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(2002). Meio Ambiente Brasil: Avanços e Obstáculos Pós-Rio-1992. São Paulo: Editora
Estação Liberdade (ISBN: 85-7448-061-4). Parte I e Evolução das Resoluções da Rio-
92, pp. 21-48.
INTRODUÇÃO
Em 2002, ano da Rio + 10, a Constituição do Brasil completa quatorze anos e o país
realiza a sua quarta eleição presidencial do período democrático que sucedeu o regime
militar. A democracia representativa, pressuposto básico para a existência, permanência
e atuação das organizações da sociedade civil, respeito aos direitos humanos e proteção
do patrimônio natural, foi assegurada, restando a ampliação da participação da
sociedade civil na consolidação do processo democrático ainda em realização.
O balanço nacional da última década, nestes dez anos que nos distanciam da
Conferência do Rio de Janeiro, realizada em 1992, permite reconhecer grandes
frustrações em relação às perspectivas positivas lançadas pela Rio 92.
Os anos pós-Rio 92, fortemente marcados pela crise econômica e o Plano Real,
ensejaram uma hegemonia economicista nas discussões sobre o futuro do Brasil e na
leitura da mídia sobre os problemas nacionais. As chamadas reformas econômicas se
impuseram sobre as demandas sociais e ambientais.
Foi neste contexto que questões relacionadas ao meio ambiente, aos índios e populações
tradicionais, aos conflitos fundiários ou aos direitos humanos, foram incorporadas à
estratégia política do governo federal. A ênfase nestas políticas, no entanto, ficou
limitada à sua função simbólica, ao seu eventual possível impacto de mídia, sem que se
tenha estabelecido uma agenda consistente de ações dirigidas à efetiva solução do
desenvolvimento sustentável, dependente de reformas profundas nas estruturas de
governo, da sociedade e da cultura.
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A avaliação de como evoluíram os indicadores sobre oito temas centrais para o
desenvolvimento sustentável no Brasil – biomas, agricultura, biodiversidade, recursos
hídricos, energia, cidades, consumo e responsabilidade social de empresas – detalhados
na publicação “Meio Ambiente no Brasil 2002 – avanços e obstáculos no período pós
Rio 92” e que são sintetizados neste artigo, mostram que os problemas seguem sem
solução e, em muitos casos, se agravaram.
Neste sentido, não há apenas más notícias sobre a evolução da situação ambiental no
Brasil no período 1992-2002. Como se procurará demonstrar neste documento, houve
avanços significativos no arcabouço legal do país e na consciência da população
brasileira sobre a importância do meio ambiente e o reconhecimento dos direitos das
populações tradicionais. A participação da sociedade civil nas decisões governamentais
também cresceu de forma consistente, embora haja uma inquestionável crise de
governança e de fragilização dos meios de implementação.
Biodiversidade e biomas
Para o Brasil, o tema é de extrema importância, já que o país conta com uma das
maiores taxas de biodiversidade do planeta, com 10 a 20% das espécies descritas no
mundo (Bensuan, 2002).
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Mecanismos de auto-regulação, como a certificação florestal com base nos princípios e
critérios do Forest Stewardship Council (FSC) ou Conselho de Manejo Florestal, uma
ONG internacional que visa difundir o bom manejo florestal, conciliando salvaguardas
ecológicas e benefícios sociais e econômicos, têm sido implementados de forma
acelerada e oferecem informações aos consumidores sobre a origem dos produtos na
hora de uma decisão de compra, permitindo que ele se torne em um ator fundamental
para a exclusão de produtos de origem predatória do mercado nacional. Até junho de
2002, já haviam sido certificados dez projetos de exploração sustentável de florestas
nativas no Brasil, abrangendo áreas de 333 mil hectares na Amazônia e 25 mil hectares
na Mata Atlântica (FSC Brasil, 2002).
O Cerrado, embora não haja estudos permanentes sobre a evolução de sua cobertura
vegetal, está sob ameaça da expansão da agricultura de grãos para exportação
(Fearnside, 2001), sendo o período pós Rio 92 fortemente marcado pela conversão de
extensas áreas nativas do bioma em plantios de soja. No período de 1997 e 2000, a
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produção desta leguminosa no estado de Rondônia saltou de 4,5 mil toneladas para 45
mil toneladas, um crescimento de 900% (Capobianco, 2002).
Outro aspecto negativo importante que marca o período pós-Rio 92 é o fato de que o
crescimento no número de unidades de conservação, conforme citado anteriormente,
não foi acompanhado pelo incremento da capacidade de implantação, gestão e
fiscalização destas áreas. Ao contrário, verificou-se no período uma diminuição da
capacidade operativa dos órgãos públicos por elas responsáveis. Os dados do
Diagnóstico de Gestão Ambiental no Brasil, estudo da situação dos órgãos estaduais
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente, realizado pelo Ministério do Meio
Ambiente, demonstra que os mesmos não possuem recursos humanos e financeiros
adequados para esta tarefa (MMA, 2002). No caso do estado de São Paulo, que possui
uma das situações mais favoráveis, apenas 30% da área das unidades de conservação de
proteção integral que se encontram sob responsabilidade do Instituto Florestal,
apresentam a situação fundiária solucionada.
Agricultura
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Outros dados menos conhecidos também apontam para a degradação de áreas
agriculturáveis. No Estado de São Paulo, 4 dos 18 milhões de hectares de terras
utilizáveis estão em estágio avançado de degradação (PNUD, 1996:2).
O consumo de agrotóxicos cresceu mais de 276% entre 1960 e 1991 (MMA, 2000) e o
uso de pesticidas por área plantada cresceu 21,59% entre os anos de 1997 a 2000
(IBGE, 2002). A agricultura também é responsável por um grande consumo de um
recurso escasso e de importância estratégica: a água. Hoje 59% da água produzida no
Brasil vão para a agricultura, enquanto a indústria consome 19% e os usos domésticos
outros 22%.
Quanto aos resíduos sólidos, 68,5% dos municípios com menos de 20.000 habitantes -
que correspondem a 73% do total de 5.507 municípios brasileiros – têm os lixões como
destino final. A má qualidade do ar também impacta a saúde da população, gerando,
segundo relatório do Banco Mundial (Bird, 1996), cerca de 4.000 casos de morte
prematura, somente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
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ricos e pela classe média como pelos pobres, como ocorre na Floresta da Tijuca no Rio
de Janeiro e nas áreas de mananciais da Região Metropolitana de São Paulo.
Como pontos positivos podem ser citados os avanços na legislação com a aprovação do
Estatuto da Cidade , viabilizando a permissão para a intervenção dos governos locais
nas áreas periféricas,e a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em discussão no
Congresso Nacional
Recursos Hídricos
Apesar desta grave situação, têm surgido iniciativas positivas em termos institucionais
nos últimos dez para criar um novo arcabouço legal para o gerenciamento adequado dos
recursos hídricos no País. Este processo culminou com a aprovação da Lei 9433, de 8 de
janeiro de 1997, chamada de Lei das Águas, que estabeleceu da Política Nacional de
Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
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Os pontos centrais desta lei são a idéia do gerenciamento por bacias hidrográficas,
através do Comitê e da Agência de Bacia e o estabelecimento da outorga e da cobrança
pelo uso da água. No país, vários comitês de bacia estão em funcionamento e a cobrança
da água para alguns usos (como o uso industrial) já foi regulamentada na Bacia do rio
Paraíba.
Energia
A matriz energética no Brasil de uma maneira geral costuma ser caracterizada como
limpa. Por um lado, em termos de quantidade usada de energia, o consumo per capita
ainda é relativamente baixo, sendo de 1,13 TEP (toneladas equivalentes de petróleo) por
habitante, enquanto nos países da OECD este consumo chega a 5,5 TEP por habitante
(UNDP, 2000). Em termos de eficiência econômica na geração de carbono, o Brasil
também se destaca positivamente. O país gerava em 1995, 0,33 toneladas de CO2 por
dólar do Produto Interno Bruto (PIB), em comparação com os americanos que chegam a
0,85 tCO2/hab, a União Européia a 0,51 tCO2/hab e a China a 0,92 tCO2/hab (Poole et
al., 1995).
Porém, as tendências nos últimos dez anos apontam para a falta de planejamento
adequado do setor energético e a adoção de políticas regulatórias improvisadas. Como
exemplo, podem ser citados o recente racionamento energético e a escassez de
investimentos.
Também, a contribuição das energias renováveis vem caindo na matriz brasileira. Elas
eram 47,2% da matriz em 1992, e em 2000 representavam 39,4% (IBGE, 2002). As
estimativas de planejamento no plano plurianual de energia de 1997 de crescimento da
oferta de energia elétrica até 2009 apontam que a geração por termelétricas a gás
natural, carvão e nuclear vai triplicar, fazendo com que estas energias cheguem a
representar 20% da matriz brasileira, enquanto a geração por energias alternativas vai
contribuir com somente 0,3% da capacidade geradora (Muylaert et al., 2001).
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energética nacional, até o ano de 2010. Além do problema decorrente do aumento da
produção de CO2, a grande maioria destas termoelétricas estão projetadas para centros
urbanos e industriais onde já há elevados índices de poluição atmosférica e falta de
disponibilidade de água.
Há, ainda, projetos em análise para a construção de oito novas usinas a carvão, três
deles integrantes do PPT, dezenas de termelétricas a diesel e movidas com resíduo
asfáltico, introduzindo tecnologias obsoletas e com altos níveis de emissão de CO2.
Finalmente, a imposição de uma estratégia emergencial para o setor após a recente crise
de abastecimento, contribuiu para obscurecer o debate em torno do atual modelo
energético brasileiro, tanto no que diz respeito à geração, como dos padrões de
consumo. Além disso, há uma grande pressão sobre os órgãos licenciadores e entidades
da sociedade civil no sentido de se flexibilizar as exigências ambientais e sociais, o que
pode acarretar na aprovação de empreendimentos de alto risco econômico, social e
ambiental, em detrimento da busca por mudanças na matriz e no modelo energético no
sentido da promoção da sustentabilidade social e ambiental.
Entre os temas abordados, o que possivelmente teve uma avaliação mais otimista foi a
mudança da atitude de muitas empresas frente às questões socioambientais, refletida na
popularização do conceito de responsabilidade social.
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seus impactos socioambientais, muitas empresas estão começando a perceber a
importância da questão. O tema parece ter avançado principalmente nas grandes
empresas, que estão mais sujeitas ao controle dos órgãos ambientais, e menos nas
pequenas empresas (Súmula Ambiental, 2002).
Também, existe uma percepção de alguns atores sociais que a implementação de ações
de responsabilidade social das empresas brasileiras ainda é menos efetiva que nos países
mais desenvolvidos (Marcelos Neto, 2002, neste livro). Outra crítica é que ainda
existem poucos resultados e ações socioambientais em relação ao marketing propagado
pelas empresas.
Porém, estas conquistas pontuais parecem muito pouco para o que temos que avançar na
busca de alternativas para um desenvolvimento mais sustentável. Até agora, o caminho
trilhado pelo Brasil e por outros países em desenvolvimento, no que diz respeito aos
padrões de consumo e produção é muito similar ao dos países já desenvolvidos,
replicando agora o caminho de uso não sustentável dos recursos naturais anteriormente
percorrido.
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SITUAÇÃO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DA GESTÃO SOCIOAMBIENTAL
NO BRASIL
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Uma terceira crítica aponta para a “burocratização” das esferas de decisão que seriam, a
princípio, participativas. Em alguns casos, o formalismo e debates estritamente técnicos
levam a um acesso limitado à contribuição de muitos grupos da sociedade civil e a
popularização dos debates na sociedade geral.
A primeira delas, sobre a questão indígena, foi realizada pelo Ibope, a pedido do
Instituto Socioambiental. Foram ouvidos dois mil homens e mulheres em todo o
território nacional entre 24 e 28 de fevereiro de 2000, expressando as opiniões dos
brasileiros sobre os índios às vésperas das comemorações dos 500 anos do
"Descobrimento do Brasil". Os resultados foram surpreendentes (ISA, 2000).
Embora a grande maioria dos brasileiros viva em cidades ou regiões distantes das terras
indígenas, 78% dos entrevistados revelaram ter interesse no futuro dos índios. A
pesquisa mostrou que os brasileiros têm uma imagem positiva dos índios: 88%
concordam que eles conservam a natureza e vivem em harmonia com ela; 81% acham
que eles não são preguiçosos e apenas encaram o trabalho de forma diferente da nossa;
89% afirmam que eles não são ignorantes e apenas possuem uma cultura diferente da
nossa; e 89% consideram que eles só são violentos com aqueles que invadem as suas
terras.
Dentre os entrevistados, 82% opinaram que o governo federal deveria atuar para evitar a
extinção dos povos indígenas e para promover a sua defesa. 75% consideram que os
índios precisam ser protegidos e ensinados e 93% afirmaram que eles devem receber
uma educação que respeite os seus valores.
A demarcação das terras indígenas também recebeu expressivo apoio dos brasileiros.
Informados de que os índios representam apenas 0,2% da população brasileira e têm
direitos de posse permanente e de usufruto exclusivo sobre 11% do território nacional,
apenas 22% dos entrevistados consideram que é muita terra para pouco índio, enquanto
outros 68% entendem que a extensão das terras indígenas é adequada ou insuficiente.
Mesmo nas regiões norte e centro oeste, onde se situam 99% da extensão total das terras
indígenas, 59% dos entrevistados consideram-na adequada ou insuficiente, enquanto
34% acham que é muita terra.
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Perguntados especificamente sobre o caso dos índios que falam português e se vestem
como nós, 70% dos brasileiros consideram que os seus direitos territoriais devem ser
mantidos, contra 24% que acham que deveriam perdê-los.
A segunda pesquisa citada, sobre o Código Florestal, foi realizada pelo o Instituto Vox
Populi, em maio de 2000 (ISA, 2000 b), a pedido do Instituto Socioambiental,
Greenpeace, WWF e Grupo Estado, e repetida em setembro de 2001, com o objetivo de
levantar a opinião dos brasileiros sobre as mudanças propostas para o Código Florestal,
a lei 4.771/65, em tramitação do Congresso Nacional.
As pesquisas, procuraram aferir qual o nível de informação sobre tais mudanças e quais
as tendências da opinião pública brasileira em relação à proteção das florestas no país.
As questões, foram formuladas considerando os argumentos que vinham sendo usados
por parlamentares e entidades ruralistas que defendem mudanças no Código Florestal a
fim de possibilitar o aumento do desmatamento na Amazônia.
Com relação ao principal uso que deve ser dado à floresta, 92% dos entrevistados
responderam, em 2000, que deveriam ser o uso dos recursos florestais, incluindo
extração de madeira, extrativismo e ecoturismo, sem desmatamento. Este percentual
evoluiu para 96% quando a pesquisa foi repetida no ano seguinte.
A pesquisa foi realizada nos anos de 1992, 97 e 2001, o que permite uma avaliação
consistente da evolução da consciência ambiental no Brasil. Os dados foram coletados
pelo Ibope em todas as regiões brasileiras (ISER, 2001).
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De 1992 para 2001, evoluiu de 22% para 31% o número de pessoas que acreditam que o
meio ambiente deve ter prioridade sobre o desenvolvimento econômico. Em quatro
anos, de 1997 para 2001, cresceu de 23% para 31% o número de pessoas que estão
convencidas de que os nossos hábitos de produção e consumo precisam de grandes
mudanças para conciliar o desenvolvimento com a proteção ambiental.
Além disso, o meio ambiente, suas más e boas práticas, entraram na pauta das redes de
televisão, dos jornais e dos periódicos semanais que produziram um número
significativo de matérias especializadas de excelente qualidade, que informaram a
opinião pública e influenciaram os formadores de opinião. Lideranças sociais,
governamentais, empresariais e científicas fizeram diagnósticos e parcerias, tomando
iniciativas que se tornaram referências positivas a serem multiplicadas em escala
maiores.
É possível afirmar que o maior ganho da última década foi o reconhecimento de que a
solução para os problemas ambientais reside na noção de “desenvolvimento
sustentável”, tal como a havia proposto o relatório Brundtland em 1987, sacramentado
pelas Nações Unidas em 1992. Depois de uma fase experimental e delicada, hoje
podemos considerá-lo vitorioso e atribuir ao Brasil um papel importante em sua
consolidação como conceito operacional e pragmático para os países em
desenvolvimento.
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perder terreno para prioridades sociais e econômicas, quanto para os
desenvolvimentistas, que não desejavam restrições ao crescimento.
Neste período, muitas ONGs concretizaram parcerias com os três níveis de governo e,
talvez por esta razão tenham-se tornado mais sensíveis a uma ampla gama de atores e
interesses de diferentes áreas, uma vez que as fontes de financiamento deixaram de ser
internacionais e passaram ser cada vez mais domésticas. Esta aproximação da sociedade
organizada com o chamado Brasil Real certamente forneceu experiências menos
ortodoxas, mais diversificadas e positivas.
Nos últimos dez anos, houve uma evolução positiva no aparato legal com vistas a
possibilitar o gerenciamento dos problemas socioambientais no Brasil.
Foram editadas várias leis importantes, como o Estatuto das Cidades; a Lei das Águas,
que estabeleceu o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e a Política
Nacional de Recursos Hídricos; a Lei de Crimes Ambientais, que estabeleceu sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente; a
Lei que dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal
de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; e a Lei que instituiu o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.
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Os resultados destes avanços legais, no entanto, ainda não se traduziram em melhoria
da sustentabilidade no país.
É inegável que existe uma carência crônica de recursos para a adequada atuação de
órgãos públicos fundamentais para a gestão socioambiental no país. O próprio
Ministério do Meio Ambiente é um exemplo desta situação: nos últimos anos seu
orçamento veio sendo anualmente reduzido, caindo de um patamar irrisório de apenas
0,51% do orçamento da União em 1995, para 0,13% em 2000 (MPOG, 2002).
A carência de recursos, no entanto, não pode ser utilizada como único argumento para
explicar a inação do poder público no enfrentamento dos conflitos socioambientais no
país. Há problemas estruturais graves com agravam estes conflitos.
Desta forma, não basta buscar leis mais rígidas, políticas mais detalhadas ou mais
recursos para conseguir-se resultados mais efetivos na ação pública. Os maiores
problemas estão na implementação destas leis e políticas.
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Em compensação, devemos reconhecer que, graças a esta debilidade, apressou-se a
dissolução do Estado centralista, não apenas em favor dos governos locais, mas também
de novas e dinâmicas parcerias entre a Sociedade e o Governo. Estas parcerias não têm
sido suficientes, porém, para romper a fragmentação das políticas públicas, cuja ótica
setorial e isolada sempre prevalece sobre a lógica da complementaridade, que exige
flexibilidade institucional e a gratificação ainda impossível de um resultado
compartilhado por duas ou mais autoridades governamentais.
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A EVOLUÇÃO DAS RESOLUÇÕES DA RIO-92
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que resultem de modificações da
camada de ozônio
Convenção da Basiléia sobre Reduzir movimentos Ratificou em
Controle de Movimentos transfronteiriços de resíduos 16/06/92
Transfronteiriços de Resíduos perigosos ao mínimo, minimizar a
Perigosos e seu Depósito quantidade de resíduos gerados
Código Internacional de Estabelecer responsabilidades e Assinou
Conduta na Distribuição e Uso modelos voluntários de conduta
de Pesticidas para instituições públicas e
privadas engajadas ou relacionadas
com o uso e distribuição de
pesticidas
Convenção de Roterdã sobre Promover esforços de Assinou
consentimento prévio de responsabilidade e cooperação
procedimentos para certas entre as Partes no comércio
substâncias químicas internacional de certas substâncias
químicas de risco, procurando
proteger a saúde humana e o meio
ambiente de possíveis danos
Convenção sobre Poluentes Proteger a saúde humana e o meio Assinou
Orgânicos Persistentes ambiente de poluentes orgânicos
persistentes
Convenção das Nações Unidas Estabelecer um novo regime legal Ratificou em
sobre o Direito do Mar abrangente para os mares e 09/11/87
oceanos, estabelecer regras práticas
relativas aos padrões ambientais,
regulamentação da poluição do
meio ambiente marinho
Acordo para a Implementação Assegurar a conservação a longo Assinou em 1995
da Convenção das Nações prazo e uso sustentável de estoques
Unidas sobre o Direito do Mar, de peixes tranzonais e de peixes
sobre Estoque de Peixes altamente migratórios
Tranzonais e de Peixes
Altamente Migratórios
Convenção Internacional para Conservar o ambiente marinho Ratificou em
Prevenção da Poluição por através da completa eliminação da 04/04/96
Navios MARPOL 73/78 poluição internacional por óleo e
outras substâncias nocivas e da
minimização de descargas
acidentais destas substâncias
Convenção Internacional sobre Garantir uma compensação Ratificou em
Responsabilidade Civil por adequada às pessoas que venham a 30/09/76
Danos causados pela Poluição sofrer danos causados por poluição
por Óleo (1969) resultante de fuga ou descarga de
óleo proveniente de navios, adotar
regras e procedimentos
internacionalmente uniformes
Convenção Internacional sobre Assegurar a implementação das Em estudo para
Responsabilidade e obrigações sobre responsabilidade e adesão
Compensação por Danos compensação estabelecidas e tomar
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Conexos com o Transporte de as medidas legais para impor as
Substâncias Nocivas e Perigosas sanções consideradas necessárias,
por Mar (1996) visando à efetiva execução dessas
obrigações
Convenção Internacional para Assegurar que compensação Assinou
Estabelecimento de um Fundo adequada esteja disponível às
Internacional para a pessoas que sofram danos causados
Compensação de Danos por poluição por óleo resultantes de
causados por Poluição de Óleo derramamentos ou
(1971) descarregamento acidentais de óleo
por navios
Convenção Internacional sobre Prevenir acidentes de poluição Ratificou
Prontidão, Resposta e marinha provocada por óleo de
Cooperação na Poluição de Óleo acordo com o princípio de
precaução (Convenção
Internacional de Segurança da Vida
no Mar e MARPOL)
Convenção Internacional para a Estabelecer um sistema de Ratificou em
Regulamentação da Pesca da regulamentação internacional 09/03/50
Baleia aplicável à pesca da baleia afim de
assegurar a conservação e aumento
da espécie baleeira, tornar possível
o desenvolvimento ordenado da
indústria baleeira
Convenção para Proteção do Estabelecer um sistema efetivo de Ratificou
Patrimônio Cultural e Natural do proteção coletiva do patrimônio
Mundo cultural e natural, garantindo seu
valor e organizando bases
permanentes de acordo com
métodos científicos modernos
CITES – Convenção sobre o Proteção de certas espécies da Ratificou em
Comércio Internacional das fauna e da flora selvagens contra 24/06/75
Espécies da Flora e Fauna sua excessiva exploração pelo
Selvagens em Perigo de comércio internacional.
Extinção (1973)
Convenção sobre Diversidade Conservação da diversidade Ratificou em
Biológica biológica, utilização sustentável de 03/02/94
seus componentes e a repartição
justa e eqüitativa dos benefícios
derivados da utilização dos
recursos genéticos mediante ao
acesso adequado a estes recursos e
à transferência adequada de
tecnologias pertinentes
Protocolo de Biossegurança Garantir que o desenvolvimento,
manuseio, transporte, uso e
liberação de qualquer organismo
geneticamente modificado (OGM)
seja feito de uma maneira que
previna ou reduza os riscos para a
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biodiversidade, levando em conta
riscos para a saúde humana.
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