Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
O Sistema Penitenciário brasileiro apresenta poucos avanços humanitários no decorrer do seu processo histórico,
evidenciando o descumprimento da função ressocializadora da pena. Sendo assim, o presente trabalho busca
fazer uma análise da crise atual deste Sistema, a violação dos direitos humanos, bem como a violação de todos os
instrumentos legais que endossam direitos e garantias aos presos. Para este fim, foi empregado um processo de
sondagem e investigação bibliográfica. Nesta perspectiva, cabe-nos tratar da ineficácia dos presídios, em função
do descumprimento dos preceitos legais e princípios, a exemplo da dignidade da pessoa humana.
PALAVRAS CHAVES
ABSTRACT
The system Brazilian Penitentiary has few humanitarian advances in the course of its historical process,
demonstrating the failure of ressocializadora function pen. Thus, the present work seeks to analyze the current
crisis of this system, the violation of human rights, and the violation of all legal instruments that endorse rights
and guarantees to prisoners. To this end, we used a process of probing and bibliographic research. In this
perspective, it behooves us to deal with the ineffectiveness of prisons, due to noncompliance with the legal
provisions and principles, such as the dignity of the human person.
KEYS WORDS
1
Acadêmica de Direito do 5º semestre, pela Universidade do Estado da Bahia.
2
Acadêmica de Direito do 5º semestre, pela Universidade do Estado da Bahia.
Introdução
No Brasil, a maioria dos presídios não possuem uma saúde de qualidade, o mínimo
de conforto e não executam atividades socioeducativas de cunho ressocializador, obstruindo
o acesso do ex-detento as oportunidades e inviabilizando a possibilidade de construção de
um futuro melhor.
O presente artigo foi dividido em três tópicos. O primeiro tópico versa sobre a origem
das penas, bem como a realidade do local de cumprimento destas penas e os efeitos do
descumprimento das garantias legais. No segundo falamos sobre a violação dos direitos
humanos e dos princípios humanos. Ao final, no terceiro tópico, foram apontadas algumas
medidas alternativas para a solução da crise do sistema penitenciário.
A obra de Cessare Beccaria, “Dos Delitos e das Penas” (1764), se encaixa na realidade
prisional atual, embora ela tenha sido escrita no século XVIII. Beccaria trata das
arbitrariedades e critica as leis penais vigentes, trazendo em suas palavras, os anseios e as
necessidades de mudança naquele contexto penal.
O jurista Rogerio Greco tece várias críticas ao sistema prisional, afirmando que “nosso
problema não é um problema jurídico, e sim, um problema político”. Posto isto, nota-se que o
Estado negligencia os direitos básicos dos apenados. O que nos leva a crer que voltamos à era
medieval, contudo uma era investida de tecnologia.
Ainda sobre a superlotação das celas, é importante destacar que o Brasil possui a
quarta maior população carcerária do mundo. Em 2015, o site G1 fez um levantamento que
demostra números alarmantes. O Brasil há uma população carcerária de 615.933 presos, onde
39% (trinta e nove por cento) destes estão em situação provisória, ou seja, são 238 mil presos
que ainda aguardam pelo julgamento.
A lei de Execução Penal preconiza, em seu artigo 84, que o preso provisório não
poderá ficar junto com o condenado por sentença transitado em julgado. No entanto, na
prática, é notória a divisão de celas entre os indivíduos que aguardam o julgamento e aqueles
que já foram condenados.
Os direitos humanos são aqueles fundamentais para que haja o desenvolvimento digno
da pessoa humana, de forma que representam as obrigações que têm o Estado com os seus
cidadãos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos versa em seu artigo 1º que “Todos
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de
consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.
Segundo Robert Alexy (2000, p. 24-31), os Direitos Humanos podem ser: universais,
que são aqueles titularizados por todos os seres humanos, sem que haja distinção; moralmente
válidos, tendo em vista que podem ser aceitos por uma fundamentação racional perante
qualquer pessoa que questione; fundamentais, são os direitos que têm por conteúdo os
interesses fundamentais, ou seja, são substancias para o contento das necessidades e
interesses; prioritários, isto é, são os direitos prioritários em relação ao direito positivo, haja
vista que os direitos humanos são essenciais para a legitimidade do direito positivo; abstratos,
pois necessitam de limitação ou restrição.
Diante do que foi exposto e da universalidade dos Direitos Humanos, entende-se que
estes direitos são inerentes ao indivíduo na condição humana, independente da sua condição
social. Por conseguinte, é possível inferir que os presos também são detentores destes direitos
fundamentais.
A LEP enumera algumas obrigações que o Estado possui com os apenados, como o
direito à alimentação, vestuário, educação, instalações higiênicas, assistência médica,
farmacêutica e odontológica; a assistência jurídica aos indivíduos que não podem custear os
serviços de um advogado; o direito ao seguimento do exercício das atividades profissionais,
desde que compatível com a pena; assistência social e religiosa; e o direito a reintegração ao
convívio social.
No âmbito internacional, o Pacto de São José da Costa Rica estabelece as garantias aos
presos, assim como prevê em seu artigo 5(2), o respeito para o indivíduo que tenha a sua
liberdade privada e a vedação as torturas, penas cruéis, desumanas e degradantes.
Francesco Carnelutti, notório jurista italiano, conclui que "basta tratar o delinquente
como um ser humano, e não como uma besta, para se descobrir nele a chama incerta do pavio
fumegante que a pena, em vez de extinguir, deve reavivar." (CARNELUTTI, 2002).
De acordo com a realidade do sistema penitenciário, o que se verifica é a incessante
violação dos direitos humanos e o descumprimento das regras legais que são consideradas
como fundamentais.
É importante destacar que a finalidade dos direitos humanos, no que tange os presos,
não é o de abrandar a pena privativa de liberdade ou torná-la aprazível, de forma que o caráter
retributivo da pena deixe de existir. Contudo, o que se defende é o tratamento humano
assegurado pela lei e a reinserção dos apenados ao convívio social.
3. Possíveis soluções
As penas alternativas também devem ser consideradas como medidas eficazes, uma
vez que correspondem a um instrumento que contribui para a ressocialização do apenado, em
função da reintegração deste ao meio social. Estas penas já estão previstas nos instrumentos
legais brasileiros, porém é inescusável que sejam, de fato, efetivadas.
I - prestação pecuniária;
FOCAULT define:
Deste modo, conclui-se que é imprescindível que o Estado propicie políticas públicas
para o desenvolvimento humano e para a reinserção dos presos na sociedade. Sendo também
interessante que eles possuam oportunidades após o cumprimento de sua pena, a fim de que
possam se manter em uma sociedade marcada pelo capitalismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS