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Autotransformador

1. Introdução

No âmbito da cadeira de Máquinas Eléctricas elaborou-se o presente trabalho que aborda a cerda
de Autotransformador, que é um transformador que dispõe apenas de um enrolamento.
Os autotransformadores são de extrema importância pois apresentam maior rendimento que os
transformadores comuns apesar de apresentar ligação eléctrica entre o primário e o secundário.
O trabalho é constituído por três partes: a parte textual, pré textual e pós textual. Ao longo da
parte textual são desenvolvidos os conteúdos e para melhor compreensão são apresentadas
figuras e exemplos para conciliar a teoria com problemas práticos.

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2. Objectivos

Objectivo gerais
Em geral, o presente trabalho tem por objectivo abordar sobre autotransformador, a sua
aplicação, vantagens e desvantagens.

Objectivos específicos
 Definir autotransformadores
 Descrever tipos de autotransformador
 Conhecer a principal diferença entre autotransformador e outros transformadores;
 Compreender o principio de funcionamento e os aspectos construtivos do
autotransformador;
 Descrever as suas áreas de aplicação de autotransformador

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3. Autotransformadores

3.1. Definição

Denomina-se autotransformador um transformador cujos enrolamentos primário secundário estão


conectados em série, ou por outra um autotransformador é um transformador que não dispõe de
um enrolamento Secundário propriamente dito, mas que utiliza o enrolamento primário como
secundário. Assim, um transformador de enrolamentos múltiplos pode ser considerado um
autotransformador, se todos os seus enrolamentos são ligados em série, em adição (ou oposição),
para formar um único enrolamento. Tais ligações do autotransformador são mostradas nas
figuras 1-a) e 1-b).

Figura 1. Ligações de um autotransformador nas configurações abaixador e elevador.


Fonte: KOSOW, Irving L.

A primeira vista, pode parecer que o autotransformador abaixador, fig. 1-a), nada mais seja do
que um divisor de tensão. Mas um exame no sentido da corrente, naquela porção do
autotransformador comum aos circuitos primário e secundário, IC, mostra que o sentido de sua
corrente é inverso em relação a um divisor de tensão usual. Mais ainda, num divisor de tensão
usual, I1 é maior que I2. Mas no autotransformador nós temos que obedecer à equação
. Portanto, se é menor que , deve exceder . Assim, para o circuito mostrado na fig.
1-a), como transformador abaixador, . Note-se sentido de nas figs. 1-a) e b).

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3.2. Autotransformador variável

O autotransformador pode também ser feito variável, entretanto, da mesma maneira que o
potenciómetro é um divisor de tensão ajustável. Autotransformadores variáveis consistem num
simples enrolamento, envolvendo um núcleo de ferro toroidal, fig. 2-a), que permite o seu uso
apenas como transformador abaixador, e um de um núcleo de ferro “normal”, mostrado na fig. 2-
b), que possibilita ambas ligações, elevador ou abaixador.

Figura 2. Autotransformador variável.


Fonte: KOSOW, Irving L.

Qualquer transformador comum, de dois enrolamentos isolados, pode ser convertido num
autotransformador. Para mostrar a relação entre o autotransformador e o transformador comum,
iremos nos basear em exemplos comparativos dos dois tipos.
A insolação original do transformador, com as marcas de polaridade, é mostrada na figura.3.

O transformador seleccionado é um de , . Vamos convertê-lo num


autotransformador, preservando a polaridade aditiva entre os enrolamentos de alta e baixa tensão.
A ligação para polaridade aditiva é mostrada na figura 3-b), redesenhado na figura. 3-c), com o
terminal comum na parte inferior. Desde que a polaridade é aditiva (conforme mostra a figura. 3-
d) a tensão secundária passa a , enquanto a primária .

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Figura 3. Transformador isolado ligado como autotransformador, usando polaridade aditiva.


Fonte: KOSOW, Irving L.

Exemplo 1. Para o transformador da figura.3-a), ligado como autotransformador com polaridade


aditiva, figura. 3-d), calcule:

a) A capacidade original do enrolamento de em amperes;

b) A capacidade original do enrolamento de em amperes;


c) A capacidade do autotransformador de fig. 3-b), usando a capacidade do enrolamento de
calculada em a);
d) Acréscimo percentual da capacidade do autotransformador em relação ao transformador
isolado;
e) e na fig. 3-d), a partir de usado na alínea c);
f) Sobrecarga percentual do enrolamento de , quando usado como
autotransformador;
Solução:
a) ⁄

b) ⁄

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c) Desde que o enrolamento de é capaz de carregar , a nova capacidade, em


kVA, do autotransformador é 
d) O acréscimo percentual em , ao se utilizar como autotransformador o
transformador isolado é


e) A corrente será dada por:

f) Percentagem de carga no enrolamento de é

3.3.Tipos de autotransformador

Os autotransformador classificam –se em dois tipos que são:

 Autotransformador abaixador;

 Autotransformador elevador .

3.3.1. Autotransformador abaixador

Figura 4. Representando um autotransformador abaixador

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O autotransformador da figura 4 apresenta para o primário e secundário o mesmo valor de


potência como a expressão

A tensão primária é:

A corrente do secundário que circula através da carga é:

A potencia transferida condutivamente do primário ao secundário para o autotransformador da


figura 1 é:

a potencia transferidos do primário ao secundário por acção de transformador é :

A potência total em KVA é:

3.3.2. Autotransformador elevador

Figura 5. Autotransformador elevador.

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O autotransformador elevador apresenta para o primário e secundário o mesmo valor de potência


como a expressão:

A tensão secundária é:

A corrente que circula através do primário é:

A potência transferida condutivamente do primário ao secundário para o autotransformador


elevador é:

A potência transferida do primário ao secundário por acção de transformador é:

A potência total em KVA é :

3.4. Generalidades

Quando um autotransformador é usado para abaixamento de tensão, o número de espiras do


enrolamento secundário está contido no enrolamento primário. Aqui, o enrolamento secundário é
obtido do enrolamento primário. Se a resistência é ligada no enrolamento de saída do
autotransformador, então a corrente de carga I2 circula neste circuito de saída. A corrente de
entrada I1 correspondente, gera um fluxo magnético alternado no enrolamento primário
. A tensão auto-induzida induzida pelo fluxo alternado é dividida nas tensões
componentes , ilustra a figura abaixo.

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Figura.6 autotransformador com carga

3.5.Vantagens e desvantagens do autotransformador

3.5.1. Vantagens dos autotransformador:

 Corrente de excitação menor;


 Menor custo;
 Maior rendimento
 Redução no peso e no tamanho de equipamento
 Redução de perdas

3.5.2. Desvantagens dos autotransformador:

 Corrente de curto-circuito mais elevada;


 Existência de conexão eléctrica entre os enrolamentos de maior e menor tensão
 Perda de isolamento entre os circuitos primário e secundário;
 Não permite certas conexões trifásicas
 Maiores correntes de falta, devido a reduzida impedância serie;
 O primário e o secundário conjugados condutivamente, o que é um perigo à segurança
das pessoas.

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3.6. Áreas de aplicação do autotransformador

 Autotransformadores são usados de preferência quando as tensões são aumentadas ou


abaixadas apenas por um pequeno valor. Um exemplo típico será para a compensação de
quedas de tensão em certos pontos da rede de distribuição eléctrica, que têm "pontos
mortos" em redes locais.
 Também podem ser usados como transformadores reguladores em redes de alta tensão e
de transformação de tensão desde 220 KV até 750 KV.
 Pequenos autotransformadores também são utilizados de forma similar como
potenciómetros rotativos, para operar como transformadores com núcleo toroidal de saída
variável.
 O autotransformador é usado nas partidas dos motores de indução e dos motores
síncronos.
 São utilizados, também, na interligação de redes de sistemas eléctricos de alta tensão de
níveis diferentes. Exemplo: interligação dos sistemas de alta tensão de 345 KV e 230 KV.
 Arranque para lâmpadas de valor de sódio,
 Transformadores de arranque para motores monofásicos e motores de comboios.
Também podem ser usados autotransformadores trifásicos, para motores trifásicos .

3.7.Características dos autotransformador

O autotransformador caracteriza-se pela existência de uma conexão eléctrica entre os lados de


alta e baixa tensão isto e primário e secundário e portanto, somente pode ser utilizado quando
não é necessário o isolamento eléctrico entre os dois enrolamentos. No entanto, o
autotransformador apresenta algumas vantagens com relação à potência transmitida e à
eficiência, conforme demonstrado a seguir.

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Figura 7. Transformador Figura 8. Autotransformador

A Figura 7. apresenta dois enrolamentos que formam um transformador. A relação de espiras é


N1/N2.
Na Figura 8. Os mesmos enrolamentos são conectados na forma de um autotransformador. Deve-
se notar que as tensões e correntes em cada enrolamento individualmente não mudam nos dois
casos.

3.8. Perdas no Autotransformador

A transformação de energia por um autotransformador está sempre associada com algumas


perdas de energia dentro do próprio autotransformador. Estas perdas são causadas pela existência
da resistência óhmica dos próprios enrolamentos e pelas perdas no material ferromagnético do
núcleo que fica sujeito a constantes mudanças de polaridade do campo magnético. As tensões
induzidas no ferro causam correntes parasitas que circulam no núcleo. Essas correntes causam
um aumento nas perdas. Uma maneira de reduzir bastante as correntes parasitas e portanto
aumentar o rendimento do autotransformador é através da construção do núcleo de ferro com
chapas laminadas de aço-silício, isoladas num dos lados, como mostrado na Figura 9.

Figura 9. Núcleo laminado de aço-silício do Tipo EI.

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3.8.1. Perdas no cobre

Resultam da resistência dos condutores de cobre nas espiras primárias. As perdas pela resistência
do cobre são perdas sob a forma de calor e não podem ser evitadas..

3.8.2. Perdas por histerese


Energia é transformada em calor na reversão da polaridade magnética do núcleo
transformador.

3.8.3. Perdas por correntes perazitas

Quando uma massa de metal condutor se desloca num campo magnético, ou é sujeita a um fluxo
magnético móvel, circulam nela correntes induzidas (Correntes de Foucault). Essas correntes
produzem calor devido às perdas na resistência do ferro.
A determinação dos parâmetros de um transformador faz-se recorrendo aos ensaios económicos.
No caso do autotransformador, não foge à regra, sendo feito o ensaio em vazio e o ensaio em
curto-circuito. A finalidade destes ensaios é a obtenção dos parâmetros do circuito equivalente
do transformador

3.9. Aplicações e ligações do autotransformador

O autotransformador aparece aplicado com potências desde as centenas de VA até às grandes


potências em redes de distribuição e transporte. Estas máquinas são utilizadas com muita
frequência como uma tensão de saída, susceptível de se variar pelo número de espiras. Esta
variação pode ser descontínua. Isto significa que existem várias tomadas derivações de saída
como representado pela Figura 10, ou então esta variação pode ser contínua como representado
pela Figura 11.

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Figura 10. Autotransformador de variação descontínua

Quando se fala da tensão de saída variável continuamente, normalmente refere-se a potências até
cerca de 10 kVA. A sua construção é frequente e são designados de variac. Estes são fabricados
de um modo geral com núcleos de forma toroidal, com secção quadrada ou rectangular.

Figura 11. Autotransformador de variação contínua.


A forma toroidal é obtida enrolando uma tira de chapa magnética. O enrolamento envolve o toro,
na parte superior existe um contacto rotativo que se apoia sobre os condutores, dos quais nessa
parte não existe isolamento. Os variac podem ainda ser construídos com núcleos de contorno
rectangular e bobinagem normal. Assim, um contacto desliza sobre uma parte do enrolamento
que foi desnudado previamente. O seu movimento, normalmente é efectuado com o recurso a um
volante através de um sem fim. Estes autotransformadores, são muito utilizados em laboratórios,
sendo a variação contínua em geral desde os 0 volts até à tensão de entrada da rede, ou até
mesmo para valores superiores conforme representado pela figura 12.

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Figura 12. Autotransformador de variação contínua para tensão superior.

É principalmente devido aos problemas de isolamento entre o primário e o secundário e entre


estes e a "massa" que o autotransformador não pode substituir o transformador na grande maioria
das aplicações. Por isso, o autotransformador é geralmente utilizado com tensões baixas ou
quando os níveis de tensão no primário e no secundário são muito próximos.

O autotransformador trifásico também é utilizado no arranque de motores assíncronos de elevada


potência. Neste caso, por intermédio do autotransformador começa por aplicar-se ao motor uma
tensão reduzida no arranque, de forma a reduzir a corrente de arranque.
O funcionamento é muito simples, quando o motor atingiu já uma velocidade próxima da
nominal aplica-se-lhe finalmente a tensão total, manual ou automaticamente. Outra das várias
aplicações do autotransformador é no arranque das lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão.
Aqui a sua função é a de proporcionar no arranque uma tensão superior à da rede, provocando a
descarga no tubo. Efectuado o arranque, a tensão no secundário do autotransformador baixa
bastante, de modo a limitar o crescimento da corrente provocado pela descarga, o que se
consegue em virtude de o autotransformador ter, como particularidade construtiva, elevada
dispersão magnética quando a intensidade da corrente aumenta.

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3.9.1. Autotransformador como Regulador de Tensão

Uma das aplicações mais importantes dos autotransformadores é como reguladores de tensão.
Este equipamento é utilizado para controlar a magnitude da tensão em pontos pré-determinados
de um sistema eléctrico, como barramentos de carga ou redes especiais de uma subestação.

Figura 13. Autotransformador como regulador de tensão.

3.10. Rendimento do Autotransformador

O rendimento de um transformador real isolado é razoavelmente elevado, desde cargas


relativamente pequenas até a plena carga. Apenas duas classes de perdas podem ser encontradas
num transformador convencional, uma perda fixa no núcleo e perda variável no cobre dos
enrolamentos primários e secundário. Esta última perda aumenta com o quadrado da corrente de
carga. Assim a perda a perda variável no cobre 5/4 da carga nominal é 25/16 (aproximadamente
156%) da perda a plena carga.

O autotransformador transfere parte dos seus kVA por condução. Consequentemente, para os
mesmos kVA de saída, um autotransformador é algo menor (menos ferro usado) que um
transformador convencional isolado. Assim as perdas no núcleo são significativamente menores
para a mesma potência saída num autotransformador.

O autotransformador possui apenas um enrolamento, por definição, em comparação aos dois do


transformador convencional isolado. Além disso a corrente que circula em parte do enrolamento
é a diferença entre as correntes primária e secundária. Estes dois factores (um só enrolamento a
menor corrente) tendem a reduzir também as perdas variáveis.

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4. Conclusão

Após a realização do trabalho concluiu-se que um autotransformador é um transformador com


um único enrolamento, ele é um dispositivo muito útil para algumas aplicações por causa da sua
simplicidade e baixo custo, quando comparado com transformadores de vários enrolamentos.
Entretanto ele não apresenta um isolamento eléctrico entre o primário e secundário e, portanto
não pode ser usado quando este aspecto é necessário. O autotransformador, pode ser
desenvolvido a partir de um transformador de dois enrolamentos; para isso, basta fazer a conexão
eléctrica dos dois enrolamentos (aditiva ou subtractiva).

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5. Bibliografia

[1]. KOSOW, Irving Liopnel. Máquinas Eléctricas e Transformadores. 4ª Edição. Vol. 1. Porto
Alegre, Rio de Janeiro: Editora Globo, 1982.

[2].ROCHA, Joaquim. Autotransformadores. Disponível em


http://paginapessoal.utfpr.edu.br/joaquimrocha/maquinas1/MaquinasI_09_Autotransformadores_
e_Multiplos.pdf/at_download/file . Acesso em 06/09/2015

[3]. Estudo do autotransformador. Disponível em


http://meusite.mackenzie.com.br/dilburt/autotrafos.pdf. Acesso em 06/09/2015

[4]. Autotransformador monofásico. Disponível em


http://personales.unican.es/rodrigma/PDFs/autotrafos.pdf. Acesso em 06/09/201

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Índice
1. Introdução ............................................................................................................................................. 1
2. Objectivos ............................................................................................................................................. 2
Objectivo gerais ............................................................................................................................................ 2
3. Autotransformadores............................................................................................................................. 3
3.1. Definição ................................................................................................................................... 3
3.2. Autotransformador variável ...................................................................................................... 4
3.3. Tipos de autotransformador ...................................................................................................... 6
3.4. Generalidades ............................................................................................................................ 8
3.5. Vantagens e desvantagens do autotransformador ..................................................................... 9
3.6. Áreas de aplicação do autotransformador ............................................................................... 10
3.7. Características dos autotransformador ................................................................................... 10
3.8. Perdas no Autotransformador ................................................................................................. 11
3.9. Aplicações e ligações do autotransformador ........................................................................... 12
3.10. Rendimento do Autotransformador .................................................................................... 15
4. Conclusão............................................................................................................................................ 16
5. Bibliografia ......................................................................................................................................... 17

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