Você está na página 1de 3

SEMINARIO TEOLOGICO DA MISSÃO JUVEP

DISCIPLINA: O SER HUMANO E SUAS IDENTIDADES


PROF: JUNIOR MENEZES

ALEX PEREIRA LIMA

TEXTO: AUTOESTIMA E INFERIORIDADE

JOÃO PESSOA-PB
2017
AUTOESTIMA E INFERIORIDADE

A definição do que é autoestima foi muito discutida no século XX e ao que


parece o entendimento sobre o seu significado depende muito dos pressupostos de
quem a define, pois se de um lado temos os que afirmam a autoestima como a maior
necessidade do homem moderno (Glasser), com vistas a valorização e autoavaliação
positiva incondicional (Rogers), do outro temos quem afirme que autoestima é
sinônimo de “paganismo” e “praga” e que o ser humano deveria dar a si próprio o
tratamento de um criminoso (Jay Adams).
Obviamente essas posições representam duas polaridades, entretanto não são
as únicas, existem posições intermediarias que buscam transitar entre os dois
extremos. A grande questão é como devemos nos posicionar diante de tais
possibilidades, o que a Bíblia realmente ensina sobre a autoestima? Mesmo não
fazendo uso do termo a Bíblia recomenda-nos a termos um pensamento equilibrado
sobre nós mesmos (Rm 12:3).
“Ninguém está isento de auto-estima exagerada. ” Paulo escrevendo aos
romanos lhes “recomenda uma avaliação humilde e sóbria daquilo que cada pessoa
é”.1 Todavia, não se pode negar que há algum nível de autoestima pressuposto na
Bíblia, necessário ao ser humano, que cada indivíduo precisa experimentar com o
equilíbrio que as escrituras colocam. Em muitos casos há pessoas que precisam de
ajuda para descobrir essa autoestima que esteja de acordo com a Bíblia e não uma
espécie de religião baseada no culto ao ego.
A definição de Schuller parece não estar de todo comprometida quando afirma
que a autoestima é um senso de valor que o homem adquire depois de ter seu
relacionamento com Deus restaurado. A autoestima cristã (se é que podemos usar
esse termo) é o resultado de se trocar a afirmação “eu sou o maior, o mais esperto, o
mais forte, o melhor” por “eu sou o que sou, uma pessoa criada a imagem de Deus,
um pecador remido pela graça de Deus, e uma parte importante do corpo de Cristo”.
O fato é que para ajudarmos as pessoas a vencerem seus sentimentos de
inferioridade é preciso que entendamos e ensinemos o que a Bíblia diz sobre o valor
humano que nada tem a ver com méritos.

1
MURRAY, John. Romanos: comentário bíblico fiel. São Paulo: Editora Fiel, 2012, p. 480.
Encontramos na Biblia afirmações de que os seres humanos são valiosos aos
olhos de Deus, por exemplo, em Mt 6:26, encontramos Jesus ensinando os discípulos
que eles tem muito mais valor para o Pai celestial do que as aves (que representam
os seres criados diferentemente do ser humano, imagem e semelhança de Deus) e
mesmo a queda não destruiu o que Deus fez do homem: sua imagem e semelhança.
O pecado rompe o relacionamento da pessoa com Deus, mas não nega o fato
de que, aos olhos de Deus, nós ainda somos seres humanos, o auge da criação divina
e de imensa importância e valor. É claro que quando se fala do valor do ser humano
isso só se evidencia porque a Bíblia diz que fomos feitos imagem e semelhança de
Deus, que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito”, ou seja,
a Bíblia não nega esse amor que nos resgata, entretanto, é preciso ter cuidado com o
foco e importância que queremos dar a nós mesmos.
Para alguns cristãos a autoestima é uma forma de orgulho, logo a
autocondenação e a inferioridade seriam atitudes corretas para permanecer no
caminho da humildade. Nesse sentido, o orgulho seria uma estimativa arrogante e
soberba de si mesmo em relação aos outros e leva a pessoa a se colocar numa
posição superior, sem levar em consideração os interesses, opiniões e desejos dos
outros. Por outro lado, a humildade se caracteriza por uma “autoavaliação precisa,
sensibilidade ás opiniões dos outros, e disposição de exaltar os outros, antes de
requerer isso para si mesmo” é isso que encontramos em (Fl 2:4b) “cada um considere
os outros superiores a si mesmo.” Humildade envolve depender de Deus com gratidão
e avaliar realisticamente nossas forças e fraquezas.
Quando a Bíblia diz: “ama o teu próximo como a ti mesmo”, já está pressuposto
certo grau de amor próprio do ser humano, que não é uma autoadoração, mas significa
que nos vemos como pecadores (e tudo o que isso implica) que foram salvos pela
graça. Essa visão Bíblica do amor próprio tem que ser a base da autoestima.
Nosso problema com a autoestima são as diferentes posições teológicas
acerca dela, pois encontramos definições diferentes. O cristão pode ter uma
autoestima positiva, não por causa das obras humanas e da natureza humana, mas
por causa da graça e da redenção divinas.

Você também pode gostar