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Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007 ISSN 1809-2837

Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007


ISSN 1809-2837

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Nova Unidade Anália Franco - Brasil Sede do AMG - Anglo Medical Group - EUA

Edifício Plaza Lenharo - INEPO - Brasil Unidade Mooca - Brasil

QUEM GANHA COM O NOSSO CRESCIMENTO É VOCÊ


A busca constante pela qualidade de vida do ser humano norteia os avanços da Medicina, e seus profissionais precisam cada vez mais dinamizar os métodos de
trabalho. Identificando este panorama, o AMG - Anglo Medical Group apresenta soluções diversificadas em produtos, embasadas por um extenso know-how
científico. O crescimento de uma das maiores fabricantes de implantes da América Latina impulsionou os investimentos desta holding americana no Brasil.

Agora a SIN - Sistema de Implante passa a fazer parte do AMG - Anglo Medical Group, em conjunto com a Osteosin (Divisão Crâniomaxilofacial)
e a Stracta Biomedical (Divisão de Biomateriais). Estas divisões apresentam suas linhas de produtos direcionadas para as necessidades dos Cirurgiões-dentistas,
mas projetam ultrapassar os limites da Odontologia com o desenvolvimento de produtos para diferentes áreas da saúde.

O processo de controle de qualidade da SIN foi adotado pelo grupo AMG, que também traz novas perspectivas além das certificações conquistadas
pela empresa brasileira, como o ISO 9001:2000 e ISO 13485:2003, o certificado BPF - Boas Práticas de Fabricação, a marca CE da União Européia
e a autorização do FDA - Food And Drugs Administration, que permite a comercialização nos Estados Unidos.

Com mais de 16.000 m2 em fábricas e escritórios, além do seu instituto para a formação e especialização de profissionais, o grupo dispõe de sua sede na América do Norte,
formando uma estrutura completa para sustentar a evolução de suas marcas. A logística é fortalecida por uma rede integrada de distribuidores nacionais e internacionais.

O AMG - Anglo Medical Group chega ao mercado brasileiro para suprir as necessidades dos profissionais. E é você quem ganha com o nosso crescimento, não
apenas pelo melhor custo-benefício, mas o REAL BENEFÍCIO, que é fruto da nossa visão e de outros fatores que compõem o valor agregado de nossos produtos.

Acesse o site www.realbeneficio.com.br e descubra como você pode ganhar com


os fatores que proporcionam o REAL BENEFÍCIO em produtos para a Implantodontia.

2 w w w. a n g l o m e d i c a l g r o u p. c o m . b r
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INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 3

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Innovations Implant Journal - Vol. 02, nº. 04 (dezembro/2007) - São Paulo:
SIN Sistema de Implantes - Divisão Cultural, 2008

Periodicidade Semestral

ISSN - 1809-2837

1. Implantes dentários. 2. Cirurgia de implantes. 3. Prótese sobreimplantes.


I. SIN - Sistema de Implantes - Divisão Cultural II. Título

CDD 617.6005
Black D74

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PA L AV R A D O P R E S I D E N T E

A
A Implantodontia como terapia de erabilitação oral
tem proporcionado aos nossos pacientes um alto
índice de sucesso clínico, comprovado cientificamente.

Novas técnicas e conceitos surgem com uma v elocidade


exorbitante, gerando uma necessidade de atualização
constante e contínua por parte dos profissionais. A busca
por no vos conhecimentos tem nos lev ado a congr essos
nacionais e internacionais.

A SIN - Sistema de Implante, em parceria com o INEPO


- I nstituto N acional de E xperimentos e P esquisas
Prof. Dr. Ariel Lenharo
Presidente do Comitê Científico Odontológicas, tem como objetiv o pr oporcionar ao
profissional um sistema de implantes com qualidade
internacional e, “com orgulho de ser brasileiro”, atualizar
o conhecimento científi co atrav és de nossos cursos e
artigos publicados em nosso periódico “I nnovations
Implant Journal”.

Desta forma, tornamos a r ealização profissional plena e


alicerçada com sorrisos renovados.

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EDITORIAL

Como pensar hoje sobre Ensino, Pesquisa, Tecnologia


e Publicações?

U
ma reflexão sobre um novo termo que se apresenta “vigilância epistêmica”. Hoje se traduz
como a preocupação que todos nós deveríamos ter em relação a tudo o que lemos, ouvimos,
aprendemos para não sermos enganados.
É pr eciso desconfi ar e não acr editar em tudo que está escrito por aí, dev emos buscar sempr e a
intenção mais pr ofunda do interlocutor , para que não tenhamos conseqüências sérias para nossa
vida profissional e pessoal.
Existe um famoso livr o que é v endido com muita fr eqüência intitulado “Como mentir com
Estatísticas”, do autor Darrel Huff, que infelizmente traz uma profunda deturpação do que é verdade
e/ou mentira nos meios científicos.
Muitos indivíduos, principalmente na ár ea odontológica, são enganados diariamente por sua
ingenuidade, falta de maturidade científica ou por creditar a alguns meios de comunicação escrita ou
falada: uma confiabilidade muitas vezes questionável.
Infelizmente nossas universidades não ensinam epistemologia, que é uma par te da fi losofia que nos
propõe indagar o que é real, o que dá para ser mensurado ou não e assim por diante.
Desafortunadamente há 500 anos, nós, pr ofessores titulares, livre-docentes e doutores, nos preocupamos
com métodos científi cos, análise de fatos usando critérios científi cos pertinentes, lógica, estatísticas
dos mais variados tipos antes de sairmos proclamando verdades ao grande público, principalmente em
congressos odontológicos que hoje mais parecem shows ou comícios de partido político.
É meus amigos, essa elite intelectual não é mais lida, pr estigiada e/ou escolhida, entrevistada ou nem
mesmo ouvida em primeir o lugar; em seu lugar , surgem outr os tipos de indivíduos, com os mais
variados propósitos, e, sem o cabedal de conhecimento necessário para se relacionar com o público de
um modo geral ou até mesmo odontológico.
O desapar ecimento dos v erdadeiros formador es de opinião, embasados em fundamentos sólidos e
muita leitura, vem lentamente se manifestando, trazendo seguramente sérias conseqüências: como as
que já podem ser vistas, obser vadas ou sentidas no meio odontológico, acadêmico, discente, docente
e aos profissionais eminentemente clínicos que buscam atualizar-se.

Prof. Dr. Wellington Cardoso Bonachela


Editor-Chefe
Prof. Associado do Depto. de Prótese e
Periodontia da Faculdade de Odontologia USP-Bauru

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Presidente do Comitê Científico
Prof. Dr. Ariel Lenharo

Editor Chefe
Dr. Wellington Cardoso Bonachela

Editor Associado
Dr. Flávio Augusto Cardoso de Faria

Conselho Científico
Dr. Heraldo Riehl
Dr. Flávio Fayad

Editores de Seções
Implante
Dr. Ariel Lenharo
Biomateriais
Dr. Raul Caffessi
Estética
Dr. Heraldo Riehl

Quadro Editorial de Revisores


Prof. Dr. José Mauro Granjeiro
Prof. Dr. Flávio Fayad
Prof. Dr. Vinícius Porto

A Revista Innovations Implant Journal Produtora Gráfica:


é editada e produzida pela SIN - Sistema de Implante Fabiana Galante
Webmaster:
Editor: Rodrigo Botinhão
Dr. Wellington Cardoso Bonachela Marketing:
Diretor de Arte: Marcio Bortolli
Waldir Dantas
Diretor de Arte Jr.
Claudio Lima
Redator Publicitário: Tiragem 30.000 exemplares - Circulação Nacional
Thiago Nascimento Impressão e Acabamento: Soft Editora
É proibida a reprodução dos textos contidos nesta publicação sem a autorização por escrito dos responsáveis pelos mesmos.

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Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

Implantes Biomateriais Estética

S U M Á R I O
S U M M A R Y

12 Mini-implantes ortodônticos: protocolo para higienização


e manutenção da saúde peri-implantar
Orthodontic mini-implants: protocol for cleaning and maintenance health peri-implant

Matheus Melo Pithon

15 Carregamento precoce de implantes: abordagem em


protocolos mandibulares
Early loading of implants: approaching in protocols jaws

Alexandre Hassem Neto; Chrystiane Araujo Moura de Tavares; Maurício Augusto Mathias

21 Impactação do segmento posterior da maxila através de


osteotomia para reabilitação protética - relato de caso
Segmentary impactation in jawbone posterior through osteotomy for prosthetic rehabilitation

Marcos Blatt; Gustavo Henrique Motta; Gustavo Tralli Nogueira; Bruno Gadelha Maia; Tiago Galvão Neiva;
Marcos César Pitta

25 Como diferentes tipos de prótese sobre implantes podem


afetar o seu prognóstico? Análise biomecânica
How different implant prosthesis design affect your prognosis? Biomechanical analysis

Marcos Blatt; Wellington Cardoso Bonachela; Niélli Caetano de Souza; Bruno Gadelha Maia;
Tiago Galvão Neiva

31 Análise das características atuais de dentes artificiais


empregados em prótese do tipo Overdenture e protocolo
sobre implantes
Analysis of the current characteristics of artificial teeth employed in prosthesis of the type
Overdenture and records on implants

Murilo Auler e Salles; Casiana Moleiro Alves; Wellington Cardoso Bonachela; Paulo Henrique
Ortolato Rossetti

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S U M Á R I O
S U M M A R Y

45
08 Solda a laser em barras de Ti na busca da passividade em carga
imediata: relato de caso
Laser weld in Ti bars to passivity excellence on immediate loading: case report

Renato de Freitas; Antonio Alves de Almeida Júnior; José Luiz Góes de Oliveira; Leandro de Moura Martins; Celso
Aparecido Catalan
08
51 Implante cone morse ultra rosqueante de torque interno - parte II:
componentes cirúrgicos e protéticos
Implant cone morse ultra self tapping of internal torque - part II: surgical
and prosthetic components
08
Michel Aislan Dantas Soares; Ariel Lenharo; André Zaninetti dos Santos; Ariana Santos de Oliveira;
Nelis Evangelista Luiz; Rodolfo Alexandre André

58 Avaliação da estabilidade primária de mini-implantes ortodônticos em


diferentes regiões da maxila e mandíbula de porcos
Evaluation the primary stability of orthodontic mini-implants inserted into different regions maxilla
08 and mandible of minipigs

Matheus Melo Pithon; Lincoln Issamu Nojima

08

05 Palavra do Presidente 10 Conversa Franca


06 Editorial 64 Transferência de Ciência
07 Expediente 68 Normas para Publicação

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CONVERSA FRANCA

O implantodontista e a terapêutica
Terapeutic and implantodontics

Flávio Augusto Cardoso de Faria1

No âmbito da O dontologia, sem dúvida as ár eas de A I mplantodontia, sem sombra de dúvida, fez com
Cirurgia e Estomatologia são aquelas que mais nos que o cir urgião-dentista se tornasse mais “ médico da
aproximam da Medicina. Não pretendemos discutir aqui boca”, como dizíamos orgulhosamente no passado .
se a Odontologia deveria ou não ser uma especialidade Passamos a dar mais atenção à anamnese de nosso
médica, nos moldes do ensino eur opeu, ou se nossa paciente, pr eocupados com condições sistêmicas que
formação tradicional é adequada para o bom ex ercício pudessem pr ejudicar a osteointegração . Começamos a
desta pr ofissão. E ntretanto, como diz o v elho ditado, procurar outras doenças, além daquelas que apresentam
contra fatos não existem argumentos. A mplantodontia,
I comumente manifestações orais. Sem dúvida, passamos
um dos mais er centes ramos da Odontologia, tem exigido a ver nosso paciente como um todo e a considerar nosso
dos cirurgiões-dentistas nível crescente de conhecimentos próprio trabalho como algo impor tantíssimo para o
e habilidades especiais. M odernas técnicas de imagem restabelecimento da saúde orgânica.
são hoje empr egadas para o planejamento e r ealização Preocupados com o bem-estar do paciente nas fases
de implantes osteointegrados. A vançadas técnicas pré, trans e pós-cir úrgicas, desenv olvemos materiais e
cirúrgicas são utilizadas para formação de novo osso, em técnicas cada vez menos agressivos, que proporcionam,
áreas com pequena espessura. E, sobr etudo, pacientes a cada dia que passa, r esultados fantásticos, com alto
com idade cada v ez mais av ançada têm pr ocurado o grau de satisfação ao final do processo. Mas mesmo com
implantodontista para r esolução de seus pr oblemas esse imenso progresso de técnicas e de materiais, o bem-
bucais. Junto com a idade, sempre é bom lembrar, vêm estar do paciente depende, fundamentalmente, do uso
diversas doenças sistêmicas, que obrigam nosso paciente adequado de div ersos grupos de medicamentos. Este é
a receber vários medicamentos diários. o ponto principal deste ar tigo, pois ao pr escrever um
Se levarmos em conta o tipo de cir urgia que será er alizada, remédio qualquer, estamos exercendo a Medicina.
onde é necessário ocorrer verdadeira “integração” entre o Desta forma, podemos pr escrever medicamentos
osso e o implante, parece ser muito importante conhecer para tranqüilizar nosso paciente, nos momentos que
a espessura e qualidade do osso remanescente. Por outro antecedem a cirurgia ou então, realizar os procedimentos
lado, a complexidade do pr ocedimento cir úrgico, o sob a inalação do ó xido nitr oso. Com um ou outr o
tempo operatório e o custo do pr ocedimento faz em destes grupos de dr ogas, estaremos fazendo aquilo que
com que especial atenção seja dirigida ao estado geral de se conv encionou chamar “ sedação consciente ”. Como
saúde do paciente. todos bem sabem, a pr escrição de benz odiazepínicos é

1. Cirurgião-Dentista formado pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP; Mestre e Doutor em Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP; Responsável pela
Área de Farmacologia da FOB - USP; Coordenador do Curso de Graduação em Odontologia da FOB - USP

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realizada em r eceituário especial, que pode ser obtido por aí...
por todo cir urgião-dentista r egularmente inscrito Todos estes fármacos mencionados nos parágrafos
nos Conselhos R egionais de O dontologia, mediante anteriores são de uso r otineiro na prática da
o pr eenchimento de um simples formulário na sede Implantodontia. E ntretanto, deixamos para o fi nal
local da Agência N acional de Vigilância S anitária. O aqueles empr egados em todos os dias, por todos os
emprego do ó xido nitroso como sedativ o, necessita de cirurgiões-dentistas do mundo, em todas as consultas:
uma habilitação especial, obtida por meio de cursos os anestésicos locais e as dr ogas v asoconstrictoras
regularmente autorizados pelo Conselho F ederal de associadas. Como ex ercer a O dontologia sem eles?
Odontologia. Os dois tipos de procedimentos salientam Seriam estes medicamentos menos perigosos que os
a impor tância do conhecimento farmacológico na anteriores? O bloqueio generalizado dos canais de sódio
prática odontológica. não causaria pr oblemas sistêmicos? E toda a polêmica
Muitas controvérsias entre a Medicina e a Odontologia que existe em torno dos vasoconstrictores?
surgiram por conta desta possibilidade legal da sedação Contra fatos não existem argumentos. A F armacologia
consciente, facultada aos pr ofissionais cirurgiões- e a Terapêutica faz em par te do dia a dia do “ médico
dentistas. É nosso direito! A Medicina não pode querer da boca” e cabe a nós, cir urgiões-dentistas de todas as
para si o privilégio da utilização de medicamentos, especialidades, lutar para que este dir eito de ex ercer
como ela pr etende com o “ ato médico”, pois não seria dignamente nossa pr ofissão não seja indevidamente
possível ex ercer a O dontologia sem a pr escrição de retirado. Compete também a cada um de nós, o
fármacos. Nossa profissão não pode fi car calada diante estudo continuado; mas, acima de tudo, é pr eciso
desta ignorância. N ão somos nós, cir urgiões-dentistas, refletir sobre nosso curriculum de graduação, dando a
ignorantes em F isiologia, Farmacologia ou nas demais devida importância que a Farmacologia e a Terapêutica
disciplinas básicas de um curso médico. Pelo contrário; merecem na formação dos futuros profissionais.
nossas especialidades odontológicas, tais como a Cir urgia
Buco-Maxilo-Facial e a I mplantodontia, aí estão para
mostrar a todos a complexidade de nossos pr ocedimentos
e a amplitude de conhecimentos necessários para o bom
exercício pr ofissional. O s limites entr e O dontologia
e M edicina se estr eitam cada v ez mais, especialmente
quando o assunto é prescrição de medicamentos.
Além da sedação pr évia, o controlede dor, edemae infecção
pós-operatória obviamente exigem bom conhecimento
farmacológico. E quando falamos em controle de
dor e edema, dr ogas como os antinfl amatórios não
esteroidais, opióides e glicocor ticóides têm papel
destacado. Todos eles apresentam um grande número de
reações adv ersas, quando indevidamente empr egados,
exigindo, por tanto, muito estudo e atualização . S eu
emprego clínico é r elativamente complicado em
pacientes portadores de quadros hipertensivos, diabetes,
com complicações car dio-vasculares, na insufi ciência
renal ou hepática, na gravidez, em crianças, idosos e
tantos outr os pacientes que fr eqüentemente visitam o
cirurgião-dentista. Endereço para correspondência:
Diante desta imensidão de possív eis pacientes, par ece
que somos mais médicos do que muitos dos que existem Prof. Dr. Flávio Augusto Cardoso de Faria
e-mail: flacfari@fob.usp.br

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Mini-implantes ortodônticos: protocolo para
higienização e manutenção da saúde peri-implantar

Orthodontic mini-implants: protocol for cleaning


and maintenance health peri-implant

Matheus Melo Pithon1

Resumo

O objetivo do presente artigo foi elaborar um protocolo para higienização de mini-implantes ortodônticos, possibilitando
com isso, a manutenção da saúde na região peri-implantar e por conseguinte, estabilidade secundária desses dispositivos.

Unitermos: mini-implantes; ancoragem; ortodontia.

Abstract

The purpose of this article was preparing a protocol for cleaning of orthodontic mini-implants, enabling with this, health
maintenance peri-implant in the region and therefore stability of these secondary devices.

Keywords: mini-screws; anchorage; orthodontics.

1. Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL); Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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INTRODUÇÃO
O sucesso da utilização de mini-implantes or todônticos
está diretamente relacionado com o controle do biofi lme na
região peri-implantar. Já está bem estabelecido na literatura
que o fator de sucesso durante a técnica de inser ção é a
estabilidade primária conseguida na ocasião da inser ção1.
Após esse período inicial de estabilidade o mini-implante
deverá mantê-la para que possa servir com um agente estável
de ancoragem. Para isso é necessário que possua estabilidade
secundária ou tardia2.
Figura 01. Gengivite peri-implantar em paciente
Um dos fator es que pr opiciam a obtenção de estabilidade com higienização deficiente.
secundária é uma corr eta higiene da r egião peri-implantar ,
evitando-se dessa forma ocorr ência de gengivite ou mucosite
peri-implantar3 (F igura 1). A infl amação persistente dos
tecidos cir cundantes aos mini-implantes conduz à per da de
estabilidade e, conseqüentemente, mobilidade dos dispositivos
de ancoragem 2,4. D iante deste fato, um pr otocolo de
higienização deverá ser seguido, reduzindo ou mesmo evitando
os casos de insucesso na manutenção dos mini-implantes5,6.
O objetivo do presente artigo é discorrer sobre a importância
de uma correta higiene na região peri-implantar e a elaboração
Figura 02. Limpeza da região peri-implantar com
de um pr otocolo de higienização que dev erá ser conhecido escova dental infantil macia embebida em solução
pelo cirurgião-dentista que o irá transmitir a seus pacientes. de gluconato de clorexidina a 0,12%.

PROTOCOLO PARA HIGIENE PERI-IMPLANTAR


Na literatura é r elatado uma div ersidade de pr otocolos para
controle da saúde peri-implantar , entr etanto existe um
consenso entre esses, que é a utilização de géis ou soluções de
gluconato de clorexidina a 0,12%2,4,7, como agente de limpeza
dessa r egião. A clor exidina desponta como solução anti-
séptica de eleição para prevenir a mucosite-perimplantar7,8.
Baseado nos achados da literatura, o protocolo a ser utilizado
quando da aplicação de mini-implantes ortodônticos é: Figura 03. Solução de gluconato de clorexidina
Primeira semana pós-instalação dos mini-implantes; cuidado sendo dispensada sobre as cerdas da escova
adicional dev erá ser tomado com a higienização . C uidado dental com auxílio de conta-gotas.
esse que consiste em r ealizar bochechos diários de solução
de gluconato de clor exidina a 0,12% (P eriogard, Colgate-
Palmolive B rasil) (Figura 2). Esse pr ocedimento dev erá ser
realizado apenas na primeira semana evitando-se dessa forma
efeitos colaterais indesejáveis decorrentes da utilização dessa
solução por tempo pr olongado (diminuição do paladar e
escurecimento dos dentes)9.
A par tir da segunda semana o bochecho com solução de
gluconato de clorexidina a 0,12% dev erá ser suspenso dando
lugar a bochechos com colutório anti-séptico à base de triclosan
0,03% (Plax, Colgate-Palmolive Brasil) durante 30 segundos,
3 vezes ao dia, durante todo o período do tratamento.
Juntamente com os bochechos dev erá ser r ealizada a
higienização da cabeça do mini-implante com esco va dental
macia embebida na solução de gluconato de clor exidina a

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0,12% (Periogard, Colgate-P almolive B rasil). Essa limpeza Endereço para correspondência:
deverá ser r ealizada durante todo período que o mini-
implante esteja na cavidade bucal. Matheus Melo Pithon
Uma sugestão válida é a entrega por parte do profissional da Rua México 78, Recreio - Vitória da Conquista - Bahia
solução de clor exidina para higienização do mini-implante. Tel: (0xx77) 3084-2020/ 8805-2750
CEP: 45020-390
O cirurgião-dentista deverá comprar uma quantidade maior
e-mail: matheuspithon@bol.com.br
de clor exidina e essa dev erá ser fracionada em r ecipientes
menores contendo conta-gotas. O r ecipiente dev e ser
etiquetado com o nome do paciente e as orientações quanto
ao uso da solução, evitando-se com isso esquecimento por
parte do paciente em comprar a solução e das orientações.
O conta-gotas servirá para dosar a quantidade da solução de
gluconato de clor exidina a ser depositado na esco va dental
para higiene do mini-implante (Figura 3).

Orientações ao paciente
Instruções de quando e como higienizar dev erá ser realizada
em consulta prévia ao ato cir úrgico, visto que, apesar de ser
Referências Bibliográficas
um procedimento simples, a palavra cirurgia leva desconforto
ao paciente, fazendo com que o mesmo não preste atenção às
1. Huja SS, Litsky AS, Beck FM, Johnson KA, Larsen PE. Pull-out
orientações no dia da instalação. strength of monocortical screws placed in the maxillae and
O paciente dev erá ser orientado a esco var a cabeça do mini- mandibles of dogs. Am J Orthod Dentofacial Orthop
implante com uma pequena escova infantil, com cerdas macias 2005;127:307-313.
embebida em gel ou solução de gluconato de clor exidina a
0,12% 2x ao dia por cerca de 20 segundos. A escolha de escova 2. Araújo TM, Nascimento MHA, Bezerra F, Sobral MC. Skeletal
anchorage in Orthodontics with mini-implants. R Dental Press
infantil deve-se ao fato que, por ser de tamanho r eduzido, se Ortodon Ortop Facial 2006;11:126-156.
adeque as div ersas regiões que por v entura o mini-implante
esteja inserido (Figura 5). Já a escolha de cerdas macias se deve à 3. Carano A, Velo S, Leone P, Siciliani G. Clinical applications of
necessidade de se manter a integridade da área recém operada. the iniscrew Anchorage System. J Clin Orthod 2005;39:9-24;
Esse procedimento deverá ser feito por todo o período em que quiz 29-30.
o mini-implante estiver inserido na cavidade bucal.
4. Nascimento MHA, Araújo TM, Bezerra F. Orthodontic micro-
Obs.: U m r ecurso impor tante e v álido para orientação da screw: installation and peri-implant hygienic orientation. R
higienização pr é-cirurgica é a utilização de um manequim Clin Ortodon Dental Press 2006;5:24-31.
Ortodôntico, o qual necessitaria da inser ção de um mini-
implante da mesma forma que será inserido na boca, dessa 5. Mah J, Bergstrand F. Temporary anchorage devices: a status
forma o paciente poderá visualizar tridimensionalmente report. J Clin Orthod 2005;39:132-136; discussion 136;
quiz 153.
o que será r ealizado em sua pr ópria boca além de tr einar
higienização no manequim. 6. Miyawaki S, Koyama I, Inoue M, Mishima K, Sugahara T,
As consultas para um contr ole clínico da saúde peri- Takano-Yamamoto T. Factors associated with the stability
implantar deverão ser feitas semanalmente no primeiro mês, e of titanium screws placed in the posterior region for orthodontic
mensalmente a partir do segundo mês, podendo ser eralizadas anchorage. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2003;124:373-378.
na consulta de manutenção do apar elho or todôntico,
7. Groenendijk E, Dominicus JJ, Moorer WR, Aartman IH,
otimizando o tempo do ortodontista e do paciente. van WaasMA. Microbiological and clinical effects of
chlorhexidine enclosed in fixtures of 3I-Titamed implants. Clin
CONSIDERAÇÕES FINAIS Oral Implants Res 2004;15:174-179.
Seguindo as orientações quanto à higienização, os mini-
implantes terão estabilidade sufi ciente para aplicação de carga 8. Coura GS, Andrade DS. Mini-implants fo orthodontic
anchorage. R Clin Ortodon Dental Press 2007;6:98-104.
ortodôntica necessária para o bom andamento do tratamento.
9. Carvalho LEP, Granjeiro JM, Bastos JRM, Henriques JFC,
Tarzia O. Clorexidina em Odontologia R.G.O 1991;39:423-427.

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Carregamento precoce de implantes: abordagem em
protocolos mandibulares

Early loading of implants: approaching in protocols jaws

Alexandre Hassem Neto1; Chrystiane Araujo Moura de Tavares2; Maurício Augusto Mathias3

Resumo

O objetivo deste artigo é relatar a abordagem e os resultados obtidos por reabilitações protéticas de pacientes edêntulos,
com substituições imediatas dentárias, através de próteses tipo protocolo com carregamento precoce, cinco a sete dias após
inserção dos implantes em mandíbula anterior. Utilizamos um período pouco maior do que o do carregamento imediato,
rotineiramente utilizado, e apresentamos acompanhamentos clínicos e radiográficos com resultados similares à abordagem
de até 48 horas. Porém, contamos com maior tranqüilidade na execução dos passos pela equipe profissional e maior
conforto para o paciente que recebe a prótese alguns dias após as instalações das fixações com menor edema pós-cirúrgico
e maior qualidade protética.

Unitermos: carga precoce; carga imediata; implantes dentários; osseointegração.

Abstract

The aim of the present article is to relate the boarding and the reached results of a prosthetic rehabilitation of edentulous
patients, with dental immediate substitutions, throught a prosthetic protocol with early loading of five to seven days after
implants instalation at the anterior part of mandible. We used a little bigger period of time than that used by the immediate
loading, frequently used, and presented clinical and radiografics accompaniments with similar results to the 48 hs boarding.
However, our professional team works easily, with more confort for the patient who receives a prosthetic work of bigger
quality a few days after implants, in an after-surgical minor edema area.

Keywords: early loading; immediate loading; dental implants; osseointegration.

1. Especialista em Prótese Dental - USP-BAURU; Especialista em Implantodontia Oral - ABO-SP; Professor do Curso de Especialização em Implantodontia - ABO-SP
2. Formada pela Universidade Guarulhos-SP; Pós-Graduação em Endodontia - CETAO-SP
3. Especialista em Implantodontia pela Associação Brasileira de Odontologia - ABO-SP; Professor dos Cursos de Especialização em Implantodontia da ABO-SP e Osasco

INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 15

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INTRODUÇÃO
Os implantes dentários têm sido amplamente utilizados na
reabilitação de pacientes edêntulos mandibulares, devolvendo
a função e aumentando o confor to se comparados ao uso
de próteses totais 5. A anatomia, densidade e disponibilidade
óssea encontrada na mandíbula anterior fav orecem a
obtenção da estabilidade implantar , fator essencial para
atingir a osseointegração 11. U m período de tempo de tr ês
a seis meses entr e a fi xação dos implantes e instalação de
prótese foi amplamente defendido para que não existisse
carregamento sobr e os implantes, a fi m de fav orecer a
osseointegração e r eduzir o risco de falência de implantes e
Figura 01. Caso clínico inicial. Dentes naturais com
próteses, denominados como protocolo convencional de dois grandes comprometimentos periodontais.
estágios cirúrgicos ou carga tardia1, 2.
Após inúmer os r elatos em literatura, pr ocedimentos de
antecipação de carga funcional foram sedimentados, onde
resultados comparados ao protocolo tradicional foram alcançados
com a mesma previsibilidade e viabilidade de sucesso9.
Resultados de estudos compr ovaram que o contr ole de
micromovimentações incididas sobr e os implantes após sua
inserção em leito ósseo 6, a obtenção de estabilidade primária
implantar no momento da colocação e a imobilização rígida dos
elementos dispostos em arco seriam responsáveis pela estimulação
e r emodelação óssea ao r edor dos implantes, aumentando o
contato osso-implante e a possibilidade de osseointegração, que Figura 02. Exodontia dos elementos dentais
remanescentes.
é um fenômeno dinâmico e contínuo4, 7, 17.
Desta forma a antecipação de carga funcional, além de
reduzir o tempo de espera para instalação de pr óteses,
tornou-se benéfica ao processo de osseointegração 19. A carga
imediata caracteriza-se pela instalação de pr ótese dentro de
um período de até 48 horas após a instalação dos implantes10.
Após o tempo cir úrgico de instalação dos implantes, os
intermediários foram fi xados sobre os mesmos e submetidos
à moldagem de transfer ência em guia funcional, para que
a fase laboratorial fosse ex ecutada e a pr ótese instalada
dentro do período pr evisto. Em alguns casos, o desconfor to
devido ao edema e o cansaço do paciente eram visualmente Figura 03. Aplanamento ósseo. Regularização óssea
constatados. após exodontias possibilitando um aplanamento.
A carga pr ecoce é caracterizada como a instalação da pr ótese
em período maior que 48 horas e menor que tr ês e seis meses,
diferente de carga imediata ou tar dia3, 8 . P ossui o mesmo
benefício da carga imediata, desde que trabalhe com períodos
próximos, com a tranqüilidade de ex ecução de pr ocedimentos
de moldagem, transfer ência e r egistros funcionais por par te
do pr ofissional; tempo satisfatório para ex ecução laboratorial
de fundição e pr ensagem e confor to do paciente que r ecebe a
prótese dentr o de uma semana pós-cir úrgica, sem a pr esença
de sangramento ou edema, podendo submeter-se às pr ovas do
trabalho, reduzindo a ocorr ência de impr ecisões de oclusão ou
Figura 04. Verificação do paralelismo das
ajustes desnecessários da prótese. perfurações.

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METODOLOGIA
Foram selecionados 27 pacientes edêntulos totais e par ciais
mandibulares, onde inicialmente o enceramento diagnóstico
e visualização pr évia pr otética foram ex ecutados em
planejamento reverso. Um total de 102 implantes foi utilizado
nas reabilitações e tiveram como antagonistas superiores dentes
naturais, pr óteses fi xas e totais com um acompanhamento
clínico e radiográfico variando entre 20 dias e 28 meses. Em
dois casos foi proposta a reversão de sobredentaduras existentes
para pr otocolo implanto-supor tado inferior , adicionando-
se alguns implantes em carr egamento precoce somados aos
Figura 05. Inserção dos implantes - 70N.
implantes pré-existentes. Exemplificando então um caso do
início ao fim, procedem-se com a extração prévia dos dentes
remanescentes inferior es env olvidos periodontalmente,
seguindo-se o processo semelhante às técnicas convencionais
de carga imediata (F iguras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,
12), variando-se apenas o tempo de espera como v erificado
nas figuras 13 e 14.
A técnica descrita é muito similar à abor dagem cir úrgica
de carga imediata, com ampla incisão em crista de r ebordo
gengival, com r ebatimento do tecido mucoperiostal e acesso
das emergências mentuais, que limitarão os implantes distais
com diâmetro de 4,5 mm e comprimento não inferior a 10
mm. Após as fixações iniciais anteriores aos forames mentuais, Figura 06. Implantes colocados.

serão distribuídos três implantes, totalizando cinco implantes


em mandíbula anterior. A estabilidade primária e o tor que de
inserção (até 80 Ncm) são checados neste momento atrav és
de leitura de tor químetros. O s intermediários pr otéticos são
parafusados, submetidos ao torque de 20 Ncm e colocados em
capas de proteção para realização de procedimentos de sutura.
Neste momento o paciente é dispensado, dev endo descansar
por 24 horas, onde após este período, os pr ocedimentos de
moldagem de transfer ência serão r ealizados com menor
ocorrência de sangramento e r edução do estr esse cir úrgico.
A guia funcional é unida aos transfer entes pr otéticos dos
Figura 07. Colocação dos mini-abutments - 20N.
intermediários e r egistrada a ar ticulação com r esina acrílica
de precisão. Em fase laboratorial, a barra de união rígida dos
intermediários protéticos é elaborada, sendo submetida à secção
e soldagem a laser para promover a passividade ao “índex” de
transferência funcional. U ma v ez elaborada, pr ocedimentos
de enceramento e inclusão dos dentes são realizados, similares
ao protocolo imediato, porém, com maior tempo laboratorial,
tornando mais preciso e passível de provas realizadas entre o
3° e 5° dia, deixando para o 7° dia, a r emoção de suturas e
instalação do trabalho em função precoce.

REVISÃO DE LITERATURA
No início da implantodontia, o tempo de espera entr ea Figura 08. Sutura.
instalação dos implantes e confecção de pr ótese em função

INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 17

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constituía um fator primor dial para obtenção do sucesso da
reabilitação atrav és de implantes. A os poucos, foi possív el a
execução de r eabilitações implanto-supor tadas com r edução
desde o tempo de espera, comesultados
r similares aos protocolos
de dois estágios cirúrgicos, tornando mais rápidas a reabilitação
e a satisfação do paciente. Conceitos de antecipação de carga
funcional, tais como a carga imediata e a carga pr ecoce foram
estudados e amplamente discutidos, tornando-se hoje em dia
procedimentos aceitos e de obtenção de sucesso, desde que,
respeitados fator es como estabilidade primária, distribuição
dos implantes em ar co e estabilização rígida de pr ótese em
função. A carga precoce surgiu diferenciando-se do protocolo Figura 09. Prova do guia multifuncional e relação
tradicional e da carga imediata, caracterizada pela instalação maxilo mandibular - 24h após a cirurgia.
de pr ótese em período maior que 48 horas e menor que o
convencional de três a quatro meses, no caso da mandíbula4, 7, 10,
12, 16
. A mandíbula anterior é caracterizada pela predominância
de osso de boa densidade e dimensões ósseas na maioria dos
casos, o que fav orece, e muito, a obtenção da estabilidade
primária11, somado ao desenho dos implantes utilizados neste
caso, que favorecem o aumento de tor que de inserção através
da osseocompressão em leito ósseo 13. Com a união rígida dos
intermediários protéticos em função, foi compr ovada através
de estudos histológicos a melhoria da qualidade e densidade
óssea ao r edor dos implantes submetidos à antecipação de
carga funcional14, 15. Figura 10. União do guia multifuncional aos
implantes com resina Pattern.
RESULTADOS
Acompanhamentos clínicos e radiográfi cos foram r ealizados
em todos os 27 pacientes, verificando a eficiência e o sucesso da
reabilitação21 com antecipação precoce dos implantes, nenhum
implante perdido em todos os casos. O padrão de r eabsorção
óssea marginal demonstr ou-se similar aos obser vados em
procedimentos de carga imediata 15, 16 , da mesma forma, os
contornos peri-implantares sob a prótese 17, 20. A reversibilidade
de o verdentures para pr ótese tipo pr otocolo inferior foi
executada em dois pacientes com sucesso, e as r eabsorções
marginais ao redor dos implantes submetidos ao carregamento
precoce encontram-se similar es aos implantes pr eviamente Figura 11. Moldagem com silicona de adição (Elite
HD+).
instalados e em carregamento convencional.
Como resultado exemplificamos os controles iniciais e fi nais
clínicos e radiográfi cos das fi guras 15 conclusão do caso e
16, 17 e 18 acompanhamento radiográfico panorâmico.

CONCLUSÃO
A antecipação de carga funcional é uma r ealidade na
implantodontia, não v erificando difer enças nos r esultados
observados em carr egamento precoce ou imediato desde que
respeitados os fatores de estabilidade implantar, distribuição de
implantes em leito de boa competência e estabilização rígida dos
implantes. Não se discute, neste caso, os benefícios biológicos Figura 12. Vista superior da moldagem.

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do momento imediato para momento precoce na antecipação
de função dos implantes, e sim o conforto e a tranqüilidade na
execução protética, que foram características contrastantes ao
procedimento da carga imediata, minimizando a possibilidade
de pr oblemas com ar ticulação dos dentes ou adaptação de
barra junto aos intermediários. D e igual forma, os pacientes
demonstraram melhor receptividade ao procedimento, mesmo
a reabilitação sendo entregue em prazo pouco maior comparado
ao pr ocedimento imediato . Ampliamos a possibilidade da
execução do carr egamento pr otético com similar índice de
sucesso comparados ao carregamento imediato.
Figura 16. Radiografia panorâmica inicial.

Figura 13. Prova da barra e montagem dos dentes


4 dias após a cirurgia. Figura 17. Radiografia panorâmica após colocação
da prótese.

Figura 14. Remoção da sutura e instalação das


próteses 7 dias após a cirurgia (Torque de 10N nos Figura 18. Radiografia panorâmica após 1 ano da
parafusos de fixação). colocação da prótese. Controle após 1 ano.

Endereço para correspondência:

Alexandre Hassem Neto


Rua Salete, 201, cj 14 - Santana - São Paulo - SP
CEP: 02016-001
Figura 15. Caso clínico final. Telefone: (0xx11) 2978-4542 / 8473-7523
e-mail: hassem@terra.com.br

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Revista Inovation Dezembro_2007.indd 19 11.08.08 20:29:09


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20 Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 20 11.08.08 20:29:16


Impactação do segmento posterior da maxila
através de osteotomia para reabilitação
protética - relato de caso
Segmentary impactation in jawbone posterior through osteotomy
for prosthetic rehabilitation
Marcos Blatt1; Gustavo Henrique Motta2; Gustavo Tralli Nogueira3; Bruno Gadelha Maia4; Tiago Galvão Neiva5;
Marcos César Pitta6

Resumo

A perda prematura dos dentes naturais provoca importantes alterações, podendo ocasionar desde a migração de dentes até
a extrusão do processo alveolar, especialmente em pacientes que não utilizam nenhum tipo de prótese no arco antagonista.
Quando ocorre uma extrusão severa do processo alveolar, a extração dos dentes torna-se inevitável. Para solucionar o
problema, existe a alternativa de realizar a técnica de impactação da região posterior da maxila por meio de osteotomia,
para possibilitar uma futura reabilitação estética e funcional, sem a perda ou desgaste de estruturas rígidas.

Unitermos: osteotomia segmentar; cirurgia ortognática; cirurgia pré-protética.

Abstract

The premature loss of the natural teeth makes a important alterations, could cause from the migration of teeth to the
extrusion of the alveolar process, especially in patient that they don’t use any prosthesis type. When it happens a severe
extrusion of the alveolar process, the extraction of the teeth becomes inevitable. To solve the problem, the alternative exists
of accomplishing the technique of impaction the maxillary, through the bilateral segmentary maxillary osteotomy, to turn
possible a future aesthetic and functional rehabilitation, without the loss or wear and tear of structures.

Keywords: segmentary osteotomy; orthogmatic surgery; preprosthetic surgery.

1. Mestrando em Implantodontia UNISA/SP; Especialista em Prótese Dentária Funbeo/FOBUSP


2. Especialista em Cirurgia e Traumatologia BucoMaxiloFacial - ABENO
3. Especialista em Cirurgia e Traumatologia BucoMaxiloFacial - ABENO
4. Especialista em Prótese Dentária pela Fundação Bauruense de Estudos Odontológicos da Faculdade de Odontologia de Bauru; Mestrando em Implantodontia
da Universidade de Santo Amaro
5. Especialista em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba; Mestrando em Implantodontia da Universidade de Santo Amaro
6. Especialista em Cirurgia Ortognática - Baylor University/EUA

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INTRODUÇÃO dos segmentos osteotomizados durante a cirurgia.
Nas situações em que o paciente apr esenta ausência dos A cir urgia foi r ealizada sob anestesia geral. A abor dagem
elementos dentários durante um longo período de tempo e nãocirúrgica intra-oral iniciou-se com incisão horiz ontal linear
realiza a reabilitação das unidades perdidas, freqüentemente na região de transição de gengiva inserida e mucosa, a par tir
ocorre extr usão dentária ou extr usão de todo o segmento da distal do elemento 27 até a distal do elemento 23. A pós
ósseo do ar co antagonista. A extr usão do segmento ósseo o descolamento do r etalho mucoperiostal, foram r ealizadas
posterior resulta em uma diminuição do espaço interoclusal duas osteotomias v erticais a par tir da crista do r ebordo, até
que impossibilita, na maioria das v ezes, a r eabilitação 6 mm acima dos ápices dos dentes, uma na r egião distal do
protética adequada atrav és de pr óteses fi xas, removíveis ou elemento dentário 25 e a outra na distal do elemento 27.
sobre implantes (SHOEMAN & SUBRAMANIAN, 1996; Em seguida, estas duas osteotomias foram unidas atrav és
RENOUARD & RANGERT, 2001). de uma osteotomia horiz ontal 6 mm acima dos ápices dos
A osteotomia segmentar posterior da maxila foi r elatada dentes. Uma nova osteotomia paralela a esta foi r ealizada 4
pela primeira v ez por ST OKER & EPKER (1974) e tem mm abaixo, com a finalidade de impactar o segmento (Figura
sido utilizada como recurso na correção de extrusões severas 3). Dessa forma, obteve-se acesso ao seio maxilar e, com um
do processo alveolar, na pr esença ou ausência de elementos cinzel curvo, foi segmentado o palato, preservando a mucosa
dentários, quando está contra-indicada à corr eção atrav és palatina. Com o mesmo cinzel, foi realizada a disjunção entre
mini-implantes (MEDEIROS, 2001). o túber da maxila e o pr ocesso pterigóide do osso esfenóide.
O propósito deste ar tigo é demonstrar , através do r elato de O mesmo procedimento foi realizado no outro lado.
um caso clínico, a r ealização da impactação do segmento Em seguida, foi colocada a PPR com bráquetes e espor ões
posterior da maxila através de osteotomia, com a finalidade de cirúrgicos para a realização de BMM, sendo realizada a fixação
reestabelecer o espaço para uma futura reabilitação protética. interna rígida, com duas miniplacas de titânio (W. LORENZ,
INTERMEDIC) (F iguras 4a e 4b). O bloqueio maxilo-
RELATO DO CASO CLÍNICO mandibular foi removido e a sutura contínua foi realizada.
Paciente M.L.O.L, 31 anos, sex o feminino, apr esentava A paciente permaneceu no hospital por 24 horas e, durante
dificuldade mastigatória pela ausência de elementos dentários. este período, foi r ealizada a terapia medicamentosa. A
Após anamnese, constatou-se ausência de alteração sistêmica, paciente foi orientada a r etornar 3 dias após a cir urgia, com
e ao exame extra-oral foram v erificados mo vimentos de acompanhamento quinzenal e mensal para controle (Figuras
abertura e excursivos normais, sem nenhum sinal e sintoma 5a, 5b e 6).
de disfunção tempor omandibular. A o exame clínico intra- Atualmente a paciente encontra-se r eabilitada com uma
oral, constataram-se a ausência dos elementos dentários prótese par cial r emovível inferior , satisfaz endo todos os
posteriores, extr usão bilateral do complex o dento-alv eolar, requisitos funcionais e estéticos.
ocasionando diminuição do espaço pr otético posterior
bilateral inferior , inviabilizando a r eabilitação pr otética DISCUSSÃO
(Figura 1a e 1b). A experiência clínica que a literatura apr esenta em r elação
Foi solicitado ao or todontista a instalação de apar elho à impactação do segmento posterior da maxila, para o
ortodôntico fi xo com espor ões cir úrgicos. A pós a análise tratamento de extrusões severas do processo alveolar maxilar
das radiografi as (panorâmica, teleradiografi a de perfi l e posterior através de osteotomia apresenta resultados favoráveis
frontal) e com os modelos montados em r elação cêntrica no com bom prognóstico (MARTINS, 1980; STULLER et al.,
articulador tipo SAM (com côndilos fi xos), foi planejado o 1983; MEDEIROS, 2001).
tratamento cirúrgico de impactação dos r ebordos alveolares BELTRÄO et al. (1992), estudando 14 casos em que foi
posteriores bilaterais de maxila com r estabelecimento do utilizada fi xação interna rígida, obser varam que em apenas
espaço adequado para a reabilitação protética (Figura 2). um caso ocorr eu r ecidiva total (7,1%). S endo assim, os
A cirurgia de modelo consistiu na impactação dos r ebordos autores consideraram os resultados satisfatórios, concluindo
alveolares posteriores de maxila, de modo que uma pr ótese que a impactação do segmento posterior da maxila, através
parcial removível (PPR) inferior pudesse ser confeccionada de osteotomia, pode auxiliar outras especialidades em
com a dimensão vertical restabelecida. Aos dentes posteriores futuras reabilitações.
da PPR foram colados bráquetes or todônticos para a Concordamos com MANFR O et al. (2007), em que o
realização do B loqueio Maxilo Mandibular (BMM), sendo procedimento de osteotomia segmentar dev e apr esentar
utilizada como guia cirúrgico para o correto posicionamento indicação precisa, como no caso descrito, onde a necessidade

22 Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

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de intr usão dos molar es superior es e do pr ocesso alv eolar
não pode ser alcançada por outros métodos menos invasivos.
Por outr o lado, em extr usões de menor magnitude a
utilização de ancoragem absoluta atrav és de mini-implantes
é o pr ocedimento mais indicado, por apr esentar menor
morbidade e bons resultados (LABOISSIÉRE, 2005).

CONCLUSÕES
A osteotomia segmentar posterior da maxila é uma terapia
cirúrgica segura e efi caz que pr eserva as estr uturas dentárias Figura 02. Desenho esquemático ilustrando
sadias. O uso desta técnica para estabelecer
r o espaço protético a recuperação do espaço protético através
em casos de extrusão do processo alveolar e dentário na região do reposicionamento do segmento posterior
extruído.
posterior da maxila possui um bom prognóstico.

Figura 03. Aspecto das osteotomias realizadas


durante a cirurgia.

Figura 04a e 04b. Fixação com mini-placas dos


Figura 01a e 01b. Observar extrusão severa do segmentos ósseos após osteotomia lado direito
complexo dento-alveolar bilateralmente na e esquerdo e posteriormente bloqueio maxilo
região do molares superiores com ausência de mandibular.
elementos dentários no arco antagonista.

INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 23

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 23 11.08.08 20:29:24


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osteotomy to correct severe extrusion of maxillary posterior teeth
or tuberosities. The Journal Of Prosthetic Dentistry
1983;50:157. 1983.
Figura 06. Aspecto intra-oral: notar o nivelamento
do plano oclusal supeior com restabelecimento
do espaço protético inferior, propiciando altura
adequada para futura reabilitação protética.

24 Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

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Como diferentes tipos de prótese sobre implantes
podem afetar o seu prognóstico?
Análise biomecânica
How different implant prosthesis design affect your prognosis?
Biomechanical analysis
Marcos Blatt1; Wellington Cardoso Bonachela2; Niélli Caetano de Souza3; Bruno Gadelha Maia4;
Tiago Galvão Neiva5

Resumo

O sucesso clínico à longevidade dos implantes dentários está diretamente relacionado como as forças são dirigidas e
dissipadas na interface implante-tecido ósseo, sendo importante o não sobrecarregamento deste conjunto, o que poderia
ocasionar a falha da osseointegração. Como o fenômeno biomecânico é bastante complexo e cada estilo de prótese
apresenta um comportamento diferente, será abordado em duas partes desta publicação. Os artigos completar-se-ão, mas
serão independentes entre si, proporcionando uma visão atual da reabilitação oral sobre implantes. Diante disto, o presente
trabalho tem por objetivo apresentar diretrizes para um correto planejamento de próteses totais fixas e overdenture.

Unitermos: implante dentário; prótese dentária; biomecânica.

Abstract

The longevity and clinical success of dental implants is directly related to forces applied at the bone-implant interface, being
important to avoid implant overloading, which could lead to osseointegration failures. As the biomechanical phenomenon is
plenty complex and each prosthesis style presents a different behavior, it will be approached in two parts of this publication.
The papers will be complemented, but they will be independent to each other, providing a current vision of the oral
rehabilitation with dental implants. Therefore, the present work aimed to present guidelines for a correct planning based on
biomechanical rationale to the full-arch fixed prostheses and overdentures.

Keywords: dental implantation; dental prosthesis; biomechanics.

1. Especialista em Prótese Dentária pela Fundação Bauruense de Estudos Odontológicos da Faculdade de Odontologia de Bauru; Mestrando em Implantodontia da Universidade de Santo Amaro
2. Professor Associado do Departamento de Prótese da Faculdade de Odontologia de Bauru; Professor do Curso de Especialização em Prótese Dentária da Fundação Bauruense de Estudos
Odontológicos da Faculdade de Odontologia de Bauru
3. Mestre em Dentística pela Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual Paulista; Professora do Curso de Odontologia Centro Universitário Franciscano
4. Especialista em Prótese Dentária pela Fundação Bauruense de Estudos Odontológicos da Faculdade de Odontologia de Bauru; Mestrando em Implantodontia da Universidade de Santo Amaro
5. Especialista em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba; Mestrando em Implantodontia da Universidade de Santo Amaro

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INTRODUÇÃO do cantiléver resultou na elev ação dos v alores de estr esse na
Originalmente, a utilização de implantes osseointegrados foi interface implante/tecido ósseo.
proposta para pacientes considerados inv álidos orais, com No ano seguinte, av aliaram16 a melhor combinação de
o objetiv o de melhorar o confor to, função e auto-estima, materiais para a confecção da r estauração pr otética. P ara
evitando a utilização de próteses dentais instáveis. tanto, utiliz ou r esina acrílica, r esina composta e por celana
O sucesso clínico dos implantes e seus componentes são como materiais para a superfície oclusal e diferentes ligas para
determinados pela maneira como o estr esse mecânico é confecção da infra-estrutura, tais como: ouro, prata-paládio,
transferido do implante ao tecido ósseo cir cundante, sem cromo-cobalto e titânio . D o ponto de vista mecânico, a
gerar for ças de grande magnitude, o que poderia colocar combinação de materiais com maior módulo de elasticidade
em risco a longevidade do implante e a pr ótese21. F atores proporcionou menor estresse gerado sobre parafusos.
biomecânicos são r elatados na literatura como os principais Em estudo pr ospectivo6 com mais de 20 anos, av aliaram,
responsáveis pela falhas dos implantes, sendo que muitos clinicamente, o desempenho de próteses totais mandibulares
desses fatores não são completamente compreendidos19. implanto-suportadas. O índice de sucesso para os implantes
Com base em informações publicadas, r ecentemente, e pr óteses foram 98,9 e 95,6%, r espectivamente. S endo o
mudanças conceituais ocorr eram nas r eabilitações principal problema protético relacionado à perda do parafuso
protéticas ao longo das últimas décadas, desde a descoberta de retenção.
da osseointegração . A cada dia, no vos desafi os são, Através de r evisão sistemática 5, incluindo critérios de meta-
rotineiramente, pr opostos pelos pacientes, muitas v ezes análise, não encontraram evidências científi cas de que o
mutilados, que pr ocuram Cir urgiões-Dentistas que se tratamento através de prótese fixa ou overdenture apresenta-se
dedicam à área da reabilitação oral. Dessa forma, buscamos melhores resultados para pacientes completamente edêntulos.
analisar, separadamente, diferentes estilos e comportamentos
de próteses implantossuportadas. Overdenture
Neste primeir o ar tigo será abor dado o compor tamento O tratamento com o verdenture é otimizado quando se
biomecânico de prótese total fixa e overdenture. No próximo utiliza um maior número de implantes possível, sendo que os
artigo, será analisada a biomecânica em pr ótese parcial fi xa, implantes devem estar unidos através de uma barra rígida8.
união entre dentes naturais a implantes e associação de prótese No ano seguinte, avaliaram11 o comportamento de diferentes
parcial r emovível com implantes osseointegrados. D esta sistemas de retenção de overdentures em relação à distribuição
forma, serão abor dadas todas as possibilidades terapêuticas de estr esse. O sistema barra-clipe apr esentou uma melhor
para o tratamento do edentulismo total e par cial. D iante distribuição de for ças geradas sobr e a mucosa posterior ,
desta perspectiva, pretendemos discutir os conceitos atuais de contudo apresentou maior concentração de estresse ao redor
biomecânica como fator de risco para o sucesso e longevidade do implante.
da osseointegração. A valiaram, clinicamente, o pr ognóstico de o verdentures
mandibulares e maxilar es, retidas por um pequeno númer o
REVISÃO DA LITERATURA de implantes, utilizando dois tipos diferentes de attachments
Prótese total fixa (barra-clipe e tipo bola). Não foi encontrada diferença entre
Num trabalho pioneir o18 foram analisados os os sistemas de attachments. O s autor es concluíram que a
aspectos biomecânicos r elacionados às pr óteses fi xas perda de implantes ocorr eu, principalmente nos pacientes
implantossuportadas e a transmissão de tensão do sistema considerados como gr upo de risco, ou seja, apr esentavam
prótese-implante osseointegrados ao tecido ósseo. Ainda hoje, reabsorção severa do rebordo e qualidade óssea desfavorável,
muitos de seus conceitos são seguidos para o planejamento. combinados com inserção de implantes curtos e presença de
É consenso entre os autores que cantiléveres, excessivamente cantiléveres longos.
longos, aumentam o risco de complicações. D iante disso, Em 2003 20, av aliaram a infl uência de tr ês sistemas de
foram av aliados dois comprimentos de cantilév eres (≤15 retenção para o verdenture no desenv olvimento de estr esse
mm e >15 mm) para pr ótese fi xa sobr e implantes. O s ao r edor dos implantes. O s sistemas de r etenção av aliados
resultados demonstraram que cantilév er com comprimento foram bola/O´Ring, barra-clipe e magneto . O sistema bola
reduzido apresentaram melhor desempenho clínico quando apresentou menor transfer ência de estr esse aos implantes e
comparados com cantiléver longo17. estabilidade superior ao gr upo barra-clipe. O sistema barra-
Avaliaram15 a distribuição de estr esse na inter face implante/ clipe apr esentou ár eas de grande concentração de estr esse
tecido ósseo. Constataram que o aumento do comprimento ao redor dos implantes. Já o sistema magneto apr esentou os

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Revista Inovation Dezembro_2007.indd 26 11.08.08 20:29:40


menores valores de estr esse, contudo a pr ótese demonstrou
grande instabilidade. A utilização do sistema bola demonstr
ou
ser superior aos demais sistemas, pr omovendo melhor
estabilidade para o apar elho pr otético e uma distribuição
mais efetiva do estresse.
Através de um estudo clínico 7, com duração de 60 meses,
avaliaram as complicações protéticas em overdentures retidas
por dois implantes isolados na região anterior da mandíbula.
As falhas mais fr eqüentes foram: per da de r etenção da
cápsula de ouro, traumatismos na mucosa e a necessidade de
Figura 01. Prótese fixa inferior (tipo protocolo)
reposição dos componentes de retenção (attachments). suportada por 5 implantes; o cantiléver não deve
exceder a 15 mm.
DISCUSSÃO
Prótese total fixa
O desenho de uma pr ótese fi xa implantossuportada
compreende uma distribuição espacial para os implantes,
necessitando, na maioria dos casos, de um pr olongamento
para distal e, bilateralmente, das estr uturas pr otéticas,
denominadas cantilév eres. P ara a maxila é pr econizada a
utilização de 6 implantes com comprimentos ≥ 10 mm; já
para a mandíbula dev e-se utilizar o maior númer o possível
de implantes (cinco ou seis), evitando a utilização de Figura 02. Prótese fixa superior suportada por 6
implantes, apresentando cantiléver reduzido.
implantes curtos13. Para permitir uma distribuição uniforme
das for ças funcionais ao tecido ósseo sem sobr ecarregar a
interface implante/osso, é necessário que o comprimento do
cantilever não ultrapasse a 15 mm 17 no arco inferior (Figura
1) e, na maxila não deve ser incluído ou sua extensão deve ser
inferior a 10 mm9 (Figuras 2), devido à pobre qualidade óssea
encontrada nessa região.
A inclusão de cantilév er em pr ótese fi xa é considerada
biomecanicamente, como um impor tante fator de risco .
Diante disso, avaliaram12 o efeito da instalação de implantes Figura 03. Fratura da prótese provisória devido
na r egião posterior da mandíbula em pacientes edêntulos à falta de infra-estrutura metálica associada ao
durante 1 ano . O s autor es12 associaram maior númer o cantiléver muito extenso.
de falhas aos implantes localizados nesta r egião, sendo
o principal motiv o atribuído à defl exão, que ocorr e na
mandíbula durante os mo vimentos aber tura e lateralidade.
Portanto, quando for planejada uma modifi cação no plano
de tratamento convencional, deve-se tomar alguns cuidados
especiais, como, por exemplo, utilizar um maior númer o de
implantes nesta região ou mesmo a secção da pr ótese, a fi m
de melhorar o prognóstico dos implantes.
O material de confecção da infra-estr utura e o de ecobrimento
r
oclusal também infl uenciam, significativamente, o
comportamento biomecânico da pr ótese. P arece não ser
Figura 04. O torque aplicado desenvolve uma
válida à utilização de dentes em resina acrílica para a absorção força dentro do parafuso chamada pré-carga.
de impacto como era proposto18, sendo que esse mesmo autor O alongamento do parafuso coloca a haste e
as roscas em tensão e a recuperação elástica do
recomenda a combinação de uma estr utura em cobalto- parafuso cria a força de apertamento que mantém
cromo associada à porcelana como material de recobrimento a prótese e o implante juntos.

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oclusal16. Isto, provavelmente, significa que, a alta resistência
da infra-estr utura à tor ção r eduz o risco de sobr ecarga
mecânica nos parafusos de retenção, especialmente em infra-
estrutura com extensões em cantiléver (Figura 3).
Estudos longitudinais com pr eservação de mais 15 anos
demonstraram que pacientes r eabilitados com pr ótese fi xa
implantossuportada apr esentaram um índice de sucesso
superior a 90% 6. Ainda, segundo este mesmo autor ,o
Figura 05. Desenho overdenture mandibular
afrouxamento/fratura do parafuso está entre as complicações retida por dois implantes associados diferentes
biomecânicas mais fr eqüentes r elacionadas para as pr óteses sistemas de retenção. A - Tipo O´Ring B- Tipo
totais fixas, sendo sua causa atribuída, principalmente, à falta Barra-clip.
de passividade das estr uturas pr otéticas e a uma pr é-carga
inadequada (Figura 4).

Overdenture
O tratamento com overdentures pode ser considerado como
uma ex celente opção de tratamento em r elação às pr óteses
totais fi xas, em determinadas situações quando o paciente,
por limitações financeiras e biológicas (com rebordo residual
muito r eabsorvido e r elações maxilar es desfav oráveis), Figura 06. Overdenture superior suportada por 4
não pode ser submetido à modalidade de tratamento implantes unidos através de uma barra.
mais complexa 1. N estes casos a indicação de o verdenture
proporcionaria uma significativa melhora nas funções orais.
Estão disponíveis no mercado três sistemas de retenção para
overdenture, sendo compostos por dispositivos do tipo barra/
clipe, do tipo anel de ertenção (O´rings) e do tipo magneto, os
quais apresentam um comportamento biomecânico diferente
entre si4. O sistema tipo bola, por ser maisesiliente,
r permite à
prótese movimentos limitados nos sentidos ântero-posterior,
lateral e intr usivo, já o magneto, apr esenta movimento em
todas as direções e, no sistema de retenção barra-clipe, apenas
o movimento ântero-posterior é observado.
A pr esença de múltiplos implantes unidos atrav és de uma
barra rígida apr esenta uma melhor distribuição de tensões
entre implantes e tecido ósseo 8. Contudo, trabalhos mais
recentes, utilizando strang gauge e análise por elemento nito,

demonstram que o sistema tipo bola fav orece a distribuição
das tensões e minimiza o mo vimento do apar elho protético
11,18
. V ários estudos1,19 foram desenv olvidos com objetiv o
de av aliar o compor tamento das o verdentures sobr e os
implantes, contudo não há evidências que um sistema seja
superior ao outro.
Em 1999 13, algumas considerações foram apr esentadas para
otimizar um corr eto planejamento, como a necessidade de
instalação de apenas dois implantes seria suficiente para reter
uma overdenture mandibular, desde que, sejam obser vados
alguns pr otocolos como paralelismo e distância entr e os
implantes (F iguras 5). J á para o verdenture maxilar dev e-se
utilizar, pelo menos, 4 (quatr o) implantes unidos por uma

28 Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

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barra rígida (Figura 6), devido ao fato dessa região apresentar
um volume e qualidade óssea desfavoráveis. Ainda, a utilização Referências Bibliográficas
de uma ampla aér ea de supor te (tuber osidade, palato,
1. Bergendal T, Engquist B. Implant-Supported Overdentures:
trígono retromolar, entre outras) é impr escindível, devendo
A Longitudinal Prospective Study. Int J Oral Maxillofac
aproximar-se à ár ea de supor te utilizada para pr óteses totais Implants 1998, 13(2):253-262.
convencionais para que o funcionamento biomecânico da
prótese seja adequado2,13. 2. Bo Rangert ME et al. Bending Overload and Implant Fracture:
Através de estudo longitudinal 7 demonstraram que as A retrospective Clinical Analsys. Int J Oral Maxillofac Implants
1995, 10(3):326-334.
principais complicações pr otéticas encontradas com
overdentures, sendo a necessidade de ativação do clipe e perda 3. Bo Rangert ME et al. Forces and Moments on Branemark
de r etenção do anel as falhas mais encontradas para cada Implants Int J Oral Maxillofac Implants 1989, 4(3):241-247.
sistema. A estabilidade da pr ótese é um impor tante fator de
satisfação para o paciente20. Por isso, é necessária a utilização 4. Bonachela WC, Rosseti PHO. Overdenture - Das Raízes
de sistemas efi cazes que otimizam a r etenção e fav oreçam a aos Implantes Osseointegrados - Planejamento, Tendências e
Inovações. 1nd ed. São Paulo: Santos; 2002.
distribuição das tensões, sendo fatores importantes para obter
longevidade no trabalho reabilitador. 5. Bryant SR, Macdonald-Jankowski D, Kim K. Does the type of
implant prosthesis affect outcomes for the completely edentulous
CONCLUSÕES arch? Int J Oral Maxillofac Implants 2007, 22(suppl):117-139.
1) P róteses totais fi xas dev em ser confeccionadas com
6. Ekelund J et al. Implant Treatment in the Edentulous
materiais com alto módulo de elasticidade, pois apr esentam Mandible: A Prospective Study on Branemark System Implants
uma melhor distribuição das forças entre os implantes. Ainda over More than 20 Years. Int J Prosthodont 2003, 16(6):602-608.
não se dev e exceder o comprimento do cantilév er, a fi m de
não sobrecarregar o conjunto; 7. Felton DA et al. Prosthetic complications in a Mandibular
Overdenture Population at 60 months. Int J Oral Maxillofac
2) Independente do sistema de retenção (Tipo Bola ou Barra/
I mplants 2005,20(3):474.
Clip) utilizado nas o verdentures, ambos apr esentam bons
resultados clínicos. A escolha por um determinado sistema 8. Glantz P-O, Nilner L. Biomechanical aspects on overdenture
parece estar associada a uma questão pessoal; treatment. J Dent 1997, 25(1):21-24.
3) Um maior índice de falhas de implantes osseointegrados
9. Kim WD et al. Occlusal considerations in implant therapy:
está r elacionado a condições limites como, por ex emplo,
clinical guidelines with biomechanical rationale. Clin Oral
rebordos, sev eramente r eabsorvidos, qualidade óssea Implant Res 2005, 16:26-35.
desfavorável, combinados com inser ção de implantes cur tos
e presença cantiléveres longos. 10. Menicucci G et al. Mandibular Implant-Retained Overdenture:
A Clinical Trial of Two Ancorage Systems. Int J Oral Maxillofac
Implants 1998, 13(6):851-856.

11. Menicucci G et al. Mandibular Implant-Retained Overdenture:


Finite Element Analsys of two Anchorage Systems. Int J Oral
Maxillofac Implants 1998, 13(3):369-376.

12. Miyamoto Y et al. Effect of the additional installation of


implants in the posterior region on the prognosis os treatment
in the edentulous mandibular jaw. Clin Oral Implant Res
2003, 14:727-733.

13. Renouard F, Rangert B. Biomechanical risk factors. In:


Renouard F, Rangert B. Risk Factors in Implant Dentistry.
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forces on the biomechanics of implant-supported prostheses -
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INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 29

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 29 11.08.08 20:29:58


15. Sertgöz S, Günvener S. Finite element analysis of the effect of
cantiléver and implant legth on stress distribution in an implant-
suppor ted fixed prosthesis. J Prosthet Dent 1996, 76(2):165-169.

16. Sertogöz A. Finite element analysis study of the effect of


superstructure material on stress distribuition in an implant-
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17. Shackleton JL et al. Survival of fixed implant-supported


prostheses related to cantiléver lengths. J Prosthet Dent 1994,
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19. Taylor TD et al. Implant prosthodontics: Current perspective


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20. Tokuhisa M, Matsushita Y, Koyano K. In Vitro Study of a


Mandibular Impant Overdenture Retained with Ball, Magnet,
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Denture Stabillity. Int J Prosthodont 2003, 16(2):128-134.

21. Zyl PP et al. Thr ee-dimensional finite element model of a


human mandible incorporating six osseointegrated implants
for stress analysis of mandibular cantiléver prostheses. Int J Oral
Maxillofac Implants 1995, 10(1):51-57.

30 Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 30 11.08.08 20:30:01


Análise das características atuais de dentes artificiais
empregados em prótese do tipo Overdenture e
protocolo sobre implantes
Analysis of the current characteristics of artificial teeth employed in
prosthesis of the type Overdenture and records on implants
Murilo Auler e Salles1; Casiana Moleiro Alves2; Wellington Cardoso Bonachela3; Paulo Henrique
Ortolato Rossetti4

Resumo

O sucesso das próteses implanto-suportadas (overdenture e protocolo Brånemark) tem ganho significante popularidade
como opção do tratamento, devido ao desconforto gerado pela falta de retenção e estabilidade das próteses convencionais.
Além do conforto, estes pacientes buscam função e a estética nos dentes artificiais que mais se aproximam dos seus
dentes naturais. Através de uma técnica, do conhecimento básico, métodos, bom senso e limitações, o cirurgião-dentista
foi instruído nos cursos de graduação e pós-graduação a fazer uma escolha dos dentes artificiais. Baseado na expectativa
dos estudantes e profissionais, este estudo fez uma busca de revisão de literatura, buscando uma resposta quanto à
seleção de dentes artificiais baseadas pelas cartas moldes (espaço ocupado pelos dentes posteriores) de diversas marcas
existentes no mercado, comparando estes achados, ao apresentarem as sugestões sobre a largura, forma, tamanho dos
dentes e a fidelidade contida nas cartas moldes. A comparação foi realizada através da montagem dos dentes artificiais
em articuladores não ajustáveis, considerando que as informações apresentadas pelos fabricantes são imprecisas, que
podem comprometer o resultado estético e funcional da confecção da prótese implanto suportada (overdenture e
protocolo Brånemark).

Unitermos: seleção dentes artificiais; overdenture; protocolo Brånemark.

Abstract

The success on implant-supported prostheses overdenture and Brånemark protocols have won a lot of preference as a
treatment option, because the discomfort initiated by a lack of retention and stability of conventional lower dentures. Besides
comfort, these patients look for esthetics and function on their teeth, as much as possible as their own natural. Through many
ways as basic knowledge, methods, techniques, good sense and limitations, the dentists were instructed at graduate and post-
graduate schools to learn how to selection artificial teeth. Based on students and professional expectations, this work consisted
in a literature review looking for an answer about artificial teeth selection based at “chart molds” (on the available space on
posterior teeth) from different brands around the world. Comparing these findings, we presented suggestions about teeth
width, shape, size and accuracy included at “chart molds.” A comparison was performed through mounting of artificial teeth
at non adjustable articulators, considering the inexact manufacturers information’s, that can compromise teeth selection and
so, the esthetic and functional result for implant-supported prostheses overdenture and Brånemarck protocols construction.

Keywords: selection artificial teeth; overdenture; protocols Brånemark.

1. Doutorando em Reabilitação Oral FOB - USP - BAURU


2. Especialista em Prótese Dental ABCD Regional BAHIA
3. Professor Associado do Depto. de Prótese Dental FOB - USP - BAURU
4. Mestre e Doutor em Reabilitação Oral - FOB - USP - BAURU

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INTRODUÇÃO arco dental dos dentes em si, e o dentista dev e levar isso
A perda dos dentes naturais se torna dev astadora para os em consideração na fase de seleção dos dentes ar tificiais.
pacientes e sua r eposição com elementos ar tificiais com Os fabricantes tendem a usar formas básicas na produção
as próteses dentais são necessárias para a r ecuperação da dos moldes dentais com conseqüência dos pr oblemas
estética e das funções mastigatórias. P or volta da década nos diversos grupos raciais. As formas básicas disponíveis
de 1960, houve informação suficiente como modalidade podem ou não ser totalmente compatív eis para
de tratamento viável o conceito e inicio de overdenture7. determinados grupos em termos de forma e tamanho.
O uso de implantes em pacientes desdentados já é uma As técnicas existentes na seleção dos dentes anterior es
realidade a alcance na maioria dos tratamentos. O s superiores geralmente baseiam-se em dados
implantes podem ser usados ou para pr ótese fi xa ou antropométricos e r equisitos estéticos, e quanto aos
removível overdenture. posteriores (Fig. 3), requisitos da função da mastigação.
Independente do tipo da pr ótese, é identifi cado que Muitos err os na escolha dos seis dentes anterior es
há uma necessidade de manutenção se a r estauração ocorrem devido ao fato de algumas car tas-moldes
protética permanece completamente em função 5. E m apresentarem a largura dos dentes descritos em r eta
qualquer tratamento pr otético existe a necessidade de e outras só em cur va. Q uanto à seleção dos dentes
considerar a satisfação do paciente com os r esultados posteriores por correspondência de modelos a par tir da
da apar ência natural e a função . Um aspecto ar tificial seleção dos dentes anteriores superiores na carta-molde,
ou um fracasso em satisfazer as expectativas do paciente o erro torna-se mais gritante, tendo em vista que a largura
podem comprometer sua auto-estima. demonstra-se, muitas v ezes, incompatív el, baseado
Para atingir estética tanto em o verdenture, quanto em nestas discordâncias, propomo-nos a faz er uma análise
Prótese Total e ou P rótese do tipo P rotocolo Brånemark criteriosa de marcas comerciais de dentes artificiais mais
(Fig. 2), deve-se considerar: tomada correta da dimensão usados e disponíveis no mercado nacional
vertical, o plano oclusal pr otético, linha mediana, linha
dos caninos, linha alta do sorriso, cor da gengiva artificial, REVISÃO DE LITERATURA
oclusão e com r elação à seleção dos dentes ar tificiais a Características dos dentes artificiais
forma, o tamanho e a cor,sendo que a forma e a disposição Le L AVELLE, C.L.B. (1972) 16 chamou a atenção
dos dentes tornam-se fator es fundamentais para se para o fato de que a maioria dos trabalhos a r espeito
construir um trabalho em prótese com características que de dimensões dentárias encontrados na literatura
mais se aproximem da condição natural. havia sido r ealizada com indivíduos brancos, não
A estética dental é um assunto que envolve vários fatores havendo informações sobr e outras raças. F rente a isso,
que, em conjunto, pr oporcionam harmonia com o desenvolveu um estudo com o objetiv o de comparar
restante da face. Na seleção dos dentes artificiais, a escolha a largura dos dentes superior es e inferior es entr e tr ês
das larguras mesio-distais é um fator determinante para diferentes gr upos sociais. F oram selecionados modelos
se pr omover uma r elação harmônica entr e o r osto do de gesso superiores e inferiores de 120 indivíduos, sendo
paciente e o seu sorriso . Frush, J.P.; Fisher, R.D. apud 40 brancos, 40 negr os africanos e 40 mongóis, com
CASTRO Jr., HVANOV, Z.V.; FRIGÉRIO, M.L.M.A. idade de 18 e 28 anos, que possuíam pelo menos todos
(2000)3 abor daram brilhantemente fator es como sex o, os dentes permanentes até primeir os molares, ausência
personalidade e idade. Quanto ao sexo, mencionaram de atrição, de cáries, de tratamento or todôntico e com
que os contornos arr edondados dos ângulos incisais, relacionamento anter o-posterior de molar es normal.
produzindo efeito esférico nos incisiv os centrais As dimensões dentárias foram maior es nos homens do
e laterais superior es, se harmonizam com o sex o que nas mulher es nos tr ês gr upos raciais. O s negr os
feminino, enquanto que os ângulos r etos pr oduzem apresentaram dentes mais largos que os brancos, tanto
efeito cubóide nesses mesmos dentes que harmonizam para o ar co superior quanto para o ar co inferior, e os
com o sexo masculino . Pacientes de difer entes grupos mongóis ocuparam uma posição intermediária. As
étnicos apr esentam v ariações no tamanho e forma do larguras médias obtidas para o incisiv o central superior

32 Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 32 11.08.08 20:30:07


foram: (a) negr os = 9,33mm (homens) e 9,21mm
(mulheres); (b) mongóis = 8,57mm (mulher es) e (c)
brancos = 8,79mm (homens) e 8,54mm (mulher es).
As somatórias das larguras dos seis dentes anterior es
mostraram, para homens e mulher es, respectivamente,
os seguintes v alores: 50,52mm e 49,80mm no gr upo
dos negr os; 47,46mm e 46,72mm para os mongóis e
45,28mm e 44,20mm para os brancos. A por centagem
de recobrimento do incisivo central inferior pelo incisivo Figura 01.
central superior foi maior nos brancos (30,8% para os
homens e 30,4% para as mulher es), fi cando os negr os
em posição intermediária (28,6% para os homens e
27,4% para as mulheres).
Em 2001, Kawauchi apud VARJÃO F .M. (2003) 21
pesquisou as mar cas comer ciais de dentes ar tificiais
existentes no mercado nacional, para a seleção daquela
mais compatív el com a r ealidade anatômica dental
da população brasileira. F oram selecionados 105 Figura 02.
indivíduos brasileir os com idade média de 28 anos,
sendo 36 do sex o masculino e 69 do sex o feminino .
De cada indivíduo, foi obtido um modelo de gesso da
arcada superior a partir de moldagem com alginato. No
modelo, foi inicialmente medida a largura em curva dos
seis dentes anterior es, da face distal de um canino ao
outro, utilizando-se uma r égua fl exível apoiada sobr e
o ter ço apical dos dentes. A seguir , foi mensurado o
comprimento do incisivo central superior esquerdo com Figura 03.
um paquímetr o digital. O s modelos foram divididos
de acor do com a forma dos dentes em tr ês gr upos:
modelo com forma de dente quadrada, triangular e
ovais. N a seqüência, foram calculadas as médias do
comprimento dos incisiv os centrais e das larguras dos
seis dentes anteriores para cada grupo e as mesmas foram
comparadas às r espectivas medidas informadas pelos
fabricantes das seguintes mar cas comer ciais: “ Trilux”,
“SR Antaris” (Ivoclar) e “Trubyte Biotone” (Dentsply).
Os dados foram subdivididos quanto à forma dos
Figura 04.
dentes (tanto ar tificiais como naturais) e foi analisada
a corr elação entr e as medidas do incisiv o central e da
largura dos seis anteriores (dentes naturais). A forma de
dentes quadrada estev e presente em apr oximadamente
42% dos indivíduos, nos quais a largura média dos
seis anteriores foi 52,9mm e comprimento do incisiv o
central foi 11,8mm. E m apr oximadamente 28% dos
indivíduos, ocorr eu a forma de dentes triangular e os Figura 05.

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seguintes valores foram obtidos para a largura dos seis cor da pele têm sido propostos como auxílio na seleção
anteriores e comprimento incisiv o central: 52,9mm de dentes ar tificiais, e numer osos métodos têm sido
e 10,4mm, r espectivamente. A forma de dentes o val dispostos na av aliação de fator es estéticos confi áveis
mostrou-se pr esente também em apr oximadamente para a seleção de dentes em pacientes desdentados,
28% dos casos. A largura dos seis anteriores foi 53,8mm especialmente em brancos. As informações são bastante
e o comprimento do incisiv o central foi 10,5mm. E m limitadas especialmente na r elação entr e seleção de
relação à medida da largura dos seis dentes anterior es, dentes artificiais, idade, sexo e cor da pele em negros.
a mar ca comer cial que mais se apr oximou dos dentes FUEKI et al. 10 em 2007 determinaram que o númer o
dos indivíduos estudados foi a “ Trubyte B iotone” de estudos numa r evisão de literatura em per formance
(principalmente o modelo 3P), por ém ela apr esentou mastigatória tem sido conduzido em pacientes com
dentes de dimensões menores que as dos dentes naturais. vários númer os de planejamentos de pr ótese r etida
Quanto ao comprimento do inciso central, na forma ou supor tada por implantes, numa evidência de
quadrada, o dente ar tificial que mais se apr oximou dos alto nív el de v antagens limitadas pela per formance
naturais foi da mar ca “SR Antaris” (modelo A69) que, mastigatória das pr óteses r etidas ou supor tadas por
no entanto, na distância inter caninos foi menor que as implantes sobr e as pr óteses totais conv encionais. O
demais marcas. Na forma triangular, a marca que mais objetivo do benefício na per formance mastigatória das
se apr oximou foi a “ Trilux” (modelo F4) e, na o val, próteses r etidas ou supor tadas por implantes sobr e as
duas marcas apresentaram o comprimento do incisiv o próteses totais conv encionais tem sido fundamental
coincidente com a média dos dentes naturais: “ Trubyte para mandíbulas com pr ótese retida ou supor tada por
Biotone” (modelo 3P) e “Trilux” (modelo E4). implantes em pacientes edêntulos com mandíbulas
OKAWA, M.S. (2005) 18 avaliou o tamanho de dentes reabsorvidas e/ou dificuldade de adaptação das próteses
naturais anterior es e posterior es superior es de 119 totais convencionais.
pacientes através da aferição da largura e da altura dos
dentes em modelos de gesso das ar cadas superior es, Teorias e técnicas de seleção
utilizando um paquímetr o digital. As medidas obtidas FRUSH E FISCHER (1955) 9 foram fundador es da
foram comparadas às dimensões dos dentes ar tificiais Academia D ental S uíça, que tinha como objetiv o
mais utilizados no mer cado brasileiro. Observando-se, desenvolver estudos sobr e a estética em pr ótese total.
aproximadamente 48% dos incisivos centrais superiores Esta escola, denominada Dentogênica, enfatizava que as
naturais possuem largura maior que 9,0mm. E m regras de estética fossem utilizadas apenas como guias,
contrapartida, somente 14,28% dos incisiv os centrais pois era essencial a individualização e adequação das
superiores artificiais analisados possuíam essa dimensão. mesmas quanto à idade, personalidade e ao sexo, e que a
Aproximadamente 64%dos indivíduos da pesquisa idade avançada do paciente deveria ser apropriadamente
possuíam o dente 14 com largura maior que 7,0mm. incorporada atrav és da cuidadosa seleção dos dentes
Nas cartelas de dentes aferidas, encontrou-se apenas um quanto à forma, cor e caracterização. Segundo o critério
modelo com a dimensão mesiodistal superior a 7,0mm, dos autor es, a pr ótese só era considerada dentogênica
largura menor que a da média da população (7,28mm). caso obedecesse aos seguintes critérios: o usuário da
Aproximadamente 74% dos primeir os molar es prótese deveria ter plena sensação de bem-estar ao usá-
superiores naturais possuíam comprimento menor la; obser vando-se a pr ótese na boca do paciente, esta
que 7,0mm. S omente um modelo ar tificial apresentou deveria estar completamente integrada a sua face, de
comprimento menor que 7,0mm. A adequação das forma que seu sorriso incorporasse sua personalidade. O
dimensões dos dentes ar tificiais facilitaria a montagem profissional que confeccionasse a prótese deveria sentir-se
dos dentes e traria a estética almejada ao por tador de completamente satisfeito após a instalação no paciente.
reabilitações protéticas. LA VERE et al. (1994) 15 compararam as dimensões
ESAN, T.A.; OL USILE, A.O.; AKEREDOL U, P .A mésio-distais dos seis dentes anterior es superior es
(2006)6 reportam que vários fatores como idade, sexo, e naturais de estudantes de odontologia com as larguras

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de dentes ar tificiais para pr óteses pr oduzidos por seis serem r eabilitados com pr ótese totais. F oram obtidos
diferentes fabricantes. P articiparam do estudo 488 os modelos funcionais e r espectivas bases de pr ova, em
indivíduos, sendo 60% brancos, 35% descendentes cujos planos de cera foram assinaladas a linha mediana
de asiáticos e 5% de outras etnias (espanhóis, negr os e do rosto, a linha alta do sorriso e as linhas dos caninos,
índios americanos). Os dentes anteriores foram medidos sem, no entanto, ser descrita a técnica. O s modelos e
pela super fície v estibular, tendo como r eferência os os planos de orientação foram duplicados, obtendo-se
pontos mais distais dos caninos, utilizando-se, para réplicas de ambos. S obre as r éplicas dos planos, foram
isso, uma r égua fl exível. O s v alores obtidos foram montados os dentes ar tificiais e confeccionadas as
então comparados com os fornecidos pelos fabricantes, próteses. E m cada r éplica dos modelos, foi assinalada
adicionando-se de 4 a 7mm às mar cas comerciais cujas à lápis a papila incisiv a e, do ponto central da mesma,
dimensões dos dentes eram fornecidas em linhaeta, r para traçada uma linha transv ersal, paralela à linha mediana
adequá-las às mensurações realizadas em curva. A largura do arco dental, prolongando-se além do sulco gêngivo-
média obtida para os seis dentes anterior es naturais labial de ambos os lados. A base de pr ova com o plano
foi 53,5mm para os homens (v alores limites entr e 35 de orientação original foi posicionada sobr e a r éplica
e 69mm) e 51,4mm para as mulher es (v alores limites do modelo, e a linha transv ersal traçada nele foi
entre 33 e 60mm) (F ig. 4), enquanto a largura média transposta para ambos os lados do plano de orientação,
obtida para os dentes artificiais dos diferentes fabricantes paralelamente à linha dos caninos já mar cada. E m
foi 49,4mm (mínimo de 40 e máximo de 61mm). Ficou seguida, duas matrizes de celulóide foram adaptadas na
demonstrado que os modelos dos seis dentes anterior es conformação vestibular do plano de cera (uma de cada
artificiais disponíveis são pr edominantemente menores vez), recortadas na altura das marcações e posteriormente
em tamanho do que os dentes naturais da população . colocadas sobr e uma placa de vidr o para que fossem
A maioria dos modelos apr esentou tamanho de dentes medidas a distância compr eendida entr e as linhas dos
que corr esponderam apenas a 22,5% dos dentes da caninos e a distância compr eendida entre as linhas da
população estudada. papila, utilizando-se, para isso, um paquímetr o. Para a
De acordo com BASSO, M.F .M.; NOGUEIRA, S.S.; análise dos resultados, os rebordos foram classificados em
LOFFREDO, L.C. (2005)1 a seleção dos dentes ar tificiais quadrado, ovóide e triangulares. Nos rebordos de forma
para pr óteses totais pode ser dividida em: seleção dos quadrada, a difer ença entre a distância, entr e as linhas
dentes artificiais anteriores e seleção dos dentes artificiais dos caninos e a distância entre as linhas da papila foi de
posteriores (F ig.5). A seleção dos dentes anterior es 3,71 mm. Nos rebordos ovóides, a diferença foi de 4,8
está primariamente associada a r equisitos estéticos e a mm e, nos triangular es, 9,93 mm. Considerando-se o
seleção dos posteriores a requisitos da mastigação. Para tamanho da amostra, para que fosse possível a obtenção
a seleção dos dentes artificiais anteriores, dentes naturais da porcentagem de casos aplicáveis, foram selecionados
remanescentes e r egistros pr é-extração (tais como ao acaso mais 181 modelos desdentados totais, os
modelos de gesso e fotografi as), são as fontes primárias quais foram classifi cados de acor do com a forma do
de informação para uma r eabilitação pr otética que se rebordo alveolar. Foram encontrados 63 modelos com
aproxime das características naturais do paciente. forma de r ebordo triangular (34,8%), 65 com forma
Na ausência dos dentes naturais e de r egistros pr é- quadrada (35,91%) e 53 com forma o vóide (29,28%).
extração, a seleção dos dentes anteriores para prótese total A somatória das por centagens dos ar cos quadrados e
torna-se um pr ocedimento complex o, o qual apr esenta ovóides resultou em aproximadamente 65%. Com isso,
considerações psicológicas e dentais que são influenciadas a autora concluiu que o método de seleção dos dentes
pelos valores sociais, de saúde e juventude. artificiais anteriores baseado na papila incisiv a somente
Com o objetiv o de v erificar a aplicação da técnica pode ser aplicável em nosso meio para ar cos quadrados
proposta por Schiff man (1964), TAMAKI (1965) 20, e ovóides, ou em 65% dos casos, não sendo aconselhada
estudou 20 indivíduos brancos desdentados totais com a aplicação da técnica em arcos triangulares.
idade média de 44 anos (9 homens e 11 mulher es), a Segundo VARJÃO, F.M. (2003) 21 o fato dos métodos

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de seleção dos dentes ar tificiais ser em largamente método lev a, em média, à seleção de dentes ar tificiais
baseados em gr upos de indivíduos brancos é objeto maiores que os naturais em indivíduos brancos, par dos
de crítica na literatura. O bservando-se a composição e negros; b) o tamanho dos dentes anterior es indicado
da sociedade brasileira atual, depr eende-se claramente pelo método do centr o da papila incisiv a suger e que
que as conclusões dos trabalhos r elativos aos métodos este método apr esenta melhor compor tamento para
de seleção de dentes ar tificiais para pr óteses totais, indivíduos brancos, pardos e negros. Método da margem
constantes na literatura não podem ser entendidas posterior da papila incisiva: a) a aplicação deste método
como válidas para a totalidade da população de nosso leva, em média, à seleção de dentes ar tificiais maiores que
país, a qual é constituída por raças puras e também os naturais em indivíduos brancos, par dos e negros; b)
miscigenadas. De acordo com a P esquisa Nacional por o tamanho dos dentes anteriores indicado pelo método
Amostra de D omicílios de 2001, r ealizada pelo IBGE, da margem posterior da papila incisiv a sugere que este
a população brasileira está constituída de 53,4% de método é inadequado para indivíduos brancos, par dos
brancos, 40% de par dos ( mulatos, cafuz os, caboclos, e negros, porém pode traz er algumas informações que
mamelucos e mestiços de negr os com pessoas de podem ser úteis no processo de seleção.
outras raças), 5,6% de negr os e 0,6% de outras etnias. BASSO, M.F .M.; NOGUEIRA, S.S.; L OFFREDO,
Mediante este quadr o, realizou-se trabalho para av aliar L.C. (2005) 1 o sucesso da escolha dos dentes ar tificiais
em indivíduos per tencentes a tr ês gr upos raciais da anteriores baseia-se em fator es inter dependentes, tais
população brasileira - brancos, negr os e par dos, o como os conhecimentos científicos do cirurgião-dentista,
comportamento dos seguintes métodos utilizados para as aspirações do paciente, as limitações dos pr odutos
a seleção da largura dos dentes ar tificiais anteriores existentes no mercado, entre outros. Tendo em vista os
superiores em pr ótese total: M étodo da largura nasal; fabricantes serem diretamente responsáveis pelos dentes
Método da projeção das comissuras bucais; Método do artificiais em oferta no mercado, não se pode deixar de
centro da papila incisiva e Método da margem posterior levar em consideração o relevante papel desempenhado
da papila incisiv a. Conclui-se que: M étodo da largura por eles. A confiabilidade das informações dos fabricantes
nasal: a) a largura nasal apr esenta uma baixa correlação a respeito de seus produtos apresenta-se como uma das
com a distância intercuspídea dos caninos em indivíduos condições básicas para o corr eto desenv olvimento do
brancos, pardos e negr os; b) a aplicação deste método processo de seleção. No que se diz respeito ao tamanho
leva, em média, à seleção de dentes ar tificiais maiores e à forma dos dentes ar tificiais, as informações são
que os naturais em indivíduos brancos, pardos e negros; fornecidas em tabelas de modelos, sendo que, via de
c) o tamanho dos dentes anterior es indicado pelo regra, cada mar ca comercial possui modelos de dentes
método da largura nasal suger e que este método pode com tamanhos e formas únicos e característicos, criados
trazer algumas informações que auxiliem no pr ocesso pelos fabricantes e identificados pelos mesmos de acordo
de seleção dos dentes ar tificiais para brancos, por ém com sua própria conveniência comercial, não existindo
é totalmente inadequado para indivíduos par dos ou em princípio, modelos idênticos em tamanho, forma
negros. Método da projeção das comissuras bucais: a) a e denominação entr e difer entes mar cas comer ciais.
distância em curva entre as comissuras bucais apresenta Contrariando esta característica, a obser vação das
uma baixa corr elação com a distância em cur va entr e tabelas de modelos de dentes ar tificiais anterior es das
as distais dos caninos em indivíduos brancos, par dos e macas Trubyte Biotone (Dentsply Indústria e Comércio
negros; b) a aplicação deste método lev a, em média, à Ltda., Petrópolis, RJ) e Vipi Dent (Dental Vipi Ltda.,
seleção de dentes artificiais menores que os naturais em Indústria e Comér cio de M aterial O dontológico,
indivíduos brancos, pardos e negros; c) o tamanho dos Pirassununga, SP) possuem quatorze modelos similares
dentes anteriores indicado pelo método das comissuras de dentes anterior es superior es. D iante deste fato,
bucais suger e que este método é inadequado para realizou-se o estudo que tev e como objetiv os: Verificar
indivíduos brancos, pardos e negros. para as marcas comerciais em questão se o tamanho dos
Método do centro da papila incisiva: a) a aplicação deste incisivos centrais superiores produzidos corresponde ao

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informado na tabela de modelos, e v erificar se existe maior que o dente natural do individuo . E ntretanto,
igualdade da largura em linha reta dos dentes anteriores os autor es afi rmavam que era sempr e melhor optar
superiores, r epresentada pelo somatório das larguras por um dente ar tificial maior ao inv és de um modelo
médias dos dentes em questão, entr e os modelos de com dimensões menor es, isto por que esta era o dente
mesma denominação, produzidos pelas marcas Trubyte mais proeminente do arco quando visto frontalmente, e
Biotone e Vipi D ent. O s dentes foram obtidos no portanto, o uso do aparelho associado a outros métodos
mercado e um paquímetr o digital foi usado para as de seleção era válido.
mensurações (em mm). N o experimento 1, para cada No mesmo ano, LA VERE et al. (1992b)14 relacionaram
marca, altura e largura dos incisiv os centrais superiores a largura e comprimento do incisiv o central superior
foram mensurados e os dados de cada dimensão com a largura e comprimento da face de 488 estudantes.
comparados pelo teste t de S tudent ( α= 0,05), com As medições dos dentes foram r ealizadas em modelos
o v alor informado pelo fabricante. N o experimento de gesso dos ar cos de cada indivíduo e as medições
2, a largura dos modelos com mesma denominação faciais obtidas através do uso do sistema Trubyte Tooth
de ambos os fabricantes (modelos 2D, 3D, 133, 3M, Indicator. O s r esultados mostraram que o uso do
2N, 3N, 2P, 3P, A23, A25, A26, 263, 264, 266) foram sistema em questão resultava na escolha de um modelo
também mensuradas e os dados comparados pelo teste de dente ar tificial 1mm maior tanto em largura como
t. A partir dos resultados obtidos, conclui-se que apesar em comprimento em relação ao dente natural.
dos modelos das marcas comerciais estudadas indicarem MIRAGLIA, S. S.; FREIT AS, K.B.; P INTO, J.H.N.
o mesmo tamanho para modelos com denominação (2002)17 no que diz r espeito às teorias existentes para
igual os dentes da Vipi D ent são menor es que os da a seleção de dentes ar tificiais, reportam que Williams,
Trubyte Biotone. no início do século, apr esentou uma no va forma de
SELLEN, PHIL E JAGGER (1998) 19 descreveram um classificação das formas dentais e um no vo sistema de
método de análise estética atrav és de um pr ograma de dentes ar tificiais. Associav a as formas da face à forma
computador que considera a forma da face, a forma dos dentes, classificando-os nas “formas fundamentais”:
do ar co, o contorno palatal e a forma dos dentes e quadrado, triangular e ovóide. Considerando ainda que
determinam, atrav és destes quatr o fator es, as r elações pudesse haver variações dessas formas devido à mistura
existentes entr e dentes, ar co, face e contorno palatal. racial, deixando a cargo do cirurgião dentista a tarefa de
Os autor es encontraram 22% de corr espondência tentar harmonizá-las, durante o tratamento protético.
entre forma da face e forma dos dentes, 28% de KIAUSINIS MD et al (2006)11 reportam que pacientes
correspondência entre forma de ar co e a face, 24% de de diferentes grupos étnicos e raciais apr
esentam variações
correspondência entre forma de arco e a de dente e 32% no tamanho e formato do arco dental e dos dentes em si,
de correlação entre a forma do ar co e a do dente. E les e o dentista deve levar isso em consideração na hora da
concluíram que a corr elação entre as formas de dente, seleção dos dentes ar tificiais da pr ótese. Os fabricantes
face e ar co são estatisticamente insignifi cantes. Através tendem a usar formas básicas na pr odução dos moldes
da aplicação de alta tecnologia deste método de análise, dentais e isso v em causando pr oblemas nos div ersos
não foi melhorada a técnica para determinar a forma e o grupos raciais. As formas básicas disponív eis podem
tamanho dos dentes de pacientes edêntulos. ou não ser totalmente compatív eis para determinados
Na intenção de av aliar a v eracidade do sistema de grupos em termos de forma e tamanho . Além disso, as
seleção de dentes artificiais Trubyte Tooth Indicator, LA marcas comer ciais de dentes ar tificiais disponív eis no
VERE et al. (1992a) 13 realizaram um estudo com 488 Brasil se baseiam na corr elação face-forma do dente
estudantes de odontologia onde compararam o v alor para produzir os seus modelos, o que, segundo alguns
do incisiv o central superior atrav és de medições em pesquisadores, pode ser v álido para pacientes eur opeus
modelo de gesso com uso de paquímetro. Os resultados e americanos, mas que no nosso caso torna-se imprópria
mostraram que o uso deste apar elho na maioria dos devido à miscigenação racial em nosso país, que traz
casos resultava na seleção de um tipo de dente ar tificial modificações mar cantes no po vo brasileir o, sobr etudo

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em sua formação física e sociocultural. modelos L23, L51, L81, L99, A47, A58, A85, P26,
FROSSARD, M. et al. (1998) 8 consideram o conceito P33, P40. As medidas fornecidas pelo fabricante
de estética amplo, às v ezes, subjetivo, e que o dentista através da car ta molde foram descar tadas. O s dentes
não é totalmente livr e para criar , dev endo pois artificiais de cada fabricante foram medidos da seguinte
respeitar os limites impostos pela natur eza. Os autores forma: para determinar a largura de cada dente, tomou-
buscaram o estabelecimento de normas de estética, se como r eferência a maior distância mésio-distal da
bem fundamentadas, para a análise correta dos fatores a coroa dental e para determinar o seu comprimento
serem incorporados, sem, entretanto, inibir os aspectos foi usada a medida entr e o limite esmalte-dentina e o
próprios de per cepção tão necessários ao pr ofissional. ponto mais evidente do bor do incisal do mesmo . Para
Para determinar a largura dos dentes ânter o-superiores que não houv esse inter ferências durante as medições
na seleção dos dentes ar tificiais, estudou-se 120 com o paquímetro, cada dente a ser medido era retirado
indivíduos, metade dentados e os demais por tadores da car tela original e fi xado individualmente em uma
de dentaduras completas, entr e outras características, cartela vazia, de forma que ficasse sozinho e com as faces
a largura do nariz em r epouso e sua r elação com a a ser em medidas livr es. A largura total linear dos seis
distância intercaninos, medida de cúspide a cúspide, em dentes anteriores foi obtida somando-se os v alores das
linha reta. Com base nos resultados, conclui-se que não larguras individuais de cada um dos dentes anterior es.
é adequado estabelecer a corr elação entre a largura do A par tir da comparação entr e os v alores dentais dos
nariz em repouso e a distância inter caninos, medida de indivíduos da amostra com os v alores dentais dos
cúspide a cúspide em linha r eta. Existem dentados nos modelos de dentes ar tificiais de cada fabricante,
quais a largura dos seis dentes ântero-superiores é maior baseou-se este estudo que também determinou para
que a medida máxima dos dentes ar tificiais disponíveis cada modelo ar tificial ser considerado compatív el com
no mercado. determinado gr upo de indivíduo; ele dev eria possuir
KIAUSINIS, MD (2005) 12 estudou a largura dos um valor que variasse entre - 0,5 = x = + 0, 5, sendo x
seis dentes anterior es superior es de 121 estudantes de correspondente ao v alor do gr upo em questão . Foram
odontologia para determinar quais modelos e qual realizados testes também para saber se a largura média
marca de dentes ar tificiais seriam os mais adequados. dos seis dentes anterior es era igual ou difer ente entr e
As ar cadas dentais completas foram pr eviamente homens e mulheres e se haviam difer enças na largura e
moldadas com alginato e vazadas com gesso especial na comprimento dos dentes número 11 e 21, 12 e 22 e, 13
parte oclusal e gesso pedra na base. Para a realização das e 23. O teste detectou não existir diferença entre sexos da
medições foi utilizado um paquímetro digital da marca largura média linear dos seis dentes superior es anteriores.
Whitworth da seguinte forma: para determinar a largura Dentro da metodologia empr egada na pesquisa dos
individual dos dentes (dimensão mésio-distal), os pontos resultados obtidos, concluiu-se que: 1) as dimensões
de contato foram usados como ponto de r eferência. Já dentais são muito similar es quando comparadas aos
o comprimento dos dentes (dimensão cér vico-oclusal), hemi-arcos para ambos os sex os; 2) a largura linear
foi av aliado usando como r eferência a distância entr e total dos seis dentes naturais anterior es superior es é
a margem gengiv al e o ponto mais evidente da incisal equivalente entre os sex os masculino e feminino; 3) os
da cor oa dental. A largura total linear dos seis dentes dentes artificiais são fabricados predominantemente em
anteriores superior es foi determinada atrav és da soma tamanhos pequenos enquanto que os dentes naturais
da medida individual de cada um dos dentes. F oram são pr edominantemente mais largos; 4) as opções de
avaliadas os modelos das seguintes mar cas: Trubyte dentes artificiais para pacientes que r equerem modelos
Biotone (D entsplay) modelos 2D, 3D, 2N, 2P , A23, largos são extremamente limitadas e em alguns casos até
A25,A26, 3M, 3N, 3P , 263, 264, 266; Trilux ( VIPI) mesmo inexistentes; 5) nenhuma das mar cas de dentes
modelos E1, E2, E3, E4, E5, F3, F4, G3, H3, H4; artificiais analisadas no estudo se mostr ou compatív el
Biolux (VIPI) modelos V12, V13,V14,V15, V17, V21, com as necessidades r eais dos indivíduos brasileir os
V22, V4B,V32,V36,V66,V68 e Ar tiplus (D entsplay) em r elação à largura dos dentes anterior es superior es;

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6) devido à falta de opção do mer cado os cir urgiões- com as car tas-moldes r espectivas. F oi analisada a
dentistas tendem a selecionar dentes menor es que os porcentagem ocupada pelos 6 dentes anterior es em
naturais para os por tadores de pr ótese total, tanto no relação à largura do 1º molar ao 1º molar . Somou-se a
sexo masculino como no feminino, o que pelo menos em largura de cada modelo anterior com a largura do modelo
parte, é r esponsável pela apar ência artificial da pr ótese posterior correspondente, indicado pela carta-molde do
total; 7) existe a necessidade de se conscientizar , tanto fabricante (no caso do Biotone, para um mesmo modelo
os técnicos de laboratório como os cirurgiões-dentistas, anterior, às v ezes indica-se dois modelos posterior es;
da importância da correta seleção dos dentes anteriores nesses casos, por ém, calcula-se as duas possibilidades),
superiores ar tificiais para pr ótese total no sentido de resultando em 32 combinações para o Biotone, 10 para
selecionar um modelo adequado para cada indivíduo e o Trilux e 32 para o I voclar. F oram feitas as análises
ao mesmo tempo, pr essionar os fabricantes para criar descritivas da por centagem da largura ocupada pelos
ou adaptar um maior númer o de dentes ar tificiais ao 6 dentes anterior es em r elação à largura dos 12 dentes
padrão brasileiro. (do primeir o molar ao primeir o molar). A seguir ,
Devido à impor tância das car tas-moldes na seleção para verificar diferenças entre os tr ês gr upos, utilizou-
dos dentes ar tificiais, CASTRO Jr., O.V.; FRIGÉRIO, se o teste Kr uskal-Wallis. Q uando foram detectadas
M.L.M.A (2005) 4 desenv olveram um estudo para diferenças, utilizou-se o teste de comparações múltiplas
avaliar a pr ecisão das medidas de larguras em car tas- de Dunn. O nível de significância foi de 5% e os pacotes
moldes, tendo em vista que na seleção dos dentes estatísticos utilizados foram da ST ATISTICA 5.0 for
artificiais, a escolha das larguras mesiodistais é um fator Windows. As larguras dos dentes da mar ca comer cial
determinante para se promover uma relação harmônica Ivoclar, apresentadas na sua carta-molde, demonstraram
entre o rosto do paciente e o seu sorriso. Os seis dentes uma grande fi delidade quando comparadas às larguras
anteriores maxilar es, devido à sua maior visibilidade mensuradas dos dentes artificiais, sendo que as diferenças
durante o sorriso, são os mais importantes nesta seleção, encontradas não foram clinicamente signifi cantes.
pois, por meio da sua largura, as cartas-moldes indicam Porém, as car tas-moldes das mar cas B iotone e Trilux
as larguras dos outr os dentes corr espondentes. N a apresentaram v ariações que podem compr ometer
confecção dos dentes ar tificiais, a pr ecisão da matriz, clinicamente a estética, necessitando mais pr ecisão
contração de polimerização e a r emoção de ex cessos em suas informações. A car ta-molde da I voclar indica
podem alterar as larguras mesiodistais dos dentes, dentes posterior es corr espondentes com o modelo
quando comparadas com as larguras fornecidas nas anterior selecionado, sendo mais largos do que o das
cartas-moldes dos fabricantes. Desta forma, analisaram- outras marcas estudadas.
se três marcas de dentes artificiais bastante utilizadas no
mercado brasileir o (B iotone, Trilux, I voclar). A car ta- MATERIAIS E MÉTODO
molde da mar ca B iotone apr esenta os v alores dos seis A par tir da r evisão literária a r espeito da ev olução,
dentes anteriores maxilares em curva, mas não menciona características e técnicas de seleção dos dentes artificiais,
que curva é esta e nem tampouco indica a largura dos obteve-se subsídios para avaliar informações nas cartas-
dentes em reta. Já as marcas Ivoclar e Trilux apresentam moldes sobre o espaço ocupado pelos dentes posteriores
somente os v alores em r eta. O objetiv o desse estudo de marcas existentes no mercado brasileiro, e comparar
foi o de conferir a pr ecisão das medidas das larguras estes achados à montagem de dentes ar tificiais em
dos dentes anteriores em reta, mencionadas nas car tas- curva, em pequenos ar ticuladores, já que informações
moldes da Ivoclar e Trilux, e de determinar as larguras imprecisas sobre os seus tamanhos podem comprometer
dos dentes anteriores em reta da carta-molde da Biotone, o resultado estético e funcional final.
comparando-as com as medidas mencionadas em curva.
Através de mensurações individuais com paquímetr o Materiais
digital, os v alores obtidos da largura dos modelos 1. Car tas-moldes das mar cas comer ciais Trilux®
anteriores da marca Trilux e Ivoclar foram comparados (Ruthibras Imp. Exp. e Com. de Prod. Odontológicos),

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Artiplus® (D entisplay I ndústria e Comér cio Ltda,
Petrópolis-RJ), SR O rthosit P E® (I voclar/Vivadent
Ltda,Liechtenstein), G nathostar® (I voclar/Vivadent
Ltda,Liechtenstein), B iolux® (D ental Vipi Ltda. I nd.
Com. De Prod. Odontológicos, Pirassununga-SP);
2.Um paquímetro manual;
3.Dentes artificiais posteriores correspondentes às marcas
comerciais das car tas-moldes citadas anteriormente
montados em pequenos articuladores. Sendo: Figura 06. Modelo Trilux (M5).

• Um modelo Trilux (M5)(figura 6);


• Um modelo Artiplus (O36 /U36) (figura 7);
• Um modelo SR Orthosit PE (T4) (figura 8);
• Um modelo Gnathostar (D88) (figura 9);
• Um modelo Biolux (P4) (figura 10).

Método
As mensurações dos dentes ar tificiais posteriores Figura 07. Modelo Artiplus (O36/U36).
montados em pequenos articuladores foram realizadas
apoiando-se o paquímetr o manual na face mesial e
distal mais pr oeminente (obser vando-se o dente por
oclusal). Três mensurações foram r ealizadas e as duas
menores desprezadas. Os valores obtidos da largura dos
dentes em polegadas foram convertidos em milímetros
(1 pol. (n.i) = 25,4mm). Somou-se a largura individual
de cada dente artificial por modelo e, o valor obtido a
partir da montagem em cur va, foi comparado com os
Figura 08. Modelo SR Orthosit PE (T4).
valores das medidas (mm) corr espondentes ao espaço
ocupado pelos dentes posteriores em linha, observados
nas r espectivas car tas-moldes. O s dados obtidos
(Tabelas 1 -10) foram comparados e analisados através
do Microsoft Office Excel.

RESULTADOS
Foram feitas análises descritiv as e comparativ as da
porcentagem do espaço ocupado pelos dentes posterior es Figura 09. Modelo Gnathostar (D88).
em linha fornecida pela carta-molde e do espaço ocupado
pelos dentes posteriores na montagem em curva, através
de gráficos (Gráficos 1 –10), para facilitar a visualização
e comparação entre estes valores.

DISCUSSÃO
A literatura mundial mostra-se extr emamente pobr e
em pesquisas de análise das cartas-moldes. Sabe-se que,
a escolha corr eta das larguras mesiodistais é um fator Figura 10. Modelo Biolux (P4).
determinante para se promover uma relação harmônica

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Revista Inovation Dezembro_2007.indd 40 11.08.08 20:30:27


entre o rosto do paciente eo seu sorriso. As cartas-moldes CONCLUSÃO
sugerem, por meio da largura dos dentes anterior es, a 1. U ma seleção incorr eta de dentes ar tificiais pode
largura dos dentes posteriores correspondentes. Os dentes resultar na r ejeição de pr óteses além de pr ejuízos
artificiais pr esentes no mer cado brasileir o apr esentam funcionais e estéticos. A confiabilidade nas informações
menos modelos de dentes posterior es, no que se r efere à dos fabricantes a respeito de seus produtos, a fidelidade
largura, do que dos dentes anteriores o que vem a permitir das informações contidas nas cartas-moldes, representam
que um único modelo de dente posterior seja indicado paracondições básicas para o corr eto desenv olvimento do
vários modelos de dentes anterior es. A grande variedade processo de seleção;
das formas de rebordos residuais, principalmente em um 2. Houve incoerências e discor dâncias de todas as car tas-
país de grande miscigenação como nosso, os difer entes moldes em r elação às medidas r ealizadas sobre os dentes
alinhamentos r esultantes de montagens de dentes em artificiais selecionadas realizadas com paquímetro manual.
diferentes formas de rebordo, ocupam espaços diferentes,
o que pôde ser constatado no simples estudo r ealizado:
pequenas variações do espaço a ser ocupado pelos dentes Tabela 1 - Dentes Superiores ORTHOSIT
artificiais podem acarretar prejuízos funcionais e estéticos. Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu-
BONACHELA e R OSSETTI2 em 2003 afi rmaram mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos
distal em distal em distal na pelos dentes dentes
que existem difer entes formas oclusais disponív eis no montagem montagem carta- posteriores posteriores
mercado. P orém a maioria dos esquemas oclusais em (n.i) (mm) molde em linha na em montagem
carta-molde (mm)
próteses totais foi abandonada ou desacreditada devido à (mm)
grande variabilidade e subjetividade dos testes realizados, 1PM 0.212 7,7216 - 30,3 30,2768
os quais sendo inconclusivos em relação à melhor forma 2PM 0.216 7,5438 -
oclusal cabível. E ainda, também, pode-se acr escentar a 1M 0.459 12,446 -
essa condição de uso, no qual se gera um amassamento 2M 0.305 9,9568 -
da resina e este amassamento ainda decorr e também da
ação de deformação do acrílico pela condição do próprio Tabela 2 - Dentes inferiores ORTHOSIT
peso, denominado fl uxo frio . O fato dos métodos de
seleção dos dentes ar tificiais serem largamente baseados Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu-
mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos
em gr upos de indivíduos brancos é objeto de crítica distal em distal em distal na pelos dentes dentes
na literatura. montagem montagem carta- posteriores posteriores
(n.i) (mm) molde em linha na em montagem
Observando-se a composição da sociedade brasileira atual, carta-molde (mm)
depreende-se claramente que as conclusões dos trabalhos (mm)
relativos aos métodos de seleção de dentes ar tificiais, 1PM 0.203 5,1562 - 33,5 34,3408
constantes na literatura, não podem ser entendidas como 2PM 0.289 7,3406 -
válidas para a totalidade da população de nosso país, a qual 1M 0.481 12,2174 -
é constituída por raças puras e também miscigenadas. 2M 0.379 9,6266 -
As cartas-moldes devem conter informações precisas dos
tamanhos dos dentes, sendo a fidelidade destes dados de Tabela 3 - Dentes Superiores TRILUX
extrema importância, pois as grandes v ariações podem
Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu-
levar a alterações na corr eta escolha de suas larguras. mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos
Nenhuma das car tas-moldes av aliadas apr esenta a distal em distal em distal na pelos dentes dentes
montagem montagem carta- posteriores posteriores
medida da largura mésiodistais individuais dos dentes (n.i) (mm) molde em linha na em montagem
posteriores. A penas informam o espaço ocupado pelo carta-molde (mm)
(mm)
conjunto posterior superior ou inferior. As cartas-moldes
1PM 0.282 7,1628 - 33,5 32,131
das marcas Gnathostar, Artiplus, Biolux não apresentam
2PM 0.279 7,0866 -
a largura v estíbulo-lingual dos dentes posterior es, ao
1M 0.398 10,1092 -
contrário, das marcas Trilux e SR Orthosit PE.
2M 0.306 7,7724 -

INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 41

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 41 11.08.08 20:30:31


Tabela 4 - Dentes Inferiores TRILUX Tabela 8 - Dentes inferiores GNATHOSTAR

Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu- Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu-
mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos
distal em distal em distal na pelos dentes dentes distal em distal em distal na pelos dentes dentes
montagem montagem carta- posteriores posteriores montagem montagem carta- posteriores posteriores
(n.i) (mm) molde em linha na em montagem (n.i) (mm) molde em linha na em montagem
carta-molde (mm) carta-molde (mm)
(mm) (mm)
1PM 0.286 7,2644 - 35,3 38,4556 1PM 0.345 8,763 - 35,6 39,4716
2PM 0.329 8,3566 - 2PM 0.276 7,0104 -
1M 0.494 12,5476 - 1M 0.49 12,446 -
2M 0.405 10,287 - 2M 0.443 11,2522 -

Tabela 5 - Dentes Superiores ARTIPLUS Tabela 9 - Dentes superiores BIOLUX

Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu- Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu-
mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos
distal em distal em distal na pelos dentes dentes distal em distal em distal na pelos dentes dentes
montagem montagem carta- posteriores posteriores montagem montagem carta- posteriores posteriores
(n.i) (mm) molde em linha na em montagem (n.i) (mm) molde em linha na em montagem
carta-molde (mm) carta-molde (mm)
(mm) (mm)
1PM 0.289 7,3406 - 35 36,3474 1PM 0.295 7,493 - 32 33,6042
2PM 0.322 8,1788 - 2PM 0.291 7,3914 -
1M 0.437 11,0998 - 1M 0.436 11,0744 -
2M 0.383 9,7282 - 2M 0.301 7,6454 -

Tabela 6 - Dentes Inferiores ARTIPLUS Tabela 10 - Dentes inferiores BIOLUX

Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu- Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu-
mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos
distal em distal em distal na pelos dentes dentes distal em distal em distal na pelos dentes dentes
montagem montagem carta- posteriores posteriores montagem montagem carta- posteriores posteriores
(n.i) (mm) molde em linha na em montagem (n.i) (mm) molde em linha na em montagem
carta-molde (mm) carta-molde (mm)
(mm) (mm)
1PM 0.295 7,493 - 36 39,1922 1PM 0.292 7,4168 - 35,2 39,6494
2PM 0.34 8,636 - 2PM 0.343 8,7122 -
1M 0.472 11,9888 - 1M 0.49 12,446 -
2M 0.436 11,0744 - 2M 0.436 11,0744 -

Tabela 7 - Dentes superiores GNATHOSTAR

Dente Largura Largura Largura Espaço Espaço ocu-


mésio- mésio- mésio- ocupado pado pelos Gráfico 1 - Dentes superiores ORTHOSIT
distal em distal em distal na pelos dentes dentes
montagem montagem carta- posteriores posteriores
(n.i) (mm) molde em linha na em montagem
50% Espaço ocupado pelos
carta-molde (mm)
dentes posteriores em
(mm) linha na carta molde (mm)
1PM 0.304 7,7216 - 33,5 37,6682 Espaço ocupado pelos
2PM 0.297 7,5438 - dentes posteriores em
50% montagem (mm)
1M 0.490 12,446 -
2M 0.392 9,9568 -

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Gráfico 2 - Dentes inferiores ORTHOSIT Gráfico 7 - Dentes superiores GNATHOSTAR

49% Espaço ocupado pelos 47% Espaço ocupado pelos


dentes posteriores em dentes posteriores em
linha na carta molde (mm) linha na carta molde (mm)
Espaço ocupado pelos Espaço ocupado pelos
dentes posteriores em dentes posteriores em
51% montagem (mm) 53% montagem (mm)

Gráfico 3 - Dentes superiores TRILUX Gráfico 8 - Dentes inferiores GNATHOSTAR

49% Espaço ocupado pelos 47% Espaço ocupado pelos


dentes posteriores em dentes posteriores em
linha na carta molde (mm) linha na carta molde (mm)
Espaço ocupado pelos Espaço ocupado pelos
dentes posteriores em dentes posteriores em
51% montagem (mm) 53% montagem (mm)

Gráfico 4 - Dentes inferiores TRILUX Gráfico 9 - Dentes superiores BIOLUX

48% Espaço ocupado pelos


49% Espaço ocupado pelos
dentes posteriores em dentes posteriores em
linha na carta molde (mm) linha na carta molde (mm)
Espaço ocupado pelos Espaço ocupado pelos
dentes posteriores em dentes posteriores em
52% montagem (mm) 51% montagem (mm)

Gráfico 5 - Dentes superiores ARTIPLUS Gráfico 10 - Dentes inferiores BIOLUX

49% Espaço ocupado pelos 47% Espaço ocupado pelos


dentes posteriores em dentes posteriores em
linha na carta molde (mm) linha na carta molde (mm)
Espaço ocupado pelos Espaço ocupado pelos
dentes posteriores em dentes posteriores em
51% montagem (mm) 53% montagem (mm)

Gráfico 6 - Dentes Inferiores ARTIPLUS

48% Espaço ocupado pelos


dentes posteriores em
linha na carta molde (mm)
Espaço ocupado pelos
dentes posteriores em
52% montagem (mm)

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Endereço para correspondência:
Masticatory Performance: a Systematic Reveiw. J. Prosthet.
Murilo Auler E. Salles Dent. v.98; 6; 470-477. dec.2007.
Rua Saint Martin, 28-50 - Ed. Caiapós, apto.12 - Jardim Aeroporto
11. KIAUSINIS, M.D.; YAMADA, R.N.; KIAUSINIS, V.;
CEP: 17012-433 - Bauru - SP
RODRIGUES, R.S. Estudo comparativo da largura dos dentes
murilocuiaba@yahoo.com.br - msalles@usp.br naturais anteriores superiores em relação aos dentes artificiais
para prótese total. RPG Rev. Pós Grad., 2006;13(1);36-44.

12. KIAUSINIS, M.D. Estudo comparativo da largura de dentes


naturais anteriores superiores em relação aos dentes artificiais
para prótese total [Dissertação de Mestrado] São Paulo:
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10. FUEKI, K.; KIMOTO, K.; OGAWA, T.; GARETTT, N., R.
Eff ect of Implant-Supoported or Retainerd Dentures on

44 Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 44 11.08.08 20:30:39


Solda a laser em barras de Ti na busca da
passividade em carga imediata: relato de caso

Laser weld in Ti bars to passivity excellence on immediate loading:


case report
Renato de Freitas1; Antonio Alves de Almeida Júnior2; José Luiz Góes de Oliveira3; Leandro de Moura Martins4;
Celso Aparecido Catalan5

Resumo

A restauração imediata após a colocação do implante dental é uma excelente opção de tratamento que o cirurgião-dentista
pode oferecer a seus pacientes. Este procedimento provê uma restauração estável e estética. Durante a sessão de carga
imediata, a agilidade dos procedimentos cirúrgicos e protéticos garante um conforto maior ao paciente e à equipe de trabalho.
Para isso faz-se interessante usufruir da versatilidade da soldagem a laser dos componentes de uma prótese fixa sobre
implante. Durante a soldagem a laser não há contato direto com a área da solda, é um método rápido e promove soldagens
precisas e bem definidas, pois a região afetada pelo calor é pequena e o campo magnético não causa efeito sobre o feixe
laser. Outro procedimento que vem crescendo nos últimos anos é o uso do titânio na área odontológica. Isto se deve à sua
biocompatibilidade, resistência à corrosão, e propriedades físicas e mecânicas melhores em relação às ligas de Co-Cr e Ni-Cr. No
entanto, a utilização do titânio em infra-estruturas protéticas tem sido um processo lento. Apesar de suas ótimas características,
principalmente quando unidas às vantagens da solda a laser, muitos dentistas e laboratórios não conhecem o material e poucos
trabalhos mostram acompanhamento clínico. Neste ínterim, este trabalho expõe um caso clínico de reabilitação oral com
prótese sobre implante metaloplástica com infra-estrutura confeccionada em titânio e soldada pela técnica da solda a laser.

Unitermos: soldagem em odontologia; prótese dentária fixada por implante; titânio.

Abstract

The immediate restoration after placing the dental implant is an excellent option for treatment that the dentist can offer your
patients. This procedure provides a stable and aesthetic restoration. During the session of immediate load, the agility of surgical
and prosthetics procedures guarantees a greater comfort to the patient and team work. Therefore, it is interesting to enjoy
the versatility of the laser-welded technique of the components of a prosthesis implant-supported . During the laser welding
there is no direct contact with the solder area, is a rapid method and promotes precise and well defined welding, because
the region affected by the heat is small and the magnetic field causes no effect on the laser beam. Another procedure that
has been growing in recent years is the use of titanium in dentistry. This is due to its biocompatibility, resistance to corrosion,
and physical properties better than Co-Cr-Ni-Cr alloy. However, the use of titanium in infrastructure prosthetic has been a slow
process. Despite its great features, especially when attached to the benefits of laser welding, many dentists and laboratories do
not know the material and there are few longitudinal studies. In the meantime, this work presents a case of oral rehabilitation
with prosthetic implant on metaloplastic with titanium framework and the use of laser-welded technique.

Keywords: dental soldering; dental prosthesis, implant-supported; titanium.

1. Professor Assistente Doutor da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP


2. Especialista em Prótese Dentária pela FUNBEO/USP; Mestrando em Reabilitação Oral pela FOAr/UNESP
3. Especialista em Prótese Dentária pela FUNBEO/USP; Mestrando em Reabilitação Oral pela FOB/USP
4. Mestre em Materiais Dentários pela FOB/USP; Doutorando em Reabilitação Oral pela FOB/USP

INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 45

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 45 11.08.08 20:30:41


INTRODUÇÃO
O termo soldagem, segundo o M etals H andbook1
(1998), é usado comumente em odontologia para
descrever a maioria dos pr ocessos de união de metais
que envolvem o fl uxo de um metal de pr eenchimento
entre dois ou mais componentes metálicos. A soldagem
é a operação que assegura, por uma fusão localizada,
a continuidade metálica de um conjunto de peças,
permitindo a homogeneidade de suas pr opriedades
Figura 01. Instalação dos mini-pilares e sutura do
físicas e mecânicas2. O processo envolve o derretimento tecido gengival.
da liga de solda e o derramamento da solda liquefeita
pela ação de capilaridade entre as partes a serem unidas
sem fundi-las3, formando um composto intermetálico2.
Dentre as técnicas de soldagem mais utilizadas para esta
finalidade, temos: a brasagem com maçarico, conhecida
como solda conv encional; a brasagem com infra-
vermelho; o Tungsten Inert Gas (TIG), que é um feix e
de elétrons e a técnica de soldagem a laser4.
Dentre todas estas técnicas, a solda a laser apar enta ser
bastante promissora5, 6. A soldagem a laser passou a ser
utilizada na odontologia para a confecção de pr óteses Figura 02. União dos transferentes ao guia
multifuncional com resina acrílica Duralay.
fixas a par tir da década de 70 com os trabalhos de
SMITH e GORDON 7 (1972). N o Brasil, a soldagem
por laser foi introduzida em 1997 e tem sido empregada
em substituição aos demais pr ocessos de soldagem,
principalmente ao de brasagem, na confecção de pr óteses
odontológicas. Este método apr esenta v antagens em
relação ao método convencional ao maçarico, no que diz
respeito à r esistência da junta soldada e v ários estudos
têm buscado quantifi car as alterações causadas por este
tipo de solda4, 6, 8.
O processo de soldagem a laser pode ser empr egado na Figura 03. Posicionamento dos cilindros e
união de uma larga v ariedade de metais, bem como de verificação do espaço para barra com auxílio do
guia multifuncional.
metais dissimilares4, 9. O laser é uma luz eletromagnética
monocromática cujo feix e de energia (de 1 a 25 kW )
pode ser concentrado em um ponto focal apresentando
as seguintes v antagens: a soldagem é r ealizada atrav és
de um vidro, não havendo contato direto com a área da
solda; é um método rápido e promove soldagens precisas
e bem definidas. A região afetada pelo calor é pequena e
o campo magnético não causa efeito sobre o feixe laser3,
10-14
. Porém, observa-se que a penetração do laser é de,
aproximadamente, 0,5 a 1,5 mm de pr ofundidade, o
que poderia alterar a longevidade de infra-estruturas de Figura 04. Soldagem a laser de partes da barra
grandes dimensões3, 15-17. pré-fabricada aos cilindros de titânio.

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Sendo assim, um aspecto impor tante a ser lev ado em
consideração nos pr ocedimentos de soldagem é com
relação ao espaço para solda. A pesar de existir em
autores 7, 18
que r ecomendem que as faces a ser em
soldadas estejam em contato durante o pr ocesso de
soldagem, vários outros trabalhos como o de R YGE19
(1958) discor dam deste conceito . Este autor v erificou
que um espaço para solda inferior a 0,12 mm iria lev ar
à pr odução de um grande númer o de por osidades na
junta, diminuindo assim a sua resistência. Desta forma, Figura 05. Prova em boca da barra soldada.
a maioria dos trabalhos5, 20, 21 recomenda um espaço para
soldagem entre 0,1 a 0,76 mm.
A solda a laser ganhou ainda mais for ça com o
crescimento do uso do titânio na área odontológica nos
últimos anos, principalmente pela sua aplicação nos
implantes dentais e isto se dev e à sua biocompatibilidade,
resistência à corr osão e pr opriedades físicas e
mecânicas22. J á existe uma tendência à substituição
das ligas usadas atualmente para fabricação de pr óteses
dentais por ligas à base de titânio, visto que esta possui Figura 06. Prótese após o acabamento e o
biocompatibilidade, menor densidade específi ca, maior polimento.

ductibilidade e menor condutividade térmica que as


ligas de Co-Cr e Ni-Cr22.
Todas estas pr opriedades, alcançadas pela utilização da
solda a laser juntamente com o titânio, vão ao encontro
de alguns fator es enumerados como fundamentais
para que a carga imediata seja possív el: componentes
cirúrgicos-protéticos confi áveis do ponto de vista
biomecânico; pr óteses bem ajustadas; conexão rígida
entre os implantes atrav és de infra-estr uturas metálicas
rígidas e bem r esistentes; preferência por pr óteses fi xas Figura 07. Caso final: vista frontal.

ao invés de removíveis23.
A carga imediata trata-se da instalação de um
implante endósseo em condições ideais de estabilidade
primária seguida da ativ ação pr otética em até 48h,
evitando-se micromovimentações que pr omoveriam a
fibrointegração e não a osseointegração24.
A r estauração imediata do implante dental é uma
excelente opção de tratamento que o cir urgião-dentista
pode ofer ecer a seus pacientes. A incorporação da
restauração provisória durante a colocação do implante
provê ao paciente uma r estauração estável e estética. A
preservação do osso interdental, a criação ou manutenção
do tecido mole, a formação de uma boa largura gengiv al,
o uso de uma restauração que imite a prótese definitiva

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com um perfil de emergência harmonioso, a presença de por barras fundidas pré-fabricadas de titânio, utilizando
contorno e contatos inter dentais, além da diminuição para isto solda a laser (figuras 3 e 4).
do tempo de tratamento são os grandes benefícios da A soldagem a laser foi r ealizada em uma máquina de
restauração imediata25. soldagem Dentaurum DL 20002S, que utiliza um cristal
A utilização do titânio em infra-estr uturas pr otéticas Nd: YAG (N eodímio e Ytrium Aluminium G arnet)
tem sido um pr ocesso lento . A pesar de suas ótimas como fonte de laser, e a potência máxima do feix e foi de
características, principalmente quando unidas às 5,84 kW durante 12 milissegundos, gerando uma energia
vantagens da solda a laser, muitos dentistas e laboratórios de soldagem de apr oximadamente de 70,08 J. Todo o
não conhecem o material e poucos trabalhos mostram procedimento durou aproximadamente 20 minutos.
acompanhamento clínico. Neste ínterim, este trabalho A barra foi provada na boca para que fosse comprovada
expõe um caso clínico de reabilitação oral com prótese sua adaptação aos intermediários (fi gura 5). Não foram
sobre implante metaloplástica com infra-estr utura necessários ajustes, corroborando a qualidade da técnica
confeccionada em titânio e soldada pela técnica da de solda a laser.
solda a laser. Após a pr ova da barra, foi aplicado um corante opaco
com o objetiv o de mascarar a pr esença de metal sob
RELATO DE CASO o acrílico . F eito isto, iniciou-se o pr ocedimento de
Uma paciente edêntula, faz endo uso de pr óteses totais união da pr ótese total, pr eviamente confeccionada, à
duplas, se apr esentou no curso de I mplantodontia da barra. A prótese foi desgastada por lingual, reposionada
clínica Via O ral r elatando difi culdade de mastigação na boca e unida à barra de titânio por meio de r esina
e prejuízo estético. Após a anamnese e exames clínico rosa fotopolimerizável. Após a captura, o conjunto foi
e radiográfi co, foi planejada, a princípio, a confecção removido da boca para r ealização do acabamento e
de no vas pr óteses totais e em seguida a colocação de polimento (fi gura 6). No mesmo dia da instalação dos
implantes no r ebordo inferior e instalação de uma implantes, a pr ótese metaloplástica fi xa com barra em
prótese do tipo protocolo. titânio foi parafusada (figura 7).
A paciente fez o uso das no vas próteses e, após ajustes Realizada as manutenções periódicas r ecomendadas
periódicos, a pr ótese total inferior foi duplicada para (24/48/72 horas e uma semana) após a instalação da
confecção do guia multifuncional (Figuras 6 e 7). Pôde- prótese, foram observados bom controle da higienização
se, então, planejar e instalar cinco implantes M aster e saúde dos tecidos gengiv ais, além da estabilidade da
Screw (Conexão - Sistemas de Prótese, São Paulo, Brasil) prótese que não apresentou necessidade de re-aperto ou
de plataforma protética regular. substituição dos parafusos, mostrando a passividade que
Nesta mesma sessão, parafusou-se sobr e os cinco a solda a laser favorece.
implantes os intemediários protéticos do tipo Microunit
(Conexão – S istemas de P rótese, São Paulo, Brasil) de DISCUSSÃO
3,75mm a um tor que de 20Ncm (fi gura 1). N esse Uma pr ótese fi xa sobr e dentes e/ou implantes dev e
momento, iniciou-se o procedimento de transferência, apresentar uma per feita adaptação, sem intr oduzir
sendo os transfer entes parafusados sobr e os tensões mecânicas. Esta passividade na adaptação é uma
intermediários e unidos entre si e ao guia multifuncional das características mais buscadas na I mplantodontia,
por meio da resina Duralay® (Reliance Dental MFG Co, uma vez que os efeitos danosos como r eabsorção óssea,
EUA) (Figura 2). O guia multifuncional serviu também bem como o deslocamento e a fratura de componentes
como registro inter-maxilar e como moldeira individual da prótese e do implante são minimizados.
para obtenção do modelo de trabalho. Sendo assim, a dificuldade de se obter uma adaptação e
Sobre os análogos do modelo de trabalho foram passividade correta em próteses extensas confeccionadas
parafusados cilindros de titânio e, com auxílio do guia em monoblocos fundidos leva ao emprego da soldagem.
multifuncional, foi possível verificar o espaço disponível A escolha do pr ocesso a ser utilizado na soldagem de
para confecção da barra. Os cilindros foram então unidos próteses dev e pr eencher os seguintes r equisitos: gerar

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uma quantidade de energia capaz de unir dois metais, evitando distorções devido à baixa pr opagação de calor
similares ou não, sem causar distorção na peça; propiciar e ausência de tensões; não há a necessidade de utilização
o controle da metalurgia de soldagem para que a região de fornos, modelos em r evestimento e ligas para solda,
da solda alcance as pr opriedades desejadas; pr opiciar a o que evita contaminações e confer e maior r esistência
qualidade da junta e considerar a viabilidade econômica mecânica devido à homogeneidade da estr utura; além
e técnica do equipamento8. do mais, é economicamente viáv el. Esta v ersatilidade
O pr ocesso de soldagem conv encional por brasagem da solda a laser é muito útil durante a sessão de carga
com maçarico transfere um grande aporte de calor para imediata, uma v ez que a agilidade dos pr ocedimentos
a peça a ser soldada, originando uma maior zona afetada cirúrgicos e pr otéticos garante um confor to maior ao
pelo calor no metal e causando maior es problemas de paciente e a equipe de trabalho, além de conferir uma
distorção das peças. A soldagem por laser é um processo infra-estrutura de alta qualidade.
que tem como característica uma fonte de calor
concentrada e, portanto, minimizar estes problemas4, 9.
Na soldagem a laser pode-se pr ovocar taxas de
resfriamento de 103 a 108 Ks-1 e induzir v elocidades
de solidificação de 1 a 10 ms-1.4. Ou seja, durante o ato
da solda, o laser produz grande quantidade de calor, em
pouquíssimo tempo (alguns milissegundos), capaz de
fundir o metal antes que o calor possa se difundir para
a região adjacente à solda que permanece à temperatura
ambiente. Isto provoca um alto gradiente de temperatura,
causando um resfriamento muito rápido após a retirada
da fonte de calor.
Neste caso, a infra-estr utura da pr ótese metaloplástica
sobre implantes foi confeccionada em titânio . S abe-se
que a utilização do titânio depara-se com obstáculos
como a necessidade de aparato especial e de alto custo .
Devido a sua baixa densidade, elev ado ponto de fusão
(1.720º C) e a alta r eatividade química com elementos
do revestimento, a fundição do titânio exige máquinas
especiais que utilizam ar co elétrico/v ácuo/pressão de
argônio26, além do uso de r evestimentos especiais que
algumas vezes não conseguem favorecer ao titânio uma
adequada reprodução de detalhes.
Este inconv eniente pode ser eliminado quando são
utilizadas pequenas barras de titânio pr é-fundidas
soldadas a cilindr os de titânio usinados, permitindo
assim o uso deste metal como infra-estr utura de
próteses metaloplásticas sobre implantes com adaptação
e passividade adequados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como obser vado, o pr ocedimento de solda a laser
apresenta-se rápido e prático . Além disso, a r egião
termicamente afetada é muito pequena e não há toques,

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Implante cone morse ultra rosqueante de torque
interno - parte II: componentes cirúrgicos
e protéticos
Implant cone morse ultra self tapping of internal torque - part II:
surgical and prosthetic components
Michel Aislan Dantas Soares1; Ariel Lenharo2; André Zaninetti dos Santos3; Ariana Santos de Oliveira4;
Nelis Evangelista Luiz5; Rodolfo Alexandre André6

Resumo

Este trabalho apresenta características e resultados de ensaios realizados em componentes protéticos utilizados em
implantes com conexão cônica interna. Nele estão descritas as características principais dos componentes protéticos e o
sistema de fresagem para inserção do implante de acordo com a classificação óssea.

Unitermos: implantes dentários; cone morse; componentes protéticos.

Abstract

This work shows characteristics and tests results of implant prosthetics components used with internal taper connection. There
are described the main characteristics of the prosthetics components and milling system for insertion of the implant according
to the bone classification.

Keywords: dental implants; cone morse; prosthetic components.

1. Graduando em Tecnologia Mecatrônica pelo Centro Universitário Nove de Julho; Projetista da SIN
2. Doutor em Implantodontia pela UNESP - Araçatuba; Diretor, Presidente e Professor do INEPO
3. Graduando em Engenharia Mecânica pelo Centro Universitário da FEI; Desenhista da SIN
4. Graduando em Tecnologia em Processo de Produção pela FATEC; Técnico em Métodos e Processos da SIN
5. Doutor em Eng. Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia; Coordenador de Engenharia da SIN
6. Especialista em Periodontia - Unesp/APCD - Araraquara - SP; Especialista em Implantodontia - Profis/APCD - Bauru - SP;
Mestre em Implantologia - USC - Bauru – SP; Doutorando em Implantologia - USC - Bauru - SP

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INTRODUÇÃO no caso dos componentes para implantes Cone Morse ele
Com o av anço dos implantes ósseointegráv eis, as apresenta-se como corpo único (Figura 2.0), que aumenta
reabilitações com pr óteses fi xas proporcionaram sua r esistência mecânica e, por ser um componente
resultados previsíveis, pois com a instalação de quatr o rotacional, não gera difi culdade no posicionamento da
a seis implantes e a confecção de uma pr ótese total prótese. Os mini-abutments para implantes R evolution
fixa implanto-supor tada, também conhecida como Morse são selecionados de acor do com a sua altura
tipo pr otocolo, uma opção de tratamento foi criada. protética (distância entre a face da plataforma do implante
Porém, com o passar dos anos os implantes passaram a e a face de encaix e da pr ótese (Figura 3.0). Essa altura
ser utilizados em pacientes par cialmente edêntulos ou pode variar de 1 a 4 mm de comprimento.
com ausência de um único dente e, em muitos casos, Para os abutments de corpo único é r ecomendado um
em regiões anteriores e com grande apelo estético. torque máximo para aperto do intermediário de 20 N.cm.
Essa necessidade alavancou o desenvolvimento de novos
implantes e componentes protéticos que minimizassem Abutment cônico
potenciais pr oblemas estéticos. D essa forma os no vos Possui as mesmas características dos mini-abutments,
componentes pr opiciaram ao cir urgião e ao pr otético porém possui um elemento anti-r otacional que, adaptado
uma nova opção de correção de altura e desvios angulares ao implante, pr oporciona precisão no posicionamento
relativos aos implantes. Esses no vos pr odutos foram da prótese.
divididos em duas categorias: Por se tratar de um componente anti-r otacional, é indicado
- Prótese parafusada: composta por componentesotacionais
r para próteses unitárias, sendo utilizados em próteses fixas
(mini-abutment) e anti-r otacionais (abutment cônico). parafusadas metalocerâmicas (Coelho, 2006)1.
Necessitam de um componente tipo UCL A montado Para implantes R evolution M orse, possui duas
acima do intermediário para fixação da prótese; configurações: corpo único (F igura 4.0) e com duas
- P rótese dir eta sobr e implante: composta por peças (Figura 5.0), ambos com a mesma funcionalidade,
componentes anti-r otacionais e fi xada diretamente ficando sua escolha a critério do cirurgião. Também são
sobre o implante. Esse componente também tem a selecionados de acor do com a sua altura pr otética que
característica de personalização da pr ótese atrav és de varia entr e 1 a 4 mm. É r ecomendado um tor que de
preparo prévio e cimentação da pr ótese direta sobre o aperto de 20 N.cm.
componente (abutment cimentado) (Coelho, 2006)1.
No presente artigo serão analisadas as características da Abutment cimentado
linha de soluções pr otéticas para implantes R evolution O abutment cimentado é um componente pr otético
Morse que apr esentam conexão cônica interna (Cone muito utilizado na confecção de cor oas unitárias.
Morse), também serão analisados os instr umentais Embora tenham um perfil pré-fabricado, esses abutments
cirúrgicos necessários para inserção do implante. proporcionam ao profissional certo grau de liberdade, uma
vez que, utilizando-se de br ocas especiais, o pr ofissional
INTERMEDIÁRIOS pode trabalhar esses componentes de forma personalizada.
Mini-abutment Ao permitir modifi cações de sua forma original, torna-
O mini-abutment, também conhecido como mini- se possív el corrigir pequenos err os de orientação dos
pilar cônico, tem a função de ligar o implante à prótese implantes ou limitações de espaço interoclusal.
corrigindo diferenças de altura. Os abutments cimentados para implantes com conexão
Por se tratar de um componente r otacional, é indicado interna do tipo Cone M orse são fabricados geralmente em
para próteses múltiplas sendo utilizados em próteses fixas corpo único. Nesse modelo o componente é parafusado
parafusadas metalocerâmicas ou metaloplásticas ( Tipo sobre o implante até seu ponto de trav amento (cone
Protocolo), ou prótese classificada de Branemark. com cone). Dessa forma, após o tor que recomendado,
Nos implantes de hexágono interno e externo é formado o abutment não pode mais ser retirado.
por duas peças (parafuso e mini-abutment) (F igura 1.0); Esse sistema apr esenta como característica a falta de

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sincronismo entre abutment e implante. D evido a este
fator, os abutments cimentados de corpo único utilizam
um conceito de transfer ência e moldagem difer ente
do conv encional. N esse sistema o abutment também
não pode ser personalizado, obrigando o pr ofissional
à escolha pr évia do abutment com base na altura e
diâmetro da prótese.
O sistema de transferência é feito sobre o componente (já
fixado ao implante), através de um transferente de moldeira
fechada e depois r epassada para o modelo atrav és de um Figura 01. Componente formado por duas peças.

análogo com o mesmo perfi l do abutment. A pr ótese é


trabalhada sobre um cilindro calcinável que após o término
é cimentada sobre o abutment (Figura 6.0).
Esse processo limita o profissional na busca pela melhor
estética do paciente, além de aumentar o tempo e o
processo de fabricação da prótese.
Os abutments cimentados para linha de implantes
Revolution M orse são fabricados em duas peças,
mantendo a possibilidade da personalização do Figura 02. Componente com corpo único.
componente de acor do com a necessidade do
profissional. Com essa característica adicionou-se
um elemento anti-r otacional que garante a posição
da pr ótese e possibilita a transfer ência dir eta sobr e o
implante (Figura 7.0).
O no vo abutment adapta-se ao implante atrav és do
hexágono e do cone interno (F igura 8.0) e é fi xado Figura 03. Altura protética do mini-abutment.
através do parafuso de titânio com torque de 20N.
Com essa configuração também é possível a fabricação de
abutment cimentado angulado com 17°(Figura 9.0).
O sistema de transfer ência da linha de abutments
cimentados R evolution M orse é composto por dois
tipos de transfer entes: moldeira aber ta e moldeira
fechada (Figura 10.0), e análogos referentes ao diâmetro
da plataforma do implante (Figura 11.0).
O processo de transferência para os abutments cimentados Figura 04. Componente com corpo único.
Revolution Morse possui as seguintes etapas:
• transfer ência da posição do implante: acoplar o
transferente (aber to ou fechado) ao implante e faz er a
marcação através da moldeira;
• transfer ência para o modelo: r etirar a moldeira e
acoplar o análogo ao transferente, completar a moldeira
com resina e retirar a impressão da arcada;
• modelagem do componente: r etirar o transfer ente,
acoplar o abutment cimentado e dar início ao pr eparo
Figura 05. Componente formado por duas peças.
do componente.
Obs.: Durante a fase de pr eparo do componente dev e-

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se utilizar o parafuso de laboratório específi co para
implantes Revolution Morse e, para fi xação da prótese,
utiliza-se o parafuso de titânio.

INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS
Chaves de transporte e instalação
O transpor te e a instalação do implante são feitos
através de uma única chave por meio de um sistema de
engate rápido cônico (F igura 12.0). Essa característica Figura 06. Sistema de transferência para abutment
cimentado de corpo único.
reduz o tempo cir úrgico, pois elimina a necessidade de
montador e de dispositiv os para captura do implante.
Confeccionada em aço ino xidável mar tensítico
temperado e r evenido, a chav e r ecebe um tratamento
com aplicação de nitreto de titânio atrav és do processo
PVD, que garante a manutenção de suas pr opriedades
mecânicas. A camada de nitr eto de titânio impede o
contato direto do aço inox com o implante, desta forma,
tem-se garantido que o mesmo não sofr erá qualquer Figura 07. Abutment cimentado com 2 peças.
tipo de contaminação pelo material da chav e (S oares,
et. al 20072.

Sistema de fresagem
As fresas odontológicas são impor tantes instr umentais
cirúrgicos que têm a função de preparar o alvéolo ósseo Figura 08. Fixação do abutment (adaptação Cone
Morse em vermelho).
para posterior inser ção dos implantes. Cada família de
implante possui um sistema de fresagem específico para
sua instalação (Assis, 2000) 3. Os Implantes Revolution
Morse possuem corpo cilíndrico e transição da r osca
para plataforma com micr o-espiras. D evido ao corpo
cilíndrico, a seqüência de fr esagem fi ca simplificada,
Figura 09. Fixação do abutment angulado.
sendo utilizadas fresas helicoidais comuns de acordo com
o diâmetro da rosca externa e fi nalizada com uma fresa
Countersink de acor do com o diâmetr o da plataforma
(3.8, 4.5 ou 5.5).
A Countersink tem a função de formar o perfi l de
assentamento para as micr o-espiras, criando uma
compressão durante a inserção do implante, aumentando
o tor que no fi nal da instalação e aumentando a
estabilidade primária do implante.

Seqüência de fresagem de acordo com a


classificação óssea
Lekholm e Z arb4 em 1985 classifi caram a qualidade
óssea da mandíbula e maxila da seguinte forma: Figura 10. Transferentes de moldeira aberta e
fechada.
• O sso Tipo I: osso formado de tecido compacto e

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homogêneo com pouca irrigação sangüínea;
• Tipo II: osso formado de duas camadas cor ticais
espessas, envolvendo uma camada trabecular densa;
• Tipo III: osso formado de fi na camada cor tical,
envolvendo uma porção central trabecular denso;
• Tipo IV: osso formado por fi na camada de cor tical,
envolvendo um trabeculado de baixa densidade e de
resistência reduzida.
Essa variação da qualidade óssea interfere na estabilidade Figura 11. Análogos.

dos implantes, pois em ossos com qualidade baixa (III


e IV ) a r esistência durante a inser ção é menor e em
alguns casos não se atinge o tor que necessário para
fixação do implante.
Os implantes R evolution Morse são indicados para os
quatro tipos de qualidade óssea, sendo utilizados nos Figura 12. Sistema de engate rápido cônico.
ossos de tipo I e II (F igura 14.0), uma seqüência de
fresagem diferente das utilizadas nos ossos tipo III e IV
(Figura 15.0).
Em osso de baixa qualidade a Countersink é r etirada,
deixando um v olume maior de osso a ser compactado
pela micro-espira, aumentando o torque próximo ao final
da instalação e aumentando a estabilidade primária.
A seqüência de fr esagem para os implantes R evolution Figura 14. Seqüência de fresagem para implantes
Morse é descrita abaixo. com plataforma diâmetro 3.8 indicados para ossos
Implante diâmetro 3.8 (osso Tipo I e II): Tipo I e II.

• Fresa Lança;
• Fresa Helicoidal 2,0mm;
• Fresa Piloto 2,0 p/ 3.0mm;
• Fresa Helicoidal 3,0mm;
• Fresa Countersink 3,8mm.
Para ossos Tipo III e IV , não se utiliza a fr esa
Countersink 3,8mm.
Implante diâmetro 4.5 (osso Tipo I e II): Figura 15. Seqüência de fresagem para implantes
com plataforma diâmetro 3.8 indicados para ossos
• Fresa Lança; Tipo III e IV.
• Fresa Helicoidal 2,0mm;
• Fresa Piloto 2,0 p/ 3,0mm;
• Fresa Helicoidal 3,0mm;
• Fresa Helicoidal 3,25(Opcional);
• Fresa Countersink 4,5mm.
Para ossos Tipo III e IV , utilizar a fr esa Countersink
3,8mm no lugar da fresa Countersink 4,5mm.
Implante diâmetro 5.5 (osso Tipo I e II):
• Fresa Lança;
• Fresa Helicoidal 2,0mm; Figura 16. Montagem utilizada nos ensaios de
• Fresa Piloto 2,0 p/ 3,0mm; carregamento oblíquo.

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• Fresa Helicoidal 3,0mm;
• Fresa Piloto 3,0 p/ 4.25mm;
• Fresa Helicoidal 4,25;
• Fresa Countersink 5,5mm.
Para osso Tipo III e IV , não se utiliza a fr esa
Countersink 5,5mm.

ENSAIOS MECÂNICOS
Os ensaios realizados visam quantifi car a resistência de
cada linha de componente ao carr egamento oblíquo
(Figura 16.0), simulando as cargas ex ercidas pela for ça
mastigatória. O s ensaios foram r ealizados em uma Figura 17. Amostra após os ensaios de compressão.
máquina universal de ensaios modelo EMIC DL10000,
onde o implante e o componente são fi xados com
uma inclinação de 30° e depois submetidos a uma
carga vertical baseando-se na norma ISO 14801:2003.
Figura 18. Amostra após os ensaios de torção.
Todos os ensaios foram realizados com os componentes
montados em implantes com diâmetro de 3.8 e 4.5mm
e com tor que de 20 N.cm. Também foram r ealizados Tabela 1 - Resultado dos Ensaios de Compressão

ensaios de tor que visando quantifi car o limite de Amostra Carga Momento
resistência da chave de inserção. Máxima Máximo
(N) (N.cm)
1 789,71 434
Ensaios de compressão - mini-abutment
2 859,32 473
e abutment cônico
3 858,63 472
Os r esultados dos ensaios de compr essão mostram que
4 946,15 520
o conjunto implante/mini-abutment supor ta cargas
5 1001,96 551
máximas acima de 890N (Tabela 1.0) (CCDM, 2007)5.
Média 891,154 490
Desvio 83,163 45,74
Ensaios de compressão - abutment Padrão
cimentado
Os resultados destes testes mostram que os abutments Tabela 2 - Resultado dos Ensaios de Compressão
cimentados Morse suportam cargas máximas acima de
Amostra Carga Momento
1000N (Tabela 2.0 e Figura 17.0) (CCDM,2007)6. Máxima Máximo
(N) (N.cm)

Ensaios de torque - chave/implante 1 --- ---

O ensaio de tor ção apr esentou média de tor que de 2 986,26 444

escoamento da ordem de 150 N.cm e de ruptura da ordem 3 971,73 437

de 219 N.cm (Tabela 3.0 e Figura 18.0) (CCDM, 2007)7. 4 1019,50 459
5 1075,50 484
Média 1013,248 456
CONCLUSÃO
Desvio 46,067 20,8
• O s ensaios de Compr essão r ealizados nos conjuntos Padrão
implante/mini-abutment atestaram valores de cargas da
ordem de 890 N;
• O s ensaios de compr essão r ealizados nos conjuntos
implante/mini-abutment cimentado atestaram v alores

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Revista Inovation Dezembro_2007.indd 56 11.08.08 20:31:12


de cargas da ordem de 1000 N; Referências Bibliográficas
• A chav e de transpor te e inser ção supor ta tor ques
da or dem de 150 N.cm. Valor muito superior ao 1. Telles, D.; Coelho, A. B. Próteses SobreImplantes.com. Rio de
indicado para instalação do implante que é de no Janeiro: SobreImplantes.com, 2006. Disponível em: <http://
www .sobreimplantes.com/materialAcademico.asp#livro>.
máximo 80N.cm;
Acesso em: 20.02.2008;
• A seqüência de fresagem propicia a instalação do mesmo
modelo de implante nos difer entes tipos de qualidade 2. Soares, M. A. D.; Lenharo, A.; Jacomini Filho, A.; Ciuccio, R.
óssea, utilizando-se da técnica da sub-fresagem; L.; Evangelista Luiz, N.; Implante Cone Morse ultra rosqueante
de torque interno – parte I: Desenvolvimento do Produto. Rev
• A linha de componentes para implantes R evolution Implant News, v.2, n.3, p63-69, 2007.
Morse apresenta-se com grande diversidade de produtos
e soluções. 3. Assis, E. A. Capacidade de Corte de Brocas do Sistema 3i.
Brasília 2000, Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
da Saúde da Universidade de Brasília.
AGRADECIMENTO
Os autores agradecem ao Prof. Wellington Bonachela, 4. Lekholm, U.; Zarb, G. A. Patient selection and preparations.
In: Branemark, P. I. (Ed.); ZARB, G. A. (Ed.); Albrektsson,
ao S r. A thos Jacomini e ao S r. Ricar do Ciuccio pelo T. (Ed.). Tissue integrated prostheses: osseointegration in clinical
apoio r eferente ao desenv olvimento das linhas de dentistry. Chicago: Quintessence, 1985. cap. 5, p. 199-209.
componentes pr otéticos, ao CCDM e ao INEPO
pela r ealização dos ensaios e testes com os pr odutos, 5. CCDM, 2007 – Ensaios de Compressão, Certificado MET07-
000690
e à SIN - S istema de I mplante pelo fornecimento da
amostras, instalações e equipamentos necessários para 6. CCDM, 2007 – Ensaios de Compressão, Certificado MET07-
o desenvolvimento desse trabalho. 001788.

7. CCDM, 2007 – Ensaios de Torção, Certificado MET07-


Tabela 3 - Resultado dos Ensaios de Torção 000770.
Amostra Torque Deformação Torque Escoamento
Ruptura Angular em 2° (N x cm)
(N x cm) Ruptura (°)
1 212 76,29 135
2 246 75,23 202
3 205 65,39 134
4 218 59,41 145
5 215 62,58 137
Média 219 67,781 150
Desvio 15,9 7,595 29,1
Padrão

Endereço para correspondência:

Michel Aislan - michel.soares@sinimplante.com.br


Ariel Lenharo - ariel.lenharo@inepo.com.br
André Zaninetti - andre.zaninette@sinimplante.com.br
Ariana Santos - ariana.oliveira@sinimplante.com.br
Nelis Evangelista - nelis.luiz@sinimplante.com.br
Rodolfo Alexandre - rodolfoaandre@gmail.com

Av. Paes de Barros, 700 - Mooca - SP


Cep: 03114-000
Fone / Fax: 55 11 6605-2929

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Avaliação da estabilidade primária de mini-
implantes ortodônticos em diferentes regiões da
maxila e mandíbula de porcos
Evaluation the primary stability of orthodontic mini-implants
inserted into different regions maxilla and mandible of minipigs
Matheus Melo Pithon1; Lincoln Issamu Nojima2

Resumo

Objetivo: avaliar a estabilidade primária de mini-implantes ortodônticos inserido em diferentes regiões da maxila e
mandíbula de porcos. Materiais e Métodos: foram utilizados 36 mini-implantes ortodônticos distribuídos em seis grupos
(n=6). Os grupos foram nomeados de acordo com a região da cavidade bucal onde foram inseridos. Grupo incisivo
superior (IS), molar superior (MS), sutura palatina (S), incisivo inferior (II), molar inferior (MI) e retromolar (RM). Utilizou-se
3 porcos (Sus scrofa Piau), onde foram inseridos 12 mini-implantes em três áreas da mandíbula e três da maxila. Após
a inserção, os animais foram eutanasiados e foram obtidos blocos ósseos com o mini-implante inserido, os quais foram
utilizados para realização de ensaio mecânico de tração em máquina universal de ensaios universais (Emic, São José dos
Pinhais, Brasil) operada a uma velocidade de 0,5 mm/s. Os valores de força máxima para inserção obtidos em N.cm foram
anotados e submetidos à análise de variância (ANOVA) e ao teste de Tukey. Resultados: demonstraram maior estabilidade
para os mini-implantes inseridos na região de molar superior (MS) seguido de molar inferior (MI) e retromolar (RM).
Esses grupos não apresentaram diferenças estatísticas entre si (P>.05), entretanto foram estastisticamente superiores aos
demais. Os mini-implantes inseridos na região de sutura palatina (S) apresentaram menor estabilidade, resultado este
estatisticamente inferior aos demais (P<.05). Conclusão: as diversas regiões bucais diferem quanto à estabilidade primária
que, por sua vez, está diretamente relacionada à espessura da cortical óssea a qual o mini-implante está inserido.

Unitermos: biomecânica; mini-implante; força de tração.

Abstract

Objective: The objective of the present work is to assess the primary stability of orthodontic mini-implants inserted into different
swine maxillary and mandibular regions. Materials and Methods: 36 mini- implants orthodontic were used distributed in six
groups (n = 6). The groups were appointed in accordance with area of cavity mouth was inserted. Group upper incisor (IS),
upper molar (MS), suture palate (S), lower incisor (II), lower molar (MI) and retromolar (RM). It was used 3 pigs (Sus scrofa Piau),
which was added 12 mini-implants in three areas of the jaw and three of the jaw. After insertion, the animals were sacrificed
and osseous blocks containing the mini-implants were obtained for mechanical pull-out tests to be performed by a universal
test machine (Emic, São José dos Pinhais, Brazil) at cross-head speed of 0.5 mm/s. Maximum force values (N/cm) for insertion
were recorded and submitted to both analysis of variance (ANOVA) and Tukey’s test. Results: demonstrated more stability to
the mini-implants inserted in the region of upper molar (MS) followed by lower molar (MI) and retromolar (RM), the groups
showed no statistical differences between them (P> .05), have been statistical superior to the other. The mini-implants inserted
in the region of suture palate (S) had less stability, this result statistically lower than the other (P <.05). Conclusion: the various
regions differ in oral primary stability which in turn is directly related to the thickness of cortical bone which the mini-implant
is inserted.

Keywords: biomechanics; miniscrew; pullout strengths.

1. Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL; Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
2. Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; Professor adjunto de Ortodontia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

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INTRODUÇÃO de 18 meses. O s animais estav am em ótimo estado de
A utilização de mini-implantes como r ecurso de saúde e receberam água e ração ad libitum.
ancoragem or todôntica já está bem estabelecida na A ár ea eleita para inser ção dos mini-implantes foi
literatura1-3. O seu uso r evolucionou a or todontia, entre incisiv os laterais e caninos: segundo pr é-molar
possibilitando uma ancoragem compr ovadamente e primeir o molar (superior es e inferior es); sutura
estável . E ntretanto, para que os mini-implantes
4,5 palatina mediana; e r egião retro-molar da mandíbula
possam pr omover ancoragem adequada, contrapondo como mencionado anteriormente.
as for ças r eacionárias ao mo vimento or todôntico, é Previamente à inserção dos mini-implantes foi induzida
necessário que esses dispositiv os estejam inseridos em anestesia pr ofunda nos animais utilizando-se como
tecido ósseo de maneira estável6. medicação pr é-anestésica 0,1mg/kg de maleato de
Didaticamente a estabilidade de um mini-implante acepromazina (Acepran 1%) e 2mg/kg de meperidina
é subdividida em primária, que é aquela decorr ente (Dolosal) por via intramuscular . Após cerca de15 minutos,
do contato dir eto entre o mini-implante e o osso, e a foi obtido o acesso vascular (veia cefálica) e administrado
secundária ou tar dia, que ocorr e após cicatrização 7. A imediatamente 20mg/kg de ampicilina sódica. A indução
estabilidade primária é um importante indício do sucesso anestésica foi r ealizada com propofol (2-4mg/kg), via
na técnica de inser ção dos mini-implantes, visto que a intravenosa, e após intubação orotraqueal, a anestesia
maioria dos casos de falha desses, ocorr e nos estágios foi mantida com isofl urano em o xigênio à por centagem
iniciais pós-inserção8,9. de 100%, através de sistema reinalatório de anestesia. Sob
Quando se deseja avaliar mecanicamente a estabilidade anestesia profunda foram realizados os procedimentos de
de um mini-implante, uma das metodologias que v em inserção dos mini-implantes.
ganhando corpo é o ensaio de tração 10,11, amplamente A inserção dos mini-implantes foi r ealizada com auxílio
utilizado em ár eas médicas como a or topedia12, de guia cir úrgico confeccionado a par tir de composto
neurocirurgia , cir úrgia plástica e maxilofacial 16,
13,14 15 termoativado de r esina e borracha sintética - CTRBS
quando deseja-se testar a estabilidade primária de diversos (Tramontina, Canoas, B rasil), que tev e a função de
parafusos. O ensaio de tração consiste em extrair o mini- moldar as super fícies oclusais e fi o metálico r etangular
implante do tecido ósseo à uma v elocidade constante, .019”X .025” (Morelli, Sorocaba, São Paulo), que serviu
avaliando-se, dessa forma, a for ça máxima necessária para localizar e mar car o melhor local para inser ção.
para remoção desse dispositivo do tecido ósseo. A par tir do guia cir úrgico, r ealizou-se a radiografi a
O objetivo do presente trabalho é avaliar a estabilidade periapical, de modo que o raio central incidisse paralelo à
primária de mini-implantes ortodônticos nas diferentes área interproximal. Após a localização, a área da inserção
regiões da cavidade bucal de porcos, além de correlacionar foi higienizada à base de digluconato de clor exidina à
esses resultados com a espessura da cor tical das r egiões porcentagem de 0,12%.
utilizadas como sítio de instalação desses. Uma v ez localizado e r ealizada a desinfecção da ár ea,
realizou-se pequena incisão na gengiva, visando facilitar
MATERIAIS E MÉTODOS procedimento de inser ção, visto que a gengiv a dos
Foram utilizados 36 mini-implantes (SIN, S ão Paulo, porcos apresentam-se espessas.
Brasil) com comprimento de 6 mm e diâmetr o de 1.6 A inser ção dos mini-implantes se deu com auxílio
mm, divididos em seis gr upos (n=6). O nome dos de chav e de tor que acoplada ao tor químetro digital,
grupos baseou-se aos locais onde os mini-implantes possibilitando, dessa forma, a inserção e mensuração do
foram inseridos, ou seja, gr upo incisiv o superior (IS), torque com orientação perpendicular à superfície óssea.
molar superior (MS), sutura (S), incisiv o inferior (II), Em seguida os tr ês animais foram eutanasiados com
molar inferior (MI) e retromolar (RM). anestesia geral pr ofunda, seguida da administração de
Os mini-implantes foram inseridos em maxila de cloreto de potássio até cessar a função cárdio-respiratória.
mandíbula de três porcos, adultos, machos, da raça Piau As maxilas e mandíbulas dos animais foram dissecadas e
(Sus scrofa Piau), pesando em média 75 Kg com idade forneceram blocos ósseos contendo os mini-implantes.

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Revista Inovation Dezembro_2007.indd 59 11.08.08 20:31:20


As peças foram imersas em solução salina e congeladas Os v alores médios da espessura das cor ticais foram
à temperatura de -15°C por um período de 15 dias. Ao de 1,58±0,14 (entr e incisiv os e caninos superior es),
final do 15° dia pós-sacrifício, os blocos ósseos foram 2,56±0,08 (pr é-molares e molar es superior es),
descongelados à temperatura ambiente para r ealização 0,92±0,13 (sutura palatina mediana), 1,4±0,1 (incisivos
do ensaio mecânico. e caninos inferiores), (pré-molares e molares inferiores)
O teste foi r ealizado em máquina de ensaios univ ersais e 2,24±0,08 (retromolar inferior) (Figura 2).
(Emic DL 10.00, S ão J osé do P inhais, B rasil). Para tal,
confeccionou-se dispositiv o em forma de garra que se DISCUSSÃO
O objetiv o do pr esente trabalho foi av
acoplava na par te superior da máquina, que ser viu para aliar a
estabilidade primária de mini-implantes or todônticos
remoção do mini-mplante e outr o dispositivo que ser viu
em diferentes regiões de maxila e mandíbula de porcos.
de base para fixar o bloco ósseo e manter o mini-implante
perpendicularmente durante o ensaio, evitando-se com Estas informações fornecem dados pr eliminares ao
ortodontista quanto aos locais onde fornecem maior
isso, a criação de momentos (F igura 1). Durante o ensaio
utilizou-se velocidade de 0.5 mm por segundo paraemoção
restabilidade para aplicações específicas.
Para tal av aliação optou-se pelo ensaio de tração, que
do mini-implante do bloco ósseo . O v alor da carga e do
deslocamento foram registrados e a for ça máxima (Fmax)consiste em extrair o mini-implante do tecido ósseo
alcançada anotada para posterior avaliação. em sentido perpendicular e v elocidade constante. Esse
Após ensaio mecânico, os blocos ósseos foram corados método, muito utilizado em diversas áreas da medicina12-
com eosina para destacar o osso medular do cor tical,
16
, vem ganhando campo na ortodontia a partir do artigo
de Huja et al11.
seguido de inclusão em r esina acrílica incolor (Clássico,
São P aulo, B razil). O s blocos foram seccionados com Apesar da força comumente aplicada aos mini-implantes
não serem de tração, os valores da força fornecidos pelo
disco diamantado e foram realizadas medidas da espessura
ensaio mecânico são representativos do “embricamento”
das corticais ósseas com paquímetr o digital (Starlet, São
da rosca do mini-implante com o tecido ósseo ao qual
Paulo, Brazil) e lupa estereoscópica (Carl Zeiss, Göttingen,
Alemanha), com aumento de 16 v ezes. Obteu-se, dessa está inserido17.
forma, a média da cor tical in vivo das seis r egiões onde
O modelo animal utilizado nesse trabalho foi de porcos
foram inseridos os mini-implantes, possibilitando dessada raça Piau (Sus scropha). A escolha desse se deu pela
forma, correlacionar os valores encontrados com o ensaio
similaridade já conhecida e estabelecida na literatura
de tração e a espessura da cortical. entre o homem e o porco18,19; dessa forma, aproximando
Os dados obtidos do teste de tração foram analisados ao máximo às condições dos ossos maxilares.
estatisticamente com auxílio do pr ograma SPSS 13.0 Nesse estudo foi av aliada a for ça a qual os mini-
(SPSS I nc.,Chicago, I llinois). O s v alores de for çaimplantes estavam inseridos ao tecido ósseo de difer entes
máxima obtidos em N.cm² foram submetidos à análise localidades da cavidade bucal de porcos. Após a inserção
de v ariância (ANO VA) para determinar se havia os animais foram eutanasiados, não possibilitando, dessa
diferenças estatísticas entre os grupos e, posteriormente,
forma, que nenhum pr ocesso de cicatrização ocorr esse,
ao teste de Tukey. O s r esultados foram considerados que poderia por sua v ez mudar os r esultados. D essa
significativos estatisticamente quando P< .05. forma, a estabilidade inicial entre os mini-implantes nas
diferentes áreas foi conseguida de forma fidedigna.
RESULTADOS A região que forneceu maior estabilidade primária foi
Os maiores valores ao ensaio de tração foi conseguidos entre molares superiores (MS) com média de 227.786
pelos grupos MS, MI e RM. Esses foram estatisticamente N.cm, seguida de molar es inferior es (MI) 221.96 e
superiores aos demais (P<.05). Valores intermediários retromolar (RM) 221.8. A maior estabilidade dessa
foram obser vados nos gr upos IS e II. O s menor es áreas pode ser justificada pela maior espessura de cortical
valores encontrados foram do grupo S, estatisticamente encontrada. P or sua v ez, a r egião onde apr esentou
diferentes dos demais (P<.05) (Tabela 1). menor estabilidade primária foi a r egião de sutura

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palatina mediana (S), com média de 86.476 N.cm. As
regiões de anterior es da maxila e mandíbula (IS e II)
se posicionaram com v alores intermediários ao ensaio
de tração, se diferindo estatisticamente dos demais
grupos avaliados (P<.05). Os valores encontrados nesse
trabalho estão de acor do com os achados de outr os
autores quando avaliou-se estabilidade primária in vivo
utilizando-se teste de tração11.
Como se r efere a um teste misto com par te in viv o Figura 01. A) dispositivo de suporte de bloco ósseo
e mini-implante; B) ensaio mecânico; y-célula de
e posteriormente in vitr o, uma pr eocupação se faz carga, x- dispositivo para acoplar o mini-implante
presente: como estocar a peça de estudo e quanto tempo e z-dispositivo de suporte.

após a eutanásia dev e-se se r ealizar o ensaio mecânico?


Uma v ez que estudos pr ecedentes de for ça de tração
relataram variação na força encontrada, com alteração no
tempo desde a inserção até o ensaio mecânico de tração,
Roe20 relatou ausência de diferenças estatísticas quando
realizado o teste, imediatamente após o sacrifício dos
animais, quando comparado com testes uma semana
Figura 02. Médias da espessura das corticais onde
após sacrifício estocados a -20°C. O utro trabalho foram inseridos os mini-implantes.
relata diminuição da for ça com aumento do tempo
de estocagem de cer ca de 4 a 8 semanas. N o presente
trabalho, as peças foram dissecadas imediatamente após Tabela 1 - Força média e desvio padrão do ensaio de tração nas diferentes
o sacrifício dos animais e estocados em solução salina por regiões da maxila e mandíbula.

15 dias a uma temperatura de -15°C, comoealizado


r por Grupos Média Desvio Estatística
trabalhos pr ecedentes quando av aliou mini-implantes Padrão
ortodônticos10,11. Ao fim do 15° dia, a peça foi deixada à IS 161.268 10.1764 A

temperatura ambiente para descongelamento gradual. MS 227.786 14.3427 B

Objetivando fi xar o fragmento ósseo durante o ensaio S 86.476 2.639 C

mecânico confeccionou-se dispositiv o metálico que foi II 148.014 21.8369 A

acoplado à máquina univ ersal de ensaios mecânicos. A MI 221.96 16.774 B

parte superior do dispositivo se acoplava na parte móvel RM 221.8 10.214 B


* Letras iguais ausência de diferenças estatísticas
da máquina e a inferior na base. A par te inferior do
dispositivo foi confeccionado de tal maneira que o bloco
ósseo ficou imóvel sem a necessidade de incluir o mesmo
em resina como sugerido na literatura 10,11. A escolha da
não inclusão em resina se deve ao fato do bloco ósseo ser
pequeno e, em vir tude disso, a r esina poderia penetrar
no tecido ósseo, mascarando os resultados.
Em estudos, av aliando-se a tração de parafusos
imediatamente após a colocação e, 8 semanas depois,
não foram verificadas diferenças estatísticas21. Em outro
estudo, av aliando a for ça de ligação de implantes de
titânio em ossos faciais, permitindo cicatrização por
1, 2, 3, 4, 6, 9, 12 e 32 semanas, um modesto ganho
na for ça de tração foi medido quando comparado

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Revista Inovation Dezembro_2007.indd 61 11.08.08 20:31:25


com um dia de colocação 22. Baseado nesses trabalhos a Referências Bibliográficas
estabilidade secundária desejada durante o tratamento
está dir etamente r elacionada à estabilidade primária 1.Telles, D.; Coelho, A. B. Próteses SobreImplantes.com. Rio de
conseguida durante a instalação dos mini-implantes. Janeiro: SobreImplantes.com, 2006. Disponível em: <http://
www .sobreimplantes.com/materialAcademico.asp#livro>.
Entretanto, mais estudos são necessários av aliando a
Acesso em: 20.02.2008;
estabilidade primária e a secundária em mini-implantes
sem a colocação de forças. 1. Motoyoshi M, Matsuoka M, Shimizu N. Application of
A for ças necessárias para os mo vimentos or todônticos orthodontic mini-implants in adolescents. Int J Oral Maxillofac
S urg 2007;36:695-699.
geralmente variam entre 0.3 a 4 N. As forças de tração
encontradas neste trabalho foram substancialmente 2. Kanomi R. Mini-implant for orthodontic anchorage. J Clin
maiores que as necessárias clinicamente, validando todas O rthod 1997;31:763-767.
as áreas bucais estudadas. 3. Takano-Yamamoto T, Kuroda S. Titanium screw anchorage for
Uma vez que a espessura da cortical é reconhecidamente correction of canted occlusal plane in patients with facial
importante na estabilidade primária dos mini-implantes, asymmetry. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2007;132:237-
242.
fez-se necessário a medição, possibilitando, dessa
forma, qualificar e quantifi car as regiões as quais foram 4. Kyung SH, Choi JH, Park YC. Miniscrew anchorage used to
escolhidas para inser ção dos mini-implantes. A ár ea protract lower second molars into first molar extraction sites. J
da sutura palatina mediana apr esentou-se com menor Clin Orthod 2003;37:575-579.

espessura, com média de 0.92 mm. Esses r esultados 5. Carano A, Velo S, Leone P, Siciliani G. Clinical applications of
foram diretamente proporcionais à estabilidade primária the Miniscrew Anchorage System. J Clin Orthod 2005;39:9-24;
alcançada pelos mini-implantes e estão corr oborando quiz 29-30.
com a literatura11,23. 6.Favero LG, Pisoni A, Paganelli C. Removal torque of
osseointegrated mini-implants: an in vivo evaluation. Eur J
CONCLUSÕES O rthod 2007;29:443-448.
Pode-se concluir com a r ealização deste trabalho que: 7. Gedrange T, Hietschold V, Mai R, Wolf P, Nicklisch M, Harzer W.
a r egião de sutura palatina mediana fornece menor An evaluation of resonance frequency analysis for the
estabilidade primária aos mini-implantes e a de molar determination of the primary stability of orthodontic palatal
implants. A study in human cadavers. Clin Oral Implants Res
superior a maior; a estabilidade primária está dir
etamente
2005;16:425-431.
relacionada com a espessura da cortical óssea.
8. Lim S, Cha J, Hwang C. Insertion Torque of Orthodontic
AGRADECIMENTOS Miniscrews According to Changes in Shape, Diameter and
Length. Angle Orthodontist 2008;78:234-240.
À SIN - S istema de I mplantes N acional pela doação
do matérial dessa pesquisa e em especial ao D r. Nélis 9. Miyawaki S, Koyama I, Inoue M, Mishima K, Sugahara T,
Luiz, sempre prestativo quando o assunto é ajuda aos Takano-Yamamoto T. Factors associated with the stability
of titanium screws placed in the posterior region for orthodontic
trabalhos científicos. anchorage. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2003;124:373-
378.

10. S truckhoff JA, Huja SS, Beck FM, Litsky AS. Pull-out strength
of monocortical screws at 6 weeks postinsertion. Am J Orthod
Dentofacial Orthop 2006;129:82-83.

Endereço para correspondência: 11. H uja SS, Litsky AS, Beck FM, Johnson KA, Larsen PE. Pull-out
strength of monocortical screws placed in the maxillae and
Matheus Melo Pithon mandibles of dogs. Am J Orthod Dentofacial Orthop
Rua México 78, Recreio - Vitória da Conquista - Bahia 2005;127:307-313.
Tel: (0xx77) 3084-2020/ 8805-2750
CEP: 45020-390
e-mail: matheuspithon@bol.com.br

62 Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 62 11.08.08 20:31:28


12. Johnston TL, Karaikovic EE, Lautenschlager EP, Marcu D.
Cervical pedicle screws vs. lateral mass screws: uniplanar fatigue
analysis and residual pullout strengths. Spine J 2006;6:667-672.

13. Abshire BB, McLain RF, Valdevit A, Kambic HE. Characteristics


of pullout failure in conical and cylindrical pedicle screws after
full insertion and back-out. Spine J 2001;1:408-414.

14. Hasegawa T, Inufusa A, Imai Y, Mikawa Y, Lim TH, An HS.


Hydroxyapatite-coating of pedicle screws improves resistance
against pull-out force in the osteoporotic canine lumbar spine
model: a pilot study. Spine J 2005;5:239-243.

15. Berzins A, Shah B, Weinans H, Sumner DR. Nondestructive


measurements of implant-bone interface shear modulus and
eff ects of implant geometry in pull-out tests. J Biomed Mater
R es 1997;34:337-340.

16. Heidemann W, Gerlach KL, Grobel KH, Kollner HG.


In fluence of different pilot hole sizes on torque measurements
and pullout analysis of osteosynthesis screws. J Craniomaxillofac
S urg 1998;26:50-55.

17. Inceoglu S, Ferrara L, McLain RF. Pedicle screw fixation


strength: pullout versus insertional torque. Spine J 2004;4:513-
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18. Mariano M. Miniature swine (minipig) in biomedical


experimental research: the Minipig br 1 Acta Cir Bras
2003;18:387-391.

19. Nkenke E, Lehner B, Weinzierl K, Thams U, Neugebauer


J, Steveling H et al. Bone contact, growth, and density around
immediately loaded implants in the mandible of mini pigs. Clin
Oral Implants Res 2003;14:312-321.

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of canine cortical bone allografts: effects of preparation and
storage. Am J Vet Res 1988;49:873-877.

21. B aker D, London RM, O’Neal R. Rate of pull-out strength gain


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rabbits. Int J Oral Maxillofac Implants 1999;14:722-728.

22. Kellman RM, Huckins SC, King J, Humphrey D, Marentette


L, Osborn DC. Bioresorbable screws for facial bone
reconstruction: a pilot study in rabbits. Laryngoscope
1994;104:556-561.

23. Kim HJ, Yun HS, Park HD, Kim DH, Park YC. Soft-tissue and
cortical-bone thickness at orthodontic implant sites. Am J
Orthod Dentofacial Orthop 2006;130:177-182.

INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 63

Revista Inovation Dezembro_2007.indd 63 11.08.08 20:31:30


TRANSFERÊNCIA DE CIÊNCIA

E
sta revista também destaca trabalhos apresentados em congressos e eventos científicos como pesquisa,
na forma de painéis, r esumos ou mesas clínicas. O objetiv o é contribuir com uma impor tante
informação para o leitor através de uma breve transferência de ciência.
Nesta edição, evidenciamos um painel que apr esenta a avaliação da biocompatibilidade de uma hidr oxiapatita
de origem natural em desenv olvimento, por meio de ensaios normatizados (citoto xicidade e análise de
biocompatibilidade in vivo). As hidroxiapatitas são biomateriais bastante utilizados no tratamento de defeitos
ósseos na área médica e odontológica.
Este painel foi exibido em Toronto, no Canadá, durante o 86th General Session & Exhibition of International
Association for Dental Research. Este é um evento da área odontológica promovido em diferentes países, onde
cientistas e pesquisadores do mundo inteir o têm a opor tunidade para expor seus trabalhos e discutir sobr e os
mesmos com outros especialistas.

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Revista Inovation Dezembro_2007.indd 64 11.08.08 20:31:33


Avaliação da biocompatibilidade de diferentes
enxertos ósseos inorgânicos granulares porosos
de origem bovina
Biocompatibility evaluation of different granular porous anorganic
bovine bone grafts
E.R. Takamori1, C. Jardelino2, A. Lenharo3 e J.M.Granjeiro4

Resumo

Objetivo: Diferentes protocolos de processamento podem ser utilizados na produção de xenoenxertos. É essencial avaliar
a biocompatibilidade dos biomateriais obtidos previamente ao uso clínico. Xenoenxertos de apatita, tendo como base
apatitas, produzidos por quatro diferentes rotas, foram avaliados por ensaios de biocompatibilidade in vitro e in vivo.
Métodos: A citotoxicidade foi determinada por contato indireto (ISO 10993-5), DMEM sem o extrato dos biomateriais
e titânio grau 2, foram utilizados como controle negativo e fenol 0,2%, como controle positivo. Fibroblastos Balb/c
(3X104/cm2) foram tratadados por 24h com diluições seriadas do extrato puro dos materiais em desenvolvimento (A,
B, C e D), quando então as células foram tripsinizadas para contagem. No segundo nível de testes (10993-6), 50 mg de
cada xenoenxerto (2 em desenvolvimento (A e B) e um produto comercial disponível no mercado mundial (C) foram
colocados no tecido subcutâneo de camundongos (n=30). Os animais foram mortos após 1, 3 e 9 semanas e submetidos
a processamento histológico para análise por microscopia de luz. Resultados: o extrato puro dos biomateriais matou de
15 a 20% das células em comparação ao controle (p<0,05, ANOVA), entretanto não houve diferença entre as rotas de
processamento dos biomateriais (p>0,05). A análise histológica mostrou, em uma semana, um infiltrado inflamatório leve
em resposta à C e uma resposta moderada à A e B, particularmente nas áreas próximas às regiões mais irregulares. Leve
proliferação fibroblástica e angioblástica foram observadas ao redor das partículas dos enxertos. Nos tempos posteriores,
houve um decréscimo significante nas células inflamatórias, e um aumento no número de células gigantes multinucleadas
de corpo estranho e fibrose ao redor das partículas de todos os biomateriais. Vasos sanguíneos também foram observados
ao redor das partículas implantadas, confirmando o processo de angiogênese. Nenhuma diferença entre os materiais foi
observada após 9 semanas. Conclusão: os materiais testados foram biocompatíveis, e o seu comportamento e potencial
osteocondutor devem ser avaliados em defeitos ósseos.

Abstract

Objective: Different processing protocols could be used to producing xenografts. It is essential to evaluate the biocompatibility of biomaterials obtained
before the clinical use. Apatite-based xenografts produced by four different routes were investigated by in vitro and in vivo biocompatibility testing.
Methods: Cytotoxicity was determined by indirect contact (ISO 10993-5), DMEM without the biomaterials extract and titanium degree 2 were used as
negative controls and phenol 0.2% as positive control. Fibroblasts Balb/c (3x104/cm2) was treated with serial dilutions of crude extracts for 24 hours of
developing materials A, B, C and D, when the cells were detached for counting. In the second level test (ISO 10993-6), 50 mg of each xenograft (two under
development (A and B) and a commercial product available in the wide world market (C)) were placed in subcutaneous tissue of mice (n=30). The animals
were killed after 1, 3 and 9 weeks and submitted to histological processing for light microscopy analysis. Results: Biomaterials crude extract killed
15 to 20% of the cells comparing to control (p<0.05, ANOVA), however there was no difference among the biomaterials processing routes (p>0.05).
Histological analysis showed at 1 week a mild inflammatory infiltrate in response to the C and a moderate response to A and B, particularly near the
most irregular regions. Mild fibroblastic and angioblastic proliferation were detected around the grafts particles. In later periods, there was a significant
decrease in the inflammatory cells and an increase in foreign body multinucleated giant cells and fibrosis around graft particles of all biomaterials. Blood
vessels were also observed, confirming the process of angiogenesis around the implants particles. No differences among the materials were observed
after nine weeks. Conclusion: the tested biomaterials were biocompatible and its behavior and osteoconduction potential should be evaluated in
bonny defects.

1. Universidade de São Paulo / Faculdade de Odontologia de Bauru, Brasil


2. Universidade Federal Fluminense, Instituto de Biologia, Niterói, Brasil
3. Instituto Nacional de Experimentos e Pesquisas Odontológicas, São Paulo, Brasil
INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 65
4. Universidade Federal Fluminense, Instituto de Biologia, Niterói, Brasil

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OBJETIVOS Cirurgia
Xenoenxertos de apatita, tendo como base apatitas, produzidos
por 4 difer entes r otas de pr ocessamento, foram inv estigados A B

por testes de biocompatibildade in vitro e in vivo.

MATERIAL E MÉTODOS
I) Material
Osso bovino

C D
Biomateriais em
desenvolvimento

Limpeza Tratamento Produto


mecânica térmico comercial
disponível no
mercado
Figura 04. Procedimento cirúrgico para implantação
Figura 01. Processamento de biomateriais xenogênicos. dos biomateriais granulares porosos de origem
bovina “A”, “B” e C. Cada animal foi anestesiado
(A), submetidos à tricotomia e antissepsia. Uma
II) Métodos incisão reata (1,5 cm) foi feita no centro da região
dorsal (B). O tecido conjuntivo foi dissecado com
A) Teste de citocompatibilidade tesoura rombas na direção lateral para a colocação
de 50 mg de cada xenoenxerto (C). Após isso, os
Linhagem celular:
Balb/c 3T3 em DMEM
3X104 células plaqueadas/ poço tecidos foram suturados.
(microplaca de 24 poços)
com 10% SFB, a 37oC e
5% de CO2
RESULTADOS

GRÁFICO
Phenol = Fenol
Extract = Extrato
Tratamento com Contagem celular
Titanium = Titânio
diluições do extrato usando a câmara de
puro Neubauer

Figura 02. Determinação da citotoxicidade por contato


indireto (ISO 10993-5).

B) Teste de biocompatibilidade
- Grupos e tempos experimentais Figura 05. Representação gráfica do efeito
das concentrações dos extratos de A, B, C e D,
sob o número de células. Controle negativo –
extrato do titânio, controle Positivo – solução de
fenol a 0,2%. Células Balb/c 3T3 foram tratadas
• A - 5 animais /tempo experimental
com diferentes concentrações do extrato dos
• B - 5 animais /tempo experimental
biomateriais em DMEM mais 10% SFB durante
• C - 5 animais / tempo experimental
24 horas, 37o C e 5% de CO2. Os resultados
foram expressos como porcentagem em relação
ao controle (sem extrato), considerado como
100%. Os dados representam a média de dois
estudos independentes em triplicata. As barras
0 1 2 3 9 representam o desvio padrão da média.
Tempos experimentais (semanas)

Cirurgia Coleta do tecido de granulação

Figura 03. Grupos e tempos experimentais.

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Figura
Fi 08.
08 Fotomicrografi
F t i fias exibindo
ibi d reação
ã
Figura 06. Fotomicrografias exibindo reação tecidual a C, A e B no tempo experimental de 9
tecidual a C, A e B no tempo experimental de 1 semanas. (A-C): partículas regulares de C (*) no
semana . (A-C): Asteriscos indicam grânulos dos tecido conjuntivo denso (TC), apresentando vasos
biomateriais, as setas azuis indicam áreas de (setas). (D-F): partículas irregulares de A envolvidas
fibrose e os círculos delimitam áreas focais de leve por tecido conjuntivo denso (TC), contendo vasos
infiltrado inflamatório agudo. A cabeça de seta congestos (setas). (G-H): Partículas irregulares de
indica células dentro de um poro. Coloração H/E. B envolvidas por tecido conjuntivo denso (TC)
Aumento 4 X (A, D), 10X (B, C e F), 12,5 X (G, H) apresentado vasos congestos (setas). Coloração
e 25X (I). HE. Aumento 3,2 X (A, D, G), 25X (B, C, E, F, H, I).

CONCLUSÃO
Os materiais testados foram bicompatív eis; seu
comportamento e potencial osteocondutor dev em ser
avaliados em defeitos ósseos.

Figura 07. Fotomicrografias exibindo reação


tecidual a C, A e B no tempo experimental de 3
semanas. (A-C): partículas regulares de C (*) no
tecido conjuntivo (TC), apresentando vasos (setas).
(D-F): Partículas irregulares de B envolvidas por
tecido conjuntivo denso (TC), contendo vasos
congestos (setas) e o início de formação de cápsula
fibrosa. (G-H): Partículas irregulares de B envolvidas
por tecido conjuntivo denso (TC), apresentando
vasos congestos (setas), e CGM (cabeça de seta) com
início de formação de cápsula fibrosa. Coloração
H/E. aumento 3,2X (A, D), 25X (B, C, E, F, H, I).

Endereço para correspondência:

Esther Rieko Takamori


e-mail: esther.takamori@inepo.com.br

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N O RMA S PARA PU BL ICAÇÃO

MATERIAL
Serão aceitos artigos originais que não tenham sido enviados para outro jornal ou qualquer veículo de publicação. Artigos
relacionados à pesquisa, aplicações clínicas, novas tecnologias, simpósios, revisões de literatura e questões relacionadas são
bem-vindas para publicação.
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Não há limite de autores. Convém apenas citar a participação de cada autor no trabalho.
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for manuscripts submitted to biomedical journals. Ann Intern Med 1997;126:3647).
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Página 1 incluindo título do artigo, nome, titulação, vínculo profissional, endereço de todos os autores, telefone, fax, e-mail.
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ração será: (1) Propósito, (2) Materiais e Métodos, (3) Resultados, (4) Discussão e (5) Conclusões. Outras modalidades (revisões
de literatura, relatos clínicos, tecnologias e relatos de casos) não precisam estar estruturadas desta forma.
• Introdução. Resuma o princípio e o propósito do estudo, colocando as referências pertinentes. No final, coloque claramente
as suas hipóteses.
• Materiais e métodos. Em detalhes, para permitir a confirmação das observações. Indique os métodos estatísticos usados.
• Resultados. Apresente os resultados numa seqüência lógica no texto, tabelas e ilustrações. Enfatize somente as
observações importantes.
• Discussão. Enfatize os aspectos novos e importantes do estudo e as conclusões que se seguem. Relacione suas observações
com a dos outros estudos relevantes e coloque as implicações dos seus achados e suas limitações.
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• Listadas no final do artigo, em seqüência numérica.
• Comunicações pessoais são colocadas entre parênteses, incluindo a data.
• Evite resumos.
Estilo de referência para jornal
1. Johansson C, Albrektsson T. Integration of screw implants in the rabbit: A 1-year follow-up of removal torque of titanium implants.
Int J Oral Maxillofac Implants 1987;2:69-75.
Estilo de referência para livro
1. Skalak R. Aspects of biomechanical considerations. In: Brånemark P-l, Zarb GA, Albrektsson T (eds). Tissue-Integrated Prostheses:
Osseointegration in Clinical Dentistry. Chicago: Quintessence, 1985:117-128.

ILUSTRAÇÕES E TABELAS
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Preto e branco. Envie dois conjuntos de fotos em papel glossy de alta qualidade. As fotografias não devem vir montadas ou
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Radiografias. Envie as originais e dois conjuntos em papel impresso.
Em cores. Serão aceitas a critério dos editores.
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Arquivos eletrônicos. Resolução de pelo menos 300 dpi, em formato tiff ou eps.
Legendas. As legendas devem ser agrupadas numa folha separada e em espaço duplo.

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ANOTAÇÕES

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A NOTAÇÕES

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INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS 71

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Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007 ISSN 1809-2837

Volume 02 - Número 04 - Dezembro/2007


ISSN 1809-2837

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