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Características

“O objeto da convenção coletiva é a regulamentação das condições de


trabalho. Seu fim é delimitar o círculo dentro no qual se devem ajustar os
contratos individuais de trabalho” 12
“Não se confunde, assim, com o contrato de trabalho, com a locação
de serviços, nem o aniquila. Unicamente o disciplina. O contrato individual de
trablaho gera para o patrão ou locatário a obrigação de remunerar os serviços
do trabalhador ou locador, e, para este, a obrigação de trabalhar. A
convenção coletiva de trabalho não engedra nenhuma dessas obrigações.
Gera, apenas, uma obrigação negativa para os convenentes: a de não
celebrarem nenhum contrato individual de trabalho que contrarie as
condições nela estipuladas.” 12
“Não o aniquila. O contrato individual de trabalho permanece. Existe,
tão só, uma supremacia hierárquica da convenção coletiva sobre este, como
esclarece Folch” 12-13
“Esta normatividade da convenção coletiva é a sua fundamental
característica” 13
“Outro traço característico é a pluralidade de sujeitos, pelo menos do
lado operário”. 13
“Do lado patronal, em regra, não é necessária a pluralidade” 14
“Dúvidas e controvérsias surgem, entretanto, no determinar a natureza
dessa coletividade [...] Entendem alguns que a coletividade operária deve ter
personalidade jurídica, isto é, deve estar organizada em associações
profissionais” 15
“A exigência desse requisito, cabível perfeitamente nos meios em que
a sindicalização atingiu certo grau de desenvolvimento, está, todavia, em
contradição com o espírito que animou o desenvolvimento e a expansão da
convenção coletiva. Esta surgia como uma reação da multidão operária num
momento em que, circunstancialmente, se tornava bastante forte para se
opor à vontade patronal”. 15
“A tendência moderna é para considerar convenção coletiva de
trabalho o acordo no qual a coletividade operária seja organizada e
permanente. Por outras palavras, a coletividade operária há de ter
personalidade jurídica. Não deve ser fruto de uma união provisória. E essa
tendência se reforça, atualmente, não só devido ao prodigioso impulso do
sindicalismo depois da Guerra, como, sobretudo, pela necessidade de se
positivar em uma pessoa certa a responsabilidade do sujeito-operário”. 16

A lei brasileira (decreto 21761 de 1932) não considera a organização


como requisito substancial. 16

Folch – bases convencionais plurais de trabalho. Convenção:


coletividade com personalidade e permanência. 16-17

“Mas, ainda se distingue pelo caracter convencional”. 18

“As condições de trabalho sempre forma ditadas imperiosamente


pelos detentores da riqueza social. O regime inaugurado pelo
liberalismo assentava teoricamente no princípio da liberdade de
contratar. Incumbiram-se os fatos de demostrar que, no contrato de
trabalho, um dos contratantes – o trabalhador- vivendo, por força da
entrosagem econômica, em um verdadeiro estado de «minoridade
social», não tinha liberdade de discutir as condições de trabalho,
submetendo-se, sempre, às imposições patronais”. 18
“A convenção coletiva bem remediar essa situação de flagrante
disparidade, opondo ao patrão que, por si só, constitui uma coalisão, no dizer
de Adam Smith, a coalisão obreira, restaurando, assim, praticamente, o
necessário equilíbrio de forças. São duas potencias sociais que se encontram
para, no mesmo pé de igualdade, estabelecer o seu modus vivendi”. 18

Aspectos normativo, coletivo e convencional.

IMPORTÂNCIA

“[...] Mesmo quando a relação de trabalho foi travada livremente, por


meio do contrato, as condições sociais, desnivelando a situação do operário
e a do patrão, permitiam que a vontade deste continuasse a ser a lei do
trabalho, visto como o contrato teoricamente livre se transformara
praticamente em contrato de adesão. A estipulação das condições de
trabalho manteve-se unilateral, nesse regime aparentemente liberal”. 30-31

“Por intermédio das convenções coletivas, as estipulações sobre as


condições de trabalho adquirem verdadeiramente caracter bilateral, porque
ajustadas por partes equivalentes em força social”. 31

“Considerando essa função pacificadora que tem exercido, tem se


dito, com exagero, aliás, que À convenção coletiva está reservada a
missão de dirimir, definitivamente, a contenda entre patrões e
operários, pondo termo à guerra de classes. Seria, assim, a chave com
que se viria a resolver a inquietante questão social. Evidentemente, há,
nesse juízo, uma superestimação do papel que a convenção coletiva
está chamada a representar”. 32-33

“Sem dúvida, por sua finalidade conciliadora, ela atenua a


violência da luta de classes, instaurando períodos mais ou menos
longes de tréguas, úteis aos combatentes, em certo sentido. Ainda,
porém, que se a encare, tão somente, nesse papel, há de se lhe
reconhecer a importância na vida social”. 33

“Basta assinalar, acompanhando a lição do mestre de Bordeaux


(Duguit), que a convenção coletiva apresenta-se com todas as
carcterísticas de uma verdadeira lei, do ponto de vista material, mas que
não emana do Estado, senão da vontade de particulares, por acordo.
Verificado o caracter preponderantemente normativo da instituição,
concorrendo com o Estado na função reveladora do Direito, fácil é
avaliar a importância que assume, na esfera jurídica, esse curioso
fenômeno que surge impregnado de um sentido profundamente
revolucionário”. 35
“A determinação do caracter normativo da convenção coletiva, a
que Duguit chegou, pela demonstração da existência de todos os
elementos caracterísiticos de uma lei, constitui para Gaston Morin um
sintoma pronunciado de decadência da soberania da lei” 35 – Estado
não mais como fonte única de legislação.

VANTAGENS

“Exigindo, para a sua formação, a existência de uma coletividade


organizada, ao menos do lado operário, a convenção coletiva fomenta a
solidariedade profissional, contribuindo para o fortalecimento dos sindicatos,
que estão chamados a desempenhar papel de grande relevo no mundo
político contemporâneo”. 41
“A convenção coletiva de trabalho, sendo fruto do encontro entre duas
forças que se equivalem, permite ao sindicato estipular condições de trabalho
mais vantajosas do que as que os trabalhadores poderiam obter
isoladamente”. 41
“A convenção coletiva oferece, ainda, a vantagem de estabilizar as
condições de trabalho, sobretudo os salários, durante certo tempo”. 41
“A uniformização das condições de trabalho, operada pela convenção
coletiva, contribui para suprimir a concorrência entre produtores, que não se
travará mais em detrimento do trabalhador”. 44
“A maior vantagem da convenção coletiva, e que é ao mesmo tempo a
causa primordial de sua crescente importância, é ter corrigido os defeitos
oriundos do contrato individual de trabalho, que se desfigurará,
transformando-se para o trabalhador num simples contrato de adesão”. 44
“O homem trabalhador se desprende da máquina e adquire
individualidade. Essa dissociação que a convenção coletiva opera é, assim,
uma reivindicação da própria dignidade humana. E, sob esse aspecto, a
convenção coletiva traz para o mundo do trabalho claridades de alvorada”.
46 – Reynaud
“No ponto de vista estritamente jurídico, a convenção coletiva de
trabalho substitui a legislação que o Estado teria fatalmente de decretar para
subordinar as condições de trabalho a certas regras. Tal substituição é
vantajosa. A regulamentação por meio de convenção atende melhor aos
interesses das partes, por isso que é produto da discussão e final acordo e
tem duração determinada”. 46 – Evita excesso de leis e mesmo a
impossibilidade do Estado de seguir as modificações histórico-sociais.
“Regulamentando as condições de trabalho, ela tem dupla vantagem;
evita a legislação oficial, que teria que ser excessivamente profusa nas atuais
condições da organização do trabalho e serve como precursora da lei,
indicando ao Estado normas que o constante uso há de transformar,
inelutavelmente, em leis oficiais”. 47

OBJEÇÕES
“[...] como contrária à liberdade individual. Sob seu regime, dizem,
patrões e operários perdem a faculdade de livremente estipularem as
condições de trabalho, pois, ao fazê-lo, têm, necessariamente, de se
subordinar às regras estabelecidas no acordo coletiva”. 49 – “Foi,
positivamente, o reconhecimento de que esse regime de liberdade se
transformará em regime de opressão para os trabalhadores, devido à
incontestável supremacia patronal, que sugeriu a necessidade de corrigir
esse estado de liberdade-opressora [...]”. 49
“Combater a convenção coletiva, porque restritiva da liberdade
individual, é desconhecer o sentido da evolução social e a realidade dos
fatos. Somente os que se aferram a conceitos, sem repercussão prática,
podem se erguer em nome de uma liberdade teórica para negar valor e
utilidade a uma instituição que despreza (despresa) a teoria para viver com a
realidade. Ninguém ousará sustentar que a liberdade individual deve ser
ilimitada. Que não sejam excessivos os limites que se lhe tracem, como os
não impõe a convenção coletiva, e terão os aplausos dos seus mais
intransigentes advogados”. 51
Afasta a ideia da opressão dos sindicatos, sendo seu poder mais forte
que o do patronato apenas em períodos excepcionais. 53
Afasta a ideia da uniformização não permitir uma remuneração justa
aos mais hábeis operários, porque nada impede que seja dada situações
melhores que as da convenção pelo empregador, fora a superioridade do
bem coletivo. 54-55
Resto corrigido com a maturidade das convenções (penalização por
descumprimento).

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