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CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Avenida Dr. Freitas, 3645 - Bairro do Marco, 66095-110, Belém, PA.
E-mail: vasquez@be.cprm.gov.br
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baseada em sensores remotos e escassos dados rem mais a leste (Vasquez et al. 2008b).
de campo de projetos de mapeamento do DNPM, No Domínio Iriri-Xingu as ocorrências de emba-
Idesp e CPRM nas décadas de 1970 e 1980 (Oli- samento gnáissico-migmatítico com granitóides
veira et al. 1975, Araújo et al. 1976, Chaves et al. deformados associados são menores que as ma-
1977, Rodrigues et al. 1978, Costi et al. 1983, Jor- peadas pelos projetos anteriores do DNPM e da
ge João et al. 1984). Teixeira et al. (1976) basea- CPRM como Complexo Xingu (Silva et al. 1974,
dos em dados Rb-Sr e K-Ar dos granitóides e gnais- Martins & Araújo 1979, Cunha et al. 1981). Na par-
ses do embasamento sugeriram que essas rochas te central são restritas a pequenas ocorrências
se formaram durante o Ciclo Transamazônico, so- pontuais, janelas do embasamento nas cobertu-
freram eventos térmicos metassomáticos há cer- ras rochas vulcânicas e granitos, como a ocorrên-
ca de 1,8 Ga, e que remanescentes arqueanos cia Morro Grande no rio Curuá descrita Forman et
podem ocorrer dessa região. Portanto, é possível al. (1972). Somente na cabeceira do rio Iriri e que
que essas associações de embasamento repre- eles descrevem ocorrências mais expressivas que
sentem continuidade dos domínios arqueanos e se estendem para o nordeste do Mato Grosso (Fig.
riacianos da Província Transamazonas que ocor- 2B). Lacerda Filho et al. (2004) individualizaram
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nessa região corpos de granitóides com incipien- et al. 2007, Vasquez et al. 2008b). Este segmento
te deformação dúctil, denominando-os de Suíte tem continuidade espacial com o embasamento do
Intrusiva Vila Rica. Padilha & Barros (2008) identi- Domínio Iriri-Xingu (Fig. 4), portanto é possível que
ficaram uma assinatura calcio-alcalina de alto K faça parte desse domínio.
para os granitos dessa suíte, que tem uma idade
em zircão de 1,97 Ga e dados de isótopos de Nd Vulcano-plutonismo Paleoproterozóico
que indicam uma contribuição crustal arqueana.
As autoras interpretaram que esses granitóides, As associações de rochas vulcânicas, graníti-
que são contemporâneos ao magmatismo Crepo- cas e gabroícas que ocorrem em ambos os domí-
rizão do Domínio Tapajós, são produtos da fusão nios da Província Amazônia Central se estendem
de crosta arqueana em ambiente pós-colisional. A para os domínios adjacentes, principalmente para
ocorrência de granitóides de 1,97 Ga no embasa- os domínios da Província Tapajós-Parima. São ro-
mento do Domínio Iriri-Xingu sugere que se trate chas do Orosiriano e subordinadamente do Esta-
de um reflexo da orogênese do Domínio Tapajós teriano, e geralmente estão relacionados à tectô-
em uma região mais próxima do cráton arqueano, nica transcorrente rúptil e extensional. As provín-
ou até uma continuidade desse orógeno que se cias mais antigas a leste são francamente anoro-
estendeu a uma cratônica adjacente. Adicional- gênicas, mas há controvérsias com relação aos
mente, a sudeste o Domínio Iriri-Xingu se limita eventos magmáticos da Província Tapajós-Parima.
com Domínio Santana do Araguaia que contem Santos et al. (2004) admitem que as rochas ígne-
gnaisses arqueanos migmatizados e formação de as cálcio-alcalinas de 1,89 a 1,88 Ga do Domínio
granitóides no Riaciano (ca. 2,19 Ga) (Macambira Tapajós estariam relacionadas a um arco magmá-
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Figura 2B - Geologia e recursos minerais do domínio Iriri-Xingu da Província Amazônia Central (modificado de
Vasquez et al. 2008b).
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tico (Arco Parauari), e que as de afinidade alcalina cos em Fe e alcális, por vezes tipo rapakivi, bem
de 1,88-1,86 Ga corresponderiam a um magma- como de feldspato alcalino granitos, às vezes tipo
tismo pós-orogênico. Modelos envolvendo subdu- hipersolvus e que tem corpos de quartzo sienito
ção de litosfera oceânica e subsequente colisão (ex. Sienito Guabiraba) associados correspondem
tem sido defendido também para as rochas ígne- a granitos de afinidade alcalina. Para evitar uma
as cálcio-alcalinas de alto K de 1,89 a 1,88 Ga dos correlação direta com os granitos suítes intrusi-
domínios da Província Tapajós-Parima em Roraima vas Parauari e Maloquinha, Vasquez et al. (2008a)
e no Amazonas (Reis et al. 2003, Valério et al. os denominaram, respectivamente, de granitos tipo
2006). Alternativamente, foram propostos mode- A e tipo I indiferenciados (Fig. 2B). A maioria desses
los envolvendo underplating em ambiente intracon- corpos foi mapeada através sensores remotos, só
tinetal para formação de rochas cálcio-alcalinas de localmente contam com informações mais comple-
alto K de 1,90 a 1,88 Ga e as subseqüentes ro- tas. Macambira & Vale (1997) individualizaram na
chas alcalinas de 1,88-1,86 Ga da Província Tapa- região de São Felix um corpo de monzogranitos e
jós-Parima (Vasquez et al. 2002, Almeida 2006). granodioritos com hornblenda que forneceu a ida-
No Domínio Iriri-Xingu as rochas vulcânicas áci- de isocrônica Rb-Sr de 1,92 Ga. Nesta região tam-
das e intermediárias, bem como seus equivalen- bém ocorrem intrusões de granitos tipo A da Suíte
tes vulcanoclásticos, são representadas respecti- Intrusiva Velho Guilherme, com idades por evapo-
vamente pelo Grupo Iriri e a Formação Sobreiro ração de Pb entre 1,88 e 1,86 Ga, uma significati-
que marcam um vulcanismo bimodal. Fernandes va fonte crustal arqueana e especialização em
et al. (2006) identificaram nas rochas da Forma- mineralização de Sn (Teixeira 1999, Teixeira et al.
ção Sobreiro uma assinatura cálcio-alcalina de alto 2002). No interflúvio dos rios Irri e Xingu ocorrem
K a shoshonítica que transiciona para arcos mag- outros corpos de granitos tipo A mineralizados a
máticos maturos, e uma afinidade alcalina de am- Sn (ex. Granito São Pedro do Iriri) que podem ser
biente intraplaca para rochas da unidade Iriri. Eles correlatos à Suíte Intrusiva Velho Guilherme. Con-
interpretam que essas rochas contemporâneas de tudo, na parte leste do Domínio Tapajós ocorre
assinaturas geoquímicas contrastantes se forma- um corpo de granito tipo A com mineralização de
ram em um ambiente de transição entre o final de Sn, o Granito Porquinho com 1,78 Ga (Santos et al.
uma orogênese e o início de uma fase rifte intra- 2004). É possível que no Domínio Iriri-Xingu tam-
continental relacionada á tafrogênese de 1,88 Ga bém tenham corpos de granitos tipo A relaciona-
de amplo registro no Cráton Amazônico. Esta tran- dos a esse evento 100 Ma mais jovem.
sição teria se dado a partir da evolução dos arcos Padilha & Barros (2008) caracterizaram grani-
magmáticos de 2,0-1,88 Ga do Domínio Tapajós, tos de afinidade alcalina com cerca 1,88 Ga da Suíte
com a placa oceânica subductada sob o cráton Intrusiva Rio Dourado no nordeste do Mato Gros-
arqueano a leste. Progressivamente diminuindo o so. Contudo, nesta região o Domínio Iriri-Xingu se
mergulho da placa subductada (flat subduction) e limita com as rochas do Domínio Juruena, que é
deslocando a frente de geração de magmas mais marcado por vulcano-plutonismo de 1,77-1,76 Ga
jovens para uma porção mais interior, onde domi- (Neder et al. 2002, Lacerda Filho et al. 2004, Pinho
na uma tectônica extensional (Fernandes 2009, et al. 2003). Assim, é possível que manifestações
Juliani et al. 2009). ígneas desse evento se estendam ao Domínio Iri-
No Domínio Iriri-Xingu ocorrem bátólitos e plu- ri-Xingu.
tons de granitos com relações de contempora- O limite noroeste da Província Amazônia Cen-
neidade ou que cortam as rochas vulcânicas e vul- tral tem problema na sua definição (Fig. 2A). As
canocláticas e de maneira análoga aos granitos rochas orosirianas no Domínio Uatumã-Anauá con-
suítes intrusivas Parauari e Maloquinha do Domí- tam com geocronologia em zircão e dados de isó-
nio Tapajós devem, portanto, corresponder aos topos de Nd que indicam um predomínio de fontes
equivalentes intrusivos do vulcanismo félsico. São paleoproterozóicas (Almeida 2006, Marques et al.
monzogranitos, granodioritos e sienogranitos, com 2007). Contudo, as rochas no Domínio Erepecuru-
subordinados quartzo monzonitos e monzodiori- Trombetas não tem dados isotópicos que compro-
tos, que possivelmente representam granitóides vem as significativas fontes arqueanas que carac-
de afinidade cálcio-alcalina de alto K. As intrusões terizam a Província Amazônia Central.
de granito com hastingsita e outros anfibólios ri- No Domínio Uatumã-Anauá ocorre um vulcano-
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plutonismo cálcio-alcalino de alto K de idade 1,90- clo Transamazônico e corresponder a uma bacia
1,89 Ga, representado pelos granitóides da Suíte de antepaís daquele ciclo.
Intruvisa Água Branca, rochas vulcânicas Jatapu As coberturas sedimentares posteriores ao
(Almeida 2006, Valério et al. 2009) e pelo vulcano- vulcano-plutonismo orosiriano estão representa-
plutonismo alcalino de 1,89-1,87 Ga, comumente das no Domínio Iiri-Xingu pelas Formações Triunfo
referido como magmatismo Uatumã, representa- e Cubencranquém. Essas consistem de quartzo
do pelas rochas vulcânicas do Grupo Iricoumé e arenitos, arenitos arcoseanos e líticos, com subor-
os granitos da Suíte Intrusiva Mapuera (Ferron et dinados conglomerados polimíticos, siltitos e peli-
al. 2006, 2010, Pierosan et al. 2009). Essas asso- tos. Nessas rochas predominam fontes detríticas
ciações se estendem para o Domínio Erepecuru- de material vulcânico e piroclastico, mas localmente
Trombetas (Fig. 2A), onde Jorge et al. (1984) iden- ocorrem intercaladas camadas pirocláticas ácida
tificaram granitóides calcio-alcalinos de 1,91 Ga da e níveis de cherts esferulíticos (Pastana & Silva
unidade Água Branca, e uma afinidade calcio-al- Neto 1980, Cunha et al. 1981).
calina de alto K a shoshonítica para os andesitos No Domínio Erepecuru-Trombetas, essas cober-
(Andesito Morro da Trava) associados às rochas turas são menores e menos frequentes (Fig. 2A)
vulcânicas ácidas do Grupo Iricoumé. Esse mag- e foram correlacionadas com as da Formação Uru-
matismo intermediário a básico de alto K também pi (Jorge João et al. 1984). Trata-se de coberturas
é marcado pelos diques de vogesito, espessartito que marcam uma sedimentação de rifte continen-
e kersantito (Lamprófiro Cuminapanemá – Rodri- tal que se estendeu aos domínios das províncias
gues et al. 1978) que cortam os granitos da Suíte adjacentes a Província Amazônia Central, eviden-
Intrusiva Mapuera na região. ciando uma ampla bacia sedimentar sobrejacente
O ambiente tectônico e fontes do magmatismo às rochas do magmatismo Uatumã e cortadas por
Água Branca pode ser relacionado a um arco mag- intrusões máficas subvulcânicas do Estateriano
mático envolvendo modelos de subducção, a exem- (diabásios de 1,78 Ga - Santos et al. 2002). Por
plo do proposto por Santos et al. (2004) para os outro lado, a ocorrência de material piroclástico
arcos magmáticos Tropas e Parauri no Domínio intercalado sugere que a deposição dessas cober-
Tapajós. Alternativamente, este evento pode es- turas em parte foi contemporânea aos estágios
tar relacionado a um ambiente pós-colisional, evol- finais do vulcanismo orosiriano (Ferron et al. 2006).
vendo underplating e fusão de crosta dominante- Brito Neves et al. (1995) associaram o vulcano-
mente paleoproterozóica com a formação as ro- plutonismo e sedimentação de rifte continental aos
chas da associação Jatapu-Água Branca e subse- processos de extensão e adelgaçamento crustal
qüentemente da associação Iricoumé-Mapuera (tafrogênese) ocorridos após as aglutinações das
(Almeida 2006). Outra possibilidade vinculada ao massas continentais durante o Riaciano e Orosiri-
ambiente pós-colisional envolve a fusão de man- ano, que deram origem aos supercontinentes no
to litosférico modificado por subducção prévia re- final do Paleoproterozóico.
lacionada a orogêneses anteriores (Pierosan et al.
2009, Ferron et al. 2010). Rochas Máficas Proterozóicas
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empresa De Beers pesquisou kimberlitos (Camu- ção plano-paralela, em geral orientada segundo
nani) atribuídos ao Jurássico Médio (Bizzi et al. NNW-SSE e NE e mergulhando 15º a 30º para SW
2003) que cortam rochas do embasamento do ou SE. Localmente essas rochas têm uma foliação
Domínio Erepecuru-Trombetas (Fig. 2A). Contudo, milonítica subvertical de direção N30ºE, marcada
a maioria dos kimberlitos no Brasil são do Cretá- por feições microscópicas de recristalização de
ceo e têm sido associados a plumas mantélicas quartzo, hematita e muscovita/sericita (Yokoi et al.
relacionadas à ativação da Plataforma Sul-Ameri- 2001).
cana e abertura do Oceano Atlântico Sul (Bizzi & Trata-se de uma sinforme aberta de baixo ân-
Vidotti 2003). gulo com eixo para SW, na qual as rochas sedi-
mentares sofreram metamorfismo termal causado
METALOGENIA por intrusões ígneas subaflorantes e alcançou
condições de fácies anfibolito inferior (Araneda et
A Província Amazônia Central tem poucos de- al. 1998). As intrusões são de rochas subvulcâni-
pósitos minerais, são depósitos de ouro, estanho, cas félsicas e máficas e podem ter contribuído como
titânio e fosfato não explotados ou de minas ina- fonte termal local para a reconcentração de ouro
tivas. Contudo, mostra potencial para jazimentos (Yokoi et al. 2001).
de metais de base, elementos terras raras e dia- O ouro ocorre na forma livre, intergranular, en-
mante conforme indicam as ocorrências e indícios tre cristais de quartzo, muscovita e hematita nos
(Fig. 2) e suas zonas de alteração hidrotermal. níveis de metaconglomerados, em partículas com
Os principais jazimentos de ouro no Domínio 5-200 m de diâmetro, aparentemente sem rela-
Iriri-Xingu são os depósitos Madalena e Esperan- ção com as intrusões (Araneda et al. 1998, Yokoi
ça (Castelo dos Sonhos) que contam com dados et al. 2001). Assim, sugere tratar-se de um depó-
de reservas e teores e são de tipologias diferen- sito de paleoplacer. Os teores são maiores em
tes. Os controles e o sistema hidrotermal de ou- zonas fraturadas e ricas em hematita, o que é
tros jazimentos, como o garimpo Majestade, ape- considerado provável produto de remobilização
sar de não avaliados economicamente, foram es- supergênica por fluidos oxidantes (Yokoi et al.
tudados em detalhe. Os depósitos primários de 2001).
estanho e wolfrâmio são pequenos e somente os Três alvos foram identificados: o Alvo Esperan-
da região de São Felix do Xingu foram estudados. ça Sul que é marcado por uma anomalia geoquími-
No Domínio Erepecuru-Trombetas se destaca o ca de solo de 5 km de comprimento e 1 a 2 km de
depósito de fósforo e titânio do Maicuru que está largura; Alvo Esperança Centro com anomalia geo-
relacionado a um complexo alcalino-ultramáfico- química de solo de 2 km de comprimento e 500 m
carbonatítico neoproterozóico. Os demais jazimen- de largura e o Alvo Geofísico que se destaca pelas
tos são potenciais para mineralizações de ouro e anomalias magnéticas e radiométricas. Os resul-
metais base relacionados à intrusões de pórfiros tados preliminares no Alvo Esperança Sul indicam
e de mineralização de estanho e wolfrâmio asso- um teor de Au de 1,39 g/t acima de 77 m na amos-
ciados a granitos alcalinos do Paleoproterozóico, tragem das trincheiras e 2,80 g/t acima de 20 m
a semelhança daqueles nos domínios Tapajós e na sondagem (Osisko 2010).
Iriri-Xingu. Outro potencial são jazimentos de dia-
mante relacionados a kimberlitos mesozóicos. Depósitos de ouro relacionados à intrusão
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hidrotermais são de silicificação, cloritização, car- sitos de ouro do Tapajós indicam mistura fontes
bonatação, epidotização e sulfetação. A paragê- de fluidos magmático profundos, tardimágmático
ne da mineralização é ouro e pirrotita, com arse- epizonais e uma pequena contribuição fluidos
nopirita, calcopirita, pirita, galena, blenda e mag- meteóricos (Coutinho & Fallick 2008).
netita na ganga (Brasinor 1985). O ouro ocorre
como inclusões microscópicas em quartzo de veio Depósitos de estanho em greisen e placers
dos planos de foliação cataclástica, mas principal-
mente em sulfetos, com cerca de 34 ppm de Au na As mineralizações de estanho dos granitos da
pirita e arsenopirita e de 17 ppm na pirrotita (Sil- Suíte Intrusiva Velho Guilherme na região de São
va & Lobato 1998). Felix compõem a Província Estanífera do Sul do Pará
A reserva de minério primário é de 626.600 t (Teixeira 1999). Outros jazimentos mais a oeste,
(medida de 176.422 t) com teor de 6,64 g/t de Au no interflúvio dos rios Xingu e Iriri (Fig. 2B), tam-
e a aluvionar é de 1,5 Mt com teor de 2,7 g/t (Bra- bém podem fazer parte dessa província ou estar
sinor 1985). Além disso, tem 30 t de rejeito com relacionados a um evento mais jovem marcado
teor médio de 2,5 ppm (Silva & Lobato 1998). pelo Granito Porquinho no Domínio Tapajós. São
O garimpo Majestade está localizado mais a mineralizações em stockworks e greisens, embora
sudoeste, próximo do limite com o Domínio Tapa- as concentrações econômicas sejam em aluviões.
jós (Fig. 2B). Trata-se de veios de quartzo no con- Os granitos Velho Guilherme, Antônio Vicente,
tato de rochas vulcânicas com granito. São traqui- Mocambo, Bom Jardim e Serra Queimada são os
andesitos e riolitos cálcio-alcalinos de arcos ma- principais corpos da Suíte Intrusiva Velho Guilher-
turos correlatos à Formação Bom Jardim, e um me, com fácies especializadas e jazimentos de Sn
monzogranito correlacionado à Suíte Intrusiva (±W), mas outros corpos menores (Rio Xingu, Ubim,
Maloquinha (Coutinho et al. 2008a). Benedita e Santa Rosa), mineralizados ou não,
As rochas vulcânicas estão intensamente fra- também compõem a suíte. São sieno e monzogra-
turadas aleatoriamente e preenchidas por vênu- nitos, subordinados feldspato alcalino granitos e
las silicosas com ouro e sulfetos disseminados, os granitos granofíricos, geralmente com biotita (ani-
riolitos cataclasados apresentam 170 ppb de Au. ta e siderolita), anfibólio (Al-hastingsita e Fe-ede-
A mineralização assume um aspecto de stockwork nita) e alguns com muscovita. Os greisens são
com veios de quartzo regulares de direção WNW- variedades compostas por quartzo, muscovita, clo-
ESE associados a falhas transcorrentes sinitrais R rita e siderofilita. Albita, microclínio, epidoto, clori-
relacionados a um megasistema de falhas trans- ta, sericita, muscovita, fengita, clorita, fluorita, to-
correntes de orientação NW-SE da região do Ta- pázio, calcopirita, pirita, cassiterita, esfalerita, es-
pajós. Esses veios de quartzo com sulfeto e ouro tanita, allanita, monazita, xenotímio, fergunsoni-
apresentam textura vuggy que sugerem um nível ta, fluorcerita, itrocerita, itrofluorita, Ce-pirocloro,
crustal raso (Santos & Coutinho 2008). Fe-columbita e W-ixiolita, ocorrem como produto
A alteração hidrotermal filítica confere uma cor de alteração hidrotermal pós-magmática (Teixeira
verde esbranquiçada nas rochas vulcânicas e rosa 1999, Teixeira et al. 2005). Apresentam assinatu-
avermelhada no granito, com sericita substituin- ra de granitos intraplaca do tipo A, idades entre
do feldspatos e pirita substituída por hematita, 1,88 e 1,86 Ga e fonte crustal arqueana, com pro-
além de pirita, magnetita, rutilo, ouro, limonita e tólitos de crosta continetal superior, alguns com
goethita nos veios de quartzo (Coutinho et al. mistura de material de crosta mais profunda e lo-
2008b). Nos veios mineralizados dominam inclu- calmente com fonte magmáticas profundas (Tei-
sões fluidas aquosas com temperatura de homo- xeira et al. 2002, 2005). Os elevados teores de Hf
genização total (Tht) de 164 ºC e salinidade (S) e a baixa razão Zr/Hf em zircão dos granitos es-
de 8% NaCl eq., e subordinadas inclusões aquo- pecializados em estanho dessa suíte são compa-
carbônicas com Tht de 170 ºC e S de 10% que ráveis com aos granitos da Província Estanífera de
indicam condições de formação < 1 Kbar, que cor- Rondônia (Lamarão et al. 2007). Contudo, nos gra-
responde profundidades crustais rasas (< 4 Km). nitos da Suíte Velho Guilherme, apesar de diferen-
Os isótopos estáveis forneceram 18OH2O (3,6 ‰V- ciados e afetados por processo capazes de gerar
SMOW) e D (-55 ‰V-SMOW) que analisados jun- concentrações econômicas de estanho, o estoque
tamente com os resultados obtidos para os depó- de estanho e/ou a carga de fluídos pós-magmáti-
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Marcelo Lacerda Vasquez
cos não favoreceram a formação de depósitos de ximadamente N-S e localmente ocorrem faixas de
classe mundial como os das províncias estanífe- greisens de 4 a 5m de largura (Barbosa et al. 1988)
ras Pitinga e Rondônia (Teixeira et al. 2005).
Depósitos associados aos complexos alcalino-
ultramáfico-carbonatíticos
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Figura 3 - Geologia e modelo digital de terreno da área do Complexo Alcalino Maicuru (A). Feições aerogeofí-
sicas do corpo Maicuru: aerogamaespectrometria e modelo digital de terreno – contagem total (B); aeromag-
netometria e modelo digital de terreno – campo total reduzido ao pólo (C) e sinal analítico (D). (dados
aerogeofísicos da CPRM 1978).
sericítica com subordinada silificação e alteração ppm) em sedimento de corrente e solo. Eles asso-
argílica nas rochas riolíticas. Ao redor dos pórfiros ciaram essas anomalias à alteração hidrotermal
graníticos que cortam as rochas vulcânicas a seri- nas rochas vulcânicas e granitóides, nos quais
citização é intensa e há vestígios de alunita. As- identificaram veios de quartzo com calcocita, bor-
sociadas às essas zonas de alteração ocorrem nita e malaquita, além de pirita e calcopirita disse-
brechas hidrotermais com hematita e sulfetos e minadas. Também descrevem calcita, fluorita e nó-
stockworks auríferos ricos em limonita (Juliani et dulos de manganês nas zonas de alteração hidro-
al. 2008, Juliani & Fernandes 2010). termal. Identificaram concentrações de cassiteri-
O potencial para mineralizações de metais base, ta e columbita, respectivamente marcadas por
estanho e nióbio na região do rio Iriri (Fig. 2B) e anomalias de Sn (1.050-1.890 ppm) e Nb (1.110-
seus afluentes Curuá e Baú foi observado por For- 1.650 ppm) em concentrado de bateia.
man et al. (1972) com base em anomalias de Cu No sudoeste do Domínio Iriri-Xingu (Fig. 2B),
(125-380 ppm), Pb (84-124 ppm) e Zn (50-100 Pastana e Silva Neto (1980) identificaram indícios
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Marcelo Lacerda Vasquez
de mineralização de estanho aluvionar com fon- veira G. 1998. Características geológicas e nature-
za das mineralizações auríferas de alguns prospec-
tes primárias atribuídas aos granitos tipo A da re- tos da Província do Tapajós – PA. In: SBG, Cong.
gião. Encontraram cassiterita, ouro e topázio, de- Bras. Geol., 40, Anais, p. 124.
Araújo J.F.V., Montalvão R.M.G. De, Lima M.I.C. De,
trítico, além de anomalias geoquímicas de Sn, Nb,
Fernandes P.E.C.A., Cunha F.M.B., Fernandes C.A.C.,
Y, F, Au, Pb, Zn associados aos granitos e as ro- Basei M.A.S. 1976. Geologia. Folha SA.21 – Santa-
chas vulcânicas paleoproterozóicas. rém. Projeto Radambrasil, Levantamento de Recur-
sos Naturais. Rio de Janeiro, DNPM, 10:19-122.
Nos rios Curuá, Cuminapanema, Erepecuru, Barbosa A.P., Lorenzi V.E., Ojima S.K. 1988. Jazida de
Cachorro e Trombetas (Fig. 2A), os concentrados cassiterita de São Pedro do Iriri, Pará. In: C. Scho-
bbenhaus & C.E.S. Coelho, (coords.). Principais de-
de cassiterita aluvionar com topázio, turmalina e
pósitos minerais do Brasil. Brasília: DNPM/CVRD,
rutilo detríticos associados, e as anomalias geo- v. 3, p. 261-265.
químicas de Sn, Nb, F e Mo, geralmente estão as- Bizzi L.A., Schobbenhaus C., Vidotti R.M., Gonçalves
J.H. 2003. Geologia, tectônica e recursos minerais
sociadas aos granitos alcalinos e sienitos. Local- do Brasil. Texto, mapas e SIG. CPRM - Serviço Geo-
mente ocorre cassiterita e topázio em greisens lógico do Brasil, Brasília, 692p, CD-ROM.
Bizzi L.A. & Vidotti R.M. 2003. Condicionamento do mag-
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