Você está na página 1de 19

CURSO DE DIREITO

APOSTILA

DIREITO ELEITORAL

PAULO RAMEH
03 DE FEVEREIRO DE 2014
Esta Apostila é um resumo das aulas ministradas pelo Professor Paulo Rameh, no Curso
de Direito Eleitoral ministrado ma Faculdade Salesiana do Nordeste. Produzida ao longo
dos últimos anos, é resultado da compilação de trechos escolhidos retirados de livros
didáticos de diversos autores nacionais e estrangeiros consagrados, com boa aceitação
do público-alvo.

2
SUMÁRIO

1. EMENTA DO CURSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 03

2. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 03

3. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 04

4. CONCEITOS BÁSICOS: SOBERANIA, VOTO . . . . . . . Pág. 04

5. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 05

6. DIREITOS POLÍTICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 06

7. CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA. . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 07

8. CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA . . . . . . . . . . . . . . Pág. 08

9. PARTIDOS POLÍTICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 08

10. SISTEMAS ELEITORAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág. 10

11. JUSTIÇA ELEITORAL, JURISDIÇÃO, TSE . . . . . . . . . . Pág. 11

12. LEI 9.504/1997 (LEI DAS ELEIÇÕES) . . . . . . . . . . . . . . Pág. 12

13. CÓDIGO ELEITORAL, REGISTRO, RECURSOS . . . . . Pág. 13

14. DIREITO PROCESSUAL ELEITORAL . . . . . . . . . . . . . . Pág. 17

15. CRIMES ELEITORAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pág.20

DIREITO ELEITORAL (8° PERÍODO)


EMENTA: Princípios Constitucionais. Direito Eleitoral: Noções Introdutórias e Conceitos
Básicos. Direitos Políticos. Capacidade Eleitoral. Partidos Políticos. Sistemas Eleitorais.
Legislação Brasileira Específica. A Justiça Eleitoral. As Eleições (registro, propaganda,
condutas vedadas).
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
1. Direito Eleitoral.
1.1. Noções Introdutórias
1.2. Conceitos Básicos: soberania, sufrágio, voto e representação....

2. Direito Eleitoral no Brasil

3
2.1. Princípios Constitucionais
2.2. Direitos Políticos

3. Capacidade Eleitoral Ativa


3.1. Alistamento
3.2. Sufrágio/Voto

4. Capacidade Eleitoral Passiva


4.1. Condições de elegibilidade
4.2. Inelegibilidades. Constitucional e infra-constitucional (LC 64/90)

5. Partidos Políticos
5.1. Histórico
5.2. Lei 9096/95

6. Sistemas Eleitorais
6.1. Sistema Majoritário
6.2. Sistema Proporcional
6.3. Sistema Misto

7. Justiça Eleitoral
7.1. Composição
7.2. Duplo grau de jurisdição
7.3. Competências originárias dos Tribunais
7.4. Poder Regulamentar do TSE: Instruções e Resoluções
7.5. Função consultiva do TSE
7.6. Natureza Jurídica da sentença eleitoral. Administrativa e Judicial.

8. Eleições
8.1. Lei n.º 9.504/97 – Lei das Eleições
8.2. Código Eleitoral
8.3. Candidaturas: registro, impugnação, recurso
8.4. Propaganda Eleitoral.

9. Direito Processual Eleitoral


9.1. Representações
9.2. Ação de Investigação Judicial Eleitoral
9.3. Recurso contra diplomação
9.4. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo

10. Crimes Eleitorais


BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
AMARAL, Roberto. Manual das Eleições. São Paulo: Saraiva, 2006.
CÂNDIDO, Joel J. Direito Eleitoral Brasileiro. Bauru, SP: Edipro, 2008.
PINTO, Djalma. Direito Eleitoral: improbidade administrativa e responsabilidade fiscal:
noções gerais. São Paulo: Atlas, 2008.
SOBREIRO NETO, Armando Antônio. Direito Eleitoral: teoria e prática. 4ª ed. Curitiba:
Juruá, 2008

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
CÂNDIDO, Joel J. Inelegibilidades no Direito Brasileiro. São Paulo: Edirpo, 2003.

4
CHAMON, Omar. Direito Eleitoral. São Paulo: Método, 2008.
GARCIA. Emerson. Abuso de Poder nas Eleições: meios de coibição. Rio de Janeiro:
Lúmen Júris, 2006.
NASCIMENTO, José Anderson. Tópicos de Direito Eleitoral (Anotações à lei nº9.504/97).
São Paulo: Ícone, 1998.
VELLOSO, Carlos Mário. Elementos de Direito Eleitoral. São Paulo: Saraiva, 2009.

1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Direito Eleitoral
É um ramo autônomo do Direito Público, voltado para a regulamentação do
exercício dos direito políticos e do processo eleitoral. Todo Estado possui em sua
Constituição, como expressão de sua soberania, regras destinadas a regular essa
matéria. Podemos dizer, em resumo, que as normas de Direito Eleitoral visam a regular:
a) O alistamento eleitoral;
b) A filiação partidária;
c) O procedimento de convenções partidárias;
d) O funcionamento dos partidos políticos;
e) O registro de candidaturas;
f) A propaganda política;
g) O processo de votação, apuração, proclamação dos eleitos e diplomação;
h) A prestação de contas das campanhas eleitorais;
i) A forma de acesso, exercício e perda dos mandatos eletivos;
j) O sistema eleitoral;
k) Os crimes eleitorais;
l) A Justiça Eleitoral.

Quando se fala em Estado Democrático de Direito pressupõe-se que há um


processo eleitoral, uma Justiça eleitoral e um sistema de participação popular nas
decisões políticas por meio de representantes eleitos. Todas as Constituições brasileiras
dedicaram alguma atenção às regras eleitorais.
A Constituição do Império de 1824 trazia, nos arts. 90ª 97, entre outras
características:
a) o voto censitário;
b) a eleição indireta para deputados, senadores e membros dos Conselhos Gerais
das Províncias;
c) a indicação dos presidentes das províncias pelo Imperador;
d) o voto não secreto e não universal.

Em 1932 surgiu o primeiro Código Eleitoral e o voto feminino e, em 1942, foi


proibido o voto por procuração. Entre 1937 e 1945 não houve eleições no Brasil, nem
partidos políticos (período do Estado Novo, ditadura comandada por Getúlio Vargas) .
Nem sequer um partido do próprio governo existia.
Em 1946 é estabelecida a necessidade de estar filiado a algum partido para se
inscrever e se eleger, extinguindo-se as candidaturas avulsas. Além disso, foi implantado
o pluripartidarismo, tendo sido autorizado até mesmo o partido comunista. Esse período é
considerado como sendo uma fase de redemocratização do país.

5
Em 1964, os militares extinguiram todos os partidos até então existentes e
implantaram o bipartidarismo, sendo autorizados a funcionar apenas os partidos MDB
(Movimento Democrático Brasileiro), de oposição, e a ARENA (Aliança Renovadora
Nacional), de situação – governista.
A partir de 1979, com o início da abertura gradual e segura, foi novamente
permitida a criação de novos partidos. O MDB tornou-se o PMDB, até hoje existente; a
ARENA se transformou em PDS (Partido Democrático Social) e foram criados o PSB,
PTB, PDT, e até mesmo o PCB voltou a existir. Nessa época, devido a divisões internas
uma dissidência do PCB criou o PC do B.

2. FONTES DO DIREITO ELEITORAL

Como sabemos, as fonte do direito podem ser formais, materiais e históricas. As


fontes formais do Direito Eleitoral são:
a) A Constituição Federal;
b) As Leis Federais: Lei nº 4.737/65 (Código Eleitoral); Lei nº 9.504/97 (Lei das
Eleições); Lei Complementar nº 64/90 ( lei das Inelegibilidades) e a Lei nº 9.096/95
(Lei dos Partidos Políticos).
As fontes materiais do Direito Eleitoral são:
a) As Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral;
b) As Respostas às consultas dos Partidos, dos candidatos e até mesmo de outros
membros do Poder Judiciário;
c) A Jurisprudência e a Doutrina.

As Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral merecem uma atenção especial.


Fundamentam-se no art. 1º, parágrafo único, c/c art. 23, inciso IX do Código Eleitoral e no
art. 105 da Lei das Eleições. A questão é saber qual a natureza jurídica desse instituto.
Seria uma mera regra regulamentadora da lei eleitoral, ou seria uma lei ordinária
específica? Ocorre que a Justiça Eleitoral, órgão do Poder Judiciário, não possui
competência para editar normas com a natureza de lei. Assim, a natureza jurídica das
Resoluções é a de suporte normativo para a resposta às consultas, ou seja, são
equivalentes a Regulamentos.
Em face do advento da Lei nº 12.034/2009, houve uma medida de restrição à edição
de resoluções. O TSE terá como limite o prazo do dia 05 de março do ano em que
ocorrerão eleições para editar Resoluções que venham a regulamentar as eleições
daquele mesmo ano.
Eventuais resoluções editadas após essa data não mais poderão ser aplicadas às
eleições daquele ano. Outra limitação é que normas eleitorais e referentes a partidos
políticos não podem ser objeto de medida provisória (art. 62, inciso I da CF/1988).
A competência legislativa para editar normas eleitorais está definida no art. 22, inciso I
da CF/1988, tendo como abrangência todo o território nacional e atribuída ao Congresso
Nacional.

3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
3.1. CIDADANIA: É a aptidão para o exercício dos direitos políticos, quais
sejam: a) o direito de votar (capacidade eleitoral ativa); b) o direito de ser votado
(capacidade eleitoral passiva), o direito de petição e o direito de participar ativamente da
gestão do Estado (são três as hipóteses de participação direta na gestão dos assuntos do
Estado: o plebiscito, o referendo e a proposta de lei de iniciativa popular).

6
Cidadania pode ser definida, também, como o atributo concedido às pessoas que lhes
permite participar das decisões do governo e de ser ouvido por sua representação
política. Cidadão, na legislação brasileira, é aquele que está de posse e no exercício de
seus direitos políticos, ou seja, direito de votar e ser votado e suas consequências.
Cidadão é a pessoa detentora de direitos políticos, podendo participar do processo
governamental, elegendo ou sendo eleito para cargos públicos. Essa condição é obtida no
momento em que a pessoa se torna eleitor.
a) O plebiscito: é a consulta popular sobre matéria de acentuada relevância, de
natureza constitucional, legislativa ou administrativa, na qual a consulta
popular é feita antes da criação da lei. Na verdade, o que ocorre é uma
autorização do povo para que o legislativo produza determinada lei;
b) O referendo: o povo é convocado para, por meio do voto, aprovar ou rejeitar
projeto de lei ou ato administrativo já elaborado pelo Poder Executivo ou pelo
Poder Legislativo, ou seja, após a apresentação da lei ou ato administrativo já
produzido, faltando a sua publicação e entrada em vigor.
c) O projeto de iniciativa popular: qualquer do povo pode apresentar projeto de lei
de iniciativa popular, desde que seja subscrito por, pelo menos, 1% do
eleitorado nacional, atualmente cerca de um milhão de eleitores, com
assinaturas coletadas em pelo menos 5 estados e que em cada um desses
estados as assinaturas representem, pelo menos, 3/10 (três décimos) do total
de eleitores. O projeto é, então, apresentado à Câmara dos Deputados, tendo
em vista que é a Casa que representa o povo. A Constituição Federal também
previu o projeto de lei de iniciativa popular em municípios, desde que se atinja
5% dos eleitores, mas remeteu a cada Estado prever o mesmo para projetos
de lei de iniciativa popular estaduais e no Distrito Federal. O constituinte não
previu a apresentação de projetos de emendas constitucionais, o que revelou
uma lacuna na nossa legislação.

3.2. PLURALISMO POLÍTICO: A Constituição Federal de 1988 trouxe a proibição de


apresentação de qualquer lei ou emenda constitucional tendente a abolir ou cercear a
liberdade de opção política (Art. 60, § 4º, inciso II da CF/88). O pluralismo político se
traduz na ampla liberdade de criação de partidos políticos, respeitadas a dignidade da
pessoa humana e a liberdade. Significa dizer é livre a criação de partidos políticos e seu
funcionamento, desde que suas doutrinas não signifiquem a defesa de quaisquer
programas ofensivos às liberdades e aos direitos fundamentais das pessoas nem que
signifiquem o rompimento com o Estado Democrático de Direito e com as normas
constitucionais.

3.3. DEMOCRACIA: É um modelo de sistema de governo. Em suas origens,


representava a condução dos negócios do Estado por uma maioria de cidadãos que
votavam de forma direta em assembleias populares, formadas apenas de “cidadãos”. As
mulheres, os estrangeiros, os plebeus e os escravos, por exemplo, estavam fora desse
conceito. A ideia de democracia ainda vem sendo construída ao longo dos tempos. Como
crescimento populacional e a impossibilidade de exercício da cidadania por meio do voto
direto, foi criada a ideia da democracia representativa, onde o cidadão elege seus
representantes, por meio dos quais as suas ideias são transformadas em leis e dirigem os
negócios do Estado.
A ideia de democracia pressupõe o exercício do poder por parte dos
representantes do povo e voltado para o atendimento de suas expectativas, inclusive
prevendo mecanismos voltados à renovação e substituição desses representantes, seja
periodicamente, seja por insuficiência na representação.

7
Assim, algumas democracias preveem o instituto do recall e outras, geralmente
onde o sistema de governo é parlamentarista, a dissolução do parlamento por voto de
desconfiança.
O recall permite que um determinado parlamentar que não atenda a orientação de
seus eleitores seja afastado do cargo e nova eleição ocorra para aquela vaga; o voto de
desconfiança dissolve todo o parlamento e novas eleições são convocadas, quando o
governo já não conta com a maioria suficiente para governar. O recall pode ser utilizado
não apenas contra parlamentares, mas também contra governantes.
A democracia é um fundamento e um valor essencial das sociedades ocidentais.
Está presente na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 e no art. 25 do
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966.

3.4. O VOTO.
O voto é a expressão do exercício do sufrágio, e significa aprovação, opinião
favorável, apoio, concordância, aclamação. É a manifestação da vontade de uma ou de
um conjunto de pessoas com o objetivo de escolher seus representantes políticos.
No campo do Direito, significa um direito público subjetivo, por meio do qual ao
povo se permite participar da vida política da sociedade. O sufrágio é o direito de votar e
ser votado. É o poder de decidir sobre o destino da comunidade, os rumos do governo e a
condução da Administração Pública.
Só podem votar e ser votados a) os brasileiros natos ou naturalizados, b) os
maiores de 16 anos; c) os que não estejam cumprindo o período de regime militar
obrigatório (conscritos); Os cargos de Presidente e de Vice-presidente da República são
privativos de brasileiros natos, bem como os cargos de presidentes da Câmara e do
Senado Federal.
O sufrágio é o direito e o voto é o seu exercício No Brasil, o voto é ao mesmo
tempo um direito e um dever, pois é obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de
70 anos ( CF, art. 14, § 1º.
O voto apresenta as seguintes características: personalidade, obrigatoriedade,
liberdade, secreto, direto, periódico, isonômico. O cidadão só pode votar pessoalmente.
Obrigatório, pois vincula o cidadão ao exercício do direito e impõe sanções àquele que
não o exercer ou, não o fazendo, não justificar a ausência, num prazo de 60 (sessenta)
dias. É livre, na medida que o cidadão pode escolher livremente entre os candidatos e os
partidos apresentados, bem como votar em branco ou anular o voto. Secreto na medida
em que o voto não pode ser revelado e o cidadão terá o direito de exercê-lo
sigilosamente. Direto, significando que não haverá intermediários entre o cidadão e sua
escolha. O voto indireto é exceção no sistema eleitoral brasileiro, sendo utilizado apenas
em caso de vacância dos cargos de Presidente e de Vice-presidente da República nos
dois últimos anos do mandato presidencial. Nesse caso, a eleição é feita pelo Congresso
Nacional 30 dias após a última vacância e esse dispositivo se estende aos cargos de
Governador e vice, Prefeito e vice. É periódico, devendo respeitar o termo previsto para
cada mandado. E isonômico, na medida em que o voto de cada cidadão tem o mesmo
valor que o de todos os demais.

3.5. POLÍTICA
Política é o uso do Poder para o desenvolvimento das atividades públicas e para a
organização de setores da vida social. Pode ser definida também como a técnica por meio
da qual se busca obter e manter o poder.
A política substitui a força, a imposição da vontade de um grupo sobre o outro, O
poder político é o poder supremo numa sociedade organizada.

8
A Política também pode ser vista como a arte de governar, de administrar a coisa
pública, de influenciar o governo, suas ações e o processo de tomada de decisões. É por
meio da atividade política que grupos de pressão existentes na sociedade exercitam o
diálogo, o debatem o embate de ideias e, ao final, alcançam a implementação de suas
ideias e concepções.
Na opinião de Giddens, política é o meio pelo qual o poder é utilizado e contestado
para influenciar a natureza e o conteúdo das atividades governamentais, incluindo as
decisões que vão submeter e organizar as atividades e os interesses de muitos grupos e
indivíduos.
3.6. Direitos políticos – são os direitos e as prerrogativas inerentes à cidadania.
Conferem ao cidadão a capacidade de participar, direta ou indiretamente, do governo, da
organização e do funcionamento do Estado. São previstos na Constituição Federal por
meio do estabelecimento de mecanismos por meio dos quais o cidadão pode exercer a
soberania popular. São eles: o sufrágio universal, por meio do voto secreto e direto; o
plebiscito; o referendo e a apresentação de projetos de lei de iniciativa popular.
3.7. Relação entre Direitos Humanos e Direitos Políticos – o jusnaturalismo
concebia os direitos humanos como eternos, imutáveis, universais. Pensava-se que os
direitos humanos seriam os mesmos em todos os tempos, lugares e nações. Norberto
Bobbio, em sua obra A Era dos Direitos, mostrou que os direitos humanos são fruto de
uma construção permanente, objeto de esforços, resultado da luta dos grupos de
interesses e não são historicamente determinados e sim dinamicamente variáveis. O que
já foi um direito humano no passado pode não o ser no futuro e o que não era um direito
pode vir a ser elevado a esse status.
As diversas declarações de direitos, desde a Magna Carta de 1215, passando pelas
declarações de direitos das treze colônias dos EUA, da Revolução Francesa, até a
Declaração dos Direitos do Homem, de 1948, mostram a evolução em relação ao rol de
direitos protegidos.
Uma declaração de direitos significa, no campo simbólico, a emancipação do
homem, por afirmar, por um lado, suas liberdades fundamentais e, por outro lado, a forma
de exercê-las. Tem o sentido de livrar o homem da opressão indevida de grupos sociais,
religiosos, econômicos, familiares e governamentais.
3.8. Características dos direitos humanos – Na opinião de Robert Alexy, os
direitos humanos devem ser:
a) Universais, no sentido de serem apropriáveis por todos os homens e mulheres;
b) Morais, pois sua validade seria independente de positivação, tendo em vista
que subsistem antes mesmo da ordem jurídica ;
c) Preferenciais, na medida em que o Direito Positivo deve se orientar por eles e
criar mecanismos e esquemas legais para otimizá-los e protegê-los;
d) Fundamentais, pois a violação dos direitos humanos deve acarretar prejuízo a
seu detentor e graves consequências ao violador;
e) Abstratos, pois sua amplitude tende a produzir conflitos entre eles e, por não
serem concretos, tais conflitos devem ser resolvidos por meio de um
procedimento de ponderação de interesses.
3.9. Direitos Políticos – os direitos políticos são direitos humanos consideraos
de primeira geração, pois foram consagrados desde as primeiras declarações de
direitos (Virgínia, 1776; Declaração da Independência dos EUA, 1787; Declaração
Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão; 1789).

3.10. Direitos Fundamentais e Direitos – Direitos humanos é uma expressão


mais ampla, universalista, utilizada internacionalmente. A expressão direitos fundamentais
é usada nas Constituições, no Direito Público, traduzindo o rol dos direitos concretos

9
acolhidos pela legislação constitucional. Assim, os direitos fundamentais são aqueles
positivados e institucionalizados, protegidos pelo ordenamento jurídico estatal. Os direitos
fundamentais são os direitos objetivamente vigentes em determinada ordem jurídica
concreta. Os direitos fundamentais estão albergados nos arts. 5º a 17 da CF/88:

Art. 5º, contendo os direitos e deveres individuais e coletivos; Arts. 6º a 11, contendo
os direitos sociais; Arts. 12 e 13, contendo os direitos de nacionalidade e os Arts. 14 a 17,
contendo os direitos políticos.

3.11. Privação dos Direitos Políticos – A privação dos direitos políticos pode
ocorrer por:
a) Perda; b) suspensão. A cassação dos direitos políticos é vedada na CF/88.
A perda dos direitos políticos tem um caráter de definitiva, apesar de ser possível ao
cidadão a sua recuperação. A suspensão prevê um prazo, uma temporariedade.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se
dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

A perda se dá nos casos de cancelamento da naturalização por sentença


transitada em julgado e na recusa de consciência, que consiste na recusa de cumprir
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII. As demais
são causas de suspensão.
I – cancelamento da naturalização – a aquisição da nacionalidade por estrangeiro
lhe confere a condição de cidadão e, portanto, da possibilidade de se tornar eleitor (Ver
Art. 12, II CF/88) e Art. 51 da Resolução TSE 21.538/2003, § 4º. Cancelada a
naturalização, rompe-se o vínculo entre o indivíduo e o Estado e o sentenciado reassume
o status de estrangeiro. A competência é da justiça Federal e o Ministério Público Federal
é o titular da ação de cancelamento de naturalização (LC nº 75/90, art 6º, IX).
O brasileiro nato que adquirir outra nacionalidade perde a nacionalidade brasileira,
exceto quando: a) a lei estrangeira admite a dupla nacionalidade; b) a lei estrangeira
impõe a perda da nacionalidade ao brasileiro residente no estrangeiro como condição
para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
II – incapacidade civil absoluta – O art. 3º, inciso II do Código Civil brasileiro regula
esta hipótese. Significa a vedação da capacidade do indivíduo de exercer atos da vida
civil. Não basta a existência de enfermidade ou deficiência mental. A lei exige que o
indivíduo não tenha o necessário discernimento, ou seja, que tenha sua capacidade de
entendimento ou a expressão de sua vontade afetadas significativamente.
Sendo considerado incapaz e sendo decretada sua interdição, os direitos políticos
do indivíduo ficam suspensos. Uma vez recuperada a capacidade, tais direitos são
restabelecidos (CE, art. 81). Se a pessoa já nasce com tal incapacidade, trata-se de
impedimento, pois nem sequer se pode dizer que tal pessoa adquiriu os direitos políticos.
O juiz cível que decretar a interdição deve comunicar o fato ao juiz eleitoral ou ao TER, de
maneira que seja cancelado o alistamento do interditado, com a sua exclusão do rol de
eleitores ((CE, art. 71, II e § 2º).
III – Condenação criminal transitada em julgado – A condenação criminal
transitada em julgado determina a suspensão dos direitos políticos enquanto perdurarem

10
seus efeitos. É um efeito secundário da sentença criminal condenatória, que surge
automaticamente após o trânsito em julgado, não importando a natureza ou do montante
da pena. No entanto, a perda de direitos políticos do possuidor de mandato eletivo é mais
complexa. Deputado federal ou senador, bem como deputado estadual e distrital perdem
o mandato após decisão da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, por voto
secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido
político com representação no Congresso Nacional. Assim, a perda de mandato não se
concretiza de forma instantânea, pois depende de ato colegiado a ser praticado pelo
Poder legislativo (Art. 55, VI, § 2º da CF/88). Essa regra não se aplica a detentores de
mandatos executivos (prefeitos, governadores, presidente da República e seus
respectivos vices) nem a vereadores. Se houver transação penal não há condenação
criminal, portanto, não ocorre a suspensão dos direitos políticos. O sursis processual
acarreta o mesmo resultado. Extinto o processo, a condenação se torna impossível.

O Art. 1º, inciso I, letra “e” da LC nº 64/90 prevê punição mais severa, com prazo
de 8 (oito) anos de suspensão dos direitos políticos, desde a condenação até o transcurso
de oito anos após o cumprimento da pena, pela prática dos crimes: 1. contra a economia
popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 2. contra o
patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que
regula a falência;3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais
a lei comine pena privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade, nos casos em que
houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função
pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico de
entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à
condição análoga à de escravo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados
por organização criminosa, quadrilha ou bando.

IV – Recusa de cumprir obrigação a todos imposta – O art. 5º, inciso VIII da Cf/88
diz que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. O art. 15, IV da
mesma CF/88, diz que suspendem-se os direitos políticos de quem se recusar a cumprir
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, nos termos
do art. 5º, VIII.

Entre outras obrigações, estão o exercício da função de jurado e a prestação de


serviço militar. O serviço do júri é obrigatório para os cidadãos maiores de 18 anos,
idôneos. O art. 437 do CPP prevê várias hipóteses de isenção e uma cláusula geral para
quem apresentar justo impedimento. A prestação alternativa será definida pelo juiz, mas a
doutrina entende que seria razoável que a prestação alternativa envolva o tempo
equivalente às sessões às quais o jurado compareceria.

V – Improbidade administrativa – Atos praticados por agentes públicos que ferem a


moralidade administrativa. O art. 37, § 4º da CF/88 diz que os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível. A competência para conhecer e julgar as ações
de improbidade administrativa são de competência da Justiça Comum Federal ou
estadual, não à Eleitoral. A condenação tem natureza civil-administrativa. Diferentemente
da condenação criminal, a suspensão dos direitos políticos deve vir expressa na sentença
que julgar procedente o pedido inicial. A condenação pode ensejar também a perda da

11
função pública, conforme o art. 20 da Lei nº 8.429/92, mas ambas as penas só se
efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

4. PRINCÍPIOS DE DIREITO ELEITORAL

Princípio da lisura eleitoral: Toda ação dos magistrados e do Ministério Público Eleitoral
deve se pautar pela manutenção da lisura das eleições. LC nº 64/90, Art. 23.

Princípio do aproveitamento do voto: O voto só deve ser anulado quando ficar cabalmente
demonstrado que é impossível aproveitá-lo como livre manifestação de vontade. Espécie
de in dubio pro voto. CE, art. 219.

Princípio da celeridade eleitoral. As lides eleitorais, obviamente, precisam ser decididas


de forma célere, pois, do contrário, perderiam o objeto e deixariam de ser úteis, uma vez
que a lide seria solucionada apenas após as eleições. CE, art. 257.

Princípio da devolutibilidade dos recursos. Só à lei cabe dar ou retirar efeitos dos
recursos. Contudo, no Direito Processual Civil, como se sabe, sempre que a lei se omite o
recurso deve ser recebido em ambos os efeitos (devolutivo e suspensivo).No Direito
Processual Eleitoral ocorre exatamente o contrário: os recursos só podem ter efeito
suspensivo se a lei assim determinar expressamente, pois a regra é que, no silêncio da
norma, seja aplicado unicamente o efeito devolutivo.CE, art. 257.

Princípio da preclusão instantânea. Princípio que tem correlação com o da celeridade. No


processo eleitoral, vários atos devem ser impugnados no momento em que ocorrem, pois,
do contrário, haverá preclusão da oportunidade de impugnação. CE, art. 223.

Princípio da anualidade eleitoral. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na
data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de
sua vigência. Este princípio não se aplica às resoluções emanadas do TSE para
regulamentar as eleições, muito embora tais resoluções tenham status de lei ordinária.
CF/88, art. 16.

Princípio da solidariedade da propaganda eleitoral: Toda propaganda eleitoral será


realizada sob a responsabilidade dos partidos, coligações ou candidatos, e por eles paga,
imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados. CE, art. 241, Lei nº 9.504/97,
art. 17, 38.

Princípio da irrecorribilidade das decisões do TSE: As decisões do TSE, em regra, são


irrecorríveis. As únicas exceções estão elencadas no art. 121, § 3º da CF/88: “São
irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta
Constituição e as denegatórias de habeas corpus e ou mandado de segurança”. Das
decisões do TSE que contrariam a Constituição cabe recurso extraordinário para o STF
no prazo de 03 dias. Nos casos de decisões denegatórias de habeas corpus e mandado
de segurança cabe recurso ordinário no prazo de 03 dias. Princípio da Celeridade. CE,
art. 281.

5. CAPACIDADE ELEITORAL

12
CAPACIDADE ELEITORAL. A capacidade eleitoral pode ser ativa ou passiva. A
primeira é a possibilidade de o cidadão exercer o voto e a segunda é a
possibilidade de ser votado. A capacidade eleitoral ativa é adquirida a partir do
alistamento eleitoral, ou seja, o eleitor passa a fazer parte do cadastro de eleitores
por meio de seu registro e aquisição do título de eleitor.
O alistamento eleitoral formaliza a aquisição de direitos políticos pelo cidadão e,
dentre outros, podemos citar o direito de VOTAR (capacidade eleitoral ativa) e de SER
VOTADO (capacidade eleitoral passiva).
O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor.
O alistamento eleitoral requerido pelo alistando será formalizado pela Justiça
Eleitoral, através do formulário conhecido como RAE (Requerimento de Alistamento
Eleitoral), que será digitado no sistema e servirá como documento de entrada de dados e
será processado eletronicamente.
O RAE (Requerimento de Alistamento Eleitoral) deverá ser preenchido ou digitado
e impresso na presença do requerente.
Poderá o Juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre
qualquer outro requisito para o alistamento, converter o julgamento em diligência para
que o alistando esclareça ou complete a prova ou, se for necessário, compareça
pessoalmente à sua presença.
O alistando deverá requerer sua inscrição eleitoral no Cartório Eleitoral ou Posto
de alistamento que corresponder ao seu domicílio eleitoral, não podendo fazê-lo em
Zona Eleitoral diversa do seu domicílio.
Se o alistando tiver mais de uma residência comprovada, poderá alistar-se no
Cartório Eleitoral de qualquer uma delas e a que for escolhida, tornar-se-á o seu
domicílio eleitoral.
No cartório eleitoral ou no posto de alistamento, o servidor da Justiça Eleitoral
preencherá o RAE ou digitará as informações no sistema de acordo com os dados
constantes do documento apresentado pelo eleitor, complementados com suas
informações pessoais, de conformidade com as exigências do processamento de dados,
destas instruções e das orientações específicas.
No momento da formalização do pedido, o requerente manifestará sua
preferência sobre local de votação, entre os estabelecidos para a zona eleitoral.
Pela legislação eleitoral brasileira e, segundo o art. 14, § 1º da Constituição
Federal, o alistamento eleitoral e o voto são:

I. Obrigatórios para os maiores de dezoito anos;


II. Facultativos para:

a) Os analfabetos;
b) Os maiores de 70 anos;
c) Os maiores de 16 e menores de 18 anos.
A proibição quanto ao alistamento eleitoral e o voto estende-se:
 Aos estrangeiros;
 Durante o período do serviço militar obrigatório, aos conscritos;
 Aos que estejam privados temporariamente ou definitivamente dos direitos
políticos.

CONSCRITOS são os eleitores ou não que estejam prestando o serviço militar


obrigatório.

13
O conscrito que já for eleitor terá sua inscrição eleitoral suspensa enquanto durar
a prestação do serviço militar obrigatório, ficando durante esse período, impedido de
votar.
Em ano eleitoral, é facultado o alistamento eleitoral, ao menor que completar 16
anos até a data do pleito, porém, deverá cumprir os seguintes requisitos:
 Requerer sua inscrição eleitoral no ano da eleição;
 Requerer sua inscrição eleitoral até o encerramento do prazo fixado pela Justiça
Eleitoral para requerimento de alistamento ou transferência, que é o 151º
(centésimo qüinquagésimo primeiro) dia anterior à eleição;
 Requerer sua inscrição eleitoral no cartório eleitoral ou posto de alistamento do
seu domicílio;
 Completar 16 (dezesseis) anos até o dia da eleição, inclusive.

Os pedidos de ALISTAMENTO ELEITORAL, TRANSFERÊNCIA E REVISÃO


serão suspensos pela Justiça Eleitoral nos 150 (cento e cinqüenta) dias que
antecederem a eleição, período em que estará fechado o cadastro eleitoral. Só será
possível requerer segunda via, até 10 (dez) dias antes da eleição, por não provocar
alteração no cadastro de eleitores.
Sendo o alistamento eleitoral e o voto obrigatório para os maiores de 18 (dezoito)
anos, o brasileiro que completar 19 (dezenove) anos até o dia anterior à realização da
eleição deverá requerer seu alistamento eleitoral até a data de fechamento do cadastro
eleitoral (151 dias antes da eleição), sob pena de incorrer na aplicação de multa. Se
completar 19 (dezenove) anos a partir da eleição – ou seja, no primeiro domingo do mês
de outubro do ano eleitoral – terá até a data do fechamento do cadastro relativa ao
período eleitoral seguinte para fazê-lo (151 dias antes da eleição seguinte), sem
sujeitar-se ao pagamento da multa.
O brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos ou o naturalizado que não se
alistar até 01 (um) ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira incorrerá em multa
imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição.
Os cegos alfabetizados pelo sistema Braille que reunirem as condições de
alistamento podem preencher a fórmula impressa em Braille, assinando também em
Braille o título eleitoral e a folha de votação. Todo esse procedimento deverá ser
efetuado na presença de funcionários de estabelecimento especializado de amparo aos
cegos, conhecedor do sistema Braille, que subscreverá declaração atestando a validade
do documento, juntamente com o servidor da Justiça Eleitoral.
O Juiz Eleitoral providenciará para que se proceda ao alistamento nas próprias
sedes dos estabelecimentos de proteção aos cegos, marcando, previamente, dia e hora
para tal fim, podendo se inscrever na zona eleitoral correspondente todos os cegos do
município.
Se no alistamento realizado pela forma prevista acima, o número de eleitores não
alcançar o mínimo exigido, este se completará com a inclusão de outros ainda que não
sejam cegos.
O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço para se alistar ou
requerer transferência eleitoral sem prejuízo do salário e por tempo não excedente a 02
(dois) dias, porém, deve comunicar o fato ao empregador com 48 (quarenta e oito)
horas de antecedência.
O alistamento eleitoral do analfabeto é facultativo. Se o analfabeto deixar de sê-lo,
deverá requerer sua inscrição eleitoral, não ficando sujeito a multa.
O alistamento eleitoral e a retirada do título de eleitor somente poderão ser
realizados pelo próprio eleitor, sendo vedada a interferência de qualquer pessoa, ou
mesmo procurador.

14
Disponibilizada no Cartório Eleitoral a relação dos eleitores alistados, transferidos
ou revisados, cancelados ou suspensos e de pedidos de segunda via, abrir-se-á prazo
para impugnação do deferimento do alistamento, da transferência, da expedição de
segunda via, de cancelamento ou da suspensão.
Do despacho que INDEFERIR o requerimento de inscrição, caberá recurso
interposto pelo alistando no prazo de 05 (cinco) dias, contados da colocação da
respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de
cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando
antes dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem.
Do despacho que DEFERIR requerimento de inscrição, poderá recorrer qualquer
delegado de partido político no prazo de 10 (dez) dias, contados da colocação da
respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de
cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando
antes dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem.
O serviço eleitoral prefere a qualquer outro, é obrigatório e não interrompe o
interstício de promoção dos funcionários para ele requisitados.

TRANSFERÊNCIA

É o ato através do qual o eleitor requer mudança de seu domicílio eleitoral.


Assim, em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao Juiz do novo
domicílio sua transferência, juntando o título anterior.
No pedido de transferência não há alteração no número da inscrição do eleitor,
permanecendo o número original, devendo ser consignado no campo próprio a sigla da
UF anterior.
Ao requerer a transferência, o eleitor entregará ao servidor do cartório o título
eleitoral e a prova de quitação com a Justiça Eleitoral.
O eleitor não poderá requerer transferência se sua inscrição estiver envolvida:

 Em coincidência;
 Suspensa;
 cancelada automaticamente pelo sistema quando envolver situação de perda e
suspensão de direitos políticos;
 cancelada por perda dos direitos políticos;
 cancelada por decisão de autoridade judiciária.

COINCIDÊNCIA - o agrupamento pelo batimento de duas ou mais inscrições ou


registros que apresentem dados iguais ou semelhantes, segundo critérios previamente
definidos pelo Tribunal Superior Eleitoral.
INSCRIÇÃO SUSPENSA - a inscrição que está indisponível, temporariamente (até
que cesse o impedimento), em virtude de restrição de direitos políticos, para o exercício
do voto e não poderá ser objeto de transferência, revisão e segunda via.

Será admitida transferência com reutilização do número de inscrição, desde


que comprovada a inexistência de outra inscrição liberada, não liberada, regular ou
suspensa para o eleitor:
 cancelada por falecimento;
 duplicidade/pluralidade;
 deixou de votar em três eleições consecutivas;
 revisão de eleitorado.

15
Existindo mais de uma inscrição cancelada para o eleitor no cadastro eleitoral, nas
condições acima previstas, deverá ser promovida, preferencialmente, a transferência
daquela:
I - que tenha sido utilizada para o exercício do voto no último pleito;
II - que seja mais antiga.

A transferência poderá ser requerida:


a) De uma Zona Eleitoral para outra dentro do próprio Estado, porém de
Municípios distintos;
b) De um Estado para outro (entre UF’s);
c) De qualquer Estado para o exterior (Consulado ou Embaixada).

Requisitos para a transferência:


Para que o eleitor possa requerer transferência de domicílio, alguns requisitos são
necessários:
I - recebimento do pedido no cartório eleitoral do novo domicílio no prazo
estabelecido pela legislação vigente;
II - transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última transferência;
III - residência mínima de três meses no novo domicílio, declarada, sob as penas
da lei, pelo próprio eleitor (Lei nº 6.996/82, art. 8º);
IV - prova de quitação com a Justiça Eleitoral.

O comprovante de residência a ser apresentado pelo eleitor (conta de luz, água,


telefone, etc), datado até 03 (três) meses anteriores, poderá ser em nome de seus pais
ou cônjuge. Se o requerente residir em casa alugada, o proprietário deverá fazer uma
declaração.
A quitação com a Justiça Eleitoral prova-se mediante a apresentação de um ou
mais dos seguintes documentos:

 Comprovantes de votação;
 Justificativas eleitorais devidamente autenticadas pelos mesários;
 Certidão de quitação eleitoral fornecida pelo Cartório Eleitoral onde o eleitor for
inscrito; (Resolução 20497 – Eleitor poderá requerer Certidão em Zona diversa
da sua).
 Comprovante de pagamento de multa em razão do não exercício do voto.

Não se exige nas transferências de Título Eleitoral de servidor público civil,


militar, autárquico ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou
transferência:
 o transcurso de pelo menos 01 (um) ano do alistamento ou da última
transferência:
 a residência mínima de 03 (três) meses no novo domicílio.

Quanto aos eleitores inscritos no exterior, não se exige no ato da transferência


para o Brasil, o transcurso de 01 (um) ano do alistamento ou da última transferência.
Do despacho que indeferir o requerimento de transferência, caberá recurso
interposto pelo eleitor no prazo de cinco dias e, do que o deferir, poderá recorrer
qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias, contados da colocação da
respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de

16
cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao
requerente antes dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem (Lei nº
6.996/82, art. 8º).

REVISÃO

A legislação anterior permitia a revisão apenas para a retificação de algum dado


cadastral.
A partir da Resolução nº 21.538/03 do Tribunal Superior Eleitoral, o eleitor, além de
poder retificar seus dados cadastrais, também poderá requerer alteração de seu local
de votação no mesmo município, ainda que ocorra mudança de zona Eleitoral ou ainda
solicitar que sua inscrição cancelada tenha sua situação regularizada.

SEGUNDA VIA

É a operação requerida pelo eleitor por motivo de perda ou extravio, inutilização ou


dilaceração do título eleitoral.
No pedido de segunda via, nenhum dado do eleitor poderá ser modificado,
inclusive o local de votação que deverá permanecer o mesmo.
O eleitor poderá requerer segunda via do título eleitoral em qualquer época do ano
em que não há eleições.
Caso o pedido de segunda via seja feito em ano eleitoral, o eleitor poderá
requerer até 10 (dez) dias antes da eleição.

Na solicitação de TRANSFERÊNCIA, REVISÃO e SEGUNDA VIA, o número da


inscrição do eleitor permanecerá o mesmo.

Os requerimentos de ALISTAMENTO, TRANSFERÊNCIA e REVISÃO, só


poderão ser solicitados ao Cartório eleitoral, pessoalmente pelo alistando ou eleitor, até o
151º (centésimo, qüinquagésimo primeiro) dia anterior à eleição, que é o último dia em
que o cadastro da Justiça Eleitoral estará aberto.

REQUISITOS PARA O ALISTAMENTO ELEITORAL

Para que o alistando tenha seu requerimento de alistamento eleitoral deferido pelo
Juiz Eleitoral, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos:

I. ser brasileiro nato ou naturalizado;


II. possuir domicílio eleitoral na Zona Eleitoral onde está sendo feito o pedido;
III. possuir idade mínima de 16 (dezesseis) anos;
IV. Não ter requerido inscrição eleitoral em outro Cartório Eleitoral;
V. Prova de quitação com o serviço militar obrigatório para os homens
maiores de 18 (dezoito) anos.

O pedido de alistamento eleitoral deverá ser instruído com um dos seguintes


documentos:

 Carteira de identidade ou carteira emitida pelos órgãos criados por lei federal,
controladores do exercício profissional (OAB, CRM, CREA, etc);
 Certidão de Nascimento ou Casamento, extraída do Registro Civil;
 Certificado de Quitação do Serviço Militar, para maiores de 18 anos;

17
 Instrumento público do qual se infira, por direito, ter o requerente a idade
mínima de 16 anos e do qual constem, também, os demais elementos
necessários à sua qualificação;
 Documento do qual se infira a nacionalidade brasileira do requerente.

As certidões de nascimento ou casamento, quando destinadas ao alistamento


eleitoral, serão fornecidas gratuitamente, segundo a ordem dos pedidos apresentados
em cartório pelos alistandos ou Delegados de partido.
O alistando, ou o eleitor, que comprovar devidamente o seu estado de pobreza,
ficará isento do pagamento de multa.

PROCEDIMENTOS PARA O ALISTAMENTO ELEITORAL

Para requerer o alistamento eleitoral, o alistando deverá comparecer ao Cartório


Eleitoral responsável pela sua Zona Eleitoral, ou ainda, se houver, a um Posto de
alistamento, desde que seja no local do seu domicílio eleitoral, munido dos documentos já
mencionados.
No Cartório Eleitoral ou Posto de alistamento, o servidor da Justiça Eleitoral será
o responsável pela digitação (preenchimento) do Requerimento do Alistamento
Eleitoral (RAE) no sistema, considerando os dados constantes dos documentos
apresentados pelo alistando no momento da formalização do pedido, completando com as
informações pessoais fornecidas pelo mesmo, de acordo com as exigências do sistema.
O servidor da Justiça Eleitoral deverá digitar e imprimir o RAE (Requerimento de
Alistamento Eleitoral) do eleitor no sistema de processamento de dados, sempre, na
presença do próprio requerente.
Ao formalizar o pedido de alistamento ou transferência, o requerente deverá
manifestar sua preferência sobre local de votação, dentre os locais existentes na Zona
Eleitoral, que deverá disponibilizar relação contendo todos os locais de votação da Zona
eleitoral, com os respectivos endereços.
O alistando ou eleitor deverá assinar o requerimento ou apor sua impressão digital
do polegar direito na presença do servidor da Justiça Eleitoral, que deverá atestar, de
imediato, o cumprimento da exigência.
Após colher a assinatura ou impressão digital do polegar direito do alistando ou
eleitor, o servidor da Justiça Eleitoral digitará no sistema os campos que lhe são
reservados no formulário, para, em seguida, submeter o pedido para despacho do Juiz
Eleitoral.
Com o despacho de deferimento do Requerimento de Alistamento Eleitoral (RAE),
o pedido será formalizado no sistema de processamento eletrônico de dados e o título
eleitoral entregue ao requerente.
Caso a emissão do título não seja imediata, tendo sido atribuído um número de
inscrição, o servidor da Justiça Eleitoral após assinar o formulário de alistamento e o
protocolo de solicitação, destacará e o entregará ao requerente para que possa receber o
seu título eleitoral em data posterior.
No período em que o cadastro de eleitores estiver fechado (150 dias antes da
eleição), não serão recebidos pelos Cartórios Eleitorais, requerimentos de alistamento ou
transferência.
O processamento reabrir-se-á em cada zona logo que estejam concluídos os
trabalhos de apuração em âmbito nacional.

ALISTAMENTO PARA ELEITORES PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

18
A regra geral é de que o alistamento e o voto são obrigatórios para todas as
pessoas portadoras de deficiências.
Entretanto, a legislação eleitoral dispensa de sanção a pessoa portadora de
deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das
obrigações eleitorais (alistamento e voto).
Na avaliação da impossibilidade e da onerosidade para o exercício das
obrigações eleitorais, serão consideradas, também, a situação sócio-econômica do
requerente e as condições de acesso ao local de votação ou alistamento desde a
residência do mesmo.
O que a legislação eleitoral exige, é que o cidadão (ou seu procurador ou
representante legal) requeira ao Juiz Eleitoral do seu domicílio, mediante
documentação comprobatória de sua deficiência, certidão de quitação eleitoral, com
prazo de validade indeterminando, portanto, isentando de se alista e votar.
O cartório eleitoral deverá comandar um código ASE no cadastro do eleitor, com
vistas a registrar que a pessoa é portadora de deficiência.
A certidão requerida pelo cidadão, não impede que o mesmo requeira seu
alistamento a qualquer tempo, não estando o mesmo sujeito à penalidade de multa.

19

Você também pode gostar