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Prof. Maria Amália Amarante Almeida Magalhães. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo / Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura, UFRJ
INTRODUÇÃO
DIFERENÇAS DE TECNOLOGIA
ESCOLHA DE TECNOLOGIAS
TECNOLOGIA E ARQUITETURA
PESQUISA TECNOLÓGICA
A tecnologia "pode ser confundida com aquelas aplicações práticas que, tradicionalmen-
te, permitem o "progresso" da humanidade. Por outro lado, pode assumir aspectos metodológi-
cos de elaboração das informações científicas, substituindo o conhecimento de um "limite" (o
limite colocado pela natureza às variações introduzidas pela ciência), por um conhecimento de
"possibilidade" ( o conjunto de atividades científicas valorizáveis para os fins humanos é des-
mesurado, cabe ao homem estabelecer prioridades e objetivos)". (Vittoria).
No primeiro caso, a tecnologia é um meio de atividade produtiva, enquanto que no se-
gundo, é meio para fornecer à sociedade modelos de organização e de intervenção diversos.
TECNOLOGIA E AMBIENTE
INTERVENÇÃO TECNOLÓGICA
A princípio, qualquer intervenção pode ser considerada tecnológica. Por mais simples
que ela possa ser, sempre envolverá algum nível de conhecimento, seja cultural, técnico ou
científico, ao qual está sempre vinculado o conceito de tecnologia. Ao mesmo tempo, qualquer
intervenção cientificamente relevante pressupõe obrigatoriamente um dado poder de criação e
destruição, palavras que, não por acaso, preferimos reunir numa terceira: transformação.
Ao se propor uma intervenção arquitetônica ou urbanística, essa pode ser uma reforma
ou uma transformação da estrutura urbana. Somente a última altera as relações humanísticas
com os indivíduos que dela participam, podendo ser considerada uma intervenção tecnológica.
No outro caso, seria uma intervenção apenas técnica, como as muitas que vemos nas nossas
cidades, meras intervenções estéticas, sem nenhuma importância social. É preciso portanto
repensar essas intervenções de modo efetivamente tecnológico.
A cidade física reflete, necessariamente, a cidade social, econômica, cultural, histórica.
A distribuição social da riqueza é visível na distribuição espacial urbana. As intervenções tecno-
lógicas no espaço urbano podem ser atribuídas aos urbanistas que projetam uma cidade har-
mônica e também aos seus habitantes marginalizados que constroem favelas, palafitas e corti-
ços. As primeiras podem ser consideradas intervenções tecnológicas formais ou mesmo "de
ponta", enquanto que as últimas constituem intervenções informais ou empíricas. A convivência
das várias tecnologias é própria dos países em desenvolvimento como o nosso caso. Como
bem dizia Artigas: "a força social é mais forte do que a nossa capacidade de planejar".
De modo geral, nenhuma intervenção é considerada inteiramente positiva ou inteira-
mente negativa por todo o conjunto de habitantes de uma cidade. Essa diversidade de interes-
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ses é que define o caráter político de qualquer intervenção. Além disso, as decisões envolvem
conflitos entre os interesses dos diversos agentes que atuam nos processos de intervenção:
governo, população, técnicos, empresas. Quando o poder técnico se sobrepõe ao poder políti-
co, instaura-se a tecnocracia.
O coordenador de projeto não é necessariamente um tecnocrata, a menos que se utilize
da inovação tecnológica sem nenhuma outra razão que não seja a própria superação da tecno-
logia. Em outras palavras, quando se usa a tecnologia como um fim em si mesma, e não como
um meio para atingir um fim determinado ou satisfazer uma necessidade.
O processo de formação do ambiente dentro do qual os homens vivem e se relacionam
faz parte do projeto tecnológico de transformação da relação dos homens com o seu ambiente.
E isto também é Arquitetura, se por arquitetura entendemos, segundo Morris, "o conjunto das
modificações realizadas sobre a superfície terrestre em vistas das necessidades humanas,(...)".
BIBLIOGRAFIA
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