, para dar o importante passo que Jesus ensinou
quando disse: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a
si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me."
7o DEGRAU — AMOR
O amor é a vida. Pelo amor criou Deus o mundo. Pelo
amor derramou Jesus seu precioso sangue. O amor é o
divino fator de todas as belas virtudes, de todo o nobre
heroísmo. É o astro que guia o pobre viajor e a Estrela do
Oriente, guiando os pastores e os três magos ao presépio de
Belém. Sim! o amor é o prodígio de um Deus humanado para
a redenção dos homens. O amor é o sentimento mais puro e
elevado que predomina no coração humano. Amor
incomparável é o de Jesus Cristo, porque ninguém tem maior
amor do que este de dar a sua vida pelos seus amigos.
Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos
amar uns aos outros.
O amor é a escada sublime, Vasta,
imensa e luminosa Que prende o filho
do crime Ao doce olhar de Jesus; É
língua de fogo ardente Que desce
vertiginosa Dos sorvedouros do inferno
Aos sorvedouros da luz!
(Hino 37 do Cantor Cristão , pelas jovens que estão
representando.)
VISÃO:
A fé sem estas virtudes é morta. É semelhante a uma
escada sem degraus. Da mesma forma, as obras sem fé para
nada servem, sendo como os degraus de uma escada sem os
lados para sustentá-la. Assim como a escada não ficará
firme, se estiver colocada em um lugar duvidoso, também
estas virtudes não terão valor algum, se não estiverem
colocadas sobre a Rocha dos Séculos — Jesus Cristo.
Vivamos, portanto, amigos que me ouvis, vivamos uma vida
de fé e humildade, de arrependimento e abnegação, de
pureza e obediência. E assim o amor, que é a quinta essência
da perfeição divina, será revelado em nós e por nós! Então,
cheios de fé e amor, galguemos os degraus desta escada
sublime, donde nos havemos de alar para os céus e viver
eternamente com Jesus.
(Canta-se "Que a beleza de Cristo".)
A FLORI ST A
Cláudia Faria
(Drama em dois atos, que representa a felicidade que há em
Cristo, tanto para os ricos como para os pobres.)
PERSONAGENS:
Rita — a moça rica Raul — seu
irmão Ana — a florista Uma
criada
lo Ato
(Cenário: Sala luxuosa com piano, onde uma jovem muito
bem vestida está costurando, depois pára e começa a
passear, monologando.)
RITA — Que coisa estranha! Todos me julgam feliz, muito
feliz e sei que não o sou, porque considero a felicidade um
estado de alma e não o acúmulo de bens materiais, de que
vivo rodeada. Tenho jóias, vestidos bons.. . freqüento bailes e
teatros e possuo dinheiro suficiente para satisfazer aos
mínimos caprichos. Entretanto, minhalma anseia qualquer
coisa mais elevada; não vivo em paz. Dir-se-ia que sou
criminosa, quando não faço mal a ninguém. Nem no trabalho
encontro prazer.
(Retoma à costura e instantes depois entra uma criada
acompanhada de uma jovem simpática e modesta, que traz
umas flores. Estas devem ser brancas e vermelhas.)
CRIADA — Senhorinha Rita, esta moça insistiu tanto em
falar-lhe que resolvi deixá-la entrar e trazê-la à sua presença.
(Retira-se a criada,)
RITA (levantando-se) — Que deseja?
ANA — Perdoe-me, senhorinha, se a importuno, mas a
necessidade a isso me impele. Vendo flores para sustentar-
me e a minha mãe velhinha, e hoje ainda não vendi
nenhuma. Julguei que talvez quisesse ajudar-me,
comprando estas (mostra-lhe as flores).
RITA (olhando o ramalhete) — São bonitas e estão bem
feitas. Quem as fez?
ANA — Eu mesma; sou melhor costureira que florista.
Mas, quando escasseia a costura, recorro às flores.
RITA — Mas como se pode viver assim de meio tão incerto
e conservar a expressão calma que noto em seu rosto?
ANA — Com inteira fé num Ser Supremo, que do céu nos
cuida e nos alimenta.. . nunca nos faltou o pão diário, apesar
de ter desde tenra idade perdido meu pai. Primeiro era
minha mãe quem trabalhava; agora sou eu quem a sustento.
Foi com ela que aprendi desde muito cedo a conhecer a
onipotência e o amor de Deus. E como somos felizes, apesar
de pobres!
RITA (à farte) — Felizes! Como desejaria poder expressar--
me assim. (Para Ana:) Não gostaria de ser rica? Não preferiria
estar no meu lugar?
ANA — Se assim aprouvesse a Deus, sim. Entretanto, não
trocaria a paz que tenho nalma por dinheiro algum.
Escolheria antes ser pobre como sou, do que rica e passar os
dias ansiosamente, sem a felicidade espiritual que Cristo me
dá.
RITA — Fala de modo diferente daqueles de quem vivo
rodeada! Suas palavras encerram uma sabedoria que mal
posso perceber e que nunca encontrei em livro algum dos
muitos que já tenho lido.
ANA — São palavras referentes à verdadeira vida, à vida
eterna e que se encontram no Livro dos livros, na Palavra de
Deus, que certamente a Senhorinha nunca leu.
RITA — De fato, nunca li nada desse livro de que me fala.
E, sempre pensei que os assuntos sobre a vida eterna não
fossem para esta vida, mas para a de além-túmulo.
ANA — Pois é essa esperança de uma vida ditosa após
essa existência terreal que nos faz prosseguir sorrindo e
cantando através das lutas e dificuldades neste mundo. A
Palavra de Deus diz: "Não temais os que podem destruir o
corpo; se este corpo se desfizer, teremos um tabernáculo
incorruptível, dado por Deus." Por que temer, pois, a fome, a
carência de bens materiais ou outra qualquer coisa dessa
natureza?
RITA — O que diz é sublime e incita-me a averiguar mais a
respeito. De hoje em diante, as portas de minha casa estarão
abertas sempre que quiser vir consolar-me com sua amável
visita. Considerá-la-ei uma boa amiga, pelo muito que me
alegrou o espírito num dia em que desanimada me
encontrava.
ANA — Muito agradecida.
RITA (dando-lhe dinheiro) — Aceite esta quantia como
pagamento destas belas flores; porque flores do seu bondoso
coração sei que não as poderia pagar.
ANA (recebendo) — Tanto dinheiro! Muito agradecida pela
sua generosidade!
RITA — Não há de quê. Agora, diga-me qual o seu
endereço, pois pretendo ir ver sua mamãe e levar-lhe mais
algum auxílio.
ANA (muito constrangida) — Pouco adianta o dizer-lhe,
pois hoje é o último dia em que poderemos lá morar. Devido
ao atraso de pagamento temos ordem de desocupar o quarto
amanhã e não sabemos para onde haveremos de ir.
RITA — Como? Deverão mudar-se amanhã e hoje ainda
não sabem para onde irão?
ANA — Deus provera. Temos irmãos na fé, muito
bondosos, que decerto não nos permitirão ficar desabrigados,
assim que souberem da nossa situação dificultosa.
RITA (reflete um instante) — Não disse no princípio que
sabe costurar?
ANA — Sim.
RITA — Pois fica nomeada minha costureira. Não lhe
faltará trabalho, nem casa, pois passará a morar com sua
mãezinha num dos quartos vagos que possui esta grande
casa onde moro e que passará também a ser sua.
ANA — Muito, muito agradecida! Tanta bondade me
comove! Deus encaminhou-me à sua casa e me diz ao
coração que a senhorinha é uma boa alma que anseia
pertencer ao redil do Senhor, mas ainda não encontrou o
Caminho, a Verdade, e a Vida. Deus a abençoe e, se me dá
licença, vou correndo, apresentar à mamãe o seu generoso
oferecimento, que não deixará de aceitar, estou certa.
RITA — Pois não. (Toca a campainha, chamando a criada,
que acompanha até a porta a florista. Rita fica só; reflete um
instante e fala:)
RITA — Nunca me senti tão bem! Tenho dado tanto
dinheiro aos pobres e nunca fiz caridade (segundo me diz o
próprio coração) como esta de tratar com deferência esta
pobre moça, oferecendo-lhe moradia em meu palacete, que
tem hospedado tanta gente ilustre! Mas também, quão
diferente é ela das outras que me procuram para pedir
auxílio! Que pobreza nobre! Que modéstia digna!
Verdadeiramente me fizeram bem as suas palavras e espero
que continue a trazer o bálsamo para minhalma aflita e
ansiosa.
(Entra Raul alegremente e, depois de cumprimentar a irmã,
fala:)
RAUL — Que fazes aí tão só? Ultimamente tenho achado
minha boa irmã tão triste! Parece-me que não te sentes feliz,
Rita! Que tens? Bem sabes que não temos pai, nem mãe,
mas, o que teu irmão puder fazer para tua felicidade, não
hesitará. Precisas de dinheiro? (mete a mão no bolso).
RITA — Agradecida, Raul. Não é dinheiro que me falta. É
paz espiritual; é felicidade íntima. Não estou satisfeita
comigo mesma. Sinto-me responsável diante de Deus pelo
conforto com que me presenteou, quando em volta de mim
há tantas pessoas que carecem de auxílio e ao mesmo tempo
sinto que todo esse dinheiro não me faz feliz.
RAUL —.Es incoerente em tuas palavras, minha irmã.
Sentes responsabilidade por uma fortuna que herdaste e
dizes que ela não te faz feliz. Pensas, talvez, que se viesses a
esmolar encontrarias felicidade? (ri) Pois olha, estou com
várias negociações já realizadas e sonho com o dia em que
ficarei sendo o Rei do Algodão! Que tal? (Reparando as flores
em cima de um móvel) Que flores são estas? Algum presente?
RITA — Não; comprei-as de uma moça pobre que aqui veio
e com quem muito simpatizei. Por sinal, que a convidei para
vir morar em nossa casa com a mãe, que é velhinha. Comovi-
me com a vida de privações que levam. Receberam ordem de
mudança e não sabiam para onde ir.
RAUL — Como estás diferente, Rita! Sempre destes
esmolas, mas evitaste sempre a aproximação de gente que
não fosse de nossa casta social, no que sempre concordei.
Agora trazes para nosso palacete duas pessoas paupérrimas!
(Com orgulho) Enfim, será tua criada de quarto.
RITA — Não; será minha costureira e amiga. Se soubesses
como me falou e como me fizeram bem as suas palavras!
RAUL — Pobre da minha irmã!... De uns tempos para cá
noto uma constante preocupação de teu espírito, que não
tem razão de ser. Precisas passear. (Com vaidade) Sabes que
não nos falta dinheiro para isso.
RITA — Falas sempre em dinheiro e, como pensas muito
nele, não tens tempo de pensar também que tens alma e que
para ela de nada te servirão as grandes somas.
RAUL (irônico) — Foi a jovem pobre de que me falaste há
pouco que te insinuou estas coisas?
RITA — Não; ela veio milagrosamente ao encontro dos
pensamentos que me vêm preocupando há bastante tempo.
Falou--me do Livro de Deus onde se encontram
ensinamentos que trazem a Felicidade e a Paz verdadeira ao
coração. Pretendo ler esse Livro e espero sentir-me num dia,
talvez próximo, muito feliz.
RAUL — Quero ver-te feliz, minha mana, e folgo muito que
assim aconteça. (Mudando de voz) Põe esse coração à larga e
conta sempre comigo, com a minha amizade e com meus
esforços para cercar-te de felicidade completa. Saberei
substituir os cuidados de nossos pais, que não mais
possuímos. (Entra a criada, que anuncia:)
CRIADA — Com licença, o jantar está pronto.
RITA — Vamos jantar?
RAUL — Vamos! (Saem juntos e desce o pano.)
2o Ato
(Cenário: o mesmo anterior, se possível, com mais
simplicidade e menos enfeites supérfluos. Rita elegante,
embora vestida com modéstia.)
RITA (monologando) — Como me sinto feliz! Faz apenas
um mês que Ana aqui veio morar e como se transformou em
tão pouco tempo a minha vida! O tempo passa célere, porque
o emprego em coisas que aproveitam para o bem-estar de
espírito. Minha preocupação constante agora é ser útil. Com
o dinheiro dos ricos vestidos de baile, de que agora não mais
necessito, visto a pobreza e alivio-lhe a fome.
(Entra Ana)
ANA — Acabam de telefonar da casa do Dr. Antunes,
convidando-te para tomares parte numa festa em benefício
da casa da criança pobre amanhã, tocando ao piano ou
cantando. Aceitas?
RITA — Aceito, sim; ajuda-me a escolher, Ana. Que
música deverei tocar? (ou cantar, conforme o que a pessoa
que fizer esse papel saiba fazer melhor.). (Vão as duas até ao
piano e Ana sugere uma música. Uma canta, a outra toca.
Quando estão quase terminando, entra Raul, que ainda
aprecia o número executado.)
RAUL (cumprimentando-as com distinção) — Como estão
satisfeitas!
ANA — Estamos ensaiando uma música para Rita tocar
amanhã.
RAUL (dirigindo-se a Ana) — Muito tenho a agradecer-lhe o
bem que tem proporcionado à minha querida irmã. Desde
que a senhorinha veio para nossa casa, tem-se operado uma
grande transformação em Rita. Decerto é maravilhoso o
poder que possui a sua pessoa para produzir milagre tão
grande!
ANA — Não é meu o poder transformador. Não sou eu que
a tenho mudado, mas Cristo, que habita agora no seu
coração. Fui apenas o instrumento nas mãos de Deus para
apontar-lhe o caminho a seguir. Rita era uma ovelha que
vagava a espera de encontrar o Bom Pastor, Jesus. A sede e
fome de Justiça que possuía a sua alma permitiam que
conhecesse o Mestre depressa quando muitos buscam
durante anos e anos a quem servir — se a Deus ou ao
mundo.
RAUL — Para Rita, que é mulher, foi fácil decidir-se ao
lado de Jesus; mas para mim, por exemplo, homem de
negócios, é muito difícil. Como se haveriam de rir de mim os
grande industriais, meus conhecidos, se me vissem fazendo
parte desse grupo de homens de boa vontade!
ANA — Desculpe-me, Sr. Raul, mas Rita também estava
relacionada com moços da alta classe social, mas colocou o
valor de sua alma acima de todas as demais coisas.
RITA (aparteando) — E não trocaria a paz que tenho em
meu coração por aquele estado de perdição eterna em que eu
vivia antes...
ANA — O senhor poderia ser um vaso de bênçãos nas
mãos de Deus com os dotes de que é possuidor: talento,
mocidade, honradez e o dinheiro que falta a muitos que
gostariam de usá-lo em benefício dos menos favorecidos de
bens materiais.
RAUL (pensativo) — Mas Jesus não disse que os ricos não
entrariam no reino dos céus?
ANA — Não; Jesus disse que era difícil, por causa da
avareza que avassala grande número de ricos ou da
desonestidade dos meios usados por muitos ricaços. O
senhor, porém, realiza negócios com uma das riquezas
agrícolas de nossa Pátria — o algodão. Poderia aceitar hoje
mesmo a Cristo, sem nenhum impedimento.
RAUL — E os meus pecados? pois sei que os tenho.
ANA — Esses mesmos, Jesus os quer, porquanto possui
poder para perdoá-los. Ele é o filho de Deus, cumpriu o
plano de redenção deixando-se crucificar e só ele tem o poder
de salvar. É tão-somente crer e recebê-lo no coração como
Rei e Senhor.
RAUL — Decididamente, a senhorinha foi a emissária de
Deus nesta casa; de florista, passou a jardineira de duas
almas, que oscilavam ao léu do vento do destino. Prometo-
lhe que de hoje em diante vou procurar trilhar nos passos de
Jesus e ler a Palavra de Deus com o desejo intenso de buscar
a Verdade,e somente a Verdade.
(Rita aproxima-se com uma caixa contendo o ramalhete
comprado à Ana no princípio e fala:)
RITA — Raul, hoje que decides buscar o Mestre e segui-lo,
quero ofertar-te estas flores, que para mim têm alta
significação. Comprei-as de Ana no primeiro dia em que aqui
entrou. As vermelhas representam o sangue remidor de
Jesus; e estas brancas, as almas lavadas do pecado por seu
poder salvador. Que elas sirvam para lembrar-te o santo
propósito que tomaste hoje e te ajudem, pelo símbolo de que
estão constituídas, a encontrares a salvação de tua alma.
(Raul recebe as flores e agradece.)
ANA — Vamos em regozijo louvar a Deus por meio da
música como preito de gratidão por ter tornado este lar tão
feliz.
RITA e RAUL — Vamos!
(Raul toca para as duas cantarem ou escuta, atencioso,
Ana e Rita, que tocam e cantam o hino 407 ou 402 do Cantor
Cristão ou ainda outro que exprima a satisfação e a alegria do
convertido. Ao terminarem, desce o pano.)
O JARDIM DE DEUS
Waldemira Almeida
Música — "As Rosas Cheirosas", Cânticos para Crianças no
45. Enquanto o órgão toca este hino, um grupo de meninas e
mocinhas entra e toma os seus lugares no palco, sentando
quieto, cada uma trazendo uma flor natural ou artificial, para
representar melhor, havendo umas três que sejam mato bravo
e prejudicial ao jardim. Sentadas ao som da música, que deve
ser bem suave, alguém de dentro recita:
A alma humana é a mais bela flor Que no
jardim de Deus medrar ousou, Desabrochando
da fraqueza sua, Em sabedoria e poder atua!
Voltada para o céu, da treva surge, Bela,
venturosa e pura ela estruge, Exigindo cuidado
e proteção, Suplica auxílio, amor, consagração!
E a alma esperando, implora, a chorar: Quem
nos virá o amor de Deus contar, Nossa alma do
inferno resgatar?! Quem virá? Quem virá? Eis o
clamar, Clamar insistente, tocante a mim.. . A
ti, que significa ele, enfim?! Quem virá, quem
virá, a mim salvar? A grande história de Jesus
contar?
(Toca-se o hino 439 do Cantor Cristão , e entra uma jovem
vestida de república brasileira e se coloca no centro, ficando
imóvel. Segue-a outra moça, vestida de branco com uma fita
onde está escrito: — Evangelismo. Quando o órgão pára,
anda, tocando nas flores.)
Lindas, lindas flores, em vós que representais a mocidade
desta grande Pátria repousa toda a minha esperança. Vós
sois o futuro risonho que diante dela desabrocha. A sua
grandeza, o seu poder ao lado das demais nações, tudo de
vós depende. Este amor perfeito, ainda em botão, representa
o arco-íris da promessa. Assim também estas pequeninas
violetas: elas serão a juventude, em cujas vidas as mais
puras influências se infiltrarão, a fim de que se tornem veras
testemunhas por Cristo.
Minhas papoulas, vocês estão lindas, muito belas, mas
noto que não possuem odor; conheço, no entanto, a causa,
pois bem no fundo da corola posso divisar uma cruz negra.
Vocês também me dizem bem alto e em bom som da
mocidade inteligente e entusiasta desta grandiosa Nação,
atraindo todos em derredor, embora carregando no coração a
negra cruz do pecado e egoísmo, porque faltam jardineiros
que dela cuidem com ardor, a fim de que conheça aquele
cujo amor tudo transforma, dando--lhes a fragância que vem
do conhecimento seu, o qual é perfeito, e duma completa
comunhão com o Mestre. Há tantas papoulas espalhadas no
meu território, pois até os meninos e meninas estão incluídos
nesta classe quando o Salvador, por boca do apóstolo Paulo,
diz: "Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória de
Deus." (Descobre joio no jardim. Pausa.)
Joio também crescendo aqui? Oh! por que tem de haver
também joio neste precioso jardim de Deus ?! (As pessoas
que representam o joio em lugar de planta devem levar tiras
escritas: "Negligência", "Antipatia", "Ignorância", levantando os
nomes ao serem notadas.)
Como o joio cresce entre as flores, assim os filhos de Deus
também vivem entre os inimigos, que estorvam o seu
crescimento. Jamais poderão desenvolver o poder e a beleza
que os habilitam a levar avante o meu plano. Como viverão o
evangelho, cercados de tantos inimigos? E o meu sucesso no
futuro sobre eles tenho posto. Que hei de fazer? (Pensa.) Ah!
vou mandar chamar os meus jardineiros mais fiéis e estudar
esta questão; preciso agora de auxílio mais do que nunca!
(Dentro cantam a segunda estrofe do hino 512 do Cantor
Cristão e, no coro, LAR entra, trazendo a tiracolo a palavra —
"Lar".)
EVANGELISMO (após o cântico) — O meu coração
estremece, ao pensar na mocidade deste grande país. A
mocidade são as flores que, lindas e imaculadas, devem
desabrochar no jardim de Deus. O meu futuro dela depende.
Não posso esquecer do adágio que diz: "Os erros da mocidade
são os aguilhões e o cativeiro da velhice." E a minha
apreensão neste momento está baseada no passado: o que
vêem hoje os meus olhos, senão o reflexo e a continuação de
um passado ignominioso, devido à ignorância do meu poder
transformador? E, para cúmulo, eis o joio crescendo no meio
do jardim, entre as lindas flores do jardim de Deus! Que
fazer para evitar a contaminação? Como levar a mocidade a
pensar nas grandiosas verdades eternas, quando cercada por
tantos inimigos? Como livrá-la do mundanismo, guiando-a
por um caminho de ventura e de gozo, que, principiando
nesta vida, jamais terá fim? Como levá-la a desejar o que é
puro, justo, verdadeiro e santo, a fim de que a fragância —
influência benéfica que das suas vidas exala — possa ser o
meio de salvar o Brasil?
LAR — Prezado Evangelismo, assim como o crescimento
das plantas exige um solo fértil, o futuro da mocidade
também depende grandemente da atmosfera religiosa do lar.
A maior influência da vida desponta no lar, quando, ainda
tenros os rebentos, são impressas as verdades que se
eternizam. O primeiro banco escolar deve ser o colo da
mamãe, onde a criança ouve do amor de Deus, amor este
que purifica o coração infantil, forta-lecendo-o para a vitória
na juventude, quando as lutas surgem.
A mordomia paterna e materna, isto é, o privilégio de ser
pai e mãe, é talvez a mais sagrada da vida, pois aos pais é
dada a bênção de formar o caráter dos filhos, ajudando-os e
preparando-os para uma vida gloriosa na presença do
Senhor, onde devemos andar todos os minutos da nossa
existência. Eles, os pais, são os responsáveis, até certo
ponto, pelo futuro dos filhos, sendo muito maior a
responsabilidade espiritual, o que exige vida de oração e
inteira consagração. E, neste assunto, tanto ao pai como à
mãe cabe igual porção, se bem que não possamos negar o
fato de que às mães são outorgadas mais freqüentes
oportunidades, devido a viverem sempre no lar ao lado dos
filhos — "A mão que embala o berço governa o mundo."
Quando em todos os lares cristãos os pais compreenderem
esta verdade e não a descurarem, as flores, mesmo entre o
joio, irradiarão perfume e atrairão outras, derribando por
terra a influência do joio. Representando o lar, solo onde a
semente germina e cresce, tudo farei ao meu alcance a fim de
que a mocidade cristã se torne uma glória, para alegria
daquele que diz: "Ainda um pouco, e o mundo não me verá
mais, mas vós me vereis; porque eu vivo e vós vivereis."
EVANGELISMO — Sinto-me grandemente feliz com a sua
resolução, jardineiro do solo. E sei que poderei contar com a
sua perfeita ajuda a fim de descobrirmos outros jardineiros
que prontos estejam a alistar-se nesta tarefa gloriosa.
(Com a música do hino 544 do Cantor Cristão , canta-se:)
Vamos, jovens alunos, à escola, Desejando aprender
com ardor, Bons conselhos ouvir com respeito, Que se
ensinam ali com amor.
Vinde, vinde à escola comigo, Aprender a
lutar por Jesus, Para as Novas levar aos
perdidos, Que reclamam a mensagem da
cruz.
(Escola entra quando começam a cantar o coro, trazendo à
tiracolo a palavra — "Escola".)
EVANGELISMO — Grandiosa e importantíssima é a sua
tarefa. Confio no seu auxílio quanto ao crescimento vigoroso
das minhas plantas. Considero-a a continuadora da obra do
meu primeiro jardineiro, o Lar. Precisamos trabalhar com
mais ardor. Como podemos levar esta mocidade a trilhar o
Caminho que deve seguir?
ESCOLA — Reconheço grandiosa a minha tarefa, pois sou
aquela que procura podar as tenras plantas, para que
cresçam com vigor e beleza. E, ai de mim se erro no cortar
um galhinho fora de tempo ou se não o decepo na ocasião
própria! Estou providenciando a fim de que tenhamos
escolas melhores e mais professores cristãos. Sem estes, o
meu esforço será improfícuo. (Atravessam o palco devagar
uma professora com alunos carregando livros.) Aqui está uma
escola que, não sendo modelo, está, no entanto, ajudando
muito em alcançarmos o nosso alvo. Esta professora formou-
se em uma das nossas escolas cristãs. Com ela temos muitas
outras espalhadas na vastidão deste território. De muitas,
nada ouvimos a respeito, porém são elas que preparam a
juventude de amanhã, arrancando, com amor, dos seus
corações, as plantas daninhas que aparecem. Rendamos
graças ao Pai, prezado Evangelismo, porque ele tem chamado
um bom número de moças crentes para este trabalho
espinhoso e muitas se preparam este ano para a mesma
obra. Lamentamos profundamente que um grande número
de moças deixa de receber preparo em nossas escolas cristãs
por falta de sustento. Desconhecem elas os cardos da
profissão? Absolutamente. Mas a sua confiança está em
Deus. (Põe-se ao lado do Lar.)
EVANGELISMO — Que felicidade possuí-la como auxiliar
nesta grande missão, Escola! Você tem razão; professores
cristãos que saibam orar diariamente, viver e ensinar o
evangelho é o de que mais precisamos na atualidade.
(Ao som do canto da primeira estrofe e coro do hino 382 do
Cantor Cristão , entra Igreja, trazendo a tiracolo a palavra
"Igreja".)
EVANGELISMO — Que felicidade possuí-la como auxiliar!
Igreja, fiel ajudadora. Com você a vitória será completa.
Como estou feliz! As nuvens se estão desfazendo. A luz
brilha. Um novo dia surge.
IGREJA — Pronta estou a ajudá-lo, Evangelismo. Certa
vez havia um lindo botão pronto a abrir-se e transformar-se
numa rosa. Todas as forças da natureza se prontificaram a
auxiliá-lo no desprender de suas pétalas. O vento foi o
primeiro a dizer: "Eu posso ajudá-lo." Soprou forte e
demoradamente. Conseguiu apenas que o lindo botão
vergasse, quase tocando o chão. A chuva veio, certa de que
só o seu auxílio seria bastante. E as gotas caíram uma após
outra e o botão permaneceu fechado. O sol refletiu a sua luz,
e em pouco o botão desabrochava na mais linda flor. A luz
bendita de Deus possui um poder maravilhoso! E esta luz, de
que tanto carecemos, se encontra na Escola Bíblica
Dominical (atravessa o palco uma moça com outras, trazendo
Bíblias, revistas, etc), onde há possibilidade do estudo da
Palavra de Deus e um lugar para todos. Também vive nas
organizaçÓes da União Feminina Missionária, Uniões de
Mocidade (pode atravessar o palco uma senhora, uma jovem,
uma criança, um rapaz ao lado de uma jovem) e, enfim, nas
diversas realizações do trabalho. É uma realidade esta: (o
órgão toca o coro do hino 129 do Cantor Cristão , enquanto a
pessoa recita):
Luz bendita, luz gloriosa, Concedida lá dos
altos céus Só ao crente em Cristo, o
Redentor; A bendita luz de Deus!
(Dentro cantam a terceira estrofe do hino 129, enquanto
entra uma pessoa, trazendo um grande fardo às costas. Ao
aproximar-se, tropeça e vai caindo, quando Lar, Escola e
Igreja vão em seu auxílio e ajudam-na a aproximar-se de
Evangelismo. Ajoelha-se e deixa o fardo cair, ficando em
atitude de oração. Ao terminar o hino, levanta-se e diz:)
PECADORA — Luz bendita!. . . Luz gloriosa!. . .
Cor Concedida lá dos altos céus. . .
(Pausa) Venho de longe, de muito distante. Por muito
tempo vagueio nas ruas desta cidade sem encontrar consolo
nem auxílio. Agora sou feliz! Os meus pecados estão
perdoados. Volto ao meu povo, para falar-lhe desta luz
bendita e gloriosa. (Com tristeza:) Mas. . . há tanta gente na
minha aldeia, tanta!. . . Velhos, moços, crianças, que
precisam ver esta luz. Eu sozinha, que farei? Quem irá
ajudar-me? Quem está pronto a ir comigo?
EVANGELISMO — Quem irá, quem irá o Evangelho de
Cristo levar?
JOVENS (duas, que se aproximam) — Nós iremos.
PECADORA (para elas) — Quem sois vós?
JOVENS — Moças cristãs que tiveram o privilégio de fazer
o curso secular e religioso em nossas escolas de obreiras e
têm entregue a sua vida ao Mestre. Iremos para onde quer
que ele nos envie.
PECADORA — Vamos, vamos depressa, porque milhões
perecem diariamente sem o conhecimento desta luz, que
vivifica e salva!
EVANGELISMO — Eu as acompanharei. Distender o
jardim de Deus, derribar os muros de separação, combater o
erro, fazer Cristo conhecido, eis a sublime missão que
cumprir devo.
LAR — Eu contribuirei, orarei e descobrirei outras, que a
irão auxiliar.
ESCOLA — Eu prepararei novas ajudadoras.
IGREJA — Eu velarei por vós.
(Cantam o hino 308 do Cantor Cristão a duas vozes e, ao
som, da música, saem., Evangelismo, Flores, Pecadora,
Jovens, Lar, Escola, Igreja e República.)
Nota — Se os hinos forem, cantados a quatro ou a duas
vozes, ainda ficará melhor, sendo bem suaves e harmoniosos.

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