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TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/MCP PROCESSO Nº 30.945/16


ACÓRDÃO

L/M “AFORTUNADO”. Incêndio na praça de máquinas, seguido de naufrágio de


embarcação durante navegação nas proximidades da Ponta da Ribeira, Baía da
Ribeira, Angra dos Reis, RJ, com posterior resgate da embarcação, apresentando
sérios danos no seu interior, sem, no entanto provocar acidentes pessoais, tampouco
poluição ao meio ambiente hídrico; Causa determinante não apurada com a
necessária precisão. Arquivamento.

Vistos os presentes autos.


Tratam os autos de IAFN, instaurado pela Delegacia da Capitania dos Portos em
Angra dos Reis para apurar os fatos e circunstâncias envolvendo o incêndio e ulterior naufrágio,
da embarcação “AFORTUNADO”, ocorrida por volta das 19h de 27 de abril de 2016, quando
navegava nas proximidades da Ponta da Ribeira, Baia da Ribeira, Angra dos Reis, RJ, com
pedido de arquivamento pela D. Procuradoria Especial da Marinha - PEM (fls. 43 a 45) pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos.
Consta nos autos que na data mencionada, a embarcação “AFORTUNADO”,
classificada para atividade de esporte e recreio em área de navegação mar aberto, medindo 16,70
metros de comprimento, sob a condução de seu proprietário, o ARA Renato Frederico de Lima,
navegava na Baía da Ribeira, com destino a BR Marinas, quando ao passar nas proximidades da
Igreja da Ribeira, o motor de boreste parou; Em seguida, a lancha passou a navegar somente com
o motor de bombordo, que veio a apresentar falhas logo a seguir, vindo também a parar. Logo
após, a embarcação foi fundeada, e o condutor dirigiu-se a praça de máquinas para verificar o
ocorrido, e ao abrir a tampa de acesso, surgiram labaredas de fogo, acompanhadas de fumaça
negra que tomaram conta do cockpit. Ato contínuo, o condutor pegou a sacola com pertences
pessoais que estava próximo, e abandonou a embarcação, que veio a naufragar, nadando até a
praia da Ponta da Ribeira, aonde chegou às 19h23min, e acionou o Corpo de Bombeiros Militar
do Estado do Rio de Janeiro. Posteriormente, a lancha foi resgatada e levada para BR Marinas da
Baía da Ribeira.
Insta salientar que o acidente da navegação examinado não acarretou acidentes
pessoais, tampouco poluição hídrica. Porém, todo interior da embarcação foi destruído pelo fogo,
conforme reproduções fotográficas (fls. 13 a 15).
Em depoimento pessoal, (fls. 20 a 22), o ARA Renato Frederico de Lima,
proprietário e condutor da embarcação “AFORTUNADO”, relatou que os equipamentos de
combate a incêndio que a embarcação possuía eram extintores de incêndio portáteis; que os
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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 30.945/2016...........................................................)
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referidos equipamentos se encontravam em bom estado de conservação, operatividade e na
validade; que não sabe informar a causa do incêndio; que o material que inflamou era fibra de
vidro, material elétrico e borrachas; que os motores da embarcação estavam funcionando a cerca
de 01hora e 30 minutos; que antes do acidente tudo transcorria normalmente; que somente o
próprio estava a bordo da embarcação no momento do incêndio; que a embarcação estava
abastecida com cerca de 300 litros de óleo diesel; que não havia outro combustível a bordo; que
tudo estava em perfeito estado de conservação e equipamentos funcionando perfeitamente; que
não houve vazamento de combustível em alguma linha ou tanque; que a embarcação passou por
manutenção periódica em dezembro. E que na última vez que navegou com a embarcação, antes
do acidente, a mesma não apresentou nenhuma anormalidade no seu funcionamento.
De acordo com Laudo de Exame Pericial, (fls. 06 a 11), os Peritos constataram que
não foi possível determinar com precisão a origem e causa do incêndio na embarcação, devido à
degradação de seu interior em razão da queima do material.
O Encarregado do Inquérito, em relatório (fls. 32 a 36), em consonância de
entendimento com os Peritos, não apontou responsáveis pelo evento, tendo em vista que não foi
possível apurar com precisão o motivo do incêndio.
Sendo assim, e em face da carência de provas sólidas, a D. Procuradoria Especial da
Marinha - PEM (fls. 43 a 45) se manifestou pelo arquivamento do presente IAFN, eis que a
causa determinante do acidente não restou devidamente apurada.
Publicada Nota para Arquivamento. Prazos preclusos, sem que interessados se
manifestassem.
Decide-se.
Diante dos elementos contidos nos presentes autos, conclui-se que o acidente da
navegação em apreço, previsto no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54, materializado com
incêndio irrompido na praça de máquinas da LM “AFORTUNADO”, ocorrido por volta das 19h
de 27 de abril de 2016, seguido de naufrágio, quando navegava nas proximidades da Ponta da
Ribeira, Baía da Ribeira, Angra dos Reis, RJ, com posterior resgate da embarcação, apresentando
sérios danos no seu interior, sem, no entanto provocar acidentes pessoais, tampouco poluição ao
meio ambiente hídrico, não teve sua causa determinante apurada com a devida precisão.
Pelo exposto, deve-se determinar o arquivamento dos presentes autos como
requerido pela D. Procuradoria Especial da Marinha - PEM, em sua manifestação (fls. 43 a 45),
considerando este como mais um daqueles eventos de origem indeterminada.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza
e extensão do acidente da navegação: incêndio na praça de máquinas, seguido de naufrágio de
embarcação durante navegação nas proximidades da Ponta da Ribeira, Baía da Ribeira, Angra

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 30.945/2016...........................................................)
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dos Reis, RJ, com posterior resgate da embarcação, apresentando sérios danos no seu interior,
sem, no entanto provocar acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio ambiente hídrico; b)
quanto à causa determinante: não apurada com a necessária precisão; e c) decisão: julgar o
acidente da navegação, previsto no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54, como de origem
indeterminada e mandar arquivar os autos como requerido pela D. Procuradoria Especial da
Marinha – PEM (fls. 43 a 45), como de origem indeterminada.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 14 de dezembro de 2017.

MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA PADILHA


Juíza Relatora

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 12 de abril de 2018.

MARCOS NUNES DE MIRANDA


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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COMANDO DA MARINHA
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2018.05.10 10:17:47 -03'00'

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