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2) codificação dos dados: a análise começa cedo, eles são codificados assim que são
coletados; isso ajuda a ganhar uma nova perspectiva sobre o material e a focar nas coletas
futuras de dados. Gerar códigos de ação facilita a fazer comparações, uma das principais
técnicas da grounded theory.
Muitos estudos de grounded theory refletem uma abordagem mais objetiva, próxima
da abordagem positivista. Seguir um conjunto sistemático de métodos leva à descoberta da
realidade e à construção de uma verdade provisória, testável e teórica disso. Alguns pontos: a
aplicação sistemática das estratégias da grounded theory responde aos pedidos dos positivistas
por validade e confiabilidade, além de permitir a reprodução; testar hipóteses leva à
confirmação ou não da teoria; seus métodos permitem exercer controle, para então fazer
possíveis mudanças na realidade de estudo. Assume a perspectiva positivista que o mundo
externo pode ser descrito, analisado, explicado e previsto. Pode ser modificável conforme as
condições mudam. Assume que diferentes observadores irão descobrir e descrever um mundo
de formas similares. Seus estudos podem oferecer uma rica descrição do mundo analisado,
mas a experiência pode ser deixada de lado; categorias e termos tomam um espaço central e
podem distanciar o leitor da experiência.
Capítulo escrito por Michal M. McCall. De modo geral, o texto usa a metáfora da peça
teatral aplicada à etnografia. Assim como um diretor escolhe o elenco, dirige a peça e atua nos
bastidores, o pesquisador que está liderando uma pesquisa deve fazer o mesmo com os demais
pesquisadores que estão lhe auxiliando no processo de pesquisa. A parte teatral serve para
passar conhecimento, como se fosse uma etapa do estudo etnográfico.
O termo performance entrou na arte crítica e nos discursos acadêmicos em 1970, para
dar nome a uma nova forma de arte visual e para distinguir scripts dramáticos de produções
particulares. Termos similares eram acontecimentos, eventos, artes corporais e teatro
experimental. As raízes desses termos estão alocadas em movimentos como dadaísmo,
futurismo e surrealismo.
Quanto à direção e performance, a autora diz que tentou fazer um script claro e fácil de
ser lido, com pouco trabalho interpretativo. Os pesquisadores não estão atuando, mas sim
lendo em voz alta os aspectos de uma conversa que está acontecendo entre eles e seus
entrevistados. Deve-se transcrever depois o som das palavras, as pausas nas conversas, a
música do discurso..
O diretor de uma peça ou performance também deve estar nos bastidores do evento,
controlando cena a cena. Essa etapa requer escolhas interpretativas, mas a autora não pode
dizer como as mesmas devem ser feitas porque atuou pouco nos bastidores; são citadas visões
de outras profissionais sobre essas escolhas interpretativas. A performance etnográfica é
relativamente nova e talvez, com o tempo, pessoas que são treinadas no teatro poderão dar
dicas aos diretores de teatro.
Salgado (2015) traz a etnografia como modo de ação e como modo de expressão. As
mudanças socioculturais podem emergir das práticas que os dados etnográficos trazem e das
experiências registradas pelo pesquisador. É dessa perspectiva que se produz conhecimento
antropológico.
A etnografia abrange métodos que envolvem o contato social direto com o grupo
estudado, implicando um sentido de estar presente. Essa técnica requer participação, processo
onde os dados e informações são extraídos. A participação produz informação. Várias
informações e interpretações são registradas.
A observação participante é uma forma de estar e ser presente com o outro, para
compreender melhor o seu ambiente. É importante refletir o tipo de participação que se coloca
na etapa da observação. Existe a participação em que o pesquisador está na posição de
público, como ator da realidade social que está sendo observada; e existe a participação que
coloca o pesquisador como co-participante, condição em que ele irá induzir diferentes modos
de se envolver na comunidade, ou seja, diferentes formas de se produzir informação. Em certo
sentido, a dimensão de investigador é ofuscada, fica encoberta por outros papéis que o
investigador promove.
O etnógrafo tem que ler/interpretar uma determinada cultura e vivê-la em uma inte-
ração participativa. Nesse contexto, destaque para a importância do modo como o antropólogo
lê esse “texto performativo da cultura”. Os dados de campo consistem em notas (que podem
ser escritas, fotografadas, filmadas, representadas teatralmente), além da própria experiência
incorporada pelo investigador. Um determinado material etnográfico contribui
consideravelmente para o tópico que está sendo estudado.
Fino (2006), por sua vez, traz a definição de Spradley (1979), que diz que a etnografia
deve ser entendida como a descrição de uma cultura, de modo que o pesquisador compreenda
o modo de viver a partir do ponto de vista dos nativos da cultura que está sendo estudada.
Quanto ao case, o projeto visava posicionar a Dash como uma marca próxima ao
mundo das mães italianas e construir um relacionamento mais profundo com elas através dos
canais online. A Dash é uma das principais marcas da P&G na Itália e, desde 1987, a Dash
esteve envolvida com projetos de responsabilidade social; atualmente, a empresa está
comprometida com as mães italianas.
Uma agência de RP foi envolvida desde o início para facilitar o processo de decisão e
o desenvolvimento de uma proposta sólida, além de fazer toda a comunicação offline do
projeto. A TTV decidiu envolver também pesquisadores acadêmicos no campo da
comunicação digital e de pesquisa de marketing (os autores do artigo). Em uma discussão
entre a TTV e os pesquisadores, chegou-se a conclusão que a netnografia seria a abordagem
mais útil. A P&G considerou a proposta inovadora e em linha com o interesse geral em
experimentar novos métodos para obter informações de marketing.
O uso da netnografia não pode ser separado da estratégia que o negócio do cliente
segue em relação à sua marca e à comunicação nas mídias sociais. As capacidades
específicas de cada canal também devem ser consideradas.
Grounded theory
Essa técnica tem sua origem na sociologia. Ela reflete uma teoria que é fundamentada
em palavras e ações dos indivíduos que estão sendo estudados. Assim que uma área de
pesquisa for identificada, o pesquisador deve entrar em campo o quanto antes. Para o
desenvolvimento dessa nova teoria, o pesquisador apropria a literatura e as teorias existentes
que possuem relevância para o conceito que estão emergindo. O pesquisador não deve entrar
em campo totalmente ignorante, ou seja, sem o conhecimento de teorias e literaturas
relacionadas ao fenômeno estudado, esperando que essa teoria surja dos dados coletados.
O rigor dessa abordagem faz com que pesquisador olhe além do superficial, para
aplicar interpretações possíveis antes de desenvolver o conceito finail e para demonstrar esses
conceitos através de explicações e de dados baseados em evidências.
Etnografia
A etnografia pode ser uma descrição completa ou parcial de um grupo, para identificar
aspectos comuns, como religião, as relações sociais ou o estilo de gestão. Existem poucas
limitações para o contexto cultural, que pode ser classificado de acordo com as dimensões
geográficas e especiais, língua, território, entre outros aspectos. O pesquisador é parte do
mundo que está sendo estudado e, consequentemente, é afetado por ele.
Essa técnica envolve o contato direto e prolongado do pesquisador com os membros
de um determinado grupo num esforço para olhar ao redor, sendo o trabalho de campo o seu
elemento central, de modo a trabalhar com as pessoas em seu ambiente natural. As vozes dos
participantes são fontes importantes de informações. Para a coleta de dados, a etnografia
permite utilizar diversos métodos (survey, observação, fotos, vídeos e gravações).
As visões de dentro e de fora são combinadas para fornecer insights mais profundos do
que se poderia conseguir através de um morador ‘nativo’ sozinho, de modo que essas duas
visões produzem uma terceira dimensão, a qual é uma explicação teórica para o fenômeno que
está sendo estudado. A análise de dados envolve a pesquisa por padrões e que expliquem
esses padrões, algo que se pode conseguir através da análise de conteúdo.
Fenomenologia
A ideia por trás é que as pessoas possuem experiências que estão inter-relacionadas e
que possuem significado. O pesquisador possui apenas uma fonte de dados legítima, que são
as visões e experiências dos próprios participantes. A visão do participante é tomada como um
fato. Mas os participantes são selecionados apenas se eles vivenciaram a experiência que está
sendo estudada. O objetivo da fenomenologia é, então, ampliar e aprofundar o entendimento
do alcance das experiências imediatas.
Textos:
Para a coleta de dados, faz-se entrevista, pedindo-se para que o entrevistado reflita
sobre características capazes de diferir marcas e produtos entre si, de modo que a pessoa traga
as características mais marcantes do produto. A entrevista laddering depende das respostas
dos entrevistados para seguir adiante. Com base nos atributos mencionados, começa-se a
construir a hierarquia de valor. Os menos importantes são isolados, e o foco passa a ser os
mais importantes.
Na etapa 1, partes das entrevistas que possuem um sentido semelhante são alocadas
em uma mesma oração. Devem ser selecionadas as orações mais pertinentes à pesquisa. Na
etapa 2, constrói-se uma tabela numérica para representar as interações entre os elementos;
recomenda-se o uso do Laddermap para reduzir as chances de erros. Na etapa 3, o mapa
hierárquico de valor fornece uma visão geral do ‘raciocínio’ do cliente ao comprar um
produto, sendo feito em formato de árvore para simbolizar o conjunto de respostas das fases
anteriores; como nem sempre é possível colocar todas as orações no desenho, faz-se um ponto
de corte, deixando apenas as relações mais importantes; após, faz-se a análise. A etapa 4 trata
das relações que mais contribuem para o resultado do mapa, devendo ser levadas em
consideração em uma decisão de marketing.