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Irmãos,
Este é um trabalho um tanto diferente para os nossos padrões. Mas acredito que a
impressão que ele nos dará, para os nossos olhos e ouvidos, será de grande proveito.
O trabalho é sobre um video que, primeiramente, vai ser tocado inteiro. E, não apenas
tocado aí pros irmãos verem. Mas sim comentar sobre ele. Uma vez tocado, em
seguida, irei apresentar o trabalho segundo minha percepção particular do que vi e
ouvi. São as minhas conclusões e observações do video. E, por ultimo, tocamos mais
uma vez o video, agora observando detalhadamente as mensagens detectadas do
trabalho.
– o vídeo começa mostrando um cena, meio que típica de um grande centro urbano.
Um homem de vestes simples, de barba mal feita, com um boné na cabeça virado para
trás. É um mendigo. Ele esta tocando violino em meio as pessoas que o assistem. Entre
as pessoas, o vídeo destaca uma pequena garota, uma criança. Percebe-se que ela está
ao lado de uma mulher adulta, talvez sua mãe quem sabe. A garota observa
atentamente o violinista em seus movimentos suaves e ondulados de seus braços e
tronco, típico de alguém que toca este instrumento. Pois é preciso friccionar, com
harmonia, as cerdas do arco nas cordas do violino. Percebe-se o brilho nos olhos dela,
pois o vídeo faz o foco em seu rosto. Em correspondência, o mendigo a observa com
atenção. E de forma bem sutil, sorri para ela. E, ele sabe muito bem que a garota, pelo
brilho naqueles pequenos olhos negros, é alguém que deseja tocar violino.
O mendigo, por ser surdo, desenvolveu muito bem os outros sentidos, especialmente
o da visão. Por isso ele não teve dúvidas, ao observar a garota, observando-o daquela
maneira especial, que só os dotados de uma visão desenvolvida, como a dele, poderia
enxergar que a garota tinha potencial para aprender. Assim como um dia, ele também,
aprendeu a tocar o violino.
Naquele momento ele estava tocando uma das peças mais famosas do alemão Johann
Pachelbel, Canon, datado de 1680. É uma peça barroca até hoje interpretada por
diversos músicos e orquestras, tornando-se até música-tema para filmes. Esta obra,
mais do que seu compositor, alcançou fama mundial até os dias de hoje e atualmente
é muito executada em casamentos por sua doçura e suavidade.
Ela estava carregando a maleta do violino para ir a sua aula de música. Onde, uma
outra garota estudante de piano, bem em frente da garota surda, gritava para ela de
forma irônica: “O pato que tenta voar. Uma garota surda que tenta tocar violino! Você é
louca? Porque não vai aprender outra coisa?” Este é um vídeo tailandes, por isso a
associação com as coisas do cotidiano deles, como o pato. Deve ter muito pato que
não sabe voar lá. Não sei! Mas, percebe-se a associação. Eles devem saber que o pato,
por mais que tente, não vai voar. E ela, por ser surda, por mais que tente, não vai tocar
violino. Em seguida no vídeo, a garota pianista finaliza o seu monólogo, que precisa
ser em frete da garota surda, para que esta possa entender por leitura labial, gritando:
“Você está desperdiçando o tempo de todos.” Isto, esta ultima frase, é pra colocar
sentimento de culpa na mente da doce garota, que nao esboçou reação alguma. Creio
que, desperdiçar o tempo dela, mesmo tentando aprender a tocar o violino é uma
decisão dela, e somente dela. E as consequências disto, somente ela deverá encarar.
Mas fazer ela pensar que, ela aprender a tocar faz com que os outros perderem tempo,
é uma coisa que as pessoas com espírito “bom” se incomoda. Jamais queremos ser um
“peso” para alguém. E foi esta semente de maldade que a pianista plantou na cabeça
da garota. Além da história do pato.
Instantes após, já sentados a beira de uma calçada, eles conversam pela linguagem
dos sinais. Notei que o mendigo, percebendo a tamanha tristeza na garota,
permaneceu calmo e, como um bom ouvinte deixou ela expor a situação
primeiramente. “Porque eu sou diferente dos outros?” Ela pergunta. A semente de
maldade, plantada pela pianista, germinou e cresceu. E o mendigo responde com uma
pergunta, “E porque você precisa ser igual aos outros? Numa conversa franca entre
pessoas, e não porque eles são surdos e, ainda mais onde expõe-se compaixão, é
necessário olhar diretamente nos olhos e, sentir. Foi o que aconteceu. O mendigo
continua dizendo: “Música é uma coisa visivel. Feche os olhos e irá ver!”. Filosofia
hermética. É visível, mas é preciso fechar os olhos para ver. Isso mesmo. É como tentar
compreender o universo, é preciso olhar para dentro de si mesmo para compreendê-
lo. “O que está dentro é como o que está fora”, segundo Hermes Trismegistus. Se
pudermos compreender e explorar o que está dentro de nos, certamente será mais
compreensível os nossos próprios sentidos, que esta fora. Isto também vale para ela
mesma investigar dentro de si e responder o “…porque eu sou diferente dos outro?”.
Os irmãos companheiros do nosso rito sabem muito bem disto. É neste momento do
vídeo que é mostrado que, quem deu o violino para a garota, foi o próprio mendigo
tempos atrás. E, é evidente que, foi ele que começou a ensinar a ela tocar.
Continuando no ritmo dramático, que também é a peça de piano que a vilã irá tocar no
concurso, é mostrado a pianista, também muito concentrada, na sua aula particular e
com professora particular de piano. A arrogância toma conta dela. A professora quer
ensinar, mas a pianista “sabe tudo!”. Na verdade não se pode ensinar uma pessoa que
acha que sabe tudo. Ela tira a mão da professora da partitura a tapas. Cega pelo ódio.
Enquanto isto, é mostrado, em segundo plano, o resultado do plano maquiavélico
sendo executado. Um bando de garotos, atacam o mendigo a socos, quebram o violino
da garota no chão e, também é mostrado, a finalidade de tudo isto, que é vencer o
concurso de música clássica facilitado com a ausência da violinista. E, em primeiro
plano, o sorriso cruel estampado no rosto dela, da pianista.
O vídeo é compacto, tudo isto tem de ser mostrado em 4 min.., por isso, a todo
momento, ha sempre a sobreposição de imagens. Uma delas é agora, quando é
quebrado o violino da garota surda no chão, é o exato momento em que a pianista
termina sua apresentação no concurso. Simbolizando que a vitória foi duplamente
selada, uma por ter quebrado o violino e, outra por ter terminado sua apresentação de
forma “incrível”. E ela sabia disto, não pela afirmação a todos os presentes do
apresentador do concurso, mas por ela mesma. Sentindo-se vitoriosa e já se retirando
do palco, ela se vira novamente ao palco com ódio em seu rosto e sem acreditar, após
o apresentador declarar no microfone que existe mais uma participante. A garota
surda.
A garota surda esta acima do palco com seu violino todo remendado com fitas
adesivas. Ela não tem medo. Muito menos vergonha. Sabemos que ela tem em sua
essência a simplicidade no coração. No momento, sua base de inspiração é o mendigo.
Pois ele é mostrado desacordado, deitado numa cama de hospital, com a garota surda
segurando sua mão. Sei que estava no hospital devido seu roupão branco. E os
principais ensinamentos dele vieram a sua mente: “Música é uma coisa visivel. Feche
os olhos e irá ver!”. E, antes de começar a sua apresentação, foi isto o que ela fez.
Durante a apresentação, em seu transe, veio tudo, tudo, a sua mente. Primeiro a parte
ruim, todas as dificuldades que ela enfrentou durante seu preparo. A discriminação, a
perseguição, a intolerância, a impaciência, a tristeza, a indignação, a violência contra o
mendigo e o violino…. Depois veio a parte boa, ela em meio a natureza, num campo
aberto, sozinha tocando seu violino. Em paz. Tudo isto olhando para o seu interior.
Então é mostrado a parte que é ligada diretamente a deficiência auditiva. É mostrado
um casulo de lagarta de borboleta ainda fechado e, que vai se rompendo para uma
linda borboleta sair, uma metamorfose. A borboleta então, esta livre para seguir o seu
caminho, o seu destino e sai voando para o horizonte. Isto é uma referência a Dra.
Ciwa Giffiths, professora dedicada aos surdos. Ela desenvolveu a Abordagem auditiva:
ajudar as crianças com deficiência auditiva ganham o dom da fala por meio da
identificação precoce da perda, a amplificação com aparelhos auditivos e treinamento
auditivo em aprender a ouvir e falar. Pioneira neste ramos ela criou o hear Center,
criado em 1954 na Califórnia estados unidos, e funciona até hoje. Sua frase mais
famosa é:
Me parece então que a garota surda conseguiu sair de seu casulo e alçou vôos a
liberdade.
A persistência em algo que você acredita deve sempre estar aos lados dos vencedores.
Tudo é possível aquele que crê. Mesmo parecendo impossível. E, que não deve ser
confundido com teimosia, que é a persistência num erro.
E, que fim levou o mendigo. O que vocês acham? Ele morreu? Pois cumpriu a tarefa de
ensinar e sair do casulo? Pois não tendo mais nada a fazer aqui se foi? Deixo a
resposta a cada um de voces.
Tudo que foi dito, é a minha interpretação daquilo que talvez possa estar, de certa
forma escondido, no vídeo. Só com a profunda observação, investigação, pode se
chegar a real mensagem que o autor, o artista, deseja passar. É preciso ter
conhecimento pra ver estas coisa. Reparar nestas coisas. Que na verdade estão a toda
volta mas poucos consegue enxergar.