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06/11/2008-13:10 | Autor: Gabriela Gomes Coelho Ferreira;
Informativo n. 0373
As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela
Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios
oficiais da jurisprudência deste Tribunal.
A Seção, ao julgar recurso repetitivo (art. 543-C do CPC), nos autos de embargos à
execução fiscal proposta para a cobrança de ICMS declarado em Guia de Informação e
Apuração (GIA), mas não pago, reiterou que, quanto aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo, não tem o contribuinte o
benefício da denúncia espontânea (Súm. n. 360-STJ). No caso, o tributo foi declarado em
atraso, e o crédito, constituído, contudo não houve o recolhimento do tributo (questiona-se
a nulidade das CDAs), o que afasta a alegação de a simples declaração (GIA) caracterizar
denúncia espontânea (art. 138 do CTN), incidindo a multa moratória. Precedentes citados:
EDcl no Ag 568.515-MG, DJ 17/5/2004, e REsp 402.706-SP, DJ 15/12/2003. REsp
886.462-RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 22/10/2008.
A Seção, ao julgar recurso repetitivo (art. 543-C do CPC), com objetivo de afastar a
aplicação de multa imposta pela Fazenda, reiterou que o contribuinte não tem o benefício
da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) quanto aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação (Pis/Cofins) por ele declarados (em Declaração de Débitos e Créditos
Tributários Federais - DCTF) porque se constituiu o crédito, mas o valor foi recolhido
extemporaneamente, incidindo multa moratória (Súm. n. 360-STJ). Precedentes citados:
AgRg nos EREsp 638.069-SC, DJ 13/6/2005; REsp 510.802-SP, DJ 14/6/2004, e AgRg
nos EREsp 804.785-PR, DJ 16/10/2006. REsp 962.379-RS, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, julgado em 22/10/2008.
NOTAS DA REDAÇÃO
Fez-se imperioso o julgamento de dois recursos repetitivos que alcançaram o STJ com
fundamento no Enunciado nº.360 da Súmula do STJ.
SÚMULA N. 360-STJ
O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Rel. Min. Eliana Calmon,
em 27/8/2008.
A dúvida foi sintetizada pelo Ministro João Otávio de Noronha em seu voto extraído do
REsp 307974, no excerto que segue:
Para o STJ, descabe a benesse da denúncia espontânea nesses casos, nos quais o
contribuinte é o responsável pelo lançamento tributário, ato administrativo que constitui o
crédito tributário com a declaração da obrigação tributária correspondente. A
homologação, impende aqui dizer, é o ato de confirmação da Administração, ou seja, é a
análise do FISCO acerca do tributo devido.
No mesmo sentido:
Todavia, cumpre a esta Redação salientar que há densa doutrina contrária ao sumulado.
Explica-se o porquê:
A declaração da falta cometida tem que ser livre de qualquer pressão, de maneira que, se
for formulada após o início de procedimento administrativo ou fiscalização, relacionados
[diretamente] com a infração, igualmente não gerará as conseqüências do art. 138,
cabendo ao sujeito passivo arcar com as sanções impingidas. (FARIA, Luiz Alberto Gurgel
de. apud BARROS, Felipe Luiz Machado. Denúncia espontânea: pressupostos de
admissibilidade, requisitos de forma e impossibilidade de alteração do instituto pelas
entidades tributantes. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_53/artigos/denuncia.htm. Acesso em
05/11/2008)
Assim, nos demais tipos de lançamento - de ofício e por declaração, nos quais o Estado
participa - é possível a denúncia espontânea. Ou seja, é possível ao contribuinte
denunciar-se, espontaneamente, antes do início de qualquer procedimento administrativo
ou de fiscalização.
Mas, qual é a infração? Aurora Tomazini de Carvalho, a define como o fato jurídico ilícito,
decorrente do não cumprimento do dever jurídico prescrito no conseqüente de uma norma
primária dispositiva tributária. Ou seja, a norma que institui o tributo prescreve que se
ocorrer determinado fato, nasce para o sujeito passivo (contribuinte) o dever de pagar
tributo a um determinado sujeito ativo. A verificação (em linguagem competente) do não
cumprimento desse dever jurídico caracteriza-se como infração.(CARVALHO, Aurora
Tomazini apud GOMES, Victor Pontes de Maya. Extensão dos efeitos da denúncia
espontânea às infrações penais e aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação,
quando apresentada a declaração e não recolhido o tributo devido.
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11897&p=1. Acesso em 05/11/2008)
Logo, a infração, nos casos dos demais lançamentos, é o não pagamento do tributo pelo
contribuinte no prazo devido. E, uma vez cometida, a responsabilidade decorrente dela é
afastada pela denúncia espontânea. O devedor é conhecedor de sua infração (não
pagamento) desde que fora efetuado o lançamento, e lhe é dada a oportunidade de, antes
de a máquina estatal cobrar, pagar sem o ônus pela falta.
Além disso, a doutrina que segue o determinado pelos tribunais superiores informa que o
procedimento administrativo teve início com a ação do contribuinte, mesmo que em
substituição à Fazenda Pública, de efetuar o lançamento. Mas tal procedimento não tem
início com o lançamento pelo Estado nos demais casos, nos quais se aceita a denúncia
aqui avençada quando ocorre pagamento fora do tempo determinado?
SÚMULA N. 360-STJ
O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Rel. Min. Eliana
Calmon, em 27/8/2008.