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INSTITUTO SUPERIOR DE MÚSICA DE SÃO LEOPOLDO

GUSTAVO ANDRADE DE ARAUJO

A MUSICOTERAPIA APLICADA AO DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE EM

PESSOAS COM RETARDO MENTAL

São Leopoldo

2007
GUSTAVO ANDRADE DE ARAUJO

A MUSICOTERAPIA APLICADA AO DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE EM

PESSOAS COM RETARDO MENTAL

Trabalho de conclusão de Curso


Para obtenção do Grau de Bacharel
em Musicoterapia
Instituto Superior de Música de São
Leopoldo

Orientadora: Ruth Kratochvil

São Leopoldo

2007
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................3
1 A MUSICOTERAPIA................................................................................................5
1.1 Do Passado ao Presente..................................................................................5
2 O RETARDO MENTAL............................................................................................9
2.1 Características diagnósticas...........................................................................9
2.2 Funcionamento adaptativo............................................................................10
2.3 Níveis de gravidade do retardo mental.........................................................10
2.3.1 Retardo Mental Leve..............................................................................11
2.3.2 Retardo mental moderado.....................................................................11
2.3.3 Retardo mental severo...........................................................................12
2.3.4 Retardo mental profundo.......................................................................12
2.4 Diagnóstico diferencial...................................................................................12
3 O FUNCIONAMENTO MOTOR NO SER HUMANO..............................................14
3.1 A função do córtex cerebral...........................................................................14
3.2 Núcleos da base..............................................................................................15
3.3 Cerebelo...........................................................................................................16
3.4 Tálamo..............................................................................................................17
3.5 Contração muscular........................................................................................17
4 A MUSICOTERAPIA COM RETARDO MENTAL..................................................21
4.1 Modificação de comportamento....................................................................21
4.2 Metas de musicoterapia.................................................................................22
4.3 Musicoterapia para melhorar habilidades motoras.....................................22
5 A MUSICOTERAPIA NO DESENVOLVOMENTO DA MOTRICIDADE................25
5.1 Práticas clínicas aplicadas ao desenvolvimento da motricidade
fina e ampla..............................................................................................................26
5.1.1 Caso 1......................................................................................................26
5.1.2 Caso 2......................................................................................................28
6 A CONTRIBUIÇÃO DOS INSTRUMENTOS NA PRÁTICA CLÍNICA....................32
6.1 Seleção de instrumentos................................................................................33
6.2 Distribuição dos instrumentos.......................................................................34
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................38
8 REFERÊNCIAS.......................................................................................................41
INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, a utilização da música com fins terapêuticos tem adquirido
importância na maior parte do mundo moderno. Embora o conceito de uma força
terapêutica vinculada à música seja tão antigo quanto nossa civilização, só
recentemente a música vem sendo considerada como um valioso instrumento no
tratamento e reabilitação de pacientes, principalmente na educação especial.
Durante os estágios de formação em musicoterapia foram desenvolvidos
trabalhos com diversos públicos. O que mais chamou a atenção foram os pacientes
portadores de deficiência mental, em específico os pacientes portadores de retardo
mental, pois estes, além de demonstrarem muita receptividade à música, são
pessoas muito afetivas, criativas e, a cada sessão, tinham sempre algo novo,
diferente e surpreendente para contribuir com o desenvolvimento individual e do
grupo no qual encontravam-se inseridos. Isso gerava grande entusiasmo e prazer
para prosseguir trabalhando e ampliando o processo de crescimento, tanto do
musicoterapeuta quanto do paciente durante cada encontro.
Este trabalho se constitui de revisão bibliográfica e demonstrará algumas
formas de atendimento à população com retardo mental, mas com maior
aprofundamento na área motora ampla e fina, pois percebeu-se, ao longo dos
atendimentos nos estágios proporcionados pelo curso de musicoterapia, que o fato
de os pacientes ampliarem suas habilidades motoras, através de instrumentos,
resultava em maior desenvolvimento na interação, independência e autonomia em
suas atividades de vida diária. O fato do autor deste trabalho possuir experiência
como baterista e, ao mesmo tempo, ser estudante de musicoterapia despertou um
interesse no desenvolvimento da motricidade a partir do uso dos instrumentos. Por
4

conseqüência, resolveu-se por aprofundar os estudos nessa área e elaborar um


trabalho referente a esse tipo de habilidade e com essa população.
Este trabalho está composto por seis capítulos. No primeiro será abordado
um breve histórico de como surgiu a musicoterapia e sua importância como auxiliar
no tratamento do ser humano. No segundo capítulo haverá uma conceituação do
que é retardo mental e seus níveis de gravidade, de acordo com o prejuízo
intelectual. No terceiro será abordado, de uma forma geral, o funcionamento motor
no ser humano, com a intenção de ajudar a compreender como são realizados
determinados movimentos, de acordo com o tipo de estímulo fornecido pelo
musicoterapeuta, através da música ou de instrumento musical. No quarto capítulo
são demonstradas algumas possíveis formas de atividades de musicoterapia com
pessoas portadoras de retardo mental, bem como algumas técnicas e habilidades a
serem desenvolvidas, em específico, nas habilidades de movimento amplo e fino. Já
no quinto capítulo são abordados alguns exemplos de práticas clínicas, com
descrição de atividades, visando demonstrar o desenvolvimento motor do paciente
portador de retardo mental. No sexto capítulo haverá uma descrição de possíveis
instrumentos a serem utilizados, nas sessões de musicoterapia, para ajudar os
pacientes a desenvolverem o movimento motor amplo ou fino com maior habilidade,
também contando com uma seleção prévia de alguns instrumentos específicos para
realizar o movimento necessário a ser explorado.
Enfim, espera-se que a leitura deste trabalho seja tão proveitosa e instigante
quanto foi fazê-lo.
1 A MUSICOTERAPIA

1.1 Do Passado ao Presente

O poder curador da música é bastante conhecido e sua história começa com


os povos primitivos, os quais tinham no feiticeiro a total confiança para cura de suas
doenças. Os feiticeiros procuravam pacificar, envolver e ameaçar o causador da
doença, por meio de procedimentos semelhantes aos das relações humanas, ou
através de procedimentos mágicos, os quais incluíam as músicas cerimoniais e as
danças. “Ainda hoje os pajés brasileiros realizam cerimônias de cura por meio da
música.”1
Na Grécia antiga o estudo da música e a física dos sons levaram a alguns
dos princípios musicais que perduram até hoje. O sistema musical grego
fundamentou-se nos diversos modos, que são seqüências de notas contendo um
sentido matemático específico. Cada um destes modos expressava, também, várias
disposições emocionais, despertando sobre o ouvinte um efeito específico. A
doença, segundo Hipócrates e seus seguidores, era tida como fruto da
psicossomática e causada pela desarmonia da natureza humana, sendo assim,
Pitágoras buscou através da estrutura harmônica, desenvolver um sistema musical,
que tinha como objetivo a rearmonização do doente visando sua cura.
“No século XVI há um esboço de desligamento dos conceitos médicos da
magia, e já existem os que atribuem à loucura a causas naturais e não a bruxaria”2.
O fator mais relevante desta época foi que, muitos médicos começaram a acreditar
no valor da música como elemento terapêutico a ser utilizado na recuperação e
tratamento de seus pacientes.
No século XVII há um grande desenvolvimento da medicina somática, que
1
COSTA, Clarice Moura. O Despertar para o outro. São Paulo, 1989, p. 18.
2
COSTA, 1989, p. 23.
6

progride através da observação e experiência, levando a descobertas cada vez


mais importantes. A música nesse século era indicada nos casos de doenças
mentais.
No século XVIII, ocorre a Revolução Industrial, que traz profundas
modificações nas relações humanas e sociais, no estilo de vida e nos hábitos dos
povos. Nessa época dos grandes sanatórios, o fato psiquiátrico começa a desligar-
se do fato médico. Também nesse século, surgem as primeiras obras sobre a
Musicoterapia, com os tratados de Richars Brocklesby (1749) que escreveu sobre
Musicoterapia, apresentando alguns casos, em que são descritos sintomas e causas
da doença psiquiátrica, a história musical do doente e a forma de usar a música no
tratamento. Já Tissot (1798) prescreve a música como forma de ajuda no tratamento
de várias moléstias, devido a sua importante influência na cura do físico sobre o
moral, atuando na modificação do estado de espírito do paciente.
“No início do século XIX, Pinel (1801), advoga um tratamento mais humano
para os ‘insanos’”3. Ele também defendia a necessidade de se preservar e
desenvolver a parte sadia no alienado, cuidando de sua higiene, preservando-o
física e moralmente. A música que fazia parte desses cuidados, para Pinel, deveria
ser "doce e harmoniosa", e poderia ser proporcionada por algum paciente que fosse
artista, no qual os dons estivessem adormecidos por ausência de exercício. Devido a
essa humanização e "tratamento moral" nos hospícios, aumenta a partir dessa
época, o interesse pelo tratamento através da música, surgindo diversos textos de
importantes psiquiatras, discutindo formas de utilização terapêutica da música e os
resultados conquistados. Cresce a esperança de fundamentar "cientificamente" o
emprego terapêutico da música, partindo de seus efeitos neurofisiológicos.
Pesquisadores como Binet e Courtier (1897), procuram determinar efeitos mais
específicos da música sobre o organismo humano. Concluíram que a música,
sobretudo em tom maior, dissonante e alegre, poderia aumentar a freqüência
respiratória, bem como a freqüência cardíaca provocando a vasoconstrição. Outros
resultados obtidos foram Fere (1901) músicas alegres eram capazes de provocar
vasodilatação e as tristes vasoconstrição; Mentz: sons agradáveis baixavam a
freqüência cardíaca, por outro lado os desagradáveis aumentavam. São

3
BROCHIER, Ângela Gomes; COVO, Gisele Raquel de Carvalho. A Musicoterapia na Prevenção e
Tratamento do Stress. Curitiba, FAP, 1998, monografia de conclusão da disciplina de
musicoterapia IV, Faculdade de Musicoterapia, Faculdade de Artes do Paraná, 1998, p. 07.
7

encontrados muitos outros experimentos que apresentam resultados muito


contraditórios entre si.
No século XX, a Musicoterapia sofre um desenvolvimento bastante
acelerado com o surgimento de novos estudos e importantes pesquisas. Nos
Estados Unidos a musicoterapia surgiu como um recurso para a recuperação de
neuróticos de guerra, enquanto que na Argentina, aparece para fornecer uma
reabilitação a pessoas atingidas pela epidemia de poliomielite. A Musicoterapia foi
desenvolvida como disciplina em meados do século XX; e as primeiras associações
de Musicoterapia foram fundadas nos anos 50 nos Estados Unidos, Grã Bretanha e
Áustria. No Brasil, a Associação Brasileira de Musicoterapia foi fundada no Rio de
Janeiro em 1968 e teve como primeiro presidente o doutor Jacques Niremberg. No
mesmo ano, foi fundada a Associação de Musicoterapia do Rio Grande do Sul.
Desde 1974 é realizado, de três em três anos, o Congresso Mundial de
Musicoterapia. Na atualidade, a Musicoterapia é difundida em vários países e seus
estudos se encontram em pleno desenvolvimento.
Pode-se entender que a Musicoterapia tem como principal recurso de
trabalho a música. Esta, por agir sobre as emoções, poderá proporcionar através de
sua aplicação, a auto-aceitação, a auto-percepção e o auto-conhecimento. A
Musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo
para que o mesmo alcance uma melhor qualidade de vida através da prevenção,
reabilitação ou tratamento.
Em 1996, a Comissão de Prática Clínica da Federação Mundial de
Musicoterapia, propôs a seguinte definição para a Musicoterapia:

Musicoterapia é a utilização da música e/ou de seus elementos (som,


ritmo, melodia e harmonia), por musicoterapeuta qualificado, com um
cliente ou grupo, em um processo destinado a facilitar e promover
comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão,
organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às
necessidades físicas, mentais e cognitivas. A musicoterapia busca
desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele ou
ela alcance uma melhor organização intra e/ou interpessoal e,
conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida, através de prevenção,
reabilitação ou tratamento4.

Atualmente, a Musicoterapia é difundida nos quatro continentes, com


presença de representantes dos mais diversos países como Brasil, Índia, Austrália,

4
BRUSCIA, Kenneth E. Definindo Musicoterapia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000, p. 286.
8

Japão, Estados Unidos entre outros, nos congressos internacionais. Diante dos
resultados terapêuticos, que vêm sendo publicados, a Musicoterapia se propagou
para as mais diferentes áreas de aplicação, como doenças, traumas, incapacidades
físicas, perdas sensório-motoras, distúrbios psiquiátricos, problemas de conduta ou
emocionais, drogadição, distúrbios de comunicação, dificuldades nos
relacionamentos, abusos, desvantagens, retardo mental e distúrbios de
aprendizagem. Ela também é utilizada para promover uma auto-avaliação, para
estimular o crescimento e o desenvolvimento, para acelerar ou melhorar o
aprendizado, para controlar a dor, para dar assistência ao parto, para acompanhar
exercícios físicos, para tratar problemas musicais, psiquiátricos, geriátricos e
deficiências neurológicas.
2 O RETARDO MENTAL

2.1 Características diagnósticas1

Segundo o DSM IV, o Retardo Mental possui etiologias diferentes e pode


ser visto como resultado de vários processos patológicos que afetam o
funcionamento do sistema nervoso central. Caracteriza-se por um funcionamento
intelectual deficitário significativamente inferior à média, acompanhado de
importantes limitações no funcionamento adaptativo. O diagnóstico é estabelecido
quando se verifica o comprometimento em pelo menos duas das seguintes áreas de
habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades
sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, auto-suficiência, habilidades
acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. Esta deficiência tem início antes
dos 18 anos.
O funcionamento intelectual geral de um indivíduo é definido pelo quociente
de inteligência (QI ou equivalente), o qual é obtido mediante realização de
avaliações com um ou mais testes de inteligência padronizados de administração
individual (por ex., escalas Wechsler de inteligência, Stanford-Binet e bateria
Kaufman de avaliação para crianças). A escolha dos instrumentos de testagem e a
interpretação dos resultados devem considerar fatores capazes de interferir no
desempenho do teste (por ex., a bagagem sócio-cultural do indivíduo, ambiente de
relação, língua materna e deficiências comunicativas, motoras e sensoriais

1
As questões que serão abordadas a seguir estão baseadas nos livros, DSM IV - Manual de
Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. American Psychiatric Association,
Washington, E.U.A, 1994. Disponível em: <http:// www.psiqweb.med.br/dsm/dsm.html > Acesso em:
05 de março de 2007.
AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION. Retardo Mental: definição,
classificação, e sistemas de apoio. Tradução Magda França Lopes. 10ª ed. Porto Alegre: Artmed,
2006.
10

associadas). Quando existe uma discrepância acentuada entre os escores verbal e


de desempenho, a realização de testes para fazer a média de um escore de QI de
escala plena pode ser enganosa e levar a incorreções.
A maioria dos indivíduos que possuem Retardo Mental apresenta
comportamento passivo, placidez e dependência. No entanto, outros mostram-se
agressivos e impulsivos, pois sua falta de habilidades de comunicação pode
predispor a comportamentos inadequados, com o intuito de substituir a linguagem
comunicativa.

2.2 Funcionamento adaptativo

O funcionamento adaptativo refere-se à reunião de habilidades conceituais,


sociais e práticas aprendidas pelas pessoas e que lhes permitem funcionarem no
seu cotidiano. Em outras palavras, o funcionamento adaptativo é o modo como os
indivíduos com retardo mental enfrentam efetivamente as exigências comuns da vida
tais como: autocuidado, vida doméstica, habilidades sociais, autodirecionamento,
saúde, segurança, aprendizagem funcional, lazer e trabalho e o grau em que
satisfazem os critérios de independência pessoal, comuns a pessoas de seu grupo
etário, e que sejam apropriados a um funcionamento adequado para se obter uma
boa qualidade de vida. O funcionamento adaptativo pode ser influenciado por vários
fatores, incluindo educação, motivação, oportunidades sociais e contexto
comunitário específicos. Através de esforços terapêuticos, o indivíduo com retardo
tem maiores chances de apresentar mudanças na adaptabilidade; já o QI cognitivo
tende a permanecer como um atributo mais estável.
Para se obter evidências dos déficits no funcionamento adaptativo, é preciso
recorrer a uma ou mais fontes independentes confiáveis; por exemplo, avaliação do
professor, história médica e evolutiva. Os fatores ambientais podem criar riscos
reais, potenciais ou falhar em proporcionar proteção e apoios adequados e, por isso,
as informações por eles fornecidas não devem ser tomadas com exclusividade. Os
indivíduos com retardo mental costumam apresentar dificuldades para reconhecer
problemas de saúde, negociar com o sistema de atenção à saúde e serem inábeis
para comunicar sintomas e sentimentos. Comportamentos agressivos ou de danos a
si próprio que têm sua origem em fatores ambientais podem ser mal interpretados
como problemas interiores do indivíduo e tratados inadequadamente. A atenção a
11

esses fatores contextuais é fundamental para se entender como as pessoas com


retardo mental experimentam e superam as limitações de saúde.
Na avaliação do funcionamento intelectual, deve-se considerar a adequação
do instrumento de medição de QI à bagagem sócio-cultural, educacional, às
deficiências associadas, bem como à motivação e cooperação do indivíduo.

2.3 Níveis de gravidade do retardo mental

São quatro os níveis de gravidade que podem ser especificados, refletindo o


atual nível de prejuízo intelectual: Leve, Moderado, Severo e Profundo.

Retardo Mental Leve Nível de QI 50-55 a aproximadamente 70.


Retardo Mental Moderado Nível de QI 35-40 a 50-55.
Retardo Mental Severo Nível de QI 20-25 a 35-40.
Retardo Mental Profundo Nível de QI abaixo de 20 ou 25.
Retardo Mental, Gravidade Inespecificada, pode ser usado quando existe
uma forte suposição de Retardo Mental, mas a inteligência da pessoa não
pode ser testada por métodos convencionais (por ex., em indivíduos com
demasiado prejuízo ou não-cooperativos, ou em bebês).2

2.3.1 Retardo Mental Leve

Os indivíduos com Retardo Mental Leve geralmente desenvolvem


habilidades sociais e de comunicação durante os anos pré-escolares (dos 0 aos 5
anos). Costumam apresentar prejuízo mínimo nas áreas sensório-motoras e,
freqüentemente, nem mesmo são diferenciados de crianças sem Retardo Mental até
uma idade mais tardia. Ao final da adolescência, podem atingir habilidades
acadêmicas equivalentes, aproximadamente, à sexta série escolar. Durante a idade
adulta, geralmente adquirem habilidades sociais e profissionais, mas podem precisar
de supervisão, orientação e assistência, especialmente quando sob estresse social
ou econômico incomum.

2.3.2 Retardo mental moderado

A maioria dos indivíduos com Retardo Mental Moderado adquire habilidades


de comunicação durante os primeiros anos da infância. Beneficiam-se de
treinamento profissional, desenvolvem habilidades sociais e ocupacionais, mas
provavelmente não progredirão além do nível de segunda série, em termos
acadêmicos. Possuem razoável funcionamento motor e, com moderada supervisão,

2
DSM IV, 1994. p. 40.
12

conseguem cuidar de si mesmos. Durante a adolescência, suas dificuldades no


reconhecimento de convenções sociais podem interferir no relacionamento com seus
pares. Na idade adulta, a maioria é capaz de executar trabalhos não qualificados ou
semiqualificados sob supervisão, em oficinas protegidas ou no mercado de trabalho
geral, e adaptam-se bem à vida na comunidade, geralmente em contextos
supervisionados.

2.3.3 Retardo mental severo

Os indivíduos com Retardo Mental Severo adquirem pouca ou nenhuma fala


comunicativa durante os primeiros anos da infância. No período escolar, podem
aprender a falar e ser treinados em habilidades elementares de higiene, mas se
beneficiam em grau limitado da instrução em matérias pré-escolares, tais como
familiaridade com o alfabeto e contagem simples. Na idade adulta, podem tornar-se
capazes de executar tarefas simples sob estreita supervisão. Costumam adaptar-se
bem à vida em comunidade, a menos que tenham uma deficiência associada (por
ex. Síndrome de Down, Síndrome alcoólico-fetal e Síndrome do X frágil) que exija
cuidados especializados de enfermagem ou outra espécie de atenção.

2.3.4 Retardo mental profundo

Grande parte dos indivíduos com Retardo Mental Profundo são


diagnosticados por uma condição neurológica identificada como responsável por seu
Retardo Mental. Durante os primeiros anos da infância, apresentam prejuízos
consideráveis no funcionamento sensório-motor. Um desenvolvimento mais
favorável pode ocorrer em um ambiente altamente estruturado, com constante
auxílio e supervisão. O desenvolvimento motor e as habilidades de higiene e
comunicação podem melhorar com treinamento apropriado. Alguns desses
indivíduos conseguem executar tarefas simples, em contextos abrigados e
estritamente supervisionados.

2.4 Diagnóstico diferencial

Existem casos de Retardo Mental que iniciam após um período de


funcionamento normal da pessoa, podendo qualificar-se para o diagnóstico adicional
de demência. Um diagnóstico de demência exige que o prejuízo de memória e
outros déficits cognitivos representem um declínio significativo a partir de um nível
13

anteriormente superior de funcionamento. Uma vez que pode ser difícil determinar o
nível anterior de funcionamento em crianças muito pequenas, o diagnóstico de
demência pode não ser apropriado até que a criança esteja com 4 a 6 anos de
idade. Em indivíduos com menos de 18 anos, o diagnóstico de demência é feito, em
geral, apenas quando a condição não é caracterizada satisfatoriamente pelo
diagnóstico de Retardo Mental. Além disso, é preciso considerar que as condições
de saúde ocasionalmente afetam a avaliação da inteligência e o comportamento
apresentado pelo paciente durante a testificação.
3 O FUNCIONAMENTO MOTOR NO SER HUMANO1

A motricidade é, sem dúvida, uma atividade que caracteriza os seres vivos,


permitindo-lhes tanto ajustar sua postura em função de suas necessidades de
relacionamento com o mundo, como movimentar-se para deixar ambientes hostis e
buscar locais que favoreçam sua sobrevivência explorando o meio que os cerca.
Para organizar estas atividades, o cérebro utiliza informações obtidas através de
seus sistemas sensoriais (tanto internos como externos). Por este motivo, existe
uma íntima associação entre o desenvolvimento da motricidade do indivíduo e de
sua capacidade de processamento sensorial. Podemos dizer que os significados
dos estímulos sensoriais são definidos pelos atos motores que desencadeiam.
Mesmo as emoções associadas às informações sensoriais se traduzem por
manifestações de uma motricidade de nossos órgãos internos.

3.1 A função do córtex cerebral2

As várias áreas funcionais do córtex foram inicialmente classificadas em dois


grandes grupos: áreas de projeção e áreas de associação. As áreas de projeção
serviriam para fazer conexões com centros subcorticais, enquanto que as áreas de
associação serviriam para fazer conexões apenas com outras áreas corticais. Essa
classificação inicial não pode mais ser mantida, pois está demonstrado que todas as
áreas corticais têm conexões com centros subcorticais, especialmente com o
sistema ativador reticular ascendente, cuja ação ativadora se exerce sobre todo o
córtex. Contudo a divisão do córtex cerebral em áreas de projeção e de associação,
embora bastante esquemática, é ainda útil e pode ser usada dentro de uma nova

1
As questões abordadas neste capítulo estão relacionadas à teoria descrita por MACHADO, Ângelo
B.M. Neuroanatomia Funcional. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2002.
2
MACHADO, 2002, p. 257.
15

conceituação: áreas de projeção são as que recebem ou dão origem a fibras


relacionadas diretamente com a sensibilidade e com a motricidade. As demais áreas
são consideradas de associação e, de modo geral, estão relacionadas a funções
psíquicas complexas. Lesões nas áreas de projeção podem causar paralisias ou
alterações na sensibilidade, o que não acontece nas áreas de associação. Lesões
nessas áreas, entretanto, podem causar alterações psíquicas.
As áreas de projeção podem ser divididas em dois grandes grupos, de
função e estrutura diferentes: áreas sensitivas e áreas motoras. Segundo o
neuropsicólogo russo Alexandre Luria3, existe uma divisão funcional do córtex
baseada no seu grau de relacionamento com a motricidade e com a sensibilidade.
As áreas ligadas diretamente à sensibilidade e à motricidade, ou seja, as áreas de
projeção, são consideradas áreas primárias. As áreas de associação podem ser
divididas em secundárias e terciárias. As primeiras são também chamadas de áreas
unimodais, pois estão ainda relacionadas, embora indiretamente, com uma determi-
nada modalidade sensorial ou com a motricidade. As conexões de uma determinada
área de associação unimodal se fazem predominantemente com a área primária da
mesma função. Assim, por exemplo, a área de associação unimodal visual recebe
fibras predominantemente da área visual primária ou da área de projeção visual. Já
as áreas terciárias são supramodais, ou seja, não se ocupam mais do
processamento motor ou sensitivo, mas estão envolvidas com atividades psíquicas
superiores como, por exemplo, a memória, os processos simbólicos e o pensamento
abstrato. Portanto mantêm conexões com várias áreas unimodais ou com outras
áreas supramodais, e sua lesão causa alterações psíquicas sem qualquer
conotação motora ou sensitiva.

3.2 Núcleos da base

Os núcleos da base são corpos de neurônios localizados na parte interna da


massa axônica do encéfalo que tem como principal função auxiliar no planejamento
e no desenvolvimento da motricidade. Os núcleos da base são: claustrum, corpo
amigdalóide, caudado, putâmen e globo pálido. Juntos os últimos três constituem o
corpo estriado. Putâmen e globo pálido formam um núcleo chamado lentiforme.
Embora estes dois formem um único núcleo, as afinidades estrutural e funcional do
putâmen são com o caudado, assim estes dois formam um corpo chamado striatum
3
LÚRIA, Alexandre apud MACHADO, 2002, p. 263.
16

e sozinho o globo pálido forma o núcleo pallidum.


A substância nigra e o subtálamo não são classificados como núcleos da
base, porém foram incluídos aqui para melhor compreensão da motricidade. A
substância nigra é um núcleo de neurônios situado na base do pedúnculo cerebral, e
utiliza principalmente um neurotransmissor chamado dopamina. A substância nigra
auxilia o striatum na modulação do movimento apendicular fino. Caso ocorra alguma
alteração nos receptores ou na quantidade de neurotransmissor, ocorrerão graves
perturbações motoras, como por exemplo, a síndrome de Parkinson.
O subtálamo é uma pequena área de corpos de neurônios situada na parte
póstero-inferior do tálamo e tem como função a regulação da motricidade somática
axial, tendo como principal região o núcleo subtalâmico. Caso ocorram lesões neste
núcleo é provocada uma síndrome chamada de hemibalismo4, caracterizada por
movimentos anormais das extremidades que muitas vezes são violentos e não
desaparecem nem com o sono.
A síntese desses aspectos estão na figura 1.

Áreas motoras do córtex

Striatum Substância nigra

Tálamo Pallidum Subtálamo

Figura 1: diagrama dos circuitos neurais MACHADO, 2002. p. 252.

4
Quando ocorre alteração ou lesão unilateral na região do subtálamo.
17

3.3 Cerebelo

Fisicamente o cerebelo é dividido em zona medial, zona intermédia e zona


lateral. As principais funções do cerebelo são: manutenção do equilíbrio e da
postura, controle do tônus muscular, controle dos movimentos voluntários e
aprendizagem motora. O equilíbrio e a postura são controlados pela zona medial do
cerebelo. O tônus muscular é controlado pelos núcleos cerebelares denteado e
interpósito, que mantém um nível mínimo de atividade muscular. O controle dos
movimentos musculares é feito pelos núcleos e córtex cerebelar em duas etapas:
uma de planejamento e outra de correção do movimento já em execução. O
planejamento é realizado pela zona lateral do cerebelo e a correção do movimento
em execução é feita pela zona intermédia do cerebelo. A aprendizagem motora
também é um papel importante do cerebelo, pois quando executa uma mesma
atividade motora repetidas vezes, esta passa a ser feita cada vez mais rápida e com
menos erros, devido a modificações estruturais e estáveis nos circuitos nervosos.

3.4 Tálamo

O tálamo é o principal responsável por todo tipo de sensibilidade,


comportamento emocional, ativação do córtex e modulação da motricidade. A
principal função do tálamo é servir de estação de reorganização dos estímulos
vindos da periferia e do tronco cerebral e também de alguns vindos de centros
superiores. Lá fazem sinapse os axônios dos neurônios situados nesses locais, e daí
partem novos axônios que vão efetuar ligações em nível de outros centros
superiores, principalmente o córtex. Quase todos os sinais ascendentes que vão
para o córtex fazem sinapse nos núcleos do tálamo, onde são reorganizados e/ou
controlados, com exceção do sentido do olfato. O tálamo contém células nervosas
que levam a informação de quatro sentidos (visão, audição, gustação e
extereocepção [tato]) para o córtex cerebral. Somente o sentido do olfato envia
sinais diretamente para o córtex, sem passar pelo tálamo. Sensações de dor,
temperatura e pressão também são interpretadas através do tálamo. O presente
trabalho terá como foco apenas a parte motora do tálamo que, ao receber os
estímulos já modulados pelos núcleos da base e cerebelo, tem por finalidade liberar
o córtex cerebral para executar algum movimento.
18

3.5 Contração muscular5

Tradicionalmente, os músculos são classificados de acordo com sua


anatomia (músculo estriado versus músculo liso). Outra maneira de classificar os
músculos é de acordo com sua inervação. Assim, os músculos voluntários, sob
controle consciente, são diferenciados dos músculos involuntários, sob o controle do
sistema nervoso autonômico. Entretanto, as propriedades das diferentes células
musculares são facilmente entendidas em termos dos seus desempenhos funcionais.
Nessa classificação, a distinção básica está entre células musculares ligadas ao
esqueleto e aquelas localizadas nas paredes dos órgãos ocos.
Células musculares ligadas ao esqueleto são estriadas e estão sujeitas ao
controle voluntário. Com freqüência, elas são muito longas e fazem a ligação do
músculo ao esqueleto. Esse arranjo permite que as células funcionem
independentemente. A força total produzida por um músculo reflete a soma das
forças geradas por suas células ativas. O sistema musculoesquelético está
organizado para que a maioria das cargas gravitacionais seja suportada pelo
esqueleto e pelos ligamentos. As células musculares esqueléticas estão
normalmente relaxadas e, em geral, são recrutadas para gerar força e movimento.
Ao contrário das células musculares ligadas ao esqueleto, as células
musculares das paredes dos órgãos ocos não podem funcionar independentemente.
As paredes dos órgãos ocos contêm uma camada contínua de músculo, na qual as
células musculares estão mecanicamente ligadas em série, como os elos em uma
corrente. Todas as células devem suportar a mesma força e contrair uniformemente.
As alterações da pressão são transmitidas por todos os órgãos ocos (trato
gastrintestinal como esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso ou
cólon), e a contração de algumas células necessariamente altera a carga nas outras.
Células musculares nos órgãos ocos (tipicamente involuntárias e lisas)
possuem dois papéis funcionais. Como as células musculares esqueléticas, elas
geram força e movimento e também mantêm as dimensões do órgão contra as
cargas aplicadas pelos nutrientes que tendem a dilatar o órgão causando assim
fortes dores abdominais.
A contração muscular, por sua vez vem de um impulso que é gerado pelo
córtex motor, em resposta a um estímulo sensitivo e/ou através de um planejamento
5
Este assunto está baseado nos autores BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N. Fisiologia. 4ª ed.
St. Louis: Guanabara, 1998. p. 255 – 66.
19

de movimento; a partir daí é refinado pelos núcleos da base6 e cerebelo. Nessas


regiões o impulso é modulado e enviado ao tálamo, e novamente para o córtex,
liberando-o para disparar um estímulo elétrico adequado. O estímulo então descende
do córtex, através do tracto7 córtico-espinhal, passando pelos pedúnculos8 cerebrais
e base da ponte, onde logo abaixo ocorre a decussação9 no bulbo formando as
pirâmides10, descendo anterolateralmente à medula espinhal, e emergindo da
medula para a inervação motora dos músculos relacionados a determinados
movimentos. Chegando na placa motora11, ocorre a liberação do neurotransmissor
acetilcolina estimulando a fazer com que haja liberação de cálcio pelo retículo
sarcoplasmático12 que liberará a superfície de contato para que assim se efetue a
ligação entre as proteínas (actina e miosina) para que ocorra a contração muscular.
E para que se tenha um relaxamento muscular é necessário que haja adenosina
trifosfatada (ATP), que é a forma de energia utilizada pelo organismo para o
funcionamento celular, o qual irá fechar o canal de acesso da proteína miosina,
proporcionando, novamente, o relaxamento muscular.
As informações contidas neste capítulo oferecem uma visão geral do
funcionamento motor no ser humano. Desta forma, fica mais fácil entender onde o
uso das técnicas e práticas clínicas de Musicoterapia, aplicadas à motricidade ampla
e fina, podem auxiliar na reabilitação do funcionamento adaptativo da pessoa
portadora de retardo mental. Estas técnicas serão abordadas no capítulo 5 do
presente trabalho.
Uma visão geral dos aspectos do funcionamento motor está
esquematizada conforme a figura 2.

6
Os núcleos são Putâmen, Globo pálido, Claustrum e o Caudado.
7
Conjunto de axônios do S.N.C.
8
Conjunto de todos os nervos motores e sensitivos do hemisfério correspondente (direito ou
esquerdo).
9
Cruzamento dos nervos motores e sensitivos.
10
Saliência dos nervos motores e sensitivos na região anterior do bulbo.
11
Região que faz a ligação do nervo com o músculo.
12
Região da fibra muscular especializada no armazenamento de cálcio para que haja contração
muscular.
20

CEREBRAL

Figura 2: representação esquemática das vias motoras somáticas. MACHADO, 2002, p.315.
4 A MUSICOTERAPIA COM RETARDO MENTAL

Na década de 1950 o uso das práticas musicoterápicas com pacientes que


possuem retardo mental, começou a ser registradas regularmente na literatura. “Por
muitos anos, os musicoterapeutas observaram que os adultos e crianças com
retardo mental respondiam mais positivamente à música do que a outras estratégias
educacionais e terapêuticas”1. Por este fator, o uso da prática musicoterápica com
pacientes que possuem retardo mental cresceu mais rapidamente do que com
qualquer outra população. “Hoje, aproximadamente 6% de todos os
musicoterapeutas registrados nos Estados Unidos, trabalham com pacientes que
possuem retardo mental, em instituições, residências, instalações de cuidado de
intermédio, escolas privadas e práticas privadas.”2
Os musicoterapeutas notaram que música afetiva (emocional) ajudava a
melhorar as respostas de memória, comunicação, habilidades sociais e motoras. Os
efeitos da música eram verificáveis até mesmo sobre o comportamento dos
indivíduos com baixo nível de funcionamento.

4.1 Modificação de comportamento3

Ao longo da década de 1960 foram elaboradas técnicas de reabilitação em


conjunto com a música para reforçar uma variedade de habilidades e mudanças de
comportamentos. A música foi um incentivo potente que ajudou a melhorar o
comportamento social, habilidades de Linguagem, realização acadêmica e
habilidades motoras. As técnicas de comportamento que incorporam música ainda
são usadas para “treinar” e educar indivíduos que possuem retardo mental, incluindo
os muito severamente incapacitados.
1
ATTERBURY et al. apud DAVIS, Willian B.; GFELLER, Kate E.; THAUT, Michael H. An
Introduction of Music Therapy. Boston, 1999. p. 79.
2
NAMT 1997 apud DAVIS, 1999, p. 80.
3
DAVIS, Willian B.; GFELLER, Kate E.; THAUT, Michael H., 1999, p. 77.
22

4.2 Metas de Musicoterapia

As metas de Musicoterapia direcionadas a pessoas com retardo mental


podem ser agrupadas em cinco categorias4: (1) uma estratégia para melhorar o
comportamento social e emocional, (2) meios de melhorar habilidades motoras, (3)
uma ferramenta para melhorar a comunicação, (4) auxílio para melhorar o nível pré-
acadêmico pedagógico e habilidades acadêmicas, e (5) atividade de lazer. As
habilidades necessárias em indivíduos com retardo mental variam de acordo com o
funcionamento do individuo. Embora a maioria das atividades em Musicoterapia com
essa população aconteça em grupos, é necessário que as estratégias de tratamento
sejam organizadas para atender as necessidades individuais de cada um dos
participantes do grupo.
O presente trabalho pretende focar-se com maior ênfase nos meios de
melhorar e/ou ampliar as habilidades motoras ampla e fina em pessoas portadoras
de retardo mental.

4.3 Musicoterapia para melhorar habilidades motoras

Segundo Willian Davis, “o desenvolvimento de habilidades motoras está


altamente relacionado com a aprendizagem5”. Música, porque é tempo ordenado
(deve ser contínua e sem interrupção para completar uma idéia), é um estímulo ideal
para ajudar a coordenar movimentos. Todos os movimentos envolvem o sistema
nervoso central que desperta e controla a atividade muscular. Este sistema
altamente complexo está imaturo no nascimento. Em crianças normais, amadurece
rapidamente, e pela idade de seis anos a maioria das crianças é capaz de
desempenhar atividades motoras complexas, como saltar, correr, empurrar, puxar, e
pular. Em indivíduos com retardo mental, porém, o sistema nervoso central
desenvolve-se lentamente ou de forma incompleta. O controle voluntário de
movimentos pode ser difícil ou impossível. Atividades de movimento permitem que
os indivíduos explorem o ambiente e desenvolvam habilidades motoras, criando uma
função de aprendizagem de movimentos seqüenciados. Música e atividades de
movimento, portanto, são partes vitais de um programa de Musicoterapia para
pessoas com retardo mental. Por exemplo, quando uma pessoa toca um

4
ATTERBURY et al. apud DAVIS, p. 90.
5
DAVIS, Willian B.; GFELLER, Kate E.; THAUT, Michael H., 1999. p. 81.
23

instrumento, ela pode estar criando uma música e ao mesmo tempo


desempenhando movimentos voluntários, estruturados e fortalecendo a musculatura.
Os Indivíduos que têm retardo mental leve ou moderado geralmente
conseguem aprender habilidades motoras complexas amplas e finas, embora em
nível menos sofisticado que o normal. Indivíduos com retardo mental severo e
profundo, por outro lado, normalmente têm maior dificuldade em dominar
movimentos básicos, até mesmo, por causa de limitações físicas e cognitivas.

Todavia, atividades de musicoterapia que promovem movimentos permitem


que estes indivíduos interajam de forma mais completa com o ambiente.
Atividades com movimentos podem variar de tarefas muito simples, como
bater palmas ou bater um pé para uma batida simples, a tarefas motoras
mais complexas, tais como aprender passos de uma dança mais
elaborada6.

O elemento rítmico da música provê estrutura e motivação que ajudam os


pacientes a aprender a caminhar, correr, saltar e pular. Em troca, estas habilidades
são associadas com melhorias em imagem e esquema corporal, equilíbrio,
locomoção, agilidade, flexibilidade, força, lateralidade, direcionalidade, e
aprendizagem em geral. Inicialmente, tentar mover ritmicamente é mais importante
que obter sucesso na realização da atividade proposta. Os musicoterapeutas William
Davis e Michael Thaut verificam que quando o movimento é realizado em
associação com algum tipo de emoção ele é mais facilmente recordado pelo
paciente em determinadas situações. Desta forma, a música como estímulo de
humor ou emoção, provida no ambiente de aprendizagem, pode ser usada para
facilitar na recordação de uma memória eficiente que pode ajudar o paciente em
suas tarefas diárias. À medida que o paciente vai ficando mais confortável com o
movimento, o terapeuta encoraja que ele coordene seus movimentos com a música.
Pode-se ajudar o paciente com deficiência a desenvolver seu sentido
espacial fazendo movimentos que correspondam a um esquema musical específico
que se repita; por exemplo, desenhar grandes círculos em um quadro enquanto está
ouvindo uma música que produz um efeito circular. Quando o paciente se move ao
compasso da música, ele adquire consciência do seu corpo em relação à música e
com o que está ao seu redor. Por outro lado, a consciência corporal pode lhe
proporcionar o equilíbrio físico de que necessita. Mesmo em um baixo nível, mover-

6
LATHOM apud DAVIS, 1980, p. 83.
24

se ao compasso da música requer certa dose de trabalho mental, já que existe uma
conexão entre a música ouvida e o movimento que corresponde. Este movimento
pode expressar um sentimento ou um estado de ânimo, ou representar uma imagem
mental, uma improvisação que o paciente realiza em nível de suas próprias
experiências. Em primeiro lugar, os movimentos que utilizam o espaço sem que haja
deslocamento, como, movimentos de braços ou pernas, agachar-se ou estirar-se
são de fácil realização, pois neles o corpo do paciente é o ponto central e é a partir
daí que se irradia o movimento. É mais fácil fazer movimentos simétricos do que
assimétricos, pois estes últimos requerem melhor controle motor. A música deverá
ajudar a tornar mais harmoniosos os movimentos que o paciente com retardo mental
executa em sua vida diária, tais como caminhar, saltar, correr, inclinar-se, ajoelhar-
se, ou deitar-se. Sustentar um objeto real ou imaginário, não necessariamente um
instrumento musical, confere significado e realidade a um determinado movimento.
Pouco a pouco, a expressão corporal deverá converter-se em uma atividade
ordenada, planejada para o controle individual dos movimentos e para a organização
de cada individuo em relação ao grupo, da mesma forma como ocorre em qualquer
atividade musical. Na expressão corporal deseja-se ao individuo maior liberdade
para usar sua imaginação e eleger sua própria interpretação da música. Além disso,
mover-se em conjunto com a música proporciona a muitos pacientes uma sensação
de segurança e um prazer instintivo.
5 A MUSICOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE

Portadores de deficiência mental podem participar de muitas experiências


musicais que envolvem movimento rítmico, canto, audição e execução de
instrumentos simples. Estas experiências devem ser satisfatórias, pois desta forma o
paciente se convence de que sua ação é valiosa e aceitável. No início, é provável
que as respostas dos pacientes sejam vagas, mas gradualmente, podem
desenvolver-se conceitos e estruturas, segundo a sua capacidade e as suas
necessidades. Cada experiência aprendida constitui um progresso muito importante
para o paciente e ajuda-o a modificar seu comportamento.

Atividades motoras amplas, como a dança, fortalecem músculos grandes e


ajudam a desenvolver coordenação, agilidade, e equilíbrio. Atividades
instrumentais, como tocar piano, violão, ou flauta, promovem controle motor
fino, no qual podem contribuir a melhorias de atividades tais como escrever
e manipular talheres para alimentar-se sem que seja necessária a
supervisão de outra pessoa para auxiliar1.

O musicoterapeuta se vale da música para estabelecer uma relação


terapêutica com o indivíduo portador de retardo mental, aproveitando a capacidade
terapêutica que a música possui, para alcançar os fins já determinados no
tratamento. Ao mesmo tempo deve saber como usar as atividades musicais, com a
finalidade de conseguir que o paciente modifique seu comportamento, assim
podendo atuar em seu ambiente de forma mais adequada.

1
BOXHILL; LATHOM; MOORE e MATHENIUS apud DAVIS, 1999, p. 81.
26

5.1 Práticas clínicas aplicadas ao desenvolvimento da motricidade fina e


ampla.

5.1.1 Caso 1

Os procedimentos clínicos descritos a seguir foram realizados pela


musicoterapeuta Louise W. Fraser, em uma escola para crianças com Retardo
mental. O caso foi selecionado por abordar de maneira clara a aquisição gradativa
de mobilidade e consciência corporal, tendo o próprio corpo dos pacientes como
instrumento. A finalidade das atividades era aumentar os sentimentos de segurança,
melhorar a coordenação motora e muscular, desenvolver a fala e estimular o
processo de socialização2.
Os exercícios realizados demonstram muito do que as crianças necessitam.
O terapeuta, sentado diante das crianças, mostra as possibilidades de utilização dos
polegares e do resto dos dedos. Cada criança é considerada individualmente e
auxiliada na realização de movimentos independentes com os dedos. Um
movimento circular do polegar pode demonstrar que o polegar é capaz de “dançar”.
Em seguida se exercita toda a mão, abrindo e fechando-a ao mesmo tempo em que
se interpreta ou se improvisa uma canção, a qual tem a função de auxiliar a criança
ao efetivar os movimentos desejados pelo terapeuta. Cada criança sustenta uma das
mãos com a outra ao mesmo tempo em que canta de modo rítmico: “Movo minha
mão em direção a um ou outro lado”. Depois o fazem com a outra mão.
Para exercitar os braços, se coloca as crianças de pé, afastadas umas das
outras, para que possam esticar os braços o máximo que lhes seja possível e
formam um círculo completo nesta posição, tendo cuidado para não se tocarem.
Depois de separarem-se, as crianças estão preparadas para fazer os exercícios.
Quando cada criança aprende o que é o cotovelo e onde este se localiza, pede-se
para que forme uma sustentação com sua mão, colocando um cotovelo sobre esta e
girando a outra mão, utilizando o cotovelo como pivô. Com uma música de ritmo
bem marcado, o paciente faz o movimento de acordo com o pulso da música e
canta: “estou girando meu cotovelo, estou girando meu cotovelo...”, com texto
improvisado ou não. Logo depois se repete o exercício empregando o outro
cotovelo.

2
FRASER, Louise Whitbeck. LA MUSICOTERAPIA COMO PROGRAMA BASICO PARA EL NIÑO
IMPEDIDO. In GASTON, E. Thayer, 1968, p.107.
27

A seguir, cada criança localiza seu ombro direito e coloca sobre ele a sua
mão esquerda. Então gira todo o braço direito formando círculos completos, ao
compasso da música e repete: “estou girando o braço sobre meu ombro...”. Em
seguida faz-se o mesmo com o outro braço. Para as pernas podem empregar-se
exercícios similares, com algumas pequenas variações. Quando a perna direita se
move desde o quadril, a criança pode desenvolver equilíbrio, sustentando-se
colocando a mão direita no encosto de uma cadeira. Recomenda-se realizar o que
está sendo feito cantando, como por exemplo: ”estou movendo minha perna desde o
quadril...”. Desta maneira, a criança pode aprender os nomes das articulações do
corpo.
Pode-se, também, tentar melhorar a postura das crianças fazendo-as
marchar ao redor do salão, seguindo o pulso da música, sustentando objetos sobre
suas cabeças. A música deve começar lentamente e, na medida em que a postura
da criança for melhorando, aumentar o andamento. No começo, os movimentos
simples são introduzidos quando a criança caminha formando círculos com os
braços soltos, como se fossem asas. Esta combinação de movimentos pode ser
difícil para as crianças. Muitas sentem grande tensão, que as leva a manter os
braços junto ao corpo, formando um ângulo semelhante à posição fetal. Portanto, é
necessário que os movimentos sejam realizados repetidas vezes, com paciência, até
que se desenvolva um movimento livre no espaço com os braços estendidos. A
criança com um nível pequeno de deficiência tende a realizar movimentos com mais
facilidade, acompanhando o ritmo que é executado, e pode auxiliar ao permitir que
os outros observem como se faz.
As crianças podem ser estimuladas a realizarem outros movimentos
utilizando uma fina capa de seda quadrada de um metro ou menos. Primeiro ela
aprende a sustentar uma ponta da capa e, em seguida, a correr na medida em que
observa como esta capa fica ondulada atrás dela. É possível criar variações na
atividade, como tentar sustentar a capa no alto, como se fosse uma bandeira, ou dar
voltas em círculo observando os movimentos da capa. Posteriormente, a criança
sustenta as pontas com cada mão e aprende como a manta flutua no alto, como se
fosse uma nuvem. A criança aprende a desfrutar do movimento com a capa e, ao
escutar um estímulo musical, pode utilizá-la de acordo com a imaginação sugerida
pela música escutada, como, por exemplo, transformar-se em um pirata com sua
faixa na cintura, como um cowboy com um lenço no pescoço ou flutuar como se
28

estivesse usando a capa do Batman. Todos esses pequenos jogos de imaginação


ajudam a desenvolver o movimento rítmico.
Outro recurso que pode ser utilizado é o quadro negro, onde as crianças
desenham círculos ao escutar determinadas canções ou estímulos musicais,
sugeridas pelo musicoterapeuta. No início esses círculos são geralmente grandes e
muito desproporcionais, mas com a prática, tornam-se mais uniformes em tamanho
e forma. Estes exercícios servem para desenvolver os pequenos músculos da mão,
que mais tarde podem ser utilizados para pintar, escrever ou para manipular com
maior habilidade pequenos objetos, tais como um lápis, talher, folhas de papel,
baquetas e etc...
No contexto dos casos citados, a música constitui uma ajuda direta para
reduzir os sentimentos de insegurança que se produzem durante a aprendizagem. A
música, acompanhada por movimentos que sejam adequados a seu ritmo, requer e
mantém a atenção. O ritmo une intimamente o movimento das crianças com o som,
ativa regiões específicas do cérebro, e ainda promove integração e socialização.
Assim, a musicoterapia pode ser fundamental e eficaz para que as crianças com
deficiência desenvolvam melhores atitudes e desenvolvimento motor amplo e fino.

5.1.2 Caso 2

O procedimento clínico descrito a seguir foi realizado pela musicoterapeuta


Carol Bitcom e se desenvolveu em um hospital. O objetivo da musicoterapeuta era
formar um conjunto de tambores como atividade principal para os pacientes
portadores de deficiência mental3.
O primeiro passo para o treinamento desse conjunto consistiu em agrupar os
pacientes ao redor de duas grandes mesas. Cada paciente recebeu uma baqueta
em sua mão esquerda. O terapeuta também tinha uma e, junto com os pacientes,
cantava em voz alta: “Um, dois, três, quatro”, enquanto percutia levemente a mesa
com a baqueta. Após dez minutos de exercícios, o grupo praticou utilizando a mão e
a posição corretas. Este exercício foi empregado para alertá-los a trabalharem
juntos. O terapeuta praticava periodicamente com os pacientes para ajudá-los a
imitar sua execução.

3
BITCOM, Carol H. EL CONJUNTO DE TAMBORES COMO MEDIO TERAPEUTICO. In GASTON,
E. Thayer, 1968, p. 112.
29

Às vezes a contagem de números era substituída por “da, da, da, bum” (o
bum significava baixar a baqueta). A velocidade variava. As batidas eram muito
lentas durante um período de cinco minutos e logo depois ficavam aceleradas. Esta
execução foi praticada de forma individual e com o terapeuta para desenvolver o
controle e a coordenação motora. Depois que o musicoterapeuta e os pacientes
haviam trabalhado individualmente, agrupavam-se em grupos de dois ou três para
realizar prática adicional. Eventualmente, todos os membros do grupo trabalhariam
juntos novamente. Com o fim de controlar o grupo, o terapeuta recomendava o
cumprimento exato das regras estabelecidas no programa das atividades.
Durante três semanas, os pacientes e o terapeuta passaram meia hora por
dia trabalhando com uma só das baquetas. Logo o fizeram com a outra baqueta. A
mesma técnica foi aplicada para treinar a mão direita e, em seguida, a mão
esquerda. Os pacientes sempre sustentavam uma baqueta enquanto aprendiam a
usar a outra. Em uma semana conseguiram fazer uso correto da baqueta direita.
Cada uma das sessões diárias terminava com cinco minutos ou mais de
marcha. Eram selecionados diferentes membros do grupo para que fossem lideres.
Os pacientes formavam filas e marchavam ao redor do salão cantando: “esquerda,
direita, esquerda, direita...”. Alguns não conseguiam coordenar a palavra esquerda
com o pé esquerdo. O terapeuta marchava junto com o grupo, mas aos poucos
permanecia de pé observando, comentando, estimulando ou também assistindo a
vários pacientes. Por meio de um apito, indicava quando deveriam começar ou
parar a atividade.
Quando os pacientes demonstravam menor interesse pelas atividades com
baquetas, dedicava-se maior tempo à marcha. Cadeiras e outros objetos eram
distribuídos pelo ambiente de maneira que formassem uma espécie de caminho;
também havia um grande espelho, onde os pacientes podiam observar-se e deste
modo melhorar sua postura e seu movimento motor, fino e amplo. Em algumas
ocasiões era utilizada a música de uma marcha, que os ajudava a relaxar das
tensões que surgiam durante o período de trabalho com as baquetas. Se um
paciente marchava bem, solicitava-se que o fizesse sozinho para que os demais
pudessem observá-lo e fazer comentários. Se um deles tinha dificuldades, outro, que
marchasse melhor, o auxiliava e praticavam juntos.
Depois de quatro semanas de prática, lhes foram entregues tambores. Então
surgiu no grupo certa insegurança e uma conduta possessiva. Continuamente havia
30

problemas relacionados com os instrumentos. O terapeuta acreditava que deveria


permitir que fossem possessivos, pois no hospital a oportunidade destes pacientes
possuírem algo era limitada.
Antes de exercitar com os tambores, o grupo fez uma revisão da prática
realizada sobre a mesa. No entanto, ao começar a utilizar os tambores, o grupo se
indisciplinou de modo descontrolado durante quatro dias. Os tambores foram
temporariamente deixados de lado e se revisou cada passo novamente.
Gradualmente, após nove semanas de exercício, os pacientes estavam preparados
para trabalhar controlando os tambores na medida em que marchavam e se
desenvolveu um bom nível de execução. Ao final de cada sessão lhes era permitido
tocar os instrumentos livremente durante uns três minutos, para descontrair e
satisfazer sua curiosidade. Esta liberdade foi considerada como um benefício, pois
lhes permitia relaxar depois da tensão da marcha e familiarizar-se com os
instrumentos.
Pouco a pouco, a atitude individual deu lugar à atitude de conjunto (nós),
evidenciando integração e socialização. Quando praticavam todos juntos, o faziam
como uma unidade e não mais como indivíduos em competição. Por último, o
trabalho iniciava-se com um ritmo e em seguida era introduzida uma composição
musical. Depois que todos haviam cantado a composição, esta era combinada às
batidas de tambor. Quando o ritmo se distorcia, o grupo praticava o canto sem as
baquetas. Estas composições eram úteis para ensinar os ritmos aprendidos.
Muitos integrantes do conjunto tiveram progressos em direção às metas
terapêuticas. Um dos pacientes, que não gostava de se arrumar, melhorou seu
aspecto; os terapeutas que alojavam a oito pacientes que faziam parte deste grupo
notaram uma troca na aparência de três deles; outros dois melhoraram no seu
convívio social. Quatro membros do grupo abandonaram o hospital e outros se
incorporaram ao conjunto. Como o grupo nesse momento estava funcionando com
autodisciplina e controle, os novos membros adaptaram-se e aprenderam
rapidamente as habilidades necessárias.
Os casos relatados servem de exemplo de atividades que podem ser
realizadas com portadores de retardo mental, utilizando recursos simples. No
entanto, é preciso considerar que existem diversas formas de intervenção em
Musicoterapia, e que todas devem ser adaptadas de acordo com a necessidade
(motricidade) a ser desenvolvida em cada paciente.
31

Tocar instrumentos representa um excelente recurso para exercitar


músculos e melhorar habilidades motoras amplas e finas. Além disso, a execução de
instrumentos ajuda a proporcionar um melhor alcance de movimentos, força
muscular, aumento das funções respiratórias, coordenação dos membros superiores
e inferiores e destreza manual. Instrumentos também podem ser montados de certo
modo para conduzir a uma postura formal. O paciente pode selecionar o instrumento
musical de sua preferência e através da execução do mesmo o terapeuta irá
reconhecer as necessidades físicas e habilidades que a criança debilitada
apresenta. A partir destas informações, inicia-se o desenvolvimento do processo
musicoterapêutico. Instrumentos musicais são altamente motivacionais e servem
como eficientes ferramentas para a reabilitação física. Porém, eles devem ser
selecionados e adaptados para cumprir as funções desejadas pelo musicoterapeuta,
visando ativar as regiões do cérebro, de acordo com os objetivos formados.
6 A CONTRIBUIÇÃO DOS INSTRUMENTOS NA PRÁTICA CLÍNICA

Os trabalhos desenvolvidos nas práticas clínicas de Musicoterapia devem


abranger os pacientes da forma mais ampla possível, procurando compreender o
paciente sem pré-conceitos já estabelecidos pela sociedade ou outras pessoas.
Após a identificação das necessidades do(s) paciente(s) o trabalho musicoterápico
será direcionado, tendo como foco os aspectos em que o paciente apresenta maior
dificuldade. Paralelamente à coleta de dados junto ao próprio paciente, é importante
obter informações se este já recebe algum tratamento de outro profissional e se
toma alguma medicação regularmente. O próprio musicoterapeuta deve procurar
profissionais de áreas afins para ajudar na elaboração de objetivos possíveis,
visando a qualificar o planejamento do trabalho de modo mais completo e
estruturado e com clarificação das metas a serem atingidas pelo(s) paciente(s),
dentro de suas possibilidades individuais.
Tendo estabelecido as bases do tratamento, o terapeuta pode propor a
utilização de instrumentos, com o intuito de desenvolver a motricidade do paciente.
Por exemplo, ao tocar um instrumento, como o violão, o paciente, aos poucos,
começa a desenvolver uma estrutura muscular específica, o que mais tarde pode
ajudá-lo a controlar melhor, com mais segurança, um copo para beber água; pode
facilitar a execução de sua própria higiene, ou possibilitar que o indivíduo consiga
vestir-se sozinho sem precisar que outras pessoas o ajudem nesta tarefa.
Enquanto manuseia o instrumento musical, as atividades de movimentos
amplo e fino desenvolvem-se com espontaneidade, sem que o paciente perceba que
está trabalhando determinado músculo ou assimilando certo movimento, e cujo
objetivo é poder realizar outras tarefas relacionadas à adaptação ao ambiente que o
rodeia quando se encontra fora da sessão de Musicoterapia.
33

Atividades como a re-criação musical, por exemplo, podem constituir-se num


grande estímulo à participação do paciente. Nela, além de cantar, o paciente é
instigado a executar um instrumento seguindo a pulsação; mas também é possível
reproduzir canções, transformar e interpretar partes ou o todo de um modelo musical
existente, que pode ser sugerido pelo próprio paciente ou pelo musicoterapeuta. A
re-criação não precisa restringir-se necessariamente à letra de uma canção: também
podem ser trabalhados ritmos, timbres e expressões corporais, suscitados nas
músicas sugeridas. Através de re-criações musicais, o paciente desenvolve sua
percepção de forma mais ampla e criativa, o que pode servir para resolver conflitos,
abrandar déficits cognitivos evidentes em sua vida cotidiana e desenvolver uma
melhor atenção e orientação, ampliar a aptidão de memória, de comunicação de
idéias e sentimentos, e proporcionar habilidades sensório-motoras.

Os clientes de eleição para as experiências re-criativas são aqueles que


precisam de estrutura para desenvolverem comportamentos e habilidades
específicas. Também são indicadas para clientes que precisam entender e
se adaptar ás idéias e sentimentos dos outros preservando suas próprias
identidades, assim como clientes que precisam trabalhar juntamente com
outras pessoas visando a objetivos em comum1.

Desta forma pode-se selecionar os instrumentos que influenciarão de


maneira mais positiva no desenvolvimento da motricidade ou de uma postura mais
adequada, considerando os objetivos a serem alcançados pelos pacientes.

6.1 Seleção de instrumentos

Ao iniciar a sessão de Musicoterapia, após avaliações prévias, procura-se


selecionar instrumentos de acordo com a habilidade a ser desenvolvida no(s)
paciente(s). Os instrumentos de percussão mais comuns utilizados para trabalhar a
motricidade são o tambor (com sons graves e agudos, e com variações de
tamanho), triângulo (grande e pequeno), reco-reco, caxixi, pandeiro, meia-lua, pau
de chuva, chocalhos com diferentes formas, materiais e tamanhos (oval, quadrado,
de metal, de madeira, grande, pequeno), metalofone, violão, teclado e baquetas ou
clavas.
As atividades realizadas em grupos devem possuir, no máximo, oito
pessoas. Desta forma, fica mais fácil observar todos os pacientes, de atentar e
atender às necessidades especificas de cada um, o que pode tornar-se complicado
1
BRUSCIA, 2000, p. 126.
34

em um grupo muito grande. As sessões devem ocorrer uma vez por semana, no
mínimo, e com duração média de 45 minutos cada.

6.2 Distribuição dos instrumentos

Os instrumentos são selecionados e distribuídos pelo musicoterapeuta, o


qual leva em conta os objetivos relacionados à motricidade (fina e ampla) a serem
atingidos a cada sessão. Na medida em que o paciente tem suas habilidades
desenvolvidas, é interessante começar a tornar as atividades musicais mais
complexas, estimulando o cérebro e compelindo-o a descobrir novas estratégias
para realizar os movimentos necessários e desejados, com o intuito de obter uma
melhor autonomia para se adequar às demandas de funcionamento, tais como
alimentação, comunicação e habilidades de vida diária.
Instrumentos como o reco-reco, meia-lua, tambor, pandeiro, violão e o
caxixi, são excelentes para desenvolver movimentos amplos e finos, pois para tocar
o reco-reco, é preciso segurá-lo com uma mão apoiando o instrumento sobre o
braço e, com a outra mão fazer o movimento de pinça, ou usando a mão inteira, para
segurar a baqueta que deverá ser raspada neste instrumento no sentido de dentro
para fora e de fora para dentro. A meia-lua é um instrumento mais simples e, pelas
características de seu formato, pode ser adaptada para tocar. Por exemplo, se o
paciente não consegue segurá-la com a mão e balançá-la, pode-se introduzir o
instrumento na mão ou no braço do paciente, de maneira que qualquer movimento
que ele fizer com o braço inteiro produza som do instrumento. O tambor e o pandeiro
são muito semelhantes para tocar: ambos são tocados com a palma das mãos ou
com a ponta dos dedos. Estes instrumentos geralmente são os mais utilizados e, por
usarem toda a mão ou apenas a ponta dos dedos, proporcionam ótima variação de
possibilidades motoras, porque o ato de percutir estes instrumentos com as mãos
requer um movimento amplo dos braços. O caxixi é um instrumento pequeno, leve e
possui uma pequena alça na parte superior na qual o paciente que tem dificuldade
em fazer o movimento de pinça pode encaixar os dedos e realizar os movimentos
com o instrumento para baixo e para cima. Esta é a única forma de fazer com que
esse instrumento produza um som forte. (Quando balançado de um lado para o
outro, a resposta sonora é quase imperceptível). As próprias características do
instrumento resultam num aspecto positivo, pois a busca da sonoridade vai fazer
35

com que o paciente desenvolva o movimento de elevar e baixar os braços, sem que
seja solicitado pelo terapeuta.
O violão é muito utilizado para trabalhar movimentos finos, pois a mão que
faz os acordes necessita de destreza e coordenação motora muito refinadas. Mas
esse instrumento também vem sendo muito utilizado para trabalhar a motricidade
ampla, especificamente para o braço. Com o instrumento preparado em afinação
“aberta”, o paciente utiliza apenas a mão que irá tocar, próxima à caixa de
ressonância do violão para produzir som, enquanto a outra mão, que seria a que faz
as notas dos acordes, servirá apenas para segurar o violão. Assim o paciente tem
total liberdade para tocar e realizar movimentos amplos, utilizando apenas uma das
mãos, fazendo movimentos de cima para baixo e de baixo para cima com a força e
velocidade que quiser, sem preocupar-se com a formação do acorde, o qual já está
pronto. Esta técnica é muito utilizada, pois dessa forma o musicoterapeuta improvisa
cantando ou tocando junto com o paciente de forma livre, mas sempre dentro de
uma estrutura musical pré-estabelecida, o que ajuda a elevar a auto-estima do
paciente por meio da experiência na relação com o outro, onde ambos estão em
sincronia, de igual para igual.
Os instrumentos que melhor trabalham os movimentos de motricidade
ampla, em específico, são o pau de chuva e os chocalhos. O pau de chuva é um
instrumento grande e, para tocá-lo, é preciso movê-lo, como se fosse uma
ampulheta, virando-o de um lado para o outro, segurando suas extremidades cada
uma com uma mão. Isso obriga o paciente a mover os dois braços ao mesmo tempo,
fazendo movimentos amplos. Já os chocalhos podem variar de forma e tamanho. Há
aqueles chocalhos que possuem formas bem pequenas, como um ovinho, (o que
facilita para os pacientes que tem dificuldades para abrir bem a mão e conseguir
segurá-lo) e há formas maiores, como chocalhos construídos com garrafas de
refrigerante de dois litros, (para pacientes que já possuem maior habilidade motora
com as mãos). Dependendo do tipo de debilidade a ser trabalhada, escolhe-se o
instrumento no tamanho e na forma adequada. Muitas são as vantagens na
utilização do chocalho, porque esse instrumento pode ser tocado de diversas
formas: pode-se começar fazendo pequenos movimentos com as mãos junto ao
corpo e, aos poucos, ir expandindo para movimentos mais amplos como, por
exemplo, braços bem esticados para frente e para trás, procurando tirar um som
mais forte do instrumento.
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Instrumentos como o teclado, triângulo, metalofone, baquetas ou clavas são


mais específicos para desenvolver a motricidade fina. O teclado, por exemplo, pode
ser benéfico para obter uma abertura de mão e flexibilidade de dedos através de
exercícios que vão, desde tocar notas conjuntas até saltos de terça e quinta,
exigindo assim um melhor controle coordenado e estruturado da musculatura
manual. O triângulo é um pouco complexo de tocar, pois ao mesmo tempo em que a
baqueta é percutida nas bordas do instrumento, com uma mão, a outra mão tem que
segurá-lo e, para que o som fique de forma ritmado, esta mesma mão que o segura
tem a função de abafar e liberar o som produzido pela baqueta que o percute,
fazendo movimentos de abrir e fechar a mão. Por tratar-se de um instrumento
pequeno e fino, seu manuseio pode ajudar a fortalecer e controlar os movimentos da
mão, estruturando a motricidade fina. Esta habilidade é útil, por exemplo, na
realização da higiene bucal. O metalofone e as baquetas ou clavas, possuem
praticamente a mesma finalidade, que é estimular e fortalecer o movimento de pinça.
O metalofone, além de fazer este movimento, proporciona um estímulo auditivo
cativante que ajuda muito a prender a concentração do paciente no instrumento e o
entusiasma a tocá-lo por mais tempo segurando a baqueta. No caso das clavas é
diferente, pois os recursos sonoros são mais limitados e o paciente não mantém a
sua atenção durante tanto tempo. Assim a motricidade fina pode ser trabalhada de
diversas formas e com diversos instrumentos. Estes são apenas alguns exemplos, e
também é importante salientar que cada instrumento deve ser adaptado às
necessidades de cada paciente.
O uso de instrumentos musicais concede que a motricidade seja trabalhada
de diversas formas. Partindo da aplicação de estímulos específicos, pode-se
procurar primeiramente desenvolver os movimentos amplos dos braços, por
exemplo, com instrumentos como os chocalhos. Ao realizar essa mesma seqüência
de movimentos, o paciente começa a desenvolver em seu cérebro uma memória de
aprendizagem motora, a qual é elaborada principalmente pelo cerebelo. Evoluindo
da motricidade ampla é possível iniciar o estímulo à realização de movimentos mais
complexos, promovendo uma troca de instrumento. Para tal pode-se, por exemplo,
utilizar o teclado, que leva ao desenvolvimento da motricidade fina das mãos e
dedos, onde será necessário o recrutamento dos núcleos da base, responsáveis
pelos movimentos refinados exigidos na execução dessa nova função. Desta forma
as via motoras somáticas são influenciadas de acordo com a intensidade e
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qualidade de estímulos proporcionados e, através da associação dos mesmos com


diversos movimentos.
Os instrumentos citados anteriormente servem como exemplos de alguns
recursos simples e acessíveis, que podem ser utilizados pelo musicoterapeuta nas
praticas clínicas, com a finalidade de proporcionar uma melhor habilidade motora ao
paciente. A improvisação ou qualquer outra técnica proposta pelo terapeuta precisa
estar sempre fundada no tempo estabelecido pelo paciente e nas condições por ele
apresentadas. Deve-se levar em consideração que as pessoas com déficits severos
de funcionamento motor podem ou não possuir um bom controle de movimento, e
cabe ao musicoterapeuta uma atitude de flexibilidade, adequando suas expectativas
quanto à execução de padrões rítmicos, que podem apresentar-se sem
regularidade, em muitos casos.
Finalizando, é importante lembrar que as pessoas com inaptidões física e
mental também possuem necessidades, expectativas, famílias, amigos, esperanças,
medos, sonhos, e nutrem o desejo de ter sucesso como qualquer outro ser humano.
Por isso, trabalhar com essas pessoas não se torna menos importante do que com
pacientes de outras áreas da saúde, pois o desejo de viver e ser feliz, não importa
de que forma, é inerente à condição humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode perceber no desenvolvimento do trabalho, a música como


elemento terapêutico, nasce da tomada de consciência de que este é um potente
canal de comunicação. Então, procurou-se demonstrar algumas formas de
intervenções, através de técnicas utilizadas na prática musicoterapêutica, para
reforçar habilidades motoras ampla e fina, junto a pessoas com retardo mental.
Ao elaborar esta pesquisa verificou-se que a utilização de instrumentos
simples, comuns e de fácil acesso aos pacientes pode servir tanto para eles
expressarem seus sentimentos e emoções, como para reforçar e desenvolver com
maior habilidade sua coordenação e elasticidade motora. Nos capítulos finais, pode-
se constatar que a utilização dos instrumentos e as formas de serem executados
pelos pacientes dependem muito do tipo e da profundidade das necessidades físicas
a serem desenvolvidas. Sendo assim, a adaptação de cada instrumento torna-se
indispensável para alguns pacientes ou grupo de pacientes, pois dessa forma, o
musicoterapeuta poderá fazer com que estes realizem determinados movimentos,
com o fim de desenvolver um funcionamento motor mais adequado e adaptado às
situações de sua vida diária tais como higiene, alimentação e vestimenta.
Em Musicoterapia, o desenvolvimento da motricidade está relacionado com
o estímulo musical, o qual é proposto conforme os movimentos que o
musicoterapeuta pretende realizar com o paciente, de forma a desenvolver neste a
motricidade desejada. Através de estímulos sonoros e de variação de ritmos pode-se
organizar e estruturar movimentos em concordância aos objetivos propostos e de
acordo com as necessidades a serem alcançadas por cada paciente, assim
permitindo que interajam de forma mais completa, adaptada e eficiente em seu
ambiente de relação. Por exemplo, pode-se citar a dança como meio para obter
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movimentos mais coordenados da marcha em pacientes que têm dificuldades para


andar, ou batimento de pés para o acompanhamento de um ritmo musical.
Conforme foi descrito ao longo do trabalho, a Musicoterapia aplicada ao
desenvolvimento da motricidade do paciente portador de retardo mental vem para
contribuir de forma significativa, tanto no seu desenvolvimento motor, quanto no seu
desenvolvimento pleno, pois quando o paciente começa a adquirir determinadas
habilidades ele também passa a perceber a vida de forma diferente. Ao descobrir
novas qualidades em si mesmo, o paciente motiva-se a buscar outras metas. Cabe
ao musicoterapeuta estimular e auxiliar o paciente, dando-lhe informações e fazendo
as demonstrações necessárias, de forma que ele sinta-se em segurança para
realizar o objetivo. Neste caso, o musicoterapeuta mostrará ao paciente que o
setting não se constitui num ambiente competitivo, mas participativo, onde não há o
compromisso permanente de acerto.
Certamente esta pesquisa foi apenas um passo na longa caminhada
profissional que ainda está por vir. Há ainda muito que pesquisar e colocar em
prática no campo da musicoterapia para pacientes portadores de retardo mental.
Cabe lembrar que este trabalho propôs-se a estudar a promoção de um melhor
condicionamento das habilidades motoras, já que estas podem ajudar o paciente em
seu meio de relação, saúde e contexto; entretanto o desenvolvimento motor não
implica em aumento da cognição, pois esta tende a permanecer estável.
Assim, é possível verificar a contribuição positiva da Musicoterapia em
pessoas portadoras de retardo mental, pois com a música e os instrumentos
musicais se torna mais fácil a internalização de movimentos voluntários, aquisição
de equilíbrio, lateralidade e habilidades de socialização, capacitando o paciente a
desenvolver-se com maior independência e autonomia perante a sociedade. A partir
das experiências realizadas durante os atendimentos com a Musicoterapia
observou-se que foram obtidas habilidades motoras mais aprimoradas. Além disso,
os pacientes mostraram-se pessoas mais felizes, pois alcançaram melhora na
qualidade de vida e nas condições de adaptação, adquirindo um sentimento de
realização pessoal e, conseqüentemente, uma melhora significativa na adequação
ao meio no qual estão inseridos.
A elaboração do trabalho impulsionou seu autor, certamente, em novas
reflexões, questionamentos e críticas sobre o assunto abordado e estimulou o
prosseguimento das investigações. Espera-se que a pesquisa possa contribuir de
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alguma forma com os estudos que muitos musicoterapeutas, há bastante tempo,


vem desenvolvendo sobre os temas relacionados a esta área e resultem em maior
sucesso da prática clínica aplicada à reabilitação física de pacientes portadores de
retardo mental.
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