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Instituto Superior Técnico

Departamento de Matemática
Secção de Álgebra e Análise

Exercı́cios Resolvidos
Teorema de Fubini

Exercı́cio 1 Considere o subconjunto de R3 limitado pelos planos coordenados e pelos planos


dados pelas equações x + y + z = 3 e x + y − z = 1.
Escreva uma expressão para o volume de S em termos de integrais iterados da forma:
R R R  
i) dz dy dx
R R R  
ii) dx dy dz

Resolução: Em primeiro lugar devemos descrever detalhadamente o conjunto S, em particular


a sua fronteira. A fronteira de S é dada pelos planos

x=0; y =0; z =0; x+y+z =3; x+y−z =1

Os planos x+y +z = 3 e x+y −z = 1 intersectam-se segundo a linha recta x+y = 2 ; z = 1.


Os planos x + y − z = 1 e z = 0 intersectam-se segundo a linha recta x + y = 1 ; z = 0.
Portanto, S ⊂ I em que I = [0, 2] × [0, 2] × [0, 3] como se representa na figura 1.

x+y+z =3

PSfrag replacements
1

x+y−z =1

1 2 y
1
2
x

Figura 1: Esboço de S

R R R  
i) Para o integral da forma dz dy dx fixamos x = a, ou seja, consideramos a inter-
secção de S com o plano x = a em que 0 < a < 2.
Fixando x = a obtemos o corte em S descrito pelas linhas

x =a; y =0; z =0; y+z =3−a; y−z =1−a

Dado que 0 < a < 2 da equação y − z = 1 − a devemos considerar dois casos: ou 0 < x =
a < 1 ou 1 < x = a < 2, tal como se representa na figura 2.
Para 0 < x = a < 1 o corte em S é o quadrilátero

y =0; z =0; y+z =3−a; y−z =1−a

1
z z
0<x<1 1<x<2
PSfrag replacements
3−x

y+z =3−x

y+z =3−x
1 1
y−z =1−x

y−z =1−x
0 1−x 2−x y 0 2−x y

Figura 2: Corte em S segundo o plano x = a

e note-se que para z = 0 obtemos y = 1 − a > 0 .


Para 1 < x = a < 2 o corte em S é o triângulo

y =0; y+z =3−a; z−y =a−1

Portanto, o volume de S é dado por


Z 1 Z 1−x Z 3−x−y  
vol(S) = dz dy dx +
0 0 0
Z 1 Z 2−x Z 3−x−y  
+ dz dy dx +
0 1−x x+y−1
Z 2 Z 2−x Z 3−x−y  
+ dz dy dx
1 0 x+y−1

R R R  
ii) Para o integral da forma dx dy dz fixamos 0 < z = c < 3.
Dado que os planos x + y + z = 3 e x + y − z = 1 se intersectam para z = 1 devemos
considerar dois casos ou 0 < z = c < 1 ou 1 < z = c < 3, tal como se representa na figura
3.
Para 0 < z = c < 1 o corte em S é limitado por três segmentos de recta

x =0; y =0; x+y =1+c

Para 1 < z = c < 3 o corte em S é limitado também por três segmentos de recta

x =0; y =0; x+y =3−c

Portanto, o volume de S é dado por


Z 1 Z 1+z Z 1+z−y  
vol(S) = dz dy dx +
0 0 0
Z 3 Z 3−z Z 3−y−z  
+ dz dy dx
1 0 0

2
y y
0<z<1 1<z<3
PSfrag replacements
1+z 3−z

x+y =1+z x+y =3−z

0 x 0 3−z x
1+z

Figura 3: Corte em S segundo um plano z = c

Exercı́cio 2 Escreva uma expressão para o volume do sólido


 
3 2 2 2 2 2 1
S = (x, y, z) ∈ R : x + y + z ≤ 1 e x + y ≥
4

usando integrais iterados da forma


Z Z Z  
(i) dx dy dz;
Z Z Z  
(ii) dz dx dy.

Resolução: O sólido S é obtido da esfera de raio 1 centrada na origem retirando-lhe os pontos


que pertencem ao cilindro circular de raio 12 e eixo vertical x = y = 0. A intersecção das fronteiras
da esfera e do cilindro é dada por
1 3 1
x2 + y 2 + z 2 = 1 e x 2 + y 2 = ⇔ z 2 = e x2 + y 2 =
4 4 4

1 3
e consiste portanto em duas circunferências de raio contidas nos planos
2 h z√= ± .
√ 2i
3 3
É fácil ver que todos os pontos de S têm valores de z no intervalo − 2 , 2 ; por exemplo,
basta notar que os pontos de S satisfazem
1 3
z 2 ≤ 1 − x2 + y 2 ≤ 1 − = .

4 4
Assim, são estes os limites do integral em z quando o integral iterado é da forma (i).
A intersecção de S com um plano z = constante é a coroa circular dada por
1
≤ x2 + y 2 ≤ 1 − z 2 .
4
como se ilustra na figura 4. √ √
Consequentemente, em cada uma destas intersecções y varia entre − 1 − z 2 e 1 − z 2 .
Para cada valor de (y, z), x tem que satisfazer
1
− y 2 ≤ x2 ≤ 1 − y 2 − z 2 .
4

3
y

x2 + y 2 = 1 − z 2

1
x2 + y 2 = 4

1
0 2 x

PSfrag replacements

Figura 4: Corte em S com z fixo.

p
Há agora duas situações a distinguir: se |y| ≥ 12 , x simplesmente varia entre − 1 − y 2 − z 2 e
p q
1 − y 2 − z 2 ; se |y| ≤ 21 , x satisfaz a condição adicional |x| ≥ 14 − y 2 . (Isto acontece porque se
|y| ≥ 12 a recta obtida fixando (y, z) e fazendo variar x não intersecta o cilindro x 2 + y 2 ≤ 12 , e
portanto a sua intersecção com S é um único segmento; se |y| ≤ 12 esta recta intersecta o cilindro
e portanto intersecta S em dois segmentos).
Assim, o volume de S pode ser escrito como
Z Z
vol (S) = χS = 1
R3 S

Z 3 Z 1 2
Z √ 2 2
−2
! !
1−y −z
= √ √ √ 1dx dy dz
− 23 − 1−z 2 − 1−y 2 −z 2
Z √
2
3 Z 1
2
Z −
√1
4 −y
2 Z √1−y2 −z2 ! !
+ √ √ 1dx + √ 1dx dy dz
3
− 2 − 12 − 1−y 2 −z 2 1
4 −y
2

Z √
2
3 Z √1−z2 Z √1−y2 −z2 ! !
+ √ √ 1dx dy dz,
3 1
− 2 2 − 1−y 2 −z 2

correspondendo à ordem de integração pedida em (i).


Para escrever o mesmo integral na ordem de integração (ii), notamos que a projecção de S no
plano xOy é a coroa circular
1
≤ x2 + y 2 ≤ 1
4
o que implica que |y| ≤ 1. Para cada valor de y tem-se
1
− y 2 ≤ x2 ≤ 1 − y 2
4
p q p
e portanto se |y| ≥ 12 tem-se |x| ≤ 1 − y 2 , e se |y| ≤ 21 tem-se 1 2
4 − y ≤ |x| ≤ 1 − y 2 tal
como se ilustra na figura 5.
Como para cada valor de (x, y) os valores de z são apenas restritos pela equação da esfera, o

4
z z
1 1
|y| > 2 |y| < 2

x2 + z 2 = 1 − y 2 x2 + z 2 = 1 − y 2
1
x2 = 4 − y2

PSfrag replacements x x

Figura 5: Corte em S com y fixo.

volume de S pode ser escrito como


Z 1 Z √ 2 Z √
−2 1−y 1−x2 −y 2
! !
√ √ 1dz dx dy
−1 − 1−y 2 − 1−x2 −y 2
Z 1
2
Z −
√1
4 −y
2 Z √1−x2 −y2 ! Z √1−y2 Z √1−x2 −y2 ! !
+ √ √ 1dz dx + √ √ 1dz dx dy
− 21 − 1−y 2 − 1−x2 −y 2 1
4 −y
2 − 1−x2 −y 2
Z 1 Z √1−y2 Z √1−x2 −y2 ! !
+ √ √ 1dz dx dy.
1
2 − 1−y 2 − 1−x2 −y 2

5
Exercı́cio 3 Escreva a expressão para o momento de inércia, relativo ao eixo Ox, do sólido
p
S = {(x, y, z) ∈ R3 : y ≥ 0, z ≥ 0, y 2 + z 2 ≤ 1, 0 ≤ x ≤ y 2 + z 2 }

com densidade de massa f (x, y, z) = x, em termos de integrais iterados de cada uma das seguintes
formas:
R R R  
a) dx dy dz
R R R  
b) dz dy dx

Resolução: O sólido S tem simetria cilı́ndrica em torno do eixo Ox pelo que para ter uma ideia do
seu aspecto basta esboçar a sua intersecção com um plano perpendicular ao plano Oyz contendo
o eixo Ox. p
Designando por r = y 2 + z 2 a distância ao eixo Ox temos
 2
z2 ≤ 1

y +p r≤1
=⇒
x ≤ y2 + z 2 x≤r

Assim o sólido S consiste na figura 6 rodada em torno do eixo Ox sobre o quadrante do plano
Oyz em que y ≥ 0 e z ≥ 0.

PSfrag replacements x=r

0 r
1

Figura 6: Intersecção de S com um plano perpendicular a Oyz

Ou seja, S tem o seguinte aspecto que se ilustra na figura 7.

a) Claramente a projecção de S no plano Oyz p é o quarto de cı́rculo de raio 1, e para cada ponto
(0, y, z), nesta região, x varia entre 0 e y 2 + z 2 .
Portanto temos

Z 1 Z √
1−z 2 Z √y2 +z2 !
2 2
Ix = x(y + z )dx dydz
0 0 0

b) É claro da figura 7 que x varia entre 0 e 1. Resta ver para cada destes valores de x qual é o
domı́nio de variação de y e z, isto é, determinar os cortes de S por planos perpendiculares

6
z

y2 + z 2 = 1

1 y
PSfrag replacements

p
x= y2 + z 2
1

Figura 7: Esboço de S

ao eixo Ox. Estes são dados pelas condições que definem o sólido S fazendo x constante:

y≥0
z≥0
p
y2 + z 2 ≥ x
y2 + z 2 ≤ 1

Esta região tem o aspecto que se ilustra na figura 8 donde obtemos


Z 1 Z x Z √1−y2 Z 1 Z √1−y2 !
2 2 2 2
Ix = √ x(y + z )dzdy + x(y + z )dzdy dx
0 0 x2 −y 2 x 0

y2 + z 2 = 1

x
PSfrag replacements
y 2 + z 2 = x2

x 1 y

Figura 8: Corte em S segundo um plano perpendicular ao eixo x

7
Exercı́cio 4 Considere a região A ⊂ R3 obtida a partir da intersecção do primeiro octante com
o conjunto definido pelas condições seguintes:

0 ≤ z ≤ 4 − 2(x2 + y 2 ),
se 0 ≤ x2 + y 2 ≤ 1
0 ≤ z ≤ 3 − (x2 + y 2 ),
se 1 < x2 + y 2 ≤ 3
R R R
a) Escreva uma expressão para o volume de A na forma ( ( dx)dy)dz.
R R R
b) Escreva uma expressão para o volume de A na forma ( ( dz)dx)dy.
R
c) Calcule A f onde f é definida por
 p
 y 3 − z − y2, se 0 ≤ z ≤ 2
f (x, y, z) =
 0, c.c.

Resolução:
a) Como A é um sólido de revolução, tendo simetria cilı́ndrica em torno do eixo dos z, os cortes
com z constante vão ser cı́rculos.
Para 2 ≤ z = z0 ≤ 4, vamospter o corte {(x, y, z) ∈ R3 : z = z0 , x2 + y 2 ≤ (4 − z)/2} que
representa um disco de raio (4 − z)/2 centrado no eixo dos z e à altura z = z0 .
3 2 2
Para 0 ≤ z = z0 < 2, vamos √ ter o corte {(x, y, z) ∈ R : z = z0 , x + y ≤ 3 − z} que
representa um disco de raio 3 − z centrado no eixo dos z e à altura z = z0 .
Então,
Z 2 Z √
3−z Z √3−z−y2 Z 4 Z √(4−z)/2 Z √(4−z)/2−y2
V ol(A) = ( ( dx)dy)dz + ( ( dx)dy)dz.
0 0 0 2 0 0

b) É claro que S é um sólido de revolução limitado por cima pela superfı́cie obtida por revolução,
à volta do eixo dos z, do gráfico da função
z = 4 − 2y 2 ,

se 0 ≤ y ≤√1
z = f (y) =
z = 3 − y 2 , se 1 < y ≤ 3.

Então,
Z √1−y2 Z 4−2(x2 +y2 )
Z 1
V ol(A) = ( ( dz)dx)dy
0 0 0
Z 1 Z √3−y2 Z 3−(x2 +y2 ) Z √
3 Z √3−y2 Z 3−(x2 +y 2 )
+ ( √ ( dz)dx)dy + ( ( dz)dx)dy.
0 1−y 2 0 1 0 0

c) Como f está definida por ramos que dependem de z é conveniente utilizar a expressão da
alı́nea a). Temos f = 0 para z > 2 logo,
Z Z 2 Z √3−z Z √3−z−y2 p
f= ( ( (y 3 − z − y 2 )dx)dy)dz =
A 0 0 0

2 3−z 2
1 1
Z Z Z
= ( y(3 − z − y 2 )dy)dz = ( (3 − z)2 − (3 − z)2 )dz = (6 + 8/3)/4 = 13/6.
0 0 0 2 4

8
Exercı́cio 5 Escreva uma expressão para o volume do sólido
 
p 1
S = (x, y, z) ∈ R3 : 0 ≤ z ≤ 1 − x2 + y 2 e x2 + y 2 ≥
4

usando integrais iterados da forma


Z Z Z  
(i) dx dy dz;
Z Z Z  
(ii) dz dx dy.

Resolução: O sólido S é obtido do cone com base no cı́rculo de raio 1 centrado na origem do
plano xOy e vértice (0, 0, 1) retirando-lhe os pontos que pertencem ao cilindro circular de raio 21
e eixo x = y = 0. A intersecção das fronteiras do cone e do cilindro é a circunferência de raio 21
centrada na origem do plano xOy e a curva dada por
p 1 1 1
z = 1 − x2 + y 2 e x2 + y 2 = ⇔ z = e x2 + y 2 = ,
4 2 4
1 1 1

i.e., a circunferência de raio 2 e centro 0, 0, 2 contida no plano z = 2 .
É fácil ver que todos os pontos de S têm valores de z no intervalo 0, 12 ; por exemplo, basta
 

notar que os pontos de S satisfazem


r
p
2 2
1 1
0≤z ≤1− x +y ≤1− = .
4 2
Assim, são estes os limites do integral em z quando o integral iterado é da forma (i).
A intersecção de S com um plano z = constante é a coroa circular dada por
1 p 2
≤ x + y 2 ≤ 1 − z.
2
Consequentemente, em cada uma destas intersecções y varia entre − (1 − z) e (1 − z).
Para cada valor de (y, z), x tem que satisfazer
1 2
− y 2 ≤ x2 ≤ (1 − z) − y 2 .
4
q
2
Há agora duas situações a distinguir: se |y| ≥ 21 , x simplesmente varia entre − (1 − z) − y 2 e
q q
2
(1 − z) − y 2 ; se |y| ≤ 12 , x satisfaz a condição adicional |x| ≥ 14 − y 2 . (Isto acontece porque
se |y| ≥ 12 a recta obtida fixando (y, z) e fazendo variar x não intersecta o cilindro x 2 + y 2 ≤ 12 , e
portanto a sua intersecção com S é um único segmento; se |y| ≤ 12 esta recta intersecta o cilindro
e portanto intersecta S em dois segmentos).
Assim, o volume de S pode ser escrito como
Z Z
vol (S) = χS = 1
R3 S
Z 1 Z 12
Z √
−2 2
! !
(1−z) −y 2
= √ 1dx dy dz
0 −(1−z) − (1−z)2 −y 2
Z 1
2
Z 1
2
Z −
√1
4 −y
2 Z √(1−z)2 −y2 ! !
+ √ 1dx + √ 1dx dy dz
0 − 21 − (1−z)2 −y 2 1
4 −y
2

Z 1
2
Z 1−z Z √(1−z)2 −y2 ! !
+ √ 1dx dy dz,
1
0 2 − (1−z)2 −y 2

9
correspondendo à ordem de integração pedida em (i).
Para escrever o mesmo integral na ordem de integração (ii), notamos que a projecção de S no
plano xOy é a coroa circular
1
≤ x2 + y 2 ≤ 1
4
o que implica que |y| ≤ 1. Para cada valor de y tem-se
1
− y 2 ≤ x2 ≤ 1 − y 2
4
p q p
e portanto se |y| ≥ 12 tem-se |x| ≤ 1 − y 2 , e se |y| ≤ 21 tem-se 14 − y 2 ≤ |x| ≤ 1 − y 2 . Como
para cada valor de (x, y) os valores de z são apenas restritos pela equação do cone, vemos que o
volume de S pode ser escrito como
Z 1 Z √ 2 Z √ 2 2
−2 1−y
! !
1− x +y
√ 1dz dx dy
−1 − 1−y 2 0
1
√1 2
√ ! Z √1−y2 √ ! !
Z 2
Z − 4 −y
Z 1− x2 +y 2 Z 1− x2 +y 2
+ √ 1dz dx + √ 1dz dx dy
− 21 − 1−y 2 0 1
4 −y
2 0
Z 1 Z √1−y2 Z 1−

x2 +y 2
! !
+ √ 1dz dx dy.
1
2 − 1−y 2 0

10
Exercı́cio 6 Escreva uma expressão para a massa do sólido
1
S = {(x, y, z) ∈ R3 : 1 ≤ x2 + z 2 ≤ 4, 0 ≤ y ≤ (x2 + z 2 ) 4 , x ≥ 0, z ≥ 0}

com densidade de massa f (x, y, z) = ey , em termos de integrais iterados de cada uma das seguintes
formas:
R R R  
a) dy dx dz
R R R  
b) dz dx dy
R R R  
c) dx dy dz

Resolução: O sólido S tem simetria cilı́ndrica em torno do eixo Oy pelo que para ter uma ideia do
seu aspecto basta esboçar a sua intersecção com um plano perpendicular ao plano Oxz contendo
o eixo Oy. √
Designando por r = x2 + z 2 a distância ao eixo Oy temos

1 ≤ x2 + z 2 ≤ 4
 
1 ≤ r√≤ 2
1 =⇒
y ≤ (x2 + z 2 ) 4 y≤ r

Assim o sólido S consiste na figura 9 rodada em torno do eixo Oy sobre o quadrante do plano Oxz
em que x ≥ 0 e z ≥ 0.


y= r

PSfrag replacements

0 1 2 r

Figura 9: Intersecção de S com um plano perpendicular a Oxz contendo Oy

Isto é, S tem o aspecto que se apresenta na figura 10.

a) Claramente a projecção de S no plano Oxz é a região entre os quartos de cı́rculo de raio 1


1
e 2, e para cada ponto (x, 0, z) nesta região y varia entre 0 e (x2 + z 2 ) 4 portanto temos que
a massa M é dada por

√  1
 √  1

Z 1 Z 4−z 2 Z (x2 +z 2 ) 4 Z 2 Z 4−z 2 Z (x2 +z 2 ) 4
M= √
 ey dy  dxdz +  ey dy  dxdz
0 1−z 2 0 1 0 0


b) É claro da figura 10 que y varia entre 0 e 2. Resta ver para cada um destes valores de y qual
é o domı́nio de variação de x e z, isto é, determinar os cortes de S por plano perpendiculares

11
z

y = (x2 + z 2 )1/4
1
x2 + z 2 = 4

x2 + z 2 = 1
PSfrag replacements


1 2 y
1

Figura 10: Esboço de S

ao eixo Oy. Estes são dados pelas condições que definem o sólido S fazendo y constante:

z, x ≥ 0
p
x + z 2 ≥ y2
2

x2 + z 2 ≤ 4
x2 + z 2 ≥ 1

Isto
√ é, se 0 ≤ y ≤ 1, x e z variam entre os quartos de2cı́rculo de raio 1 e 2 e para y entre 1 e
2, x e z variam entre os quartos de cı́rculo de raio y e 2. Portanto na ordem de integração
pretendida temos:

√ √ !
Z 1 Z 1 Z 4−x2 Z 2 Z 4−x2
y y
M = √ e dzdx + e dzdx dy
0 0 1−x2 1 0
√ √ √
y2 Z
!
Z 2 Z 4−x2 Z 2 Z 4−x2
y y
+ √ e dzdx + e dzdx dy
1 0 y 4 −x2 y2 0

c) É claro da figura 10 que z varia entre 0 e 2. Para escrever os limites de integração, é


necessário determinar o domı́nio de variação de x e y para cada um destes valores de z. Isto
é, os cortes de S por planos perpendiculares ao eixo Oz, que são dados pelas condições que
definem o sólido S fazendo z constante:

y, x ≥ 0
p
x2 + z2 ≥ y2
1 ≤ x2 + z 2
4 ≥ x2 + z 2

12
Resolvendo em ordem a x e z obtemos as condições:

y, x ≥ 0
1
y ≤ (x2 + z 2 ) 4
p
x ≤ 4 − z2
x ≥ 1 − z2
2

Note-se que a última condição só tem algum efeito se z ≤ 1. Na figura 11 apresenta-se o
esboço dos cortes segundo z fixo.

y y
0<z<1 1<z<2

PSfrag replacements
√ √
2 2
y = (x2 + z 2 )1/4 √ y = (x2 + z 2 )1/4
1 z

0 √ √ x 0 √ x
1 − z2 4 − z2 4 − z2

Figura 11: Cortes em S para z fixo

Podemos agora escrever os limites de integração:

√ √ √ !
Z 1 Z 1 Z 4−z 2 Z 2 Z 4−z 2
y y
M = √ e dxdy + √ e dxdy dz
0 0 1−z 2 1 y 4 −z 2
√ Z √ √ Z √ !
Z 2 Z z 4−z 2 Z 2 4−z 2
y y
+ e dxdy + √ √ e dxdy dy
1 0 0 z y 4 −z 2

Nota: Também seria fácil, neste caso, escrever os limites de integração pensando no domı́nio de
variação de x para cada ponto da projecção do sólido no plano yOz.

13
Exercı́cio 7 1. Determine o valor do integral
Z Z
(x + y)dxdy
S

onde S é o conjunto definido por

S = {(x, y) ∈ R2 : |x + y| ≤ 1, |x − y| ≤ 1}.

2. Considere o sólido tridimensional S, definido por


p p
x2 + y 2 − 2 ≤ z ≤ 4 − x2 − y 2 , se x2 + y 2 ≤ 1
p
x2 + y 2 − 2 ≤ z ≤ 0, se 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 4

Supondo que este sólido tem uma densidade de massa dada por uma função f (x, y, z), escreva
expressões para a sua massa usando integrais iterados da forma
R R R
a) ( ( (· · · )dz)dy)dx;
R R R
b) ( ( (· · · )dx)dy)dz

Resolução:
1. A região de integracão pretendida é a representada na figura 12.
y

y−x =1 x+y =1

−1 1 x
PSfrag replacements

x+y=−1 y − x = −1

x + y = −1 −1

Figura 12: Esboço da região S.

O integral fica então:

14
Z Z 0 Z 1+x  Z 1 Z 1−x 
(x + y)dxdy = (x + y)dy dx + (x + y)dy dx
S −1 −1−x 0 x−1
Z 0 Z 1
y=1+x
= [xy + y 2 /2]y=−1−x dx + [xy + y 2 /2]y=1−x
y=x−1 dx
−1 0
Z 0
= x(1 + x) + (1 + x)2 /2 − x(−1 − x) − (−1 − x)2 /2dx+
−1
Z 1
+ x(1 − x) + (1 − x)2 /2 − x(x − 1) − (x − 1)2 /2dx
0
Z 0 Z 1
2
= (2x + 2x)dx + (−2x2 + 2x)dx
−1 0
= [2x /6 + x2 ]0−1 + [−2x3 /6 + x2 ]10
3

= 0.

2. O sólido pretendido é o esboçado na figura 13.


z

2
x2 + y 2 + z 2 = 4

3

x2 + y 2 = 1

PSfrag replacements

1 2 y

p
x z = −2 + x2 + y 2

−2

Figura 13: Esboço do sólido S.

a) A massa é o integral da densidade de massa:


Z Z Z
f (x, y, z)dxdydz.
S

Para escrevermos este integral em termos de um integral iterado na ordem de integração


pretendida consideramos a projeccão do sólido no plano xy (ver figura 14) e obtemos
os seguintes extremos de integracão:
Z Z Z Z Z √ 2 Z −1
! !
4−x 0
( ( f (x, y, z)dz)dy)dx = √ √ f (x, y, z)dz dy dx
S −2 − 4−x2 x2 +y 2 −2
Z 1 Z −√1−x2 Z 0
! !
+ √ √ f (x, y, z)dz dy dx
−1 − 4−x2 x2 +y 2 −2
Z 1

Z 1−x2 Z √4−x2 −y2 ! !
+ √ √ f (x, y, z)dz dy dx
−1 − 1−x2 x2 +y 2 −2

15
√ ! !
Z 1 Z 4−x2 Z 0
+ √ √ f (x, y, z)dz dy dx
−1 1−x2 x2 +y 2 −2
Z 2 Z √4−x2 Z 0
! !
+ √ √ f (x, y, z)dz dy dx
1 − 4−x2 x2 +y 2 −2

x2 + y 2 = 1 x2 + y 2 = 4

1 2 x

PSfrag replacements

Figura 14: Projecção de S no plano xy.

b) Para escrevermos este integral em termos de um integral iterado na ordem de integração


pretendida consideramos a projeccão do sólido no plano yz (figura 15) e obtemos então
os extremos de integracão seguintes.
z

2

3

1 2 y

PSfrag replacements

−2

Figura 15: Projecção de S no plano yz.

16
Z Z Z   Z 0 Z z+2 Z √(z+2)2 −y2 ! !
f (x, y, z)dx dy dz = √ f (x, y, z)dx dy dz
S −2 −z−2 − (z+2)2 −y 2
Z √
3 Z 1 Z √ 21−y
! !
+ √ f (x, y, z)dx dy dz
0 −1 − 1−y 2
Z 2 Z √
4−z 2 Z √4−y2 −z2 ! !
+ √ √ √ f (x, y, z)dx dy dz.
3 − 4−z 2 − 4−y 2 +z 2

17

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