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Direito do Trabalho – Lucas Moreira

Aula 3 | Duração do Trabalho

SUMÁRIO

1 NOVIDADES DO EDITAL ........................................................................................ 2


2 TURNOS ININTERRUPTIVOS DE REVEZAMENTO (CONTINUAÇÃO) ....... 2
2.1 HORA EXTRA .......................................................................................................... 2
2.2 HORA NOTURNA ................................................................................................... 3
3. FORMAS DE PRORROGAÇÃO DE JORNADA .................................................. 3
3.1 FORMA DE REMUNERAÇÃO .............................................................................. 4
3.2 SUPRESSÃO DAS HORAS EXTRAS .................................................................... 5
3.4 QUANTO AO ADVOGADO ................................................................................... 5
4. HIPÓTESES DA PRESTAÇÃO DE HORA EXTRA EM CASO DE FORÇA
MAIOR E SERVIÇOS INADIÁVEIS .......................................................................... 6

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Direito do Trabalho – Lucas Moreira

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1 NOVIDADES DO EDITAL
O edital quanto a Direito e Processo do Trabalho está diferente, do ponto de vista
formal, dos editais anteriores.
O professor destaca dois itens do edital:
a) Reforma trabalhista;
b) Medida Provisória nº 808.
Além da previsão expressa da reforma trabalhista como um todo no edital, tivemos
vários títulos acrescentados de pontos específicos dessa reforma, como dano extrapatrimonial
e comissão de representação dos empregados.
No que diz respeito à Procuradoria do Estado de São Paulo, o professor acha relevante
pontuar a Comissão de Política Salarial, a vedação de contratação de funcionário público
durante o ano eleitoral, e a vedação de gasto com pessoal na lei de responsabilidade fiscal.

2 TURNOS ININTERRUPTIVOS DE REVEZAMENTO (CONTINUAÇÃO)


Retornando ao tema da aula passada, vimos que os turnos ininterruptos de revezamento
são tratados na Constituição de maneira especial, tendo a jornada máxima de trabalho fixada
em 6 horas diárias, salvo em caso de negociação coletiva.
A caracterização do turno ininterrupto de revezamento é feita em casos de empresa que
desenvolve suas atividades de forma ininterrupta, e nos casos de empregados que tem a sua
escala de trabalho definida em diversos turnos, englobando diurno e noturno.
Sobre isso, foi visto que é flexibilizado o requisito de a atividade da empresa ser
ininterrupta, por não ser o ponto mais importante, já que o que de fato caracteriza o turno
ininterrupto de revezamento para ter essa proteção constitucional é justamente a questão de o
empregado desenvolver as suas atividades em dois turnos diversos, sem regularidade.

2.1 HORA EXTRA


Regra => turnos de 6 horas.
Passando para a aula de hoje, podemos pontuar que, de acordo com a OJ 275 da SDI1
do TST, inexistindo instrumento coletivo fixando jornada diversa, o empregado horista
submetido a turno ininterrupto de revezamento, faz jus ao pagamento das horas
extraordinárias laboradas além da 6ª hora, bem como o respectivo adicional.
Negociação coletiva => turno de até 8 horas.

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Dessa forma, percebe-se ser possível fazer hora extra além daquelas 6 horas, com
limitação de até mais duas horas. No entanto, é necessário que haja negociação coletiva,
conforme pode ser extraído também pela Súmula 4231 do TST.
Ademais, não é porque se trata de turno ininterrupto de revezamento que pode
desrespeitar o intervalo de interjornada de 11 horas após o repouso semanal remunerado.
Continua valendo a soma de horas do descanso semanal remunerado com o intervalo
interjornada (24h + 11h = 35h sem trabalho por semana), caso contrário deverá ser pago como
hora extra, nos termos da Súmula nº 110 do TST:
S. 110 TST: no regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24
horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem
ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional.

2.2 HORA NOTURNA


A Orientação Jurisprudencial nº 395 da SDI1 do TST informa que:
OJ 395 TST. O trabalho em regime de turnos ininterruptos de revezamento não retira o direito à hora
noturna reduzida, não havendo incompatibilidade entre as disposições contidas nos arts. 73, § 1º, da
CLT e 7º, XIV, da Constituição Federal.
Logo, não há razoabilidade em afirmar que por se tratar de turno interruptivo de
revezamento, não seria devido a hora noturna reduzida e adicional noturno. O empregado faz
jus a ambos os direitos.

3. FORMAS DE PRORROGAÇÃO DE JORNADA


Já mencionamos algumas hipóteses que pode ser prestado hora extra, e agora
estudaremos especificamente como acontecerá esse tratamento.
Como norma básica temos o artigo 7º, inciso XVI da Constituição Federal que garante
ao trabalhados a remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta
por centro à do normal.
OBSERVAÇÃO: pode haver uma lei ou convenção coletiva que fixe a remuneração
pela hora extra em patamar superior a 50%.
 ATENÇÃO! Antes da reforma trabalhista, era previsto no artigo 384 da CLT que em
caso de prorrogação do horário normal, seria obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos
no mínimo, antes do início do período extraordinário de trabalho. Todavia, não se fala mais
em descanso de 15 minutos antes de iniciar a jornada extraordinária, pois a reforma trabalhista
extinguiu tal hipótese.

1 S. 423 TST. Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação
coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas
como extras.

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 Qual a principal hipótese em que é possível a prestação de horas extras?


A redação anterior do artigo 59 da CLT dizia que a duração normal do trabalho poderia
ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2 horas, mediante acordo
escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.
A reforma trabalhista fez uma modificação na questão desse dispositivo, mas cabe à
jurisprudência interpretar realmente qual é o alcance dessa modificação.
Atualmente o artigo 59 da CLT tem a seguinte redação:

ANTES AGORA

Art. 59. A duração normal do trabalho Art. 59. A duração diária do trabalho
poderá ser acrescida de horas suplementares, poderá ser acrescida de horas extras, em
em número não excedente de 2, mediante número não excedente de duas horas, por
acordo escrito entre empregador e acordo individual, convenção coletiva ou
empregado, ou mediante contrato coletivo de acordo coletivo de trabalho.
trabalho.

OBSERVAÇÃO: perceba que atualmente não há mais na letra da lei a necessidade de


esse acordo ser escrito.

 No artigo 59 está previsto que o máximo de horas extras é duas horas, então, o
que acontece se ultrapassar esse limite?
A jurisprudência consolidou, através da Súmula 377 que a limitação legal da jornada
suplementar a duas horas diárias não exime o empregado de pagar todas as horas trabalhadas.
É importante observar também que o valor das horas extras habitualmente prestadas
integra o cálculo dos haveres trabalhistas independente da limitação prevista no caput do
artigo 59 da CLT.

3.1 FORMA DE REMUNERAÇÃO


Súmula 264, TST: A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal,
integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo,
convenção coletiva ou sentença normativa.

É importante decorar esse dispositivo, pois ele traz a forma de cálculo da remuneração
desse serviço. Todavia, os empregados que recebem à base de comissões não podem ter sua
hora adicional calculada com base na sua remuneração mensal, isso porque na hora de
calcular quanto ganham no total do mês, já está sendo computado dentro valor a quantidade
de horas extraordinárias prestadas.
Quando se tem um salário fixo, se verificará o valor de cada hora de trabalho, e
acrescentará as horas extras. Entretanto, quando se está sob o emprego de comissões, o valor

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já englobará o quanto o empregado ganhou de hora extra, porque já houve esse acréscimo na
comissão do empregado.
Abaixo há Súmulas relevantes sobre o tema:
Súmula 340 do TST: O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de comissões, tem
direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) pelo trabalho em horas extras, calculado
sobre o valor-hora das comissões recebidas no mês, considerando-se como divisor o número de horas
efetivamente trabalhadas.
Súmula 45 do TST: A remuneração do serviço suplementar, habitualmente prestado, integra o cálculo da
gratificação natalina prevista na Lei nº 4.090, de 13.07.1962.
Súmula 115 do TST: O valor das horas extras habituais integra a remuneração do trabalhador para o
cálculo das gratificações semestrais.
Súmula 172 do TST: Computam-se no cálculo do repouso remunerado as horas extras habitualmente
prestadas. (ex-Prejulgado nº 52).
Súmula 347 do TST: O cálculo do valor das horas extras habituais, para efeito de reflexos em verbas
trabalhistas, observará o número de horas efetivamente prestadas e a ele aplica-se o valor do salário-
hora da época do pagamento daquelas verbas.

3.2 SUPRESSÃO DAS HORAS EXTRAS


Observa-se, que, geralmente, como o adicional de hora extra é um adicional, seguiria a
regra de que, cessada essa situação prejudicial ao trabalhador, seria também cessado o valor a
que ele teria direito, como é o caso, por exemplo, do adicional noturno.
Todavia, o adicional de hora extra é uma exceção, esse adicional é incorporado, como
se pode verificar da Súmula 291 do TST que ensina como será o cálculo dessa incorporação:
A supressão total ou parcial, pelo empregador, de serviço suplementar prestado com habitualidade,
durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização correspondente ao valor
de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou parcialmente, para cada ano ou fração igual ou superior a
seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo observará a média das horas
suplementares nos últimos 12 (doze) meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra
do dia da supressão.

Primeira coisa que se deve observar é o número de horas extras prestadas por mês
durante o período em que foi habitual, e então deverá multiplicar esse número pelo valor
revertido em dinheiro, quando se obter o resultado, deverá multiplicá-lo por cada ano, ou por
6 meses, em que teve hora extra.
Exemplo: um pregado prestou horas extras por 20 anos consecutivos, terá multiplicado
por 20 vezes o valor recebido por mês. Trata-se, na verdade, do recebimento de uma
indenização pela supressão das horas suplementares.

3.4 QUANTO AO ADVOGADO


O Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil prevê que a jornada do advogado não
poderá exceder a duração diária de 4 horas contínuas e a de 20 horas semanais, salvo acordo
ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva, sendo fixado o adicional a título de
hora extra em 100%.

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 ATENÇÃO! Na última prova da PGE de São Paulo caiu questão versando sobre o
adicional noturno dos advogados, já que é diferente daquele previsto na CLT. Então, pode ser
que dessa vez seja sobre hora extra.

4. HIPÓTESES DA PRESTAÇÃO DE HORA EXTRA EM CASO DE FORÇA


MAIOR E SERVIÇOS INADIÁVEIS
Além do caso da prestação usual de hora extra que acontece por acordo celebrado
individualmente, ou por negociação coletiva, existem também situações em que não tem
como prever e se preparar antecipadamente para a necessidade dessa prestação, como também
pode acontecer que um empregado tenha que prestar hora extra sem querer prestar.
Artigo 61 da CLT. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite
legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou
conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.

Mudança do §1º do artigo supracitado com a Reforma Trabalhista:

ANTES AGORA

§ 1º - O excesso, nos casos deste artigo,


poderá ser exigido independentemente de
acordo ou contrato coletivo e deverá ser § 1º O excesso, nos casos deste artigo,
comunicado, dentro de 10 (dez) dias, à pode ser exigido independentemente de
autoridade competente em matéria de convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho, ou, antes desse prazo, justificado no trabalho.
momento da fiscalização sem prejuízo dessa
comunicação.
Como foi afirmado, não há necessidade de acordo ou contrato coletivo em alguns casos
que possam causar prejuízo, dessa forma, atualmente a CLT dispõe não ser mais necessária a
comunicação ao Ministério do Trabalho e Emprego ou a justificação no momento da
fiscalização nos casos do artigo 61.
Outra hipótese em que pode haver a necessidade de prestação de serviço extraordinário
sem que haja a pactuação prévia é aquela tratada no §3º do artigo 61 da CLT:
§ 3º - Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas acidentais, ou de força maior,
que determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo
tempo necessário até o máximo de 2 (duas) horas, durante o número de dias indispensáveis à
recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de 10 (dez) horas diárias, em período não superior
a 45 (quarenta e cinco) dias por ano, sujeita essa recuperação à prévia autorização da autoridade
competente.

Deve-se observar que, nesse caso, a necessidade da prestação de horas extras acontece
em um momento após a situação extraordinária que acaba fazendo com que os serviços
fiquem acumulados.
Exemplo: empregador compensar o prejuízo, estabilizar a linha de montagem, ou
recuperar o tempo perdido causado pelo fator extraordinário.

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Todavia, nesse caso há a necessidade de haver solicitação prévia ao Ministério do


Trabalho e Emprego, e a prorrogação máxima não pode exceder a 2 horas diárias, não
podendo exceder a jornada de 10 horas no dia.
OBSERVAÇÃO: só pode haver a prorrogação da jornada específica desse dispositivo
enquanto a prestação dessa jornada extraordinária for indispensável à recuperação do tempo
perdido, sendo certo que, sem a previsão em convenção ou acordo coletivo, o máximo que vai
ser possível essa prorrogação de jornada será por 45 dias por ano.

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