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Resumo comentado - 9° aula (Pesquisa em Ed.

Musical)

Eduardo Filippe de Lima

No 12° capítulo do seu livro “Construindo o primeiro projeto de pesquisa em


educação e música”, Maura Penna apresenta algumas reflexões acerca da análise
dos dados coletados no campo.
Um equívoco bastante recorrente, e que é ressaltado por Penna, é o ato de
considerar os dados coletados como o resultado final da pesquisa. É necessário que
haja articulação entre a descrição dos dados e a interpretação dos mesmos, sempre
norteados pelo problema da pesquisa.
Durante esse processo, é importante que os dados sejam relacionados com a
literatura acadêmica da área estudada, tornando a revisão bibliográfica um fator
determinante para que a interpretação dos dados seja efetiva. Mas, é preciso ter
atenção tanto na consistência da utilização de técnicas específicas para análise,
quanto à adequação do referencial teórico aos objetivos pretendidos, e se
necessário, continuar a busca durante toda a pesquisa por fontes bibliográficas mais
pertinentes.
Ainda nesse contexto, no seu texto “Interpretação de dados qualitativos: métodos
para análise de entrevistas, textos e interações” (2009), Silverman nos alerta sobre
essa falta de flexibilidade ao lidar com concepções teóricas, o que pode levar os
pesquisadores a direcionar os dados para se adequar àquela teoria anteriormente
escolhida.
Silverman também apresenta, de maneira bastante superficial, algumas
características em forma de questões, que são apontadas por ele como essenciais
para que a pesquisa seja coerente em todas as suas etapas de desenvolvimento.
Ele critica ainda a falta de rigor científico de algumas pesquisas qualitativas,
rotulando como “anedotismo” a forma como os dados são utilizados nessas
pesquisas.
Voltando ao texto de Maura Penna, a autora apresenta algumas possibilidades
de organização e apresentação dos dados coletados durante a pesquisa, como a
descrição de cenas e longa citações, ou quadros numéricos, que são comuns nas
pesquisas quantitativas, mas podem ser utilizados para apresentar panoramas
gerais de dados para posterior análise qualitativa.
Como um bom exemplo desses processos, Penna cita o capítulo 6 do texto de
André (Etnografia da prática escolar, 2010), no qual nos é apresentado todo o
procedimento metodológico de uma pesquisa sobre a formação de professores para
a atuação nos primeiros anos do ensino fundamental. A autora analisa todo o
processo de delimitação dos objetos de pesquisa, as dificuldades encontradas
durante o percurso, e mostra como a auto-reflexão do pesquisador é essencial para
que se alcance os objetivos almejados.

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