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do tempo
DENISE GALVÃO
Marcas
do tempo
DENISE GALVÃO
Expediente
Estudante
Denise Bastos Galvão
Oficina de Jornalismo I
Prof. ª Tânia Motta
Comunicação Social
Jornalismo
5° semestre
Sumário
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
O trabalhador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Agradecimentos
Denise Galvão
Três vidas,
um destino
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“Ele sou eu amanhã. Ele, hoje, representa o respeito que quero ter
também, amanhã.”
(autor desconhecido)
Marcas do tempo
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Trê vidas, um destino
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Trê vidas, um destino
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Trê vidas, um destino
Neste trabalho será relatado a vida de três moradores, cada um com sua
particularidade. O objetivo é trazer mais acesso a essas vidas, muitas 19
vezes, marcadas por abandono. E não somente isso, trazer histórias de
superação, pois, é possível viver com dignidade após se alcançar a 3ª
idade.
Cápitulo 1
Abrigo: um século
de história
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22 Hoje, passados 122 anos de sua fundação, seus jardins, praças e vias
denotam traços de abandono. Percorrendo os caminhos que levam até
os dormitórios, percebe-se que há poucos idosos dispostos a falar de
suas histórias, de suas motivações, de seus anseios e de suas alegrias.
Muitos olham com desconfiança a presença de visitantes. Outros os
recebem com amor, afinal alguém se lembrou deles e se fez presente
num lugar distante e esquecido até mesmo pelo poder público
municipal, que mantém o pobre funcionamento do abrigo.
visitar a família.
***
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Entrada do abrigo
Marcas do tempo
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Abrigo: um século de história
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28
Abrigo: um século de história
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Marcas de dor
e coragem
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- Meu maior sonho era ser uma doutora, seguir a medicina e ajudar os
outros, disse ela emocionada.
Ela não conseguiu realizar seu sonho. Conta que chegou a concluir o
primário com muita força de vontade, mas, ainda assim, foi impedida
de seguir em frente. Com uma memória aguçada e detalhista, ela relata
que não pode mais estudar devido a uma crise de epilepsia, que teve aos
15 anos, durante uma prova na escola. Era sempre assim, vista como
uma pessoa normal até ter a primeira crise. Assim, se desencadeava o
medo nas pessoas em se aproximar dela. Olhavam-na como se ela fosse
tudo, menos um ser humano.
Sua família fazia o possível para ajudá-la. Levava nos melhores médicos,
mas os tratamentos não davam certo, suas crises continuavam trazendo
transtornos à sua vida. O destino parecia reservar a nova moradia para
D. Dionéa.
Sem encontrar outro rumo para sua vida, ela resolveu pedir a benção
de seus pais e de sua família para “fazer uma grande besteira” com sua
vida. Escreveu uma carta, que mais tarde seria seu passaporte para
o abrigo, falando de todas suas dificuldades e justificando o que ela
iria fazer. Sem achar soluções, naquele papel carregado de tristeza e
emoção, ela dizia que acabaria com vida, pois não tinha mais forças
para suportar não ser aceita pelos outros e para sofrer tanto com uma
doença que não se sabia nem o que era.
- Pedi a todos e a Deus que me perdoasse por fazer essa miséria, mas não
queria ficar nesse mundo infeliz como estava, diz ela demonstrando
tristeza e revolta.
- Não sinto nada. Não guardo mágoa de ninguém. Deixei para trás
todas essas coisas e todo sofrimento.
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Após revelar seu sonho, ela conta que amava dançar nas quadrilhas
promovidas pelo abrigo e que tem seu par. Então, pedi a ela para que
me apresentasse seu parceiro nas tardes de dança.
O trabalhador
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obrigaram.
Há 13 anos, um problema familiar mudou os rumos de Manoel.
Enquanto a capital Salvador sofria transformações demográficas em
suas estruturas urbanas, ele sofria modificações na sua vida. Sua filha
Carmen, com quem morava, descobrira uma traição do marido que,
por sua vez, passou a ameaçá-la constantemente afirmando que tiraria
sua vida com tiros e facadas. Após muitas idas e vindas com sua filha nas
emergências hospitalares, um médico que atendera Carmen sugeriu a
Manoel que ele procurasse um abrigo para fazer morada, pois, dessa
forma, sua saúde não iria suportar.
- Não me sinto contrariado pela velhice, mas sim pela doença, pelo
AVC que tive.
- Minha profissão era minha vida, mas desde que estou aqui não
trabalho.
Envelhecer é o curso natural da vida e é nessa fase que se encontram as
experiências e características próprias de cada um. Até esse momento
se vê sendo tirado aos poucos dos idosos. Muitos perdem até o direito
de viver em sociedade, como é o caso de Manoel.
É preciso saber
envelhecer
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- Peço a Deus sempre a sabedoria para fazer meu trabalho com amor.
envelhecer.
Margarida, como poucos, foi para o abrigo por vontade própria.
Apesar, de ter sido um pouco obrigada pelas necessidades. Mas se
percebe que o destino reservava essa moradia para uma mulher de
fibra. Encontram-se poucos com essa dedicação por ai. Em muitos
casos, os próprios familiares negligenciam os cuidados aos parentes
com idade mais avançada. Nem sempre os idosos chegam até o abrigo
com as próprias pernas e vontades.
Nos seus 36 anos morando no Abrigo Dom Pedro II, o que ela mais
gosta de fazer é atuar. Ela conta que sempre há ânimo entre as idosas
quando se fala em teatro.
O que é mais importante pra Margarida e para todos não é que nos
acontece e sim aquilo que fizemos acontecer. O que colocamos na
nossa bagagem? O que esses idosos possuem de história? Basta chegar
a um abrigo e dar a voz. Ouvir cada um com carinho e perceber que
existe um alguém além das rugas. Existe uma outra visão, basta querer
ver. A realidade paira todos os dias nos abrigos de Salvador e em todos
os outros do mundo. Muitas vezes achamos que o individualismo vai
nos levar a algum lugar. Ledo engano. Todos nós iremos envelhecer
como Margarida. Será que saberemos chegar a 3ª idade? Teremos força
e coragem, pra se houver necessidade, ir fazer morada num abrigo
junto a outros?
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É preciso entender que existe um ser humano por trás da pele marcada
pelo tempo. Se faz necessário mudar a visão, pois há muito o que
se vê além das rugas e expressões. A interação pode colaborar para
uma melhor qualidade de vida dos idosos. Diferente do que causa o
abandono. O desamparo provoca sentimento de profunda tristeza e de
Considerações finais
Todos esses fatores são preocupantes num país onde, cada dia, o
número de idosos de aumenta. Coibir essas qualificações de maus-
tratos irá trazer qualidade de vida a esses que formaram a nação em
que hoje vivemos.
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Disque denúncia
0800 716 996
Conselhos de idosos
Conselhos Estadual e Municipal (71) 3115-8350
Ministério Público
Promotoria de Justiça e Cidadania (71) 3324-6424
Referências
Bibliográficas
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