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Apostila Direito Eleitoral
Apostila Direito Eleitoral
APOSTILA
DIREITO ELEITORAL
PAULO RAMEH
03 DE FEVEREIRO DE 2014
Esta Apostila é um resumo das aulas ministradas pelo Professor Paulo Rameh, no Curso
de Direito Eleitoral ministrado ma Faculdade Salesiana do Nordeste. Produzida ao longo
dos últimos anos, é resultado da compilação de trechos escolhidos retirados de livros
didáticos de diversos autores nacionais e estrangeiros consagrados, com boa aceitação
do público-alvo.
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SUMÁRIO
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2.1. Princípios Constitucionais
2.2. Direitos Políticos
5. Partidos Políticos
5.1. Histórico
5.2. Lei 9096/95
6. Sistemas Eleitorais
6.1. Sistema Majoritário
6.2. Sistema Proporcional
6.3. Sistema Misto
7. Justiça Eleitoral
7.1. Composição
7.2. Duplo grau de jurisdição
7.3. Competências originárias dos Tribunais
7.4. Poder Regulamentar do TSE: Instruções e Resoluções
7.5. Função consultiva do TSE
7.6. Natureza Jurídica da sentença eleitoral. Administrativa e Judicial.
8. Eleições
8.1. Lei n.º 9.504/97 – Lei das Eleições
8.2. Código Eleitoral
8.3. Candidaturas: registro, impugnação, recurso
8.4. Propaganda Eleitoral.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
CÂNDIDO, Joel J. Inelegibilidades no Direito Brasileiro. São Paulo: Edirpo, 2003.
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CHAMON, Omar. Direito Eleitoral. São Paulo: Método, 2008.
GARCIA. Emerson. Abuso de Poder nas Eleições: meios de coibição. Rio de Janeiro:
Lúmen Júris, 2006.
NASCIMENTO, José Anderson. Tópicos de Direito Eleitoral (Anotações à lei nº9.504/97).
São Paulo: Ícone, 1998.
VELLOSO, Carlos Mário. Elementos de Direito Eleitoral. São Paulo: Saraiva, 2009.
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Direito Eleitoral
É um ramo autônomo do Direito Público, voltado para a regulamentação do
exercício dos direito políticos e do processo eleitoral. Todo Estado possui em sua
Constituição, como expressão de sua soberania, regras destinadas a regular essa
matéria. Podemos dizer, em resumo, que as normas de Direito Eleitoral visam a regular:
a) O alistamento eleitoral;
b) A filiação partidária;
c) O procedimento de convenções partidárias;
d) O funcionamento dos partidos políticos;
e) O registro de candidaturas;
f) A propaganda política;
g) O processo de votação, apuração, proclamação dos eleitos e diplomação;
h) A prestação de contas das campanhas eleitorais;
i) A forma de acesso, exercício e perda dos mandatos eletivos;
j) O sistema eleitoral;
k) Os crimes eleitorais;
l) A Justiça Eleitoral.
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Em 1964, os militares extinguiram todos os partidos até então existentes e
implantaram o bipartidarismo, sendo autorizados a funcionar apenas os partidos MDB
(Movimento Democrático Brasileiro), de oposição, e a ARENA (Aliança Renovadora
Nacional), de situação – governista.
A partir de 1979, com o início da abertura gradual e segura, foi novamente
permitida a criação de novos partidos. O MDB tornou-se o PMDB, até hoje existente; a
ARENA se transformou em PDS (Partido Democrático Social) e foram criados o PSB,
PTB, PDT, e até mesmo o PCB voltou a existir. Nessa época, devido a divisões internas
uma dissidência do PCB criou o PC do B.
3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
3.1. CIDADANIA: É a aptidão para o exercício dos direitos políticos, quais
sejam: a) o direito de votar (capacidade eleitoral ativa); b) o direito de ser votado
(capacidade eleitoral passiva), o direito de petição e o direito de participar ativamente da
gestão do Estado (são três as hipóteses de participação direta na gestão dos assuntos do
Estado: o plebiscito, o referendo e a proposta de lei de iniciativa popular).
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Cidadania pode ser definida, também, como o atributo concedido às pessoas que lhes
permite participar das decisões do governo e de ser ouvido por sua representação
política. Cidadão, na legislação brasileira, é aquele que está de posse e no exercício de
seus direitos políticos, ou seja, direito de votar e ser votado e suas consequências.
Cidadão é a pessoa detentora de direitos políticos, podendo participar do processo
governamental, elegendo ou sendo eleito para cargos públicos. Essa condição é obtida no
momento em que a pessoa se torna eleitor.
a) O plebiscito: é a consulta popular sobre matéria de acentuada relevância, de
natureza constitucional, legislativa ou administrativa, na qual a consulta
popular é feita antes da criação da lei. Na verdade, o que ocorre é uma
autorização do povo para que o legislativo produza determinada lei;
b) O referendo: o povo é convocado para, por meio do voto, aprovar ou rejeitar
projeto de lei ou ato administrativo já elaborado pelo Poder Executivo ou pelo
Poder Legislativo, ou seja, após a apresentação da lei ou ato administrativo já
produzido, faltando a sua publicação e entrada em vigor.
c) O projeto de iniciativa popular: qualquer do povo pode apresentar projeto de lei
de iniciativa popular, desde que seja subscrito por, pelo menos, 1% do
eleitorado nacional, atualmente cerca de um milhão de eleitores, com
assinaturas coletadas em pelo menos 5 estados e que em cada um desses
estados as assinaturas representem, pelo menos, 3/10 (três décimos) do total
de eleitores. O projeto é, então, apresentado à Câmara dos Deputados, tendo
em vista que é a Casa que representa o povo. A Constituição Federal também
previu o projeto de lei de iniciativa popular em municípios, desde que se atinja
5% dos eleitores, mas remeteu a cada Estado prever o mesmo para projetos
de lei de iniciativa popular estaduais e no Distrito Federal. O constituinte não
previu a apresentação de projetos de emendas constitucionais, o que revelou
uma lacuna na nossa legislação.
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Assim, algumas democracias preveem o instituto do recall e outras, geralmente
onde o sistema de governo é parlamentarista, a dissolução do parlamento por voto de
desconfiança.
O recall permite que um determinado parlamentar que não atenda a orientação de
seus eleitores seja afastado do cargo e nova eleição ocorra para aquela vaga; o voto de
desconfiança dissolve todo o parlamento e novas eleições são convocadas, quando o
governo já não conta com a maioria suficiente para governar. O recall pode ser utilizado
não apenas contra parlamentares, mas também contra governantes.
A democracia é um fundamento e um valor essencial das sociedades ocidentais.
Está presente na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 e no art. 25 do
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966.
3.4. O VOTO.
O voto é a expressão do exercício do sufrágio, e significa aprovação, opinião
favorável, apoio, concordância, aclamação. É a manifestação da vontade de uma ou de
um conjunto de pessoas com o objetivo de escolher seus representantes políticos.
No campo do Direito, significa um direito público subjetivo, por meio do qual ao
povo se permite participar da vida política da sociedade. O sufrágio é o direito de votar e
ser votado. É o poder de decidir sobre o destino da comunidade, os rumos do governo e a
condução da Administração Pública.
Só podem votar e ser votados a) os brasileiros natos ou naturalizados, b) os
maiores de 16 anos; c) os que não estejam cumprindo o período de regime militar
obrigatório (conscritos); Os cargos de Presidente e de Vice-presidente da República são
privativos de brasileiros natos, bem como os cargos de presidentes da Câmara e do
Senado Federal.
O sufrágio é o direito e o voto é o seu exercício No Brasil, o voto é ao mesmo
tempo um direito e um dever, pois é obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de
70 anos ( CF, art. 14, § 1º.
O voto apresenta as seguintes características: personalidade, obrigatoriedade,
liberdade, secreto, direto, periódico, isonômico. O cidadão só pode votar pessoalmente.
Obrigatório, pois vincula o cidadão ao exercício do direito e impõe sanções àquele que
não o exercer ou, não o fazendo, não justificar a ausência, num prazo de 60 (sessenta)
dias. É livre, na medida que o cidadão pode escolher livremente entre os candidatos e os
partidos apresentados, bem como votar em branco ou anular o voto. Secreto na medida
em que o voto não pode ser revelado e o cidadão terá o direito de exercê-lo
sigilosamente. Direto, significando que não haverá intermediários entre o cidadão e sua
escolha. O voto indireto é exceção no sistema eleitoral brasileiro, sendo utilizado apenas
em caso de vacância dos cargos de Presidente e de Vice-presidente da República nos
dois últimos anos do mandato presidencial. Nesse caso, a eleição é feita pelo Congresso
Nacional 30 dias após a última vacância e esse dispositivo se estende aos cargos de
Governador e vice, Prefeito e vice. É periódico, devendo respeitar o termo previsto para
cada mandado. E isonômico, na medida em que o voto de cada cidadão tem o mesmo
valor que o de todos os demais.
3.5. POLÍTICA
Política é o uso do Poder para o desenvolvimento das atividades públicas e para a
organização de setores da vida social. Pode ser definida também como a técnica por meio
da qual se busca obter e manter o poder.
A política substitui a força, a imposição da vontade de um grupo sobre o outro, O
poder político é o poder supremo numa sociedade organizada.
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A Política também pode ser vista como a arte de governar, de administrar a coisa
pública, de influenciar o governo, suas ações e o processo de tomada de decisões. É por
meio da atividade política que grupos de pressão existentes na sociedade exercitam o
diálogo, o debatem o embate de ideias e, ao final, alcançam a implementação de suas
ideias e concepções.
Na opinião de Giddens, política é o meio pelo qual o poder é utilizado e contestado
para influenciar a natureza e o conteúdo das atividades governamentais, incluindo as
decisões que vão submeter e organizar as atividades e os interesses de muitos grupos e
indivíduos.
3.6. Direitos políticos – são os direitos e as prerrogativas inerentes à cidadania.
Conferem ao cidadão a capacidade de participar, direta ou indiretamente, do governo, da
organização e do funcionamento do Estado. São previstos na Constituição Federal por
meio do estabelecimento de mecanismos por meio dos quais o cidadão pode exercer a
soberania popular. São eles: o sufrágio universal, por meio do voto secreto e direto; o
plebiscito; o referendo e a apresentação de projetos de lei de iniciativa popular.
3.7. Relação entre Direitos Humanos e Direitos Políticos – o jusnaturalismo
concebia os direitos humanos como eternos, imutáveis, universais. Pensava-se que os
direitos humanos seriam os mesmos em todos os tempos, lugares e nações. Norberto
Bobbio, em sua obra A Era dos Direitos, mostrou que os direitos humanos são fruto de
uma construção permanente, objeto de esforços, resultado da luta dos grupos de
interesses e não são historicamente determinados e sim dinamicamente variáveis. O que
já foi um direito humano no passado pode não o ser no futuro e o que não era um direito
pode vir a ser elevado a esse status.
As diversas declarações de direitos, desde a Magna Carta de 1215, passando pelas
declarações de direitos das treze colônias dos EUA, da Revolução Francesa, até a
Declaração dos Direitos do Homem, de 1948, mostram a evolução em relação ao rol de
direitos protegidos.
Uma declaração de direitos significa, no campo simbólico, a emancipação do
homem, por afirmar, por um lado, suas liberdades fundamentais e, por outro lado, a forma
de exercê-las. Tem o sentido de livrar o homem da opressão indevida de grupos sociais,
religiosos, econômicos, familiares e governamentais.
3.8. Características dos direitos humanos – Na opinião de Robert Alexy, os
direitos humanos devem ser:
a) Universais, no sentido de serem apropriáveis por todos os homens e mulheres;
b) Morais, pois sua validade seria independente de positivação, tendo em vista
que subsistem antes mesmo da ordem jurídica ;
c) Preferenciais, na medida em que o Direito Positivo deve se orientar por eles e
criar mecanismos e esquemas legais para otimizá-los e protegê-los;
d) Fundamentais, pois a violação dos direitos humanos deve acarretar prejuízo a
seu detentor e graves consequências ao violador;
e) Abstratos, pois sua amplitude tende a produzir conflitos entre eles e, por não
serem concretos, tais conflitos devem ser resolvidos por meio de um
procedimento de ponderação de interesses.
3.9. Direitos Políticos – os direitos políticos são direitos humanos consideraos
de primeira geração, pois foram consagrados desde as primeiras declarações de
direitos (Virgínia, 1776; Declaração da Independência dos EUA, 1787; Declaração
Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão; 1789).
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acolhidos pela legislação constitucional. Assim, os direitos fundamentais são aqueles
positivados e institucionalizados, protegidos pelo ordenamento jurídico estatal. Os direitos
fundamentais são os direitos objetivamente vigentes em determinada ordem jurídica
concreta. Os direitos fundamentais estão albergados nos arts. 5º a 17 da CF/88:
Art. 5º, contendo os direitos e deveres individuais e coletivos; Arts. 6º a 11, contendo
os direitos sociais; Arts. 12 e 13, contendo os direitos de nacionalidade e os Arts. 14 a 17,
contendo os direitos políticos.
3.11. Privação dos Direitos Políticos – A privação dos direitos políticos pode
ocorrer por:
a) Perda; b) suspensão. A cassação dos direitos políticos é vedada na CF/88.
A perda dos direitos políticos tem um caráter de definitiva, apesar de ser possível ao
cidadão a sua recuperação. A suspensão prevê um prazo, uma temporariedade.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se
dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
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seus efeitos. É um efeito secundário da sentença criminal condenatória, que surge
automaticamente após o trânsito em julgado, não importando a natureza ou do montante
da pena. No entanto, a perda de direitos políticos do possuidor de mandato eletivo é mais
complexa. Deputado federal ou senador, bem como deputado estadual e distrital perdem
o mandato após decisão da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, por voto
secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido
político com representação no Congresso Nacional. Assim, a perda de mandato não se
concretiza de forma instantânea, pois depende de ato colegiado a ser praticado pelo
Poder legislativo (Art. 55, VI, § 2º da CF/88). Essa regra não se aplica a detentores de
mandatos executivos (prefeitos, governadores, presidente da República e seus
respectivos vices) nem a vereadores. Se houver transação penal não há condenação
criminal, portanto, não ocorre a suspensão dos direitos políticos. O sursis processual
acarreta o mesmo resultado. Extinto o processo, a condenação se torna impossível.
O Art. 1º, inciso I, letra “e” da LC nº 64/90 prevê punição mais severa, com prazo
de 8 (oito) anos de suspensão dos direitos políticos, desde a condenação até o transcurso
de oito anos após o cumprimento da pena, pela prática dos crimes: 1. contra a economia
popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 2. contra o
patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que
regula a falência;3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais
a lei comine pena privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade, nos casos em que
houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função
pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico de
entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à
condição análoga à de escravo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados
por organização criminosa, quadrilha ou bando.
IV – Recusa de cumprir obrigação a todos imposta – O art. 5º, inciso VIII da Cf/88
diz que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. O art. 15, IV da
mesma CF/88, diz que suspendem-se os direitos políticos de quem se recusar a cumprir
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, nos termos
do art. 5º, VIII.
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função pública, conforme o art. 20 da Lei nº 8.429/92, mas ambas as penas só se
efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Princípio da lisura eleitoral: Toda ação dos magistrados e do Ministério Público Eleitoral
deve se pautar pela manutenção da lisura das eleições. LC nº 64/90, Art. 23.
Princípio do aproveitamento do voto: O voto só deve ser anulado quando ficar cabalmente
demonstrado que é impossível aproveitá-lo como livre manifestação de vontade. Espécie
de in dubio pro voto. CE, art. 219.
Princípio da devolutibilidade dos recursos. Só à lei cabe dar ou retirar efeitos dos
recursos. Contudo, no Direito Processual Civil, como se sabe, sempre que a lei se omite o
recurso deve ser recebido em ambos os efeitos (devolutivo e suspensivo).No Direito
Processual Eleitoral ocorre exatamente o contrário: os recursos só podem ter efeito
suspensivo se a lei assim determinar expressamente, pois a regra é que, no silêncio da
norma, seja aplicado unicamente o efeito devolutivo.CE, art. 257.
Princípio da anualidade eleitoral. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na
data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de
sua vigência. Este princípio não se aplica às resoluções emanadas do TSE para
regulamentar as eleições, muito embora tais resoluções tenham status de lei ordinária.
CF/88, art. 16.
5. CAPACIDADE ELEITORAL
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CAPACIDADE ELEITORAL. A capacidade eleitoral pode ser ativa ou passiva. A
primeira é a possibilidade de o cidadão exercer o voto e a segunda é a
possibilidade de ser votado. A capacidade eleitoral ativa é adquirida a partir do
alistamento eleitoral, ou seja, o eleitor passa a fazer parte do cadastro de eleitores
por meio de seu registro e aquisição do título de eleitor.
O alistamento eleitoral formaliza a aquisição de direitos políticos pelo cidadão e,
dentre outros, podemos citar o direito de VOTAR (capacidade eleitoral ativa) e de SER
VOTADO (capacidade eleitoral passiva).
O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor.
O alistamento eleitoral requerido pelo alistando será formalizado pela Justiça
Eleitoral, através do formulário conhecido como RAE (Requerimento de Alistamento
Eleitoral), que será digitado no sistema e servirá como documento de entrada de dados e
será processado eletronicamente.
O RAE (Requerimento de Alistamento Eleitoral) deverá ser preenchido ou digitado
e impresso na presença do requerente.
Poderá o Juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre
qualquer outro requisito para o alistamento, converter o julgamento em diligência para
que o alistando esclareça ou complete a prova ou, se for necessário, compareça
pessoalmente à sua presença.
O alistando deverá requerer sua inscrição eleitoral no Cartório Eleitoral ou Posto
de alistamento que corresponder ao seu domicílio eleitoral, não podendo fazê-lo em
Zona Eleitoral diversa do seu domicílio.
Se o alistando tiver mais de uma residência comprovada, poderá alistar-se no
Cartório Eleitoral de qualquer uma delas e a que for escolhida, tornar-se-á o seu
domicílio eleitoral.
No cartório eleitoral ou no posto de alistamento, o servidor da Justiça Eleitoral
preencherá o RAE ou digitará as informações no sistema de acordo com os dados
constantes do documento apresentado pelo eleitor, complementados com suas
informações pessoais, de conformidade com as exigências do processamento de dados,
destas instruções e das orientações específicas.
No momento da formalização do pedido, o requerente manifestará sua
preferência sobre local de votação, entre os estabelecidos para a zona eleitoral.
Pela legislação eleitoral brasileira e, segundo o art. 14, § 1º da Constituição
Federal, o alistamento eleitoral e o voto são:
a) Os analfabetos;
b) Os maiores de 70 anos;
c) Os maiores de 16 e menores de 18 anos.
A proibição quanto ao alistamento eleitoral e o voto estende-se:
Aos estrangeiros;
Durante o período do serviço militar obrigatório, aos conscritos;
Aos que estejam privados temporariamente ou definitivamente dos direitos
políticos.
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O conscrito que já for eleitor terá sua inscrição eleitoral suspensa enquanto durar
a prestação do serviço militar obrigatório, ficando durante esse período, impedido de
votar.
Em ano eleitoral, é facultado o alistamento eleitoral, ao menor que completar 16
anos até a data do pleito, porém, deverá cumprir os seguintes requisitos:
Requerer sua inscrição eleitoral no ano da eleição;
Requerer sua inscrição eleitoral até o encerramento do prazo fixado pela Justiça
Eleitoral para requerimento de alistamento ou transferência, que é o 151º
(centésimo qüinquagésimo primeiro) dia anterior à eleição;
Requerer sua inscrição eleitoral no cartório eleitoral ou posto de alistamento do
seu domicílio;
Completar 16 (dezesseis) anos até o dia da eleição, inclusive.
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Disponibilizada no Cartório Eleitoral a relação dos eleitores alistados, transferidos
ou revisados, cancelados ou suspensos e de pedidos de segunda via, abrir-se-á prazo
para impugnação do deferimento do alistamento, da transferência, da expedição de
segunda via, de cancelamento ou da suspensão.
Do despacho que INDEFERIR o requerimento de inscrição, caberá recurso
interposto pelo alistando no prazo de 05 (cinco) dias, contados da colocação da
respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de
cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando
antes dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem.
Do despacho que DEFERIR requerimento de inscrição, poderá recorrer qualquer
delegado de partido político no prazo de 10 (dez) dias, contados da colocação da
respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de
cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando
antes dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem.
O serviço eleitoral prefere a qualquer outro, é obrigatório e não interrompe o
interstício de promoção dos funcionários para ele requisitados.
TRANSFERÊNCIA
Em coincidência;
Suspensa;
cancelada automaticamente pelo sistema quando envolver situação de perda e
suspensão de direitos políticos;
cancelada por perda dos direitos políticos;
cancelada por decisão de autoridade judiciária.
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Existindo mais de uma inscrição cancelada para o eleitor no cadastro eleitoral, nas
condições acima previstas, deverá ser promovida, preferencialmente, a transferência
daquela:
I - que tenha sido utilizada para o exercício do voto no último pleito;
II - que seja mais antiga.
Comprovantes de votação;
Justificativas eleitorais devidamente autenticadas pelos mesários;
Certidão de quitação eleitoral fornecida pelo Cartório Eleitoral onde o eleitor for
inscrito; (Resolução 20497 – Eleitor poderá requerer Certidão em Zona diversa
da sua).
Comprovante de pagamento de multa em razão do não exercício do voto.
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cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao
requerente antes dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem (Lei nº
6.996/82, art. 8º).
REVISÃO
SEGUNDA VIA
Para que o alistando tenha seu requerimento de alistamento eleitoral deferido pelo
Juiz Eleitoral, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos:
Carteira de identidade ou carteira emitida pelos órgãos criados por lei federal,
controladores do exercício profissional (OAB, CRM, CREA, etc);
Certidão de Nascimento ou Casamento, extraída do Registro Civil;
Certificado de Quitação do Serviço Militar, para maiores de 18 anos;
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Instrumento público do qual se infira, por direito, ter o requerente a idade
mínima de 16 anos e do qual constem, também, os demais elementos
necessários à sua qualificação;
Documento do qual se infira a nacionalidade brasileira do requerente.
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A regra geral é de que o alistamento e o voto são obrigatórios para todas as
pessoas portadoras de deficiências.
Entretanto, a legislação eleitoral dispensa de sanção a pessoa portadora de
deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das
obrigações eleitorais (alistamento e voto).
Na avaliação da impossibilidade e da onerosidade para o exercício das
obrigações eleitorais, serão consideradas, também, a situação sócio-econômica do
requerente e as condições de acesso ao local de votação ou alistamento desde a
residência do mesmo.
O que a legislação eleitoral exige, é que o cidadão (ou seu procurador ou
representante legal) requeira ao Juiz Eleitoral do seu domicílio, mediante
documentação comprobatória de sua deficiência, certidão de quitação eleitoral, com
prazo de validade indeterminando, portanto, isentando de se alista e votar.
O cartório eleitoral deverá comandar um código ASE no cadastro do eleitor, com
vistas a registrar que a pessoa é portadora de deficiência.
A certidão requerida pelo cidadão, não impede que o mesmo requeira seu
alistamento a qualquer tempo, não estando o mesmo sujeito à penalidade de multa.
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