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DOSAGEM DE CONCRETO

DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS

Professora: Mayara Custódio


TRAÇO DE CONCRETO
 TRAÇO: Expressão das quantidades relativas dos
componentes do concreto.
 Agregados miúdos
 Agregados graúdos
em relação à quantidade de cimento.
 Água
 Aditivos / adições

 DOSAGEM: Ato de medir e misturar os componentes


do concreto, de acordo com um traço pré-definido.
TRAÇO DE CONCRETO
 DOSAGEM:

 Técnica: Baseada em um estudo técnico realizado com


os materiais disponíveis.
 Empírica: Baseada em uma “Receita de bolo” – Não
considera a implicação da variabilidade das fontes de
materiais para o concreto em suas propriedades.
 Atualmente, é inconcebível a utilização de dosagem empírica
para o preparo de concreto estrutural.
TRAÇO DE CONCRETO
 Estudo de dosagem: Procedimento utilizado para
obtenção da mistura mais econômica que atenda às
condições de serviço, com os materiais disponíveis.
 Parte da exigência de certos pré-requisitos particulares de
uma obra (no estado fresco ou endurecido).
 Em geral, o pré-requisito principal é um valor mínimo de
resistência a compressão aos 28 dias.
 Vários outros possíveis pré-requisitos:
• Resistência a tração,
• Módulo de deformação,
• Trabalhabilidade,
• Massa especifica...
ESTUDO DE DOSAGEM

 Muito utilizados antigamente no Brasil para obras de menor porte,


em função da dificuldade de encontrar laboratórios especializados.

 Traços fixos:
- Geralmente antieconômicos
- Possível má qualidade.
ESTUDO DE DOSAGEM
 Experimental: Realizado utilizando dados de misturas
experimentais feitas com amostras dos materiais que serão
utilizados em obra.
 Ensaios de caracterização dos materiais em laboratório;
 Ensaios de determinação das propriedades dos concretos, obtidos
através das misturas experimentais.

Empírica: Realizado
Muito utilizados sem procedimentos
antigamente experimentais.
no Brasil para obras de menor porte,
No
emnosso
função
Bases curso, iremos
da dificuldade
arbitrárias deaprender
encontrar
(fórmulas, como obterespecializados.
laboratórios
tabelas...) um traço de
concreto através do estudo de dosagem EXPERIMENTAL
 Experiência do construtor / Tradição da construção civil
eTraços
comofixos:
fazer a dosagem TÉCNICA na usina ou na obra
 Necessário
- Geralmente haver uma grande “massa de dados” acerca dos materiais
antieconômicos
de(em
uma massa ou volume
determinada unitário
região, para dos materiais).
que se possa obter os valores de
- referência
Possível má
de qualidade.
cada material para o cálculo do traço para dosagem.
O TRAÇO DO CONCRETO
 Traço unitário:
 Proporções de materiais em massa em relação à massa de cimento (kg/kg)

1 : a : b : a/c
 1 = Massa de cimento em relação à massa de cimento (Mc/Mc = 1);
 a = Massa de areia em relação à massa de cimento (Ma/Mc = a);
 b = Massa de brita em relação à massa de cimento (Mb/Mc = b);
 a/c = Massa de água em relação à massa de cimento (Mágua/Mc = a/c).
 OBS: Não confundir o significado da letra “a” representando a proporção de
areia do traço com a letra “a” do parâmetro “a/c” que representa a
proporção de água em relação ao cimento (relação água/cimento).
O TRAÇO DO CONCRETO
 Exemplo:
 Seja uma mistura para concreto composta por 1 saco de cimento, 150 kg
de areia, 250 kg de brita 1 e 25 kg de agua, então:
 Traço unitário:
 50 / 50 : 150 / 50 : 250 / 50 : 25 / 50
 1 : 3 : 5 : 0,5 (cimento : areia : brita : água)

 Denomina traço bruto “m”, ou traço não desdobrado, a


proporção do agregado total (miúdo + graúdo) em relação ao
cimento.
 Exemplo: m = 8 (Traço 1:8):
 Significa que para cada kg de cimento, utilizamos 8 kg de agregados totais.
O TRAÇO DO CONCRETO
 No caso de se utilizar mais de um agregado miúdo (areia)
e/ou mais de um agregado graúdo (pedra britada ou seixo
rolado) o traço e expresso do material mais fino para o mais
grosso.
 Exemplo (2 areias e 3 britas): 1 : a1 : a2 : b1 : b2 : b3 : a/c
 1 : 1,50 : 1,50 : 1,00 : 2,00 : 2,00 : 0,50.
 Finura: Areia 1 < Areia 2
 DMC: Brita 1 < Brita 2 < Brita 3

 OBS.: Exceto o primeiro termo do traço unitário, que e


sempre igual a 1, todos os outros são expressos com
números contendo duas casas decimais.
CONSUMO DE CIMENTO
 Quantidade de cimento de um concreto (em kg de
cimento por m3 de concreto).
𝑉𝑐 + 𝑉𝑎 + 𝑉𝑏 + 𝑉á𝑔𝑢𝑎 + 𝑉𝑎𝑟 = 𝑉𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜

 Massa específica: 𝜌 = 𝑚
𝑉 𝑉= 𝑚
𝜌 (kg/dm³)
 Para 1 metro cúbico de concreto:
𝑚𝑐 𝑚𝑎 𝑚𝑏 𝑚á𝑔𝑢𝑎
+ + + + 𝑉𝑎𝑟 = 1𝑚3 = 1000𝑑𝑚³
𝜌𝑐 𝜌𝑎 𝜌𝑏 𝜌á𝑔𝑢𝑎
0
𝑚𝑐 𝑚𝑎 𝑚𝑏
+ + + 𝑚á𝑔𝑢𝑎 + 𝑉𝑎𝑟 = 1𝑚3 = 1000𝑑𝑚³
𝜌𝑐 𝜌𝑎 𝜌𝑏
CONSUMO DE CIMENTO
 Como trabalhamos com proporções em relação à
massa de cimento, vamos dividir todos os termos
da equação por esta massa:
𝑚𝑐 𝑚𝑎 𝑚𝑏 𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑉𝑎𝑟 1000
+ + + + =
𝜌𝑐 𝑚𝑐 𝜌𝑎 𝑚𝑐 𝜌𝑏 𝑚𝑐 𝑚𝑐 𝑚𝑐 𝑚𝑐
1 a b a/c

1 𝑎 𝑏 𝑎 1000 𝑉𝑎𝑟 1000 − 𝑉𝑎𝑟


+ + + = − =
𝜌𝑐 𝜌𝑎 𝜌𝑏 𝑐 𝑚𝑐 𝑚𝑐 𝑚𝑐
Obs.: Ar
1000 − 𝑉𝑎𝑟 incorporado ~
𝐶= 2% (20dm³/m³ de
1 𝑎 𝑏 concreto)
+ + + 𝑎/𝑐
𝜌𝑐 𝜌𝑎 𝜌𝑏
TRAÇO PARA A OBRA
 Traço unitário: Materiais puros e medidos em massa.
 Situação real em obra:
 Ausência de balança calibrada.
 Areia com umidade > 0.

 Necessárias adaptações do traço para a obra:


 Medidas de materiais em volume
 Agregados e água
 Correção da umidade da areia
 Absorção
 Inchamento
TRAÇO PARA A OBRA
 Adaptação 1: Medidas de materiais em volume
 OBS.: Isso reduz o rigor no controle de qualidade da
dosagem.
 De acordo com a norma, por menor que seja o
controle de qualidade da dosagem, o cimento precisa
sem medido sempre em massa.
 Utilização de 1 saco de cimento completo (50 kg)

 TRAÇO MISTO:
 Cimento em massa e agregados em volume.
TRAÇO PARA A OBRA

 Exemplo:
 Traço unitário 1 : 3 : 5 : 0,5 (cimento : areia : brita : água)
 Dados: ra = 1,51 kg/dm³ e rb = 1,47 kg/dm³
 Traço em massa para 1 saco de cimento:
 50 : 150 : 250 : 25

 Traço misto (em função de 1 saco de cimento):


150 250 25
 50 ∶ ∶ ∶ = 50 : 99,33 : 170,06 : 25
1,51 1,47 1
TRAÇO PARA A OBRA
 Adaptação II: Correção da umidade da areia.
 A dosagem desconsiderando a umidade da areia provoca o
acréscimo de mais água e menos areia do que o
discriminado no traço.
INCHAMENTO
 Correção do traço em função da umidade da areia:
 Água corrigida (AC) = Água do traço (AT) – (h/100 . a)
 h = umidade da areia.
𝑉ℎ
 Coeficiente de inchamento da areia: CI = 𝑉𝑜
 Vh = Volume da areia úmida.
 V0 = Volume da areia seca.
TRAÇO PARA A OBRA
 Adaptação II: Correção da umidade da areia.
 A dosagem desconsiderando a umidade da areia provoca o
acréscimo de mais água e menos areia do que o
discriminado no traço.

 Correção do traço em função da umidade da areia:


 Água corrigida (AC) = Água do traço (AT) – (h/100 . a)
 h = umidade da areia.
𝑉ℎ
 Coeficiente de inchamento da areia: CI = 𝑉𝑜
 Vh = Volume da areia úmida.
 V0 = Volume da areia seca.
TRAÇO PARA A OBRA
 Padiolas:
 Recipientes utilizados para a dosagem dos agregados em volume unitário,
quando não é possível fazê-lo em massa.
 Utilizadas para a dosagem de concretos em obras de menor
responsabilidade.
 Construídas em madeira, compensado ou aço
 Carregada por dois operários, ou montada sobre rodas (estrutura
semelhante a de carrinhos de mão), para poder ser transportada por
somente um operário.
TRAÇO PARA A OBRA
 Cálculo da altura da padiola tradicional (dois operários):
De acordo com a norma, recomenda-se que a base tenha 45 x
35 cm, sendo a altura da padiola variável conforme o volume
necessário para a dosagem do traço (Vol. = C x H x E).
TRAÇO PARA A OBRA
 Cálculo da altura da padiola tradicional (dois operários):
De acordo com a norma, recomenda-se que a base tenha 45 x
35 cm, sendo a altura da padiola variável conforme o volume
necessário para a dosagem do traço (Vol. = C x H x E).

OBS.: Qualquer
padiola deve ser
dimensionada para
uma massa de
agregados não
superior a 70 kg.
TRAÇO PARA A OBRA
 Cálculo da altura da padiola sobre chassis de carrinhos:
Em padiolas sobre rodas, a seção vertical que corta
longitudinalmente a padiola forma um trapézio, para facilitar o
escoamento do agregado para o carregador da betoneira.
TRAÇO PARA A OBRA
 Volume da padiola sobre rodas:
3
ℎ ∙ 𝐿2
𝑉𝑝𝑎𝑑 (𝑑𝑚 ) = ℎ ∙ 𝐿1 ∙ 𝑒 + ∙𝑒
2
 Obs.: Comprimentos em decímetros (1dm = 10cm).
 Exemplo normatizado:
 L2 = 15cm, h = 35cm, e = 40cm

L1

Lt
TRAÇO PARA A OBRA

L1

Lt

Vpad = 3,5 . L1 . 4 + ((3,5 . 1,5)/2) . 4


Vpad = 14 . L1 + 10,5  14 . L1 = Vpad – 10,5

𝑉𝑝𝑎𝑑 − 10,5
𝐿1 = (dm)
14
EXEMPLO
 Traço unitário = 1 : 2,70 : 3,30 : 0,735
 Dados:
 Massas específicas:
rcimento = 3,14 kg/dm³, rareia = 2,63 kg/dm³, rbrita = 2,75 kg/dm³
 Massas unitárias: dareia = 1,51 kg/dm³, dbrita = 1,47 kg/dm³
 Umidade crítica da areia: 4%
 Coeficiente de Inchamento: 1,29
 Ar aprisionado: 2%

 a) Calcular o traço misto (para a obra).


 b) Dimensionar as padiolas pelos dois sistemas (tradicionais e sobre rodas).
 c) Calcular o consumo de cimento do traço.
EXEMPLO

 Cálculo do traço em massa para 1 saco de cimento:


 1 ∙ 50 : 2,70 ∙ 50 : 3,30 ∙ 50 : 0,735 ∙ 50
 50 : 135 : 165 : 36,75

 Cálculo do traço misto: [ Vol = m / d]


135 165 36,75
 50 ∶ ∶ ∶
1,51 1,47 1

 50 : 89,40 : 112,24 : 36,75


EXEMPLO

 Correção da água presente na areia úmida:


 AC = 36,75 – (4/100 . 135) = 31,35dm³.

 Correção do inchamento da areia:


 CI = 1,29 = Vh/V0
Significado: Para que o
 Vh = 1,29 . V0 concreto tenha 89,4dm³
de areia e 36,75dm³ de
 Vh = 1,29 . 89,4 = 115,33 dm³. água, é necessário dosar
com 115,33dm³ de areia e
31,35dm³ de água.
EXEMPLO

 Cálculo das padiolas (sistema tradicional):

 Base: 45 x 35 cm.
 Altura = ?
 Volume da padiola:
 Vpad = 3,5 . 4,5 . H
 h = V / 15,75
EXEMPLO
 Padiola de areia:
115,33
 ℎ= = 7,32 𝑑𝑚 = 73,2 𝑐𝑚
15,75

 Massa da padiola: 𝑚 = 𝑉 ∙ 𝜌 = 3,5 ∙ 4,5 ∙ 7,32 ∙ 1,51 = 174,15kg


 174,15 / 70 = 2,49  3 padiolas.
 73,2 / 3 = 24,4 cm (3 padiolas com 24,4 cm)

 Padiolas de brita:
112,24
 ℎ= = 7,13 𝑑𝑚 = 71,3 𝑐𝑚
15,75
 Massa da padiola: 𝑚 = 𝑉 ∙ 𝜌 = 3,5 ∙ 4,5 ∙ 7,13 ∙ 1,49 = 167,24kg
 167,24 / 70 = 2,38  3 padiolas.
 71,3 / 3 = 23,8 cm (3 padiolas com 23,8 cm)
EXEMPLO
 Padiola de areia:
115,33
 ℎ= = 7,32 𝑑𝑚 = 73,2 𝑐𝑚
 Traço para a obra:
15,75

 Massa da padiola: 𝑚 = 𝑉 ∙ 𝜌 = 3,5 ∙ 4,5 ∙ 7,32 ∙ 1,51 = 174,15kg


 174,15 /  1 2,49
70 = saco  de cimento
3 padiolas.
 73,2 / 3 = 24,4 cm (3 padiolas com 24,4 cm)
 3 padiolas de areia (35 x 45 x 24,4 cm)
 Padiolas de
 3brita:
padiolas de brita (35 x 45 x 23,8 cm)
112,24
 ℎ= =31,35 litros
7,13 𝑑𝑚 de𝑐𝑚água
= 71,3
15,75
 Massa da padiola: 𝑚 = 𝑉 ∙ 𝜌 = 3,5 ∙ 4,5 ∙ 7,13 ∙ 1,49 = 167,24kg
 167,24 / 70 = 2,38  3 padiolas.
 71,3 / 3 = 23,8 cm (3 padiolas com 23,8 cm)
EXEMPLO

 Cálculo das padiolas (sistema sobre rodas):


 Base:
 L1 = ?
 L2 = 15cm
 e = 40cm

 Altura = 35cm

𝑉𝑝𝑎𝑑 − 10,5
𝐿1 =
14
EXEMPLO
 Padiola de areia:
115,33−10,5
 𝐿1 = = 7,48 𝑑𝑚 = 74,8 𝑐𝑚
14

 Massa da padiola: 𝑚 = 𝑉 ∙ 𝜌 = 115,33 ∙ 1,51 = 174,15kg


 174,15 / 70 = 2,49  3 padiolas.
 74,8 / 3 = 24,9 cm (3 padiolas com 24,9 cm)

 Padiolas de brita:
112,24−10,5
 𝐿1 = = 7,27 𝑑𝑚 = 72,7 𝑐𝑚
14
 Massa da padiola: 𝑚 = 𝑉 ∙ 𝜌 = 112,24 ∙ 1,49 = 167,24kg
 167,24 / 70 = 2,38  3 padiolas.
 72,7 / 3 = 24,2 cm (3 padiolas com 24,2 cm)
EXEMPLO
 Padiola de areia:
115,33−10,5
 𝐿1 = = 7,48 𝑑𝑚 = 74,8 𝑐𝑚
14

Traço para a obra:


padiola: 𝑚 = 𝑉 ∙ 𝜌 = 115,33 ∙ 1,51 = 174,15kg
 Massa da
 174,15 / 70 = 2,49  3 padiolas.
 1 saco de cimento
 74,8 / 3 = 24,9 cm (3 padiolas com 24,9 cm)
 3 padiolas de areia (L1 = 24,9cm)
 Padiolas de brita:
 3 padiolas de brita (L1 = 24,2cm)
112,24−10,5
 𝐿1 = = 7,27 𝑑𝑚 = 72,7 𝑐𝑚
14
 31,35 litros de água
 Massa da padiola: 𝑚 = 𝑉 ∙ 𝜌 = 112,24 ∙ 1,49 = 167,24kg
 167,24 / 70 = 2,38  3 padiolas.
 72,7 / 3 = 24,2 cm (3 padiolas com 24,2 cm)
EXEMPLO
 Consumo de cimento:
1000 − 𝑉𝑎𝑟
𝐶=
1 𝑎 𝑏
+ + + 𝑎/𝑐
𝜌𝑐 𝜌𝑎 𝜌𝑏

 2% de ar incorporado
 Para 1m³: 2% . 1000 dm³ = 20dm³
1000 − 20
𝐶=
1 2,70 3,30 = 298,77 kg/m³
+ + + 0,735
3,14 2,63 2,75

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